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www.estetus.com.br 
 
 
Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
 
 
 
 
2 
www.estetus.com 
Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
Sumário 
1. BIOSSEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA ...................................................... 4 
1.1 LAVAGEM DAS MÃOS ............................................................................................................................. 4 
1.2 USO DE LUVAS ........................................................................................................................................ 7 
1.3 USO DE AVENTAL ................................................................................................................................... 8 
1.4 USO DE MÁSCARA .................................................................................................................................. 9 
1.5 USO DE ÓCULOS DE PROTEÇÃO E GORRO .............................................................................................. 9 
2. MANUSEIO DE MATERIAL PERFUROCORTANTE ....................................................................................... 10 
2.1 CONDUTA FRENTE À ACIDENTE DE TRABALHO ENVOLVENDO PÉRFURO-CORTANTE .......................... 10 
3. ANTISSEPSIA ............................................................................................................................................. 11 
4. CÂNCER DE MAMA ................................................................................................................................... 13 
4.1 EXAME CLÍNICO E AUTOEXAME DAS MAMAS ...................................................................................... 18 
4.2 MÉTODOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DE MAMA ........................................... 20 
Citologia do derrame mamário ........................................................................................................................ 20 
PUNÇÃO ASPIRATIVA ....................................................................................................................................... 21 
MAMOGRAFIA ................................................................................................................................................. 22 
ULTRASSONOGRAFIA MAMÁRIA ..................................................................................................................... 22 
4.3 CÂNCER CÉRVICO-UTERINO: ASPECTOS GERAIS ................................................................................... 23 
4.4 EXAME DE PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO-UTERINO ..................................................................... 27 
CUIDADOS QUE DEVEM ANTECEDER A REALIZAÇÃO DO EXAME GINECOLÓGICO ........................................... 30 
5. CONSULTA GINECOLÓGICA ...................................................................................................................... 33 
ANAMNESE ...................................................................................................................................................... 34 
EXAME FÍSICO GERAL ....................................................................................................................................... 35 
EXAME DE PAPANICOLAOU ............................................................................................................................. 36 
Observação do material cervical ...................................................................................................................... 36 
Coleta citológica .............................................................................................................................................. 38 
Fixação do material coletado ........................................................................................................................... 39 
Inspeção visual com ácido acético ................................................................................................................... 40 
Teste de Schiller ............................................................................................................................................... 41 
LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA A CONSULTA GINECOLÓGICA ............................................................................ 42 
LISTA DE SOLICITAÇÃO DE EXAME CITOPATOLÓGICO ..................................................................................... 44 
6. SEGUIMENTO DIANTE DA IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ..................... 45 
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A CONSULTA GINECOLÓGICA NO CONTROLE DAS DST ................................ 47 
7. ABORDAGEM SINDRÔMICA ...................................................................................................................... 51 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
8. A Fisioterapia na Saúde da mulher ........................................................................................................... 99 
8.1 A Fisioterapia Pélvica ............................................................................................................................ 99 
9. Atenção Fisioterapêutica na saúde da mulher ......................................................................................... 99 
9.1 Pós- mastectomia - ............................................................................................................................. 100 
9.2 Pós Histerectomia. ............................................................................................................................. 100 
10. Abordagens Terapêuticas ................................................................................................................... 102 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 107 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
 
 
 
 
1. BIOSSEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE SEXUAL E 
REPRODUTIVA 
Os serviços de saúde em nível primário, secundário ou terciário necessitam da 
adoção de normas e condutas destinadas à prevenção da transmissão de doenças 
infectocontagiosas. 
Entre essas condutas são incluídas medidas de biossegurança, antissepsia da 
pele, esterilização dos instrumentos e técnica correta de manuseios destes 
instrumentos a fim de conservá-los até a utilização. Todas essas medidas são 
preconizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e representam os achados 
sobre a melhor evidência a respeito da utilização de técnicas e produtos. 
Abordaremos as principais condutas para prevenção e controle de infecções 
nos serviços de saúde, a saber: lavagem das mãos, uso de luvas, uso de avental, uso 
de máscara, uso de óculos de proteção, uso de gorro, manuseio de material 
perfurocortante, conduta frente a acidentes de trabalho envolvendo perfurocortante e 
antissepsia. 
 
1.1 LAVAGEM DAS MÃOS 
 Considerada como a medida de biossegurança mais importante, a lavagem 
das mãos diminui/evita a transmissão de microrganismos do profissional para o 
paciente que está sendo assistido, como também é responsável pela redução da 
ocorrência de infecções em todo ambiente do serviço de saúde, seja ele primário, 
secundário ou terciário. 
A pele das mãos contém microrganismos considerados transitórios e 
permanentes, ou seja, microbiota transitória e microbiota residente. A microbiota 
transitória pode ser eliminada com água e sabão, por 15 a 30 segundos. Já a residente 
pode ser eliminada com a utilização de degermante antisséptico. A natureza do 
procedimento a ser realizado determinará que tipo de produto deverá ser utilizado na 
 
 
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www.estetus.comPrevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
técnica de lavagem das mãos; todavia, procedimentos invasivos geralmente requerem 
o uso de degermante antisséptico (CEARÁ, 2002). 
É necessário destacar, todavia, que a eficiência dessa conduta está relacionada à 
correta aplicação de sua técnica e à frequência das ações recomendadas. 
A técnica de lavagem simples das mãos envolve os seguintes passos (BRASIL, 
2007): 
 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
A técnica de lavagem antisséptica das mãos é semelhante à técnica de lavagem 
simples das mãos. Nesse procedimento, todavia, substitui-se o sabão comum por um 
antisséptico. 
É importante ressaltar que a técnica de lavagem das mãos não deve ser 
realizada apenas pelos profissionais que mantêm relação direta com a paciente em 
serviço de saúde sexual e reprodutiva. Essa prática deve ser efetuada tanto pelos 
profissionais que prestam cuidados diretos como por aqueles que atuam na 
manipulação de medicamentos, material estéril e material contaminado. 
O uso da técnica de lavagem das mãos deve ser frequentemente realizado, 
principalmente nas seguintes situações (BRASIL, 2007): 
 Quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e 
outros fluidos corporais; 
 Ao iniciar o turno de trabalho; 
 Após ir ao banheiro; 
 Antes e depois das refeições; 
 Antes de preparo de alimentos; 
 Antes de preparo e manipulação de medicamentos; 
 Antes de contato com o paciente; 
 Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular invasivos 
dispositivos; 
 Antes de calçar luvas para inserção de dispositivos invasivos que não 
requeiram preparo cirúrgico; 
 Após risco de exposição a fluidos corporais; 
 Ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, durante o 
cuidado ao paciente; 
 Após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente próximas 
ao paciente; e 
 Antes e após remoção de luvas. 
 
 
 
 
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1.2 USO DE LUVAS 
O uso de luvas é necessário nos serviços de atenção à saúde em situações que 
haja risco de contato entre as mãos do profissional de saúde ou de outros profissionais 
com secreções e excreções orgânicas, incluindo, por exemplo: exame da genitália, 
toque ginecológico bimanual e ferimentos. 
As recomendações sobre as situações específicas em que mais se orienta o 
uso de luvas são as seguintes (CEARÁ, 2002): 
 Luvas de procedimento: em procedimentos simples, não invasivos; 
 Luvas esterilizadas: em procedimentos em que haja a certeza ou o risco de 
invasão do sistema vascular. 
 Luvas de borracha grossa: para limpeza de material e ambiente. 
 
 
 
 
A FIOCRUZ (2009) recomenda ainda que: 
 As luvas são equipamentos de proteção descartáveis, não devendo ser lavadas 
e reutilizadas. 
 Não devem tocar superfícies “limpas” (teclados de computador, telefones, etc.), 
e não devem ser usadas fora do laboratório. 
 As luvas esterilizadas são indicadas para procedimentos invasivos ou quando 
haja necessidade que sejam estéreis. 
 O tipo de luva deve ser determinado de acordo com o material a ser 
manipulado. 
 
 
 
 
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1.3 USO DE AVENTAL 
O principal intuito do avental é evitar que o contato entre fluidos orgânicos e a 
roupa ou pele do profissional, tanto em procedimentos de cuidado como durante a 
limpeza do ambiente. 
As principais recomendações sobre o uso deste EPI são (CEARÁ, 2002): 
 Sempre quem o avental estiver com sujeita visível, trocá-lo. Além disso, realizar 
a troca diariamente; 
 Usar avental estéril para procedimentos cirúrgicos; 
 Ao desprezar o avental, atentar para o recipiente adequado de despejo. Se 
tratar-se de avental reutilizável, recomenda-se que o mesmo seja colocado 
inicialmente em saco plástico antes de ser encaminhado para a lavanderia. 
 
 
Em relação às especificações sobre a fabricação do avental, é importante 
também ressaltar que (FIOCRUZ, 2009): 
 O avental ou o jaleco deve ser sempre usado, independente da utilização de 
roupa branca, pois o mesmo constitui uma barreira de proteção para as roupas 
pessoais. 
 O jaleco ou avental deve possuir mangas longas, com punho ajustável, 
podendo ser de tecido ou descartável (o tipo será determinado pelo material a 
ser manipulado). 
 
Cada vez mais vem se intensificando o movimento em prol do uso correto do 
avental, no sentido de evitar o uso em locais não adequados, quando se tem a 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
possibilidade de contaminação pelo contato do avental com outras superfícies, 
inclusive fora do ambiente do serviço de saúde (ABCINFECÇÃO, 2009). 
 
