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Enfermagem Módulo 1 1 5 ANATOMIA E FISIOLOGIA O quinto capítulo da Apostila do Curso de Enfermagem aborda os conhecimentos acerca da Anatomia e Fisiologia Humanas, trazendo os principais conceitos, a partir de pesquisa bibliográfica, bem como exemplos ilustrativos. A Anatomia pode ser considerada uma ciência que estuda macroscopicamente a constituição do corpo humano pela dissecação de peças de cadáveres já fixadas com soluções apropriadas. A palavra é de origem grega, que significa ana = em partes; tomein – cortar. Os sistemas que, em conjunto, compõem o organismo do indivíduo são os seguintes: Sistema tegumentar, sistema esquelético (ossos, músculos e articulações), o sistema digestivo, sistema respiratório, circulatório, sanguíneo, urinário, genital feminino e masculino, nervoso, sensorial e endócrino. 5.1 Composição do Organismo De acordo com Thibodeau; Patton (2002), o organismo humano consiste em um complexo conjunto de órgãos agrupados em aparelhos ou sistemas. Os órgãos são formados por pequenas unidades vivas chamadas células. Todas as células do organismo humano necessitam de um suprimento de oxigênio e outros nutrientes para obter energia, para manter sua integridade estrutural e para sintetizar as substâncias essenciais a sua função e a do organismo. A produção de energia, a regulação da atividade celular e a síntese de substâncias são realizadas mediante reações químicas, e o conjunto destas reações químicas que ocorrem no organismo é chamado de metabolismo. As reações químicas intracelulares produzem substâncias (resíduos ou catabólicos), entre as quais o dióxido de carbono, que necessitam ser eliminados porque o seu acúmulo leva à disfunção celular e finalmente à morte celular. Tanto o suprimento de oxigênio e nutrientes quanto à retirada dos resíduos é feita pelo sangue. O sangue se abastece de oxigênio e se desfaz do dióxido de carbono nos pulmões e se abastece de nutrientes por meio da absorção de alimentos digeridos no tubo digestivo. Certas células são mais dependentes de um suprimento contínuo de oxigênio do que outras: as fibras musculares cardíacas toleram apenas alguns segundos sem oxigênio, enquanto os neurônios cerebrais podem suportar de 4 a 6 minutos. Algumas outras células podem passar períodos maiores sem oxigênio e ainda assim sobreviverem como as células musculares e da pele, por exemplo. A falta de oxigênio por um tempo acima do tolerável leva à morte celular que, por conseguinte leva à morte de órgãos e finalmente à morte do organismo. 5.2 Divisão do Corpo Humano De acordo com Lacerda (2009), o corpo humano divide-se em cabeça, tronco e membros, como ilustra a Figura 1 (5) a seguir. Figura 1 (5)- Esqueleto humano Fonte: Brasil (2003a) Cabeça: A cabeça é dividida em duas partes: crânio e face. Como preconiza Lacerda (2009), uma linha imaginária passando pelo topo das orelhas e dos olhos é o limite aproximado entre estas duas regiões. O crânio contém o encéfalo no seu interior, na cavidade craniana. A face é a sede dos órgãos dos sentidos da visão, audição, olfato e paladar e abriga as aberturas externas do aparelho respiratório e digestivo. Tronco: O tronco é dividido em pescoço, tórax e abdome, conforme descrito a seguir. Pescoço: O pescoço contém várias estruturas importantes. É suportado pela coluna cervical que abriga no seu interior a porção cervical da medula espinhal. As porções superiores do trato respiratório e digestivo passam pelo pescoço em direção ao tórax e abdome. O pescoço contém, ainda, vasos sanguíneos calibrosos, que são responsáveis pela irrigação da cabeça. Enfermagem Módulo 1 3 Tórax: Quanto ao tórax, o seu interior, na chamada cavidade torácica, contempla a parte inferior do trato respiratório (vias aéreas inferiores), os pulmões, o esôfago, o coração e os grandes vasos sanguíneos, que chegam ou saem do coração. É sustentado por uma estrutura óssea da qual fazem parte a coluna vertebral torácica, as costelas, o esterno, as clavículas e a escápula. Abdome: O abdome está separado internamente do tórax pelo músculo diafragma e contém basicamente órgãos do aparelho digestivo e urinário. Possui grandes vasos no seu interior, que irrigam as vísceras abdominais e os membros inferiores. Membros: Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois são inferiores ou pélvicos. Possuem uma raiz, que se une ao tronco e uma parte livre. A raiz do membro superior corresponde ao ombro e a parte livre divide-se em: braço, antebraço e mão, a parte anterior da mão é o dorso e a posterior a palma. A raiz do membro inferior é chamada quadril e a parte livre divide-se em coxa, perna e pé, onde se encontra a planta e o dorso do pé. 5.3 Variação Anatômica e Normal Uma vez que anatomia utiliza como material de estudo o corpo do animal e, no caso da anatomia humana, o homem, torna-se necessário fazer alguns comentários sobre este material. A simples observação de um grupamento humano evidencia, de imediato, diferenças morfológicas entre os elementos que compõem o grupo. Estas diferenças morfológicas são denominadas variações anatômicas e podem apresentar-se externamente ou em qualquer dos sistemas do organismo, sem que isso traga prejuízo funcional para o indivíduo. 5.3.1 Fatores Gerais de Variação Anatômica As variações anatômicas individuais são acrescentadas a alguns fatores decorrentes da idade, do sexo, da raça, do biótipo, e da evolução humana (PIRES, 2012). a) idade: notáveis modificações anatômicas ocorrem desde a fase intrauterina até a fase senil. Exemplo: o timo, que atinge seu máximo na vida fetal e com o progredir da idade regride, até desaparecer na vida adulta; b) sexo: é o caráter do masculino ou feminino. Mesmo os órgãos que são comuns a ambos os sexos podem apresentar variações. Por exemplo, a disposição de tecido gorduroso subcutâneo, habitualmente mais frequente no sexo feminino; c) raça: cada agrupamento humano possui caracteres físicos comuns, externa e internamente relacionados às raças branca, negra e amarela. Um exemplo é a vascularização do coração que é muito mais abundante no negro do que no branco; d) biótipo: é o resultado da soma dos caracteres herdados e dos caracteres adquiridos por influência do meio e da sua inter-relação. Distinguem-se os grupos chamados de longilíneos, mediolíneos e brevelíneos; e) evolução: sugere o aparecimento de diferenças morfológicas, no decorrer dos tempos. 5.3.2 Anomalias e Monstruosidade Quando a modificação do padrão anatômico causa prejuízo funcional, no entanto permite a continuidade da vida do indivíduo, diz-se que se trata de uma anomalia. Se esta for acentuada, de modo a deformar profundamente a construção do corpo do indivíduo, sendo, em geral, incompatível com a vida, denomina-se monstruosidade. Como exemplo de monstruosidade tem-se a agenesia, que quer dizer a não formação do encéfalo. O estudo deste assunto é feito em Teratologia. 5.3.3 Posição Anatômica Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-se que a posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada posição de descrição anatômica, conforme ilustra a Figura 2 (5) a seguir. Figura 2 (5)- Posição anatômica Fonte: Pires (2012) Enfermagem Módulo 1 5 5.3.4 Planos Anatômicos Para efeitos de estudo, utilizam-se vários planos de divisão do corpo, os chamados planos anatômicos, como ilustra a Figura 3 (5) abaixo. Figura 3 (5)- Planos anatômicos Fonte: Brasil (2003a) Plano sagital mediano: É um plano imaginário que passa longitudinalmente pelo corpo e o divide em metades direita e esquerda. O plano sagital mediano atravessa as superfícies ventral e dorsal do corpo nas chamadas linhas medianas ou médias anteriores e linhas medianas ou médias posteriores, respectivamente. Planofrontal ou coronal: É todo plano que intercepta o plano sagital mediano em um ângulo reto e divide o corpo em metades anterior e posterior. Plano transversal ou horizontal: É todo plano que divide o corpo em metades superior e inferior. Vários termos são utilizados para se descrever as posições dos elementos anatômicos. O termo medial significa mais próximo à linha mediana, e lateral o mais afastado dele. Como exemplos: na mão, o polegar é lateral ao dedo mínimo, enquanto que no pé, o hálux (dedo grande) é medial ao dedo mínimo. Na perna, a face correspondente à tíbia é a face medial e a correspondente à fíbula a face lateral; O termo proximal significa mais próximo da raiz do membro ou origem do órgão e distal o mais afastado. Assim, no membro superior, onde o ombro é a raiz, tem-se como exemplo o cotovelo e o punho, sendo o cotovelo mais proximal da raiz em relação ao punho, e este seria mais distal. O termo superior significa o mais próximo da extremidade superior e inferior o mais próximo da extremidade inferior. Assim, tem-se o lábio superior e o inferior; a pálpebra superior e a inferior. 5.3.5 Eixos Imaginários O corpo humano também é dividido em três eixos imaginários, os quais serão ilustrados pela Figura 4 (5) e descritos a seguir. Figura 4 (5)- Eixos imaginários Fonte: Elaborada pelo autor (2014) Eixo vertical ou longitudinal: une a cabeça aos pés, classificado como heteropolar. Na posição de pé, situa-se em ângulo reto em relação ao solo. Eixo de profundidade ou anteroposterior: une o ventre ao dorso, classificado como heteropolar. Dispõe-se em ângulo reto em relação ao eixo longitudinal. Eixo de largura ou transversal: une o lado direito ao lado esquerdo, classificado como homopolar. Forma um ângulo reto com ambos os eixos, anteriormente mencionados. Os termos aferente e eferente indicam direção e são usados em anatomia para vasos e nervos. Aferente significa que impulsos nervosos ou o sangue são conduzidos da Enfermagem Módulo 1 7 periferia para o centro, enquanto que eferente se refere à condução do centro para a periferia. 