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L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - SIMULADO ENEM 2020 - VOLUME 8 - PROVA I C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 On the farms in Africa it is the custom to cut the tops off paraffin and petrol tins and fix glistening squares of metal to flash in the sun. To scare the birds off, it is said. But I’ve seen a hawk come in from a tree to take a fat drownsy hen off her hatching eggs, and that with dogs, cats, and people, black and white, all around her. And once, sitting at a domestic spread of tea outside the house, a dozen people were witness to a half-grown kitten being snatched from the shade under a bush by a swooping hawk. During the long hot silence of midday, the sudden squawking or crowing or flustering of feathers might as often mean that a hawk had taken a fowl. There were plenty of chickens though. And so many hawks there was no point in shooting them. LESSING, D. On Cats. Harper Collins ebooks. [Fragmento] No trecho do romance On Cats, da escritora britânica Doris Lessing, a narradora está descrevendo A. os ataques de gaviões a animais em uma fazenda. B. a perda de animais de estimação muito queridos. C. as lembranças de um evento em família. D. os dissabores da vida em uma fazenda africana. E. o fascínio que desenvolveu pelas aves de rapina. Alternativa A Resolução: O trecho selecionado descreve episódios diferentes em que a narradora testemunhou gaviões (hawks) atacando animais em uma fazenda, como gatos, galinhas e outras presas, conforme indicam os seguintes trechos: I’ve seen a hawk come in from a tree to take a fat drownsy hen off her hatching eggs (eu vi um gavião sair de uma árvore e arrancar uma galinha gorda e sonolenta de seu ninho); a dozen people were witness to a half-grown kitten being snatched from the shade under a bush by a swooping hawk (uma dúzia de pessoas viram um gavião mergulhar em alta velocidade e levar um gato já meio crescido que estava embaixo de um arbusto); the sudden squawking or crowing or flustering of feathers might as often mean that a hawk had taken a fowl (o som repentino de um grasnado, de um galo ou de asas agitadas também poderia significar que um gavião havia atacado um frango). Sendo assim, a alternativa correta é a A. QUESTÃO 02 I, like Aristotle, am a philosopher, and we philosophers must admit the possibility of radical disagreement on the most fundamental questions. Philosophers hold up as an ideal the aim of never treating our interlocutor as a hostile combatant. But if someone puts forward views that directly contradict your moral sensibilities, how can you avoid hostility? The answer is to take him literally – which is to say, read his words purely as vehicles for the contents of his beliefs. What makes speech truly free is the possibility of disagreement without enmity, and this is less a matter of what we can say, than how we can say it. I do not claim that the possibility of friendly disagreement with Aristotle offers any direct guidance on how to improve our much more difficult disagreements with our contemporaries, but I do think considering the case of Aristotle reveals something about what the target of such improvements would be. CALLARD, A. Disponível em: <https://www.nytimes.com/>. Acesso em: 1 ago. 2020. [Fragmento adaptado] No artigo, a autora acredita que o que propicia a liberdade de expressão em um debate é o(a) A. esclarecimento dos próprios pontos de vista aos adversários. B. possibilidade de divergir sem recorrer à hostilidade. C. busca pelo sentido metafórico de um argumento. D. utilização dos princípios concebidos por Aristóteles. E. questionamento de posicionamentos contrários aos nossos. Alternativa B Resolução: A autora escreve, no segundo parágrafo, que a liberdade de expressão torna-se verdadeiramente livre quando consentimos com a possibilidade de discordância sem hostilidade (What makes speech truly free is the possibility of disagreement without enmity), ou seja, devemos entender que nosso interlocutor pode discordar radicalmente da nossa opinião em um debate e que é possível que isso aconteça sem criar inimizade. Dessa forma, a alternativa correta é a B. LMN4 VG4R ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 The scientist “mining” mobile phones The United Nations University describes e-waste as a significant and growing challenge. Yet this discarded electronic junk is also perhaps one of our most underused resources. E-waste contains huge quantities of valuable metals, ceramics and plastics that could be salvaged and recycled, although currently not enough of it is. Veena Sahajwalla, a materials scientist, believes there is a new way of solving this problem. She has plans to build microfactories that can tease apart the tangle of materials in mobile phones, computers and other e-waste. Her vision is for automated drones and robots to pick out components, put them into a small furnace and melt them at specific temperatures to extract the metals one by one before they are sent off to manufacturers for reuse. Sahajwalla says this approach could have a huge impact – not only cutting the huge amount of electronic waste being dumped around the world, it could provide new sources of precious metals. GRAY, R. Disponível em: <:https://www.bbc.com/>. Acesso em: 29 ago. 2020. [Fragmento adaptado] O lixo eletrônico pode causar graves danos ao meio ambiente se descartado de maneira inadequada. Para solucionar o problema, a especialista Veena Sahajwalla propõe A. extrair metais preciosos dos aparelhos eletrônicos descartados. B. recuperar peças em bom estado e devolvê-las aos fabricantes. C. aproveitar peças dos eletrônicos para construir drones e robôs. D. produzir dispositivos eletrônicos com mais materiais sustentáveis. E. utilizar tecnologia de automação para acelerar a reciclagem. Alternativa A Resolução: A ideia da especialista Veena Sahajwalla consiste em utilizar robôs e drones para extrair metais valiosos contidos nos aparelhos eletrônicos que foram descartados. Na etapa seguinte, ela pretende enviar esses materiais para as fábricas para que eles sejam reutilizados em novos componentes. Dessa forma, a alternativa A é a que melhor expressa o plano da especialista para lidar com os resíduos eletrônicos. QUESTÃO 04 Banksy Trends on Valentine’s Day Banksy is the artist behind a new mural that surfaced on the side of a home in Bristol in England this week, according to a Valentine’s Day post on his official Instagram account. The artist’s Instagram account posted two images of the piece, featuring a stencil work of a child holding a slingshot up towards an explosion of bright red flowers, which form a relief work protruding out from the wall. The latest work of the famously mysterious artist has already garnered much attention, with locals in the Barton Hill neighborhood paying a visit to the site on Marsh Lane, the street where the work is located. “As it’s Valentine’s Day, it’s really special and to have it in 3D with the flowers is incredible,” Kelly Woodruff, the daughter of the owner of the home, told BBC News. “There’s so many people coming and enjoying it, taking pictures, it’s fantastic.” Several fans of the artist have taken to social mediato share their selfies with the work as well as their interpretations of it and the term “Bansky” has been trending on Twitter. Disponível em: <https://www.newsweek.com/>. Acesso em: 8 set. 2020. [Fragmento] Uma menina atira flores vermelhas contra uma parede. É esta a nova obra de Banksy, o famoso e misterioso artista urbano britânico. De acordo com o texto, a reação provocada pela obra foi de A. desconfiança, pois muitos curiosos foram atraídos para a vizinhança. B. reflexão, pois o vermelho vivo das flores faz referência à violência social. C. admiração, pois a obra remete aos problemas ambientais da Inglaterra. D. entusiasmo, pois sua autoria foi confirmada pelo artista nas redes sociais. E. indiferença, pois a maioria dos moradores não se manifestou sobre a obra. Alternativa D Resolução: Conforme pode ser constatado no quarto parágrafo, a obra provocou uma reação entusiasmada tanto nos moradores do bairro onde ela foi feita quanto nos fãs do artista, que vieram de vários locais para conhecer a mais nova obra de Banksy. Logo, a alternativa correta é a D e os trechos que a justificam são os seguintes: “it’s really special and to have it in 3D with the flowers is incredible [...].” “There’s so many people coming and enjoying it, taking pictures, it’s fantastic.” NKAM FOHH LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 05 Disponível em: <https://textfromdog.tumblr.com/image/64863488041>. Acesso em: 30 maio 2017. Na página de Internet Text from dog, são postadas trocas fictícias de mensagens entre um cachorro e seu dono. Na conversa reproduzida, as palavras enemy e butler revelam que o cão A. expressa seu ponto de vista por meio de elementos fantasiosos. B. menospreza o dono por causa de sua amizade com o carteiro. C. rebate com desdém os argumentos apresentados pelo homem. D. emprega um tom irônico para desestabilizar seu interlocutor. E. demonstra sua insatisfação com o dono por meio de termos ofensivos. Alternativa A Resolução: Assumindo o pacto ficcional, isto é, ignorando que a conversa em análise é fictícia, pode-se perceber que o cão expressa seu ponto de vista para o dono por meio dos elementos fantasiosos que emprega. Sabe-se que o carteiro não é de fato inimigo do cachorro, mas, ao caracterizá-lo como tal, o cão deixa claro para o dono que é dessa maneira que enxerga o mensageiro, motivo pelo qual se sentiu tão ofendido pelo carinho que recebeu dele. Além disso, ao chamar o dono de mordomo (butler), o cão deixa evidentes suas expectativas em relação a ele: lealdade e