1.4 USO DE MÁSCARA 
Sob a emergência de saúde pública internacional relacionada ao vírus 
SARSCoV-2, causador da Covid 19, a Anvisa estabeleceu diversas medidas 
excepcionais e temporárias visando facilitar o acesso pela população a produtos 
auxiliares na prevenção do contágio, e avaliadas do ponto de vista da relação risco - 
benefício como favoráveis aos pacientes e à população em geral. 
O coronavírus pode ser espalhado por gotículas suspensas no ar quando 
pessoas infectadas conversam, tossem ou espirram. Essas gotículas podem ter sua 
formação diminuída pelo uso de máscaras. Estas máscaras atuam como barreiras 
físicas, diminuindo a exposição e o risco de infecção para a população em geral. 
 
 
 
1.5 USO DE ÓCULOS DE PROTEÇÃO E GORRO 
Assim como a máscara, os óculos têm a função de proteger a mucosa (ocular) 
de respingos de sangue e de outros fluidos corporais (CEARÁ, 2002). A higiene deste 
equipamento consiste na principal recomendação para assegurar sua função. 
Orientase, portanto, que, após cada uso, os óculos sejam lavados com água e sabão 
(CEARÁ, 2002). 
O gorro possui tanto a função de evitar que pelos do couro cabeludo 
contaminem materiais e campos operatórios, como também a função de proteger os 
cabelos dos profissionais de secreções orgânicas dos pacientes. 
 
 
 
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2. MANUSEIO DE MATERIAL PERFUROCORTANTE 
Considerados materiais de alto risco, os perfurocortantes são alvo de extremo 
cuidado, principalmente por envolver o risco de contaminação pelo HIV e pelo vírus 
da hepatite C. Os principais cuidados referentes à prevenção de acidentes com 
perfurocortantes se fundamentam no mínimo de contato e de manobras com estes 
instrumentos. 
A seguir, são listadas as principais condutas referentes à prevenção destes 
acidentes (CEARÁ, 2002): 
 Evitar ao máximo reencapar agulhas ou realizar qualquer manobra que envolva 
o manuseio da agulha já utilizada; 
 No manuseio de perfurocortantes com o cliente, buscar concentrar o máximo 
de atenção no procedimento; 
 Providenciar correto descarte de perfurocortantes. Orienta-se que sejam 
utilizados como recipientes para descarte, caixas com paredes rígidas e 
resistentes á perfuração; 
 Manter estes recipientes próximos a local onde está sendo realizado o 
procedimento com o perfurocortante e em local isento de umidade; 
 Providenciar o correto fechamento, lacramento e coleta dos recipientes de 
perfurocortantes; e 
 Adotar o uso de EPI de acordo com a recomendação para cada procedimento. 
 
 
2.1 CONDUTA FRENTE À ACIDENTE DE TRABALHO ENVOLVENDO 
PÉRFURO-CORTANTE 
 Os acidentes com perfurocortantes constituem os acidentes ocupacionais mais 
frequentes na equipe de enfermagem; nesse contexto, cabe ressaltar, também, que, 
auxiliares e técnicos de enfermagem apresentam o maior índice destes acidentes 
(FERREIRA, ARAÚJO e SANTOS, 2007). 
Diante disso, torna-se necessário alertar a respeito dascondutas não só em 
relação à prevenção, mas também à ocorrência de acidentes com perfurocortantes. 
Na ocorrência de acidente com perfurocortante, é imprescindível que a equipe 
procure, inicialmente, manter a calma. Essa conduta agiliza o raciocínio correto acerca 
 
 
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dos próximos passos a serem executados. Para isso, é recomendável que a equipe 
procure avaliar o tipo de acidente (tipo de material com o qual o profissional teve 
contato), a extensão da lesão o tempo decorrido desde o acidente até a primeira 
conduta. 
Antes de tudo, devem ser prestados cuidados locais, a fim de amenizar a 
exposição ao sangue ou a outro fluido com o qual o profissional teve contato, para 
isso, os procedimentos recomendados são (CEARÁ, 2002): 
 Em caso de exposição cutânea, lavar com água corrente e sabão antisséptico; 
 Colocar antisséptico aquoso sobre a lesão; 
 Não realizar cortes ou quaisquer outros procedimentos que possam aumentar 
a área exposta; 
 Não utilizar soluções irritantes. Ex.: éter; 
 Em caso de exposição de mucosas, lavar exaustivamente com soro fisiológico; 
 Comunicar imediatamente o acidente. 
Depois de prestados os cuidados locais, deve-se proceder à avaliação de riscos 
e necessidade de profilaxia. Dependendo da gravidade do acidente, poderão ser 
solicitados: quimioprofilaxia e acompanhamento sorológico, vacina para hepatite B, 
gamaglobulina para hepatite B e imunização contra o tétano 
 
 
3. ANTISSEPSIA 
Apesar de não se tratar de um ambiente essencialmente cirúrgico, o serviço de 
atenção à saúde sexual e reprodutiva pode, em algumas situações, constituir-se como 
cenário de procedimentos invasivos, requerendo a utilizando de técnicas de 
antissepsia. 
A inserção de Dispositivo Intrauterino (DIU), por exemplo, consiste em um 
procedimento invasivo que, se não for realizado com adequada técnica asséptica, 
pode ocasionar infecção proveniente da própria microbiota da paciente ou das mãos 
do profissional de saúde. Outro procedimento que pode eventualmente ser realizado 
no serviço de atenção à saúde sexual e reprodutiva é a drenagem de abscesso, que 
envolve a ruptura de camadas da pele com envolvimento do sistema vascular. 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
Diante disso, percebe-se que a técnica de antissepsia deve constituir o conjunto 
de condutas adotadas nos serviços de saúde sexual e reprodutiva. Nesse contexto, 
destacam-se a lavagem antisséptica das mãos e a limpeza antisséptica da pele da 
cliente. 
As soluções antissépticas mais utilizadas são: 
 Álcool 70%; 
 Gluconato de clorohexidina: para antissepsia da mucosa vaginal e toque 
ginecológico; 
 Iodos em tintura nas concentrações de 0,5 a 1,0%; 
 Iodóforos (PVPI): degermante, aquoso ou alcoólico. 
 
A realização da antissepsia da pele ou mucosa do paciente segue os passos 
descritos abaixo (CEARÁ, 2002): 
1. Preparação da região operatória: até algum tempo a prática da 
tricotomia era incentivada por se acreditar que esta técnica reduzia o risco de 
infecções. Atualmente, todavia, se tem chegado ao consenso de que, ao 
contrário do que se imaginava, a tricotomia pode aumentar o risco de infecções 
por promover pequenos cortes na pele e, assim, ampliar as portas de entrada 
dos microrganismos. A recomendação é, portanto, evitar eliminar os pelos ou, 
se for estritamente necessário, cortar o pelo com tesoura o mais próximo 
possível da superfície da pele. 
 
2. Seleção do antisséptico apropriado: investigar com o cliente a 
existência de reações alérgicas. Esta informação é importante como critério de 
exclusão de soluções antissépticas. 
 
3. Limpeza simples: limpar, com água e sabão comum, a pele da 
paciente. 
 
4. Aplicação do antisséptico: aplicar o antisséptico apropriado. 
 
5. Manuseio do antisséptico na pele: realizar a antissepsia utilizando 
pinças com gaze ou algodão esterilizados embebidos em antisséptico. 
 
 
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6. Cuidados com a pele da paciente: evitar o acúmulo de 
antisséptico na pele da cliente para evitar queimadura. 
 
7. Ação do antisséptico: Deixar o antisséptico secar naturalmente, 
aguardando de 1 a 2 minutos. 
 
4. CÂNCER DE MAMA 
As mamas constituem órgãos compostos, essencialmente, por tecido glandular 
e gorduroso, sendo que sua subdivisão engloba os seguintes elementos: lobos, septos 
fibrosos, ductos lactíferos, seios lactíferos, papila da mama, aréola da mama e 
glândulas da aréola. Dispõem-se aos pares e possuem entre 15 e 20 lobos mamários 
independentes, separados por tecido fibroso e gorduroso. A drenagem desses lobos 
converge para o mamilo. 
A seguir, apresenta-se uma figura demonstrando os principais elementos da 
mama. 
 