5.4 Anatomia e Fisiologia do Sistema Ósseo O termo osteologia significa o estudo dos ossos. Apesar de sua aparência simples, o osso é um tecido vivo, complexo e dinâmico, formado por um conjunto de tecidos distintos e especializados que contribuem para seu arranjo final. Entre eles destacam-se o tecido ósseo, cartilaginoso, epitelial, tecidos formadores de sangue, nervoso e adiposo. Por esta razão, cada osso individual é um órgão. Partindo-se do princípio que um conjunto de órgãos que atuam com o mesmo objetivo funcional constitui um sistema, conclui-se que o conjunto formado por ossos e cartilagens dará origem ao Sistema Ósseo. As funções do sistema ósseo são: a) sustentação do organismo (apoio para o corpo); b) proteção de estruturas vitais (coração, pulmões, cérebro); c) base mecânica para o movimento; d) armazenamento de sais (cálcio, por exemplo); e) hematopoiese (produção de novas células sanguíneas). Os ossos podem ser classificados, de acordo com o formato, em quatro tipos: a) longos: comprimento maior que a largura e a espessura. Possuem uma parte média longa, chamada de diáfise e extremidades chamadas de epífise. Nas crianças existe uma camada entre a epífise e a diáfise chamada de placa epifisária, que é responsável pelo crescimento em comprimento do osso. Exemplos: fêmur, rádio, ulna e falanges; b) curtos: comprimento, largura e espessura que são aproximadamente iguais: Exemplo: ossos do carpo; c) chatos: comprimento e largura, que se equivalem e predominam sobre a espessura. Exemplos: escápula; d) irregulares: são ossos que não equivalem nem em comprimento, nem em largura e nem em espessura. Exemplos: ossos da base do crânio. 5.4.1 Divisão do Esqueleto O esqueleto é dividido em axial, que é composto pelos ossos da cabeça, pescoço e tronco, constituindo um total de 74 ossos (22 ossos do crânio, 26 da coluna vertebral, 1 osso hioide, e 25 das costelas e esterno); e apendicular, que é composto pelos membros superiores e inferiores, constituindo um total de 64 132 ossos (64 ossos dos membros superiores, 62 dos membros inferiores e 6 ossos dos ossículos da orelha). A união do esqueleto axial com o apendicular se faz mediante cinturas escapular e pélvica. Diante do exposto, afirma-se que o corpo humano é constituído por, aproximadamente, 206 ossos (BRASIL, 2003). A seguir apresenta-se a descrição da composição do esqueleto axial. Cabeça: Figura 5 (5)- Ossos da cabeça Fonte: Brasil (2003a) Como ilustrado pela Figura 5 (5) acima, a cabeça é formada pela face e crânio. O crânio é uma caixa óssea rígida que dá proteção ao encéfalo e possui orifícios de saída para os nervos cranianos e para a medula espinhal, além de fornecer abrigo para órgãos dos sentidos. É composto de vários ossos que formam junturas imóveis. Sua parte superior é convexa e recebe a denominação de calvária, enquanto que sua parte inferior é denominada base do crânio. Seus ossos pares são: parietais e temporais e os ímpares são: frontal, occipital, etmoide e esfenoide. Figura 6 (5)- Esqueleto da face Fonte: Brasil (2003a) Enfermagem Módulo 1 9 A face, como demonstra a Figura 6 (5), é a parte anterior da cabeça, da fronte até ao mento, e de uma orelha externa até à outra. O formato básico da face é determinado pelos ossos subjacentes. Seus ossos estão basicamente fundidos e o único osso móvel da cabeça é a mandíbula, que é responsável pela mastigação. Localizam-se na face as cavidades onde se abrigam os órgãos dos sentidos do paladar, do olfato e da visão (em conjunto com o crânio). As cavidades nas quais se abrigam os olhos são chamadas de órbitas e são formadas por partes de vários ossos do crânio e da face. O nariz é formado pelos ossos nasais e na sua maior parte por tecido cartilaginoso. Os dentes se implantam no maxilar e na mandíbula. Os ossos pares da face são: nasais, lacrimais, cornetos, zigomáticos, palatinos, maxilas e os ímpares são: o vômer e a mandíbula. Tronco: No tronco estão a coluna vertebral e a caixa torácica. A coluna vertebral é constituída pela superposição de uma série de ossos isolados denominados vértebras. Superiormente, se articula com o osso occipital (crânio); inferiormente, articula-se com o osso do quadril (Ilíaco). Figura 7 (5)- Coluna vertebral Fonte: Brasil (2003a) Como ilustra a Figura 7 (5), a coluna vertebral (Figura 7) é dividida em cinco regiões: Cervical, Torácica, Lombar, Sacral e Coccígea. São 7 vértebras cervicais, sendo as duas primeiras denominadas Atlas e Axis, respectivamente, 12 orácicas, 5 lombares, 5 sacrais e cerca de 4 coccígeas. Cada vértebra possui um espaço no centro, conhecido como forâmen vertebral, como ilustra a Figura 8 (5). O posicionamento das vértebras, umas sobre as outras, permite a formação do canal vertebral, por onde passa a medula espinhal. Figura 8 (5)- Forâmen vertebral Fonte: Brasil (2003a) A Figura 9 (5) a seguir ilustra a caixa torácica, que é composta por vinte e quatro costelas, além do osso esterno. As costelas têm forma chata e alongada e o espaço entre elas é chamado de intercostal. Na sua maioria, fixa-se posteriormente nas vértebras da região torácica ou dorsal e anteriormente no osso esterno - osso achatado composto pelo manúbrio (parte superior), corpo (parte mediana) e apêndice xifoide (parte inferior). Figura 9 (5)- Caixa torácica Fonte: Brasil (2003a) Aquelas diretamente articuladas ao osso esterno são denominadas costelas verdadeiras (da 1ª a 7ª); as costelas falsas (da 8ª a 10ª) são aquelas que se articulam com as cartilagens do osso esterno, e não diretamente a ele. Já as costelas flutuantes (11ª e 12ª) são aquelas que não têm contato com o osso esterno, sendo fixadas nas vértebras da regiãoEnfermagem Módulo 1 11 dorsal. A caixa torácica óssea, além das costelas e esterno, inclui as vértebras torácicas e seus discos intervertebrais, formando um arcabouço ósteo-cartilaginoso que protege o coração, pulmões e alguns órgãos abdominais, como o fígado, por exemplo. A seguir, apresentam-se os estudos acerca da composição do esqueleto apendicular, os membros superiores e inferiores. O esqueleto dos membros superiores é composto pela cintura escapular (cíngulo peitoral) e pelos ossos dos braços e mãos. A cintura escapular une-se anteriormente ao manúbrio esternal e é formada pelas clavículas e escápulas. Embora seja muito móvel, a cintura escapular é sustentada e estabilizada por músculos inseridos nas costelas, esterno e vértebras. A região do braço inicia-se no ombro ou cintura escapular, de onde parte a clavícula – osso longo e fino, situado na parte anterior do corpo. A escápula, de forma achatada e triangular, localiza-se na sua parte posterior. O úmero, que é osso do braço situado na porção proximal, apresenta forma longa e tem uma das extremidades encaixada na escápula – gerando a articulação que permite a realização de movimentos diferenciados em várias direções. O antebraço (porção distal), por sua vez, é composto por dois ossos denominados rádio e ulna, que se articulam com o úmero em uma de suas extremidades, formando o cotovelo. Para se distinguir os ossos do antebraço, basta esticar o braço com a palma da mão voltada para cima e observar que o osso do mesmo lado do dedo polegar é o rádio; o outro, na direção do dedo mínimo, é a ulna. Estes dois ossos possuem forma longa, porém são mais finos quando comparados ao úmero, como se pode observar na Figura 10 (5) a seguir. Figura 10 (5)- Ossos dos membros superiores Fonte: Brasil (2003a) Nas mãos, como ilustra a Figura 11 (5), encontram-se três diferentes grupos de ossos. O punho ou carpo é formado por oito pequenos ossos. Na palma da mão ou metacarpo, somam-se cinco ossos pequeninos. Os dedos compõem-se de três ossículos denominados falange proximal, falange medial e falange distal – exceto o polegar, formado por apenas dois ossículos (não há falange medial). Figura 11 (5)- Ossos da mão Fonte: Brasil (2003a) O quadril ou cintura pélvica, como se observa na Figura 12 (5) abaixo, é considerado parte integrante do esqueleto dos membros inferiores. É formado por três ossos - ilíaco, ísquio e púbis – que, juntamente, com o sacro e o cóccix, constituem a bacia ou pelve. O íleo é o maior osso do quadril e situa-se na parte superior lateral da pelve, oferecendo suporte para as vísceras abdominais. Forma a parte superior do acetábulo (depressão côncava) na face lateral do osso do quadril, onde se articula com a cabeça do fêmur. Sua parte superior é conhecida como crista ilíaca. O ísquio forma a parte póstero-inferior da pelve e é o principal ponto de apoio quando a pessoa está sentada. O púbis situa-se na parte anterior da pelve e liga-se ao ílio e ao ísquio, originando o que se denomina sínfise púbica. Figura 12 (5)- Ossos da cintura pélvica Fonte: Brasil (2003a) Enfermagem Módulo 1 13 Na coxa, encontra-se o fêmur, o mais longo osso do corpo humano, que tem uma de suas extremidades articuladas com o quadril e a outra, com o joelho. A patela fica localizada no joelho, o qual une a coxa com a perna. A tíbia localiza-se na parte anterior da perna; a fíbula, na parte posterior. Podem ser diferenciadas pela espessura: a primeira é mais grossa que a segunda (também conhecida como osso da canela). A extremidade distal da fíbula forma o maléolo externo, chamado de osso do tornozelo, como ilustra a Figura 13 (5) a seguir. Figura 13 (5)- Ossos dos membros inferiores Fonte: Thais Arraes (2016) Os pés, principais pontos de apoio de todo o esqueleto, são compostos por três divisões distintas: tarso, metatarso e falange. Tarso (com sete ossos) é a parte articulada com a perna, onde também se encontra o calcanhar; o metatarso (com cinco ossos) é a região mediana do peito do pé; a falange (com quatorze ossos) é a extremidade do corpo e divide-se em proximal, média e distal. O hálux só possui a falange proximal e distal. Em um pé, totalizam-se 26 ossos, conforme ilustra a Figura 14 (5). Figura 14 (5)- Ossos do pé Fonte: Brasil (2003a) 5.5 Anatomia e Fisiologia do Sistema Articular Articulação ou juntura é a união entre duas peças (ossos ou cartilagens), que agem como alavancas na movimentação óssea, promovendo o crescimento de ossos longos, formando elementos que amortecem o movimento, entre outras funções. Embora as articulações apresentem diferenças significativas entre si, é possível classificá-las de diversas formas, como quanto ao tipo de movimento que elas promovem, o tipo de tecido que interpõe as peças articuláveis, a dependência dos antímeros para a articulação e também de acordo com os componentes da articulação. 