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AB, territorializ em saúde e ERP

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Julia Ladeira de Moraes - 21/02/2022
SF - ATENÇÃO BÁSICA (AB), TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE 
E ESTIMATIVA RÁPIDA PARTICIPATIVA (ERP)
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Atenção Básica (AB): 
~ É um conjunto de ações individuais, familiares e coletivas que contemplam a promoção à saúde, a prevenção de doenças, o diagnóstico médico resolutivo, a recuperação, a reabilitação, a redução de danos, os cuidados paliativos e a vigilância em saúde
~ É desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, e é próxima das pessoas (conhece o modo de vida delas, de forma individual)
~ Ela deve ser sempre o contato preferencial dos usuários, ou seja, a principal porta de entrada e o centro de comunicação da RAS
~ Ela se orienta pelo princípio da universalidade, da integralidade, da equidade, da participação social e também pela acessibilidade, pelo vínculo, pela continuidade do cuidado, pela responsabilização e pela humanização
~ Ela considera o sujeito em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral
~ Esse nível de atenção [que é o primário, o qual resolve 80% dos problemas e é formado pela Unidade Básica de Saúde (UBS) e pela Estratégia Saúde da Família (ESF), com médicos generalistas] possui procedimentos de baixa complexidade, baixa densidade tecnológica e atendimento de alta complexidade (devido à diversidade e grande quantidade de demanda)
- Nele, utiliza-se tecnologias de cuidado complexas e variadas que devem auxiliar no manejo das demandas e necessidades de saúde de maior frequência e relevância em seu território, observando critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e o imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento devem ser acolhidos
- A Estratégia Saúde da Família (ESF) é prioritária para oferta de serviços da atenção básica e tem municípios que ainda não possuem 100% de cobertura. Um dos motivos disso acontecer é a falta de médicos que queiram trabalhar 40 horas semanais na ESF
~ A Atenção Primária à Saúde (APS) e a Atenção Básica (AB) são termos equivalentes, mas, embora no Brasil haja o predomínio da AB, a preferência seria por APS
Níveis de atenção à saúde Características da Atenção Básica
~ Atributos da APS:
- Atributos Essenciais: Acesso de primeiro contato preferencial; longitudinalidade [conceito de cuidar das pessoas em toda a sua vida (longa duração), e lidar com o crescimento e com as mudanças do indivíduo ou grupo no decorrer de um tempo (anos), o que fortalece as relações/vínculos, aumenta a resolutividade do cuidado, resulta em menor número de internações (ICSAP), facilita a observação da adesão ao tratamento, do uso de medicamento e a conclusão do diagnóstico]; coordenação do cuidado (conceito no qual a equipe coordena o paciente para os níveis de APS, o que promove a integralidade do cuidado); e integralidade do cuidado (conceito que é tanto um princípio doutrinário do SUS quanto um atributo essencial da APS, e é de responsabilidade da equipe da APS promover a integralidade a partir do momento que a mesma referencia o paciente aos demais níveis de atenção à saúde)
- Atributos Derivados: Orientação familiar [a família pode ser um recurso terapêutico ou a responsável por causar o adoecimento do indivíduo (foco família e prontuário da família), logo ela deve ser levada em consideração no momento de conclusão do diagnóstico]; orientação comunitária [que é o quanto a comunidade se ajuda (capital social)]; e competência cultural (é importante respeitar a cultura, a religião e os valores da comunidade)
~ Política Nacional de Atenção Básica (PNAB): 
- É a política que irá nortear o funcionamento da atenção básica e o processo de trabalho neste nível de atenção à saúde
- A PNAB diz que na Atenção Básica se utilizam tecnologias de cuidado complexas e variadas que devem auxiliar no manejo das demandas e necessidades de saúde de maior frequência e relevância em seu território, observando critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e o imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento devem ser acolhidos
