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13 - Denunciação da Lide, Petição Inicial

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LFG – PROCESSO CIVIL – Aula 13 – Prof. Fredie Didier – Intensivo I �– 27/04/2009
	Na aula passada começamos a tratar do assunto denunciação da lide. Eu disse que a denunciação da lide é uma demanda, que agrega um pedido novo ao processo e é uma defesa regressiva. O denunciante pretende do terceiro denunciado o reembolso dos seus prejuízos. Dizer que é demanda e que é demanda regressiva, não é suficiente. É preciso avançar um pouco mais.
	A denunciação da lide também é uma demanda eventual. Uma demanda regressiva eventual. O que significa isso? O denunciante denuncia a lide para a hipótese de vir a perder a causa. A denunciação da lide e feita para a hipótese de o denunciante vir a perder a causa. Ele não sabe se perdeu a causa ainda, mas imaginando que isso pode acontecer, ele denuncia à lide, dizendo assim para o juiz: “Sr. Juiz, se eu perder essa causa, o terceiro terá que me indenizar.” Por isso, a denunciação é feita para a eventualidade de o denunciante perder a causa. 
A demanda contra B. B denuncia C à lide. B diz: “Sr. Juiz, trata C ao processo porque ele terá que me indenizar se eu perder para A.” Então, B denuncia à lide para a hipótese de vir a perder para A. Por isso é que é eventual. Pode ser, inclusive, que B ganhe de A e então a denunciação da lide terá sido inútil, desnecessária. No final, se B ganhar de A, não adiantou nada ter chamado C porque só causou prejuízo a C, mas aí B terá que arcar com esse prejuízo de C.
A denunciação da lide tem esse aspecto econômico: Trazer logo C ao processo, porque se B perder a causa o juiz já examina a pretensão de B contra C. Então, percebam que o processo vai ter duas demandas: Uma demanda de A contra B e outra demanda de B contra C. Sendo que a segunda demanda, que é a denunciação da lide, só será examinada se o denunciante perder na primeira. Se o denunciante é o vencedor na primeira demanda, se B ganha de A, o juiz nem examina a denunciação da lide. Por isso, é demanda eventual. E qual das duas será examinada primeiro? Primeiro você examina a demanda original porque se o denunciante vencer na original, você nem examina a denunciação da lide porque esse exame fica prejudicado.
Mas não basta dizer que a denunciação da lide é uma demanda, regressiva e eventual. É preciso agregar um quarto adjetivo: é uma demanda, regressiva, eventual e antecipada. Esses adjetivos, vez por outra aparecem em concurso. Por que antecipada? Porque o denunciante demanda contra o terceiro antes de sofrer o prejuízo. Ele nem sofreu o prejuízo e já está demandando contra o sujeito. Se fosse em uma situação normal, você diria: falta interesse de agir. Como é que alguém pode o reembolso antes de sofrer o prejuízo? Só que a denunciação da lide tem exatamente essa característica. É uma técnica, é um instrumento diferente. Por ela se autoriza que alguém demande outro, pelo ressarcimento do prejuízo sem ter sofrido um prejuízo. O denunciante diz: “Sr. Juiz, se eu perder a causa, vou sofrer um prejuízo e se isso acontecer, tal pessoa terá que me indenizar porque tal pessoa tem comigo uma relação de garantia, de regresso e tem que reembolsar meus prejuízos.”
Feitas essas considerações, podemos responder à pergunta mágica, aquela pergunta que já fiz com relação ao chamamento ao processo, que já fiz com relação à nomeação à autoria. Falo da pergunta que vocês sabem que têm que estudar em cima dela:
“O terceiro (denunciado) tem relação com o adversário daquele que promoveu a sua intervenção? C tem relação com A?”
	Na prova do concurso vai perguntar se o denunciado tem relação com o adversário do denunciante? Resposta: Não. C tem relação com B, com o denunciante. Eu disse na aula passada que vou trabalhar o exemplo da denunciação da lide feita pelo réu. Se a denunciação da lide fosse feita pelo autor, a pergunta não seria C em relação com A, mas C com relação com B. Porque é sempre com o adversário daquele promoveu a intervenção. Eu estou trabalhando com a denunciação da lide feita pelo réu porque é muito mais frequente.
	C tem relação com o denunciante. Percebam, portanto, a diferença com as outras intervenções de terceiro: No chamamento ao processo, C tem relação com A e é a mesma relação que B tem. Na nomeação à autoria C tem relação com A e só ele tem. Na denunciação da lide, C não tem relação com A. Para cada intervenção de terceiro, uma resposta diferente e é isso que distingue uma da outra. É essa relação que o terceiro tem com a causa que distingue as diversas modalidades de intervenção. A distinção é essa! É uma distinção que se faz pelo direito material. Por isso estou batendo tanto nessa tecla.
	A partir dessa premissa, surge uma pergunta que eu gostaria que vocês anotassem. Essa pergunta é um clássico: “É possível a condenação direta do denunciado em face do adversário do denunciante?” Ou seja, “Pode o juiz condenar C a indenizar A, diretamente?” Ao invés de ter que condenar B e condenar B a indenizar C, ele corta caminho. Pode isso? Isso significa condenação direta do denunciado. Se alguém lhe perguntar, o que é a condenação direta do denunciado, lembre-se da hipotenusa do triângulo reto (a hipotenusa A-C é sempre menor do que a soma entre os dois catetos A-B e B-C). É possível isso? Resposta: Do ponto de vista do direito material, não. Não há como condenar C a pagar a A exatamente porque C não tem relação com A. Não se pode condenar C a pagar a A porque C não tem relação com A, C não deve nada a A. Por isso, C não pode ser condenado a pagar a A. Isso na doutrina é muito tranquilo porque é direito material puro. Como é que eu vou condenar alguém que não tem relação de débito com o outro a indenizar o outro. Era assim que as coisas sempre estiveram muito claramente até porque denunciação da lide não é chamamento ao processo. No chamamento ao processo, sim, você pode condenar todos porque todos são devedores.
Mas na denunciação da lide, não. Vem a jurisprudência e se depara com a seguinte situação: Imagine que A seja uma vítima e B seja o causador do dano e C seja a seguradora. Hipótese muito frequente na prática forense. A vítima propõe uma ação contra o causador do dano, o causador do dano regride à seguradora dizendo: “se eu tiver que pagar, a seguradora me reembolsa.” Vejam que a seguradora não tem relação com a vítima, mas como segurado, causador do dano. Começou a acontecer na prática: O juiz condenava o causador do dano a ressarcir a vítima e condenava a seguradora a ressarcir o causador do dano. Só que o causador do dano não tinha grana nenhuma. Quebrado que estava não pagava a vítima. Como não pagava a vítima, a seguradora também não pagava ao segurado porque o segurado não teve prejuízo e a vítima acabava, no final das contas não tendo nada. Os juízes começaram a achar isso uma sacanagem e, nitidamente, chutaram o pau da barraca. Começaram a dizer o seguinte: “Seguradora, pague logo a vítima”. A seguradora passou a ser condenada diretamente a pagar a vítima. Isso chegou ao STJ e há várias decisões do STJ nesse sentido, transformando a seguradora numa devedora solidária, sem que houvesse previsão legal para isso. 