 
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FONTE: SNELL, 1984. 
Esta descrição anatômica é semelhante na maioria das mulheres. É importante 
ressaltar, contudo, que em mulheres mais jovens as mamas apresentam mamas com 
maior quantidade de tecido glandular, já as mulheres que se aproximam da 
menopausa possuem mamas compostas por tecido gorduroso (BRASIL, 2004). 
Na prática clínica, a mama é subdividida em quadrantes. Assim, ao exame 
físico, têm-se dois quadrantes externos, superior e inferior, e dois internos, superior e 
inferior. Essa subdivisão é importante para a descrição e localização das lesões, as 
quais constituem um importante agravo na atenção à saúde de mulheres e homens, 
embora nesses a patologia apresente-se em número reduzido. 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
O câncer de mama está entre os primeiros cânceres mais incidente no mundo, 
sendo o mais comum no público feminino. De acordo com o Instituto Nacional de 
Câncer em 2020, foi constatada a magnitude do câncer de mama no contexto da 
saúde feminina e quando equiparada aos homens apresenta uma mesma 
porcentagem relacionada ao câncer de próstata. A figura a seguir mostra os tipos de 
câncer mais comuns entre homens e mulheres: 
 
 
FONTE: INCA (2020). 
Os fatores de risco para o câncer de mama resultam de uma combinação de 
fatores genéticos, estilo de vida, hábitos reprodutivos e meio ambiente. Assim, existem 
situações onde o risco poderá ser muito elevado, moderadamente elevado ou pouco 
elevado, conforme especificado abaixo (CEARÁ, 2002): 
 
Risco muito elevado: 
 Mãe ou irmã com câncer de mama na pré-menopausa; 
 Antecedente de hiperplasia epitelial atípica ou neoplasia lobular in situ;  
Suscetibilidade genética comprovada (mutação de BRCA 1-2). 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
 
 Risco moderadamente elevado: 
 Mãe ou irmã com câncer de mama na pós-menopausa; 
 Nuliparidade; 
 Antecedente de hiperplasia epitelial sem atipia 
 
 Risco pouco elevado: 
 Menarca precoce (<12 anos); Menopausa tardia (>55anos); 
 Primeira gestação a termo acima de 34 anos; 
 Obesidade; 
 Dieta gordurosa; 
 Sedentarismo; 
 Terapia de reposição hormonal por mais de 5 anos; e  Ingestão alcoólica 
excessiva. 
 
Apesar de conhecidos, os fatores de risco não são os principais alvos no 
combate ao câncer de mama, uma vez que a detecção e o diagnóstico precoces 
apresentam-se muito mais efetivos do que a prevenção de fatores de risco (CEARÁ, 
2002). 
Entre as estratégias recomendadas pelo INCA está a identificação de sinais e 
sintomas por meio do exame das mamas, que pode ser realizado manualmente, por 
ultrassonografia ou mamografia, sendo que a eficácia destes exames varia em ordem 
crescente. 
Os sinais e sintomas sugestivos de patologias mamárias poderão surgir em 
diferentesestágios da vida e/ou mesmo da evolução de patologias. Por conta disso, 
recomenda-se que mesmo na ausência destes a mulher realize periodicamente 
exames para identificação de possíveis lesões ainda em estágio inicial, a fim de 
prevenir lesões malignas. Entre os sinais e sintomas de patologias mais comuns estão: 
dor mamária, descarga papilar e nódulo mamário (BRASIL, 2004). 
Apesar de não constituir um sintoma exclusivo de câncer de mama, a dor 
mamária é o sintoma mais frequentemente referido pelas mulheres e por elas 
associado muitas vezes erroneamente ao câncer de mama. A alteração funcional 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
benigna da mama (AFBM), todavia, consiste na causa mais frequente de dor mamária. 
É importante esclarecer, no entanto, que a AFBM não é classificada como doença e 
não possui relação com o câncer de mama (BRASIL, 2004). 
A descarga papilar caracteriza-se pela saída de líquido pelo mamilo. Pode se 
apresentar em diversas situações patológicas e possui significância como sintoma 
sugestivo de câncer de mama quando é abundante, de aspecto cristalino ou 
sanguinolento, unilateral e exterioriza-se por um único ducto (BRASIL, 2004). 
Esse sintoma poderá ser identificado pelo enfermeiro durante a consulta 
ginecológica ou mesmo quando a própria paciente procurar o serviço de saúde 
relatando o sintoma. Nesses casos, o enfermeiro deverá separar uma lâmina idêntica 
à utilizada para exame Papanicolaou, identificá-la (com as iniciais da paciente, data, 
instituição e identificação para referir se diz respeito à mama direita ou esquerda), 
aproximar a lâmina da secreção a fim de coletar o líquido, fixar como o usual no serviço 
e identificar a ficha da paciente que acompanhará o material coletado (BRASIL, 2004). 
Um importante sintoma sugestivo de câncer de mama é o nódulo mamário. Este 
possui área definida, limites precisos ou imprecisos, consistência variável, podendo 
apresentar-se sólido ou cístico. 
A avaliação do nódulo como indicativo de câncer de mama deve ser realizada 
criteriosamente. O primeiro passo dessa avaliação inicia-se no exame físico. Depois 
de ser identificado na prática clínica, procede-se à solicitação de ultrassonografia e/ou 
mamografia. Em alguns casos poderá fazer-se necessária a punção aspirativa. 
Considerando os sinais e sintomas descritos e suas relações com o câncer de 
mama, destaca-se que os sinais de alerta mais significativos incluem (BRASIL, 2004): 
 Tumor de consistência dura; 
 Tumor pouco móvel e aderente a planos profundos; 
 Indolor; 
 De limites mal definidos; 
 De tamanho variável (varia de acordo com o tempo de 
evolução); 
 A pele que recobre a mama poderá estar íntegra ou 
alterada pela presença do tumor. 
 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
4.1 EXAME CLÍNICO E AUTOEXAME DAS MAMAS 
 Anteriormente destacou-se que as medidas de combate ao câncer de mama 
estão mais relacionadas à detecção e tratamento precoce do que à prevenção 
primária. Isso porque a descoberta do câncer em fases iniciais poderá ser realizada 
por meio de métodos simples e, na maioria das vezes, promove boas chances de cura 
e um tratamento não mutilador (INCA, 2004). 
A medida inicial mais simples para detecção de sinais e sintomas sugestivos de 
câncer de mama consiste no exame clínico das mamas, que pode ser realizado 
anualmente pelo profissional de saúde, durante a consulta ginecológica, e pelas 
próprias mulheres, mensalmente. A associação do exame clínico em consultório ao 
autoexame promove uma cobertura eficiente na detecção precoce de tumores, uma 
vez que tumores invasivos de até 3 centímetros têm possibilidade de serem 
identificados no exame físico e possuem índice de curabilidade bastante elevado. 
Todavia, essas medidas não devem ser consideradas como suficientes (BRASIL, 
2004). 
Tanto o exame clínico realizado em consultório quanto o autoexame realizado 
mensalmente deverão contemplar os seguintes passos: inspeção estática e dinâmica, 
palpação das axilas e palpação da mama com a paciente em decúbito dorsal. 
Como profissional de saúde extremamente atuante tanto em atividades de 
educação em saúde, quanto em ações relacionadas à atenção integral á saúde da 
mulher, o enfermeiro tem um papel importante na realização do exame clínico e na 
orientação e estímulo ao autoexame das mamas. 
Recomenda-se que todas as mulheres realizem o autoexame das mamas 
mensalmente, de 7 a 10 dias após a menstruação, quando as mamas estão menos 
túrgidas. Essa medida evita que alterações benignas e temporárias, oriundas de ações 
hormonais, sejam consideradas equivocadamente como tumores cancerígenos 
(INCA, 2004). 
No caso de mulheres que não menstruam, incluindo as menopausadas, a 
recomendação é que selecionem um dia no mês para realização do autoexame. Por 
exemplo: todo dia 10 de cada mês. 
Um autoexame das mamas satisfatório inclui os seguintes passos: 
 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
 
FONTE: SESCRIO, 2009. 
 
O exame clínico realizado anualmente pelo profissional de saúde é semelhante 
ao autoexame. No entanto, mostra-se mais específico por envolver etapas mais 
criteriosas, conforme descrito a seguir (CEARÁ, 2002): 
 
 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
Inspeção: cliente sentada 
 Estática: o profissional deve observar as mamas em relação à simetria, 
retrações, aspecto da pele, edema, sinais inflamatórios, abaulamentos, entre 
outras alterações que sejam sugestivas de tumor na mama; 
 Dinâmica: após a observação estática, o enfermeiro solicita à paciente que 
eleve seus membros superiores. Enquanto isso, ele observa a mobilidade de 
ambas as mamas. 
 
Palpação: cliente sentada/deitada 
 Supraclavicular, infraclavicular e axilar: palpar profundamente as cadeias 
linfáticas; 
 Mamária: inicialmente, com a cliente sentada, realiza-se uma primeira palpação 
das mamas e da região intermamária. Posteriormente, com a cliente deitada, 
com as mãos atrás da nuca, complementa-se a palpação com a face interna 
dos dedos, de fora para dentro, circundando toda a mama até chegar ao mamilo 
e pressionando dedos sobre as mamas suave e firmemente. 
 Expressão do mamilo: pressionar suave e firmemente os mamilos a fim de 
identificar descarga papilar. Conforme discutido anteriormente, descargas 
papilares sanguinolentas, unilaterais e que se apresentam após expressão 
requerem atenção especial e devem ser recolhidas para exame de citologia. 
 
4.2 MÉTODOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DE 
MAMA 
Além do exame clínico realizado pelo enfermeiro e do autoexame das mamas, 
existem outros métodos que poderão complementar estas técnicas na detecção 
precoce ou tardia do câncer de mama. Entre os métodos de diagnósticos mais comuns 
estão (CEARÁ, 2002): 
 
Citologia do derrame mamário 
Este método complementar poderá ser utilizado em continuidade ao exame 
clínico das mamas, quando houver descarga papilar. Neste caso, procede-se com a 
identificação de uma lâmina (idêntica à utilizada no exame Papanicolaou). Em 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
seguida, coloca-se a lâmina já identificada em contato com o material a ser coletado 
do mamilo da paciente. Fixar a lâmina como realizado usualmente no serviço de saúde 
e enviá-la ao laboratório de Citopatologia. 
 
FIGURA – Grupamento de células neoplásicas formando blocos 
tridimensionais, com arranjo glanduliforme e pleomorfos, hipercromáticos e de 
cromatina grosseira (coloração de Papanicolaou, 400x). 
 
