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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO TOCANTINS – IFTO / CAMPUS GURUPI CURSO TÉCNICO EM AGRONEGÓCIO INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO Abraão Santiago Moreira Mellanny Chrysttynny Soares Batista EFEITO DO ARMAZENAMENTO SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE CAGAITA (Eugenia dysenterica DC.) GURUPI - TO 2021 2 Abraão Santiago Moreira Mellanny Chrysttynny Soares Batista EFEITO DO ARMAZENAMENTO SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE CAGAITA (Eugenia dysenterica DC.) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins – IFTO, Campus Gurupi, como requisito parcial para a obtenção do certificado do Curso Técnico em Agronegócio Integrado ao Ensino Médio. Orientador: Profº Dr. Helber Véras Nunes Coorientadora: Profª Dra. Daniella Inácio Barros GURUPI - TO 2021 3 FOLHA DE APROVAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em / / , pelos abaixo assinados: Dr. Helber Véras Nunes Orientador - Eng. Agronômo Dra. Daniella Inácio Barros Membro - Eng. Agronôma Dr. Paulo Victor Gomes Sales Membro - Eng. Alimentos GURUPI - TO 2021 4 EFEITO DO ARMAZENAMENTO SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE CAGAITA (Eugenia dysenterica DC.) Abraão Santiago Moreira Mellanny Chrysttynny Soares Batista Dr. Helber Véras Nunes Dra. Daniella Inácio Barros Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins Curso Técnico em Agronegócio Integrado ao Ensino Médio Resumo As sementes de cagaita perdem rapidamente seu poder germinativo quando armazenadas em condições ambientais naturais do cerrado. Como a maioria das espécies nativas dos cerrados, dados sobre condições mais favoráveis de conservação da viabilidade de sementes ainda são bastante escassos. O experimento foi realizado na casa de vegetação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins na cidade de Gurupi - TO, entre o período de 05 de novembro de 2019 a 07 de março de 2020. Para a realização do mesmo, foram utilizadas sementes de cagaita (Eugenia dysenterica DC.). Os tratamentos aplicados às sementes consistiram de cinco épocas de semeadura, em intervalos de três dias. De maneira geral as características avaliadas mostraram sensibilidade ao indicar diferenças entre as épocas de semeadura (Tabela 1), onde os maiores valores, de comprimento da raiz e da parte aérea, foram obtidos quando as sementes foram semeadas em 05/11/2019 (12,8 cm; 10,2 cm), respectivamente, e inferiores na semeadura de 17/11/2019 (7,8 cm; 7,0 cm), respectivamente. Os valores obtidos de primeira contagem de emergência, permitiram diferenciar as épocas de semeadura em níveis de vigor, ou seja, foram influenciados pelas épocas de semeadura. As sementes de cagaita, semeadas logo após a coleta dos frutos, apresentaram maior viabilidade e vigor. Palavras chaves: germinação, época, vigor e cagaita. 1. Introdução Eugenia dysenterica DC. (Myrtaceae), popularmente conhecida como "cagaita" ou "cagaiteira", é uma árvore frutífera nativa dos cerrados de até 10 m de altura, de tronco e ramos tortuosos, casca grossa, fissurada. Os frutos têm formato globoso, 5 bagáceo, cor amarelo-clara, levemente ácido, epicarpo membranoso, com peso entre 14 a 20 g, comprimento de 3 a 4 cm e diâmetro de 3 a 5 cm (Rizzini, 1971; Ribeiro et al., 1986; Naves et al., 1995). A cagaita é utilizada como melífera, ornamental, fornecedora de madeira, na indústria de curtume, alimentícia e medicinal (Almeida et al., 1998). Por ser típica do Cerrado, é resistente a condições de estresse ambiental e possui germinação relativamente rápida. Suas mudas desenvolvem-se melhor em áreas de pleno sol (Sano et al., 1995), possuem preferência por substratos à base de areia e argila (Nietsche et al., 2004), tem crescimento em altura e diâmetro lento (Sousa et al., 2002) e possuem características interessantes na seleção de espécies usadas em programas de recuperação ambiental. Porém, suas sementes têm comportamento recalcitrante (Andrade et al., 2003), o que torna difícil o armazenamento. Estas necessitam de técnicas de armazenamento apropriadas, pois são sensíveis à dessecação e a baixas temperaturas (Barbedo e Marcos Filho, 1998). A qualidade das sementes é determinada