E sempre me perguntam: Como responder, afinal numa prova dissertativa, “cabe condenação direta”? Vocês têm que dizer: “Não porque não há relação de direito material que a justifique, mas a jurisprudência do STJ tem admitido a condenação direta da seguradora.” 
E vejam como esse posicionamento acabou repercutindo na legislação. De que maneira? Na aula passada, mencionei que nas causas de consumo, a seguradora já responde diretamente à vítima. Nessas causas, o fornecedor chama ao processo a seguradora. Não denuncia à lide. Nas causas de consumo, trazer a seguradora não é denunciar à lide, é chamamento ao processo. Exatamente para que a seguradora já responda. Vejam como isso repercutiu na legislação. A seguradora vem como chamada ao processo e não como denunciada. E vir chamada ao processo é exatamente para que se possa executar depois a sentença contra ela. Já é uma repercussão desse entendimento,só que é uma repercussão legislativa.
Uma outra repercussão legislativa é o Código Civil novo. O Código Civil de 2002, art. 788, diz o seguinte: “A vítima pode demandar diretamente à seguradora.” Só que não é em qualquer caso de seguro. Só é em um caso. Porque se fosse em todo caso eu já tinha acabado esse assunto, não adiantaria nada eu ficar falando disso aqui. “A vítima pode demandar diretamente à seguradora em um caso: de seguro obrigatório de responsabilidade civil.” Seguro obrigatório de responsabilidade civil tem um tratamento diferente. Por exemplo: DPVAT é um seguro de responsabilidade civil obrigatório. A vítima pode demandar diretamente contra o DPVAT. A lei atribui à seguradora uma relação direta com a vítima. Esse posicionamento jurisprudencial, de fazer com que a seguradora responda, acabou repercutindo na legislação. Mas de um modo geral, a seguradora responde ao segurado. Mas aí se teve que construir essa tese da condenação direta da seguradora, tese que não tem, como regra, qualquer respaldo legal. 
Ainda partindo de tudo o que eu já falei, surge uma outra pergunta. A gente sabe que o processo com a denunciação da lide é um processo de A contra B e de B contra C. A gente sabe que C, na denunciação da lide, é réu (demandado), sem nada a acrescentar. É um demandado contra outro qualquer. É réu em uma demanda regressiva e eventual. Então, a situação do denunciado na denunciação da lide é de réu. A dúvida é a seguinte: E na ação original, o denunciado é o quê? Porque na denunciação da lide ele é réu e na demanda original, qual é a posição do denunciado? Ele é o quê? Qual é a pergunta que vão lhe fazer em concurso: “Qual é a situação processual do denunciado? Qual é a posição que o denunciado assume no processo?” Como é que você vai responder? “O denunciado com relação à denunciação da lide é réu.” Pronto, acabou! Não tem discussão. Não há qualquer problema. Agora, em relação á demanda principal, aí é polêmico. Há três corrente que tentam explicar a relação processual do denunciado na demanda principal (porque na denunciação da lide não tem discussão, ele é réu).
1ª Corrente – É a do CPC. “O Código trata o denunciado como litisconsorte do denunciante.” Vejam que situação engraçada. C não gosta de B. C é réu de B. Em relação a A, C e B são litisconsortes porque A é inimigo comum. Para C é fundamental derrotar A porque se C derrota A, o que acontece? O que acontece se, na demanda original, o denunciante for vencedor? Se B ganha de A, nem se examina a denunciação. Então, C vai fazer o possível para A perder. Então, C e B, para o código são litisconsortes. E aí é que vem. Preste atenção, com muita calma: Vocês concordam que na demanda 01, C está defendendo interesse de B? C está ao lado de B contra A. C não tem nenhum interesse dele sendo discutido. Os interesses de C estão na demanda 02. C, na demanda 01, não está discutindo interesse próprio, está discutindo interesse alheio. Por isso, atenção! O que eu vou dizer agora é refinado. Só acertam os que anotarem e estudarem em casa. É o tipo da informação que não é todo mundo que acerta. Olha o que eu vou dizer: “O denunciado atua na demanda principal como legitimado extraordinário” porque ele atua em nome próprio defendendo interesse do denunciante. Então, vem a pergunta: “Se C é legitimado extraordinário na demanda original e é litisconsorte de B, que litisconsórcio é esse, unitário ou simples?” O litisconsórcio entre denunciante e denunciado é unitário ou simples? Quem estudou e está seguro, vai se lembrar que no rol dos exemplos que eu dei de litisconsórcio unitário, eu falei que sempre, sem exceção, que o litisconsórcio for entre legitimado ordinário e extraordinário, sempre, o litisconsórcio é unitário. Pergunta das mais difíceis. Se perguntarem qual é a natureza do litisconsórcio entre denunciante e denunciado, é unitário, mas para responder a essa pergunta bem, lembrem-se: O denunciado é legitimado extraordinário do denunciado. O denunciado está na demanda 01, agindo em nome próprio, defendendo interesse do denunciante. Mas tudo isso é a penas a primeira corrente. Essa é a que eu acho mais correta. 
2ª Corrente – Nélson Néri defende que o denunciado é assistente simples do denunciante. Não é litisconsorte dele. É um posicionamento difícil de ser defendido (embora bastante lógico) quando você vê que o CPC dá ao denunciado poderes que não são de assistente, mas de parte principal e não de parte auxiliar. Ora, assistente simples com os mesmos poderes da parte principal não pode ser considerado assistente simples. 
3ª Corrente – Dinamarco. “Para Dinamarco, o denunciado é assistente litisconsorcial do denunciante.” Para mim, essa corrente é igual á primeira corrente. Porque dizer que é assistente litisconsorcial e dizer que é litisconsorte unitário, para mim, é a mesma coisa. Mas Dinamarco se recusa a chamar de litisconsórcio unitário, prefere chamar de assistência litisconsorcial.
	Distinção entre Denunciação da Lide e Chamamento à Autoria
	Quem nunca ouviu falar em chamamento à autoria vai achar que estou errando porque deveria falar em chamamento ao processo ou nomeação à autoria. O nome é esse mesmo. É chamamento à autoria, figura que foi extinta e, 1973. Portanto, é o ascendente genético da denunciação da lide. É o antepassado próximo da denunciação da lide. Mas eu preciso distinguir. Vocês vão perceber a importância disso depois.
	O chamamento à autoria existia ao tempo do CPC de 1939 e estava relacionado ao instituto da evicção. O que é a evicção? A evicção é a perda da posse ou de direitos de uma coisa adquirida onerosamente para uma terceira pessoa. Eu perco a posse e o direito sobre uma coisa que eu adquiri onerosamente, eu perco isso para uma terceira pessoa. Imagine que eu compre de João um imóvel. Tempos depois, José entra com uma ação contra mim, dizendo que o imóvel é dele. Eu digo para José que o imóvel não é dele, que comprei de João. José responde que eu comprei de quem não é dono, que o dono é ele. Se José ganhar a causa contra mim, ele vai me tomar um bem que eu comprei de João. Eu sofri evicção. Eu perdi o bem que havia comprado para uma terceira pessoa porque ela foi reconhecida como a titular dos direitos ou do bem e eu, que paguei por isso, me dei mal. Isso é evicção. Um fato muito comum, por incrível que pareça. O CC regula a evicção dizendo que nos contratos onerosos, o alienante garante o adquirente contra os riscos da evicção. Então, a evicção é garantida pelo alienante nos contratos onerosos e é uma garantia legal. Não precisa estar no negócio porque já está na lei. No negócio pode até haver uma exclusão de evicção. As partes podem excluir a evicção, mas se não há nada escrito no contrato, haverá garantia contra a evicção, que é uma garantia legal regulada no Código Civil. 