5.5.1 Classificação das Articulações De acordo com o tecido que interpõe as peças articuláveis, podem-se classificar as articulações em três grandes grupos: as articulações fibrosas, cartilagíneas e sinoviais, conforme descrito a seguir. Fibrosas: Unidas por tecido fibroso, possui pequeno grau de mobilidade. São do tipo: a) suturas: são junturas fibrosas onde os ossos estão próximos. São encontradas nos ossos do crânio. Podem ser do tipo plana, quando as margens dos ossos são planas (ossos frontais); denteada ou serrátil, quando as margens dos ossos são em forma de dente de serra (a maioria das junturas dos ossos da cabeça); e escamosa, quando as margens dos ossos são em forma de escama (osso parietal e osso temporal); b) sindesmoses: são junturas cuja união dos ossos ocorre por uma longa faixa de tecido fibroso, formando, assim, ligamentos ou membranas interósseas. Apresenta baixo grau de movimentação. Um dos exemplos é a membrana interóssea entre o osso rádio e a ulna; c) gonfose: este tipo de articulação fibrosa é específico da ligação entre os dentes e os alvéolos dentários, e tem a função precípua de firmar o dente no seu receptáculo. É uma articulação imóvel, e caso haja movimentos maiores que 0,5mm, consideram-se patológicos; d) esquindelese: é uma articulação fibrosa na qual uma parte a se articular forma uma calha e a outra parte uma crista, fazendo, assim, a articulação. Ela é exemplificada pela articulação vômero-esfenoidal. Cartilagíneas: As articulações cartilaginosas são caracterizadas pela interposição de tecido cartilaginoso, seja fibrocartilagem, cartilagem hialina ou ambas. A seguir, seguem exemplos deste tipo de articulação. a) sincondroses: os ossos de uma articulação do tipo sincondrose estão unidos por uma cartilagem hialina. Muitas sincondroses são articulações temporárias, com a cartilagem sendo substituída por osso com o passar do tempo (isso ocorre em http://pt.wikipedia.org/wiki/Dente Enfermagem Módulo 1 15 ossos longos e entre alguns ossos do crânio). As articulações entre as dez primeiras costelas e as cartilagens costais são sincondroses permanentes; b) sínfises: as superfícies articulares dos ossos unidos por sínfises estão cobertas por uma camada de fibrocartilagem. Entre os ossos da articulação há um disco fibrocartilaginoso (é característica distintiva da sínfise). Esses discos, por serem compressíveis, permitem que a sínfise absorva impactos. A articulação entre os ossos púbicos e a articulação entre os corpos vertebrais são exemplos de sínfises. Outros exemplos: manúbrio-esternal; intervertebrais; sacrais; púbica; do mento. Sinoviais: As articulações sinoviais são unidas por cartilagem com uma membrana sinovial que circunda a cavidade articular. Para a obtenção de um desempenho adequado e sem atritos, a maioria dessas articulações possui um lubrificante denominado líquido sinovial, razão deseu nome. Ressalta-se que as articulações sinoviais são as mais comuns e proporcionam o movimento livre entre os ossos que une, caracterizando-se pela presença em quase todas as articulações dos membros. Na composição dessas articulações encontra-se a cartilagem articular que reveste as superfícies articulares dos ossos. A união dos ossos ocorre por meio da cápsula articular e dos ligamentos. Na cápsula articular é encontrado o líquido sinovial (sinóvia), que ocupa a cavidade articular e lubrifica a juntura. Este tipo de articulação também apresenta componentes chamados de acessórios, ou seja, não estão presentes em todas as articulações sinoviais. Um deles são os discos e meniscos, que tem como função reduzir os impactos mecânicos na articulação. Os lábios ou orlas aumentam a profundidade da cavidade articular, permitindo melhor contato entre as superfícies que irão se articular. Bolsas sinoviais são estruturas saculares que contêm líquido similar ao sinovial, e estão situadas entre a pele e os ossos, tendão e osso, músculo e osso e ligamento e osso, cuja função é aliviar o atrito em algumas articulações como joelho e ombro. As bainhas dos tendões são estruturas tubulares que envolvem os tendões nas regiões onde o atrito é maior, como se pode observar na Figura 15 (5) a seguir. Figura 15 (5)- Componentes da articulação sinovial Fonte: Thais Arraes (2016) 5.5.2 Movimentos Articulares Os principais movimentos articulares serão descritos a seguir e ilustrados pela Figura 16 (5). Flexão: Movimento no plano sagital, em que dois segmentos do corpo (proximal e distal) aproximam-se um do outro. Extensão: Movimento no plano sagital, em que dois segmentos do corpo (proximal e distal) afastam-se um do outro. Quando este movimento ultrapassa a posição anatômica é chamada de Hiperextensão. Abdução: Movimento no plano frontal, quando um segmento move-se para longe da linha central (média) do corpo. Adução: Movimento no plano frontal, a partir de uma posição de abdução de volta à posição anatômica, podendo até ultrapassá-la – Adução além da linha média. Enfermagem Módulo 1 17 Circundução: Movimento circular de um membro que descreve um cone, combinando os movimentos de flexão, extensão, abdução e adução. Rotação externa: Movimento no plano horizontal, em que a face anterior volta-se para o plano mediano do corpo. Rotação interna: Movimento no plano horizontal, em que a face anterior volta-se para o plano lateral do corpo. Figura 16 (5)- Movimentos articulares Fonte: Brasil (2003a) Para classificar as articulações quanto à funcionalidade, leva-se em consideração se a movimentação é feita em um, dois ou três eixos, chamados de articulação monoaxial, biaxial ou triaxial. Articulação monoaxial: Considera-se monoaxial quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de um eixo (1 grau de liberdade). As articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são monoaxiais. As principais variações monoaxiais são: a) gínglimo ou articulação em dobradiça, quando as superfícies articulares permitem movimento em um só plano. As articulações são mantidas por fortes ligamentos colaterais. Por exemplo: articulações interfalangeanas e úmero-ulnar; e, b) trocoide ou articulação em pivô, quando o movimento é exclusivamente de rotação. A articulação é formada por um processo em forma de pivô, rodando dentro de um anel ou um anel sobre um pivô. Por exemplo: articulação rádio- ulnar proximal e atlanto-axial. Articulação biaxial: Diz-se biaxial, quando uma articulação realiza movimentos em torno de dois eixos (2 graus de liberdade). As articulações que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a rádio-cárpica (articulação do punho) são biaxiais. Algumas variações das articulações biaxiais são: a) condilar, quando uma superfície articular ovoide ou condilar é recebida em uma cavidade elíptica, de modo a permitir os movimentos de flexão e extensão, adução e abdução e circundação, ou seja, todos os movimentos articulares, menos a rotação axial. Por exemplo: articulação do pulso; e, b) selar, quando as faces ósseas são reciprocamente côncavo-convexas. Permitem os mesmos movimentos das articulações condilares. Por exemplo: carpo- metacárpicas do polegar. Articulação triaxial: Quando uma articulação realiza movimentos em torno de três eixos (3 graus de liberdade). As articulações, que além de flexão, extensão, abdução e adução, permitem também a rotação, são ditas triaxiais, cujos exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril. Há uma variedade onde o movimento é poliaxial, chamada articulação esferoide ou enartrose, que é uma forma de articulação na qual o osso distal é capaz de movimentar- se em torno de vários eixos, que tem um centro comum. Existe ainda outro tipo de articulação chamada articulação plana, que permite apenas movimentos deslizantes. Exemplos: articulações dos corpos vertebrais e em algumas articulações do carpo e do tarso. 