- A PNAB em vigor é a de 2017 da Portaria MS 2.436/2017, que passou por uma consulta pública questionável e traz vários retrocessos
~ Em 1991 surgiu o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em que só havia esses agentes trabalhando, os quais reduziram drasticamente a incidência de desnutrição, de diarreia e, consequentemente, de mortalidade infantil, principalmente no semiárido nordestino
~ Em 1994 surgiu o Programa de Saúde da Família (PSF) em que os próprios agentes comunitários sinalizaram que eles precisavam de enfermeiros e médicos trabalhando com eles para que pudessem ser mais resolutivos
~ As barreiras ao acesso aos serviços de saúde podem ser funcionais (barreiras de funcionamento; ex: só ter 1 dia da semana para marcar consulta), geográficas (barreira que dificulta o acesso; ex: a APS localizada no alto do morro), de horário (barreira de limite de horário; ex: a APS funcionar até 14h da tarde, o que é muito pouco) e culturais (barreira relacionada ao fato de não conhecer a cultura do paciente, logo é necessário entender as expressões regionais dele; ex: peito cheio significa problema respiratório em MG, espinhela caída significa cansaço anormal ao submeter-se a esforço físico em PE, guenzo significa magro no nordeste, e levou o farelo significa morreu no norte)
- Para que o acesso à APS aconteça, é necessário que não haja barreiras
~ Equipe multiprofissional: 
- O médico realiza consultas agendadas e de urgência (demanda espontânea) na unidade e no domicílio; supervisiona a equipe que realiza escuta inicial, dando retaguarda através da discussão de casos e de interconsultas; presta cuidado aos usuários que ficam em observação até estabilização ou remoção para outro serviço; e realiza o monitoramento das condições que exigem vigilância
- A resolutividade da organização do acesso depende de alguns elementos, como por exemplo o estabelecimento de um trabalho cooperado, a garantia de retaguarda para quem realiza a escuta inicial e a ampliação da prática clínica do enfermeiro (através da aprovação de protocolos, diretrizes clínicas claras e da parceria do trabalho do médico e do enfermeiro)
- Devem ser privilegiadas as consultas na agenda do médico, enfermeiro e cirurgião-dentista, dividindo atividades não assistenciais com os demais profissionais da equipe
~ Organização do acesso e agenda dos profissionais:
- Sistema de vagas: São designadas algumas vagas para atendimentos de demandas urgentes no dia e o restante para agendamento com antecedência, logo esse é o sistema tradicional
- Acesso avançado: De 65% a 75% das vagas de atendimento estão abertas/livres quando o serviço abre suas portas para demanda espontânea do paciente; esse sistema elimina a distinção entre consultas de urgência e de rotina, ofertando atendimentos no mesmo dia para todos; o mote desse sistema é “faça o trabalho de hoje, hoje”; e é mais fácil de se ter esse sistema nas clínicas de família
~ Clínica da família:
- Unidade física com equipe de Atenção Primária (eAP) ou com equipe de Saúde da Família (eSF)
- Funciona como unidade de atenção primária e pode apresentar várias equipes de saúde da família (no máximo 4, o que foi firmado a partir da PNAB de 2017) ou então pode ter 2 equipes de saúde da família e 2 equipes de atenção primária, sendo que as equipes compartilham o mesmo espaço físico como uma forma de racionalizar custos, apesar de cada uma delas ter seu próprio território e sua própria população
~ Tipos de equipes e unidades:
- Unidade Básica de Saúde (UBS): Estabelecimento que não possui equipe de Saúde da Família (eSF)
- Unidade de Saúde da Família (USF): Estabelecimento com pelo menos 1 equipe de Saúde da Família (eSF)
~ Composição mínima da equipe de Saúde da Família (eSF), que faz parte da Saúde da Família(SF):
- 1 médico, preferencialmente especialista em Medicina da Família e Comunidade (MFC) ou em Saúde da Família (SF) - 40h semanais
- 1 enfermeiro, preferencialmente especialista em Saúde da Família (SF) - 40h semanais
- 1 auxiliar ou técnico de enfermagem - 40h semanais
