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Márcia Valéria Marconi Divisão e Modelagem de Cargos e Salários Unidade 4 Livro didático digital Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor MÁRCIA VALÉRIA MARCONI Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Olá. Meu nome é Márcia Valéria Marconi. Sou formada em Ciências Contábeis, com uma experiência técnico-profissional nas áreas de contabilidade, controladoria, custos, recursos humanos e educação, sendo mais de 20 anos. Passei por empresas como a Esso Brasileira de Petróleo Ltda., Sadia S.A., Econet Editora Ltda, Grupo Uninter, Universidade Positivo e FAEC. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Autor MÁRCIA VALÉRIA MARCONI INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Introdução......................................................................................10 Competências................................................................................11 Compreendendo a implantação do plano de cargos..........12 A evolução da Implantação no plano de cargos........................12 O grupo envolvido na implantação do plano de cargo..........................................................................................................................14 Impacto dos modelos de cargos na gestão de pessoas.....................................................................................................17 Modelo de Walton.............................................................................................17 Modelo Westley.................................................................................................18 Modelo de Davis e Werther.......................................................................19 O BPSO-96.............................................................................................................21 Estrutura salarial...................................................................................24 Programa de incentivos salariais.......................................................... 27 Programas de benefícios sociais.......................................................... 31 Remuneração........................................................................................35 Remuneração Estratégica........................................................................ 35 Remuneração por Competências....................................................... 36 Remunrção por Habilidades................................................................... 40 Bibliografia.....................................................................................47 Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 9 UNIDADE 04 Divisão e Modelagem de Cargos e Salários10 Você sabe qual é a principal responsabilidade da gestão de pessoas? Nessa disciplina você aprenderá sobre as dúvidas mais frequentes sobre a implantação do Plano de Cargos e Salários. Além disso, será capaz de analisar e interpretar a curva de cargos nas organizações. Com isso, também, realizará a estrutura dos salários. Desse modo, ao final da disciplina você estará preparado para refletir e tomar decisões nas organizações a partir de uma visão sistêmica e que traga resultados equilibrados e positivos para a organização. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 11 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Facilitar a compreensão da necessidade do funcionamento da implantação de cargos e, especificamente neste capítulo, no plano de cargos; 2. Instrumentalizar o aluno com o entendimento desde o planejamento de cargos e salários. Veremos casos e exemplos importantes e atuais dessas abordagens de estrutura salarial na prática das empresas; 3. Facilitar o desenvolvimento de habilidades interpessoais para atuar como Gestor de Recursos Humanos no desenvolvimento do plano de cargos e salários. 4. Relatar sobre Remuneração e definir alguns pontos importantes. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! COMPETÊNCIAS Divisão e Modelagem de Cargos e Salários12 Compreendendo a implantação do Plano de Cargos A gestão por competências é uma importante aliada da gestão estratégica de pessoas, visto que é por meio dos colaboradores da empresa que os objetivos organizacionais serão alcançados. Nesse sentido, o modelo de gestão por competências busca definir e formalizar um conjunto de competências esperadas das pessoas e utilizadas de forma sistemática como parâmetro para desenvolver os colaboradores pessoal e profissionalmente. Ao longo deste capítulo, conheceremos a estrutura, as etapas, os métodos, as técnicas e os instrumentos utilizados para implantar esse modelo orientado para a consecução dos objetivos organizacionais. A evolução da Implantação do Plano de Cargos A implantação do modelo de gestão por competências tende a gerar novos comportamentos nas pessoas, como um maior engajamento na busca do desenvolvimento de novas competências individuais, de forma a contribuir para as estratégias da organização. Para Hipólito (2008), é um parâmetro para a implantação das estratégias, pois representa a base para a estruturação dos processos e de práticas de gestão de pessoas, como: recrutamento e seleção, avaliação, treinamento e desenvolvimento, carreira, remuneração e sucessão. Observe a imagem a seguir. À esquerda estão os processos e práticas de gestão de pessoas e, à direita, como a gestão por competências pode impactar diretamente cada um deles. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 13 Figura 1 – Fases da implantação do plano de cargos Fonte: Adaptado de Fernandes (2009, p. 67-68). O modelo de gestão por competências permite às organizações obter informações que refletem diretamente em cada prática ou processo de gestão de pessoas. Quando conhecemos as competências organizacionais, podemos, por exemplo, recrutar pessoas que tenham o perfil mais Divisão e Modelagem de Cargos e Salários14 compatível com a organização. Nesse sentido, Fleury e Fleury (2000) afirmam que a seleção por competências tem como vantagens o fato de ser objetiva, oferecendo assim maior possibilidade de contratações de sucesso, por recrutar profissionais mais adequadosà empresa. Além disso, quando sabemos quais são as competências individuais de cada colaborador, podemos remunerá-los de forma mais adequada e justa. Desse modo, a administração de recursos humanos precisa estar ajustada à estratégia empresarial, assumindo uma nova dimensão ao exigir um perfil multidisciplinar, não somente com os conhecimentos técnicos exigidos pela empresa. Após a compreensão da influência direta do modelo de gestão por competências nesses processos, precisamos estudar a estrutura, as etapas e os responsáveis por sua implementação do plano de cargos e salários. Grupo envolvido na implantação do plano de cargos A equipe de gestão de pessoas é responsável por conduzir o processo de implantação do modelo de gestão por competências, mas ela precisa contar com a participação de todos na empresa. Podemos destacar quatro grupos principais que estão envolvidos diretamente com essa atividade Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 15 Figura 2 – Gestores responsáveis Fonte: Adaptado de Fernandes, 2013, p.74 A figura apresenta os gestores envolvidos na construção do modelo de gestão por competências, com destaque para o grupo de coordenação, que é o responsável por todo o modelo. Esse grupo coordena as atividades dos demais, que se relacionam, influenciando o trabalho uns dos outros, de forma a desenvolver o modelo de forma coletiva e colaborativa. Vamos entender melhor qual é o papel de cada um desses grupos, segundo Fernandes (2013). Grupo de coordenação: formado pela equipe de gestão de pessoas e de consultoria (caso a organização tenha contratado um serviço terceirizado de consultores), é o encarregado de apresentar a ideia (conceito e metodologia) da gestão por competências para todos os envolvidos, elaborar o projeto do modelo de gestão por competências e potencializar a produção dos demais grupos e oferecer suporte a eles. Grupo diretivo: constituído pelos diretores da organização (alta direção), que fornecem expectativas em Divisão e Modelagem de Cargos e Salários16 relação ao modelo, estabelecem os objetivos e limites do projeto, definem as premissas e as competências organizacionais, acompanham a construção, validando as etapas intermediárias e principalmente tomando a decisão dar a aprovação final do modelo de gestão por competências. Grupos de modelagem: formado por profissionais de diversas áreas (marketing, produção, financeiro etc.) e níveis organizacionais (auxiliar, assistente, gerente etc.) da empresa. São os responsáveis por construir o modelo de gestão por competências, definir seus critérios e sugerir sua estratégia de implantação. Grupos de consulta: compostos por profissionais de vários níveis, carreiras e áreas da organização, têm a função de opinar e ajustar o modelo antes de sua implantação, ou seja, fornecem alinhamento técnico em relação ao projeto. As organizações vêm adotando novos padrões de relação de trabalho, procurando uma maior participação dos colaboradores na tomada de decisões das empresas. Assim, ocorre uma valorização do capital intelectual na empresa, interligando todos os departamentos para cumprir os objetivos organizacionais. Desse modo, todos na empresa precisam estar envolvidos para que o desenvolvimento e a implantação do modelo aconteçam conforme o planejado. Para tanto, precisamos contar com a sensibilização e a divulgação do modelo de gestão por competências. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 17 Impactos dos modelos de cargos na gestão de pessoas Para ampliar nosso repertório a respeito dos indicadores de Qualidade de Vida no Trabalho, vamos conhecer os seguintes modelos: o de Walton, o de Westley, o de Davis e Werther e o BPSO-96. O Modelo de Walton No Modelo de Walton, a qualidade de vida está inserida em um contexto de conciliação e equilíbrio entre o trabalho e as outras esferas da vida. Para Walton (1973), o idealizador dele, a Qualidade de Vida no Trabalho deve contemplar as necessidades e aspirações do ser humano, assim como a responsabilidade social do trabalhador. Além disso, deve estar fortemente alicerçada na humanização do trabalho e na responsabilidade social da organização, por meio do desenho de cargos e novas formas de estruturar o trabalho que ofereça a ele certa dose de autonomia e promova melhoria do meio organizacional. O Modelo de Walton elenca oito categorias conceituais que destacam os fatores de influência na Qualidade de Vida no Trabalho. No quadro a seguir, elas estão descritas e caracterizadas. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários18 Figura 3: Categorias conceituais do Modelo de Walton Fonte: Adaptado de WALTON, 1973, p. 11-21. E o que o Modelo de Walton sinaliza ao gestor sobre os fatores promotores da Qualidade de Vida no Trabalho? Acreditamos que, de forma simples e objetiva, ensina que o que impacta a Qualidade de Vida no Trabalho não é apenas o trabalho em si, mas especialmente a forma como é conduzido. Esse modelo oferece destaque aos valores humanos e ambientais, muitas vezes negligenciados pelas organizações em favor do avanço tecnológico, do crescimento econômico e da produtividade. O Modelo de Westley O Modelo de Westley foi publicado nos Estados Unidos em 1979. Nesse estudo, o autor associa quatro problemáticas cuja gênese está na sociedade industrial Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 19 e debate o modo como elas interferem no trabalho. De acordo com o modelo, que leva o nome de seu autor, os problemas provenientes do ambiente de trabalho podem ser de ordem política (insegurança), econômica (injustiça), psicológica (alienação) e sociológica (anomia). Sob essa perspectiva, cada uma dessas