5.6 Anatomia e Fisiologia do Sistema Muscular As células musculares, chamadas de fibras musculares, são especializadas em realizar a contração e o relaxamento. Estas fibras se unem em feixes para formar músculos, os quais se encontram fixados por suas extremidades. Assim, músculos são estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamento da distância que existe entre suas extremidades fixadas, ou seja, por contração. Dentro do aparelho locomotor, os músculos são elementos ativos do movimento. Porém, a musculatura não assegura só a dinâmica, mas também a estática do corpo humano, pois mantém unida as peças ósseas determinando a posição e a postura do esqueleto. O músculo, constituído por fibras, possui forma alongada. A parte central é Enfermagem Módulo 1 19 alargada, conhecida como ventre (porção carnosa contrátil) e as extremidades são afuniladas e se fixam aos ossos ou órgãos por meio de tendões (cordões fibrosos) ou aponeuroses (lâminas fibrosas). Tanto tendões quanto aponeuroses são esbranquiçados e brilhantes, muito resistentes, e praticamente inextensíveis, constituídos por tecido conjuntivo denso, rico em fibras colágenas. Ainda existe a fáscia muscular, que é uma lâmina de tecido conjuntivo que envolve cada músculo. Sua espessura pode variar de acordo com a função desempenhada. A função da fáscia é promover proteção e contenção durante os movimentos de tração, além de facilitar o deslizamento dos músculos entre si. Cada fibra muscular é uma célula longa e fina, com vários núcleos e filamentos microscópicos a preencher seu citoplasma. O conjunto de fibras constitui o feixe muscular e cada músculo possui numerosos feixes. Existem três tipos de músculos no corpo humano: músculos esqueléticos, músculos lisos e músculo cardíaco. Cada tipo tem características próprias e desempenha funções distintas. Músculos esqueléticos: São chamados de esqueléticos porque estão ligados aos ossos do esqueleto, como ilustra a Figura 17 (5). Podem ser denominados de músculos voluntários por serem responsáveis pelos movimentos voluntários e de estriados, porque apresentam estriações quando vistos ao microscópio. Figura 17 (5)- Músculo esquelético Fonte: Brasil (2003a) Estão sob o controle do sistema nervoso central. Áreas específicas do cérebro enviam suas ordens por meio de estímulos nervosos que seguem pela medula espinhal e pelos nervos periféricos até chegarem ao músculo, que se contrai ou relaxa dependendo do tipo de movimento desejado. Todos os movimentos corporais resultam da contração ou relaxamento dos músculos esqueléticos. Certos movimentos mais complexos envolvem a ação de vários músculos simultaneamente. Músculos lisos: São chamados de lisos por não apresentarem estriações à microscopia. Estão sob o controle do sistema nervosoautônomo, o que os caracteriza por músculos involuntários, visto que sua atividade independe de comando central consciente. A Figura 18 (5) a seguir apresenta um exemplo de músculo liso. Figura 18 (5)- Músculo liso Fonte: Brasil (2003a) Os músculos lisos são encontrados na parede da maioria dos órgãos tubulares do organismo, como os do tubo digestivo, aparelho urinário, vasos sanguíneos e brônquios. A contração e o relaxamento destes músculos alteram o calibre dos órgãos tubulares influindo, assim, no fluxo de substâncias por meio da sua luz (parte oca do órgão). São responsáveis, por exemplo, pela vasoconstrição e vasodilatação dos vasos sanguíneos, como também da motilidade gastrointestinal que promove a progressão do bolo alimentar a partir do tubo digestivo. Músculo cardíaco: Tipo de músculo especial que possui estriações à microscopia, como ilustra a Figura 19 (5), mas que é involuntário. Está presente apenas no coração. A massa muscular cardíaca recebe o nome de miocárdio e é responsável pela função de bombeamento do coração. Figura 19 (5)- Músculo cardíaco Fonte: Brasil (2003a) 5.6.1 Principais Músculos do Corpo Os principais músculos do corpo humano são aqueles da face e pescoço, e os músculos dos membros superiores e inferiores. Enfermagem Módulo 1 21 Músculos da face e pescoço: Os músculos da face, ilustrados pela Figura 20 (5), contraem-se e relaxam-se inúmeras vezes, o que os permite expressar sensações como sorrir, chorar, espantar-se, sentir dor, raiva, etc. Cada uma dessas expressões envolve movimentos de diversos músculos faciais, também conhecidos como mímicos. Figura 20 (5)- Músculos da face e do pescoço Fonte: Brasil (2003a) Os principais músculos da face e do pescoço são: frontal, músculo do supercilio, orbicular dos olhos, músculo do nariz, bucinador, masseter, orbicular dos lábios, músculo depressor do lábio inferior e músculos platisma e esternocleidomastoides, conforme descrito a seguir. a) frontal: situa-se na testa e forma rugas quando elevado; b) músculo do supercílio: realiza os movimentos de elevação e aproximação das sobrancelhas; c) orbicular dos olhos: localiza-se em torno das pálpebras e realiza os movimentos de abrir e fechar os olhos; d) músculo do nariz: responsável pelo movimento de franzir o nariz; e) bucinador: situa-se na bochecha e atua nos movimentos de inflar e contrair; f) masseter: localiza-se nos lados da face, movimentando-se durante a mastigação. g) orbicular dos lábios: situa-se em volta dos lábios e é responsável pelo sopro, sucção, beijo estalado e assobio; h) músculo depressor do lábio inferior: atua na projeção do lábio inferior e na contração do queixo; i) músculos platisma e esternocleidomastoide: encontrados no pescoço, são responsáveis pela rotação da cabeça; Músculos dos membros superiores: A Figura 21 (5) a seguir ilustra os músculos dos membros superiores, do tronco e dos membros inferiores. Figura 21 (5)- Músculos dos membros superiores, do tronco e dos membros inferiores Fonte: Brasil (2003a) Na região do braço localizam-se os músculos com grandes massas, responsáveis Enfermagem Módulo 1 23 pela força. Os principais são descritos a seguir. a) deltoide: encontra-se na articulação do ombro e produz a elevação do braço - é nele que se aplica a injeção intramuscular; b) bíceps: localiza-se na parte anterior do braço, sendo responsável pela flexão do antebraço sobre si mesmo – é bem delineado em pessoas que exercem práticas esportivas; c) tríceps: situa-se na parte posterior do braço e afasta o antebraço do bíceps; d) flexor dos dedos: situa-se na parte anterior do antebraço e promove a flexão dos dedos; e) extensor dos dedos: localiza-se na parte posterior do antebraço, sendo responsável pelo afastamento dos dedos. Músculos do tórax: Os principais são músculos do tórax encontram-se descritos a seguir e ilustrados pela Figura 21 acima exibida. a) trapézio: localiza-se na região superior das costas, sendo responsável pela elevação dos ombros - é nele que se realiza a massagem de conforto; b) grande dorsal: situa-se na região inferior das costas, tendo como função principal levar o braço para trás; c) peitoral maior: como o nome indica, localiza-se no peito, permitindo o movimento do braço para a frente; d) grande denteado: situa-se na parte lateral do tórax, promovendo a elevação das costelas, ajudando, dessa forma, o processo de respiração. Músculos do abdome: A seguir descrevem-se os principais são músculos do tórax ilustrados pela Figura 21 exibida anteriormente. a) reto abdominal: localiza-se na frente do abdome ou barriga, sendo responsável por dobrar o tórax sobre o abdome, ajudando na inspiração (entrada de ar no organismo) forçada; b) oblíquo externo: situa-se nos lados do abdome. Atua comprimindo as vísceras e inclinando o tórax para frente; c) diafragma: separa o tórax do abdome e ajuda na inspiração. A musculatura abdominal é também responsável pela sustentação do peso e pressão dos órgãos viscerais. Músculos dos membros inferiores: Por fim, apresentam-se os músculos dos membros inferiores já ilustrados na Figura 21 exibida acima. a) grande glúteo ou glúteo superior: localiza-se nas nádegas e permite a extensão da coxa; b) quadríceps: situa-se na parte anterior da coxa, sendo responsável pela extensão da perna; c) costureiro: é o músculo mais longo do corpo. Inicia-se no quadril, cruza a coxa e termina na lateral interna do joelho. Sua função é aproximar a coxa do abdome; d) bíceps crural ou femoral: localiza-se na face posterior da coxa, permitindo o movimento de flexão das pernas; e) gêmeos ou gastrocnêmicos: situam-se na face posterior da perna (“batata” da perna) e são responsáveis pela extensão dos pés. Por sua vez, os pés apresentam movimentos de extensão, flexão e rotação – possíveis devido à utilização dos músculos extensores e flexores neles inseridos por meio dos tendões, conforme ilustra a Figura 22 (5) a seguir. Figura 22 (5)- Músculos do pé Fonte: Brasil (2003a) 5.7 Anatomia e Fisiologia do Sistema Tegumentar Como preconizado em Brasil (2003a), a pele reveste todo o corpo humano, exercendo funções indispensáveis para a manutenção da vida, tais como a manutenção da temperatura corporal, a proteção contra agressões físicas, químicas e biológicas, a captação de sensações e a participação da síntese de vitamina D, pela utilização dos raios solares. A pele é composta pela mucosa, que é nome dado ao tegumento que reveste internamente as cavidades como, por exemplo, a mucosa oral. A coloração da pele depende da espessura (quanto mais espessa mais amarela), do grau de irrigação sanguínea (o que a torna mais ou menos rosada), da presença de melanina (um pigmento que escurece a pele) e da absorção do caroteno (responsável pela tonalidade amarela). Quanto maior a quantidade de melanina existente, mais intensa será a cor. Enfermagem Módulo 1 25 5.7.1 As Camadas da Pele De acordo com Brasil (2003a), a pele é formada por três camadas: a epiderme, a derme e a hipoderme ou tecido celular subcutâneo, conforme descrito a seguir. Epiderme: Formada por cinco camadas, a epiderme tem a camada córnea, a quinta delas, como sendo a mais rica em queratina. Esta compõe as palmas das mãos e das plantas dos pés. A camada responsável pelo surgimento das células epiteliais é a aquela mais interna, que se situa acima da derme. É chamada de germinativa ou basal. À medida que as células vão surgindo na camada basal, as outras vão amadurecendo e sendo empurradas para a as camadas superiores por aquelas mais jovens, sofrendo um processo de queratinização que as torna mais resistentes e impermeáveis, até que se depositem na camada superior da epiderme, momento em que estarão mortas e serão eliminadas por um processochamado de descamação. A melanina, que é responsável pela coloração da pele, também está localizada nesta camada. Nas pessoas da raça negra a melanina exerce