- Pelos menos 1 agente comunitário de saúde (que só pode cuidar de 750 pessoas no máximo, o que significou um retrocesso da PNAB 2017)
- Caso o gestor queira montar uma equipe de Saúde da Família ampliada, ele pode acrescentar a essa composição, não sendo, portanto, uma obrigatoriedade, uma Equipe de Saúde Bucal (ESB) e um Agente de Combate às Endemias (ACE), sendo que a primeira não tem mais a obrigação de ser por 40h
~ Caso o gestor não esteja conseguindo um médico 40h para montar uma equipe de Saúde da Família (eSF), ele pode montar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para a população não ficar descoberta, na qual estará atuando uma equipe da Atenção Primária (eAP), que não faz parte da Saúde da Família (SF), mas sim da UBS, e que tem como composição mínima:
- 1 médico, preferencialmente especialista em Medicina da Família e Comunidade (MFC) ou em Saúde da Família (SF) - não tem obrigatoriedade de trabalhar 40h semanais
- 1 enfermeiro, preferencialmente especialista em SF - não tem obrigatoriedade de trabalhar 40h semanais
- É opcional ter auxiliar ou técnico de enfermagem
- É opcional, podendo ser acrescentados ou não a essa composição, um Agente Comunitário de Saúde (ACS), uma Equipe de Saúde Bucal (ESB) e um Agente de Combate às Endemias (ACE)
- Podem ser oferecidas nas unidades básicas de saúde especialidades básicas, como médico ginecologista, médico pediatra e médico clínico geral, sendo mais fácil de se tê-las nas clínicas de família
~ Funcionamento da Atenção Básica (AB):
- Carga horária (CH) mínima de 40 horas em 5 dias na semana
- Horários alternativos de funcionamento, sendo uma decisão compartilhada com a comunidade
- A população que será cuidada é uma população adscrita à unidade, ou seja, vinculada a ela por ser previamente cadastrada, estando essa comunidade, portanto, localizada no território de abrangência da unidade
~ Unidades ou Equipamentos de Saúde no âmbito de Atenção Básica:
- Unidade Básica de Saúde/Unidade Saúde da Família
- Unidade Básica de Saúde Fluvial
- Unidade Odontológica Móvel
~ Núcleo Ampliado da Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB ou NASF):
- É composto por profissionais que não estão inseridos em uma equipe mínima de SF, logo eles vão, uma vez solicitados para casos especiais, até as unidades referências atender os pacientes, logo eles não são fixos em uma unidade, não tendo um espaço físico e não sendo independentes, atuando apenas em ação conjunta com a equipe APS, com base em decisões compartilhadas para uma atenção integrada e coordenada
- Geralmente cada município tem o seu próprio sistema interno de solicitação do suporte do NASF
- O gestor tem a liberdade para fazer a composição dos profissionais do NASF, mas ele só não pode escolher médicos generalistas, pois esses já estão presentes na unidade, logo só são permitidos médicos especialistas (ex: psiquiatras e ginecologistas) e profissionais não médicos (ex: nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos), a
 fim de aumentar a resolutividade do cuidado
- O NASF dá o matriciamento/apoio matricial, ou seja, um apoio que pretende oferecer tanto retaguarda assistencial como suporte técnico-pedagógico às equipes de referência da AB quando solicitados para um Plano Terapêutico Singular (PTS), o qual os profissionais desse núcleo participam da reunião de sua elaboração
- O NASF não é de acesso aberto/livre, o que significa que ele não funciona com marcação de consulta, e sim com a solicitação da ida desses profissionais até a unidade de saúde
~ Ambiência
- É o espaço físico, entendido como lugar social, profissional e de relações interpessoais
- Deve proporcionar uma atenção acolhedora e humana para as pessoas; um ambiente saudável para o trabalho dos profissionais de saúde; uma recepção sem grades; a identificação dos serviços existentes; a escala dos profissionais; os horários de funcionamento e sinalização de fluxos; um conforto térmico e acústico; e espaços adaptados para as pessoas com deficiência
- Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, oferecendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, por meio de livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos
~ Gerente de Atenção Básica:
- A partir da PNAB de 2017 surge a possiblidade do gestor contratar um funcionário administrativo, preferencialmente com nível superior, que será o gerente da unidade, o qual não é membro das equipes vinculadas à UBS, participando somente do planejamento em saúde, da organização do processo de trabalho, e da coordenação e integração das ações, sem realizar a atividade assistencial, a qual é de responsabilidade do enfermeiro
~ Agente Comunitário de Saúde (ACS):
- A PNAB de 2017 trás a possibilidade de qualquer ACS, uma vez capacitado e de ser ou não técnico de enfermagem, desde que esteja supervisionado por um enfermeiro, exercer atividades como aferição de pressão arterial, medição de temperatura axilar, realização de dosagem de glicemia capilar, realização de curativo e orientação à administração de medicamento, que antes ele não podia
~ Deverão estar fixados em local visível, próximo à entrada da unidade de saúde, a identificação e horário de atendimento; o mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe; a identificação do Gerente da Atenção Básica e dos integrantes da equipe; a relação de serviços disponíveis; e escalas de atendimento de cada equipe
Territorialização em saúde:
~ É o processo de apropriação, por atores sociais, de uma área geográfica delimitada, considerando-se o perfil epidemiológico, social, cultural, político e administrativo desse espaço e que está em constante mutação
~ São atribuições comuns a todos os profissionais de saúde participar do processo de territorialização e do mapeamento da área definida de atuação da equipe, cuja responsabilidade sanitária é dela, identificando grupos, famílias e indivíduos (atores sociais), cadastrados e adscritos/vinculados à unidade, expostos a riscos e vulnerabilidades
~ A resolutividade dos riscos e vulnerabilidades que grupos, famílias e indivíduos estão expostos exige conhecer os problemas e as necessidades da população definida, por isso a importância da territorialização para se obter um diagnóstico do território, apesar de existir muitos fatores sobre os quais a equipe de saúde não tem muita governabilidade, ou seja, não tem a possibilidade de atuação direta para minimizar aquela situação de risco
~ A Estratégia Saúde da Família (ESF) é o modelo prioritário da Atenção Primária à Saúde (APS)
- Houve a mudança do até então existente modelo assistencial o qual era tecnicista, pouco resolutivo e que não atendia as necessidades da população
- A ESF tem a proposta de adotar uma visão ampliada de saúde, entendendo o indivíduo como parte de uma família que faz parte de uma comunidade a qual está inserida em um determinado contexto social o qual também precisa ser estudado, ou seja, deve-se conhecer as pessoas, a forma como elas vivem, aonde elas vivem e suas condições de vida, correlacionando o estilo de vida delas às condições de saúde, compreendendo, em seguida, que os indivíduos não escolhem viver em más condições, ter baixo grau de escolaridade e muito menos ficar doentes, sendo que muitas das escolhas, portanto, são feitas em função das características do território (ex: infraestrutura e acesso aos serviços) em que eles vivem, logo não cabe à equipe de saúde culpabilizá-los
~ É preciso planejar ações em saúde, começando com o reconhecimento da realidade por meio da identificação das condições de vida, dos problemas, das necessidades em saúde, do território e das principais doenças que acometem uma população em um determinado local
 Área de abrangência
Micro áreas 
Mapa territorial da área de abrangência 
Cada cor 
no mapa representa uma micro área~ Os principais aspectos a serem observados no território (instrumento de planejamento na APS) são limites da área de abrangência; aspectos ambientais e geográficos; aspectos demográficos; aspectos institucionais (serviços e associações); aspectos socioeconômicos; e aspectos epidemiológicos; correlacionando-os à prática clínica
~ Concepção de território:
- Território paisagem: É a área territorial definida; espaço geográfico que sofre ação humana, degradação ambiental; é estático
- Território processo: É o espaço socializado que possui o conceito de APS; é dinâmico; é um lugar de corresponsabilidade da equipe de saúde e de atuação compartilhada, onde há atores sociais, lideranças e equipamentos sociais
~ Área de abrangência:
- É a área delimitada geograficamente que determina a responsabilidade sanitária de uma equipe de saúde e ela pode ter no máximo 4 mil pessoas
- É um espaço que vive em permanente construção, compreendendo sua dimensão econômica, política, cultural e epidemiológica
- Essa área é dividida em pequenas micro áreas, sendo que cada uma será de responsabilidade de um agente comunitário de saúde, que idealmente deve residir na micro área, onde podem morar no máximo 750 pessoas. Geograficamente, as micro áreas são distintas, pois cada uma tem seu tamanho, desde que não ultrapasse o limite máximo de indivíduos
- Mapa territorial da área de abrangência é a distribuição espacial dos componentes do território e ele precisa ficar exposto nas unidades de saúde
~ Divisões de território na saúde:
- Território-moradia: É o lugar de residência
- Território-micro área: É a subdivisão do território-área e pode ter 750 pessoas no máximo
- Território área: É a área de abrangência onde mora a população adscrita/vinculada a uma unidade de APS
- Território distrito: É uma delimitação política-administrativa, só existem em grandes centros e é o conjunto de muitas áreas
~ A população está organizada em famílias, cujo vínculo com a equipe multiprofissional se dá, principalmente, pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS)
~ Objetivos da territorialização: Delimitar o território de abrangência da unidade de saúde; definir a população; reconhecer dentro da área, barreiras, acessibilidade e
riscos; reconhecer as condições de infraestrutura e recursos sociais; levantar problemas e necessidades; identificar e assessorar-se lideranças formais e informais; potencializar os recursos da comunidade; e viabilizar o diagnóstico situacional do território e planejamento em saúde
Estimativa Rápida Participativa (ERP):
~ É o processo de obtenção/coleta de dados através de uma entrevista que permite a produção de informações incompletas e úteis de forma participativa para a identificação dos problemas e seus determinantes, e para a definição das prioridades e das intervenções necessárias para a sua solução
- Logo ela é uma ferramenta apropriada ao planejamento estratégico situacional para equipes de saúde da família, possibilitando a análise da situação do território, considerando a perspectiva dos diferentes atores sociais envolvidos na construção da realidade local, a fim de se obter o diagnóstico comunitário de saúde de forma simplificada e, portanto, ela é apenas uma etapa do planejamento local em saúde no contexto da APS, limitando-se a identificar as necessidades percebidas pela comunidade participante pela geração preliminar de dados
~ Há um passo a passo já elaborado pela OMS em 1988 que deve ser seguido (Guidelines for rapid appraisal to assess community health needs)
~ Possui 3 princípios:
- Coletar dados pertinentes e necessários de um determinado território (não devendo ser coletados dados excessivos e desnecessários)
- Coletar informações que reflitam as condições locais e situações específicas
- Envolver a comunidade na definição de seus próprios problemas e na busca de soluções
~ É feita uma abordagem muito rápida/ágil (10 dias a 2 meses), eficiente e de baixo custo efetivo para a realização da identificação das necessidades da comunidade 
~ Ocorre a demanda da participação da comunidade, empoderando-a ao envolvê-la na identificação dos problemas e de possíveis soluções
~ Facilita o trabalho intersetorial
~ Planejamento Local em Saúde (PLS):
- Ele compreende as seguintes ações:
. Análise da situação de saúde (identificando quais são os problemas para chegar ao diagnóstico local de saúde)
. Definição de objetivos e ações (decidindo o que será feito)
. Análise de viabilidade da ação (identificando quais ações são factíveis/viáveis/possíveis)
