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ENSINO MÉDIO 2 - 2020 - VOLUME 1 - PROVA I Língua estrangeira: Inglês L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S ENSINO MÉDIO 2 - 2020 - VOLUME 1 - PROVA I Língua estrangeira: Espanhol L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 PAPIST IMMIGRANTS ARE WRECKING OUR ECONOMY WITH THEIR FECUNDITY! WE MUST ERECT A WALL OF BRASS AROUND THE COUNTRY FOR THE EXCLUSION OF CATHOLICS! CHINESE IMMIGRANTS REFUSE TO ASSIMILATE... AND IF WE LET TOO MANY IN, THEY’LL UNDERMINE OUR ECONOMY! NOW, I’VE GOT NOTHING AGAINST JEWS... BUT THE JEWS ARE COMING IN HUGE NUMBERS! THE ECONOMY CAN’T TAKE IT! WE’VE GOT NOTHING AGAINST MEXICANS. BUT THEY REFUSE TO ASSIMILATE! THEY’RE RUINING OUR ECONOMY! WE SHOULD ERECT A WALL. HISTORY MARCHES ON; NATIVISM MARCHES IN PLACE (“WALL OF BRASS...” IS QUOTED FROM JOHN JAY, THE FIRST CHIEF JUSTICE OF THE SUPREME COURT.) le ft yc a rt o o n s. c o m A m p e rs a n d b y B. D e u ts c h Bar ry D eu ts ch A charge demonstra a concepção do cidadão estadunidense no que diz respeito à entrada de estrangeiros em seu território, em diferentes períodos históricos. Nesse sentido, a charge sugere o(a) A. reconhecimento da contribuição dos imigrantes para a economia. B. aceitação de imigrantes independentemente de sua origem. C. facilidade em lidar com pessoas de diferentes etnias. D. preferência clara por imigrantes de origem não católica. E. manutenção da mesma mentalidade não obstante a época. Alternativa E Resolução: Analisando os dizeres de cada um dos personagens nos diferentes períodos históricos, verifica-se que todos declaram o mesmo sobre o impacto negativo dos imigrantes estrangeiros na economia. É possível observar comentários semelhantes, em épocas distintas, também no que se refere à recusa dos estrangeiros de assimilar a cultura estadunidense e à construção de um muro para impedir a entrada deles nos Estados Unidos. Assim, percebe-se que a mentalidade do cidadão estadunidense quanto à entrada de estrangeiros no país foi mantida ao longo do tempo, conforme indica a alternativa E. QUESTÃO 02 How to train your mind to remember anything Once upon a time, the idea of having a trained, disciplined, cultivated memory was not nearly so strange a notion as it might seem to be today. People invested in their memories, in laboriously furnishing their minds. Over the last few millennia, we’ve invented a series of technologies – from the alphabet to the printed book to the photograph to the iPhone – that have made it easier and easier for us to externalize our memories and essentially outsource this fundamental human capacity. These technologies have made our modern world possible, but they’ve also changed us. They’ve changed us culturally, and I would argue that they’ve changed us cognitively. Having little need to remember anymore, it sometimes seems as if we’ve forgotten how. Disponível em: <http://edition.cnn.com/2012/06/10/opinion/foer- tedmemory/index.html?hpt=hp_c4>. Acesso em: 10 jun. 2012 (Adaptação). Segundo o texto, se, por um lado, a invenção de novas tecnologias ligadas ao armazenamento de dados trouxe a facilidade de guardar grande quantidade de informações, por outro, levou o ser humano a A. treinar a memória com mais afinco. B. diminuir o exercício da capacidade de memória. C. recuar no desenvolvimento de técnicas de memorização. D. recorrer a outros meios de registrar suas memórias. E. ocupar a memória com informações irrelevantes. Alternativa B Resolução: Nos últimos milênios, foram inventadas várias tecnologias que facilitam a externalização de memórias, o que, segundo o autor do texto, basicamente terceirizou essa capacidade humana fundamental. Isso quer dizer que a retenção da memória foi delegada a recursos externos, como o livro impresso, a fotografia e o smartphone. Segundo o texto, isso mudou o ser humano, tanto em termos culturais quanto cognitivos, uma vez que essas tecnologias diminuem, consequentemente, a necessidade de exercitar a memória, conforme indica a alternativa B. QUESTÃO 03 Cloak, the new app When Brian Moore moved to New York several years ago, he ran into his former girlfriend four separate times in six months. They weren’t on amicable terms. So he did what anyone in that situation would do. He set about building a mobile app that lets you actively avoid the people you want (or need) to avoid. “That’s where the first seed started”, Moore, who describes himself as more of a creative director than developer, told Newsweek. Cloak, as Moore and his collaborators dubbed their antisocial network, arrived this week. It’s an iOS app that combs your acquaintances’ Foursquare and Instagram accounts and presents you with a user-friendly map of where they have most recently checked in or taken photos. It also lets you list specific people you want to avoid – like “co-workers you don’t like or exes”. The app is available on iTunes, where it’s free. SCHONFELD, Z. Disponível em: <http://www.newsweek.com>. Acesso em: 07 abr. 2014. A notícia descreve um novo aplicativo, criado por Brian Moore com o objetivo de A. compartilhar conteúdo com usuários do Foursquare e do Instagram. B. descrever a si mesmo de forma mais alegre e criativa. C. evitar encontrar pessoas que não desejava ver. EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 05 Scientists query health risk of food package chemicals The health risks of chemicals in plastic bottles are the subject of some debate. Scientists say “far too little” is known about the health risks of chemicals used in food packaging, and some could cause cancer. Research is needed to understand the effect on the human body and embryonic development of at least 4,000 chemicals used in packaging, they said. Links between packaging and obesity, diabetes and neurological diseases need to be explored, scientists warned. But critics have said that the call is alarmist. Scientists Jane Muncke, John Peterson Myers, Martin Scheringer and Miquel Porta called for an investigation into the health risks of food packaging in a commentary piece published in the Journal of Epidemiology and Community Health. STEPHENS, P. BBC News. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk>. Acesso em: 21 fev. 2014. [Fragmento] Os riscos oferecidos à saúde humana pelas embalagens descartáveis têm sido recentemente tema de debate na comunidade científica, a qual, segundo o texto, ressalta a necessidade de A. proibir o uso de quatro mil tipos de embalagens, tendo emvista uma investigação realizada sobre os riscos oferecidos à saúde. B. descartar a ideia de que o câncer seja uma doença originada do contato com as embalagens, uma vez que diversos estudos rejeitaram essa possibilidade. C. realizar pesquisas mais aprofundadas envolvendo a questão, já que pouco se sabe sobre o efeito dos produtos químicos das embalagens no corpo humano. D. utilizar produtos ecologicamente corretos para substituir embalagens cujos riscos forem comprovados. E. tratar o assunto como um problema alarmante, mesmo com a discordância de alguns críticos. Alternativa C Resolução: Está correta a alternativa C. No primeiro e segundo parágrafos do texto, o autor afirma que a comunidade científica defende a realização de mais pesquisas (Research is needed), pois muito pouco se sabe sobre os riscos à saúde proporcionados pelas embalagens descartáveis (“far too little” is known about the health risks of chemicals used in food packaging). As demais alternativas estão incorretas porque: (A) o número 4 000 se refere à quantidade de produtos químicos usados nas embalagens, cujos efeitos no corpo humano ainda precisam ser estudados; (B) no primeiro parágrafo, os cientistas afirmam que alguns produtos químicos usados nas embalagens podem, sim, causar câncer; (D) não há menção ao uso de produtos ecologicamente corretos; (E) a comunidade científica não defende que a relação entre doenças e embalagens para alimentos deve ser tratada de forma alarmante, mas estudada com mais profundidade; são os críticos dessa proposta que acusam os cientistas de serem alarmistas. D. marcar encontros em qualquer lugar com amigos distantes. E. verificar as imagens mais acessadas pelos usuários da Internet. Alternativa C Resolução: De acordo com o texto, a ideia de desenvolver o aplicativo Cloak surgiu a partir de uma experiência desagradável vivenciada por seu inventor, Brian Moore: ele encontrou a ex-namorada, a quem não queria ver, em várias ocasiões e lugares diferentes. Para evitar que isso voltasse a acontecer, Moore concebeu o aplicativo, que tem como objetivo indicar em um mapa os locais onde seus conhecidos estiveram recentemente. Dessa forma, o usuário evita encontrar pessoas que são seus desafetos ou que não deseja ver. Portanto, a alternativa correta é a C. QUESTÃO 04 Test “predicts” teen depression risk A tool for predicting the risk of clinical depression in teenage boys has been developed by researchers. Looking for high levels of the stress hormone cortisol and reports of feeling miserable, lonely or unloved could find those at greatest risk. Researchers at the University of Cambridge want to develop a way of screening for depression in the same way as heart problems can be predicted. However, their method was far less useful in girls. Teenage years and early adulthood are a critical time for mental health – 75% of disorders develop before the age of 24. But there is no way to accurately say who will or will not develop depression. GALLAGHER, J. BBC News. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk>. Acesso em: 27 fev. 2014. Pessoas que enfrentam a depressão clínica têm agora mais um aliado: um teste desenvolvido por pesquisadores que auxiliará na elaboração de diagnósticos. A desvantagem percebida nesse novo teste, segundo o texto, é que ele A. produz efeitos colaterais perigosos, tais como problemas no coração. B. diagnostica casos de depressão associados especificamente à solidão e ao desamparo. C. é inútil na produção de diagnósticos em 75% dos casos de depressão em jovens. D. é mais útil na identificação do problema em meninos do que em meninas. E. apresenta menor eficiência na presença de altos níveis do hormônio cortisol. Alternativa D Resolução: Segundo o texto, a desvantagem percebida no novo teste é o fato de que ele apresenta menor eficiência em meninas, conforme aponta a alternativa D. As demais alternativas ou contradizem o texto ou apresentam informações que não são lá encontradas. LCT – PROVA I – PÁGINA 2 EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 Una lengua cambiante y múltiple Español de islas y tierra firme, deltas, pampas, cordilleras, selvas, costas ardientes, páramos desolados, subiendo hacia los volcanes y bajando hacia la mar salada, ningún otro idioma es dueño de un territorio tan vasto. Me oirán en la Patagonia, y en Ciudad Juárez, un continente de por medio, y en el Caribe de las Antillas Mayores, y en el arco del Golfo de México, y del otro lado del dilatado Atlántico también me oirán, y oiré, en tierras de Castilla, y en las de Extremadura, y en las de León, en las de Aragón. Y en Guinea Ecuatorial, y en el desierto saharaui. Nos oiremos, hablaremos. Sabremos de qué estamos hablando, porque en la lengua, somos idénticos, estamos ungidos por la misma gracia. Aguas revueltas de ríos distintos, una sola en su vasta y caótica diversidad que ya del lado de los emigrantes hispanos a Estados Unidos, se vuelve más vasta y sigue nutriéndose y transformándose. Porque una lengua viva, que emigra, y no se queda enclaustrada en su propia casa, siempre lleva las de ganar. RAMÍREZ, S. Disponível em: <http://elpais.com/elpais/2013/10/25/ opinion/1382699960_000266.html>. Acesso em: 26 nov. 2013. [Fragmento] O texto trata da abrangência da Língua Espanhola no mundo e destaca que a(s) A. diversidade linguística enfraquece os laços entre os hispanofalantes. B. riqueza cultural imprime à língua um caráter regional e estático. C. diferenças regionais impedem que os hispanofalantes se entendam. D. variantes da língua se restringem aos territórios da Europa e da América. E. propagação da língua constitui um fator que contribui para seu fortalecimento. Alternativa E Resolução: A alternativa E está correta porque, de acordo com o texto, a diversidade da língua e o fato de ela estar presente em diversos territórios fazem com que o espanhol se torne mais vasto e siga nutrindo-se e transformando-se, ou seja, fortalecendo-se. O seguinte trecho comprova essa ideia: “Aguas revueltas de ríos distintos, una sola en su vasta y caótica diversidad que ya del lado de los emigrantes hispanos a Estados Unidos, se vuelve más vasta y sigue nutriéndose y transformándose”. A alternativa A está incorreta porque a diversidade linguística fortalece os laços entre os hispanofalantes, uma vez que podem compreender-se independentemente do território em que estejam. A alternativa B está incorreta porque a riqueza cultural imprime um caráter abrangente, e não regional. A alternativa C está incorreta porque, por meio da Língua Espanhola, os hispanofalantes podem se entender independentemente do território que habitam. A alternativa D está incorreta porque o texto também cita a existência de uma variante no continente africano, na Guiné Equatorial. QUESTÃO 02 Llamar a Cuba desde Estados Unidos ya es más fácil y, en el futuro, debería empezar a ser también más barato. La empresa estatal cubana de telecomunicaciones, Etecsa, y una compañía estadounidense, IDT, han confirmado la puesta en marcha de una conexión directa entre los dos países. Esto es algo que no existía desde la imposición del embargo norteamericano a la isla a comienzos de los 60, que obligó a que cualquier conexión telefónica se hiciera a través de un tercer país. “El restablecimiento de las comunicaciones directas entre EE UU y Cuba contribuye a ofrecer mayores facilidades y mejor calidad en las comunicaciones entre los pueblos de ambas naciones”, señaló Etecsa en una nota de prensa reproducida por la prensa cubana. El anuncio no es menor, teniendo en cuenta que en EE UU residen casi dos millones de emigrados cubanos, gran parte de los cuales mantienen estrecho contacto con sus familiares en la isla. Disponível em: <http://internacional.elpais.com/ internacional/2015/03/12/actualidad/1426180604_735903.html>.Acesso em: 09 abr. 2015. A notícia extraída de jornal, sobre as relações entre Estados Unidos e Cuba, tem por objetivo principal A. afirmar que a comunicação entre cubanos que vivem nos Estados Unidos e entre suas famílias ocorre via telefone. B. informar a implantação de uma linha direta de comunicação entre os dois países. C. confirmar que as comunicações entre os dois países ficaram mais baratas. D. criticar a falta de comunicação entre os dois países que perdurou durante anos. E. reafirmar a importância do restabelecimento das comunicações entre os dois países. Alternativa B Resolução: A alternativa B está correta porque, em primeiro lugar, as notícias têm a intenção de informar algo e, em segundo lugar, a notícia em questão busca divulgar uma linha direta de ligação entre Estados Unidos e Cuba, como pode ser comprovado no seguinte trecho: “La empresa estatal cubana de telecomunicaciones, Etecsa, y una compañía estadounidense, IDT, han confirmado la puesta en marcha de una conexión directa entre los dos países”. A alternativa A está incorreta porque a notícia não visa informar sobre o modo como ocorre a comunicação entre cubanos residentes nos Estados Unidos e suas famílias. A alternativa C está incorreta porque o texto apenas menciona que, futuramente, as ligações ficarão mais baratas. A alternativa D está incorreta porque não é objetivo de uma notícia fazer uma crítica, mas informar. A alternativa E está incorreta porque a notícia tem a intenção de informar sobre a comunicação direta, não de reafirmar a importância de se reestabelecer as comunicações. EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 Los pobres Roberto Sosa Los pobres son muchos y por eso es imposible olvidarlos. Seguramente ven en los amaneceres múltiples edificios donde ellos quisieran habitar con sus hijos. Pueden llevar en hombros el féretro de una estrella. Pueden destruir el aire como aves furiosas, nublar el sol. Pero desconociendo sus tesoros entran y salen por espejos de sangre; caminan y mueren despacio. Por eso es imposible olvidarlos. O poema de Roberto Sosa, “Los pobres”, expõe uma característica das sociedades modernas que evidencia as desigualdades socioeconômicas. Os versos “Pero desconociendo sus tesoros / entran y salen por espejos de sangre” explicitam que os pobres A. têm consciência de sua força, mas sonham com uma sociedade mais justa. B. ignoram seu poder e são incapazes de promover mudanças sociais. C. são capazes de grandes feitos, por isso não se pode esquecê-los. D. vivem em situação de miséria, de modo que é necessário acolhê-los. E. são inesquecíveis, devido aos sofrimentos a que são submetidos. Alternativa B Resolução: A alternativa B está correta porque o verso “Pero desconociendo sus tesoros” indica que algo valioso é ignorado, não conhecido; no contexto do poema, esse tesouro é o poder de mudar o contexto social. Além disso, o verso “entran y salen por espejos de sangre” pode ser interpretado como o ir e vir das pessoas pobres, condenadas a um vida de miséria e violências, o que remeteria a uma incapacidade ou a um impedimento de promover mudanças. A alternativa A está incorreta porque, de acordo com o texto, os pobres não conhecem sua força, e o poema não menciona quais seriam seus sonhos. A alternativa C está incorreta porque o eu lírico afirma que os pobres não podem ser esquecidos pelo fato de serem muitos e de caminharem e morrerem devagar. A alternativa D está incorreta porque, apesar de denunciar a situação precária das pessoas pobres, o poema não menciona a questão do acolhimento. A alternativa E está incorreta porque, como já mencionado, os pobres não podem ser esquecidos não apenas pelas situações que vivem, mas também pelo fato de serem muitos. QUESTÃO 04 ? QUÉ TIENE QUE HACER UN OSO PARA VIVIR?! SER OSO! ? QUÉ TIENE QUE HACER UN TIPO PARA VIVIR? ! SER ALBAÑIL, ABOGADO, TORNERO, OFICINISTA O QUÉ SÉ YO! ? POR QUÉ TENíA QUE TOCARNOS A LOS HUMANOS EL ESTÚPIDO PAPEL DE SER ANIMALES SUPERIORES? QUINO. Disponível em: <http://mafaldaylarumia.blogspot.com. br/2009_03_01_archive.html>. Acesso em: 13 jun. 2014. Na tira, Miguelito compara a vida humana com a dos outros animais. De acordo com a personagem, a diferença entre o ser humano e o animal irracional está pautada no fato de que o ser humano precisa A. apassivar-se diante dos problemas. B. realizar atividades profissionais para viver. C. exercer o seu papel