maior concentração. A epiderme é responsável pela impermeabilidade da pele, e isto dificulta a evaporação da água pela superfície do corpo. Derme: Ainda conforme Brasil (2003a), a derme está localizada logo abaixo da epiderme. Trata-se de um tipo de tecido conjuntivo que também possui fibras elásticas. Esta é uma camada bem vascularizada, onde se encontram as terminações nervosas, os vasos linfáticos, as glândulas sebáceas e alguns folículos pilosos. Na derme se desenvolvem as defesas contra os agentes nocivos foram capazes de vencer a primeira camada, que é a epiderme. Nesta camada, que é bem vascularizada, encontram-se as terminações nervosas, vasos linfáticos, glândulas sebáceas e alguns folículos pilosos. Nela se desenvolvem as defesas contra agentes nocivos que tenham vencido a primeira barreira, ou seja, a epiderme. A maioria dos testes cutâneos é realizada na derme, bem como a administração de vacinas, tais como a BCG. A derme mantém a pele em constante tensão elástica e forma impressão digital pela projeção das papilas dérmicas para a epiderme, em formato de cristas, separadas por sulcos. Hipoderme: O tecido celular subcutâneo ou hipoderme encontra-se logo abaixo da derme. Trata-se de um tecido conjuntivo, gorduroso, que representa uma importante reserva calórica para o organismo. Além disso, em algumas partes do corpo funciona como um coxim (uma espécie de almofada), chamado de panículo adiposo. Na hipoderme encontram-se os excessos de gordura. Em contrapartida, o panículo adiposo protege contra o fio. Distribui-se por toda a superfície do corpo e varia de acordo com a idade, sexo, estado nutricional e taxa de hormônios. A hipoderme é mais vascularizada que a derme, e, neste sentido, é capaz de absorver mais rapidamente as substâncias nela injetadas. Por esta razão é que recebe a administração de determinadas medicações, tais como a insulina, no caso de pacientes diabéticos (BRASIL, 2003a). 5.7.2 Os Anexos da Pele Os anexos da pele são: os pelos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas e unhas, conforme se pode observar na Figura 23 (5) a seguir. Figura 23 (5)- Camadas e anexos da pele Fonte: Brasil (2003a) Pelos: Constituídos por células queratinizadas produzidas por folículos pilosos, os pelos se localizam na derme ou hipoderme, onde se abrem as glândulas sebáceas. Um pelo é composto pela raiz, que é a parte implantada na pele, e pela haste, que é a porção que se projeta da superfície. A função principal dos pelos é proteger as áreas de orifícios e olhos, pois possui rica inervação que lhes confere, também, o papel de aparelho sensorial cutâneo. Os tamanhos, a cor e a disposição dos pelos variam de acordo com a raça e com a região do corpo. Exceto por algumas regiões delimitadas, os pelos estão presentes em quase toda a superfície da pele. Glândulas sebáceas: Aos órgãos glandulares, pequenos e saculiformes, que se encontram presentes em quase toda a pele, abundantemente no couro cabeludo e na face, dá-se o nome de glândulas sebáceas. Elas se formam junto aos pelos. Nas regiões como o lábio, a glande e os pequenos lábios da vagina, os ductos das Enfermagem Módulo 1 27 glândulas sebáceas se abrem diretamente na pele. Sua função é promover a secreção de gorduras que lubrificam e protegem a superfície da pele, exceto nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, de acordo com estudos publicados em Brasil (2003a). Glândulas sudoríparas: São encontradas em toda a pele, exceto em certas regiões, como a glande. As glândulas sudoríparas têm como função secretar o suor – solução extremamente diluída, que contém pouquíssima proteína -, além do sódio, potássio, cloreto, da amônia e do ácido úrico. São mais numerosas nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, pois se abrem diretamente na superfície cutânea. Uma vez atingindo a pele, o suor evapora, causando a diminuição da temperatura corporal. Daí o seu importante papel no controle da temperatura do corpo. As glândulas sudoríparas também exercem função excretora, visto que se observa a presença de catabólitos no suor. Uma vez desembocam nos folículos pilosos, são chamadas de glândulas sudoríparas apócrinas, localizando-se nas regiões axilares, perianal e pubiana. São estimuladas pela tensão emocional e sua secreção é ligeiramente viscosa e sem cheiro, porém, com a ação das bactérias da pele, o odor passa a ser desagradável. Unhas: As unhas recobrem a última falange dos dedos. São formadas por queratina dura e fixadas sobre a epiderme nos denominados leitos ungueais. As unhas crescem apenas em uma direção, longitudinalmente. Protegem as pontas dos dedos, o que evita traumatismos, e possuem em seu contorno uma espécie de selo denominado cutícula, que impede a entrada de agentes infecciosos, tais como bactérias. 5.7.3 Terminações Nervosas De acordo com Vilela (2003), toda a superfície cutânea é provida de terminações nervosas capazes de captar estímulos térmicos, mecânicos ou dolorosos. Tais terminações nervosas, ou receptores cutâneos, são especializadas na recepção de estímulos específicos. Além disso, alguns podem captar estímulos de natureza distinta. Entretanto, na epiderme não existem vasos sanguíneos. Os nutrientes e oxigênio chegam à epiderme por difusão, a partir de vasos sanguíneos da derme. Nas regiões da pele providas de pelo, há terminações nervosas específicas nos folículos capilares e outras, que são chamadas terminais ou receptores de Ruffini. As primeiras, formadas por axônios que envolvem o folículo piloso, captam as forças mecânicas aplicadas contra o pelo. Os terminais de Ruffini, com sua forma ramificada, são receptores térmicos de calor, conforme Vilela (2003). Na pele desprovida de pelo, e também naquela coberta por ele, encontram-se, ainda, três tipos de receptores comuns: os corpúsculos de Paccini, os discos de Merkel e as terminações nervosas livres, como ilustra a Figura 24 (5) abaixo. Figura 24 (5)- Receptores de pele Fonte: Bear; Connors; Paradiso (2002 apud VILELA, 2003) Corpúsculos de Paccini: Os corpúsculos de Paccini captam em especial os estímulos vibráteis e táteis. São formados por uma fibra nervosa cuja porção terminal é recoberta por várias camadas que correspondem a diversas células de sustentação, de acordo com Vilela (2003). A camada terminal é capaz de captar a aplicação de pressão, que é transmitida para as outras camadas e enviada aos centros nervosos correspondentes. Discos de Merkel: Os discos de Merkel possuem sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra aferente costuma estar ramificada com vários discos terminais destas ramificações nervosas. Estes discos englobam uma célula especializada, cuja superfície distal se fixa às células epidérmicas por um prolongamento de seu protoplasma. Assim, os movimentos de pressão e tração sobre epiderme desencadeiam o estímulo. Terminações nervosas livres: No caso das terminações nervosas livres, estas são sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos, em especial aos dolorosos. São formadas por um axônio ramificado, que é envolto por células de Schwann, sendo, por sua vez, ambos envolvidos por uma membrana basal. Na pele sem pelo, encontram-se, ainda, outros receptores específicos, descritos a seguir. Enfermagem Módulo 1 29 Corpúsculos de Meissner: Os corpúsculos de Meissner são táteis e se encontram nas saliências da pele sem pelos, como nas partes mais altas das impressões digitais, por exemplo. São formados por um axônio mielínico, cujas ramificações terminais se entrelaçam com células acessórias. Bulbos terminais de Krause: Estes bulbos são receptores térmicos de frio. São formados por uma fibra nervosa, cuja terminaçãopossui forma de clava. Estão situados nas regiões limítrofes da pele com as membranas mucosas, ao redor dos lábios e dos genitais, por exemplo. Para o profissional de saúde, a pele deve ser objeto de atenção especial, pois sua coloração, textura e aparência podem ser indicativos de alterações no organismo. Por outro lado, os cuidados básicos de higiene e hidratação são essenciais para a manutenção da saúde de uma forma geral. 5.8 Anatomia e Fisiologia do Sistema Respiratório De acordo com Pires (2012), a respiração é uma das características básicas dos seres vivos. Consiste na absorção, pelo organismo, de oxigênio, e a eliminação do gás carbônico resultante de oxidações celulares, enquanto que sangue é um elemento intermediário entre as células do organismo e o meio, servindo como condutor de gases entre eles. O pulmão é o órgão respiratório por excelência, embora, para facilitar a condução do ar, se desenvolvam órgãos especiais que promovem o rápido intercâmbio entre o ar e o sangue. O sistema respiratório é constituído por este conjunto de órgãos. 5.8.1 Divisão Anatômica do Sistema Respiratório Anatomicamente, o sistema respiratório pode ser dividido em duas partes: vias aéreas superiores e vias aéreas inferiores. As vias aéreas superiores são constituídas por órgãos tubulares, cuja principal função é a de conduzir o ar inspirado, filtrando-o, aquecendo-o e umidificando-o para facilitar o processo de troca gasosa, bem como conduzir o ar a ser expirado, eliminando, assim, o dióxido de carbono. Das vias aéreas superiores, fazem parte: o nariz, a cavidade nasal, a faringe, a laringe e os terços, superior e médio, da traqueia. Além de condutores de ar, a cavidade nasal, a faringe e a laringe cumprem as funções olfatórias, de via de condução de alimento e de fonação, respectivamente (PIRES, 2012). As vias aéreas inferiores têm início a partir do terço inferior da traqueia, e se estendem até os alvéolos pulmonares, passando por brônquios principais, lobares e segmentares e bronquíolos terminais, respiratórios e ductos alveolares. 