. Elaboração do plano de ação (decidindo como ele será ao identificar qual será a ação, quem será responsável por ela e qual o prazo dela)
. Definição de indicadores (fazendo um acompanhamento e uma avaliação do caso, ou seja, monitorando-o)
- A partir do final da década de 70 e início dos anos 80 do século XX, surge uma nova forma de encarar o planejamento na atenção básica, que nasceu, por exemplo, dos fracassos e das críticas ao método normativo adotado até então, chamado modelo de planejamento normativo
. O modelo de planejamento normativo havia somente um ator com amplos poderes (poder hierárquico), que planejava todas as ações sem a participação da comunidade (portanto ele não conhecia a realidade daquela comunidade, possuindo um olhar apenas econômico sobre determinado território); desconsiderava a complexidade da realidade do território; possuía relação custo benefício econômico sobre determinado território; e tinha proposta tecnocrata
- Existem alguns modelos de planejamento, sendo que o vigente hoje é o planejamento estratégico de Carlos Matus, o qual se iniciou na década de 70
. O modelo de planejamento estratégico é baseado no enfoque estratégico de Carlos Matus e considera os vários atores sociais, distintos interesses e visões; dá visibilidade a diversos pontos de vista, o que faz com que essas diferenças levem a conflitos (gerenciados/mediados pela ERP); e considera a viabilidade do projeto e as experiências das pessoas
. Logo, a ideia é realizar planos elaborados os quais podem ser adaptados ou reformulados de acordo com as mudanças das situações, sendo esse planejamento participativo (e não imposto, como era no modelo de planejamento normativo, logo esse novo, além de levar em conta a percepção do gestor de saúde, há também a cooperação da comunidade) e não improvisado, objetivando transformar um cenário em outro melhor, a partir da identificação dos problemas e da definição de intervenções eficientes, ou seja, definindo de antemão o que fazer para mudar as condições atuais para que se chegue à condição definida como desejável
~ Realizar diagnóstico de saúde da população adscrita é uma das competências do MFC (médico de família da comunidade) 
~ A equipe saúde da família que utiliza o planejamento como ferramenta de trabalho tem maiores chances de desenvolver um trabalho mais resolutivo, assim como terá parâmetros para avaliar os resultados alcançados 
~ O planejamento em saúde irá subsidiar o trabalho das equipes de saúde para resolver os principais problemas da comunidade 
~ Os diagnósticos da comunidade não devem ser realizados de forma isolada, mas sim dentro de um contexto de utilização permanente de informações epidemiológicas para a avaliação, o monitoramento e o planejamento dos serviços de saúde
~ O planejamento das ações e dos serviços de saúde requer informações atualizadas sobre os determinantes e as condições de saúde de uma comunidade, as quais são fundamentais para o diagnóstico; são coletadas a partir de três fontes de dados que a ERP trabalha, sendo elas a observação do campo, a entrevista com informantes-chave (dados primários) e registros (dados secundários); e se agrupam em quatro blocos
- Dados primários: São as informações coletadas diretamente por meio do entrevistador com informantes-chave (ex: trabalhadores dos equipamentos públicos locais como serviços de saúde, escolas e creches; líderes comunitários como diretores de organizações comunitárias, líderes religiosos e lideranças de grupos femininos ou de jovens; comerciantes,donos de estabelecimentos de diversão e donos de farmácias; organizações não-governamentais que atuam na região; e curandeiros, benzedeiros e parteiras; considerando-se a especificidade de cada contexto) pela observação de aspectos físicos, condição e densidade das habitações, sistema de drenagem, presença de esgoto a céu aberto, acúmulo de lixo, entre outros, ou seja, a coleta de dados é feita com pessoas que sabem o histórico de determinado território
. Não se deve comparar informações de diferentes territórios