FONTE: Andrea et al., 2006. 
 
 
PUNÇÃO ASPIRATIVA 
Método invasivo que é realizado por meio de uma agulha fina (retirada de 
materialcitológico) ou grossa (retirada de material histológico). Busca-se o acesso a 
nódulos mamários com o auxílio da palpação, da mamografia ou da ultrassonografia 
mamária. Quando a punção é realizada com agulha fina, não é necessária anestesia, 
pois a agulha usada é similar à utilizada para a anestesia; já no caso de punção por 
agulha grosso, a anestesia faz-se necessária. 
 
FIGURA: Fibroadenoma. Punção aspirativa com agulha fina orientada pela 
ultrassonografia (esquerda) e aspecto citológico arborescente característico, com 
projeções fibroepiteliais em dedo de luva (direita). 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
 
FONTE: Nazário, Rego e Oliveira, 2007. 
 
MAMOGRAFIA 
Método mais utilizado para detecção de lesões suspeitas. A frequência 
recomendada é: 
 Primeiro exame: entre 35 e 40 anos de idade, uma vez que a ocorrência de 
câncer de mama antes de 35 anos é rara; 
 A partir daí, as mulheres que não possuem antecedentes familiares de câncer 
de mama deverão realizar mamografia a cada dois anos, entre 40 e 50 anos de 
idade, e anualmente após os 50 anos de idade; 
 No caso de mulheres com antecedentes familiares de câncer de mama, a 
mamografia passa a ser recomendada anualmente, após 40 anos de idade. 
 
ULTRASSONOGRAFIA MAMÁRIA 
 Consiste em um método por imagens que auxilia na diferenciação de nódulos 
císticos e sólidos, bem como pode servir de suporte para direcionamento de punções 
aspirativas. 
 
FIGURA: Aspecto ultrassonográfico dos cistos mamários. A) cisto simples: 
imagem anecoica, com reforço acústico posterior; B) cisto complexo: no interior do 
cisto, observa-se imagem nodular sólida (seta). 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
 
FONTE: Nazário, Rego e Oliveira, 2007. 
 
É importante ressaltar o papel do enfermeiro não só na orientação e 
esclarecimento de dúvidas, mas também no oferecimento de suporte nos casos em 
que tenham sido identificados indícios de câncer da mama ou, principalmente, quando 
o diagnóstico for confirmado. A suspeita ou certeza de câncer de mama envolve 
aspectos psicossociais significativos para a mulher, uma vez que esta doença, além 
de ser considerada grave e pôr em risco a vida, afeta a autoimagem, o que proporciona 
baixa autoestima (NAZÁRIO, REGO e OLIVEIRA, 2007). 
 
4.3 CÂNCER CÉRVICO-UTERINO: ASPECTOS GERAIS 
O câncer atualmente constitui um importante agravo de saúde, principalmente 
por envolver prognóstico obscuro. Diante disso, a vigilância e avaliação de ações 
preventivas são atitudes priorizadas no combate a esse agravo. 
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) lança, a cada dois anos, os resultados 
de estudos sobre a estimativa de câncer, a fim de que se tenham fundamentos para 
visualizar quais os tipos mais incidentes, qual a população mais afetada, em que 
regiões do Brasil o problema está se apresentando de forma mais agravante, entre 
outros aspectos relevantes no combate ao câncer. 
A última estimativa publicada, referente aos anos de 2008 e 2009, apontou que, 
à exceção dos cânceres de pele do tipo melanoma, os cânceres de mama e de colo 
uterino serão os mais incidentes na população feminina. A cada ano são 
diagnosticados 500 mil casos novos no mundo. No Brasil, estima-se que, em 2009, 
cerca de 19 mil mulheres sejam diagnosticadas com câncer de colo uterino (INCA, 
2007). 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
Há alguns anos, muitas hipóteses cercavam a origem do câncer de colo uterino. 
Atualmente, sabe-se que a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) constitui 
condição necessária para o desenvolvimento deste tipo de câncer, sendo que este 
vírus possui 15 tipos oncogênicos (INCA, 2007). 
Para que se compreenda o processo de desenvolvimento do câncer de colo 
uterino, realizaremos uma breve revisão dos principais componentes da anatomia do 
aparelho genital feminino, a fim de esclarecer localizações e principais alvos no exame 
de prevenção do câncer de colo uterino. 
 
1. Componentes anatômicos externos 
→ Vulva – conjunto cutâneo mucoso que compreende a região do Monte de 
Vênus até a região perineal. 
 
 
FONTE: CANCERVIC, 2009. 
 
2. Componentes internos 
⇒ Vagina: canal cilíndrico, comprido, com grande elasticidade. O comprimento 
varia entre 8 e 10 centímetros, e o diâmetro é de, aproximadamente, 4 centímetros. 
No fundo da vagina encontra-se o colo uterino (BRASIL, 2004). 
⇒ Ovários e tubas: localizam-se dentro do abdômen, em pares e possuem 
função de produção hormonal (ovários), produção de óvulos (ovários) e transporte 
desses óvulos (tubas) (BRASIL, 2004). 
 
 
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⇒ Útero: possui forma de pera e localiza-se no abdômen inferior. É dividido em 
corpo e colo (BRASIL, 2004). 
 
FONTE: UNIFESP, 2009. 
3. Colo uterino: apresenta na parte interna um canal (canal cervical), 
que consiste no ponto de comunicação dentre a parte externa e a interna, ou 
seja, do canal vaginal com a cavidade uterina. A porção do colo que se 
exterioriza é denominada ectocérvice, e a que porção interna se denomina 
endocérvice. A ectocérvice é formada por epitélio escamoso estratificado, já a 
endocérvice é constituída por epitélio colunar. O limite entre a endocérvice e a 
ectocérvice é denominado junção escamocolunar (JEC) (BRASIL, 2004). 
 
 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
 
Fonte: UNIFESP, 2009. 
 
A JEC pode situar-se tanto na parte interna como na porção externa do colo, 
para dentro ou para fora do óstio. Essa posição é determinada pela condição hormonal 
da mulher, paridade, entre outros fatores. Quando a JEC se localiza na porção 
externa, ocorre deslocamento endocervical, o que, por sua vez, poderá expor este 
epitélio a agressões por eventuais agentes biológicos, tais como os vírus. Quando isso 
acontece, há formação de outro tipo de epitélio, oriundo da transformação das células 
de reserva, existentes na base do epitélio colunar, as quais se multiplicam, 
promovendo a metaplasia (BRASIL, 2004). 
As células de reserva são as células-alvo do HPV. 
 
 
 
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O câncer de colo uterino desenvolve-se a partir de uma lesão pré-invasiva pelo 
HPV. Estas lesões são intraepiteliais escamosas e são curáveis em até 100% dos 
casos. O período disponível desde a infecção até o desenvolvimento do câncer de 
colo uterino é de aproximadamente 10 a 20 anos, o que permite detecção precoce e 
tratamento, isso quando o exame de prevenção é realizado de forma periódica 
(CEARÁ, 2002). 
Outro fator que interfere na determinação do exame de prevenção do câncer 
de colo uterino como estratégia eficaz de prevenção é o retorno das pacientes para 
consulta e diagnóstico laboratorial, realizado geralmente um mês após a execução do 
exame, bem como a busca ativa de pacientes que não retornaram. Esses 
determinantes serão discutidos de forma mais consistente no módulo IV. 
 