Na época do CPC de 1939, quando o terceiro (José) demandava contra Fredie pela coisa que Fredie comprara de João, dizendo que o bem era dele (José), Fredie, em sua defesa, diz o seguinte: “Sr. Juiz, eu comprei esse bem de João, se eu perder esse bem, João vai ter que me indenizar.” Se isso fosse hoje, o que eu faria? Denunciação da lide. Eu, réu, denunciaria à lide a João dizendo que se eu perder o bem para José, você vai ter que me indenizar. Hoje cabe denunciação da lide, só que em 1939 não existia denunciação da lide. O que cabia a mim fazer? Dizer assim para o juiz: “Sr. Juiz, se eu perde essa ação, João vai ter que me indenizar. Então, por favor, intime João para que tenha ciência desse processo, dizendo a ele o seguinte: que se eu perder, depois ele vai se ver comigo. Diga a João que estou sendo processado por José e que se eu perder essa causa para José, ele vai se ver comigo porque depois eu proporei uma ação de regresso contra ele. Olha a diferença: a denunciação da lide, já é a demanda de regresso. O denunciante já está demandando o terceiro. No antigo chamamento á autoria, não se demandava contra o terceiro. Apenas se alertava o terceiro, se avisava o terceiro de que haveria uma demanda posteriormente:“terceiro, vou lhe demandar depois.” O chamamento á autoria ser apenas um aviso, uma comunicação: Fique ciente de que se perder essa causa eu vou demandar contra você depois. Presta atenção: 
Uma vez chamado à autoria, o terceiro poderia fazer duas coisas: 
Dizer assim: “Deixe que eu assumo a causa, Sr. Juiz. Fredie, vá para casa que eu entro em seu lugar.” O chamado á autoria poderia suceder o chamante. Ou 
Dizer assim: “O problema é seu. Eu não tenho nada a ver com isso.”
Percebam que não tem nada a ver com a denunciação da lide. Na denunciação da lide, o denunciado é réu. Já é réu da ação de regresso. Então o que fizeram? Em 1973 aboliram o chamamento á autoria e trouxeram um outro instituto em seu lugar, que é a denunciação da lide. A denunciação da lide não é o chamamento á autoria com outro nome. Não houve uma singela mudança de nome. É um outro instituto. E olhem como é importante isso: O chamamento à autoria se relacionava com a evicção. A denunciação da lide se relaciona com qualquer garantia, com qualquer pretensão regressiva, inclusive a evicção. Enquanto o chamamento à autoria só se relacionava com a evicção, a denunciação da lide se relaciona com qualquer garantia, incluindo a evicção. Ou seja, além das diferenças processuais, ainda há essa abrangência. A denunciação da lide é muito mais abrangente do que o chamamento á autoria.
Prestem bem atenção. Fica feita a distinção e porque é importante a distinção. Muita calma porque são muitas as informações que vou ter que dar. 
O Código Civil de 1916, no seu art. 1.116, dizia que para exercitar os direitos da evicção o adquirente da coisa (no exemplo que eu dei, quem é o adquirente? Eu, Fredie) deveria notificar o alienante (que é João, que me vendeu) da existência do processo, conforme a legislação processual. Vamos olhar a redação do art. 1.116, do CC de 1916:
“Art. 1.116.  Para poder exercitar o direito, que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante, quando e como lho determinarem as leis do processo.”
	Nós estamos em 1916. qual era o instituto relacionado a esse artigo? O Chamamento à autoria que é exatamente uma comunicação do processo. Não é exatamente dar ciência do processo ao devedor? Então, se dizia, com base no art. 1.116, que o chamamento á autoria era obrigatório para o exercício da evicção. Obrigatório em que sentido? Se não houvesse chamamento à autoria, os direitos à evicção seriam perdidos. O adquirente perderia os direitos da evicção. O chamamento á autoria era indispensável ao exercício dos direitos da evicção. Se, por acaso, meu advogado fosse ruim e, na minha defesa não chamasse à autoria, eu, além de perder a coisa para José, ainda perderia o meu direito de reembolso para João. Era um negócio violento.
	Presta atenção: em 2002 vem outro código e vejam o que ele fez (vejam se conhecem essa redação):
“Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.”
	Conhecem essa redação? O CC/2002 reproduz a redação do CC/1916, sendo que no meio do caminho, entre 1916 e 2002, muita coisa aconteceu, uma delas foi o fim do chamamento à autoria e o nascimento da denunciação da lide. Repetiu-se um regramento de uma época que não existe mais. Aí começa nossa saga. 
Partindo do pressuposto de que existe a regra do direito material semelhante àquela de 1916, que impunha o então chamamento à autoria, que não existe mais, é possível dizer que a denunciação da lide que, sucedeu o chamamento á autoria, é obrigatória? É isso que a gente vai examinar a partir de agora.
A obrigatoriedade da denunciação da lide
Para estudar isso, é preciso entender como tudo começou. Começou naquele artigo do Código de 1916, que tratava da evicção e cuidava do chamamento à autoria. A origem é essa. Era obrigatório, nos casos de evicção, chamamento à autoria. E a denunciação da lide, que não cabe só para a evicção, que é muito mais ampla e não é chamamento à autoria, é obrigatória? Art. 70, do CPC. A resposta parece clara. Olha o que diz o art. 70, do CPC, “a denunciação da lide é obrigatória:” Se você olha o art. 70, do CPC diz que a denunciação da lide é obrigatória. Só que, percebam que o caput do art. 70 é finalizado com dois pontos e tem três incisos. O caput, que diz que a denunciação é obrigatória, se refere aos três incisos. 
“Art. 70.  A denunciação da lide é obrigatória:
       	 I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;
        	II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;
        	III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.”
Se alguém lhe perguntar no concurso o que significa a obrigatoriedade da denunciação da lide, o que você vai ter que responder? Dizer que a denunciação da lide é obrigatória significa dizer que se ela não for feita, perde-se o direito de regresso. Dizer que é obrigatória é isso. Se alguém lhe perguntar o que significa dizer que a denunciação da lide é obrigatória, significa que se ela não for feita, perde-se o direito de regresso, quer dizer, ela é obrigatória para o exercício direito de regresso. É isso que quer dizer o adjetivo ‘obrigatória’ quando acoplado à denunciação da lide. O art. 70 diz que ela é obrigatória nos três casos, sendo que só o primeiro é de evicção. Só o inciso I cuida da evicção. Os incisos II e III cuidam de outras garantias.
Começamos o nosso estudo sobre o tema a partir do texto do CPC: a obrigação da lide é obrigatória, remetendo ás três hipóteses. 36 anos que o código está aqui, já há um consenso. Quer dizer, o que eu vou dizer agora não é uma questão polêmica. Quando for polêmica eu vou dizer, agora não é polêmica. 
Só se pode cogitar da obrigatoriedade em relação ao inciso I, em relação aos casos de evicção por força do art. 456, do Código Civil. Em relação aos incisos II e III, há entendimento amplamente difundido de que a denunciação da lide não é obrigatória. A despeito do texto do CPC, não se pode exigir obrigatoriedade no II e no III porque não há regra de direito material que imponha isso. Então, isso não é mais uma questão polêmica. A obrigatoriedade parece ser para todos os casos, mas não é. Só se pode dela cogitar no caso do inciso I por causa do art. 456, do CPC. Esse é o primeiro passo.