5.8.2 Divisão Funcional do Sistema Respiratório Funcionalmente, o sistema respiratório também pode ser dividido em duas partes: Zona condutora e Zona respiratória. A primeira é a porção do sistema respiratório, cuja função é a de levar o ar inspirado até a porção respiratória. Estende-se desde o nariz até os bronquíolos terminais. A zona respiratória é constituída pelos bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e alvéolos pulmonares, onde já acontecem as trocas gasosas (hematose). Boca e nariz: A boca participa do sistema respiratório, dado que tem a necessidade de liberar o ar interno durante a fala, enquanto que o nariz é o órgão que comunica o meio externo ao interno. As fossas nasais iniciam-se nas narinas e se estendem até a faringe, dividindo-se por uma parede cartilaginosa chamada septo nasal. A inspiração (condução do ar para dentro) filtra as impurezas do ar, possibilitando que este chegue mais limpo aos pulmões. É um processo que ocorre porque no interior das fossas nasais encontram-se os pelos e o muco (secreção da mucosa nasal), cuja função é reter substâncias do ar, manter a umidade da mucosa e aquecer o ar, facilitando o desempenho dos outros órgãos, conforme ilustra a Figura 25 (5) a seguir. Figura 25 (5): Cavidade nasal e bucal Fonte: Netter (2000 apud DANTAS, 2011) Faringe: A faringe, como ilustra a Figura 26 (5), é um tubo muscular associado a dois sistemas, respiratório e digestório, situando-se posteriormente à cavidade nasal, cavidade da boca e à laringe, o que faz com que ela seja dividida em três partes: parte nasal, também Enfermagem Módulo 1 31 chamada nasofaringe, parte oral ou orofaringe e parte laríngea ou laringofaringe. Figura 26 (5)- Partes da faringe Fonte: Brasil (2003a) Na parede lateral nasofaringe existe uma comunicação deste tubo com a orelha média, chamada óstio faríngeo da tuba auditiva, que na sua extremidade medial é revestida por uma cartilagem chamada torus tubário, que visa minimizar a entrada de corpos estranhos no pavilhão auditivo. Nesta região, também se pode encontrar uma estrutura anatômica cuja função é a de proteção chamada tonsila faríngea, que após episódios repetitivos de inflamações se hipertrofia, aumentando de tamanho e dificultando a passagem do ar e sendo chamada, neste momento, de adenoide (carne esponjosa). Laringe: A laringe é um órgão tubular, situado no plano mediano e anterior do pescoço. Além de via aérea, é também um órgão da fonação, ou seja, é responsável pela produção do som. Situa-se anteriormente à faringe e é continuada diretamente pela traqueia. O esqueleto da laringe é cartilaginoso, possuindo as cartilagens cricoidea, tireoidea, aritenoidea e epliglótea. A tireoidea, a maior delas, é constituída de duas lâminas que se unem anteriormente para formar a proeminência laríngea. A cartilagem cricoidea é impar, tem forma de anel, limitando inferiormente a laringe, enquanto que a cartilagem aritenoidea é par e posterior, apresentando-se na forma piramidal e articulando-se inferiormente com a cartilagem cricoidea. A cartilagem epiglótica, ímpar e mediana, é uma cartilagem importante, pois impede a passagem de líquidos e sólidos para as vias respiratórias. As cartilagens cuneiformes e corniculadas completam o esqueleto da laringe, como se pode observar na Figura 27 (5) a seguir. Figura 27 (5)- Laringe (vista anterior e posterior) Fonte: Netter (2000 apud DANTAS, 2011) Na anatomia interna da laringe, como ilustra a Figura 28 (5), se pode observar a presença de uma fenda anteroposterior, que leva a uma pequena invaginação, o ventrículo da laringe, que é limitado superiormente pela prega vestibular e inferiormente pela prega vocal. Enfermagem Módulo 1 33 Figura 28 (5)- Anatomia interna da laringe Fonte: Brasil (2003a) O espaço que vai do adito da laringe (abertura da laringe) até a prega vestibular é chamado de vestíbulo da laringe, já o espaço aéreo compreendido entre as pregas vestibular e vocal é conhecido como glote. As pregas vocais são constituídas pelo ligamento e músculos vocais, e o espaço existente entre elas é denominado rima glótica. As pregas vestibulares possuem função protetora. Traqueia: A traqueia inicia na região cervical, situada anteriormente ao esôfago, localizada no mediastino superior. Como se pode observar na Figura 29 (5), trata-se de estrutura mediana composta anteriormente por anéis cartilaginosos unidos entre si por ligamentos anulares, visndo impedir um possível colapso do tubo aéreo. A parte posterior da traqueia possui uma parede membranácea constituída principalmente por músculo liso e por tecido fibroelástico. A traqueia bifurca-se, dando origem aos brônquios principais direito e esquerdo. O local da bifurcação da traqueia chama-se carina. Figura 29 (5)- Traqueia Fonte: Brasil (2003a) Brônquios e bronquíolos: De acordo com Dantas (2011), existem dois brônquios principais, o esquerdo e o direito. Os principais fazem a ligação da traqueia com os pulmões. A traqueia e os brônquios extrapulmonares são constituídos de anéis incompletos de cartilagem hialina, tecido fibroso, fibras musculares, mucosa e glândulas. Os brônquios e bronquíolos são ilustrados pela Figura 30 (5) a seguir. Enfermagem Módulo 1 35 Figura 30 (5)- Brônquios e bronquíolos Fonte: Netter (2000 apud DANTAS, 2001) O autor afirma ainda que o brônquio principal esquerdo é mais longo, mais horizontalizado e tem menor calibre do que o direito, enquanto que o brônquio principal direito é quase a continuação da direção da traqueia e, portanto, é mais vertical, mais calibroso e também mais curto. Por esta razão, corpos estranhos que passam pela traqueia penetram no brônquio principal direitomais facilmente. Os brônquios principais entram nos pulmões na região chamada hilo. Ao atingirem os pulmões correspondentes, os brônquios principais subdividem-se nos brônquios lobares. Os brônquios lobares são tubos aéreos que apresentam as mesmas características morfológicas que os brônquios principais tendo como função ventilar os lobos pulmonares. O pulmão direito possui três lobos e, consequentemente, três brônquios lobares, o superior, o médio e o inferior, enquanto que o pulmão esquerdo possui apenas dois lobos, que são ventilados por dois brônquios lobares, o superior e o inferior. Os brônquios lobares subdividem-se em brônquios segmentares, cada um destes distribuindo-se a um segmento pulmonar. Sua função é ventilar os segmentos broncopulmonares. São nomeados de acordo com o respectivo segmento broncopulmonar em que atuam. Os brônquios dividem-se, respectivamente, em tubos cada vez menores denominados bronquíolos. As paredes dos bronquíolos contêm músculo liso e não possuem cartilagem. Os bronquíolos se ramificam repetidamente em tubos ainda menores, chamados de bronquíolos terminais. É neste tubo aéreo que termina a chamada zona condutora do sistema respiratório. Bronquíolos respiratórios: Os bronquíolos respiratórios são tubos aéreos que já apresentam nas suas paredes a presença de alvéolos, portanto, onde ocorrem, a esta altura, as trocas gasosas (hematose). Os bronquíolos respiratórios, por sua vez, se subdividem em diversos ductos alveolares. Da traqueia até chegar aos ductos alveolares, o ar passa por cerca de vinte e cinco divisões. Alvéolos: Em torno da circunferência dos ductos alveolares encontram-se numerosos alvéolos e sacos alveolares. O alvéolo, conforme ilustrado pela Figura 31 (5) a seguir, é uma invaginação caliciforme, revestida por epitélio escamoso simples e sustentada por uma fina membrana basilar elástica. Sacos alveolares são dois ou mais alvéolos que compartilham uma abertura comum. Figura 31 (5)- Alvéolos Fonte: Brasil (2003a) Pulmões: Ilustrado pela Figura 32 (5), apresenta-se a seguir o pulmão. Trata-se de um órgão duplo e elástico, localizado no interior da caixa torácica. O pulmão direito é composto por três partes, denominadas lobo superior, lobo médio e inferior, enquanto que o pulmão esquerdo possui apenas dois lobos: o superior e o inferior. Estão suspensos dentro da cavidade torácica por alguns ligamentos e pelos hilos, que contêm seus vasos e brônquios e os ligam às estruturas do mediastino (BRASIL, 2003a). Sustentados pelo diafragma, os pulmões são recobertos por uma fina membrana denominada pleura, responsável por sua proteção na caixa torácica. A pleura que reveste os pulmões é chamada de pleura visceral, e aquela que reveste a cavidade torácica é chamada de pleura parietal. Entre uma e outra existe um espaço potencial chamado de espaço pleural. Diz-se potencial porque as duas superfícies da pleura estão praticamente em contato uma com a outra, separadas apenas por uma delgada camada de líquido. Enfermagem Módulo 1 37 Figura 32 (5)- Pulmão Fonte: Brasil (2003a) 5.8.3 Fisiologia do Sistema Respiratório A respiração é o processo biológico por meio do qual ocorre a troca de oxigênio e gás carbônico entre a atmosfera e as células do organismo. Possui dois componentes: a ventilação, que é o processo mecânico a partir do qual o ar, rico em oxigênio, entra pelas vias áreas até os pulmões e o ar rico em dióxido de carbono segue o caminho inverso; e a perfusão, que consiste na passagem do sangue por meio dos capilares pulmonares. Estes estão em íntimo contato com os alvéolos pulmonares e, consequentemente, com o ar alveolar. O sangue venoso chega aos capilares pulmonares, libera dióxido de carbono e capta oxigênio do ar alveolar, e se transforma em sangue arterial rico em oxigênio. Esta troca de dióxido de carbono por oxigênio nos pulmões é chamada de hematose. De acordo com Brasil (2003a), a ventilação pulmomar é dividida em duas fases: a inspiração e a expiração. Durante a inspiração, o diafragma e os músculos intercostais se contraem fazendo com que o diafragma se rebaixe e se retifique e a caixa torácica aumente de volume. Com o aumento de volume da caixa torácica, ocorre uma queda da pressão intratorácica para abaixo do nível da pressão atmosférica, fazendo com que ocorra fluxo de ar para dentro das vias aéreas e pulmões, até que se equilibre este gradiente de pressão. Durante a expiração, o diafragma e os músculos intercostais relaxam fazendo com que o diafragma se eleve e as costelas retomem a sua posição original. Com isso, o volume da caixa torácica diminui, e o ar é forçado para fora do pulmão e das vias aéreas. A inspiração é um ato ativo que requer contração muscular, enquanto a expiração é um ato passivo. Este mecanismo de ventilação é automático e realizado a uma frequência de 12 a 20 movimentos por minuto por um adulto em repouso. A esta frequência dá-se o nome de respiratória. Chama-se de taquipneia a frequência respiratória acima dos limites normais, e de bradipneia abaixo dos limites normais. A ausência de movimentos respiratórios é chamada de apneia. A frequência respiratória é normalmente maior nas crianças. A frequência respiratória pode se elevar pelo exercício, por alterações emocionais, pela febre, devido à dor e por outras condições. 