4.4 EXAME DE PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO-UTERINO 
O exame de prevenção do câncer cérvico-uterino é também conhecido como 
exame colpocitopatológico, colpocitologia oncológica, colpocitologia oncótica, ou 
ainda Teste de Papanicolau. Esta última nomenclatura refere-se ao nome do médico 
George Papanicolau, que desenvolveu o método para identificação microscópica de 
células atípicas, malignas ou pré-malignas do útero, isso por meio da esfoliação do 
colo uterino (BRASIL, 2004). 
O teste de Papanicolau consiste em um exame simples, barato e eficiente na 
detecção de lesões precursoras de neoplasias ou mesmo de neoplasias em fases 
iniciais (BRASIL, 2006). 
Por volta da década de 50, o exame citológico dePapanicolau foi reconhecido 
e recomendado mundialmente, principalmente por não requerer infraestrutura 
sofisticada ou de alto custo para o sistema de saúde (BRASIL, 2006; CEARÁ, 2002). 
Em 1988, INCA realizou uma reunião de consenso onde foi decidido que o 
exame de Papanicolau deveria ser realizado, prioritariamente, em mulheres de 25 a 
60 anos de idade, ou que já tivessem iniciado a atividade sexual, independentemente 
da idade (CEARÁ, 2002). 
A frequência de realização do exame por cada paciente seria de: uma vez ao 
ano e, após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos (CEARÁ, 
2002). 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
Apesar de ter sido reconhecido como exame eficaz e eficiente desde 1950, 
apenas em 1998 as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde - por meio do 
incentivo do INCA - vêm se articulando de forma significativa em busca da efetivação 
do Programa de Rastreamento do Câncer de Colo de Útero (BRASIL, 2006). 
Na efetivação do teste de papanicolau, é importante que dois aspectos sejam 
enfatizados: o primeiro refere-se à preparação da população feminina, a fim de que 
esta se conscientize a respeito da importância da frequência na realização do exame 
e do retorno para receber o diagnóstico; e o segundo aspecto é a correta identificação 
de lesões malignas ou pré-malignas. 
Para promover a conscientização feminina sobre a relevância do teste de 
Papanicolau, é imprescindível que os serviços de saúde, sobretudo os de nível 
primário, desenvolvam atividades de educação em saúde fundamentadas em uma 
abordagem dialógico-reflexiva. Por meio destas atividades educativas, a mulher passa 
a se perceber como um ser autônomo, capaz de preservar/melhorar sua própria 
saúde, bem como contribuir para a conscientização de outras mulheres de sua 
comunidade (SOUSA, PINHEIRO e BARROSO, 2008). 
Ainda em relação à educação em saúde, é importante ressaltar que, 
considerando o HPV como causador do câncer de colo uterino e como DST 
transmitida frequentemente por via sexual, a abordagem preventiva deste vírus deve 
privilegiar a divulgação de informações e esclarecimentos de dúvidas. 
Apesar de disporem de diversos meios de informações sobre doenças 
sexualmente transmissíveis (DST), algumas mulheres ainda apresentam lacunas em 
relação ao conhecimento sobre o HPV. Isso porque a doença é pouco comentada 
quando comparada a outras, como a Aids. Diante disso, muitas concepções 
equivocadas são desenvolvidas, como a crença de que o HPV só pode ser transmitido 
do homem para a mulher, o mito de que o HPV é uma doença de mulheres 
promíscuas, e o tabu a respeito das DST (SOUSA e BARROSO, 2009). Faz-se 
necessário, portanto, investigar e esclarecer elementos culturais que possam interferir 
de forma negativa na adoção de um comportamento de cuidado satisfatório. 
Depois do desafio de promover o conhecimento e conscientização das 
mulheres acerca dos elementos inseridos no contexto da prevenção do câncer de colo 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
de útero, resta outro desafio: garantir a qualidade na execução do exame papanicolau 
e na identificação de células pré-malignas e malignas. 
O método de identificação de lesões acontece da seguinte forma (BRASIL, 
2004): 
1. Coleta de células, representativas e em número suficiente para o 
diagnóstico, do orifício externo do colo e canal endocervical, ou seja, da ectocérvice e 
da endocérvice, respectivamente; 
2. As células coletadas devem ser colocadas em uma lâmina de vidro, 
previamente identificada; 
3. Em uma etapa posterior, a lâmina é, então, corada e levada à análise 
microscópica; 
4. Ao exame microscópico, as células serão identificadas e classificadas 
entre células normais, evidentemente malignas e as que apresentam alterações 
indicativas de lesões pré-malignas. 
 
FIGURA: Imagem obtida do esfregaço contendo células arranjadas em 
grupamentos sinciciais com discreta sobreposição e núcleos atípicos, hipercromáticos 
(Papanicolaou, 100x). 
 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
FONTE: Pinto e Maia, 2007. 
 FIGURA: Aspecto microscópico do carcinoma escamocelular in situ do colo 
uterino de R.P.D. (HE X4OO). Nota-se a substituição da mucosa cervical por células 
escamosas atípicas; a membrana basal está íntegra. 
 
 
FONTE: INCA, 1999. 
 
CUIDADOS QUE DEVEM ANTECEDER A REALIZAÇÃO DO EXAME 
GINECOLÓGICO 
A eficácia do exame de Papanicolau é determinada, também, pela qualidade do 
material coletado. Este, por sua vez, depende muito dos cuidados tomados pela 
mulher antes da realização do exame. 
No intuito de minimizar a interferência de fatores externos na qualidade do 
exame, é necessário que o profissional de saúde, sobretudo o enfermeiro, oriente de 
forma adequada as mulheres acerca das medidas que devem e que não devem ser 
tomadas dias antes da realização da consulta ginecológica. 
As pacientes devem ser orientadas quanto aos seguintes cuidados a serem 
observados antes da realização do exame ginecológico (CEARÁ, 2002): 
→ Tomar banho antes do exame: a fim de minimizar agentes causadores de 
infecções. Apesar de o procedimento não envolver diretamente o sistema circulatório, 
esta recomendação é importante para diminuir a possibilidade de infecções e facilitar 
a visualização de lesões e outras alterações. 
→ Aparar os pelos pubianos e axilares: essa atitude também facilita a 
visualização e identificação de alterações. 
→ Não fazer uso de medicação com cremes vaginais ou duchas intravaginais 
de 24 a 48 horas que precedem o dia da coleta: essa recomendação é necessária 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
para evitar que o conteúdo vaginal e outros elementos vaginais e do colo uterino sejam 
alterados ou retirados por cremes ou duchas, o que dificultaria ou impediria o 
diagnóstico preciso das alterações celulares e epiteliais. 
→ Evitar relações sexuais de 24 a 48 horas antecedentes ao exame: durante as 
relações sexuais, pode ocorrer liberação de secreções, do homem e/ou da mulher, 
que podem alterar as características do conteúdo vaginal, dificultando o exame 
citopatológico. 
→ Não estar no período menstrual: aguardar o quinto dia após o término da 
menstruação. É importante salientar que PEQUENOS SANGRAMENTOS, DE 
ORIGEM NÃO MENSTRUAL, NÃO CONSTITUEM IMPEDIMENTO PARA A COLETA, 
PRINCIPALMENTE NAS MULHERES NA PÓS-MENOPAUSA. 
Essas orientações podem ser fornecidas às mulheres de maneira geral, em 
atividades de educação em saúde na sala de espera, ou de forma individualizada, na 
ocasião da procura pelo exame, em visitas domiciliares ou na ocasião de outras 
consultas, por exemplo. 
Além das orientações específicas sobre os cuidados para manutenção da 
qualidade do material a ser coletado para análise laboratorial, os profissionais de 
saúde poderão, também, aproveitar as ocasiões para explicar o exame ginecológico 
em si, bem como para esclarecer dúvidas. 
Muitas dúvidas e desconhecimento acerca do exame ginecológico podem 
interferir na não adesão. Carvalho e Furegato (2001) construíram um modelo teórico 
acerca do evitamento do exame ginecológico, destacando as perspectivas de usuárias 
de um serviço de saúde e como essas perspectivas, sem participação de atividades 
de educação em saúde, podem interferir de forma negativa na realização do exame 
ginecológico. 
 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
 
FONTE: Carvalho e Furegat (2001). 
 
 A fim de auxiliar as atividades educativas referentes ao exame ginecológico, o 
INCA (2009) desenvolveu um manual com as perguntas mais frequentes sobre o 
exame. Os esclarecimentos são feitos de forma simples e acessível, conforme se pode 
observara seguir: 
 
O que é o exame preventivo do câncer do útero? 
É um dos momentos do exame ginecológico em que é feita a coleta do material 
do útero e colocado numa lâmina de vidro, que será examinada posteriormente ao 
microscópio. 
Quais as mulheres que devem se submeter ao exame? 
Toda mulher com vida sexual ativa, principalmente aquelas com idade de 25 a 
59 anos. 
O exame é doloroso e demorado? 
Não. O exame é rápido e não dói. 
 
 
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 O que é preciso para fazer o exame preventivo do câncer do útero? 
• Não manter relação sexual (nos 2 dias anteriores ao exame); 
• Não usar duchas ou medicamentos vaginais (nos 2 dias 
anteriores ao exame); 
• Não estar menstruada (em época de regras). 
 
Que serviço deve ser procurado? 
Como o exame é simples, você pode procurar o ambulatório, posto ou centro 
de saúde mais próximo da sua casa. 
 
Após o exame, o que fazer? 
Você deve retornar a uma nova consulta para saber o resultado e receber 
instruções. 
Lembre-se: tão importante quanto submeter-se ao exame é buscar o resultado. 
 
De quanto em quanto tempo deve ser feito o exame preventivo? 
Ao receber o resultado, você será informada de quando deverá repetir o exame. 
Em geral, se não houver alteração, o exame poderá ser feito no intervalo de 1 ano ou 
a cada 3 anos, devendo considerar o resultado e a periodicidade com que a mulher 
vem realizando seu exame. 
 
Outras doenças, que não o câncer, podem ser encontradas durante o 
exame preventivo? 
Sim. Infecções vaginais, inclusive as sexualmente transmissíveis podem ser 
diagnosticadas pelo médico que realiza o exame. 
 
5. CONSULTA GINECOLÓGICA 
A consulta ginecológica pode ser realizada por profissional médico ou 
enfermeiro, desde que capacitado para tal função. No processo, devem ser 
desenvolvidos: anamnese, exame físico geral, exame das mamas, exame 
ginecológico, colheita do material cervical, colheita citológica, inspeção visual com 
ácido acético e Teste de Schiller. 
 
 
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ANAMNESE 
A anamnese é o momento inicial da consulta ginecológica. Nessa etapa o 
enfermeiro tem a oportunidade de conhecer melhor a paciente, estabelecer uma 
relação de confiança e investigar possíveis fatores que estejam relacionados à sua 
condição geral de saúde. Durante a anamnese é possível também esclarecer dúvidas 
a respeito do exame e amenizar/eliminar medos e angústias. 
Para obtenção de êxito na anamnese, é necessário que o enfermeiro adote uma 
postura acolhedora, cortês, de respeito à privacidade da paciente (BRASIL, 2004). 
Assim, busca-se a promoção de um ambiente positivo, descontraído, onde a paciente 
se perceba como um ser respeitado e compreendido, com seus medos, angústias e 
dúvidas valorizadas e consideradas. 
No decorrer da anamnese, o enfermeiro deverá abordar os seguintes aspectos 
(BRASIL, 2004; CEARÁ, 2002): 
 Identificação da paciente; 
 Queixas e duração; 
 História da moléstia atual; 
 Antecedentes pessoais e familiares; 
 Antecedentes ginecológicos e obstétricos; 
 Antecedentes sexuais; 
 Tabagismo e alcoolismo; 
 Comportamento sexual; 
 Crenças, mitos e tabus sobre o exame; 
 Crenças e valores sobre o câncer de colo de útero e de mama. 
 