Presta atenção no segundo passo porque eu tenho total convicção que é muita informação. Eu poderia dar uma zipada, simplificar, mas chega o concurso e vai cair o que eu vou acabar de dizer. Vocês vão perceber que não é uma pergunta simples. O que caiu no concurso foi esse segundo passo que eu vou explicar agora.
Mesmo para os casos de evicção, a doutrina e a jurisprudência identificaram situações em que a denunciação não é obrigatória. Mesmo para os de evicção. Quais são esses casos? Se a evicção é resultado de procedimento sumário ou juizados especiais, a denunciação não é obrigatória. Por que? Porque nesses casos ela é proibida. Há proibição de denunciação da lide no sumário e nos juizados especiais. Como nesses casos a denunciação é proibida, ela não pode ser obrigatória. 
Foi isso que caiu no concurso para o TRT/ES domingo retrasado. A pergunta era: “A despeito de a denunciação da lide ser obrigatória nos casos de evicção, ela não é no procedimento sumário.” Isso é verdade porque no sumário ela é proibida. No sumário e nos juizados não cabe denunciação.
E ainda há uma terceira hipótese em que ela não é obrigatória. Também não haverá perda do direito de regresso na evicção administrativa. O que é isso? Olhe só: pode ser que eu percaa coisa que comprei por um ato administrativo. Eu comprei um carro, o Detran foi e apreendeu o carro. Eu perdi a coisa por um ato administrativo. Se eu perdi a coisa por um ato administrativo, como eu poderia ter denunciado a lide? Quando a evicção é administrativa, não cabe denunciação da lide porque não houve processo jurisdicional. Repare, quando a evicção decorre de procedimento sumário, de juizado especial ou de ato administrativo, não cabe denunciação da lide. E porque não cabe, nesses casos ela não é obrigatória.
E aí, pode ser que a pergunta venha dessa forma: “No direito brasileiro, admite-se ação autônoma de evicção?” Se perguntarem isso, o que eles querem saber? Querem saber se você pode cobrar a evicção autonomamente, ou só pode cobrar por denunciação da lide? Nesses casos, indiscutivelmente, há ação autônoma de evicção. Isso não é uma questão polêmica. Que a ação autônoma existe pelo menos para esses três casos, não há discussão.
Até aqui, não há polêmica. Até aqui vocês podem aprender assim. Que é o básico: a denunciação da lide é considerada obrigatória apenas para os casos de evicção e, ainda assim, para alguns deles, esses três, ela não é obrigatória. Isso é o mínimo que vocês têm que saber sobre o assunto. Agora, o terceiro passo. E o terceiro passo não é o mínimo. Aí, sim, é polêmico. Aí, sim, você não vai achar em qualquer lugar. Esse terceiro passo fez com que algumas pessoas errassem essa pergunta no concurso do TRT. Reparem bem: até aqui é indiscutível. Qualquer questão de concurso que diga expressamente o que eu disse até aqui, está certo. Não tem discussão. Esse terceiro passo que eu vou dar agora, você só vai marcar se tiver expressamente. Se a assertiva estiver dizendo isso expressamente, é porque o examinador conhece esse pensamento e está cobrando. Pensem sempre nisso: vocês só vão responder o que vou dizer agora se lhe perguntarem expressamente. 
O que é esse terceiro passo? Há quem diga que denunciação da lide não é obrigatória em hipótese alguma, nem nos casos de evicção. Por que? Porque que mesmo nos casos de evicção não seria obrigatória? Dois motivos. 
Primeiro motivo: O art. 456 do Código Civil é a reprodução de um artigo escrito para uma época que não existe mais. Ou seja, o contexto a que se refere o art. 456 é um contexto que não existe mais. Não há mais a notificação do litígio a que se refere o art. 456. A notificação do litígio a que se refere o art. 456 era o antigo chamamento à autoria, que simplesmente não existe mais. Então, o 456 é um artigo obsoleto. Não há razão alguma para aplicá-lo forçando a barra, dizendo que ele cuida da denunciação da lide. Seria uma forçação de barra histórica. O primeiro motivo é esse: O art. 4456 é obsoleto
Segundo motivo: Se você defende que a denunciação é obrigatória você está prestigiando o enriquecimento ilícito do alienante. Uma interpretação que diga que se o cara não denunciar perde o direito de regresso é uma interpretação que favorece de maneira desproporcional o alienante. Imagine. Se, no exemplo que eu dei, eu fui revel, não só vou perder a causa como não poderei regredir para buscar o prejuízo que tive por ter comprado de um pilantra. Ele vai se dar bem porque eu perdi o prazo, porque meu advogado é incompetente. Essa é uma interpretação que muitos doutrinadores já fazem, mas não é a maioria e já repercute no STJ. Há várias decisões no STJ indo nesta direção, exatamente caminhando para a compreensão de que a denunciação da lide, nem nesses casos, é obrigatória. 
Foi isso que levou algumas pessoas a errarem essa pergunta no concurso do TRT. A pessoa leu lá: “A denunciação da lide é obrigatória nos casos de evicção, ressalvado o caso de rito sumário.” Aí a pessoa pensa que isso está mais ou menos certo porque incompleto (tinha que ter mais coisa) e não marcou. Reparem que a assertiva, isoladamente, está certa. Ela é a afirmação mais tranquila, não há discussão sobre isso. Não tinha porque você querer ser mais realista do que o rei na prova. Isso é um perigo. Conhecimentos mais aprofundados são importantíssimos no concurso, mas têm que ser usados quando lhe perguntarem diretamente. Se aparecesse lá na pergunta: “Há decisões do STJ no sentido de que a denunciação da lide nos casos de evicção não é indispensável ao direito de regresso.” Verdade. E é isso que eu quero que você saiba. Eu tenho que preparar você para todos os níveis de prova. Pode aparecer assim: “A denunciação da lide é obrigatória” e aí transcreve os três incisos do art. 70, vocês vão marcar verdadeiro ou falso? Transcrevendo os três incisos, pode marcar verdadeiro! Concurso é assim. Isso não é matemática. Se transcreveu artigo, marque certo. Agora, pode vir assim: “A denunciação da lide só é obrigatória nos casos de evicção”. Ta certo? Ta certo também. 
Esse assunto é curioso porque dá uma guinada de 180 graus. Você pode responder dizendo que a denunciação é sempre obrigatória (transcrevendo o art. 70, se assim vier na prova), pode dizer que ela nunca é obrigatória, pode dizer que só é obrigatória no inciso I (pode ser que apareça isso na prova), podem aparecer exceções ao inciso I e ainda pode aparecer a interpretação de que nem mais o inciso I é obrigatória (nunca obrigatória). Pode aparecer tudo isso. O que eu acho que é possível de ser cobrado: eu acho que hoje em dia, principalmente se o Cespe fizer a prova vão cobrar a transcrição do art. 70 porque isso é questão de um tempo que não existe mais. Salvo se for um concurso muito mal elaborado, feito por amadores. Acho mais frequente cobrar os outros pontos. O quarto ponto da evolução, só em perguntas diretas em prova oral ou prova aberta. Percebam que a guinada foi de 180 graus. 