por fatores genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários (Marcos Filho, 2005). O armazenamento visa manter ao máximo a qualidade fisiológica das sementes, de modo que ainda tenha um bom desempenho no campo, após o armazenamento (Carvalho e Nakagawa, 2000). As sementes de cagaita perdem rapidamente seu poder germinativo quando armazenadas em condições ambientais naturais do cerrado. Como a maioria das espécies nativas dos cerrados, dados sobre condições mais favoráveis de conservação da viabilidade de sementes ainda são bastante escassos. Por outro lado, esses dados ajudariam a definir condições de armazenamento que possam favorecer a conservação das sementes durante um maior intervalo de tempo (Fonseca, 1991). Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do armazenamento sobre a qualidade fisiológica das sementes de cagaita. 2. Material e Métodos O experimento foi realizado na casa de vegetação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins na cidade de Gurupi - TO, entre o período de 05 de novembro de 2019 a 07 de março de 2020. Para a realização do mesmo, foram utilizadas sementes de cagaita (Eugenia dysenterica DC.) retiradas dos frutos que foram coletados na região rural do município de Peixe-TO. Os tratamentos aplicados às sementes consistiram de cinco épocas de semeadura, em intervalos de três dias. Os frutos colhidos foram armazenados em um balde e 6 mantido em temperatura ambiente na sombra. Para cada época de semeadura os frutos foram separados e despolpados para a retirada das sementes. No despolpamento, os frutos foram lavados em peneira de malha fina com água corrente, para facilitar o processo de separação da semente do restante da polpa aderida. Em seguida, as sementes foram imersas em uma mistura contendo 5 ml de hipoclorito de sódio diluído em 1 litro de água, por 5 minutos, e posteriormente colocadas sobre papel toalha por 12 horas para a retirada do excesso de água. Para o semeio das sementes foi utilizado substrato terra preta, dividido em 5 bandejas plásticas, uma para cada tratamento. Sendo utilizadas 100 sementes para cada tratamento, divididas em 4 repetições com 25 sementes cada. Todas as bandejas com os substratos já semeados foram submetidas a duas irrigações por dia durante todo o período de formação das plântulas. A partir da instalação do experimento deu-se início ao procedimento de coleta e avaliação de dados. Foram avaliadas as seguintes características: Comprimento da raiz (CR) e da parte aérea (CPA): as plântulas foram retiradas das bandejas e com o auxílio de uma régua graduada em centímetros, mediu-se da gema apical até a extremidade da raiz apical, e medindo do colo até o ápice da plântula. Os resultados foram expressos em cm, conforme recomendações de Nakagawa (1994); Massa seca da raíz (MSR) e Massa seca da parte aérea (MSPA): as plântulas foram retiradas dos substratos, cortadas e separadas em raíz e parte aérea, depois colocadas em sacos de papel devidamente identificados de acordo com o periodo de armazenamento, levadas para estufa regulada à uma temperatura de 65 ºC, onde permaneceram até atingir peso constante. Os resultadosforam expressos em gramas por repetição, conforme recomendações de Nakagawa (1994); Número de folhas (NF): após a retirada das plântulas realizou-se a contagem do número de folhas. Os resultados foram expressos em unidade; Primeira contagem de emegência (PCE): a primeira contagem de emergência foi realizada aos 15 dias após a semeadura. Os dados coletados foram correspondentes à porcentagem acumulada de plântulas normais, com valores registrados para cada tratamento; Emergência de plântulas (EP): A contagem do número de sementes germinadas teve início 21 dias depois da semeadura e se estendeu até a estabilização de emergência das plântulas. O critério utilizado foi o de plântulas normais que apresentavam as estruturas essenciais perfeitas (Brasil, 1992), e os resultados expressos em porcentagem. Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, utilizando o programa estatístico Sisvar. 