Após conversar com a paciente sobre aspectos relacionados ao seu estado de 
saúde e ao exame físico, o enfermeiro deverá proceder aos seguintes cuidados 
(BRASIL, 2004): 
 
1. Preenchimento do formulário de requisição de citologia oncótica; 
2. Identificação da lâmina para o exame. Para isso, inserir, na extremidade 
fosca da lâmina, com lápis: 
 
 
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 O código do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) da 
unidade ou o nome da unidade (VER ROTINAS ADMINISTRATIVAS 
ADOTADAS NA UNIDADE); 
 O número de registro da mulher na unidade; 
 As iniciais do nome da paciente;  Data da realização do exame. 
 
3. Verificar se a paciente é virgem: caso positivo, não introduzir 
espéculo; 
4. Perguntar se já teve filhos por parto normal (via vaginal): caso 
positivo, não usar espéculo pequeno; 
5. Perguntar se está grávida ou suspeita estar: caso positivo, não 
colher material endocervical; 
6. Acomodar a lâmina na mesa de apoio para receber material a ser 
coletado; 
7. Deixar o fixador ou recipiente com álcool próximo à lâmina já 
identificada. 
 
EXAME FÍSICO GERAL 
 O exame físico geral deve ser uma prática adotada em toda consulta de 
enfermagem, uma vez que por meio dele é possível identificar alterações que por 
ventura não tenham sido relatadas pelo paciente, ou mesmo averiguar queixas e 
encaminhar o paciente para a consulta médica e/ou realização de exames mais 
específicos. 
A realização do exame físico geral deve ser céfalo-caudal, observando os 
seguintes componentes (CEARÁ, 2002): 
1. Pele; 
2. Mucosas; 
3. Gânglios dos seguimentos corporais: palpar e investigar presença de 
tumores/nódulos; 
4. Mamas (ver módulo I, em que se discorreu acerca do exame das 
mamas); 
5. Abdômen: observar presença de cicatrizes operatórias, abaulamento, 
escavação da parede, simetria, estado da pele, quantidade e distribuição dos pelos. 
 
 
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Além disso, realizar palpação a fim de identificar alterações em vísceras e/ou dor. 
Explorar baixo ventre, região hipogástrica e região inguinal; 
6. Região pubiana, vulvar e perineal: investigar infecções, ulcerações, 
tumores, alterações da epiderme e implantação de pelos pubianos. Observar também 
grandes e pequenos lábios, clitóris e hímen. 
 
* É importante destacar que, caso o hímen esteja roto, mas a cliente não o 
refira, o exame deverá ser realizado como se ela fosse virgem, ou seja, sem a 
introdução do espéculo. Procede-se, então, com a coleta de secreções com a 
escovinha Campos da Paz (CEARÁ, 2002). 
 
EXAME DE PAPANICOLAOU 
Conforme especificado em momento anterior, o exame de papanicolau consiste 
na identificação de células pré-invasoras ou invasoras, por meio de exame 
microscópico. O processo de coleta de células ocorre em duas etapas: a colheita do 
material cervical e a colheita citológica. 
 
Observação do material cervical 
 Antes do procedimento, o enfermeiro deve explicar à paciente todos os passos 
do exame, inclusive informando o momento da colocação do espéculo na vagina. 
Após, procede-se para o processo de introdução do espéculo, que é composto pelas 
seguintes etapas (BRASIL, 2004): 
 
 
 
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Prevenção do câncer de colo de útero e de mam a 
 
http://www.medikatalogo.com.mx/ 
 
 Introduzir o espéculo em posição vertical, ligeiramente inclinado para a direita 
do enfermeiro; 
1. Iniciada a introdução, realizar uma rotação de 90o. Deixar o espéculo em 
posição transversa à medida que é introduzido, de modo que a fenda da abertura do 
espéculo fique na posição horizontal. OBSERVAR NESSA ETAPA AS PAREDES 
VAGINAIS. 
2. Após introduzir o espéculo totalmente na vagina, abra-o lentamente e 
com delicadeza, procurando localizar o colo uterino. 
 
Observe coloração e pregueamento vaginal, aspecto do colo uterino, muco 
cervical, presença e características de secreções, tumorações, ulcerações e/ou 
roturas. Tudo que for observado deverá ser posteriormente registrado no prontuário 
da paciente. 
 
 
 
 
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Coleta citológica 
A coleta citológica é dupla, ou seja, composta por amostras da endocérvice e 
do canal cervical. Essas amostras são colhidas separadamente. 
Antes da coleta das amostras,o enfermeiro deverá averiguar se a lâmina está 
previamente identificada com os dados gerais solicitados, explicados no início deste 
módulo (ver anamnese). É necessário que a lâmina contenha, no mínimo, as iniciais 
da paciente, o número do prontuário e a cidade (CEARÁ, 2002). 
O primeiro material a ser coletado é o ectocérvice. Para isso, utilizar a espátula 
de Ayre. Na coleta do material endocervical é utilizada a escova endocervical, também 
conhecida como escovinha tipo Campos da Paz. 
Para coleta ectocérvice, proceder da seguinte maneira: 
 
1. Utilize a espátula do lado que apresenta bifurcação; 
2. Introduza a espátula de modo que a parte côncava se encaixe na 
superfície da mucosa da ectocérvice; 
3. Faça uma raspagem da mucosa por meio de um movimento rotativo de 
360o, exercendo uma pressão firme, mas de forma delicada; 
4. Estenda o material na lâmina, no sentido VERTICAL, em movimentos de 
ida e volta, para garantir uma amostra uniforme, conforme mostrado na figura abaixo: 
 
Imediatamente após a coleta ectocérvice, o enfermeiro deverá realizar a coleta 
endocervical, de acordo com as seguintes orientações: 
1. Introduza a escovinha endocervical delicadamente no canal 
cervical; 
2. Realize um movimento rotativo de 360o; 
3. Disponha o material coletado sobre a lâmina (pode ser a mesma 
lâmina em que foi coletado material ectocérvice), em sentido contrário do 
utilizado para disposição do material da ectocérvice. Recomenda-se à 
disposição no sentido HORIZONTAL, de acordo com a figura a seguir: 
 
 
 
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FONTE: IAP, 2009. 
 
Alguns autores enfatizam algumas recomendações a respeito da coleta 
endocervical. Entre as principais estão (BRASIL, 2004; CEARÁ, 2002): 
 
 Se a paciente for gestante, evite a coleta endocervical; 
 Se a paciente tiver sofrido histerectomia com manutenção do colo, a coleta 
deve ser realizada normalmente; 
 Se a paciente tiver sofrido retirada total do colo, a coleta deverá ser realizada 
no fundo da vagina. 
 
 
Fixação do material coletado 
 A fixação do material deverá ocorrer imediatamente após a coleta, a fim de 
garantir manter as características originais das células e a qualidade do exame. 
Existem três tipos de substâncias recomendadas para fixar e conservar o material 
coletado: polietilenoglicol, propinilglicol e álcool a 95% (BRASIL, 2004). 
Ao se optar pelo polietilenoglicol, deve-se pingar de 3 a 4 gotas sobre o material, 
de modo a cobri-lo completamente com o líquido. Após, deixar secar em posição 
horizontal, ao ar livre, até formação de uma película (BRASIL, 2004). 
O propinilglicol aprensenta-se em solução spray, e deve ser borrifado a 20 cm 
de distância da lâmina (BRASIL, 2004). 
 
 
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Quando a fixação for realizada com álcool a 95%, a lâmina deverá ser imersa 
em recipientes próprios (BRASIL, 2004). 
 
Inspeção visual com ácido acético 
A inspeção visual com ácido acético ocorre após a coleta citológica. O 
procedimento ocorre da seguinte forma: 
 
1. Limpar o colo uterino com algodão seco; 
2. Pincelar o colo uterino e fundo de saco vaginal com solução de 
ácido acético a 5%; 
3. Aguardar de 1 a 2 minutos; 
4. Investigar presença de lesões acetobrancas (esbranquiçadas). 
 
A inspeção visual do colo do útero utilizando ácido acético (VIA) é, juntamente 
com a inspeção com lugol (VILI), uma estratégia bastante eficaz na redução das taxas 
de mortalidade por câncer do colo do útero (INCA, 2007). 
O mecanismo de reação das células com modificação da coloração ocorre 
porque o ácido acético a 5% coagula as proteínas de células lesionadas, provocando 
o clareamento evidente de células afetadas pelo papilomavírus humano (HPV) 
(CEARÁ, 2002). 
As mulheres portadoras dessas lesões deverão realizar exames mais 
detalhados, como a colposcopia. Os parceiros sexuais destas mulheres também 
deverão ser submetidos ao exame, afim de que se controle a cadeia de transmissão 
e se evite reinfecções no casal. 
 
 
 
 
FIGURA: Epitélio aceto branco grosseiro. 
 
 
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FONTE: Carvalho, Leite e Pereira, 2006. 
 