(Fim da 1ª parte da aula)
 O art. 456, do novo Código Civil, só tem uma diferença em relação ao art. 1.116, do Código de 2002, que é o trecho no meio dele que aparece: ‘ou qualquer dos anteriores’.
“Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.”
Olha o que está dito aí: ‘o adquirente notificará do litígio o alienante imediato ou qualquer dos anteriores.’ O adquirente é o denunciante, aquele que comprou e está prestes a se dar mal. Quem vendeu é o alienante. O que é que sempre se soube? O adquirente denuncia à lide quem lhe vendeu. Quem lhe vendeu pode até se for o caso, denunciar à lide quem lhe vendeu, no caso, D. D, se quiser, pode denunciar à lide E. E assim sucessivamente porque a venda do bem tem uma cadeia sucessória. O adquirente pode denunciar à lide seu respectivo alienante. Denunciações sucessivas sempre foram permitidas. Sempre foi possível fazer denunciações sucessivas, uma após a outra. 
Só que vem o Código Civil e diz que o sujeito pode notificar do litígio o alienante imediato ou qualquer dos anteriores. Esse trecho ‘ou qualquer dos anteriores’ não existia na legislação passada. Então, veja bem, surge a dúvida: o que significa esse trecho novo do art. 456? Qual interpretação se deve dar a ele? O que significa permitir que se traga ao processo os alienantes que não sejam o imediato? Acreditem se quiserem: mas há cinco concepções diferentes. É insuportável. É absolutamente insuportável. Eu odeio esse assunto. Tenho raiva dele. Nenhuma é majoritária, nenhuma é nada.qualquer uma pode ser cobrada, isso não vai existir na prática, não vai repercutir no STJ, não vai ser aplicado, mas concurso é uma desgraça. Vamos começar.
1ª Corrente (Alexandre Câmara) – Para Câmara, o dispositivo é inaplicável. Não nos preocupemos com ele. Para Câmara é preciso que uma lei processual regulamente esse dispositivo. Sem isso, ele é inaplicável. Seria ótimo que essa corrente prevalecesse.
2ª Corrente (Flávio Luiz Yarshell) – Mais novo professor titular da USP (acabou de fazer o concurso, tem um mês). “Para Yarshell, o que o art. 456 consagra é a possibilidade das denunciações sucessivas, que sempre foram permitidas. O 456apenas ratifica a possibilidade de denunciações sucessivas, apenas confirmando o que já se sabia.”
3ª Corrente (Humberto Theodoro Júnior) – (falha na transmissão). Então, C, D, E, F, todo mundo responderia perante B. O último comprador poderia se voltar contra qualquer um que participou da cadeia sucessória. É claro que qualquer um, mas a partir do momento em que o vício existe. Se o vício começou em B; C e D responderiam perante B. E por que há solidariedade legal, B pode escolher qualquer um para denunciar porque todos responderiam. Essa solução de Humberto Theodoro é, realmente, muito boa. Ela, realmente, dá um sentido à regra. Todo mundo que empurrou, que quis passar o problema, responde perante o último comprador. Denunciações sucessivas. O problema é que o Código não fala nada disso. Reparem que o Código não fala em solidariedade legal. É tudo muito implícito. É preciso de muita argumentação para defender que aquele trechinho do 456 é caso de solidariedade. 
4ª Corrente (Cassio Scarpinella) – É a que eu menos gosto. É a pior das cinco. Para Cassio, a interpretação é literal, ou seja, B pode denunciar à lide quem quer que pertença à cadeia sucessória. Ele pode escolher qualquer um, mesmo sem ter com ele qualquer relação. Pode denunciar qualquer dos alienantes, mesmo sem ter com ele qualquer relação. Aí vem a pergunta que todo mundo me faz: qual é a diferença para a corrente de Humberto Theodoro? É que Humberto Theodoro entende que B pode denunciar porque os outros são solidários, então você pode escolher qualquer um para demandar. Cassio diz que B pode escolher mesmo sem ter vínculo com o outro. Ou seja, B vai escolher D para demandar só que D estará em juízo defendendo os interesses de C porque quem responde é C, mas B pode demandar D para C responder. Não tem necessidade dessa confusão. Você estaria criando um caso de legitimação extraordinária ao permitir que B possa escolher qualquer um para responder em nome do último alienante. Eu acho que não dá. 
Essa possibilidade de B pular o alienante imediato (C), na concepção de Cássio e de Humberto Theodoro, e trazer D. Esse pulo, esse salto, recebeu um nomezinho. Denunciação da lide per saltum, ou seja, uma denunciação em que o denunciante pula o alienante imediato, quer adotando a concepção de Humberto Theodoro, quer adotando a concepção de Cassio. E foi isso que caiu no concurso: o que é a denunciação da lide per saltum (prova aberta da Magistratura do Rio de Janeiro, ano passado). Eu tava quase desistindo de dar esse assunto, quando vi essa pergunta. Aí fiquei bastante tranquilo porque isso vocês não vão ver em qualquer lugar. A pergunta foi só isso: “O que é denunciação da lide ‘per saltum’?” É essa denunciação da lide pulando o alienante imediato com base no art. 456 do Código Civil, interpretado conforme Cássio Scarpinella e Humberto Theodoro. 
5ª Corrente (Araken de Assis) – O art. 456 do Código Civil permitiu, segundo Araken a chamada denunciação coletiva. Tem que anotar esses nomes todos (denunciação coletiva, denunciações sucessivas, denunciação per saltum). O que é a denunciação coletiva? B pode trazer todos os alienantes ao processo. Reparem, não é pulando. Pode trazer todo mundo, de uma vez, só. Para evitar denunciações sucessivas B poderia trazer ao processo, todo mundo, que entrariam no processo defendendo os seus respectivos interesses. Mas a denunciação seria uma convocação geral, para todo mundo vir ao processo.
Um artigo novo que gera cinco interpretações possíveis, não pode ser um artigo sério. A verdade nua e crua é essa. Por isso, vamos passar para os dois últimos assuntos, mais sérios e menos problemáticos.
O art. 456, ainda, nos traz um problema, que é o seu parágrafo único que foi acrescentado durante a tramitação legislativa (não estava no projeto original, que era um projeto de 1972), portanto, foi acrescentado numa época em que já existia o CPC. Esse é um dado histórico importante porque em 1972 o que havia era o CPC de 1939, por isso é que ficou esse 456 perdido aí. Mas o parágrafo único, não, foi acrescentado durante a tramitação legislativa e por isso fala em denunciação da lide. Aí, pela primeira vez, fala em denunciação da lide. Ele não é original no projeto do Código Civil. Ele surgiu depois de trinta anos de tramitação. Vejam o que diz o parágrafo único do art. 456:
	
“Parágrafo único. Não atendendo o alienante (C) à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente (B) deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.”