servidão. Todos esses elementos que se depreendem do texto, contudo, são construções autorais cuja finalidade é o efeito de humor. Logo, a alternativa correta é a A. As demais podem ser descartadas pelos seguintes motivos: (B) o texto não traz elementos suficientes para afirmar que exista uma amizade entre o dono do cão e o carteiro, nem que o cão busque menosprezar seu dono por causa dessa suposta amizade; (C) na conversa, o cão não busca rebater os argumentos do homem. Na realidade, eles são meramente ignorados pelo animal. Portanto, a alternativa não se sustenta; (D) não existem elementos textuais que permitam afirmar que o cão esteja buscando desestabilizar seu interlocutor. No máximo, ele busca levar o dono a perceber sua insatisfação com o fato de que o carteiro o acariciou; (E) como mostrado na explicação da alternativa A, ao empregar o termo “butler” para designar seu dono, o cão busca, na verdade, deixar explícitas suas expectativas com relação ao homem, e não o ofender. Portanto, o texto não corrobora a afirmação contida na alternativa. TDV4 ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 El escritor Leopoldo Brizuela (La Plata, 1963) cuenta que los argentinos que vivieron bajo la dictadura militar (1976-1983) conservan pequeños hábitos que les cuesta abandonar. No suelen pasear frente a edificios públicos. No salen a la calle sin sus documentos. Y si un ser querido cae en manos de la policía, pasan algo de miedo. “Incluso los de derechas”, apostilla. Vestido con vaqueros y zapatillas, Brizuela no aparenta sus casi 50 años. El autor de la novela ganadora del XV Premio Alfaguara, Una misma noche, pregunta si los lectores españoles son “tan duros como en Argentina”. Explica que la primera crítica que recibió sobre su obra fue: “Ah, otro libro más sobre la dictadura”. Y rebate: “Pues qué voy a hacer. Debo de escribir sobre lo que he vivido”. Disponible en: <http://cultura.elpais.com/cultura/2012/05/26/ actualidad/1338058545_091277.html>. Acceso en: 20 dec. 2012. Comportamentos adquiridos durante os anos da Ditadura Militar na Argentina ainda hoje podem ser percebidos naqueles que vivenciaram a falta de liberdade em diversos aspectos do cotidiano. Essa realidade influenciou a obra de escritores contemporâneos, como é o caso de Leopoldo Brizuela, autor de Una misma noche. Nesse contexto, a crítica relatada por Brizuela incide no fato de que seu texto A. explora um tema já abordado na literatura argentina. B. direciona-se aos leitores da América Latina. C. relata hábitos culturais típicos dos argentinos. D. reúne contos sobre a Ditadura Militar na Argentina. E. descreve um momento histórico distante da realidade do autor. Alternativa A Resolução: Na questão em análise, o escritor Leopoldo Brizuela comenta uma crítica recebida em relação ao seu livro Una misma noche, um romance de suspense, organizado como um caderno de anotações de um investigador. Segundo essa crítica, o romance seria mais um a abordar o tema da Ditadura Militar na Argentina, como exposto no seguinte trecho: “Explica que la primera crítica que recibió sobre su obra fue: ‘Ah, otro libro más sobre la dictadura.’” Portanto, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta porque não há menção no texto ao livro direcionar-se a leitores da América Latina. Além disso, Brizuela pergunta à entrevistadora, inclusive, se os leitores espanhóis são tão duros quanto os leitores argentinos, o que significa que o livro pode ser lido por quem se interessar, independentemente da nacionalidade. A alternativa C está incorreta porque o livro de Brizuela não foca os hábitos dos argentinos, mas uma parte da história da Argentina. O que ocorre é que, no início do texto, menciona-se que o escritor contou à jornalista que os argentinos que viveram durante a ditatura têm hábitos difíceis de serem abandonados. A alternativa D está incorreta porque o livro de Brizuela não se trata de uma coletânea de contos, mas de um romance. A alternativa E está incorreta porque, de acordo com o autor, ele escreve sobre situações que viveu, de acordo com o seguinte trecho: “Y rebate: ‘Pues qué voy a hacer. Debo de escribir sobre lo que he vivido’.” UBBE QUESTÃO 02 Contra el racismo, dignidad en el deporte Se discute si el deporte debe permanecer como una especie de entelequia apartada de la realidad o si debe posicionarse como parte de la misma ante situaciones injustas. Mientras hay quienes solo contemplan el espectáculo socialmente aséptico, lo cierto es que la historia está jalonada de episodios en que política y deporte se han mezclado. Desde la muerte de George Floyd a manos de la policía, el grito de “Black lives matter” ha resonado también en el entorno deportivo, pero tras el acribillamiento de Jacob Blake – con una elevadísima tensión social, con milicias blancas armadas y los republicanos reclamando “ley y orden” – la respuesta ha ido más allá. La burbuja de Disney World, donde se deciden los extraños “play-off” de una temporada de la NBA singular, ha estallado en pedazos porque los jugadores no quieren permanecer al margen de la ebullición en las calles. A la inicial plantada de los Milwaukee Bucks, de Wisconsin, se han añadidolos demás, con lo que la competición, ahora suspendida, corre peligro de anularse. El deporte late por una sociedad más justa, sin opresión ni racismo. Y su grito de indignación es poderoso e influyente, en un año decisivo para el futuro de Estados Unidos. Disponível em: <https://www.elperiodico.com/>. Acesso em: 28 ago. 2020. [Fragmento] O editorial anterior aborda as manifestações relacionadas a casos de racismo nos Estados Unidos. O texto defende que os(as) A. esportes são um meio de introduzir os jovens nas manifestações políticas. B. manifestações antirracistas no esporte têm grande influência política. C. gritos de protesto devem ser evitados para que não se anulem as partidas. D. protestos nos jogos são necessários, embora nas ruas sejam mais efetivos. E. ações contrárias ao racismo no ambiente esportivo devem ser autorizadas. Alternativa B Resolução: No editorial em análise, comenta-se a relação entre esporte e luta antirracista nos Estados Unidos. O texto defende que as manifestações antirracistas no contexto esportivo são relevantes e podem influenciar, decisivamente, o futuro dos Estados Unidos: “El deporte late por una sociedad más justa, sin opresión ni racismo. Y su grito de indignación es poderoso e influyente, en un año decisivo para el futuro de Estados Unidos.” Assim, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o texto não menciona a ideia de que o esporte seja um meio para introduzir os jovens nas questões políticas, tampouco menciona a geração dos jovens. A alternativa C está incorreta porque o editorial não aborda a ideia de anulação dos jogos devido a gritos durante partidas. O que se afirma é que o campeonato de basquete pode ser anulado, pois está suspenso devido à manifestação dos jogadores. A alternativa D está incorreta porque não se menciona no texto que os protestos realizados nas ruas sejam mais efetivos que os realizados nas quadras de esportes. O que se informa no editorial é que os jogadores da NBA não querem ficar à margem dos acontecimentos das ruas. A alternativa E está incorreta porque não se afirma no texto que as manifestações contrárias ao racismo devam ser autorizadas. Inclusive, os jogadores realizam-nas por decisão própria. 34S1 LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 Mi ventana Me gusta ver amanecer a través de mi ventana y ver esa luz tan clara que desprende mi Triana. Ver cómo se asoma el sol tímidamente al alba, y ver como juega la brisa con la espumita del agua. ¡Ay! Río Guadalquivir que sirves de espejo a las muchachas que pasan por el puente de Triana. […] Que vienen de San Jacinto, la plazuela de Santa Ana, o de la calle Castilla al laíto de la cava. ¡Ay! Como me gusta ver el discurrir de la vida A través de mi ventana… GARRUCHO, I. Disponível em: <https://trianaaldia.es>. Acesso em: 21 ago. 2020. No poema “Mi ventana”, o eu lírico descreve algumas cenas cotidianas. Por meio dessa descrição, entende-se que ele A. gosta de ver a vida em movimento através da sua janela. B. admira-se ao ver o pôr do sol espelhado no rio Guadalquivir. C. lamenta as mudanças na paisagem que vê da janela de seu quarto. D. critica as mulheres que passam pela ponte e veem seu reflexo no rio. E. recorda-se dos tempos de criança, quando brincava com a espuma do rio. Alternativa A Resolução: A respeito do poema “Mi ventava”, de Isabel Garrucho, pode-se afirmar que, nele, o eu lírico está em sua janela observando o que se passa em seu bairro (Triana), como o amanhecer, a brisa brincando com a espuma da água do rio, as meninas olhando-se nas águas desse rio. Ao final do poema, o eu lírico diz: “¡Ay! Como me gusta ver / el discurrir de la vida / A través de mi ventana…”. Assim, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque, no poema, o eu lírico menciona o nascer e não o pôr do Sol na referida paisagem, como pode ser lido nos seguintes versos: “Me gusta ver amanecer / a través de mi ventana” ou “Ver cómo se asoma el sol / tímidamente al alba”. PNF3 A alternativa C está incorreta porque não há lamentação ou nostalgia no poema pelas mudanças na paisagem. O eu lírico, como já afirmado, gosta de ver a vida passar, o que implica certa mudança. A alternativa D está incorreta porque o eu lírico afirma que admira quando o rio Guadalquivir espelha o reflexo das moças que passam pela ponte: “¡Ay! Río Guadalquivir / que sirves de espejo / a las muchachas que pasan / por el puente de Triana.” A alternativa E está incorreta porque, embora haja uma referência à espuma do rio (a brisa que brinca com a espuma), essa menção não é uma lembrança de outros tempos para o eu lírico: “y [me gusta] ver