Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Em um dos poemas do livro “Alguma Poesia”, de Carlos Drummond de Andrade, o autor diz que a parada de um automóvel confunde-se com uma pausa da própria vida. Nos dias de hoje, esse automóvel, que já foi símbolo de velocidade e solução, tornou-se símbolo de atraso e problema, e a reflexão de Drummond se traduz em horas incontáveis e improdutivas de congestionamento. Nesse sentido, a questão da mobilidade urbana no Brasil gera um impasse coletivo, que é agravado pela ineficiência dos órgãos municipais e pelo crescimento populacional. Dessa forma nota-se que a expansão dos centros urbanos tem uma importância ímpar na manutenção desse problema. Segundo a ONU-Habitat, cerca de 90% da população mundial viverá em centros urbanos até 2030, esse processo é preocupante quando ocorre de maneira mal planejada. Assim, evidencia-se que a população que chega nesses centros busca emprego no centro, mas como os serviços de educação, saúde e comércio também estão nesse local, o custo de vida fica muito alto, afastando essas pessoas para áreas periféricas, com pouca infraestrutura, e longe de seus empregos, criando um grande fluxo de pessoas, frequentemente usuários de meios de transporte individual Por consequência, observa-se que há ineficiência do transporte público, que por sua vez, é responsabilidade das prefeituras. Por conta disso, os meios de transporte individuais são utilizados em detrimento dos coletivos , o que aumenta o espaço ocupado nas vias e ocasiona engarrafamentos. No que tange a isso, fica claro que o plano diretor falha não só em garantir o transporte a todos, mas também em garantir que a cidade cresça de forma igualitária e sustentável, sem que as pessoas precisem percorrer longas distâncias por emprego e serviços de qualidade, em regra ausentes nas regiões marginalizadas da cidade. Portanto, cabe a prefeitura de cada município elaborar um plano diretor inclusivo, democrático e eficiente, em conjunto com a população, implantando medidas com novas rotas de ônibus administradas de acordo com a demanda populacional, para que todos possam chegar onde necessitam. Ademais, esse projeto deve incentivar o investimento público e privado em áreas periféricas, garantindo o acesso da população mais pobre a emprego e serviços de qualidade, e assim mobilidade urbana fluirá, evitando a parada dos automóveis e das vidas. // No poema “Cota-zero”, de Carlos Drummond de Andrade, o autor diz que a parada de um automóvel confunde-se com uma pausa na própria vida. Nos dias de hoje, esse automóvel, que já foi símbolo de velocidade e solução, tornou-se símbolo de atraso e problema, e a reflexão de Drummond se traduz em horas incontáveis e improdutivas de congestionamento. Nesse sentido, a questão da mobilidade urbana no Brasil gera um impasse coletivo, que é agravado pelo crescimento populacional desordenado (1) e pela ineficiência dos órgãos municipais (2). Primeiramente, nota-se que a expansão desordenada dos centros urbanos (1) tem uma importância ímpar na manutenção desse problema. Isso ocorre porque o crescimento, excedente àquele previsto pelos planos diretores municipais, converte-se em sobrecarga nos serviços público, especialmente o transporte público, que, por conta disso, não consegue atender toda a população. Ainda, segundo a ONU-Habitat, cerca de 90% da população mundial viverá em centros urbanos até 2030, e esse inchaço populacional agravará ainda mais esse problema que aparenta não ter solução. Além disso, há a ineficiência dos órgãos públicos municipais, que falham não só em garantir que a cidade cresça de forma igualitária e sustentável, mas também em oferecer transporte a todos. No que tange a isso, é notório que a desimportância demonstrada ao Plano Diretor é o maior dos problemas, uma vez que esse documento, que dá as guias para o crescimento da cidade e as normas para isso, deveria servir de baliza para solucionar os problemas estruturais da cidade. Entretanto, o Plano Diretor é ineficaz, o que faz com que os cidadãos optem por meios de transporte individuais, que ocupam muito mais espaço nas vias, e assim as congestionam. Portanto, cabe a prefeitura de cada município elaborar um Plano Diretor inclusivo e democrático, que deve abandonar a atual visão imediatista, e priorizar uma perspectiva sustentável, que leve em conta os diferentes aspectos do crescimento demográfico e urbanização, para evitar que este se torne desordenado. Dessa forma, o Plano Diretor abrangerá todos os cidadãos, e o crescimento da cidade poderá acontecer naturalmente, o que fará com que o trânsito flua e a população possa utilizar os serviços e, assim, a vida poderá voltar a andar junto com os automóveis.
Compartilhar