de forma estúpida. D. considerar-se superior aos animais irracionais. E. buscar a felicidade comum a todos de sua espécie. Alternativa B Resolução: A alternativa B está correta porque, de acordo com Miguelito, os seres humanos, para viverem, precisam realizar uma atividade profissional, enquanto os animais precisam apenas ser animais. A alternativa A está incorreta porque, na tirinha, não se menciona o fato de o ser humano apassivar-se diante dos problemas. A alternativa C está incorreta porque Miguelito não diz que o ser humano precisa exercer o seu papel de forma estúpida, mas questiona por que aos humanos caberia o papel de serem animais superiores. A alternativa D está incorreta porque, de acordo com o texto, o ser humano não precisa se considerar superior aos animais irracionais; há, na tira, um questionamento sobre esse fato. A alternativa E está incorreta porque não se menciona no texto o fato de se buscar a felicidade. QUESTÃO 05 Eva Duarte Wik im éd ia C om m on s María Eva Duarte de Perón (7/5/1919-26/7/1952), más conocida como Evita, se desempeñó como actriz y fue una de las figuras políticas más importantes de la República Argentina. LCT – PROVA I – PÁGINA 4 EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO En su accionar como primera dama, luchó por el reconocimiento de los derechos de los trabajadores y de la mujer, entre sus logros más destacados el sufragio femenino y la obra social realizada desde la Fundación Eva Perón son hitos en la historia del país. […] Prestó apoyo a la política de Perón al dirigir sus acciones a sectores relegados históricamente de manera injusta. Dentro de estos sectores, estaban las mujeres, a quienes buscó organizar en búsqueda de una mayor igualdad en la vida laboral, familiar y cívica. Viajó por todo el país supervisando las obras que se proponían como fundamentales en las políticas nacionales y de esta manera pasó ella misma a ser una instancia de control gubernamental, sin ser ella parte del aparato del Estado propiamente dicho. […] El 26 de julio de 1952 a la edad de 33 años, Evita fallece a causa del cáncer uterino que venía ya menguando su salud desde hacía tiempo. Su funeral duró más de 14 días, recibiendo todos los honores de un presidente en ejercicio y el homenaje de un pueblo entero que durante todos esos días la acompañó en un acto conmovedor de admiración y cariño. Disponível em: <http://www.evitayperon.tur.ar/index.php/historia/eva>. Acesso em: 19 dez. 2012 (Adaptação). María Eva Duarte de Perón foi uma importante figura no cenário político da República Argentina por realizar ações em defesa de importantes transformações sociais. Entre as causas pelas quais lutava Eva Perón, segundo o texto, estava o(a) A. reconhecimento dos direitos de partidos políticos. B. realização de obras sociais desvinculadas de instituições. C. controle das políticas nacionais com o intuito de fortalecer o Estado. D. legalização do voto feminino visando reconhecer os direitos da mulher. E. inserção de sua candidatura na instância de controle governamental. Alternativa D Resolução: A alternativa D está correta porque, de acordo com o texto, Evita Perón lutou pelos direitos das mulheres, conquistando para todas o direito ao voto. Isso pode ser comprovado pelo seguinte trecho: “[…] luchó por el reconocimiento de los derechos de los trabajadores y de la mujer, entre sus logros más destacadosel sufragio femenino […]”. A alternativa A está incorreta porque o texto não menciona a questão dos partidos políticos e seus direitos. A alternativa B está incorreta porque as obras sociais nas quais estava envolvida foram realizadas pela Fundación Eva Perón. A alternativa C está incorreta porque, apesar de supervisionar obras em todo país, fundamentais nas políticas nacionais, ela não lutava pelo controle de tais políticas. A alternativa E está incorreta porque o texto não menciona a questão de sua candidatura. EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 Embora a atividade linguística seja inventiva e criadora, aqui, no caso, não se trata propriamente de invenções, mas de inovações devidas ao próprio mecanismo da língua, que é uma entidade dinâmica sempre em movimento. As inovações internas aparecem pela propriedade que têm os itens léxicos de se associarem de diversas maneiras e, associados, podem transformar uma construção em outra equivalente. Por exemplo, diz-se “arriscar a vida = pôr em risco a vida”, que se nominalizando passa a “risco de vida”. Foi essa a construção que os jornais se incumbiram de espalhar. A partir de certo momento houve quem achasse que a expressão não era adequada. E propôs “risco de morte”. Mas esta expressão é a transformada de “arriscar-se a morrer > correr o risco de morrer > risco de morte”. BORBA, Francisco. Disponível em: <http://revistalingua.uol.com.br/ textos/100/mitos-gramaticais-304533-1.asp>. Acesso em: 19 fev. 2014 (Adaptação). No fragmento de texto anterior, há uma reflexão sobre o mecanismo de funcionamento da língua. Nessa reflexão, é apresentado um ponto de vista que é exemplificado com a análise das expressões “risco de vida” e “risco de morte”. Para o autor do texto anterior, a confusão entre essas duas expressões é A. aparente, pois possuem sentido equivalente devido à transformação semelhante de sentido. B. justificada, pois a maioria dos falantes desconhece a norma-padrão. C. justificada, pois ambas são empregadas aleatoriamente no jornalismo. D. comprovadora da originalidade dos falantes, que não se prendem a regras. E. sinalizadora da variação linguística, que evidencia a distância entre a fala e a escrita. Alternativa A Resolução: Através do exemplo, no texto, o autor demonstra como expressões que se apresentam de maneira parecida constituem trajetos de transformação linguística distintos, gerando confusão quanto ao uso de uma ou de outra expressão. Logo, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois não se trata de uma questão de conhecer, ou não, a norma-padrão, e sim de entender o percurso de transformações linguísticas das expressões. A alternativa C está incorreta, pois o jornalismo, no texto, é apontado como um difusor da expressão “risco de vida”, mas não é imputado a ele um uso indiscriminado. A alternativa D está incorreta, pois, logo no início do texto, o autor diz não tratar-se de uma inventividade, uma originalidade dos falantes, e sim de um mecanismo de transformação da língua. A alternativa E está incorreta, pois, tal qual na alternativa anterior, não é uma questão de variação linguística, ou das diferenças entre a oralidade e a escrita, mas de funcionamento das línguas naturais. QUESTÃO 07 Mundo O mundo se divide entre os que acham e os que não sabem onde botaram. FERNANDES, Millôr. Millôr definitivo: a Bíblia do caos. Porto Alegre: L&PM, 2007. p. 383. O humor presente na definição criada por Millôr Fernandes consiste em um jogo de sentido de classificação dos tipos de indivíduos que compõem o mundo. Por meio desse jogo, o autor destaca determinadas características, que se sustentam pela alternância entre A. audácia – já que só quem se arrisca alcança triunfos – e desorganização – quem não é metódico, não alcança esses triunfos. B. ganância – os que buscam até atingirem seus desejos – e imbecilidade – sustentada por aqueles que são ignorantes. C. inteligência – indivíduos que são espertos e conseguem o que querem – e sensibilidade – de quem ignora a razão e a lógica. D. realização – aqueles que refletem e são afortunados – e insucesso – aqueles que sofrem perdas e se sentem desorientados. E. reflexão – aqueles que buscam definir verdades absolutas – e indiferença – existente em quem não tem apego material. Alternativa D Resolução: O humor no texto reside no sentido conferido a “se achar”, que muda de significado com a oposição aos “que não sabem onde botaram”. Assim, o leitor é capaz de inferir que o mundo é dividido entre aqueles que “se acharam” na vida (complemento elipsado), como uma metáfora para uma vida de realizações, e os que se perdem, o que denota uma desorientação e um insucesso nos projetos de vida. Logo, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois “se achar”, aqui, não se refere a uma prepotência ou audácia, assim como esta imagem de quem está perdido não alude a uma desorganização em si, e sim uma situação em que se encontra. A alternativa B está incorreta, pois a oposição não é construída em cima de características psicológicas das pessoas. A alternativa C está incorreta, pois não há como inferir que aqueles que “se acham” e realizam o que querem devam isso a sua inteligência; e, tampouco, pode-se definir os demais, os perdidos, como pessoas mais sensíveis e avessas à racionalidade. A alternativa E está incorreta, pois, no texto, não se divide as pessoas a partir de suas respostas ao mundo externo, seja esta expressa pela reflexão ou pela indiferença. QUESTÃO 08 O editorial é um gênero utilizado na imprensa, especialmente em jornais e revistas, que tem por objetivo informar, mas sem obrigação de ser neutro e indiferente. Portanto, a objetividade e a imparcialidade não são características desse gênero textual, uma vez que o redator expõe a opinião do jornal sobre o assunto narrado; ou seja, do grupo que está por trás do canal de comunicação, já que os editoriais não são assinados por ninguém. Assim, podemos dizer que o editorial é um texto mais opinativo do que informativo e que apresenta um fato e uma opinião. O fato informa o que aconteceu e a opinião transmite a interpretação do que aconteceu. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/o-editorial.htm>. Acesso em: 24 abr. 2015 (Adaptação). O texto em questão expõe o editorial com a função primordial de A. apresentar a visão crítica do veículo a respeito de determinado fato. LCT – PROVA I – PÁGINA 6 EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO B. incentivar o julgamento crítico acerca do cotidiano do veículo. C. influenciar de forma negativa a opinião pública. D. informar aos leitores a ocorrência de abusos na área política. E. reinventar a realidade social e política de forma crítica. Alternativa A Resolução: O trecho expõe, como função do gênero textual “editorial”, a emissão de uma opinião acerca de algum fato, compondo o texto, portanto, a informação do fato em questão e, principalmente, o ponto de vista (a visão crítica) sobre este elemento objetivo. Por não ser assinado, a autoria do “editorial” é atribuída ao veículo de imprensa ao qual se vincula. Logo, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois não se promove uma visão crítica sobre o veículo e seu cotidiano, e sim sobre o fato veiculado. A alternativa C está incorreta, pois não há valoração a priori, seja esta positiva ou negativa, acerca de como aquela opinião impactará a opinião pública. A alternativa D está incorreta, pois o editorial não se restringe a uma visão crítica sobre a política, podendo ele transitar por diversos assuntos. A alternativa E está incorreta, pois o editorial não reinventa a realidade, e sim produz um outro ponto de vista, uma visão crítica, sobre ela. QUESTÃO 09 Apagão Quase morro de apagão. E não é daquele com que o Governo vem nospresenteando, não. Foi a “gripe apagão” que só faltou me fazer juntar os lindos pezinhos antes da hora. Foram sete dias, de segunda a segunda, deitada em minha cama, vivendo um verdadeiro inferno sobre a Terra. Febres altíssimas, daquelas que só lembro ter tido na infância. Dores de cabeça, e pelo corpo todo. Juro que cheguei a pensar no meu testamento e em como gostaria que o céu viesse rápido e redentor. Mas ele não veio. E ela se foi. E, depois de uma semana, fui ao espelho ver o que havia restado de mim. Eu estava um caco, um verdadeiro horror! As olheiras iam beijar o queixo. A pele, sem hidratantes por uma semana, mais parecia o Saara. As sobrancelhas enormes pendiam nas têmporas. Os cabelos brancos espetavam descoloridos e saltitantes da cabeça. As pernas, cabeludas. As axilas, aracnídeas. Todos os pelos do corpo, enfim, terrivelmente grandes. Dia de faxina, é claro. Pesada. E enquanto aparava as unhas do pé, fiquei lembrando a linda e formosa Brookie Shields anos a fio perdida na Lagoa Azul. Linda e formosa? Sem um Prestobarba? Sei... ALVES, S. Disponível em: <https://www.facebook.com>. Acesso em: 15 fev. 2014 (Adaptação). Considerando a temática, o registro de linguagem utilizado, o suporte de publicação, bem como a forma estável do gênero textual, o texto anterior pode ser classificado como A. artigo de opinião, pela ocorrência de sequências argumentativas. B. crônica, pela presença de um recorte do cotidiano que induz a uma reflexão. C. diário, por ser uma narração em primeira pessoa e possuir interlocução. D. editorial, por se tratar de um texto que visa à publicação na mídia impressa. E. resenha, por estabelecer uma intertextualidade com o filme Lagoa Azul. Alternativa B Resolução: A crônica é um gênero textual que apresenta uma narrativa centrada em um episódio cotidiano, desdobrando uma reflexão sobre este. As crônicas são, centralmente, veiculadas em suportes de circulação rápida e periódica, como jornais e revistas, além de estarem presentes em novos suportes digitais, como as plataformas de redes sociais. No caso do texto em questão, ele é uma crônica, por narrar um evento comum (adoecimento por gripe) e finalizá-lo com uma reflexão em torno da estética das produções cinematográficas que representam pessoas isoladas e sem acesso aos cuidados pessoais. Logo, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta, pois não preconizam sequências argumentativas, e sim a tipologia textual descritiva, ao descrever o estado da personagem – e não é, portanto, um artigo de opinião. A alternativa C está incorreta, pois, apesar de o narrar em primeira pessoa ser característica do diário, esse gênero é veiculado em cadernos privados, tendo em vista que o interlocutor se apresenta mais como um recurso discursivo do gênero que um leitor real. A alternativa D está incorreta, pois o editorial é um gênero textual que visa apresentar uma visão crítica sobre um fato objetivo; além disso, o texto, publicado no Facebook, não precisa visar a mídia impressa para sua circulação, tendo em vista que as mídias digitais são os novos suportes por onde o gênero circula. A alternativa E está incorreta, pois a resenha não é definida através de toda e qualquer intertextualidade com uma obra de artes visuais, ou com qualquer outro texto, e sim por ser um resumo de uma outra obra ou evento, com a presença da opinião do enunciador sobre este. QUESTÃO 10 TEXTO I Flores Olhei até ficar cansado De ver os meus olhos no espelho Chorei por ter despedaçado As flores que estão no canteiro Os pulsos e os punhos cortados E o resto do meu corpo inteiro. Há flores cobrindo o telhado E embaixo do meu travesseiro Há flores por todos os lados Há flores em tudo que eu vejo GAVIN, Charles; MIKLOS, Paulo; BRITTO, Sérgio; BELLOTTO, Tony. Flores. In: Titãs. Õ Blésq Blom. LP. WEA, 1989. [Fragmento] TEXTO II No intento de compreendermos melhor acerca desta organização, basta concluirmos que toda manifestação literária é fruto resultante da visão do homem de acordo com o mundo que o rodeia, que diz respeito ao conteúdo, ou seja, o produto artístico em si, materializado por meio de uma técnica e uma estilística próprias (forma). Partindo desse pressuposto, os gêneros literários, segundo a concepção aristotélica proposta na Grécia Antiga (384-322 a.C.), foram classificados em lírico, dramático e épico. Atualmente, como o gênero épico praticamente foi extinto, prefere-se dividi-los em lírico, dramático e narrativo [...], cada qual com suas características que lhes são peculiares [...]. Disponível em: <www.alunosonline.com.br>. Acesso em: nov. 2014 (Adaptação). EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Considerando o que o texto II expressa sobre os gêneros literários e as características da canção dos Titãs, o gênero do texto I envolve, principalmente A. tema ligado diretamente à representação de um acontecimento, envolvendo viagens, aventuras, gestos heroicos e exaltação de feitos. B. presença de um narrador que conta uma história de terceiros, mostrando a história de um povo ou de uma nação. C. narrativa informal, que capta flagrantes da vida com um toque de sarcasmo, apresentando uma história completa, com personagens, conflito e temporalidade. D. manifestação de um eu lírico que se expressa por meio dos elementos que acabam tomando suas características. E. conflitos dos homens e de seu mundo, expondo manifestações da miséria humana, com o intuito de serem dramatizadas em cena. Alternativa D Resolução: Considerando o texto II como base para a análise do texto I, deve-se entender que o gênero lírico se caracteriza por ser uma representação do mundo conforme a visão do autor. Assim, encontra-se correta a alternativa D, pois há na canção dos Titãs um eu lírico que se manifesta utilizando os elementos da casa de forma a expressar sua visão da realidade. QUESTÃO 11 Texto I Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente, uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas das mãos. As portas das latrinas não descansavam [...]. AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Martins, 1968. p. 43. Texto II Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio de um passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego. HOLLANDA, Chico Buarque de. “Construção”. Disponível em: <http://www.chicobuarque. com.br>. Acesso em: 21 ago. 2010 (Fragmento). O texto naturalista de Aluísio Azevedo e a canção de Chico Buarque fazem um retrato da vida proletária. Ambos apresentam como característica comum a A. visão determinista. B. ênfase no mundo interior das personagens. C. linguagem objetiva e descritiva. D. desumanização das personagens. E. evasão. Alternativa D Resolução: Nos dois textos, as personagens proletárias são representadas através de figuras que desumanizam essa parcela da sociedade. No excerto do romance O Cortiço, tal desumanização ocorre pela animalização das personagens, e, na canção de ChicoBuarque, através da identificação destas com a própria construção urbana. Logo, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois tal desumanização se deve às condições materiais da vida proletária, e não a um determinismo preexistente. A alternativa B está incorreta, pois a ênfase se dá nos hábitos das personagens, e não no mundo interior delas. A alternativa C está incorreta, pois não há linguagem objetiva; pelo contrário, o que há é a recorrência de figuras de linguagem, o que é próprio da ficção e da canção. A alternativa E está incorreta, pois não há uma fuga das personagens, completamente imersas em seu contexto