5.9 Anatomia e Fisiologia do Sistema Digestório De acordo com Brasil (2003a), os alimentos só podem ser absorvidos pelo organismo uma vez sofram modificações químicas que possibilitem sua absorção pela corrente circulatória. O aparelho digestivo processa estes alimentos, produzindo substâncias em uma forma que possa ser absorvida e aproveitada pelas células. A este processo dá-se o nome de digestão. Os nutrientes não absorvidos são eliminados sob a forma de fezes. Na digestão, as grandes moléculas orgânicas presentes nos alimentos, como proteínas, carboidratos, lipídios, entre outros, são quebradas em moléculas menores pela ação de enzimas digestivas, num processo chamado de catabolismo. Estas enzimas diferem entre si pela substância que irão digerir (substrato), locais de atuação ao longo do tubo digestivo e condições de acidez (pH) ideais para seu funcionamento. 5.9.1 Composição do Tubo Digestivo O tubo digestivo, ilustrado pela Figura 33 (5), é constituído pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, ampola retal ou reto e ânus, e por órgãos auxiliares da digestão denominados órgãos anexos: o pâncreas, a vesícula biliar e o fígado. Figura 33 (5)- Tubo digestivo Fonte: Brasil (2003a) Enfermagem Módulo 1 39 Os órgãos digestivos são revestidos por células epiteliais, cuja função é fabricar o muco que permite o deslizamento do bolo alimentar e secretar as enzimas que irão quebrar as grandes moléculas. A abertura pela qual o alimento entra no tubo digestivo é a boca, como ilustra a Figura 34 (5). A boca é constituída por: rima bucal, que é uma fissura que comunica a boca com o meio externo anteriormente; istmo das fauces (localizado na orofaringe), abertura que delimita a boca posteriormente; o vestíbulo da boca, que é o espaço limitado por um lado pelos lábios e bochechas e por outro pelas gengivas e dentes; língua; palato duro (céu da boca); palato mole (região onde se situa a úvula ou “campainha” da garganta); e três pares de glândulas: as parótidas, as submandibulares e as sublinguais, que são responsáveis pela liberação da saliva, denominadas glândulas salivares maiores, porque além delas existem pequenas glândulas salivares esparsas. Estas glândulas secretam cerca de um litro e meio de saliva diariamente – a qual é basicamente composta por água, o que auxilia a diluir o bolo alimentar, e enzimas. Figura 34 (5)- Boca Fonte: Brasil (2003a) O alimento é triturado pelos dentes com o auxílio da língua e posteriormente empurrado em direçãoà faringe, num processo denominado de deglutição. Ainda na boca, além da trituração, o alimento começa a sofrer a atuação de uma enzima liberada pelas glândulas salivares, chamadas amilase salivar ou ptialina, que tem a função de começar a digerir o amido e os carboidratos do bolo alimentar. O sistema nervoso autônomo controla as glândulas salivares, no entanto, fatores químico-físicos e psíquicos podem interferir em sua secreção. Como ilustra a Figura 35 (5) a seguir, os dentes são estruturas duras, calcificadas, presas ao maxilar superior e mandíbula, tendo a mastigação como atividade principal. Figura 35 (5)- Estrutura dos dentes Fonte: Brasil (2003a) Os dentes estão implicados, de forma direta, na articulação das linguagens. Os nervos sensitivos e os vasos sanguíneos do centro de qualquer dente estão protegidos por várias camadas de tecido. A mais externa, o esmalte, é a substância mais dura. Sob o esmalte, circulando a polpa, da coroa até a raiz, situa-se uma camada de substância óssea chamada dentina. A cavidade pulpar é ocupada pela polpa dental, que é um tecido conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado e inervado. O que separa a raiz do ligamento peridental é um tecido duro, chamado cemento, que na estrutura e composição química se assemelha ao osso. Dispõe-se como uma camada fina sobre as raízes dos dentes. Por meio de um orifício aberto na extremidade da raiz penetram os vasos sanguíneos, os nervos e o tecido conjuntivo. A glândula parótida está situada lateralmente na face, anterior ao pavilhão auricular. O ducto parotídico, que é seu canal excretor, se abre no vestíbulo da boca ao nível do segundo molar superior. A glândula submandibular está situada anteriormente à parte mais inferior da parótida. Seu ducto submandibular se abre no assoalho da boca, abaixo da língua. A glândula sublingual está situada lateralmente e inferiormente à língua. Enfermagem Módulo 1 41 Figura 36 (5)- A língua Fonte: Brasil (2003a) A Figura 36 (5) acima ilustra a língua. Esta exerce importantes funções na mastigação, na deglutição, como órgão gustativo e na articulação das palavras. A língua é dividida em duas porções: o corpo, parte anterior, e a raiz, parte posterior. Esta divisão é feita pelo sulco terminal. Na mucosa que reveste a língua é possível identificar uma série de projeções, as papilas linguais, que são de vários tipos. As maiores são denominadas papilas valadas que se localizam nos receptores gustativos (BRASIL, 2003a). Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários: amargo, azedo ou ácido, salgado e doce. Durante a deglutição, o alimento passa por uma válvula denominada epiglote – responsável, a partir de mecanismos reflexos, pelo fechamento da laringe, impedindo, desse modo, que o bolo alimentar penetre nas vias aéreas. Posteriormente, passará pela faringe, situada no final da cavidade bucal, é um canal comum aos sistemas digestório e respiratório. Figura 37 (5)- O esôfago Fonte: Brasil (2003a) O esôfago, ilustrado pela Figura 37 (5) acima, é o canal que liga a faringe ao estômago. Localiza-se entre os pulmões, atrás do coração, e atravessa o músculo diafragma, que separa o tórax do abdômen. Possui três porções: cervical, torácica e abdominal. A porção torácica é a maior delas e situa-se ventralmente a coluna vertebral e dorsalmente a traqueia. O bolo alimentar leva de 5 a 10 segundos para percorrê-lo. Esse transporte se dá por meio dos movimentos peristálticos (inclusão e reorganização de conteúdo). Ao se dirigir ao estômago o alimento ainda passa por outra válvula denominada cárdia, cuja função é impedir o refluxo do bolo alimentar para o esôfago. Em crianças recém- nascidas, cuja cárdia ainda não está bem formada, o refluxo é frequente (BRASIL, 2003a). Figura 38 (5)- O estômago Fonte: Brasil (2003a) O estômago, conforme ilustra a Figura 38 (5), é um órgão que digere os alimentos e secreta hormônios. Tem como principal função continuar a digestão dos hidratos de carbono, iniciada na boca, e transformar os alimentos ingeridos, mediante contração muscular, em uma massa semilíquida e altamente ácida, de nome quimo. Enfermagem Módulo 1 43 O estômago divide-se em: fundo, que é uma região superior que se projeta para o diafragma; corpo, a sua maior parte; antro pilórico, que é a parte final que se comunica com o duodeno e que se abre e fecha alternadamente, liberando pequenas quantidades de quimo para intestino delgado. O estômago possui dois esfíncteres, sendo o superior a cárdia, que se comunica com o esôfago; e o inferior, que é o piloro, é a parte que se comunica com o duodeno e que se abre e fecha alternadamente, liberando pequenas quantidades de quimo para intestino delgado. Como exposto em Brasil (2003a), no estômago, o bolo alimentar sofre a ação de uma secreção estomacal denominada suco gástrico, rica em ácido clorídrico e em duas enzimas, a pepsina e a renina, secretadas pela mucosa estomacal. Uma vez que passa pelo estômago, o alimento alcança o intestino delgado, um tubo com pouco mais de 6m de comprimento por 4cm de diâmetro, e que é dividido em três regiões: duodeno se inicia no óstio pilórico e termina na flexura duodeno jejunal; Jejuno e Íleo (cerca de 1,5cm). O duodeno é a primeira porção do intestino delgado, que se inicia no óstio pilórico e termina na flexura duodeno jejunal. Ele recebe este nome por ter seu comprimento aproximadamente igual à largura de doze dedos (25cm). É a única porção do intestino delgado que é fixa. Não possui mesentério. Jejuno é a parte do intestino delgado que faz continuação ao duodeno, recebe este nome porque sempre que é aberto se apresenta vazio. É mais largo (aproximadamente 5cm), sua parede é mais espessa, mais vascular e de cor mais forte que o íleo. Este é o último segmento do intestino delgado que faz continuação ao jejuno. Recebe este nome por possuir relação anatômica com o osso ilíaco. É mais estreito e suas