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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE GUAÍBA/RS AUTOS Nº XXXXXXXXXX FERNANDA, já qualificada nos autos em epígrafe, por intermédio de seus advogados legalmente constituídos nos autos da Ação declaratória de inexistência de débitos cumulada com perdas e danos, vêm, respeitosamente, perante Vossa Excelência, interpor RECURSO INOMINADO nos termos do artigo 42 da Lei 9.099/95, pelas razões anexas, requerendo desde já seu recebimento e posterior remessa à instância superior, segundo as formalidades legais. Requer ainda, o recebimento do presente recurso sob assistência judiciária gratuita, já que a autora está impossibilitada de pagar as custas desta ação sem prejuízo do seu sustento. Nestes termos, pede deferimento. Guaíba, 14 de junho de 2022 Advogado OAB/XXXXXX EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL/RS RAZÕES DE RECURSO INOMINADO Autos: XXXXXXXXXXXX Recorrente: FERNANDA Recorrida: SKY SERVIÇOS DE BANDA LARGA LTDA EGRÉGIA TURMA RECURSAL, ÍNCLITOS JULGADORES! Eméritos Julgadores, Trata-se de recurso inominado interposto pela parte Recorrente ante a decisão que julgou improcedente o pedido principal e parcialmente procedente o pedido contraposto, nos seguintes termos: “Por todo o exposto, resolvo o mérito da lide, nos termos do artigo 487, inciso I, do CPC e JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido principal e IMPROCEDENTE o pedido de indenização por danos morais. Sem condenação em custas nem honorários de sucumbência. Sentença registrada eletronicamente nesta data. P. I.” Com efeito, em que pese o inquestionável saber da eminente julgadora não primou à decisão atacada pela justa aplicação da lei e jurisprudência aos fatos, sendo sua reforma medida imperativa de justiça, conforme será exposto adiante. I – DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL I.a – Do preparo A recorrente pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, assegurados pela lei 1060/50 e consoante art. 98 caput NCPC/2015. Espera-se, portanto, que esta Egrégia Turma se manifeste a respeito, concedendo a gratuidade. Infere-se dos artigos supracitados que qualquer uma das partes no processo pode usufruir do benefício da justiça gratuita. Logo, a recorrente faz jus ao benefício, haja vista não ter condições de arcar com as despesas do processo sem prejuízo da sua manutenção, uma vez que se encontra desempregada, com, conforme CTPS juntada aos autos. Ainda sobre a gratuidade a que tem direito, o NCPC dispõe em seu art 99 § 3º que “presume-se verdadeira a alegação de insuficiência de recursos, sendo desnecessário, num primeiro momento, a produção de provas da hipossuficiência financeira. Assim, ex positis, pois, requer-se os benefícios da assistência judiciária gratuita. I.b – Da tempestividade A referida decisão recorrida foi publicada em 31 de maio de 2022. Considerando o prazo legal de 10 dias para a apresentação do presente recurso e, ainda, a data em que este foi interposto, tem-se respeitado o pressuposto da tempestividade recursal. II- DOS FATOS A requerente ajuizou uma Ação Declaratória de Inexistência de Débito c/c com perdas e danos, sob o fundamento de ligações e mensagens de cobranças efetuadas pela recorrida em nome de terceiros. Ocorre que a recorrente jamais teve relação jurídica com a recorrida e desconhece o sujeito de quem estão procurando, ainda as ligações ocorrem em seu trabalho sujeitando-a a constrangimentos. Além da declaração de inexistência de débitos, a recorrente requereu perdas e danos devido estar sendo constrangida e as ligações atrapalharem seu rendimento no trabalho Em sede de contestação a recorrida afirmou não possuir relação contratual com a recorrente. Não houve acordo entre as partes. Por fim, a r. sentença recorrida foi publicada em 31 de maio de 2022, em síntese, JULGOU PARCIALMENTE O PEDIDO e improcedente o pedido de indenização por perdas e danos. Não obstante todo o respeito devido ao citado provimento judicial, entende a Recorrente pela necessidade de sua reforma, não podendo se conformar com os termos prolatados, sob pena de ver indevidamente crucificado seu direito e, ainda, em termos amplos, ver distorcido o direito consumerista pátrio, consoante se verá adiante. III – DAS RAZÕES RECURSAIS III.a – Dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita A recorrente, conforme demonstra os documentos anexos, é pessoa hipossuficiente, encontra-se desempregada, não possuindo recursos ou condições de pagar as custas e despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexa. Pleiteia, assim, os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, assegurados pela lei 1060/50 e consoante art. 98 caput NCPC/2015. Espera-se, portanto, que esta Egrégia Turma se manifeste a respeito, concedendo a gratuidade, ou, eventualmente, abrindo prazo para o seu devido recolhimento. Assim, requer o benefício da assistência judiciária gratuita. III.b- Dos danos morais Na sentença, o magistrado a quo indeferiu o pedido relativo à indenização por danos morais baseando -se na premissa de que o contexto probatório se mostra deveras frágil para justificar a ocorrência de cobranças abusivas por ligações de modo que não