7 3. Resultados e Discussão De maneira geral as características avaliadas mostraram sensibilidade ao indicar diferenças entre as épocas de semeadura (Tabela 1), onde os maiores valores, de comprimento da raiz e da parte aérea, foram obtidos quando as sementes foram semeadas em 05/11/2019 (12,8 cm; 10,2 cm), respectivamente, e inferiores na semeadura de 17/11/2019 (7,8 cm; 7,0 cm), respectivamente. Gomes et al. (2002), afirma que a variável comprimento da parte aérea possibilita estimar a qualidade morfológica de plântulas em função de sua medida ser fácil e apresentar boa contribuição na determinação da qualidade. Tabela 1 - Comprimento raiz (cm), comprimento parte aérea (cm), massa seca raiz(g), massa seca parte áerea (g), número de folhas (un), primeira contagem de emergência (%) e emergência de plântulas (%) de Cagaita, em cinco períodos de armazenamento, IFTO - TO, 2019/2020. Tratamentos CR CPA MSR MSPA NF PCE EP 05/11/2019 12,8a 10,2a 1,8a 1,6a 2a 17a 62a 08/11/2019 9,5ab 8,8ab 0,8ab 1,1ab 2a 13ab 51ab 11/11/2019 9,3ab 8,7ab 0,8ab 1,2ab 2a 12ab 49ab 14/11/2019 9,2ab 8,6ab 0,8ab 1,1ab 2a 12ab 47ab 17/11/2019 7,8 b 7,0 b 0,4 b 0,5 b 2a 10 b 44ab C.V (%) 6,6 3,8 4,1 3,6 1,1 8,1 18,3 CV- Coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 %. Com relação aos maiores valores de massa seca da raiz e da parte aérea (Tabela 1), foram obtidos na semeadura de 05/11/2019 (1,8 g; 1,6 g), valor intermediário nas semeaduras de 08/11/2019 (0,8 g; 1,1 g), 11/11/2019 (0,8 g; 1,2 g), 14/11/2019 (0,8 g; 1,1 g) e valor inferior na semeadura de 17/11/2019 (0,4 g; 0,5 g). Para Alves et al. (2008), a desidratação lenta pode provocar danos à estrutura das membranas em sementes recalcitrantes, pois além de permitir que as sementes recalcitrantes fiquem por mais tempo com alto teor de água inicial, possibilitam um intenso processo respiratório que degrada as substâncias de reserva e aumenta a liberação de calor. Este processo também transforma a semente em um excelente meio para a proliferação de micro e macroorganismos (Carvalho e Nakagawa, 2000). Já o número de folhas não se mostrou uma característica eficiente em diferenciar o viabilidade e o vigor, uma vez que, não houve diferença significativa entre as diferentes épocas de semeadura. Os valores obtidos de primeira contagem de emergência (Tabela 1), permitiram diferenciar as épocas de semeadura em níveis de vigor, ou seja, foram influenciados 8 pelas épocas de semeadura. As sementes foram mais vigorosas quando semeadas em 05/11/2019 (17 %). Verificou se ainda que a semeadura de 17/11/2019 reduziram o vigor (10 %). Os dados referentes à emergência das plântulas em função da época de semeadura (Tabela 1), mais uma vez se destacou as sementes de cagaita semeadas em 05/11/2019 (62 %). Previero et al. (2021), trabalhando na mesma região, com germinação de sementes de Cagaita em função da umidade da semente, encontrou emergência de plântulas variando de 20 % a 90 %. Resultados intermediários foram obtidos nas semeaduras de 08/11/2019 (51 %), 11/11/2019 (49 %), 14/11/2019 (47 %) e inferior na semeadura de 17/11/2019 (44 %). Provavelmente, a falta de controle da umidade das sementes, mesmo dentro dos frutos e armazenadas em condições ambientais, afetou a qualidade fisiológica das sementes de Cagaita. Previero et al. (2021), também constatou redução da viabilidade e do vigor de sementes de Cagaita com a redução da umidade da semente. A germinação ocorre em uma sequência de eventos fisiológicos influenciada por fatores externos (ambientais: luz, temperatura, disponibilidade de água e de oxigênio) e internos (inibidores e promotores da germinação) às sementes, que podem atuar por si ou em interação com os demais. (Floriano, 2004) 4. Conclusão As sementes de cagaita, semeadas logo após a coleta dos frutos, apresentaram maior viabilidade e vigor. 5. Referências Bibliográficas ALMEIDA, S.P.; PROENÇA, S.M.; SANO, J.F.; Ribeiro, C.E.B. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa Cerrados, Planaltina, 1998. 464p. ALVES, E.U.; SILVA, K.B.; BRUNO, R.L.A.; ALVES, A.U.; CARDOSO, E.A.; GONÇALVES, E.P.; BRAZ, M.S.S. Comportamento fisiológico de sementes de pitombeira [Talisia esculenta (A. ST. Hill) Radlk] submetidas à desidratação. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 30, n. 2, p. 509-516, 2008. ANDRADE, A.C.S.; CUNHA, R.; SOUZA, A.F.; REIS. R.B.; ALMEIDA, K.J. 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