E aí me digam, quem é o alienante? A, B, ou C? C! Lembramos que o alienante é o denunciado. Quem é o adquirente? B, que é o denunciante. O que está dito aí de forma confusa é muito simples: Se o denunciado for revel, o denunciante pode abandonar a sua briga com A e se concentrar na briga com C. Se C não atende à denunciação, portanto, se C é revel, B pode dizer: “Eu já perdi para A mesmo, vou abandonar meu processo com A (vou deixar de impugnar o que A quer, vou deixar de recorrer das decisões contra mim) e vou ficar só com C. Vou me concentrar na minha briga com C. Eu chamei C, C é revel, estou percebendo que vou me dar mal. Vou perder esse negócio para A mesmo, vou me concentrar na briga com C.” É isso o que diz o § único do art. 456: Se C é revel, se o denunciado é revel, B pode abandonar a sua briga na zona principal e se concentrar em C. É um belo artigo porque diz algo óbvio. Qual o problema desse artigo? É que esse artigo tem um inimigo e o inimigo dele está no CPC, no art. 75, II:
	
“Art. 75.  Feita a denunciação da lide pelo réu: II - se o denunciado (alienante, que é C) for revel, ou comparecer apenas para negar a qualidade que Ihe foi atribuída, cumprirá ao denunciante prosseguir na defesa até final;
	Se o denunciado for revel, ou vir a juízo só para dizer que não tem nada com isso, cumprirá ao denunciante ficar ao processo até o final. Há contradição entre os dispositivos? Sim. Contradição nítida. O Código Civil diz o contrário do que diz o CPC. Portanto, o Código Civil revogou o CPC no particular. O inciso II, do art. 75 foi revogado pelo parágrafo único do art. 456. reparem bem: E já não era sem tempo porque esse dispositivo do CPC é ridículo. Ridículo! Imaginem: O denunciado é réu. Vai ao juiz e diz que não aceita ser denunciado: “Ta pensando que ta falando com quem? E tem mais não vou participar desse processo e fique aí me defendendo até o final!” Isso é uma brincadeira! O denunciado não tem que aceitar ser denunciado não! O denunciado é réu! Esse dispositivo do CPC é um resquício do antigo chamamento á autoria. E graças à providência, foi revogado pelo Código Civil. Já não era sem tempo, um fóssil desse...
	Último ponto sobre denunciação da lide. O art. 70, III, do CPC (“Art. 70.  A denunciação da lide é obrigatória: III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.”), traz a hipótese genérica de denunciação da lide, ou seja, cabe denunciação da lide em qualquer hipótese de direito regressivo. O legislador, em vez de enumerar os casos de direito de regresso, resolveu abrir o sistema, dizendo o seguinte: qualquer que seja a pretensão regressiva, cabe denunciação da lide. Sempre que se tiver qualquer fundamento para buscar o regresso de terceiro, cabe denunciação da lide. Pois bem, esse dispositivo, para a época (1973) foi marcante, revolucionário. Vocês devem lembrar, conforme eu disse, que à época só se falava em evicção e chamamento à autoria. Era só evicção e chamamento à autoria. Vem o legislador, muda o nome, muda o instituto e ainda permite que ele seja aplicado em qualquer caso de ação de regresso. Abriu completamente a porteira de qualquer discussão de direito regressivo. 
Logo que o Código saiu, Vicente Greco Filho (anotem tudo! Quando não é importante saber quem é, eu nem digo! Coloco sujeito indeterminado: escreveu-se um trabalho) escreveu um trabalho dizendo o seguinte: o inciso III deveria ser interpretadorestritivamente. Para ele, o inciso III não deveria servir para trazer fundamento jurídico novo porque isso tumultuaria muito o processo. Se você permitisse qualquer direito de regresso, isso poderia servir como forma de atrasar o processo. Então ele disse que não dava para permitir qualquer direito regressivo. Só alguns direitos de regresso poderiam ser permitidos com base no inciso III. Não todos. E quais são esses? Ele disse o seguinte: Somente os direitos de regresso fundados em garantia própria seriam admitidos. O problema é: O que é garantia própria? Garantia própria é a que existe nos negócios em que há transferência de direitos. Em todo negócio que há transferência de direitos, há garantia e essa é a garantia própria. Então, para Vicente Greco denunciação da lide, com base no inciso III, só nesses casos. Só para trazer ao processo, o sujeito que havia transferido o direito. O inciso III só serviria para fazer valer esse tipo de garantia: garantia própria dos contratos de transferência de direitos. Ultra-restrito. Para Vicente Greco, só para vocês terem uma idéia, nem em caso de seguro, cabe denunciação da lide. Surge aí, a concepção restritiva da denunciação da lide. 
Pouco tempo depois, Dinamarco escreve um trabalho para estabelecer uma polêmica com Vicente Greco, dizendo o seguinte: que o inciso III é amplo mesmo, para qualquer direito de regresso, qualquer direito de reembolso pode ser exercitado com a denunciação da lide, seja qual for o fundamento. O inciso III é aberto e é aberto com razão e isso é bom. Isso é positivo. Portanto, surge a corrente ampliativa. O inciso III tem que ser interpretado literalmente. 
Essa briga, que é histórica, até hoje existe e é difícil saber qual é o pensamento majoritário na doutrina. Tem muita gente boa de ambos os lados. E é dentro desse contexto que surge um clássico concursal. Anotem a pergunta (ela deve ser respondida dentro desse contexto, no contexto dessa polêmica): “Pode o Estado denunciar a lide ao servidor, numa ação de responsabilidade civil?” Só se pode responder a essa pergunta no contexto dessa polêmica. Essa pergunta surgiu exatamente porque se se adotar a concepção de Vicente Greco, não pode porque seria misturar responsabilidade objetiva com subjetiva. Se se adotar o pensamento de Vicente Greco, não é possível que o Estado denuncie porque seria misturar responsabilidade objetiva com subjetiva, tumultuando o processo. Se se adotar a concepção de Dinamarco, é possível. O problema é que essa pergunta foi suscitada nos livros de direito administrativo e eles foram escritos logo que o Código saiu (muitos anos atrás). Aí eles viram o que Vicente Greco disse e começaram a repetir: “Não pode o Estado denunciar porque é misturar responsabilidade objetiva com subjetiva e tumultua o processo.” O professor de direito administrativo vai preparar sua aula e lê denunciação da lide no livro de direito administrativo (o que é arriscado) e vê que o autor diz, sem fundamentar, que não cabe denunciação da lide porque a denunciação da lide não pode servir para introduzir fundamento jurídico novo. Ou seja, o administrativista apenas repetiu o que Vicente Greco disse. Aí o professor de direito administrativo repete o que o administrativista leu em Vicente Greco sem saber o que está acontecendo, sem nem saber entender por que razão alguém fez essa pergunta, já que o CPC não diz absolutamente nada, não há nenhuma proibição contra isso.
E a jurisprudência, o que diz? Diz o que ela quer dizer em cada caso. O STJ, quando quer, admite denunciação da lide pelo Estado. Quando ele não quer, acha que está complicando muito, ele não admite. Às vezes, o mesmo Ministro, tem acórdão dele dizendo assim: “De acordo com Vicente Greco, o inciso III tem que ser interpretado restritivamente, portanto não cabe denunciação da lide feita pelo Estado ao servidor”, e tem acórdão dizendo assim: “De acordo com Dinamarco, o inciso III tem que ser interpretado ampliativamente, portanto cabe denunciação da lide feita pelo Estado ao servidor.” E você não tem como saber qual é a concepção majoritária. E não tem, inclusive como fazer, como alguns autores fazem, de dizer assim: “Cabe denunciação da lide pelo Estado se o Estado não discute a conduta, ou se não se discute culpa (se a culpa é incontroversa), cabe denunciar.” Tem autores que ficam estabelecendo uma série de condições em que cabe e em que não cabe. Não tem porque você fazer isso. A solução, não é uma solução a priori. A lei não veda e não tem porque vedar. Agora, é certo que às vezes a denunciação da lide ao servidor pode tumultuar o processo. Mas ela não é proibida. Toda denunciação da lide tumultua o processo. Nenhuma denunciação da lide torna o processo mais simples. Só que esse tumulto é um tumulto aceito pelo legislador que entende que é melhor resolver tudo num processo só do que fazer em outro processo. Agora, dizer que tumulto é impedimento para denunciação da lide é dizer nada porque toda denunciação da lide tumultua. A não ser que não caso concreto esse tumulto seja desproporcional. Aí ele não admite, sob o argumento de que é desproporcional (espere e proponha uma ação posterior). 