 
Teste de Schiller 
 As células do colo do útero, quando normais, possuem a propriedade de se 
impregnarem com solução de lugol, devido à reação que ocorre entre o glicogênio e o 
iodo. Células do colo uterino alterado, com epitélio escamoso imaturo ou tecido 
metaplásico (de reparo), fixam pouco o lugol. Já células anormais, displásicas ou 
malignas, pobres em glicogênio, não se coram (iodo negativo) (INCA, 1999). 
Diante disso, convencionou-se que, de acordo com o resultado apresentado no 
teste com a aplicação local do lugol no colo uterino, o teste de Schiller poderia ser 
classificado como (INCA, 1999): 
 
 
 
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Positivo: quando a reação com o iodo for negativa, ou seja, quando não houver 
coloração do colo uterino; 
 
Negativo: quando houver fixação do iodo nas células e o colo se apresentar 
colorido após aplicação do lugol. 
A aplicação do lugol pode ser realizada após a inspeção visual com ácido 
acético e auxilia o diagnóstico de alterações da mucosa do colo uterino. A aplicação 
do lugol é semelhante à aplicação do ácido acético, ou seja, deve-se pincelar o colo. 
É importante salientar que, assim como a coleta citopatológica e a inspeção 
visual do colo uterino com ácido acético, o teste de Schiller não deve ser uma prática 
adotada de modo isolado. Os procedimentos para identificação de alterações devem 
ser realizados em conjunto, a fim de assegurar mais efetividade ao exame 
ginecológico. 
Outra recomendação importante refere-se à conduta frente ao resultado 
positivo do teste de Schiller. Diante da magnitude do câncer de colo uterino e da 
relevância de resultados positivos, frente a um teste positivo (quando não há coloração 
do colo com o lugol) sugere-se que a paciente seja encaminhada à colposcopia 
(CEARÁ, 2002). 
O teste de Schiller encerra os procedimentos técnicos com a paciente. Após 
essa etapa, portanto, o enfermeiro deverá registrar todas as observações no 
prontuário da paciente. 
 
 LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA A CONSULTA GINECOLÓGICA 
A fim de assegurar a efetividade de todos os procedimentos durante a consulta 
ginecológica, o enfermeiro deverá manter a organização do ambiente e das ações a 
serem executadas. Para isso, listamos a seguir, com base no referencial bibliográfico 
utilizado neste módulo, uma sequência de ações que devem ser verificadas antes e 
no decorrer da realização da consulta ginecológica. Compreendemos que as 
seguintes ações são importantes para uma atuação eficaz do enfermeiro como 
gerente e profissional com autonomia no âmbito da consulta ginecológica: 
 
 
 
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• Verificar se a sala está devidamente limpa e se dispõe dos 
aparatos necessários para a realização dos procedimentos. 
• Verificar se há abastecimento suficiente de insumos para a 
assistência a todas as mulheres agendadas para consulta ginecológica (se 
possível, providenciar material extra, para suprir eventualidades). 
• Testar os equipamentos. 
• Preencher a requisição do exame citopatológico em local 
reservado, para garantir a privacidade da paciente. 
• Identificar a lâmina. 
• Fornecer roupa adequada ao exame e orientar a paciente que se 
troque. 
• Fornecer informações à paciente sobre o exame. 
• Lavar as mãos. 
• Realizar o exame físico geral e das mamas. 
• Colocar a paciente na posição ginecológica, respeitando sua 
privacidade, cobrindo-a comum lençol. 
• Calçar as luvas. 
• Realizar a inspeção da vagina e ânus. 
• Proceder com a inserção do espéculo. 
• Realizar a coleta do material da ectocérvice e acondicioná-lo na 
lâmina no sentido vertical, ou diferente do sentido utilizado para acondicionar o 
material da endocérvice. 
• Realizar a coleta do material da endocérvice e acondicioná-lo na 
lâmina no sentido horizontal, ou diferente do sentido utilizado para acondicionar 
o material da ectocérvice. 
• Fixar o esfregaço na lâmina com polietilenoglicol, propinilglicol ou 
álcool à 95%. 
• Realizar inspeção visual do colo uterino com aplicação local de 
ácido acético a 5%. 
• Realizar teste de Schiller. 
• Fechar o espéculo e retirá-lo. 
• Retirar as luvas e lavar as mãos. 
 
 
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• Informar a paciente sobre a ausência ou presença de alterações 
identificadas durante a realização do exame físico geral, das mamas, cliente 
citopatológica (conteúdo vaginal), inspeção com ácido acético e teste de 
Schiller. 
• Explicar à paciente que poderá ocorrer sangramento vaginal leve 
e/ou corrimento de secreção corada pelo lugol utilizado no teste de Schiller. 
Esclarecer, inclusive, que este pode ser confundido com sangramento, uma vez 
que possui coloração semelhante. 
• Orientar a paciente sobre o retorno para recebimento do resultado 
do exame, entregando-lhe cartão com data prevista para tal. 
• Registrar todo o procedimento, inclusive as alterações 
encontradas, no prontuário da paciente. 
• Organizar a sala para receber a próxima paciente. 
 
Estas recomendações poderão ser úteis na organização do serviço, mas é 
importante esclarecer que elas poderão ser adaptadas a fim de se adequarem à 
realidade local. É necessário, todavia, que o exame físico geral, exame das mamas, 
inspeção da vagina, coleta citológica, inspeção com ácido acético e teste de Schiller 
sejam executados, no intuito de garantir uma consulta efetiva. 
 
 
LISTA DE SOLICITAÇÃO DE EXAME CITOPATOLÓGICO 
 Após realizar a coleta citopatológico de todas as pacientes, o enfermeiro 
deverá proceder com o preenchimento de uma lista com a requisição dos exames 
citopatológico. Este formulário deverá acompanhar as lâminas que serão enviadas ao 
laboratório. 
Trata-se de uma listagem contendo a identificação da unidade de saúde e a 
relação de nomes e números de prontuário das mulheres que tiveram seus exames 
encaminhados. 
São desenvolvidas duas vias desta listagem. A primeira fica no laboratório e a 
segunda é devolvida à unidade de saúde responsável pela coleta, após conferência 
 
 
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da listagem com os frascos apresentados e a assinatura do responsável pela recepção 
do laboratório. 
 
Exemplo de listagem preparada pela unidade primária para o laboratório 
(BRASIL,2004): 
Posto de Saúde Getúlio Vargas 
Exames coletados no período de 5 a 9/8/2001 
Nº DO PRONTUÁRIO NOME DA PACIENTE 
Z-6887 Maria Rosa Costa Santos 
Z-1987 Rosa Castro Santos 
Z-3467 Eliane Dias 
Z-8965 Silvia Mendes 
Z-0789 Esther Martins 
 
 Sobre a frequência de realização da listagem, a recomendação é que o 
enfermeiro organize a lista e realize o envio da mesma semanalmente. Nos casos em 
que não for possível, enviar o quanto antes. 
É importante que o enfermeiro também procure incluir na lista todas as lâminas 
de coleta citológica existentes na unidade, a fim de operacionalizar a remessa. 
O momento da entrega de uma remessa constitui também ocasião de 
recebimento dos resultados laboratoriais de remessas enviadas anteriormente. 
 
6. SEGUIMENTO DIANTE DA IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS 
SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS 
 As doenças sexualmente transmissíveis (DST) constituem um significativo e 
constante problema de saúde no Brasil, o que tem despertado o interesse de órgãos 
e autoridades comprometidos com a saúde sexual e reprodutiva para a necessidade 
de desenvolvimento, implementação e ampliação de estratégias eficazes de 
prevenção. 
O panorama atual revela que as DST/AIDS apresentam crescimento não 
apenas em relação ao número de casos, mas também no que se refere aos grupos de 
risco. Dados apresentados no último boletim epidemiológico de DST/AIDS revelaram 
 
 
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que, em relação à AIDS, uma das DST mais preocupantes, houve aumento da 
incidência nas regiões Norte e Nordeste. Ressalta-se a inversão no número de casos 
segundo a relação homem/mulher e exposição hierarquizada, de modo que, 
heterossexuais, destacando-se mulheres, hoje também constituem a população de 
risco (BRASIL, 2008a). 
Verifica-se, portanto, o fenômeno da multiplicação dos grupos de risco para 
DST, de modo que qualquer pessoa que pratique comportamento de risco encontrase 
vulnerável. As chances de infecção estão, portanto, mais relacionadas ao 
comportamento do que à opção sexual ou ao sexo. Pessoas que antes não 
constituíam os “grupos de risco”, como heterossexuais, especialmente mulheres em 
união estável, atualmente encontram-se vulneráveis, sobretudo por não se 
considerarem propensas a adquirir DST. 
No contexto da promoção da saúde, especialmente no âmbito da prevenção de 
doenças sexualmente transmissíveis, o Programa Nacional de DST/AIDS, ressalta 
que as desigualdades regionais do Sistema Único de Saúde (SUS) influenciam no 
crescimento de DST/AIDS, e que, nos cenários das doenças de transmissão 
predominantemente por via sexual, um dos grandes desafios é reforçar a qualidade 
da assistência do SUS no controle da exposição às DST/AIDS (BRASIL, 2008b). 
Compreende-se, portanto, que, no âmbito do reforço da qualidade da 
assistência do SUS no controle da exposição às DST/HIV/AIDS, o enfermeiro 
desempenha papel fundamental, uma vez que este profissional está mais diretamente 
relacionado com o desenvolvimento, implementação e avaliação de estratégias de 
educação em saúde. Estas, por sua vez, devem visar à conscientização da população 
a respeito da gravidade das DST/AIDS. 
O sucesso das estratégias de educação em saúde depende da efetividade da 
comunicação entre profissional de saúde e paciente, de modo que seja estabelecido 
um diálogo visando à conscientização e autonomia em relação à adoção de um modo 
de vida mais saudável. No contexto da promoção da saúde sexual e reprodutiva, mais 
especificamente da prevenção de DST/AIDS, é imprescindível que as atividades 
educativas sejam fundamentadas no conhecimento cultural, a fim de que haja 
aproximação e interação eficaz entre profissionais de saúde e pacientes (SOUSA, 
2007). 
 