como juega la brisa / con la espumita del agua.” QUESTÃO 04 Disponível em: <http://shaktivicshakti.blogspot.com>. Acesso em: 27 ago. 2020. Em anúncios publicitários, empregam-se elementos verbais e não verbais para expressar diferentes sentidos. No anúncio da empresa de telefonia, o pronome “nosotros” é usado para se referir A. à internet, onde se pode encontrar coisas novas. B. aos modelos que se encontram na foto da publicidade. C. ao consumidor do produto, o qual é alvo da campanha. D. à empresa Movistar, que divulga seus serviços de internet. E. aos equipamentos de telefonia que são anunciados pela operadora. Alternativa D Resolução: Na publicidade em análise, os pronomes “nosotros” e “nos” (junto ao verbo “conocer”) se referem à empresa Movistar, do ramo da telefonia, que anuncia seus serviços de internet: “En internet siempre hay cosas nuevas. Con nosotros también. Conócenos y navega con los mejores equipos.” Logo, a alternativa D responde corretamente à questão. As alternativas A e C estão incorretas porque o pronome “nosotros”, de primeira pessoa do plural, não pode se referir à internet (alternativa A) ou ao consumidor (alternativa C) do serviço. A alternativa B está incorreta porque os modelos da foto da campanha representam os clientes ou consumidores da operadora, não há no contexto uma referência às pessoas que foram contratadas para simular a situação de consumo. Além disso, o pronome não se refere aos consumidores. A opção E está incorreta porque o anúncio divulga serviços de internet – e não equipamentos –, que, tampouco, podem ser substituídos por “nosotros”. IRLY ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 05 NIK. Gaturro. Disponível em: <https://br.pinterest.com>. Acesso em: 28 ago. 2020. Os quadrinhos anteriores recorrem a um jogo de palavras para estabelecer um sentido cômico. Esse jogo, que se expressa por meio da sonoridade, A. atribui à vassoura tanto a ação de rir quanto a de varrer. B. demonstra a ironia de Gaturro com os itens de limpeza. C. destaca a piada contada pela pá à sua amiga vassoura. D. revela que a pá e a vassoura são amigas de Gaturro. E. indica que as falas do gato são consideradas impróprias. Alternativa A Resolução: Nos quadrinhos em análise, estabelece-se um sentido cômico através de um jogo de sonoridade, em que Gaturro faz uma brincadeira entre “barriendo” (o gerúdio do verbo “barrer”) e “va riendo” (uma expressão com o verbo “ir” e o verbo “reír” no gerúndio). Essa brincadeira refere-se à vassoura, que varre e também está rindo. Está correta, portanto, a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque não se observa o uso da ironia, segundo a qual se diz algo contrário do que se pensa, mas somente uma brincadeira de Gaturro. A alternativa C está incorreta porque não se pode confirmar que a pá tenha contado uma piada à vassoura, apenas se supõe que ela seja engraçada (“La palita debe ser re graciosa...”). Além disso, o verbo “barrer”, com o qual há um jogo sonoro, se refere a uma ação da vassoura, e não da pá. A alternativa D está incorreta porque não se pode afirmar que a pá e a vassoura sejam amigasde Gaturro, ele apenas cumprimenta a pá. A alternativa E está incorreta porque as falas de Gaturro não são impróprias, há somente uma brincadeira. AVST LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. ALENCAR, J. Iracema. Disponível em: <http://www.dominiopublico. gov.br>. Acesso em: 21 ago. 2018. [Fragmento] No fragmento de José de Alencar, identifica-se o projeto dos autores da Primeira Fase do Romantismo, constatado na A. descrição da figura indígena, que reproduz os padrões de beleza femininos vigentes na época. B. utilização de uma linguagem expositiva, que busca descrever a personagem objetivamente. C. negação de valores religiosos, que são sobrepostos pela valorização dos povos indígenas. D. narração de uma história fantástica, que apresenta elementos místicos e lendários. E. exaltação do índio como herói nacional, que tem sua caracterização idealizada. Alternativa E Resolução: A Primeira Geração Romântica teve como sua principal característica o nacionalismo, no qual se destaca, por sua vez, o indianismo, movimento de valorização do índio como herói nacional, em oposição aos heróis europeus do Classicismo. A obra Iracema é exemplar nesse sentido, sendo considerada um dos principais romances indianistas. No trecho, José de Alencar descreve todos os atributos físicos e psicológicos da índia de forma idealizada, colocando-a em uma posição superior e heroica. É correta, assim, a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o Romantismo valorizou os povos nativos brasileiros, enaltecendo suas características físicas e seus elementos culturais. A alternativa B é incorreta, pois a descrição da personagem é altamente subjetiva, recorrendo às figuras de linguagem metáfora e comparação. A alternativa C é incorreta porque a valorização dos indígenas, no trecho de José de Alencar, não tem como suporte a negação dos povos europeus nem do Cristianismo. A alternativa D está incorreta porque não é caraterística do Romantismo a incorporação de elementos fantásticos, ou seja, distantes da realidade objetiva. QUESTÃO 07 III Colada à tua boca a minha desordem. O meu vasto querer. O incompossível se fazendo ordem. Colada à tua boca, mas descomedida Árdua Construtor de ilusões examino-te sôfrega PAR9 CTFB Como se fosses morrer colado à minha boca. Como se fosse nascer E tu fosses o dia magnânimo Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer. HILST, H. Do desejo. In: ______. Da poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. A linguagem apresenta funções distintas de acordo com a intenção do emissor. No poema de Hilda Hilst, a função poética da linguagem é predominante devido à presença de elementos que A. expressam o sentimento do eu lírico. B. inserem a ficção nos eventos narrados. C. exploram a forma na construção imagética. D. confundem o leitor na compreensão textual. E. abordam a subjetividade da experiência amorosa. Alternativa C Resolução: A função poética da linguagem está relacionada a uma preocupação com a forma como a mensagem será transmitida, o que, no poema, é feito por meio da construção das imagens que conformam o sentido dos versos e a versificação. Por isso, está correta a alternativa C. A alternativa A é incorreta, pois a expressividade dos sentimentos pode ser descrita pela função emotiva, e o eu lírico, nesse texto, refere-se apenas ao emissor, não revelando explicitamente o que sente; antes disso, nota-se o trabalho com a linguagem para se transmitir uma mensagem. A alternativa B é incorreta, pois não há precisamente uma narrativa, e sim a justaposição de imagens construindo o sentido poético; além disso, não há elementos que apontem para uma ficção no texto. A alternativa D é incorreta, pois o objetivo não é confundir o leitor, e sim apresentar o significado de outra maneira. A alternativa E é incorreta, pois a experiência amorosa pode ser representada por meio de outras funções da linguagem, não sendo esse aspecto o que define a função poética. QUESTÃO 08 Quais são as espécies mais ameaçadas de extinção no Brasil? O Brasil possui atualmente 627 espécies ameaçadas de extinção, de acordo com pesquisa do Ministério do Meio Ambiente realizada em 2008. O levantamento anterior, feito em 1989, mostrava uma lista de 218 animais, mas não incluía peixes e outras espécies aquáticas. O processo de extinção está relacionado ao desaparecimento de espécies ou grupos de espécies em um determinado ambiente ou ecossistema. Mas o surgimento e a extinção de espécies são eventos extremamente lentos, e que levam milhares ou até mesmo milhões de anos para ocorrer, a exemplo do que aconteceu com os dinossauros. Porém, o homem vem acelerando muito a taxa de extinção de espécies, a ponto de ter se tornado o principal agente deste processo. “Os animais em risco estão muitas vezes sufocados pelo desmatamento provocado pela pecuária, pela abertura de terras, pela poluição e a expansão urbana”, diz a bióloga Ellen Augusta de Freitas. JOENCK, A. Disponível em: <https://www.terra.com.br>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento] TCFG ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A fala de uma bióloga é usada para reiterar um ponto de vista a respeito da extinção de animais no Brasil. Com base nisso, o texto defende que o A. processo é decorrente da própria cadeia evolutiva. B. agente responsável é principalmente o ser humano. C. evento ocorre lentamente e é inevitável aos humanos. D. levantamento exposto é pouco claro sobre a realidade. E. acontecimento é tão esperado como o dos dinossauros. Alternativa B Resolução: Considerando que a bióloga Ellen Augusta de Freitas aborda o fato de os animais muitas vezes serem sufocados por ações como a pecuária e a expansão urbana, percebe-se que sua fala reitera o posicionamento da autora de que o ser humano vem acelerando a taxa de extinção das espécies, a ponto de ter se tornado o principal agente desse processo. Assim, no último parágrafo do texto, vê-se o posicionamento da autora e a fala da bióloga, citada como autoridade no assunto. A alternativa correta é, portanto, a B. Nesse sentido, a frequência com que espécies vêm sendo extintas não é considerada natural nem esperada dentro do processo evolutivo, o que invalida as alternativas A e E. A alternativa C está incorreta porque, por mais que a extinção natural das espécies seja lenta e inevitável, como pode ser inferido do texto, o posicionamento defendido é de que o ser humano agravou a situação, apressando eventos naturais. Por fim, o texto expõe que o levantamento atual sobre as espécies é completo e que o anterior não incluía peixes e outras espécies aquáticas, o que invalida a alternativa D, que o caracteriza como pouco claro. QUESTÃO 09 Junto aos presos equilibrava-se um homem de grande estatura, largo e reforçado, tipo de caboclo nascido no Amazonas, trajando fardeta e boné e segurando com ambas as mãos, sobre o joelho em descanso, o instrumento de castigo: era o guardião Agostinho, o célebre guardião Agostinho, especialista consumado no ofício de aplicar a chibata, o mais robusto e valente de todos os guardiães, e cujo zelo em coisas de “patescaria” tornara-se proverbial. Nos momentos de manobra difícil, era ele quem auxiliava o mestre na faina, invariavelmente munido de um apito de prata, não se afastandonunca de suas obrigações. CAMINHA, A. Bom-Crioulo. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 10 set. 2020. [Fragmento] No trecho do romance naturalista de Adolfo Caminha, publicado em 1895, encontram-se ideias características de seu movimento literário, o que se percebe pela construção da narração, que é centrada no(a) A. ética militar para instruir os leitores. B. caráter subjetivo ao representar o guardião. C. moralidade cultural ao defender uma conduta. D. complacência dos oficiais ao aceitarem os castigos. E. descrição física para caracterizar a psique de Agostinho. 3OI8 Alternativa E Resolução: O Naturalismo segue o pensamento cientificista vigente na época e teve como influência teorias como a de Charles Darwin. Assim, o movimento estético atribui a causa das situações sociais a um determinismo biológico, expresso no excerto na caracterização de Amaro – como um “selvagem”, identificado assim por seus trejeitos. Logo, sua personalidade – e sua ocupação – é definida pela sua compleição e procedência, “tipo de caboclo nascido no Amazonas”, o que está corretamente indicado na alternativa E. A alternativa A é incorreta, pois a ética militar, no fragmento, não é exaltada como um pensamento da época com o qual se coaduna. A alternativa B é incorreta, pois se representa Amaro objetivamente, sem espaço para a expressão de sua subjetividade. A alternativa C é incorreta, pois não há menção à moral nem ao capital cultural da personagem. A alternativa D é incorreta, pois o oficial Amaro é descrito de maneira animalizada, e não complacente. QUESTÃO 10 O africano e o poeta No canto tristonho Do pobre cativo Que elevo furtivo, Da lua ao clarão; Na lágrima ardente Que escalda-me o rosto, De imenso desgosto Silente expressão; Quem pensa? – O poeta Que os carmes sentidos Concerta aos gemidos De seu coração. – Deixei bem criança Meu pátrio valado, Meu ninho embalado da Líbia no ardor: Mas esta saudade Que em túmido anseio Lacera-me o seio Sulcado de dor, Quem sente? – O poeta Que o elísio descerra; Que vive na terra De místico amor! [...] AMÁLIA, N. O africano e o poeta. In: ______. Nebulosas. Rio de Janeiro: Gradiva. 2. ed. 2017. Narcisa Amália foi jornalista, professora e poeta no final do século XIX, e sua obra a inseriu na tradição condoreira do Romantismo brasileiro. O fragmento desse poema estabelece relações com o contexto de sua produção, pois apresenta um eu lírico que VSO3 LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A. lamenta a condição social do escravo. B. sofre devido ao exílio da sua terra natal. C. busca a evasão da sua condição de cativo. D. reconhece a dimensão misteriosa do amor. E. encontra na natureza o eco de seus anseios. Alternativa A Resolução: A Terceira Geração do Romantismo brasileiro, assim como a primeira, buscava a identidade nacional, no entanto, considerando a questão da identidade negra e da condição do escravo na sociedade brasileira. A produção dessa época foi muito marcada pela consciência social e por manifestações abolicionistas. No poema “O africano e o poeta”, Narcisa Amália denuncia a condição do escravo, “pobre cativo”, destacando seu sofrimento por ter sido removido do seu país de origem. Amália também faz referência ao papel social do poeta frente às injustiças por ele observadas. Assim, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta porque a condição de exilado é vivida pelo escravo, figura que dialoga com o eu lírico; além disso, o exílio foi explorado pelos poetas da primeira geração do Romantismo, não da terceira. A alternativa C está incorreta porque o eu lírico se apresenta consciente com relação ao encarceramento dos escravos. A alternativa D está incorreta porque o “místico amor” a que se refere o eu lírico é a condição do poeta de homem livre e, portanto, capaz de agir perante o desrespeito que testemunha. Já a alternativa E está incorreta porque o eu lírico de Amália se volta para questões flagrantes da sociedade e para as relações humanas; a natureza, protagonista dos poemas da primeira geração, agora se faz notar apenas pelo luar que adentra a cela do cativo. QUESTÃO 11 Animal não é brinquedo. Sente fome, frio e medo. Por isso, não pode ser descartado e deixado à própria sorte nas ruas. Quando você leva um animal para sua casa, a responsabilidade pela vida – e qualidade de vida – dele é sua. Disponível em: <http://centervet1.blogspot.com>. Acesso em: 04 out. 2018. [Fragmento] O elemento de coesão que traduz a coerência entre o slogan da campanha e o parágrafo seguinte apresenta a ideia de A. causa. B. conclusão. C. explicação. D. conformidade. E. consequência. Alternativa B Resolução: O elemento “Por isso” estabelece a coesão entre o slogan da campanha publicitária e o parágrafo seguinte, conferindo a ideia de conclusão, ou seja, explicando, conclusivamente, o porquê de os animais não poderem ser descartados como brinquedos. A alternativa que aponta esse entendimento é a B. As alternativas A, C, D e E não procedem, pois a ideia traduzida pelo elemento coesivo não é de causa, explicação, conformidade ou consequência. N53O QUESTÃO 12 Andar rápido, torcer para o sinal abrir logo para atravessar, correr do ponto de ônibus até em casa. Atitudes comuns a muitas mulheres que têm medo de andar sozinhas levaram à criação do movimento “Vamos juntas?”, uma espécie de convite à união de desconhecidas contra a insegurança das grandes cidades. Entre as mais de 90 mil pessoas que curtiram a página do Facebook em duas semanas, são muitos os relatos de moradores do Rio de Janeiro buscando e oferecendo companhia para momentos que consideram perigosos. A ideia surgiu no Rio Grande do Sul, quando Babi Souza, de 24 anos, percebeu como era reconfortante encontrar outra pessoa do mesmo sexo em situações de risco. Além de aumentar a segurança, a estratégia também acaba criando amizades. O próximo passo do “Vamos Juntas?” é a criação de uma plataforma para unir mulheres que estejam próximas e desejem companhia. SOUZA, E. Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 22 ago. 2018. [Fragmento] A reportagem anterior apresenta um movimento social cujo objetivo é A. auxiliar mulheres em situações de insegurança. B. oferecer treinamento de autodefesa para mulheres. C. orientar as mulheres sobre o que fazer em situações de risco. D. criar uma plataforma digital de debates de assuntos femininos. E. funcionar como uma rede de relacionamento para novas amizades. Alternativa A Resolução: O movimento “Vamos juntas?”, como descrito no texto, surgiu da sensação de insegurança que muitas mulheres sentem ao andar sozinhas na rua. A proposta do movimento é que as mulheres se unam e auxiliem umas às outras para enfrentar, juntas, esses momentos, criando uma rede de solidariedade. Está correta, portanto, a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois o movimento não oferece treinamento de autodefesa para mulheres, mas consiste apenas numa rede de solidariedade. A alternativa C está incorreta, pois não é objetivo do movimento orientar as mulheres sobre o que fazer em situações de risco, mas sim ajudar umas às outras nesses momentos – o que, claro, pode ocorrer por meio de dicas sobre comportamento em determinadas situações, mas não exclusivamente. A alternativa D está incorreta, pois embora o movimento tenha como objetivo criar uma plataforma digital, seu intuito não é debater assuntos femininos de modo geral, mas sim auxiliar mulheres que estejam próximas e precisam de companhia a se encontrarem. A alternativa E está incorreta, pois não é objetivo do movimento ser uma rede de relacionamento para novas amizades; estas podem ser, sim, consequência das situações de ajuda mútua em que as mulheres se encontram. Q1DO ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 13“Meu computador e meu notebook são atualizados e eficientes, mas não me importa que em algumas semanas estejam superados, desde que funcionem bem.” LUFT, Lya. “A maior ironia”. Veja, 16 fev. 2011 (Fragmento). No fragmento do texto de Lya Luft, a utilização da conjunção grifada estabelece uma relação semântica equivocada entre as orações. Para estabelecer uma relação de sentido adequada, a conjunção deveria ser substituída por A. portanto, que expressa conclusão. B. pois, que expressa justificativa. C. e, que expressa adição. D. embora, que expressa concessão. E. já que, que expressa causa. Alternativa C Resolução: A conjunção “mas” usada isoladamente transmite sentido de oposição ou quebra de expectativa, como em “Meu computador é novo, mas não funciona”. No texto em análise, porém, não se identifica essa noção, já que “não me importa que em algumas semanas estejam superados” não se opõe à oração anterior, “Meu computador e meu notebook são atualizados e eficientes”. O que há, na verdade, é uma noção de adição, que poderia ser representada linguisticamente pela conjunção “e”, conforme aponta a alternativa C. As demais alternativas estão incorretas porque apontam para relações de sentido inexistentes entre as orações. QUESTÃO 14 O tenente Antônio de Sousa era um desses moços que se gabam de não crer em nada, que zombam das coisas mais sérias e riem dos santos e dos milagres. [...] – Quereis saber uma