E vocês que estão fazendo concurso para a procuradoria do Estado e advogado da União, não serão vocês a dizer que não cabe denunciação da lide pelo Estado. Nos exemplos históricos de concurso, há várias peças práticas envolvendo denunciação da lide pelo Estado, com base no inciso III, amplamente, que é o entendimento bem mais correto. Vedar em tese não tem o menor fundamento. Não há o menor fundamento para você defender que, em tese, o Estado não pode denunciar a lide ao servidor. O melhor entendimento é o de que não há vedação em tese, mas em concreto isso pode ser vedado se no caso concreto tumultuar demais. Se isso acontecer, o juiz pode vedar. Não adiante responder essa pergunta como se ela fosse um problema isolado fora da interpretação do inciso III, do art. 70. Essa pergunta nasceu desse problema. 
Com isso, a gente pode passar a régua. Finalmente! Vamos mudar de assunto. Agora, sim, a gente vai para um spa. O tema é um relaxante só.
PETIÇÃO INICIAL
	Petição inicial é o tipo do assunto que se você tem dificuldade, você não está conseguindo entender muito bem, você tem que pensar se é isso mesmo que você quer na sua vida. É a fase do curso que tem natureza jurídica de relaxamento porque terminamos agora a fase mais hard do curso, teoria, fundamento, os alicerces todos, para, agora, poder aplica-los.
NATUREZA JURÍDICA DA PETIÇÃO INICIAL
	“A petição inicial é o instrumento da demanda.” 
Quer dizer, é o documento do ato jurídico “demanda”, que é a provocação do Poder Judiciário. Eu provoco o Judiciário pela demanda e a demanda se documenta na petição inicial.
REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL
1.	Forma Escrita
	A petição inicial, em regra, tem que vir na forma escrita, isto é, a demanda tem que ser formulada por escrito. Essa é a regra. 
Há exceções. Há casos de demandas que podem ser formuladas oralmente, como acontece nos juizados, como acontece na Justiça do Trabalho. Mas também em casos menos conhecidos como ação de alimentos. A ação de alimentos pode ser proposta oralmente e o pedido que se alega vítima de violência doméstica também pode ser feito oralmente perante um delegado.
2.	Assinatura de quem tenha capacidade postulatória
	A petição inicial deve ser assinada por quem tenha capacidade postulatória. Vimos que a capacidade postulatória, em regra, é de advogados, de defensores públicos e de membros do Ministério Público, embora haja exceções. Casos em que leigos têm capacidade postulatória (já estudamos).
3.	Endereçamento
	A petição inicial tem que ser endereçada ao juízo competente. Aqui vão algumas dicas sobre esse requisito (dicas de elaboração):
	1ª Dica: 	Nesse momento é que você vai aplicar o que aprendeu sobre competência porque aqui é que você vai ter que identificar o juízo competente, propor a demanda perante o juízo competente.É neste momento que você concretiza o que estudou sobre competência
	
	2ª Dica:	Respeite a terminologia. Muito importante isso. O juiz federal é juiz federal, agora juiz estadual é juiz de direito. Se você se dirige a um juiz estadual, chame-o de juiz de direito. Se você se dirige a um juiz federal, chame-o de juiz federal. Se você se dirige a um juiz federal, lembre-se que ele está em uma seção judiciária ou numa sub-seção judiciária. Se for estadual, é comarca, ou distrito. Se vocês colocarem juiz federal da comarca tal, meio ponto a menos. Presta atenção! Pode ser que a causa seja de tribunal. Uma ação rescisória e aí você vai ter que se dirigir a um tribunal. Cuidado com a empolgação concursal! Você aprende a se dirigir ao Excelentíssimo Sr. Dr. Juiz de Direito. No caso do tribunal isso não pode ser. Tribunal você chama de Egrégio, que ele gosta. “Egrégio Tribunal de Justiça” ou “Egrégia Câmara Cível do Tribunal de Justiça” ou “Egrégia Turma do TRF”. Agora, se for ao Supremo, eles gostam de ser chamados de Excelso. “Excelso Supremo Tribunal Federal”. 
4.	Qualificação das partes
	Vejam bem, o autor, obviamente, sempre sabe a sua qualificação. E o que tem que vir? No caso de pessoa física, nome completo, estado civil, nacionalidade, endereço e profissão. Agora, vejam bem: O CNJ baixou uma resolução que tem que vir com CPF. Se cadastra o CPF do sujeito para evitar problema com homônimo e para evitar que proponha várias ações para escolher o juiz que quer que caia. Ele muda uma letra do nome para ver se caiu no juízo que ele quer, depois ele diz que o nome estava errado e pede para consertar. Isso acontece demais. Para evitar isso, o CNJ passou a exigir isso. Na Justiça Federal se tem exigido bastante. Se for pessoa jurídica, tem que colocar o tipo de pessoa jurídica, associação, sociedade empresária, autarquia, fundação e o CNPJ.
	Você normalmente coloca assim: Fredie Didier, brasileiro, casado, etc., residente e domiciliado na rua (e não à rua), ou coloca sito à (isso é feio demais). Quem reside, reside em algum lugar porque se a pessoa residir à algum lugar, ela está planando sobre o lugar, flutuando. É na rua! Meio ponto a menos se errar uma bobagem dessa. 
	Como qualificar o nascituro se ele for o autor. Nascituro não tem nome, por mais que você queira que tenha. A qualificação é: “nascituro de ‘o nome da mãe’”. 
	Quando o incapaz é o autor (caso do nascituro, do guri), é ele que vai demandar: Joãozinho, menor (não é ‘de menor’ – de menor é bizarro!) neste ato representado por sua mãe, por seu pai (aí tem que ver por quem é). O autor é o guri! Não coloquem a mãe como o autor, representando o guri. Isso é mais de meio ponto a menos.
	O Código não fala nada sobre se a pessoa em união estável precisa se declarar em união estável. Mas a doutrina diz que tem que falar porque o estado de união estável é diferente do estado de solteiro. Na qualificação, o sujeito deve se qualificar em união estável.