categorias deve ser analisada, pois contém os germes da destruição da Qualidade de Vida no Trabalho: a insegurança, representada pela instabilidade no emprego; a injustiça, expressa pela desigualdade salarial; a alienação, que remete à baixa autoestima; e anomia, manifesta pela carência de uma legislação trabalhista. O quadro a seguir apresenta as dimensões propostas pelo autor. Figura 4: Dimensões do Modelo de Westley Fonte: RUSHEL, 1993, apud FERNANDES, 1996. O Modelo de Davis e Werther O modelo de Qualidade de Vida no Trabalho de Davis e Werther foi publicado pela primeira vez em 1981 nos Estados Unidos. A compreensão dele está atrelada ao entendimento do cenário que o originou. Os anos de 1970 representaram um período muito difícil para a economia norte-americana, fortemente afetada pelo aumento da inflação e do desemprego, sobretudo na fase de transição compreendida entre as décadas de 1970 e Divisão e Modelagem de Cargos e Salários20 1980. Esse cenário instigou a realização de estudos sobre a Qualidade de Vida no Trabalho, com ênfase no projeto de cargo nas organizações. A promoção e a melhoria desse quesito eram vistas como forma de tornar os cargos mais produtivos e satisfatórios. Para os autores do modelo, quais são os diversos fatores que afetam a Qualidade de Vida no Trabalho? As condições de trabalho, a remuneração, o tipo de liderança e supervisão exercidas e os benefícios ofertados são elencados como fundamentais. Contudo, por mais que o colaborador receba boa remuneração pelo que faz, tenha um bom ambiente de trabalho e uma liderança competente, as atividades e funções exercidas podem ser tediosas. Para Werther e Davis (1983, citado por PEDROSO et al., 2009), a rotina pode se configurar como um fator negativo na medida em que se acredita que a satisfação no trabalho está atrelada a um cargo desafiador, compensador e interessante aos olhos do colaborador. Os autores informam que apenas a reformulação dos cargos pode não ser suficiente para sanar todos os tipos de insatisfação com o trabalho; em alguns casos, é importante considerar também a possibilidade de que o empregado possa mudar de cargo, assumindo funções que sejam mais compatíveis com o perfil dele. Mas é oportuno esclarecer que a reformulaçãocomporta tanto as necessidades do colaborador quanto das funções que o compõem, considerando os desafios ambientais, organizacionais e comportamentais. De acordo com Werther e Davis (1983, citado por PEDROSO et al., 2009), esses desafios têm reflexos na Qualidade de Vida no Trabalho, e podem até mesmo comprometê-la caso as mudanças não sejam na medida do possível previstas e monitoradas. O quadro a seguir apresenta os fatores ambientais, sociais e comportamentais que integram o Modelo de Davis e Werther. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 21 Figura 5: Modelo de Davis e Werther – fatores ambientais, organizacionais e comportamentais. Fonte: WERTHER; DAVIS, 1983, apud PEDROSO et al., 2009. O que esse modelo ensina ao gestor? Por meio dele, é possível refletir sobre a relevância de pensar o cargo considerando-se os fatores ambientais, organizacionais e comportamentais. Especialmente sinaliza o papel-chave do processo de recrutamento e seleção da organização no sentido de que seja eficaz em alocar o colaborador certo para o lugar certo; isso significa afirmar que quando o colaborador desempenha funções compatíveis com o seu perfil, a possibilidade que tenha satisfação com o trabalho aumenta exponencialmente. O BPSO-96 O modelo é fruto da tese de doutorado da pesquisadora Limongi-França (1996), que propõe um instrumento de avaliação da satisfação dos colaboradores por meio de indicadores empresariais selecionados com base no enfoque biopsicossocial. Segundo preconiza a estudiosa, as camadas biológica, psicológica e social são associadas à organizacional, que comporta elementos tais como missão, visão, valores da organização, sua tecnologia, mercados, produtividade e gestão, representados por lideranças desenvolvidas não somente tendo em vista as competências técnicas, mas, sobretudo, as comportamentais. Assim se desenha o Modelo BPSO-96: Divisão e Modelagem de Cargos e Salários22 Dimensão biológica: por meio de elementos que atendam às necessidades físicas do colaborador; de promoção da saúde e da segurança no trabalho, assim como o controle dos riscos ambientais (biológicos, físicos, químicos ou ergonômicos). Dimensão psicológica: por meio de elementos que assegurem um ambiente de trabalho saudável, caracterizado pela tolerância às diferenças, livre de todo tipo de assédio, e que promova a autoestima e o desenvolvimento de competências pessoais e profissionais. Dimensão social: por meio da oferta de benefícios sociais, não apenas os obrigatórios por lei, mas também outros espontâneos e flexíveis, assim como a promoção de oportunidades de lazer, esporte e cultura aos colaboradores, extensivas aos familiares. Dimensão organizacional: por meio da valorização da imagem corporativa, da qualidade de produtos e serviços, do relacionamento da organização com os colaboradores e com toda a sociedade. O quadro a seguir apresenta os indicadores para cada camada e os setores envolvidos da organização. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 23 Dimensão Psicológica Dimensão Social Dimensão Organizacional Dimensão Biológica Figura 6: BPSO-96 Fonte: Adaptado com base em LIMONGI-FRANÇA, 2014, p. 134-139. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários24 Estrutura salarial Como vimos, a área de Gestão Tradicional de Pessoas é responsável pelas práticas de administração, entre elas a remuneração das pessoas, com o objetivo de recompensar, dar benefícios e incentivos. Todos esses processos são executados pelas empresas de acordo com a sua realidade interna e externa e o gestor de pessoas deve obter a melhor compatibilização entre eles. Além disso, devem funcionar como um sistema aberto e interativo e, portanto, é tratado como um modelo diagnóstico para o gerenciamento nas organizações. Figura 7 – Processo de Recompensa Fonte: Chiavenato (2009 p. 17). Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 25 As pessoas buscam nas empresas, além de retribuição monetária, o seu reconhecimento e a sua autorrealização, pois ninguém trabalha “a troco de nada”, certo? Mas também ninguém se esforça para receber, exclusivamente, o seu salário limpo e seco no final do mês, concorda? Por esse motivo é que os sistemas de recompensas devem contemplar tanto aspectos financeiros, como não financeiros e devem estar vinculados tanto aos interesses organizacionais, como às expectativas de seus colaboradores. Esse é o tema que abordaremos nesta unidade. Chiavenato (2009, p. 312) declara que, cada vez mais, as organizações têm adotado programas de remuneração flexíveis e variados capazes de “incentivar e mexer com o brio das pessoas”. Vamos começar destacando que Chiavenato (2009) afirma que as recompensas estão divididas em dois grupos: financeiras, as quais podem ser diretas (quando o pagamento ocorre na forma de salários, bônus, comissões etc.) e indiretas (quando é decorrente de cláusula da convenção coletiva do trabalho e do plano de benefícios e serviços sociais oferecidos pela organização, tais como férias, 13º salário etc.); e não financeiras, que correspondem às oportunidades de desenvolvimento, ao reconhecimento e autoestima, à liberdade e autonomia no trabalho, à qualidade de vida etc. O processo de recompensar pessoas e vimos que existem formas financeiras e não financeiras de pagar os funcionários pelo seu trabalho realizado. Juntas, essas formas constituem os programas de remuneração das empresas. O dinheiro pode ser um poderoso motivador nas organizações. Se as pessoas acreditarem haver ligação direta ou indireta entre desempenho e consequente Divisão e Modelagem de Cargos e Salários26 aumento de remuneração terão maior produtividade dentro da empresa? Pense nisso! Antes de começarmos a discussão sobre esse assunto, é fundamental definir o termo salário. Com o apoio de Marras (2009), na Figura 9 apresentamos alguns conceitos: Figura 8 – Definições de salário Fonte: Marras (2009, p. 92). Na prática, os conceitos de salário e de remuneração se confundem e, a fim de desfazer as similaridades entre eles, usaremos a acepção de Chiavenato (2009), que se refere ao salário como sendo a remuneração básica, ou seja, o pagamento em dinheiro. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 27 Dentro do composto da remuneração total, o salário é o principal elemento, segundo Chiavenato (2009), seguido dos programas desenhados para recompensar os colaboradores pelo seu bom desempenho (incentivos salariais) e, por último, dos benefícios concedidos pelas empresas. Mas será que o dinheiro é o único fator que motiva os colaboradores? Não! Um pacote de remuneração deve contemplar, além do dinheiro, incentivos salariais e benefícios sociais. É o que veremos a seguir. Programas de incentivos salariais Caro estudante, você já deve saber que os incentivos salariais são recompensas dadas aos funcionários em prol do seu bom desempenho. Esses programas de incentivos salariais adotados pelas empresas, geralmente, são voltados a estimular o alcance das metas organizacionais (CHIAVENATO, 2009). Assim, podem estar focados no desempenho do cargo ou nas competências individuais. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários28 Figura 9 – Incentivos baseados no cargo x incentivos baseados em competências Fonte: Chiavenato (2009, p. 315). Incentivos Baseados em Cargos • Incentivar o bom desempenho no cargo ocupado • Cargos bem desempenhados pelos seus ocupantes • Adequação dos incentivos ao melhor desempenho dos cargos • Cargos adequadamente remunerados • Melhora do desempenho da força de trabalho/custos do programa de incentivo • Percepção dos ocupantes quanto ao impulso dado pelos incentivos ao melhor desempenho no cargo • Incentivar a boa aplicação das competências individuais ou grupais • Competências bem utilizadas e aplicadas ao negócio da organização • Percepçãodas pessoas quanto ao impulso dado pelos incentivos à melhor aplicação das competências individuais ou grupais • Competências adequadamente incentivadas • Aumento da contribuição individual ou grupal/ custos do programa de incentivo • Percepção das pessoas quanto ao impulso dado pelos incentivos à melhor aplicação das competências individuais ou grupais Objetivo Primário Objetivo Final Eficiência Indicador Retorno sobre o investimento Eficácia Baseados em Competências Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 29 Repare que qualquer programa de incentivo, seja baseado no cargo ou em competências, só é interessante quando há transparência entre o esforço do colaborador e a quantidade de resultados alcançados (CHIAVENATO, 2009). SAIBA MAIS: Para saber mais a respeito da importância dos programas de remuneração, leia a entrevista “Por que um programa de remuneração atrai talentos?” do RH.com.br. Logo, para implantar um programa de incentivo é fundamental ter alguns cuidados, segundo Chiavenato (2009, p. 333): Assegurar que esforços e recompensas são diretamente relacionados: o plano de incentivo deve recompensar as pessoas na proporção direta de sua produtividade maior. Fazer o plano compreensível e facilmente calculável pelos colaboradores: as pessoas devem ser aptas a calcular facilmente as recompensas que deverão receber pelos vários níveis de esforço. Formular padrões eficazes: os padrões devem ser vistos como justos pelos colaboradores. Os objetivos devem ser claros e específicos. Garantir os padrões: os padrões devem ser vistos como um contrato com os colaboradores. Quando o plano funcionar não se deve reduzir o tamanho do incentivo em nenhum sentido. Garantir padrão de base horária: o pessoal de fábrica (horistas) trabalha melhor com padrões relacionados com sua base horária de salário. Proporcionar apoio ao plano: a organização e os dirigentes devem dar maior suporte possível ao plano. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários30 Antes e durante a sua vigência o plano deve receber total apoio de todos os dirigentes e gerentes. Dessa maneira, as organizações usam variadas formas de incentivos salariais, tais como bonificação, distribuição gratuita de ações da organização, participação nos lucros e resultados, comissões, dentre outros. Na empresa Promon Tecnologia, por exemplo, os empregados são também acionistas. Assim, quando um falece, aposenta-se ou sai, as suas ações são compradas pela organização e redistribuídas entre os que ficam. Elas não podem ser vendidas fora da companhia, não se transferem por herança e nem podem ser doadas (CHIAVENATO, 2009). Já o Banco do Brasil adota como programa de incentivo salarial a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) que, em conformidade com Chiavenato (2009, p. 333), é “[...] um sistema pelo qual uma organização distribui anualmente entre seus colaboradores uma certa proporção de seus lucros”. Até 2002, o Programa de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) era determinado pelo próprio banco. Todavia, em 2003, esse programa passou a ser estabelecido por meio de acordos entre o Banco do Brasil e as instituições representativas dos funcionários. Em contrapartida, destacamos que alguns programas de incentivo podem diminuir o espírito de equipe se forem pautados em recompensas individuais. Nesse sentido, é fundamental estabelecer políticas que envolvam todas as pessoas da organização, priorizando as contribuições grupais. Além dos incentivos salariais, os programas de remuneração são edificados também por intermédio dos benefícios sociais, que veremos no tópico a seguir. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 31 Programas de benefícios sociais Devemos entender o benefício como “[...] o conjunto de programas ou planos oferecidos pela organização como complemento ao sistema de salários” (MARRAS, 2009, p. 137). Assim, os benefícios são formas indiretas de recompensar pessoas. Eles fazem parte dos programas de remuneração flexíveis praticados pelas empresas para reter os seus talentos. Chiavenato (2009, p. 340) complementa esse conceito, salientando que “[...] benefícios são certas regalias e vantagens concedidas pelas organizações, a título de pagamento adicional dos salários, à totalidade ou à parte de seus funcionários”. Por isso, podemos entender que os benefícios sociais devem atender a necessidades intrínsecas, ou seja, aquelas que se originam dentro da pessoa, e também a questões extrínsecas, que são aquelas que despontam no mundo exterior do ser humano (MARRAS, 2009). Nessa perspectiva, Chiavenato (2009) classifica os benefícios sociais quanto à exigibilidade legal, quanto à natureza e quanto aos seus objetivos. Dessa forma, quanto à exigibilidade legal, os programas de benefícios podem ser (CHIAVENATO, 2009): legais: exigidos pela legislação trabalhista ou previdenciária ou por convenção coletiva entre sindicatos, como férias, 13º salário, aposentadoria, seguro de acidentes do trabalho, auxílio-doença, salário-família, salário- maternidade etc.; espontâneos: não são exigidos por lei, por isso são concedidos por mera liberalidade das empresas, como, por exemplo, gratificações, seguro de vida, empréstimos aos funcionários, assistência médico-hospitalar diferenciada mediante convênio, complementação de aposentadoria ou planos de seguridade social etc. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários32 É comum vermos os programas de benefícios estruturados por nível hierárquico nas corporações brasileiras (MARRAS, 2009). Por exemplo, no nível estratégico, os executivos têm, dentro de um “leque” de opções, a liberdade de escolher os benefícios que mais lhe atraem. Figura 10 – Benefícios Fonte: Adaptado de Marras (2009, p. 141). Quanto à natureza, os programas de benefícios são divididos em monetários e não monetários, segundo Chiavenato (2009): benefícios monetários: são aqueles concedidos em dinheiro, normalmente por meio da folha de pagamento e com encargos sociais decorrentes, como férias, 13º salário, gratificações, complementação dos salários nos afastamentos prolongados por doença; benefícios não monetários: são os benefícios não financeiros. Assim, consistem em serviços, vantagens ou Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 33 facilidades para os usuários, o que pode ser refeitório, assistência odontológica, grêmio, horário flexível, serviço social, psicólogo etc. São várias as recompensas não financeiras que podem ser proporcionadas por meio do trabalho na organização: orgulho, autoestima, reconhecimento, segurança no emprego etc., os quais são sentimentos que afetam a satisfação das pessoas em relação ao sistema de remuneração. Daí a necessidade de consolidar todas as recompensas no seu conjunto total. Quanto aos objetivos, podemos agrupar os programas de benefícios sociais em (CHIAVENATO, 2009): benefícios assistenciais: objetivam proteger e prover o funcionário e sua família de certas condições de segurança e previdência em casos de imprevistos ou emergências. Isso pode incluir creche para os filhos de funcionários, complementação da aposentadoria ou planos de previdência social, assistência médico-hospitalar etc.; benefícios recreativos: são aqueles que proporcionam ao funcionário condições físicas e psicológicas de repouso, diversão, recreação, higiene mental ou lazer. Em alguns casos, esses benefícios se estendem também à família do funcionário; benefícios supletivos: proporcionam objetivos sociais, como as festividades e congraçamentos, resultando no fortalecimento da organização informal. São exemplos: estacionamento privativo, agência bancária no local de trabalho, cooperativa de gêneros alimentícios ou convênio com supermercados, restaurantes etc. Podemos observar que o programa de benefícios é determinado pelas organizações de acordo com as demandas de seus empregados, com o intuito de satisfazer questõespessoais, econômicas e sociais. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários34 Mas como atender essas questões? Para atendê-las, propomos algumas etapas (CHIAVENATO, 2009, p. 347): Estabelecer objetivos e a estratégia de benefícios: existem três tipos de estratégias de benefícios: estratégia de pacificação – oferecer os benefícios que os funcionários desejam em função de suas expectativas; estratégia comparativa de benefícios – proporcionar programas similares aos programas existentes no mercado; e estratégia de benefícios mínimos – oferecer os benefícios legais e apenas os benefícios espontâneos de menor custo. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 35 Remuneração O que podemos chamar de remuneração? Essa pergunta pode parecer estranha e é bem provável que você esteja pensando que a resposta é direta. Esse termo, pode ser definido como uma junção de ganhos básicos no meio corporativo, que praticamente todo o patrão e empregado deveria dominar, na prática, não é bem assim que acontece. Muitas vezes, esse conceito é confundido com salário, por exemplo, e esse engano pode trazer consequências nada positivas para uma organização. A remuneração pode ser definida como o conjunto dos ganhos de um colaborador. O salário, por exemplo, faz parte da remuneração, mas outros elementos também a compõem e não podem ser desconsiderados. Remuneração Estratégica Sabemos que as organizações estão, dia após dia, procurando novas formas de gestão empresarial e têm voltado a sua atenção e o seu aprimoramento ao fator humano. Conheceremos os benefícios que podem ser concedidos aos funcionários pelo seu bom desempenho e como uma forma de atraí-los e mantê-los na organização. Agora, veremos outros dois elementos que se destacam na administração de Recursos Humanos a remuneração e a carreira. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários36 Figura 11 - Remuneração Fonte: Freepik Conheceremos dois tipos de remuneração com enfoque estratégico que favorecem a progressão profissional baseada nas características pessoais do funcionário. São eles: Remuneração por competências e Remuneração por Habilidades. Remuneração por competências Você já deve ter percebido que muitas empresas estão migrando dos métodos tradicionais de remuneração, assentados em cargos, para um sistema apoiado nas competências de seus empregados. Chiavenato (2009, p. 332) nos instrui que a remuneração por competências “[...] surgiu da necessidade de diferenciar Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 37 empregados com habilitações diversas”. Dessa forma, as pessoas passaram a ganhar pelo que sabem. Além disso, Resende (2002) chama a nossa atenção sobre os conceitos de competências e habilidades aplicados à remuneração e carreira. Ele salienta que às vezes eles andam juntos; em outras, separados. Assim, a fim de evidenciar essas imprecisões, as quais podem até resultar em deficiências nos programas de remuneração, Resende (2002, p. 18) define alguns termos relacionados a esse assunto: Aptidão: característica ou recurso inato ou adquirido que está mais enraizado nas pessoas e que diz respeito principalmente a características físicas/ fisiológicas, mentais ou intelectuais, de personalidade, temperamento ou caráter. Exemplos: resistência física, visão de profundidade, raciocínio lógico, memória, autocontrole emocional. Habilidade: característica de potencial humano (desenvolvido) que favorece realizações pessoais, saber fazer. Exemplos: ser persuasivo, flexível (ter jogo de cintura), bom negociador, ter senso de humor. Qualificação: requisitos de conhecimentos, treinamento ou formação, capacitação e competências requeridas para a execução de determinados trabalhos, ou exercício de profissões, cargos ou atividades. Exemplos: certificação para ser professor. Capacitação: recursos de aptidões, habilidades, qualificações e conhecimentos de que se dispõe para atender a determinados objetivos ou aplicações. Exemplos: capacidade física (para ser atleta), capacidade de liderança (para ser supervisor). No que tange à competência, Resende (2002) menciona que, antes, a sua definição tinha uma aplicação comum, no mesmo nível dos conceitos descritos anteriormente. Todavia, recentemente esse autor passou a Divisão e Modelagem de Cargos e Salários38 incluir no seu conceito a ideia de resultado. Lembre-se de que, durante muito tempo, valorizava- se mais a disciplina do que os aspectos ligados aos resultados. Ou seja, parecia que as empresas estavam mais voltadas a controlar a conduta dos empregados do que em melhorar a sua produtividade no trabalho. Foi somente por força do ambiente competitivo que as empresas passaram a recompensar as pessoas, levando em consideração as competências individuais. Nesse sentido, na concepção de Chiavenato (2009), com essa mudança de foco, na remuneração por competência é importante: discutir as competências necessárias para o trabalho e os pontos fortes e fracos do colaborador; programar, de forma conjunta, o treinamento necessário para alinhar o processo em que cada indivíduo possa ser responsável pelo seu autodesenvolvimento e qualificação; e remunerar de forma personalizada. Na remuneração por competência, o conceito de competência deixa de ser visto apenas como o acúmulo de conhecimentos, habilidades ou atitudes individuais e passa a observar a “entrega”, a “contribuição” resultante da mobilização desse conjunto de conhecimentos e habilidades. Pense nisso! Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 39 Fonte: Freepik Podemos saber ainda, sobre o modelo de remuneração por competências, que (RESENDE, 2002, p. 7): Não se trata de modismo. Constitui uma evolução do modelo tradicional, corrigindo algumas de suas deficiências em termos de pressupostos e metodologias e acrescenta-lhe alguns aspectos inovadores. Embora fundamentais e de grande importância, as mudanças relacionadas com remuneração ocorrem mais na parte referente à diferenciação salarial entre pessoas e menos nos critérios de determinação do valor relativo dos cargos. A quantidade e significação dos novos paradigmas de remuneração e também de carreira introduzidos pelo novo modelo agregam muitos e efetivos valores e resultados à gestão de pessoas, o que faz acreditar ser uma das mais importantes evoluções já ocorridas na Administração de RH em todos os tempos. Ante as observações de Resende (2002), podemos dizer que os modelos modernos de planos de carreira Divisão e Modelagem de Cargos e Salários40 enfatizam as pessoas e os resultados. Repare que os modelos tradicionais, em contrapartida, são fundamentados nas exigências do cargo, aplicando parâmetros comparativos ligados a aspectos internos e externos às empresas. Remuneração por habilidades Caro estudante, os avanços trazidos pelas formas de remuneração e carreira baseadas em competências e habilidades requerem gestão mais profissional, critérios mais justos e claros, políticas administrativas consistentes e feedbacks constantes. Entretanto, essa forma de remunerar ainda é pouco praticada no mercado por exigir investimentos consideráveis da empresa, já que implica fundamentalmente em treinamento e desenvolvimento profissional (MARRAS, 2009). Você entendeu por que isso ocorre? É devido à maneira como é feita a progressão do indivíduo em termos de recompensa financeira: ela só conseguirá crescer dentro da empresa se desenvolver o seu nível de habilidade. Dessa forma, a remuneração por habilidades realça a premissa de que o colaborador, para ter ascensão na organização, deve apresentar as suas aptidões, ou seja, o funcionário deve apresentar as suas aptidões que são as suas características físicas, fisiológicas, mentais ou intelectuais, de personalidade, temperamento ou caráter e mostrar a forma como aplica estas características no trabalho. Entretanto, vale ressaltar que existem pessoas que já nascem com certas aptidões e há outras que necessitamdo auxílio da corporação para evoluí-las. É por essa razão que Marras (2002, p. 124) assinala que “[...] em ambos os casos, a empresa precisa manter os seguintes subsistemas de RH e cuidar para que o modelo funcione como se deve”: Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 41 Recrutamento e Seleção (R&S): possibilita ingressar na organização aqueles que têm as características alinhadas às que a empresa requer. • Treinamento e Desenvolvimento (T&D): dessa forma, é possível captar, implementar e desenvolver as características técnicas e comportamentais que os indivíduos precisam amplificar para que consigam se integrar no modelo de remuneração por habilidades de forma efetiva. Com isso, percebemos que as organizações que adotam a remuneração por habilidades devem promover o constante aprimoramento dos trabalhadores, pois quanto maior o nível de habilidades que um empregado conseguir assimilar, tanto maior será o nível de remuneração recebida como contrapartida (MARRAS, 2002). Figura 12 - Remuneração por habilidade Fonte: Freepik Divisão e Modelagem de Cargos e Salários42 Resende (2002) concorda com Marras (2002) e acrescenta que a base do pagamento com base em habilidades é a diferenciação dos salários dos ocupantes dos mesmos cargos de acordo com potencial humano, ou seja, o saber fazer. A metodologia de remuneração por habilidades proporciona benefícios às organizações. Vejamos quais são eles, de acordo com Resende (2002, p. 33): 1. Direciona a empresa na ênfase à competência: o movimento atual mais forte de busca de melhoria dos padrões de excelência é aquele que focaliza o fator competência, incluindo a competência da empresa como um todo, bem como das unidades, áreas, equipes e profissionais. 2. Concede à remuneração fixa o sentido estratégico: favorece, de forma efetiva, o desenvolvimento profissional amplo, que leva a empresa a uma consequente melhoria do desempenho geral. 3. Proporciona mais visibilidade e transparência ao desenvolvimento profissional: possibilidades de progresso profissional, para motivar e segurar profissionais qualificados, precisam ser criadas através de políticas, planos, programas e sistemas. 4. Amplia os planos de carreira: define, estruturalmente, mais um plano de carreira (horizontal), para se somar ao plano de carreira conhecido (vertical). Ambas as trajetórias de carreira condicionam o progresso profissional ao desenvolvimento das qualificações e habilidades. Empresas e empregados ganham com isso. 5. Estimula o autodesenvolvimento profissional: vincular os aumentos salariais ao desenvolvimento das qualificações, competências e habilidades para o pleno exercício do cargo. Os empregados e a empresa crescem de forma continuada. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 43 6. Põe fim ao salário paternalista, manipulativo e inflacionário: critérios frágeis e subjetivos para concessão de aumentos salariais individuais, como os que predominaram nas organizações até recentemente, propiciam aos gerentes e supervisores utilizarem o salário em concessões paternalistas que revelam intenções subjacentes de recompensar por sentimentos, com intuito de substituir deficiências de liderança, ou ainda para manipular situações na organização das equipes e dos trabalhos. Tais práticas acarretam – e têm acarretado – algumas consequências negativas que as empresas não poderão mais tolerar: a discriminação salarial, que é uma das principais causas de desmotivação; o desequilíbrio interno dos salários; e o inflacionamento da folha de pagamento, que afeta os custos dos produtos ou serviços. 7. Favorece a equidade ou justiça salarial: minimiza as possibilidades de subjetivismos, generalismos e discriminações indevidas. 