social, nem do enunciador, que se debruça sobre o que narra / canta. QUESTÃO 12 apaixonada, saquei minha arma, minha alma, minha calma. Só você não sacou nada. CÉSAR, A. C. Disponível em: <http://veredasdalingua.blogspot.com. br/2012/10/ana-cristina-cesar-poemas.html>. Acesso em: 18 fev. 2014. No poema anterior, o eu lírico reclama da insensibilidade de percepção do seu interlocutor e da ausência de sentimento, explorando, para isso, a ambiguidade da palavra A. “apaixonada”. B. “arma”. C. “só”. D. “sacou”. E. “nada”. Alternativa D Resolução: No poema, o eu lírico explora a ambiguidade da palavra “sacou”: por um lado, com valor denotativo, o verbo faz referência à ausência do interlocutor que, diferente da voz poética, não sacou “a arma, a alma, a calma”. Por outro, com valor conotativo, e por extensão com sentido figurado, “sacou” assume o significado de entendimento, tal qual consolidado nas variantes urbanas orais – sendo, assim, uma maneira de dizer que o interlocutor não entendeu nada. Logo, a alternativa correta é a D. A alternativa A é incorreta, pois “apaixonada” não se refere ao que o eu lírico reclama, mas a seu estado psicológico, a como se sente. LCT – PROVA I – PÁGINA 8 EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa B é incorreta, pois “arma” não explora a ambiguidade presente no final do poema, mas aparece como metáfora para os sentimentos do eu lírico. A alternativa C é incorreta, pois “só”, ao invés de gerar ambiguidade, produz um efeito de definição: entre os dois envolvidos, “apenas” o interlocutor não sacou nada. A alternativa E é incorreta, pois “nada” não gera ambiguidade, mas se refere ao anteriormente mencionado pelo eu lírico (o que ele sacou), às metáforas que representam seus sentimentos. QUESTÃO 13 Cientistas obtêm células-tronco de embrião humano clonado A reescrita do título da notícia em que foi mantido o foco no fato e em que se preservou a ideia básica do texto original é: A. Clonou-se embrião de células-tronco. B. Células-tronco de embrião humano são clonadas por cientistas. C. Obtêm-se células-tronco de embrião humano clonado. D. De embrião humano clonado, cientistas obtêm células- tronco. E. Obtêm células-tronco de embrião humano clonado por cientistas. Alternativa C Resolução: Ao procurar manter o foco no fato, a reescrita da frase deve preocupar-se com a evidência dada à ação de obter as células-tronco, preservando a ideia de que esse feito se deu a partir dos embriões clonados. Logo, a alternativa correta é a C, tendo em vista que, apesar de o sujeito da oração passar a ser indefinido, preserva-se o enfoque no verbo “obter” e na sua ideia central, sem suprimir de onde as células foram extraídas. A alternativa A está incorreta, pois o que se verifica, na alternativa, é uma informação distinta da lida no enunciado. A alternativa B está incorreta, pois as células-tronco não foram clonadas, e sim estas foram extraídas de embriões humanos clonados. A alternativa D está incorreta, pois não há reescrita, apenas uma inversão sintática. A alternativa E está incorreta, pois não se fala, na oração do enunciado, que os embriões foram clonados por cientistas, mas que foram obtidos por eles. QUESTÃO 14 Disponível em: <http://www.willtirando.com.br/?post=997>. Acesso em: 29 dez. 2014. No fala do penúltimo quadrinho, uma personagem da tirinha questiona um trecho da popular canção infantil que causa dúvida na interpretação por conter ambiguidade. O elemento causador da ambiguidade é o A. adjetivo “forte”, que intensifica o ocorrido, gerando dúvidas quanto ao seu realizador. B. artigo “a”, de “a chuva forte”, que destaca o causador do evento “derrubou”. C. pronome “a”, em “a derrubou”, que pode se referir à parede ou à dona aranha. D. substantivo “aranha”, que provoca dúvidas quanto ao sujeito da ação. E. verbo “derrubou”, que proporciona duplicidade de sentidos na ação. Alternativa C Resolução: A dúvida da personagem da tirinha é quem foi derrubada pela chuva forte, se a aranha ou a parede. Sintaticamente, tanto aranha quanto parede ocupam o lugar de objeto direto, sendo expresso, na canção popular, pelo pronome pessoal oblíquo “a” (“e a derrubou”). É o pronome, por sua vez, que acarreta a ambiguidade, uma vez que, por ele estar na terceira pessoal do singular, e flexionado no feminino, poderia se referir tanto à aranha quanto à parede. Logo, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois o adjetivo apenas caracteriza “a chuva”, sem contribuir para uma ambiguidade acerca do realizador da ação – que, inclusive, não é a dúvida da personagem. A alternativa B está incorreta, pois o uso do artigo “a” define que não foi qualquer chuva a causadora da ação, e não promove ambiguidades. A alternativa D está incorreta, pois a dúvida não é sobre quem realizou a ação, estando claro que foi “a chuva forte”. A alternativa E está incorreta, pois, na canção, o uso do verbo tem valor denotativo, não havendo ambiguidade sobre a ação. QUESTÃO 15 Capítulo 1 Óbito do autor Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco. [...] ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Os elementos estruturais na narrativa contribuem para o efeito de verossimilhança no momento de representar algum aspecto da realidade. Considerando os elementos estruturais empregados no texto, o autor consegue esse efeito devido A. ao elemento espacial, que ganha destaque no fragmento. EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO B. ao elemento temporal, que é cronológico e determinado. C. ao enredo, marcado pela agilidade do discurso do narrador. D. ao narrador, que assume uma perspectiva externa aos fatos. E. às personagens, que revelam perfil psicológico simples. Alternativa D Resolução: O narrador, por ser um “defunto autor”, pode narrar suas memórias de uma outra perspectiva, diferente de quem narra o que se passa consigo enquanto vive. Portanto, ele tem um olhar externo aos fatos. É este o elemento estrutural da narrativa que garantirá a verossimilhança dos eventos, que representam a realidade. Logo, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois o elemento espacial não tem destaque no excerto, não sendo sequer descrito um cenário onde se passaria a narrativa. A alternativa B está incorreta, pois, apesar de o tempo da narrativa estar determinado, ele não segue uma cronologia, pelo contrário, ela é invertida – como dito pelo narrador. A alternativa C está incorreta, pois o discurso do narrador, no trecho, não é marcado pela agilidade, mas por uma reflexão que antecede o enredo propriamente dito. A alternativa E está incorreta, pois a única personagemque se apresenta no excerto, que é precisamente o narrador, não parece ter um perfil psicológico, o que é indicado pelo fato de sua condição atípica de “defunto autor”. QUESTÃO 16 A alegria ainda morou na cabana, todo o tempo que as espigas de milho levaram a amarelecer. Uma alvorada, caminhava o cristão pela borda do mar. Sua alma estava cansada. O colibri sacia-se de mel e perfume; depois adormece em seu branco ninho de cotão, até que volta no outro ano a lua das flores. Como o colibri, a alma do guerreiro também satura-se de felicidade, e carece de sono e repouso. A caça e as excursões pelas montanhas em companhia do amigo, as carícias da terna esposa que o esperavam na volta, e o doce carbeto no copiar da cabana, já não acordavam nele as emoções de outrora. Seu coração ressonava. Quando Iracema brincava pela praia, os olhos do guerreiro retiravam-se dela para se estenderem pela imensidade dos mares. Viram umas asas brancas, que adejavam pelos campos azuis. Conheceu o cristão que era uma grande igara de muitas velas, como construíam seus irmãos; e a saudade da pátria apertou-lhe no seio. Alto ia o sol; e o guerreiro na praia seguia com os olhos as asas brancas que fugiam. Debalde a esposa o chamou à cabana, debalde ofereceu a seus olhos, as graças dela e os frutos melhores do campo. Não se moveu o guerreiro, senão quando a vela sumiu-se no horizonte. ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Hedra, 2006. [Fragmento] O romance Iracema, de José Alencar, é importante representante de uma vertente do Romantismo brasileiro caracterizada pela construção de uma imagem de nacionalidade e de Brasil. O fragmento do texto de José de Alencar tem como característica definidora dessa vertente a A. aproximação da prosa com a poesia. B. descrição da natureza exuberante. C. sátira da colonização. D. utilização recorrente de sinestesia. E. preocupação com a legitimação da nação brasileira. Alternativa B Resolução: O indianismo é a vertente do Romantismo que, na prosa, procurou construir uma imagem de nacionalidade para o Brasil por meio da descrição de uma natureza exuberante, como demonstrado no trecho de Iracema, no qual a natureza é retratada com ênfase na beleza e na sua relação com a vida interior e exterior das personagens, conforme comprova, por exemplo, o terceiro parágrafo, na comparação da alma do guerreiro com o colibri. Dessa forma, está correta a alternativa B. QUESTÃO 17 Em 2001, a companhia energética Light, do estado do Rio de Janeiro, lançou uma propaganda com as seguintes frases: Ao subir um andar ou descer dois andares, use a escada. É bom para a saúde e reduz o consumo de energia. Se os dois períodos que compunham a propaganda fossem ligados por um conectivo, ele deveria evidenciar relação de A. causa. B. consequência. C. explicação. D. oposição. E. conformidade. Alternativa C Resolução: Para responder à questão, é preciso compreender o objetivo da campanha, que é incentivar os usuários a utilizarem a escada quando possível. A partir disso, verifica-se que a segunda frase busca explicar por que utilizar as escadas é uma atitude benéfica, contribuindo para a saúde e para a economia de energia. Assim, a alternativa C está correta. QUESTÃO 18 Seja qual for o lugar em que se ache o poeta, ou apunhalado pelas dores, ou ao lado de sua bela, embalado pelos prazeres; no cárcere, como no palácio; na paz, como sobre o campo da batalha, se ele é verdadeiro poeta, jamais deve esquecer-se de sua missão, e acha sempre o segredo de encantar os sentidos, vibrar as cordas do coração, e elevar o pensamento nas asas da harmonia até às ideias arquétipas. [...] Até aqui, como só se procurava fazer uma obra segundo a Arte, imitar era o meio indicado: fingida era a inspiração, e artificial o entusiasmo. LCT – PROVA I – PÁGINA 10 EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Desprezavam os poetas a consideração se a Mitologia podia, ou não, influir sobre nós. Contanto que dissessem que as Musas do Hélicon os inspiravam, que Febo guiava seu carro puxado pela quadriga, que a Aurora abria as portas do Oriente com seus dedos de rosas, e outras tais e quejandas imagens tão usadas, cuidavam que tudo tinham feito, e que com Homero emparelhavam; como se pudesse parecer belo quem achasse algum velho manto grego, e com ele se cobrisse. Antigos e safados ornamentos, de que todos se servem, a ninguém honram. MAGALHÃES, Gonçalves de. Lede. In: Suspiros Poéticos e Saudades. Departamento Nacional do Livro. Biblioteca Nacional. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 02 jan. 2012 (Fragmento). O fragmento anterior foi extraído do prefácio ao livro Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, considerado livro fundador do Romantismo brasileiro. A partir das considerações do poeta, um postulado orientador da produção literária romântica é a A. idealização de uma poética bucólica, que valoriza a natureza. B. apologia a uma estética rebuscada e erudita. C. retomada da tradição clássica vinculada às poéticas greco-romanas. D. crítica aos valores ocidentais de religiosidade. E. reação às estéticas clássicas, valorizando a inspiração. Alternativa E Resolução: Do fragmento de Gonçalves de Magalhães pode-se extrair a reprovação a autores cujas obras tinham um foco maior na forma do que no conteúdo, que se limitavam a reproduzir estruturas e fórmulas consagradas na Antiguidade Clássica, ou como afirmado, obras em que “imitar era o meio indicado”. Essa postura reacionária a estéticas clássicas foi bastante forte durante o Romantismo, quando o sentimento e a inspiração do poeta passam a ser valorizados, buscando expressar em palavras suas impressões da vida e do mundo. A inspiração romântica, como exposto no fragmento, podia surgir das mais variadas situações: “ou apunhalado pelas dores, ou ao lado de sua bela, embalado pelos prazeres; no cárcere, como no palácio; na paz, como sobre o campo da batalha”. Por isso, está correta a alternativa E. QUESTÃO 19 Banderas viverá Picasso na telona O pintor e escultor Pablo Picasso terá o rosto de Antonio Banderas, que acabou de viver um estrondoso sucesso no filme de Pedro Almodóvar “A pele que habito”, no longa “33 dias”, novo projeto do cineasta Carlos Saura. O título do filme refere-se a uma das obras mais famosas do artista, “Guernica”, finalizada em 33 dias. “Será ótimo vivê-lo, ele merece meu maior respeito. Sou de Málaga e ele nasceu a quatro quarteirões de onde eu nasci”, declarou o ator. Disponível em: http:<//www.adorocinema.com/>. Acesso em: 15 mar. 2012 (Adaptação). O elemento anafórico grifado no texto anterior refere-se a A. Carlos Saura. B. Pablo Picasso. C. Antonio Banderas D. Guernica. E. Pedro Almodóvar. Alternativa B Resolução: Primeiramente, deve-se relembrar que elementos anafóricos são aqueles que retomam palavras, expressões, ideias ditas anteriormente. No caso em questão, encontra-se sublinhada a palavra “artista”, que foi utilizada para não repetir o nome de Pablo Picasso. Isso se comprova ao analisar o fato de que o filme a ser estrelado por Antonio Banderas abordará a produção de uma das obras do pintor, Guernica. Dessa forma, está correta a alternativa B. QUESTÃO 20 MACÁRIO Amanhã pensarás comigo. Eu também fui assim. O tronco seco sem seiva e sem verdor foi um dia o arvoredo cheio de flores e de sussurro. PENSEROSO Não crer! e tão moço! Tenho pena de ti. MACÁRIO Crer? e no quê? No Deus desses sacerdotes devassos? desses homens que saem do lupanar quentes dos seios da concubina, com sua sotaina preta ainda alvejante do cótão do leito dela para ir ajoelhar-se nos degraus do templo! Crer no Deus em que eles mesmos não creem, que esses ébrios profanam até do alto da tribuna sagrada? AZEVEDO, A. Macário. Organização, posfácio e notas de Cilaine Alves Cunha. São Paulo: Globo, 2006. O fragmentodo drama Macário, de Álvares de Azevedo, simboliza a tradição literária romântica por meio do(a) A. tom sagrado representado pelas figuras religiosas. B. crítica social feita com a representação de estereótipos. C. consciência adquirida acerca da transitoriedade da vida. D. busca pela perfeição encontrada nos elementos naturais. E. sentimentalismo exacerbado presente na fala de Macário. Alternativa B Resolução: O movimento romântico na literatura brasileira se iniciou após a independência do país, representando a grande necessidade de estabelecimento de uma tradição propriamente brasileira na cultura e nas artes. Seguindo este propósito, é comum a representação da sociedade e, por vezes, a crítica a costumes e comportamentos, por meio dos personagens tipo. No fragmento, Macário critica um dos tipos existentes na sociedade, o falso sacerdote, que, apesar de pregar a fé cristã, não segue tais preceitos em sua vida. Desse modo, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois a religião é alvo de críticas por parte da personagem Macário. A alternativa C está incorreta, pois a simbolização da transitoriedade da vida está fortemente relacionada à tradição barroca. No fragmento, a passagem do tempo, representada pela metáfora da árvore, está associada ao surgimento do pessimismo em detrimento do otimismo juvenil. A alternativa D está incorreta, pois a natureza aparece como uma metáfora para a representação dos polos juventude / otimismo e maturidade / pessimismo. A alternativa E está incorreta, pois Macário apresenta o tom soturno típico dos ultrarromânticos, poetas da segunda fase do Romantismo, e não do teatro romântico. EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 21 Prima Justina não acompanhava a parenta naquelas finezas, mas não tratava de todo mal a minha amiga. Era assaz sincera para dizer o mal que sentia de alguém, e não sentia bem de pessoa alguma. Talvez do marido, mas o marido era morto; em todo caso, não existiria homem capaz de competir com ele na afeição, no trabalho e na honestidade, nas maneiras e na agudeza de espírito. Esta opinião, segundo tio Cosme, era póstuma, pois em vida andavam às brigas, e os últimos seis meses acabaram separados. ASSIS, M. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Durante o movimento realista, reflexões sobre a sociedade ficaram ainda mais explícitas na literatura, conforme se evidencia no fragmento através do(a) A. posição social do narrador. B. valorização do matrimônio. C. descrição do marido morto. D. retrato dos costumes da época. E. caracterização da prima Justina. Alternativa E Resolução: Dom Casmurro se enquadra entre as obras realistas de Machado de Assis, cuja crítica irônica desperta a reflexão do leitor para questões sociais que mesmo mais de 100 anos após sua publicação ainda soam atuais. No fragmento, a forma com que o narrador descreve a prima Justina conversa com o ideal realista, buscando um retrato efetivo das personagens e das relações entre elas estabelecidas. Ao buscar as características mais lisonjeiras da prima, o narrador instiga a reflexão acerca do tipo de comportamento por ela estereotipado, estando a alternativa E correta. A alternativa A está incorreta porque somente a posição social do narrador não é o bastante para explicitar uma crítica à sociedade, ainda que seja capaz de a endossar ou de a amenizar. Para todos os efeitos, a posição social do narrador é a mesma de prima Justina. A alternativa B está incorreta, pois, no fragmento, a descrição do casamento da prima Justina com o marido sugere a falência dessa instituição. A alternativa C está incorreta, pois, após seu falecimento, o marido apresenta apenas qualidades aos olhos da viúva, posição idealizada, tendo em vista que viviam às brigas. A alternativa D está incorreta, pois o fragmento se debruça especificamente sobre o estereótipo representado pela prima Justina, não dos costumes de toda a sociedade. QUESTÃO 22 COMÉDIA EM TRÊS ATOS. ATO PRIMEIRO O teatro representa o Campo de São Roque, em Paquetá. Quatro barracas, iluminadas e decoradas, como costumam ser nos dias de festa, ornam a cena de um e outro lado; a do primeiro plano, à direita, terá transparentes fantásticos, diabos, corujas, feiticeiras, etc. No fundo, vê-se o mar. Diferentes grupos, diversamente vestidos, passeiam de um para outro lado, parando, ora no meio da cena, ora diante das barracas, de dentro das quais se ouve tocar música. Um homem com um realejo passeia por entre os grupos, tocando. A disposição da cena deve ser viva. PENA, M. In: As melhores comédias de Martins Pena. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996. Esse texto introduz a peça As casadas solteiras, do autor Martins Pena, publicada em 1842. Nele, são dadas instruções cênicas, que guiam tanto os leitores quanto os atores e equipe de palco. Em acordo com o projeto romântico, o fragmento defende o(a) A. salvação pela religião, sugerindo a negação da identidade brasileira aos povos não cristãos. B. compromisso com a cor local, valorizando santos, padroeiros e comemorações típicas. C. enaltecimento do brasileiro, menosprezando os descendentes de índios e africanos. D. miscigenação brasileira, responsabilizando-a pela vasta produção artística nacional. E. imposição de uma república, culpando o Império pela desigualdade social no país. Alternativa B Resolução: A rubrica inicial da peça As casadas solteiras situa a cena num cenário tipicamente brasileiro, incorporando elementos nacionais, como santos e padroeiros locais e comemorações regionais típicas. Em consonância com o projeto romântico, esse texto valoriza a cor local, ou seja, as características da sociedade brasileira. Outras obras do Romantismo nacional valorizam aspectos da natureza brasileira, a fauna e a flora. Dessa forma, está correta a alternativa B. QUESTÃO 23 Fe rn an do G on sa le s Para entender a tirinha anterior, é necessária a informação presente na legenda, pois ela A contextualiza a situação do “período de hibernação”. B explica sobre o não funcionamento do despertador. C insere um elemento nonsense no texto. D introduz a complicação da narrativa. E prenuncia uma quebra de expectativa. Alternativa A Resolução: O humor, na tirinha, reside no fato da personagem Waldir estar muito magra, por ter dormido mais do que deveria, perdendo, com isso, sua reserva de gordura. Para compreender a piada, então, o leitor precisa da informação presente na legenda, pois é ela que explica o que ocorre no “período de hibernação”. Logo, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois a informação não trata do despertador, e sim da hibernação. A alternativa C está incorreta, pois o nonsense, no humor, está ligado a uma piada sem coerência e conexão aparente com a realidade; a informação, entretanto, faz com que a piada tenha um sentido coerente. A alternativa D está incorreta, pois a informação não complica a narrativa, e sim justifica o seu final irreverente. A alternativa E está incorreta, pois a informação está em consonância com o quadro seguinte, não ocorrendo quebra de expectativa. LCT – PROVA I – PÁGINA 12 EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Esse texto introduz a peça As casadas solteiras, do autor Martins Pena, publicada em 1842. Nele, são dadas instruções cênicas, que guiam tanto os leitores quanto os atores e equipe de palco. Em acordo com o projeto romântico, o fragmento defende o(a) A. salvação pela religião, sugerindo a negação da identidade brasileira aos povos não cristãos. B. compromisso com a cor local, valorizando santos, padroeiros e comemorações típicas. C. enaltecimento do brasileiro, menosprezando os descendentes de índios e africanos. D. miscigenação brasileira, responsabilizando-a pela vasta produção artística nacional. E. imposição de uma república,culpando o Império pela desigualdade social no país. Alternativa B Resolução: A rubrica inicial da peça As casadas solteiras situa a cena num cenário tipicamente brasileiro, incorporando elementos nacionais, como santos e padroeiros locais e comemorações regionais típicas. Em consonância com o projeto romântico, esse texto valoriza a cor local, ou seja, as características da sociedade brasileira. Outras obras do Romantismo nacional valorizam aspectos da natureza brasileira, a fauna e a flora. Dessa forma, está correta a alternativa B. QUESTÃO 23 Fe rn an do G on sa le s Para entender a tirinha anterior, é necessária a informação presente na legenda, pois ela A contextualiza a situação do “período de hibernação”. B explica sobre o não funcionamento do despertador. C insere um elemento nonsense no texto. D introduz a complicação da narrativa. E prenuncia uma quebra de expectativa. Alternativa A Resolução: O humor, na tirinha, reside no fato da personagem Waldir estar muito magra, por ter dormido mais do que deveria, perdendo, com isso, sua reserva de gordura. Para compreender a piada, então, o leitor precisa da informação presente na legenda, pois é ela que explica o que ocorre no “período de hibernação”. Logo, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois a informação não trata do despertador, e sim da hibernação. A alternativa C está incorreta, pois o nonsense, no humor, está ligado a uma piada sem coerência e conexão aparente com a realidade; a informação, entretanto, faz com que a piada tenha um sentido coerente. A alternativa D está incorreta, pois a informação não complica a narrativa, e sim justifica o seu final irreverente. A alternativa E está incorreta, pois a informação está em consonância com o quadro seguinte, não ocorrendo quebra de expectativa. QUESTÃO 24 O penteado E Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhinho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não dava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesma altura. Pedi-lhe que se sentasse. – Senta aqui, é melhor. Sentou-se. “Vamos ver o grande cabeleireiro”, disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tacto aqueles fios grossos, que eram parte dela. O trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da pequena ou nas espáduas vestidas de chita, e a sensação era um deleite. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis. Não pedi ao céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, porque não conhecia ainda esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois; mas, desejei penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes. ASSIS, M. Dom Casmurro. Disponível em: <http://www.dominiopublico. gov.br/download/texto/bv00180a.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2012. No texto anterior, retirado da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, o tipo textual predominante é A. argumentativo, por Bentinho justificar a lentidão com que penteou Capitu, tendo como conclusão o fato de aproveitar por mais tempo o contato físico estabelecido entre eles. B. descritivo, por Bentinho enumerar características de como realizou o penteado em Capitu, destacando as particularidades do cabelo dela. C. expositivo, por serem apresentadas no trecho informações enumeradas sobre o tipo de relação que se estabeleceu entre Bentinho e Capitu. D. injuntivo, por Bentinho estabelecer uma interlocução com Capitu, instruindo-a a realizar atitudes para que ele pudesse então pentear-lhe os cabelos. E. narrativo, por relatar uma sequência de atitudes desenvolvidas por Bentinho e Capitu, em um espaço e em um lugar específicos, com temporalidade linear. Alternativa E Resolução: O trecho retirado da obra Dom Casmurro tem como tipologia textual predominante a narrativa, uma vez que esta é caracterizada pela sucessão de eventos envolvendo uma ou mais personagens, e delimitados no tempo e no espaço. No texto, os eventos narram a ocasião em que Bentinho penteou Capitu, enfatizando as ações das personagens. Logo, a alternativa correta é a E. A alternativa A é incorreta, pois Bentinho não tem como objetivo, ao narrar os eventos, defender uma tese, corroborada pelos seus argumentos para pentear devagar a menina, e sim justificar seus atos. A alternativa B é incorreta, pois o objetivo comunicativo do trecho não é descrever as características do penteado, e sim contar este evento com suas minúcias. A alternativa C é incorreta, pois não há enumeração de informações, e não há a objetividade que se expressa no texto expositivo; pelo contrário, há a sequenciação de eventos, elemento que garante a progressão destes na tipologia narrativa. A alternativa D é incorreta, pois o objetivo comunicativo não é instruir Capitu e, quando ocorre o pedido para que ela se sente, isto se apresenta como mais um evento narrativo pertencente à cena. QUESTÃO 25 [...] designa-se “catáfora” o termo ou expressão que faz referência a um termo subsequente, estabelecendo com ele uma relação não autônoma, portanto, dependente. Para compreender um termo catafórico é necessário interpretar o termo ao qual faz referência. Disponível em: <http://www.infoescola.com/portugues/anafora-e- catafora/>. Acesso em: 08 jan. 2014. O termo destacado a seguir que estabelece uma catáfora é: A. “A irmã olhou-o e disse: – João, estás com um ar cansado.” B. “A sala de aula está degradada. As carteiras estão todas riscadas.” C. “João está doente. Vi-o na semana passada.” D. “João, Maria e José. Esses são os nomes próprios mais utilizados na língua portuguesa”. E. “O mundo vive momentos conturbados. A crise atual é a responsável.” Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A. Logo, o termo em destaque, -o, é uma catáfora, por fazer referência ao termo subsequente “João”, que, estando no mesmo período, pode ser resgatado, garantindo o sentido completo da frase. A alternativa B está incorreta, pois “carteiras” é o núcleo do sujeito da oração, não fazendo referência a algo subsequente, mas sendo caracterizado pelo predicativo do sujeito. A alternativa C está incorreta, pois a partícula, -o, refere-se a um termo que o antecede na oração, João, tendo, portanto, função anafórica. A alternativa D está incorreta, pois o pronome demonstrativo “esses” refere-se aos nomes que vêm imediatamente antes. A alternativa E está incorreta, pois “crise” não faz referência a nenhum termo, antecedente ou subsequente. QUESTÃO 26 Corinthians do meu coração És grande no esporte bretão, O passado ilumina tua história. Ciente de tua missão: Vitória, vitória, vitória. Corinthians do meu coração, Tu és religião de janeiro a janeiro. Ser corinthiano é ir além De ser ou não ser o primeiro. Ser corinthiano é ser também Um pouco mais brasileiro. EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Tens a tradição De um clube tantas vezes campeão. Pelos teus rivais, temido; Pela tua FIEL, querido. Ser corinthiano é ir além De ser ou não ser o primeiro. Ser corinthiano é ser também Um pouco mais brasileiro. TOQUINHO. Disponível em: <http://letras.mus.br/toquinho/87203/>. Acesso em: 05 jun. 2013. Na canção anterior, definem-se os torcedores do Corinthians como brasileiros A. fanáticos, que encontram no futebol alívio para a vida. B. autênticos, que, apesar do sofrimento, não desistem. C. paradoxais, que conseguem simultaneamente amar e odiar seu time. D. inescrupulosos,que fazem tudo para garantir a vitória do time. E. apaixonados, que, independentemente dos resultados, amam seu time. Alternativa E Resolução: Na canção, os torcedores do Corinthians são caracterizados por pessoas que têm em comum um amor abnegado e perene pelo time, e, portanto, a paixão destes independe do resultado das partidas. Logo, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, pois não há menção crítica ao sentimento dos torcedores ou a uma possível alienação, de onde se possa depreender uma conduta fanática. A alternativa B está incorreta, pois, ao a canção afirmar que a eles não é preciso serem os primeiros, pode-se dizer, também, que não se reivindica uma autenticidade, dos mesmos ou do time. A alternativa C está incorreta, pois é afirmada uma paixão constante, “de janeiro a janeiro”, não existindo paradoxo. A alternativa D está incorreta, pois não há menção a posturas inescrupulosas, e o temor dos adversários se deve à tradição de vitórias do time. QUESTÃO 27 Mulher com fome Uma mulher ameaça três vezes o telefone e desiste. Gira-se no mesmo eixo. Senta-se no sofá. Põe um disco. Ela já sabe a música e a canta antes do cantor, de forma que ele faz seu eco. Abre uma garrafa de vinho. Joga a rolha no lixo. Serve-se. Bebe de uma vez. Torna a servir-se. Torna a sentar-se no mesmo sofá. Agora bebe delicadamente. Levanta um palmo de vestido. Acende um cigarro. Fuma e bate a cinza com pose. Desfaz a pose, mas continua fumando, deixando a cinza cair no chão. Levanta-se. Põe sapato de salto, abre a janela e começa a comer a paisagem. BONASSI, F. São Paulo / Brasil. Belo Horizonte: Dimensão, 2002. Um tipo textual é classificado com base em seus elementos constitutivos, como as relações verbais e lexicais, bem como por inferências sobre os objetivos pretendidos e os interlocutores potenciais de determinado texto. Nesse sentido, no texto anterior, reconhece-se uma sequência textual A. explicativa, em que se expõem informações objetivas sobre o comportamento da mulher. B. injuntiva, em que se instrui sobre o comportamento feminino com base nas ações da mulher. C. narrativa, em que sequencialmente se relatam ações que revelam o modo de se comportar da mulher. D. descritiva, em que, com base nos sentidos captados pelo enunciador, constrói-se a imagem da mulher. E. argumentativa, em que, implicitamente, se defende a opinião subjetiva do enunciador sobre a mulher. Alternativa C Resolução: A alternativa C está correta, pois desenvolvem-se as ações propriamente ditas, onde se vai, progressivamente, revelando o modo da mulher se comportar. A tipologia textual descritiva é caracterizada pela enumeração de atributos e / ou a descrição de aspectos físicos e psicológicos, logo, a alternativa D está incorreta. A alternativa A é incorreta, pois não há uma descrição objetiva da personagem, e sim uma apreensão dos detalhes que chamam a atenção do enunciador. A alternativa B é incorreta, pois não há juízo de valor sobre a mulher, nem se expressa nenhuma intenção em instruir o leitor sobre práticas adequadas. A alternativa E é incorreta, pois o narrador descreve a personagem sem atribuir a ela, ou mesmo à cena, qualquer juízo – e, portanto, não há argumentação ou defesa de uma tese. QUESTÃO 28 Grito negro Eu sou carvão! E tu arrancas-me brutalmente do chão e fazes-me tua mina, patrão. Eu sou carvão! e tu acendes-me, patrão para te servir eternamente como força motriz mas eternamente não, patrão. Eu sou carvão e tenho que arder, sim e queimar tudo com a força da minha combustão. Eu sou carvão tenho que arder na exploração arder até às cinzas da maldição arder vivo como alcatrão, meu irmão até não ser mais a tua mina, patrão. Eu sou carvão Tenho que arder queimar tudo com o fogo da minha combustão. Sim! Eu serei o teu carvão, patrão! CRAVEIRINHA, José. In: ANDRADE, Mário de. (Org.). Antologia temática da poesia africana. 3. ed. Lisboa: Instituto Cabo-verdeano do Livro, 1980. v.1. p.180. LCT – PROVA I – PÁGINA 14 EM 2ª SÉRIE – VOL. 1 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO José Craveirinha, poeta moçambicano, é considerado um dos mais importantes escritores africanos de língua portuguesa. No poema anterior, a percepção do eu lírico em relação ao contexto em que está inserido A. apresenta-se em tom de aceitação quanto à condição social e política do seu país. B. revela-se em tom de denúncia quanto às relações de poder construídas entre os seres humanos. C. apresenta um mundo ficcional que, de forma lúdica, define-o como carvão. D. demonstra os seus ressentimentos diante da história de sua nação. E. evidencia uma realidade concreta construída por meio de sua voz solitária e resignada. Alternativa B Resolução: No poema, o eu lírico se utiliza da metáfora construída através da identificação do carvão, com os atributos que o caracterizam, consigo, para denunciar a sua relação com o patrão – onde tanto o eu lírico quanto o patrão representam figuras que apontam para coletividades humanas, mais que para indivíduos singulares. Assim, o poema traz um tom de denúncia dessa realidade, construída em torno de relações de poder. Logo, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta, pois não há tom de aceitação, como o final do poema bem expressa, ao trazer a imagem da combustão e do incêndio que dá fim àquela relação. A alternativa C está incorreta, pois o carvão, no poema, não tem como finalidade a ludicidade ou a fantasia, mas a construção da metáfora, pela força imagética que a figura de linguagem carrega em si. A alternativa D está incorreta, pois não há elementos, no poema, que leve o leitor a afirmar que o eu lírico fala sobre a realidade específica de seu país, e o ressentimento não é um sentimento que se apresenta solitário, sendo, pelo contrário, sobreposto pela revolta já referida. A alternativa E está incorreta, pois a voz não se mostra resignada e, ao ela se dirigir a um “irmão”, não é possível afirmar que ela esteja solitária. QUESTÃO 29 Entende que, sendo a língua instrumento do espírito, não pode ficar estacionária quando este se desenvolve. Fora realmente extravagante que um povo, adotando novas ideias e costumes, mudando os hábitos e tendências, persistisse em conservar rigorosamente aquele modo de dizer, que tinham seus maiores. Assim, não obstante os clamores da gente retrógrada, que a pretexto de classicismo aparece em todos os tempos e entre todos os povos, defendendo o passado contra o presente; não obstante a força incontestável dos velhos hábitos, a língua rompe as cadeias que lhe querem impor, e vai se enriquecendo já de novas palavras, já de outros modos diversos de locução. A escola ferrenha, que já vai em debandada, mas há cerca de vinte anos tão grande cruzada fez em prol do classicismo, pretende que atualmente, meado do século XIX, discorramos naquela mesma frase singela da adolescência da língua, quando a educavam os bons escritores dos séculos XV e XVI. Não é isso possível; se o fosse, tornara-se ridículo. A linguagem literária, escolhida, limada e grave, não é por certo a linguagem cediça e comum, que se fala diariamente e basta para a rápida permuta das ideias: a primeira é uma arte, a segunda é simples mister. Disponível em: <http://pt.wikisource.org/wiki/Diva/Pós-escrito>. Acesso em: 15 abr. 2013. Os estudos linguísticos demonstram que as línguas modificam-se com o tempo e com os usos que se fazem delas. O fragmento de texto de José de Alencar, escritor brasileiro do Romantismo, confirma essa ideia ao destacar A. as ideias e os costumes, os hábitos e as tendências que forjaram a modificação da língua utilizada no Brasil nos séculos XV e XVI. B. os clamores dos classicistas, que defendem as formas da língua utilizada no passado em detrimento das formas utilizadas no presente. C. as novas palavras e os modos diversos de interlocução que enriqueceram
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