	Isso tudo é o autor. E o réu? O problema do réu é que o autor pode não saber todas as informações dele. Se o autor souber as informações do réu, serve tudo o que eu falei. Se não tiver todas as informações, vocês vão ter que colocar assim: Estado civil ignorado, nome ignorado. É possível que você não saiba quem é o réu. E se você não sabe quem é o réu, o que fazer? Você tem que identificar o réu. Você pode não saber quem é, mas tem que identificar quem pode ser o réu. De que maneira? Você é um devedor, sabe que é devedor, só não sabe quem é o credor. Consignação em pagamento, por exemplo, você vai dizer: “Eu sou devedor de alguém, não sei quem é, mas sei que devo. Quero consignar em pagamento contra o credor da minha dívida.” O réu será o credor da dívida. E você tem que dizer “réu, credor da dívida tal”, você vai identificando o credor e vai ser uma citação por edital. “Cita por edital o credor da dívida tal..” Você não sabe quem é o réu, mas está identificando alguém que pode assumir a titularidade do crédito. Isso existe, tanto que o CPC é claro: Se o réu é incerto ou mora em lugar desconhecido (pode ser que seja certo, mas está desaparecido), tem que ser a citação por edital. E o concurso vai exigir de você essa coerência. Se você não sabe onde o réu mora, o endereço é desconhecido ou não sabe quem é o réu, a citação tem que ser por edital em nome dessa coerência entre a qualificação e a citação. 
E aí vem a mais famosa de todas as questões: “E nos casos em que o réu é uma multidão?” Imagina, o MST invade um imóvel. 600 pessoas invadiram. Como é que você vai qualificar 600 pessoas? Impossível. O que a jurisprudência fez? Passou a admitir que você identificasse algumas e dissesse “e todos os demais que estão lá ocupando a terra.” Você proporia a ação assim: “Venho propor a ação contra Zé Colméia, Catatau, Leão da Montanha e todos os outros que estão ocupando a terra.” Assim mesmo. Eu me lembro que já propus algumas ações possessórias assim. Eu identifiquei um ou dois, às vezes até por apelido e com uma cláusula aberta: “E contra todos os outros”.
5.	Causa de Pedir
	
	A petição inicial tem que ter causa de pedir. Não há nada a dizer sobre isso porque já estudamos causa de pedir. Se não tiver causa de pedir, a petição é inepta.
6.	Pedido
	
	A petição inicial tem que ter pedido. O pedido é muito importante, mas a gente não vai examinar agora. Veremos mais adiante. Será objeto da próxima aula. Porque pedido exige que a gente pare só para estudar pedido.
7.	Requerimento de citação
	O autor tem que requerer a citação do réu. É uma bobagem histórica porque é claro que tem que citar o réu. Exigir que o autor fale isso expressamente, parece que se ele não disser não vai citar o réu. Ora, pra que ele tem que dizer que quer citar o réu? Não precisaria dessa exigência formal, mas o Código exige e no concurso vocês não podem deixar de fazer. No final da petição inicial: “Requer a citação do réu para ter ciência e, se quiser, responder a demanda.”
	É nesse momento do requerimento da citação que você vai escolher a citação: por correio ou por mandado. Lembrando que nos casos que eu mencionei, tem que ser por edital. 
8.	Requerimento de produção de provas
	O autor tem que indicar as provas com as quais pretende provar o que alega e requerer a produção dessas provas. Cuidado, a gente estuda pra isso, para lembrar de colocar tudo, não faltar nada. Só que, em mandado de segurança, por exemplo, só cabe prova documental. Em mandado de segurança, se você requerer outras provas, é bem mais que meio ponto a menos. Para uma ação ordinária, em que eu posso me valer de qualquer meio de prova, você pode colocar lá: requeiro a produção de qualquer meio de prova. 
9.	Documentos indispensáveis à propositura da ação
	A petição inicial tem que vir acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da ação. O que é um documento indispensável à propositura da ação? Ou é o documento que a lei exige que seja juntado, como é o caso do título executivo na execução, que é um documento indispensável por exigência da lei, ou o documento é indispensável porque o autor faz referência a ele na petição inicial. Se o autor faz referência a um documento na petição inicial, o autor tem que junta-lo. O autor torna o documento indispensável. O documento é indispensável quando a lei o impõe (como no caso do título executivo), ou quando o autor faz a ele referência na petição inicial.
10.	Valor da causa
	Atribuição de valor da causa. Em toda demanda, você tem que atribuir um valor. Não há exceção. E valor da causa é sempre em real. Você não pode colocar salário mínimo, UFIR, dólar. Não pode. É em real. E sempre tem que ser um valor certo. Você não pode dizer assim: atribuo à causa um valor inestimável. Eu já vi isso. Não é chute. E já vi também: atribuo à causa um valor mínimo. Isso não pode. O valor é sempre em real.
	Dica: quem atribui valor à causa é o autor. E se é o autor, não tem sentido você usar o famoso “dá-se à causa o valor de tanto” ou“atribui-se à causa o valor de tanto”. Isso é muito comum e está errado. Porque você sabe quem dá esse valor à causa e quem faz isso é o autor. Então, é: “Dá à causa”. O autor pede, o autor requer, o autor postula, o autor dá, atribui à causa o valor de tanto. Não pode é você na sua petição inicial colocar “o autor pede, o autor requer, o autor postula, o autor solicita, o autor indica e, no final, dá-se”. 
	Agora, olha a dica: Se houver litisconsórcio ativo, “dão” ou “atribuem”. Cuidado para não perder meio ponto! 
	A lei indica como calcular o valor da causa. Há critérios legais do valor da causa, previstos no art. 259, do CPC, critérios esses que podem ser resumidos na seguinte regra: “o valor da causa é o valor do pedido”. Essa é a regra básica do art. 259. Nesses casos, o autor nada pode fazer, tem que fazer o que manda o art. 259. Nos casos do art. 259 não há opção. Ele tem que seguir o que diz o art. 259. Agora, se sua causa não se encaixa no art. 259, cabe ao autor arbitrar o valor da causa. E ele vai fixar de acordo com o que ele quiser. Sempre tem que ter valor. Por exemplo: ação de guarda de filho. Não está no art. 259 e você não tem como dizer qual é o valor econômico de um pedido de guarda. Caberá, então ao autor, fixar o valor da causa. Ou a causa se encaixa no art. 259 e o autor nada pode fazer, senão seguir o que diz a lei ou o autor vai arbitrá-lo. 
“Art. 259.  O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:
        	I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação;
        	II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;
        	III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;
        	IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;
        	V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;
        	VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;
        	VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto.”
O equívoco na fixação do valor da causa, que pode ser, tanto o desrespeito ao art. 259, quanto um arbitramento irrazoável no valor da causa (numa ação de guarda, ele coloca 2 milhões de reais), em ambas as situações ele cometeu um equívoco. Esse equívoco pode ser controlado de ofício pelo juiz ou o réu pode impugnar o valor da causa. Se o réu impugnar o valor da causa, ele dará origem a um incidente processual. A impugnação ao valor da causa pelo réu é um incidente processual que será resolvido por decisão interlocutória (agravo de instrumento, portanto). Então, como eu posso controlar o valor da causa? Se houver desrespeito ao art. 259 ou, sendo caso de arbitramento do valor pelo autor, ele estipular um valor irrazoável (a liberdade não pode dar margem a atos irrazoáveis). 
O valor da causa tem várias funções: fins tributários, mas também tem fins de estabelecer competência, tipo de procedimento, base de cálculo para multas processuais. Se o valor da causa tem vários propósitos, nunca coloquem na petição: “valor da causa para fins meramente fiscais”. Isso não tem o menor sentido porque os fins do valor da causa não são meramente fiscais. Se tem várias funções, não há sentido nesse texto que costuma aparecer nas peças.
Terminamos requisitos da petição inicial.
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