 
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A consulta ginecológica constitui ocasião propícia para o desenvolvimento de 
atividades de educação em saúde eficazes, tanto por meio de abordagem grupal ou 
individualizada. Diante disso, faz-se necessário que o enfermeiro aproveite a 
oportunidade do comparecimento da mulher para realização do exame de prevenção 
do câncer de colo uterino para estabelecer um diálogo a respeito da prevenção de 
DST/AIDS. 
 
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A CONSULTA GINECOLÓGICA NO 
CONTROLE DAS DST 
 O contexto das doenças sexualmente transmissíveis (DST), principalmente 
depois do advento da descoberta do HIV, adquiriu diversas representações ao longo 
dos anos. Caracterizadas como doenças de homossexuais e profissionais do sexo,hoje as DST/AIDS atingem uma parcela oculta da população: mulheres 
heterossexuais com relacionamento estável. Essa nova realidade interage ainda com 
caracteres culturais herdados de gerações anteriores que exercem significativa 
influência nas condutas de casais em relação à prevenção de DST e ao 
comportamento pós-diagnóstico. 
Na interface desta problemática, profissionais se veem diante do desafio de 
ampliar a perspectiva sobre o cuidado, no sentido de abordar o fenômeno da 
contaminação por DST/AIDS com a clientela retrocitada, antes não tão focalizada, e 
rever a questão com suporte em uma óptica totalizadora. O cuidado ampliado no 
âmbito das DST/AIDS, com sua proposta de trabalhar a doença incorporando 
elementos que envolvam a dimensão biológica, mas também considerando a 
subjetividade, surge como estratégia para promoção da saúde e para a interrupção da 
cadeia de transmissão (SOUSA, 2007). 
Existe, atualmente, um paradoxo entre o investimento na prevenção de DST e 
crescente número de mulheres contaminadas. Subentende-se a existência de lacunas 
que se iniciam na abordagem educativa na escola, perpassando os sistemas de saúde 
profissionais e atingindo os sistemas de saúde genéricos (populares) (SOUSA, 2007). 
Nesse sentido, verifica-se o entrelace de conceitos adquiridos e reformulados dos 
sistemas de saúde profissionais e genéricos, originando crenças, mitos e tabus que 
 
 
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podem favorecer a contaminação ou, pela proibição e culpa exageradas, prejudicar o 
bem-estar no contexto da póscontaminação (SOUSA e BARROSO, 2009). 
A consciência a respeito da vulnerabilidade do corpo feminino às DST/AIDS 
possui origens culturais de gênero enraizadas no subconsciente para enfatizar a 
representação das figuras masculina e feminina, sobrepondo suas singularidades 
(SOUSA e BARROSO, 2009). 
A contaminação da mulher, embora vista como biologicamente predeterminada, 
ainda atribui a ela o papel de ser desmoralizada, haja vista o fato de apresentar a 
doença e o companheiro não pressupor uma conduta de promiscuidade. Essa 
situação é carregada de elementos culturais transmitidos (e compartilhados) por 
gerações anteriores, nos quais as DST/AIDS são consideradas doenças de mulheres 
“não limpas” e/ou de vida sexual promíscua (SOUSA, 2007). 
A interação do profissional de saúde com mulheres visando à saúde dessas e 
de seus parceiros deve enfocar, no processo de Educação em Saúde, o que há de 
positivo, rever o que há de negativo e considerar a capacidade da mulher (e do 
parceiro) de refletir sobre sua condição de vida. Isso no intuito de alcançar o mais alto 
nível de saúde e bem-estar. Dessa forma, surgem expectativas para obtenção de um 
novo comportamento para o cuidado com a identificação de ações de cuidado que 
devem ser preservadas/mantidas, acomodadas/negociadas ou 
repadronizadas/reestruturadas. 
O papel dos profissionais engajados na saúde sexual e reprodutiva, 
principalmente no contexto da consulta ginecológica, consiste em procurar 
desenvolver meios para que as mulheres reflitam sobre a autonomia que possuem 
(devem possuir) sobre seus corpos, promover a conscientização masculina sobre a 
responsabilidade do casal (e não só da mulher) a respeito da saúde sexual do casal e 
elaborar estratégias educativas para que a questão do risco e da contaminação por 
DST seja tratada com o emprego de uma abordagem positiva, na prevenção de DST 
ou mesmo na promoção da saúde de casais já contaminados (SOUSA e BARROSO, 
2009). 
A consulta ginecológica requer a integração de saberes diversos, que, juntos, 
contribuam para a constituição de um cuidado eficaz. Fundamentado em saberes 
técnicos, científicos e populares, esse momento poderá promover a conscientização 
 
 
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a respeito do processo saúde/enfermidade/cuidado, configurando uma importante 
estratégia de Educação em Saúde para promover a saúde. 
No contexto da consulta ginecológica, a análise de culturas corresponde a um 
importante instrumento na busca por um cuidado de Enfermagem eficaz na prevenção 
de DST/AIDS. As compreensões das crenças e dos valores, de como as pessoas 
veem o mundo e se como parte dele, das expressões culturais benéficas ou 
incoerentes, dos fatores que influenciam pensamentos e comportamentos sobre 
sexualidade dentro de uma comunidade/sociedade constituem o caminho para um 
cuidado congruente com a cultura e, portanto, com possibilidades maiores de obter 
resultados satisfatórios para a saúde (SOUSA, PINHEIRO e BARROSO, 2008). 
Nesse sentido, tendo a promoção da saúde como filosofia do cuidado, 
subentende-se que este deve ser repensado em uma relação de bilateralidade, na 
qual cliente e profissionais de saúde interajam de forma democrática. Esse 
repensamento do cuidado, por sua vez, deve permear o sistema de saúde como um 
todo, incluindo meios de comunicação, unidades de saúde, políticas públicas, entre 
outros, e deve também ser exercido nos vários ambiente de atuação, como família, 
escola e unidades de saúde. Assim, vislumbra-se a noção de que, uma vez que 
procedido ao resgate da cultura no cuidado de Enfermagem na prevenção de DST, os 
serviços de saúde possam ser reorientados a considerar o que vai além do diagnóstico 
de DST como diretamente envolvido na promoção da saúde sexual e reprodutiva do 
casal. 
Durante a consulta ginecológica, o aconselhamento, a detecção de situações 
de risco e a educação para saúde das pessoas com DST e seus parceiros são 
atividades nas quais esses profissionais deverão atuar de forma consistente. 
Com base no exposto, são descritos, a seguir, pontos relevantes dos 
procedimentos básicos do aconselhamento na abordagem da paciente (ou 
companheiro) na prevenção, detecção e controle das DST/AIDS (BRASIL, 1999): 
• Reafirmar a confidencialidade e o sigilo das informações 
prestadas; 
• Identificar com clareza a demanda do cliente; 
• Prestar apoio emocional ao cliente; 
• Facilitar ao cliente a expressão de sentimentos; 
 
 
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• Identificar as crenças e os valores do cliente acerca das DST, HIV 
e 
AIDS; 
• Utilizar linguagem compatível com a cultura do cliente; 
• Trocar informações específicas sobre a(s) DST apresentada(s); 
• Avaliar com o cliente seu histórico de outras DST e as situações 
de risco que culminaram nelas; 
• Reforçar a necessidade da adoção de práticas mais seguras para 
a redução de riscos; 
• Explicar as complicações decorrentes de não ser feito o 
tratamento, ou do tratamento ser incompleto ou da automedicação; 
• Reforçar a necessidade de retorno ao serviço se não houver 
melhora ou sempre que apresentar algum sintoma; 
• Reforçar a necessidade do tratamento dos parceiros sexuais; 
• Trocar informações sobre DST, HIV e AIDS, suas formas de 
transmissão, prevenção e tratamento, com ênfase nas situações de risco do cliente; 
• Ajudar o cliente a avaliar e perceber seus riscos de infecção pelo 
HIV e outras DST; 
• Identificar barreiras para a mudança das situações de risco; 
• Contribuir para a elaboração de um plano viável de redução de 
riscos; 
• Explicar o benefício e demonstrar o uso correto do preservativo; 
• Avaliar possíveis dificuldades quanto ao uso do preservativo e sua 
superação; 
• Avaliar e recomendar a possibilidade de outras práticas sexuais 
seguras; 
• Ajudar o cliente a reconhecer suas responsabilidades e 
possibilidades em lidar com seu problema; 
• Lembrar que o consumo de álcool e outras drogas, lícitas ou 
ilícitas, pode alterar a percepção de risco; 
• Estimular a autoestima e autoconfiança do cliente; 
• Favorecer a desconstrução de estigmas, mitos e preconceitos 
relacionados às DST e HIV e AIDS;

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