8. Minimiza os riscos de reclamações de isonomia salarial: a metodologia define claramente as diferenças exigidas de capacitação – que leva à diferença de desempenho – entre os ocupantes do mesmo cargo, em função dos diferentes estágios de competências e habilidades. Obriga a empresa a estabelecer regras claras, dispor de instrumentos e ainda sugere a certificação das competências e habilidades dos empregados. 9. Favorece a implementação objetiva de sistemas de avaliação de desempenho e potencial: define claramente os fatores que devem ser avaliados e vincula as avaliações a diversos planos e programas: remuneração, carreiras, treinamento etc. 10. Favorece o feedback aos empregados: proporciona segurança às lideranças para dar feedback. 11. Favorece a implantação do modelo integrado de remuneração: as empresas que pretenderem ser Divisão e Modelagem de Cargos e Salários44 competitivas deverão combinar adequadamente seus planos de remuneração fixa, variável e de incentivos. 12. Favorece a motivação geral do pessoal, o clima organizacional e as relações trabalhistas: trata-se de um benefício em cadeia. O autodesenvolvimento profissional com consequências salariais (com regras transparentes) aumenta a motivação do pessoal, o que, por sua vez, contribui para melhorar o clima organizacional e, ambos, favorecem significativamente a melhoria das relações trabalhistas. 13. Contribui para o desenvolvimento da competência de gestão de pessoas: um dos pontos reconhecidamente fracos nas organizações brasileiras é o despreparo dos gerentes, coordenadores, supervisores, encarregados e líderes para lidar com pessoas e sistemas de administração de recursos humanos. A implementação da metodologia de remuneração agora tratada obriga as lideranças a se envolverem mais com o assunto e a aprenderem um pouco mais, e objetivamente, a respeito de pessoas e diferenças individuais, tornando-as mais capacitadas para esta tarefa. 14. Favorece a administração integrada de recursos humanos, centrada na competência: integram os subsistemas de salário, carreira, avaliação de pessoal, treinamento e seleção, tendo como ponto central os fatores de competências e habilidades. Então, mesmo ante tantos benefícios, a remuneração por habilidades – ainda que preze pelo equilíbrio interno – ignora a equidade externa, pois não faz uma comparação salarial com o mercado. Repare que essa prática pode resultar em uma subvalorização das habilidades dos trabalhadores. É por isso que a remuneração por habilidades não é indicada para todo tipo de empresa. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários 45 SAIBA MAIS: A aplicação da remuneração por habilidades parece mais adequada a unidades industriais que apresentam poucos níveis hierárquicos e um estilo gerencial aberto, voltado para a administração participativa. Leia o artigo “Sistema de remuneração por habilidades para trabalhadores multifuncionais” e saiba mais. Síntese da Unidade: Nesta unidade compreendemos que: Existem processos de recompensas, programas de incentivo e benefícios sociais. Os tipos de remuneração estratégica: remuneração por competências e remuneração por habilidades e as particularidades de cada um. Deve-se desenvolver grau de complexidade da atividade a fim de melhorar a remuneração. RESUMINDO: Por isso, o administrador precisa conhecer como planejar o cargo e analisar os riscos e custo-benefício do negócio. Para poder estar alinhado ao mercado e ser um diferencial frente aos concorrentes analisar seu planejamento estratégico para verificar se está tendo um grande retorno do investimento. Caro estudante, você chegou ao fim desta aula, parabéns! Nela, você aprendeu sobre análise sobre avaliação de desempenho de cargos. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários46 REFLITA: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a modelo de gestão estratégica de cargos e suas competências. Para complementar seu aprendizado, não deixe de realizar as atividades que acompanham esta aula. Até a próxima! Divisão e Modelagemde Cargos e Salários 47 BIBLIOGRAFIA CHIAVENATO, Idalberto: Gestão de Pessoas. Rio de Janeiro: Campus, 2004. CHIAVENATO, Idalberto. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal: como agregar talentos à empresa. 7 ed., Barueri, SP.: Manole, 2009. DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectiva. São Paulo: Atlas, 2009. FERNANDES, A. C. Mapas estratégicos do Balanced Scorecard: contribuições ao seu desenvolvimento. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013. HIPÓLITO, José Antônio Monteiro, Administração Salarial – A remuneração por competência como diferencial competitivo – São Paulo: Atlas, 2001. PONTES, B. R. Avaliação de Desempenho: uma abordagem sistêmica. São Paulo: LTR, 1997. CASCIO, Wayne e BOUDREAU, John. Investimento em Pessoas. Editora: BOOKMAN. Livro online. MINTZBERG, Henry, et al. Management Não é o que Você Pensa. Editora: BOOKMAN. Livro online. ULRICH, Dave e ULRICH, Wendy. Por que trabalhamos? Editora: BOOKMAN. Livro online. Divisão e Modelagem de Cargos e Salários48 ULRICH, Dave; et al. RH de Dentro para Fora. Editora: BOOKMAN. Livro online. WEBBER, Antonio Celso M. Afinal, Onde Estão os Líderes? Editora: BOOKMAN. Livro online. HIPÓLITO, José Antônio Monteiro, Administração Salarial – A remuneração por competência como diferencial competitivo – São Paulo: Atlas, 2001. PONTES, B. R. Avaliação de Desempenho: uma abordagem sistêmica. São Paulo: LTR, 1997. CASCIO, Wayne e BOUDREAU, John. Investimento em Pessoas. Editora: BOOKMAN. Livro online. MINTZBERG, Henry, et al. Management Não é o que Você Pensa. Editora: BOOKMAN. Livro online. ULRICH, Dave e ULRICH, Wendy. Por que trabalhamos? Editora: BOOKMAN. Livro online. ULRICH, Dave; et al. RH de Dentro para Fora. Editora: BOOKMAN. Livro online. WEBBER, Antonio Celso M. Afinal, Onde Estão os Líderes? Editora: BOOKMAN. Livro online.
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