túnicas são mais finas e menos vascularizadas que o jejuno. Distalmente, o íleo desemboca no intestino grosso, num orifício que recebe o nome de óstio ileocecal. Juntos, o jejuno e o íleo medem 6 a 7 metros de comprimento. A maior parte do jejuno situa-se no quadrante superior esquerdo, enquanto a maior parte do íleo situa-se no quadrante inferior direito. O jejuno e o íleo, ao contrário do duodeno, são móveis. A superfície do intestino delgado é coberta por projeções em forma de dedo com 0.5 a 1.5mm, chamadas vilosidades que, por sua vez, são cobertas por microscópicas microvilosidades. A função desta estrutura é aumentar enormemente a superfície de absorção do Intestino Delgado. A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do jejuno. É nele que desembocam os ductos colédoco (traz a bile) e o pancreático (traz a secreção pancreática). No duodeno, ilustrado pela Figura 39 (5) a seguir, o bolo alimentar é neutralizado pelo bicarbonato de cálcio liberado pela mucosa intestinal, induzido por um hormônio denominado secretina; nesse momento, já neutralizada sua acidez, o bolo alimentar recebe o nome de quilo. Posteriormente, o quilo sofrerá a ação do suco entérico, liberado por milhares de glândulas existentes na mucosa intestinal, que contêm as enzimas enteroquinases, cuja função é ativar a tripsina (uma enzima pancreática), e peptidases, que atuam na digestão dos peptídeos. Figura 39 (5)- Duodeno Fonte: Brasil (2003a) Produzido no pâncreas, o suco pancreático é levado até o duodeno pelo canal colédoco. Nele, encontram-se as enzimas tripsina e quimiotripsina, que irão digerir as proteínas; a lipase pancreática, que digere lipídios; e a amilase pancreática, que continuará a digerir o amido não digerido na boca pela ptialina. É também no duodeno que o bolo alimentar receberá a ação da bile.Produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar, a bile não é uma enzima, mas sais que irão emulsificar, ou seja, quebrar, moléculas grandes de gordura em moléculas menores, possibilitando, assim, a ação da lipase. Figura 40 (5)- Intestino grosso Fonte: Brasil (2003a) O intestino grosso, ilustrado pela Figura 40 (5) acima, pode ser comparado com uma ferradura, aberta para baixo. Mede cerca de 6,5cm de diâmetro e 1,5m de comprimento. Ele se estende do íleo até o ânus e está fixo à parede posterior do abdômen pelo mesecolo. O intestino grosso absorve a água com tanta rapidez que, em cerca de 14 horas, o material alimentar toma a consistência típica do bolo fecal. Este apresenta algumas diferenças em relação ao intestino delgado: o calibre, as tênias, os haustros e os apêndices epiploicos. O intestino grosso é mais calibroso que o intestino delgado, por isso recebe o nome de grosso. O calibre vai gradativamente afinando, conforme vai chegando ao canal anal. A tênias do cólon (fitas longitudinais) são três faixas de aproximadamente 1cm de Enfermagem Módulo 1 45 largura, que percorrem o intestino grosso em toda sua extensão. São mais evidentes no ceco e no cólon ascendente. Os haustros do cólon (saculações) são abaulamentos ampulares separados por sulcos transversais. Os apêndices epiploicos são pequenos pingentes amarelados constituídos por tecido conjuntivo rico em gordura. Aparecem principalmente no cólon sigmoide. O intestino grosso é dividido em 4 partes principais: ceco (cecum), cólon (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e ânus. A primeira parte é o ceco, que é o segmento de maior calibre, que se comunica com o íleo. Para impedir o refluxo do material proveniente do intestino delgado, existe uma válvula localizada na junção do íleo com o ceco - válvula ileocecal (iliocólica). No fundo do ceco, encontra-se o Apêndice Vermiforme. A porção seguinte do intestino grosso é o cólon, segmento que se prolonga do ceco até o ânus. Divide-se em: a) colo ascendente: é a segunda parte do intestino grosso. Passa para cima do lado direito do abdome, a partir do ceco para o lobo direito do fígado, onde se curva para a esquerda na flexura direita do colo (flexura hepática); b) colo transverso: é a parte mais larga e mais móvel do intestino grosso. Ele cruza o abdome a partir da flexura direita do colo até a sua flexura esquerda, onde se curva inferiormente para tornar-se colo descendente. A flexura esquerda do colo (flexura esplênica) é normalmente mais superior, mais aguda e menos móvel do que a flexura direita do colo; c) colo descendente: passa retroperitonealmente a partir da flexura esquerda do colo para a fossa ilíaca esquerda, onde ele é contínuo com o colo sigmoide; d) colo sigmoide: é caracterizado pela sua alça em forma de “S”, de comprimento variável. O colo sigmoide une o colo descendente ao reto. A terminação das tênias do colo, aproximadamente a 15cm do ânus, indica a junção reto-sigmoide; e) flexura hepática: entre o cólon ascendente e o cólon transverso; f) flexura esplênica: entre o cólon transverso e o cólon descendente. O reto recebe este nome por ser quase retilíneo. Este segmento do intestino grosso termina ao perfurar o diafragma da pelve (músculos levantadores do ânus), passando a se chamar de canal anal. O canal anal, apesar de bastante curto (3 cm de comprimento), é importante por apresentar algumas formações essenciais para o funcionamento intestinal, das quais citam-se os esfíncteres anais. O esfíncter anal interno é o mais profundo, e resulta de um espessamento de fibras musculares lisas circulares, sendo consequentemente involuntário. O esfíncter anal externo é constituído por fibras musculares estriadas, que se dispõem circularmente em torno do esfíncter anal interno, sendo este voluntário. Ambos os esfíncteres devem relaxar antes que a defecação possa ocorrer. Figura 41 (5)- Pâncreas Fonte: Brasil (2003a) A Figura 41 (5) acima ilustrada apresenta o pâncreas. Trata-se de um órgão achatado, no sentido anteroposterior, que apresenta uma face anterior e outra posterior, com uma borda superior e inferior, e sua localização é posterior ao estômago. O comprimento varia de 12,5 a 15cm e seu peso na mulher é de 14,95g, e no homem 16,08g. O pâncreas divide-se em cabeça (aloja-se na curva do duodeno), colo, corpo (dividido em três partes: anterior, posterior e inferior) e cauda. Tem as seguintes funções: a) dissolver carboidrato (amilase pancreática); b) dissolver proteínas (tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e elastase); c) dissolver triglicerídeos nos adultos (lípase pancreática); d) dissolver ácido nucleicos (ribonuclease e desoxirribonuclease). Ducto pancreático: O ducto pancreático principal começa na cauda do pâncreas e corre para sua cabeça, onde se curva inferiormente e está intimamente relacionado com o ducto colédoco. O ducto pancreático se une ao ducto colédoco (fígado e vesícula biliar) e entra no duodeno como um ducto comum, chamado ampola hepatopancreática. O fígado é a maior glândula do organismo, e é também a mais volumosa víscera abdominal. Sua localização é na região superior do abdômen, logo abaixo do diafragma, ficando mais à direita. Isto é, normalmente 2/3 de seu volume estão à direita da linha mediana e 1/3 à esquerda. Pesa cerca de 1,500g e responde por aproximadamente 1/40 do peso do corpo adulto. Enfermagem Módulo 1 47 Figura 42 (5)- Fígado Fonte: Brasil (2003a) O fígado apresenta duas faces: diafragmática e visceral. A face diafragmática (anterossuperior) é convexa e lisa, relacionando-se com a cúpula diafragmática. A face visceral (posteroinferior) é irregularmente côncava pela presença de impressões viscerais. O fígado é dividido em lobos. A face diaframática apresenta um lobo direito e um lobo esquerdo, sendo o direito pelo menos duas vezes maior que o esquerdo. A divisão dos lobos é estabelecida pelo ligamento falciforme. Na extremidade desse ligamento encontra- se um cordão fibroso resultante da obliteração da veia umbilical, conhecido como ligamento redondo do fígado. A face visceral é subdividida em 4 lobos (direito, esquerdo, quadrado e caudado) pela presença de depressões em sua área central, que no conjunto se compõem formando um "H", com 2 ramos anteroposteriores e um transversal que os une. Embora o lobo direito seja considerado por muitos anatomistas como incluindo o lobo quadrado (inferior) e o lobo caudado (posterior), com base na morfologia interna, os lobos quadrado e caudado pertencem mais apropriadamente ao lobo esquerdo. Entre o lobo direito e o quadrado encontra-se a vesícula biliar, e entre o lobo direito e o caudado há um sulco que aloja a veia cava inferior. Entre os lobos caudado e quadrado, há uma fenda transversal: a porta do fígado (pedículo hepático), por onde passam a artéria hepática, a veia porta, o ducto hepático comum, os nervos e os vasos linfáticos. O fígado é um órgão vital, sendo essencial o funcionamento de pelo menos 1/3 dele - além da bile, que é indispensável na digestão das gorduras - ele desempenha o importante papel de armazenador de glicose e, em menor escala, de ferro, cobre e vitaminas. A função digestiva do fígado é produzir a bile, uma secreção verde amarelada, que é transportada para o duodeno. A bile é produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar, que a libera quando gorduras entram no duodeno. A bile emulsiona a gordura e a distribui para a parte distal do intestino, a fim de colaborar na digestão e absorção dos nutrientes. Além das citadas acima, o fígado tem as seguintes funções: a) metabolismo dos carboidratos; b) metabolismo dos lipídios; c) metabolismo das proteínas; d) processamento de fármacos e hormônios; e) excreção da bilirrubina; f) excreção de sais biliares; g) armazenagem; h) fagocitose; i) ativação da vitamina
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