. A linguagem nos questionários para coleta de dados deve ser compreensível para os entrevistados, podendo ter o uso de expressões locais e evitando palavras complexas. Deve-se evitar questionários muito extensos (logo as entrevistas devem ser curtas) e com muitas questões abertas, visto que isso pode aumentar o número de recusas e perdas (se houver, não se deve desistir antes de, no mínimo, três tentativas), e também o tempo de revisão dos questionários
- Dados secundários: Devem ser obtidos junto a registros (ex: IBGE; MS; Sistemas de Informações em Saúde como o SINAN, o SISVAN, o SIOPS e o SIH-SUS; e Prontuários), logo já foram coletados previamente, ficando disponíveis para serem consultados
- Quatro blocos de informações/aspectos:
. Primeiro bloco: Informações sobre a capacidade de ação da população (ex: se ela possui empoderamento, se ela se mobiliza e se ela possui capital social forte); sobre a organização e estrutura da população (ex: se ela possui associação de moradores e como ela se organiza para exercer seu empoderamento); e sobre a composição da população (ex: se é formada majoritariamente por idosos ou jovens)
. Segundo bloco: Informações sobre o ambiente físico do território; sobre o ambiente socioeconômico do território (ex: se é uma região de periferia); e sobre o perfil de doenças do território
. Terceiro bloco: Informações sobre os serviços sociais que a população dispõe; sobre os serviços de saúde que a população dispõe; e sobre os serviços ambientais que a população dispõe
. Quarto bloco: Informações sobre a política de saúde que a população possui
~ Depois da identificação dos problemas encontrados no território, deve-se realizar a priorização deles, depois deve-se realizar a explicação deles através do modelo da árvore explicativa de problemas, e, por último, deve-se realizar o levantamento de propostas e plano de soluções para que eles sejam resolvidos
- Modelo da árvore explicativa de problemas: É um modelo esquemático em uma árvore em que cada problema encontrado no território é demonstrado por uma árvore, na qual o problema (ex: elevada prevalência de pessoa portadoras de hipertensão) em si é representado pelo tronco, as causas (ex: obesidade e falta de prática de exercícios físicos) pelas raízes e as consequências (ex: má qualidade de vida e aumento da demanda por serviços de saúde) pelas folhas, o que melhor identifica onde deve ser a atuação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da equipe de saúde da APS (nas causas e nas consequências)
Modelo da árvore explicativa de problemas
1) Identificação dos problemas 2) Priorização dos problemas
3) Explicação dos problemas (árvore explicativa de problemas) 4) Levantamento de propostas e plano de soluções
Matriz de prioridades
~ O monitoramento e a avaliação das ações de saúde se dá por meio de indicadores (de monitoramento e de resultado) que devem verificar se as metas foram alcançadas, se o emprego/aplicação dos recursos foi eficaz e quais foram as falhas que ocorrem em cada etapa
~ Logo, conclui-se que a ERP se dá através de:
- Coleta de dados de um determinado território
- Transformação dos dados em informações rápidas
- Construção de um diagnóstico local de saúde
- Realização do diagnóstico pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da equipe de saúde da APS do território
~ As limitações do método de Estimativa Rápida Participativa (ERP) são o fato de ela não identificar quantas pessoas são afetadas pelos problemas da comunidade que foram descobertos (sendo que a qualidade da informação é crucial em relação à quantidade); de ela não quantificar o tamanho dos problemas; de ela não possibilitar uma visão mais profunda dos problemas (mas sim uma visão superficial, o que já é suficiente para o planejamento das ações); de ela se basear na percepção de informantes chave, pois ela não é um censo comum e nem uma pesquisa de opinião (mas sim uma entrevista de coleta de dados importantes com somente pessoas que sabem o histórico de determinado território); e de ela não servir como base de comparação dos problemas em diferentes áreas (pois cada diagnóstico de saúde é específico para cada território)

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