pode justificar a ocorrência de danos morais. A conduta da ré causou prejuízo a autora não se pode medir. O abalo emocional, psicológico em seu ambiente de trabalho foi afetado. Ainda no artigo 42, caput, do Código de Defesa do Consumidor diz que na cobrança de débitos, o consumidor https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90 inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça, ocorre que a recorrente não possui vínculo contratual com a recorrida e fora exposta a diversas situações de constrangimento afetando seu desenvolvimento no trabalho. O código do consumidor dispõe acerca da proteção do consumidor em seu artigo 71 que não se pode utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer, no caso em tela resta comprovado a interferência que essas cobranças indevidas ocasionou no trabalho da recorrente. A autora faz jus a indenização por danos morais conforme fora juntado aos autos a comprovação das diversas ligações diárias de cobranças indevidas feitas pela ré, o modo como foi realizada a cobrança indevida pela parte ré, demonstra desrespeito para com a autora, pois feita em seu local de trabalho, permitindo que testemunhas acompanhassem a situação, conduta que se revelou abusiva e desnecessária, constrangendo com a autora. Além disso, a cobrança de dívidas em local de trabalho pode gerar uma indenização cível, conforme no caso abaixo: Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. COBRANÇA VEXATÓRIA. DANO MORAL OCORRENTE. - Caso em que o réu foi até o local de trabalho da autora para cobrar-lhe dívida. Fato presenciado por colegas de trabalho. Situação que ultrapassa o mero dissabor. Constrangimento evidenciado. Dano moral ocorrente. - Ausente sistema tarifado, a fixação do montante indenizatório ao dano extrapatrimonial está adstrita ao prudente arbítrio do juiz. Valor fixado em R$ 2.000,00 (dois mil reais), adequado à espécie. DERAM PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70077419083, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em 24/05/2018). Vejamos algumas decisões: RECURSO CÍVEL INOMINADO - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - COBRANÇA DE DÍVIDA EM LOCAL DE TRABALHO - FORMA VEXATÓRIA COMPROVADA - DEVER DE INDENIZAR CARACTERIZADO - SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. O ordenamentojurídico pátrio não proíbe a cobrança de dívida em local de trabalho, desde que se faça sem expor o devedor ao ridículo. 2. Analisando detidamente os autos, vislumbra-se que conforme os depoimentos testemunhais, o funcionário da empresa apelante se deslocou ao estabelecimento de trabalho do apelado para efetuar a aludida cobrança de forma constrangedora. 3. Configurado o dano moral na cobrança vexatória de dívida no local de trabalho do devedor, independentemente de comprovação do prejuízo material sofrido pela vítima ou da prova objetiva do abalo à sua honra e à sua reputação, porquanto são presumidas as conseqüências danosas resultantes desses fatos. 4. No tocante ao quantum indenizatório, entendo que a sentença deve permanecer incólume, pois a condenação em R$ 9.300,00 (nove mil e trezentos reais, a título de danos morais, à meu ver, obedece os limites da proporcionalidade e da razoabilidade, possibilitando o alcance do objetivo da indenização que é de proporcionar satisfação ao ofendido, de modo a não configurar um enriquecimento sem causa, e impor ao causador do dano um impacto suficiente para desestimulá-lo a cometer infrações similares. 5. Sentença mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos, com Súmula de julgamento servindo de Acórdão, na forma do artigo 46 da Lei nº 9.099 /95. Honorários advocatícios fixados em 15% do valor da condenação, mais custas processuais, a cargo da recorrente. TJ-MT - RECURSO CÍVEL INOMINADO 10532010 MT (TJ-MT) De todo o exposto, deve-se ser reconhecido o direito da Recorrente ser indenizada em decorrência do dano moral evidenciado nas narrativas dos fatos que causaram à autora constrangimentos, abalos psicológicos e transtornos em seu ambiente de trabalho fazendo jus a indenização por danos morais. IV- DO PEDIDO Diante ao exposto requer: a) O DEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA nos termos do art. 98 do CPC, uma vez que o Recorrente não possui condições de arcar com as custas do processo conforme declaração de hipossuficiência e documentos anexos. b) O Recebimento, Conhecimento e Processamento do presente RECURSO inominado, em razão de ser próprio e tempestivo c) Requer seja recebido o presente Recurso Inominado para, reformando-se a decisão para determinar a condenação do recorrido ao pagamento da indenização por danos morais, tal qual requerido na exordial; d) No mérito, seja o presente RECURSO ACOLHIDO E PROVIDO para modificar a sentença de primeira instância, julgando totalmente procedente a presente ação e condenar o Requerido a indenizar a Recorrente nos danos morais sofridos . e) Seja o Recorrido condenado ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, fixando estes no máximo admitido legalmente, no caso de sucumbência. Termos em que, pede e confia no deferimento. Guaíba, 14 de junho de 2022. ADVOGADO OAB/XXXXX
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