coisa? Filho meu não frequentaria esses colégios e academias onde só se aprende o desrespeito à religião. Em Belém, parece que todas as crenças velhas vão pela água abaixo. A tal civilização tem acabado com tudo que tínhamos de bom. A mocidade imprudente e leviana afasta-se dos princípios que os pais lhe incutiram no berço, lisonjeando-se duma falsa ciência que nada explica, e a que, mais acertadamente, se chamaria charlatanismo. Os maus livros, os livros novos, cheios de mentiras, são devorados avidamente. As coisas sagradas, os mistérios são cobertos de motejos, e, em uma palavra, a mocidade hoje, como o tenente Sousa, proclama alto que não crê no diabo (salvo seja, que lá me escapou a palavra!), nem nos agouros, nem nas feiticeiras, nem nos milagres. É de se levantarem as mãos para os céus, pedindo a Deus que não nos confunda com tais ímpios! SOUSA, I. A feiticeira. In: NEMO, A. O grande livro dos melhores contos. v. 2. Tacet Books, 2020. [Fragmento adaptado] No fragmento do conto naturalista de Inglês de Souza, publicado em 1893, há uma questão social, presente na época e verificável nos dias atuais, que é explicitada pela fala da personagem, a qual se baseia na J8ZO BC5I A. valorização do conhecimento científico. B. crítica à qualidade educacional do país. C. desinformação característica da juventude. D. antipatia pelas mudanças das novas gerações. E. manipulação dos jovens por práticas enganosas. Alternativa D Resolução: O tenente, em sua fala, maldiz o conhecimento dos mais novos (as novas gerações), que, ao frequentarem colégios e academias, ou seja, ao terem contato com o conhecimento científico, apresentariam uma postura mais cética diante da vida, por isso está correta a alternativa D. A alternativa A é incorreta, pois o fragmento apresenta um ataque ao conhecimento científico, como se ele destruísse a fé, e não uma exaltação. A alternativa B é incorreta, pois a personagem não critica a educação em si, mas as instituições educacionais que, na sua visão, promovem o pensamento abstrato em seus alunos. A alternativa C é incorreta, pois o problema do tenente não é que os jovens não conheçam os símbolos de fé, mas que não acreditem neles. A alternativa E é incorreta, pois não há, de fato, manipulação das pessoas – sendo esse apenas o preconceito representado na fala da personagem. QUESTÃO 15 O Cervo doente Um Cervo doente e incapaz de andar, repousava quieto em um pequeno pedaço de pasto fresco. E aqueles que se diziam seus amigos, então vieram em grande número para saber de sua saúde. E cada um deles que estava ali para visita, servia-se à vontade da escassa grama daquele reduzido pasto, que lá estava para seu próprio sustento. Assim ele morreu, não da doença da qual padecia, mas por falta de alimento, uma vez que não podia caminhar para ir buscar em outro lugar. ESOPO. Fábulas de Esopo. Disponível em: <www.sitededicas.com.br>. Acesso em: 2 ago. 2020 (Adaptação). As fábulas apresentam como característica a transmissão de uma mensagem moral. Na narrativa de “O Cervo doente”, a finalidade pedagógica é apontar que a A. fome desmedida leva ao óbito. B. amizade egoísta gera infortúnios. C. mentira influencia os vulneráveis. D. condição enferma afasta as pessoas. E. vida solitária garante os provimentos. Alternativa B Resolução: A moral da fábula – traço do gênero literário – é extraída da seguinte narrativa: os amigos do cervo doente se aproximam deste por preocupação, mas só pensam em si mesmos, o que é expresso pelo comer do pasto; ao final, isso traz um revés – a fome que leva à morte – para o cervo que precisava de apoio. Por isso, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois a fome é apresentada como uma metáfora para a realidade. 83XQ LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa C está incorreta, pois os amigos não enganam o Cervo, mas agem apenas pensando em si. A alternativa D está incorreta, pois a enfermidade não afasta os que se diziam amigos da personagem, pelo contrário. A alternativa E está incorreta, pois não é a solidão que garante os provimentos, mas, nessa fábula, o pensamento coletivo. QUESTÃO 16 Umas férias Houve um movimento geral de cabeças na direção da porta do corredor, por onde devia entrar a pessoa desconhecida. Éramos não sei quantos meninos na escola. Não tardou que aparecesse uma figura rude, tez queimada, cabelos compridos, sem sinal de pente, a roupa amarrotada, não me lembra bem a cor nem a fazenda, mas provavelmente era brim pardo. Todos ficaram esperando o que vinha dizer o homem, eu mais que ninguém, porque ele era meu tio, roceiro, morador em Guaratiba. Chamava-se tio Zeca. Tio Zeca foi ao mestre e falou-lhe baixo. O mestre fê-lo sentar, olhou para mim, e creio que lhe perguntou alguma cousa, porque tio Zeca entrou a falar demorado, muito explicativo. O mestre insistiu, ele respondeu, até que o mestre, voltando-se para mim, disse alto: – Sr. José Martins, pode sair. ASSIS, M. Obra completa. v. 2. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. [Fragmento] O fragmento do conto, publicado em 1906, desenvolve-se de acordo com as características do Realismo, pois apresenta A. temática rural. B. descrição objetiva. C. estereótipos sociais. D. linguagem rebuscada. E. personagem narrador. Alternativa B Resolução: A narrativa do período realista, tal qual o fragmento de Machado de Assis, tem como característica a descrição objetiva, e não exaustiva, em contraste com o período romântico. No excerto, a descrição se detém nas ações de maneira pontual, caracterizando por meio de elementos visíveis (objetivos) a figura do tio. Está correta, portanto, a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois a cena se passa em uma escola, e não há nada que diga que seja em contexto rural. A alternativa C está incorreta, pois há uma descrição sob a visão do narrador, um menino, de um parente seu, mas não uma estereotipia – como ocorreu com as personagens indígenas no Romantismo. A alternativa D está incorreta, pois a linguagem não é rebuscada, pelo contrário, é direta e coloquial, ainda que de acordo com a variante padrão. A alternativa E está incorreta, pois a existência de um personagem que seja também narrador não é uma especificidade do período. QUESTÃO 17 TEXTO I Advérbio é a palavra que: • é invariável morfologicamente, ou seja, não apresenta flexão de gênero, número, modo, etc.; PØ2Ø H48V • semanticamenteexpressa uma circunstância (lugar, tempo, modo, dúvida, certeza etc.); • sintaticamente modifica um verbo, um adjetivo, um outro advérbio ou toda uma afirmação expressa em uma frase. MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 1999. TEXTO II Solar Minha mãe cozinhava exatamente: arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas. Mas cantava. PRADO, Adélia. O coração disparado. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. No trecho “cozinhava exatamente”, do Texto II, o advérbio “exatamente” expressa, em relação à forma verbal cozinhava, uma circunstância de A. modo. B. intensidade. C. comparação. D. finalidade. E. concessão. Alternativa A Resolução: No trecho, o advérbio “exatamente” expressa como a mãe cozinhava, ou seja, “de maneira ou modo exato”. Semanticamente, esse termo busca transmitir uma definição precisa dos alimentos que estavam sendo cozinhados. Por isso, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque não há uma intensificação – para mais nem para menos – do que está sendo cozinhado. A alternativa C está incorreta porque o advérbio não sugere uma comparação entre termos. A alternativa D está incorreta porque não aponta para o fim, o intuito da ação de cozinhar. Por último, a alternativa E está incorreta porque não há no trecho noção de concessão, em que se concede, abre-se mão de algo. QUESTÃO 18 O agregado e o operário Sou matuto do Nordeste, Criado dentro da mata. Caboclo cabra da peste, Poeta cabeça-chata. Por ser poeta roceiro, Eu sempre fui companheiro Da dor, da mágoa e do pranto. [...] Sou amigo do operário Que ganha um pobre salário, E do mendigo indigente. E canto com emoção O meu querido sertão 99EQ ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO E a vida de sua gente. [...] Eu procuro defender, No meu modesto poema, Que a santa verdade encerra, Os camponeses sem terra Que os céus desse Brasil cobre, E as famílias da cidade Que sofrem necessidade, Morando no bairro pobre. Vão no mesmo itinerário, Sofrendo a mesma opressão. Na cidade, o operário; E o camponês, no sertão. Embora, um do outro ausente, O que um sente, o outro sente. Se queimam na mesma brasa E vivem na mesma guerra: Os agregados, sem terra; E os operários, sem casa. ASSARÉ, Patativa do. Ispinho e fulô. São Paulo: Hedra, 2005. A literatura, entendida como um discurso social, insere-se em uma rede complexa de deslocamentos e utilizações variadas, apresentando, assim, inúmeras facetas e funções. O fragmento do poema “O agregado e o operário”, de Patativa do Assaré, é um exemplo de uma das utilizações do texto literário. No caso de Patativa do Assaré, percebe-se que há, explicitamente, a escrita com função A. catártica, ou seja, de purificar a alma do leitor por meio de forte descarga emocional. B. evasiva, ou seja, de levar o leitor ao distanciamento e à fuga da realidade. C. social, ou seja, de conscientizar o leitor por meio da denúncia de situações de conflito. D. emotiva, ou seja, de promover o prazer ao leitor por meio de experiências sensoriais. E. distrativa, ou seja, de conduzir o leitor ao campo da imaginação para representar o real. Alternativa C Resolução: Os versos de Patativa do Assaré, como é característico na obra do autor, trazem fortes críticas ao abandono do povo sertanejo pelo poder público, temática recorrente na literatura de cordel. Em “O agregado e operário”, versos que comprovam isso são: “Sou matuto do Nordeste,”, “Poeta cabeça-chata / Por ser poeta roceiro,”, “Sou amigo do operário”, “E canto com emoção / O meu querido sertão”, “Eu procuro defender”. “Os camponeses sem terra”, entre todos os demais. Nessas passagens, o eu lírico do poeta se posiciona entre povo oprimido e se orgulha de seu passado, de sua terra e de seus companheiros. Essa postura reitera a função social da literatura, que se presta a conscientizar os leitores do mundo em que eles vivem, que pode ser tão diferente, mas tão igual, tão local, mas tão global, já que não é necessário ocupar o lugar de um sertanejo, de um operário ou de um sem terra para ter ciência de algumas das dificuldades enfrentadas por esse estrato da sociedade. Por isso, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque, embora íntimo, o texto em pauta não carrega intentos místicos de limpeza do espírito dos leitores, mas sim de documentação de uma realidade. A alternativa B está incorreta, porque o texto não se propõe a um objetivo escapista. A alternativa D está incorreta porque o texto, embora possa levar a reflexões fruitivas, não se estrutura por linguagem sinestésica. Finalmente a alternativa E está incorreta porque o texto busca o oposto de distrair: trazer o foco para a realidade – sem usar da imaginação, mas sim de um retrato real. QUESTÃO 19 Recreios campestres na companhia de Marília Olha, Marília, as flautas dos pastores Que bem que soam, como estão cadentes! Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes Os Zéfiros brincar por entre as flores? Vê como ali beijando-se os Amores Incitam nossos ósculos ardentes! Ei-las de planta em planta as inocentes, As vagas borboletas de mil cores! Naquele arbusto o rouxinol suspira, Ora nas folhas a abelhinha para, Ora nos ares sussurrando gira Que alegre campo! Que manhã tão clara! Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira, Mais tristeza que a morte me causara. BOCAGE, M. M. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968. p. 152. A evocação de um cenário idílico, no qual fauna e flora criam uma imagem de harmonia e beleza absolutas, é típica das produções poéticas árcades. Nos versos do português Bocage, essa característica é comprovada porque A. os elementos do campo são responsáveis pela condição apaixonada do eu lírico e pela reciprocidade de sua amada. B. o ambiente bucólico é compreendido com uma paisagem de múltiplas belezas diretamente relacionadas à visão da amada. C. os animais e as plantas aparecem personificados e transformam o ambiente natural em um cenário de sonhos. D. a natureza é vista como esconderijo para a vivência dos amores interditos pelas ambições e máscaras do mundo urbano. E. o mundo natural traz em si tamanha perfeição que se torna superior ao desejo do eu lírico de se aproximar da mulher amada. VBBK LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: O soneto associa a beleza de um ambiente bucólico à visão da amada, a verdadeira razão do regozijo do eu lírico, em conformidade com a estética poética árcade. Somente por amá-la e vê-la ele é capaz de encontrar tantas belezas na natureza. Trechos que comprovam a resposta são: “Olha, Marília, as flautas dos pastores”, “Olha o Tejo a sorrir-se [...]”, “As vagas borboletas de mil cores!”, “Naquele arbusto o rouxinol suspira”, “Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira, / Mais tristeza que a morte me causara”. Assim, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta porque não são os elementos do campo que condicionam o amor do eu lírico; na verdade, é o contrário: o amor que sente faz com que veja beleza no campo. Além disso, no texto, não há indícios da reciprocidade do amor. A alternativa C está incorreta porque, no texto, o que comprova a estética árcade é a associação da personificação dos animais e da descrição do ambiente idílico à visão da amada e ao amor sentido pelo eu lírico, não apenas a existência desses fatores. A alternativa D está incorreta porque o ambiente campestre no soneto não denota um esconderijo dos sentimentos artificiais da cidade, mesmo que o conceito de Fugere urbem seja comum aos textos árcades. As belezas naturais são, antes, um reflexo do estado de espírito do eu lírico: a natureza é bela porque sua amada é bela. Por fim, a alternativa E está incorreta porque beleza da natureza não é considerada pelo eu lírico como superior à da amada ou à vontade de estarperto dela; na verdade, é o contrário. QUESTÃO 20 Explosão de estrela distante pode ter desencadeado extinção em massa na Terra Ao longo da história da Terra, cinco eventos de extinção em massa eliminaram, em um curto espaço de tempo, a maioria de todos os seres vivos que existiam no planeta – abrindo espaço para novas espécies evoluírem e ocuparem os nichos ecológicos esvaziados. Desses eventos, um bem pouco conhecido aconteceu há 359 milhões de anos, em um período chamado Devoniano Superior. Mas, nesse caso, ninguém sabe ao certo o que causou a matança em massa. Agora, uma nova pesquisa identificou uma inédita (e intrigante) suspeita: a explosão de uma estrela muito distante da Terra. Segundo os autores, uma supernova (ou várias delas) que ocorreu a 65 anos-luz da Terra pode ter sido responsável por destruir parte da nossa camada de ozônio e deixado o planeta vulnerável à radiação. É a primeira vez que cientistas sugerem que a morte de uma estrela possa ter tido influência direta na vida na Terra, especialmente em um evento de extinção em massa. “A mensagem que fica de nosso estudo é que a vida na Terra não existe isoladamente”, diz Fields – um dos autores da teoria. CARBINATTO, B. Disponível em: <https://super.abril.com.br>. Acesso em: 30 ago. 2020 (Adaptação). B618 Considerando que o texto se caracteriza como uma reportagem, para apresentar as causas da extinção em massa no período Devoniano Superior, o autor recorre à estratégia discursiva de A. enfatizar a importância da descoberta. B. explicitar a falta de conclusões dos cientistas. C. defender sua opinião questionando os dados. D. abordar as ideias dos responsáveis pelo estudo. E. descrever os acontecimentos do período histórico. Alternativa D Resolução: o articulista, ao tratar de um assunto que ainda não tem confirmação científica, recorre a uma hipótese – que constitui sua tese –, embasada na perspectiva de especialistas, por isso ele se limita a expor as ideias apresentadas no estudo, o que está indicado na alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois a reportagem não atribui grau algum de importância à descoberta, que ainda não foi comprovada. A alternativa B está incorreta, pois a ausência de conclusões é o ponto de partida da discussão, o que também não configura uma estratégia discursiva. A alternativa C está incorreta, pois o gênero reportagem não apresenta um ponto de vista, mas informações sobre um assunto. A alternativa E está incorreta, pois a descrição do período Devoniano Superior apenas contextualiza o leitor, mas não compõe a argumentação do autor. QUESTÃO 21 – Puxe mais um chorado na viola, compadre – Mano, espermente um golinho de cachaça ardosa pra tomar sustança – Então abram roda BOPP, R. Cobra Norato. 22. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004. Cobra Norato reconta a lenda amazônica de uma índia que engravida do Cobra Grande ao se banhar entre o rio Amazonas e o Trombetas. Nos versos de Raul Bopp, o vocabulário empregado pelas personagens é um registro que reflete a A. verossimilhança da fala do grupo em questão. B. decadência da cultura originária da Amazônia. C. ausência de instrução formal entre os falantes. D. objetividade do falar informal em vez do formal. E. valorização de diversas variantes do português. Alternativa A Resolução: O autor, ao empregar um vocabulário marcado por aspectos regionais, busca ser fiel à variante linguística que retrata em seu texto, como aponta corretamente a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque o texto não expõe uma suposta decadência da cultura amazônica; na verdade, o poema de Raul Bopp a enaltece. A alternativa C está incorreta porque somente pelos versos expostos não se pode inferir a escolaridade das personagens, já que mesmo pessoas com alto grau de instrução podem, ainda assim, empregar linguagem informal em seu dia a dia. A alternativa D está incorreta porque a linguagem informal IT62 ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO não é mais nem menos objetiva que a formal, já que ambas são variantes de uma mesma língua empregadas em contextos diferentes. Por fim, a alternativa E está incorreta porque o poema de Raul Bopp valoriza somente uma variante em seu texto. QUESTÃO 22 TEXTO I ALMEIDA JÚNIOR. Recado difícil. 1895. Pintura, 139 × 79 cm. Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. TEXTO II O rapaz aproximou-se das grades de cedro polido que o separavam do comerciante. Era de vinte anos, tipo do Norte, franzino, amorenado, pescoço estreito, cabelos crespos e olhos vivos e penetrantes se bem que alterados por um leve estrabismo. Vestia casimira clara, tinha um alfinete de esmeralda na camisa, um brilhante na mão esquerda e uma grossa cadeia de ouro sobre o ventre. Os pés, coagidos em apertados sapatinhos de verniz, desapareciam-lhe casquilhamente nas amplas bainhas da calça. AZEVEDO, A. Casa de pensão. Disponível em: <www.dominiopublico. gov.br>. Acesso em: 31 ago. 2020. [Fragmento] Considerando que o quadro de Almeida Júnior e a prosa de Aluísio Azevedo pertencem ao Realismo, as obras utilizam, como recurso para formatar as mensagens por elas dimensionadas, a A. diminuição da importância do cenário pelo olhar objetivo. B. representação da sociedade da época de maneira sintética. C. abordagem da vida nas cidades através de cenas cotidianas. D. exploração da indumentária das personagens como distinção social. E. citação das situações de vulnerabilidade pela desigualdade econômica. C4PQ Alternativa D Resolução: A descrição realista é objetiva e explora os elementos visíveis e palpáveis para representar a realidade e apresentar sua crítica social. Tanto no quadro quanto no fragmento da prosa, percebe-se este elemento através do enfoque dado às roupas, que revelam a classe social das figuras humanas – a mulher e o menino do quadro, e o rapaz da prosa. Dessa forma, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois não há correlação entre o olhar objetivo e a não descrição do cenário; pelo contrário, no quadro, a caracterização da casa é importante na construção do sentido. A alternativa B está incorreta, pois a objetividade da estética realista não significa uma expressão sintética, resumida em poucas palavras, mas sim objetiva, opondo-se a um retrato idealizado. A alternativa C está incorreta, pois as obras em análise não dão centralidade à vida nas cidades em geral, e, sobretudo, porque elas dão destaque a eventos específicos, e não cotidianos. A alternativa E está incorreta, pois não se pode inferir vulnerabilidade oriunda da desigualdade social nos textos; além disso, o texto II emprega o recurso da citação para listar características, roupas e acessórios da personagem, e não as situações de vulnerabilidade. QUESTÃO 23 TEXTO I Quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. ANDRADE, C. D. Quadrilha. In: ______. Alguma poesia. 1930. TEXTO II JOÃO: Olho Teresa. Vejo-a sentada aqui a meu lado, a poucos centímetros de mim. A poucos centímetros, muitos quilômetros. Por que essa impressão de que precisaria de quilômetros para medir a distância, o afastamento em que a vejo neste momento? RAIMUNDO: Maria era a praia que eu frequentava certas manhãs. Meus gestos indispensáveis que se cumpriam a um ar tão absolutamente livre que ele mesmo determina seus limites, meus gestos simplificados diante de extensões de que uma luz geral aboliu todos os segredos. JOAQUIM: O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amorveio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. [Fragmento] 58VL LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Entre esses textos literários há intertextualidade. O texto II se vale das relações estabelecidas no texto I para fazer uma alusão que propõe A. apresentar uma óptica social dos sujeitos do relato. B. aprofundar o aspecto subjetivo do drama amoroso. C. quebrar estereótipos a respeito do amor platônico. D. explorar os desdobramentos sequenciais do conto. E. denunciar a superficialidade entre as personagens. Alternativa B Resolução: O poema de João Cabral de Melo Neto faz alusão às personagens da notória “Quadrilha”, de Drummond. No poema, são apresentadas as personagens João, Raimundo e Joaquim, todas sofrendo por amores não correspondidos. Enquanto o poema de Drummond se vale de uma perspectiva externa às personagens, Neto explora a perspectiva individual dessas relações amorosas. As confissões das personagens possuem intensa carga emocional, evidenciando o aspecto dramático por trás das desilusões amorosas. Portanto, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois a perspectiva social, ainda que superficial, está presente somente no texto I, que apresenta uma leitura externa desses sujeitos. A alternativa C está incorreta, pois o texto II se limita a abordar o psicológico das três personagens, sem propor uma leitura diferente do amor não correspondido. A alternativa D está incorreta, pois o fragmento se inicia do mesmo ponto no qual se inicia a “Quadrilha”, apresentando, porém, uma perspectiva diferente. Por fim, a alternativa E está incorreta, porque Neto procura explorar as questões subjetivas por trás do enredo de Drummond, sem sugerir que alguma personagem seja superficial. QUESTÃO 24 BOTTICELLI, S. O nascimento de Vênus, 1485. Têmpera sobre tela, 172,5 × 278,5 cm. Acervo da Galleria degli Uffizi, Florença. No famoso quadro de Botticelli, pertencente ao período renascentista, a presença de personagens mitológicas tem como finalidade A. valorizar a crença religiosa das civilizações antigas. B. recuperar os valores clássicos na construção estética. C. atestar as referências plurais nas representações imagéticas. D. expressar uma estética harmônica através da beleza sobrenatural. E. personificar os elementos naturais através de abordagem histórica. KNU1 Alternativa B Resolução: No quadro de Botticelli, a presença de personagens da mitologia grega reforça o recurso estilístico para representar a estética do século XV, sem, com isso, empregar a mesma função e significado social nas sociedades clássicas. Portanto, tem valor figurativo, simbolizando a valorização da arte do período clássico, o que está corretamente exposto na alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois, no Renascimento, o papel religioso não é dado às figuras mitológicas, utilizadas enquanto elementos de composição estética. A alternativa C está incorreta, pois a recorrência das figuras mitológicas aponta que, ao contrário da pluralidade, o que se verifica são referências culturais bem demarcadas. A alternativa D está incorreta, pois a harmonia está representada em toda a obra, não apenas nas figuras mitológicas; além do mais, não há intuito de retratar o sobrenatural. A alternativa E está incorreta, pois não há na obra uma perspectiva histórica, mas sim estética. QUESTÃO 25 Saudade branca Que tens, mimosa saudade? Assim branca quem te fez? Quem te pôs tão desmaiada, Minha flor? Que palidez!... [...] Quem sabe... (Oh! meu Deus não seja, Não seja esta ideia vã!) Se em ti não foi transformada A alma de minha irmã?! “Minha alma é toda saudades; De saudades morrerei” – Disse-me, quando a minh’alma Em saudades lhe deixei: E agora esta saudade Tão triste e pálida... assim Como a saudade que geme Por ela dentro de mim!... [...] RABELO, L. A saudade branca. In: ______. Poesias Completas. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, 2003. A saudade é tema recorrente na poesia e se apresenta sob várias nuances. No poema de Laurindo Rabelo, essa temática se atualiza no complexo psicológico que representou a segunda geração romântica, revelando um eu lírico que 65I3 ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A. exalta as belezas vistas na natureza. B. busca consolo pela distância da pátria. C. está inundado pela presença da morte. D. sofre pela ausência do amor romântico. E. recorre a elementos da sua religiosidade. Alternativa C Resolução: O poema “A saudade branca”, de Laurindo Rabelo, foi escrito na ocasião da morte da sua irmã e representa bem a segunda geração do Romantismo, cuja expressão emotiva torna difícil desvincular obra literária e biografia. Desse modo, o eu lírico está em luto e apresenta, em um diálogo com a flor saudade, diversas referências à morte, sendo a flor branca uma metáfora para o cadáver de sua irmã. A segunda geração de românticos é notória pela melancolia e pela estreita relação com a morte, portanto, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta porque a natureza aparece apenas como um reforço aos sentimentos do eu lírico. A alternativa B está incorreta porque a saudade do eu lírico se volta para a perda de um ente querido; além disso o saudosismo relacionado à pátria está tipicamente associado à primeira geração romântica. A alternativa D está incorreta porque o eu lírico reconhece na flor saudade a figura de sua irmã, representando o amor fraterno. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque a menção ao deus cristão no poema surge na forma de um lamento. O uso corriqueiro da expressão “Oh, meu Deus!” não denota necessariamente fundamentação religiosa. QUESTÃO 26 Disse o revisor, Sim, o nome deste sinal é deleatur. Usamo-lo quando precisamos suprimir e apagar, a própria palavra que está a dizer, e tanto vale para letras soltas como para palavras completas, Lembra-me uma cobra que se tivesse arrependido no momento de morder a cauda, Bem observado, senhor doutor, realmente, por muito agarrados que estejamos à vida, até uma serpente hesitaria diante da eternidade, Faça-me aí o desenho, mas devagar, É facílimo basta apanhar-lhe o jeito, quem olhar distraidamente cuidará que a mão vai traçar o terrível círculo, mas não, repare que não rematei o movimento aqui onde o tinha começado, passei-lhe ao lado, por dentro, e agora vou continuar para baixo até cortar a parte inferior da curva, afinal o que parece mesmo é a letra Q maiúscula, nada mais, Que pena, um desenho que prometia tanto... SARAMAGO, J. História do Cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. [Fragmento] Nesse fragmento, predomina a função metalinguística da linguagem, porque há A. apresentação de sons próprios da língua. B. abordagem da construção da própria obra. C. definição de termos e expressões linguísticas. D. exemplificação de regras gramaticais do idioma. E. descrição da forma e do uso de um sinal gráfico. LKIJ Alternativa E Resolução: As duas personagens aparentam estar em uma aula em que uma descreve à outra como grafar o deleatur, um sinal gráfico usado no trabalho de revisão textual, especificando quando e por quem ele é usado. Logo, está correta a alternativa E, já que o texto usa o código linguístico para descrevê-lo. A alternativa A está incorreta, pois é apresentado um sinal gráfico da língua, e não fonético. A alternativa B está incorreta, pois a construção da obra não é pauta do diálogo, mas a construção do elemento gráfico, que aproxima-se da letra grega teta, no texto chamado de deleatur. A alternativa C está incorreta, pois ainda que haja apontamento do uso e descrição da forma, não são definidos termos e expressões, mas um sinal único da língua. A alternativa D está incorreta, poissão exemplificadas regras de uso de um sinal, não da gramática da língua. QUESTÃO 27 Médica é picada por cobra no MT e tem 70% das vias aéreas afetadas A médica Dieynne Saugo, conhecida nas redes sociais como “Dra. Fit”, teve 70% das vias aéreas comprometidas pelo inchaço decorrente das picadas de uma cobra jararaca. Ela foi atacada pela serpente enquanto nadava embaixo de uma cachoeira em Nobres, a 150 quilômetros de Cuiabá, no último domingo (30). O quadro de saúde foi compartilhado ontem pela família nas redes sociais da médica, que conta com mais de 150 mil seguidores. Um amigo ouvido pelo UOL e que preferiu não se identificar relatou que Dieynne “ainda está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas que o quadro clínico vem melhorando”. A médica passou ontem por uma traqueostomia – procedimento que faz uma abertura na traqueia para auxiliar na respiração – em razão do comprometimento das vias aéreas. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br>. Acesso em: 2 set. 2020. [Fragmento] No fragmento da notícia, a fim de cumprir seu objetivo e construir um fio condutor de sentido, o autor utiliza-se de um(a) A. sensacionalismo da história. B. descrição do fato com detalhes. C. depoimento de amigo da vítima. D. progressão encadeada das ideias. E. posicionamento sobre os eventos. Alternativa D Resolução: A notícia, como um gênero que tem por objetivo informar, encadeia progressivamente as informações que constroem o sentido do texto – a complicação respiratória pelas picadas, o contexto do ataque, a publicização do estado de saúde, e o relato de seu estado de saúde atual. Por isso está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois não há sensacionalismo ao narrar a história, posto que não explora o sofrimento da médica. A alternativa B está incorreta, pois a descrição dos eventos é objetiva, e não minuciosa. A alternativa C está incorreta, pois o depoimento do amigo complementa as informações, mas não é o que constrói o sentido do texto. 835L LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa E está incorreta, pois a imparcialidade é uma característica do gênero notícia, e não o fio condutor de sentido. QUESTÃO 28 Abril, no Rio, em 1970 Tudo começou quando o cara que sentou perto de mim na grama disse, olha só o cuspe do Gérson. Na hora eu não dei importância, eu tinha feito misérias para chegar até ali, mas a minha cabeça estava no jogo de domingo e eu não ligava as coisas umas com as outras. O jogo de domingo ia ser assistido pelo Jair da Rosa Pinto, técnico do Madureira, que já foi cracão do escrete, e uma coisa lá dentro me dizia, Zé, vai ser a chance da sua vida. Eu disse pra minha garota, que era datilógrafa da firma, não fico de contínuo nem mais um mês, disse também que o Jair da Rosa Pinto ia me ver no domingo, mas mulher é um bicho gozado, ela nem deu bola. Me larga, deixa eu te contar. Levantei da cama, expliquei, se eu jogar bem e o Jair da Rosa Pinto me levar para o Madureira, estou feito, ninguém me segura. FONSECA, R. Feliz ano novo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975. [Fragmento adaptado] No fragmento do conto de Rubem Fonseca, a opção pelo foco narrativo em primeira pessoa permite expor ao leitor a importância da partida de domingo por meio do(a) A. caráter fantasioso atribuído à história. B. diálogo entre as personagens da narrativa. C. explicitação da subjetividade da personagem. D. autoridade garantida pelo conhecimento técnico. E. representação de elementos conforme a realidade. Alternativa C Resolução: A ênfase na importância da partida se expressa não na informação sobre a presença do olheiro de futebol, mas na reação emotiva e eufórica do narrador, por isso está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois a narrativa não tem caráter fantástico, tendo grande correlação com a realidade e a representação desta. A alternativa B está incorreta, pois os diálogos indiretos com outras personagens são cenas em que se expressa a animação do narrador. A alternativa D está incorreta, pois, como dito, a importância, na narrativa, é expressa pelas sensações do narrador, e não por um reconhecimento do valor de especialistas. A alternativa E está incorreta, pois, ainda que haja muitos elementos da realidade, não são eles que expõem ao leitor a importância da partida para o narrador. QUESTÃO 29 Disponível em: <https://jornalggn.com.br>. Acesso em: 2 set. 2020. Ø7BG SBIB Considerando a interação dos elementos verbais e visuais da charge, a crítica social presente garante o entendimento de que A. a ecologia privilegia as situações florestais. B. as reclamações alarmadas escondem a culpa. C. as pessoas ignoram a responsabilidade social. D. a desinformação promove as condutas criminosas. E. o desmatamento relaciona-se à mudança climática. Alternativa E Resolução: A personagem com o machado na mão – ferramenta para cortar árvores – reclama do calor e questiona a alta temperatura, ou seja, a mudança climática, e a imagem apresenta um campo desmatado provavelmente por ela mesma. Assim, infere-se que a ação de desmatar ocasiona a elevação de temperatura. Logo, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, pois não é possível inferir que a ecologia não dê valor a outras pautas ambientais. A alternativa B está incorreta, pois a reclamação da personagem não visa omitir sua culpa pelo desmatamento, sim apontar para um comportamento contraditório e desinformado. A alternativa C está incorreta, pois a crítica é específica à questão ambiental, e não à responsabilidade das pessoas em geral. A alternativa D está incorreta, pois a fala do homem demonstra que ele não tem conhecimento sobre as mudanças climáticas, mas não é possível inferir seu conhecimento sobre a prática criminosa de desmatamento. QUESTÃO 30 Disponível em: <https://www.fedex.com>. Acesso em: 9 set. 2020. Nessa publicidade, de uma empresa de remessa expressa de correspondência, há uma tentativa de convencer o público pela linguagem não verbal. O objetivo do texto é A. garantir a qualidade dos produtos transportados. B. explorar o renome mundial da empresa anunciada. C. destacar a rapidez do serviço de entrega oferecido. D. convencer o consumidor pelos baixos preços cobrados. E. indicar a ausência de impostos em entregas internacionais. NXVK ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: A propaganda usa da linguagem não verbal para convencer o consumidor. Na imagem, observa-se um fragmento do mapa mundi no qual é possível visualizar parte dos continentes da África, Europa, Ásia e Oceania. Foram colocadas duas janelas, permitindo o envio imediato de um pacote entre pessoas metaforicamente distantes entre si. Por meio dessa imagem, a empresa sugere a eficácia e a rapidez do serviço oferecido, indicando que a entrega seria tão rápida quanto a situação ilustrada. Portanto, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois a disposição das janelas demonstra que a argumentação da propaganda se baseia na redução de distâncias, e não na qualidade dos produtos transportados, a qual não seria de responsabilidade da empresa anunciada. A alternativa B está incorreta, pois o nome da empresa não tem grande destaque na imagem, estando visível apenas no pacote trocado entre as pessoas e no canto inferior direito da imagem. A alternativa D está incorreta, pois não há menção sobre os valores cobrados para entregas internacionais na propaganda. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois apesar da facilidade e da rapidez de entrega, a empresa não faz promessas acerca dos valores relacionados aos seus serviços. QUESTÃO 31 O futuro das relações públicas está na gestão personalizada das conversas entre marcas e consumidores. Segundo estudos globais da Nielsen, 92% das pessoas confiam mais emrecomendações de outras pessoas mesmo sem conhecê-las e o “boca-a-boca” gera vendas de três a dez vezes maior que a propaganda tradicional. Relacionamento é, por isso, a moeda mais valiosa hoje em dia, mas poucas marcas têm conseguido criar relações fiéis com seus fãs porque prezam pelo resultado de curto prazo e impõem sua voz. O dicionário nos diz que relacionamento é a forma como duas partes se tratam e se comunicam e tem a ver com a criação de uma ligação afetiva entre indivíduos. Se relacionar é conversar, é se comunicar bem, é trocar gentileza entre duas partes. Mas estamos acostumados – clientes e agências – a fazer o tal branding de dentro dos nossos herméticos escritórios. Marcar a ferro e fogo o consumidor com as verdades da marca. Uma comunicação massificada em uma direção só, quase sempre impessoal, por meio de instituições midiáticas poderosas, com o objetivo de converter vendas apenas, uma herança da Era Industrial. Tudo muito confortável, não é? Se relacionar para quê? Damos uma resposta padrão no SAC ou na página do Facebook e está tudo bem. Mas a Era Digital fez das pessoas veículos e potencializou o “boca-a-boca”. O conteúdo comercial das marcas passou a concorrer com conteúdo pessoal de altíssima qualidade e audiência. GRIS, H. As pessoas não gostam de propaganda. Pessoas gostam de pessoas. Disponível em: <https://projetodraft.com/>. Acesso em: 3 mar. 2019. [Fragmento] G11F As ideias apresentadas estruturam-se de modo a promover seu encadeamento e a progressão do tema abordado, permitindo identificar que o(a) A. desenvolvimento do texto se baseia nos dados iniciais, fundamentando as proposições desenvolvidas. B. argumentação no segundo parágrafo edifica-se pela citação de uma obra sobre a discussão em pauta. C. conclusão do autor direciona o raciocínio dos leitores para uma possibilidade ainda inédita no texto. D. sequência de apresentação lógica do primeiro parágrafo é contraposta nos parágrafos seguintes. E. tese é apresentada como uma inferência a partir de uma consulta a uma autoridade no assunto Alternativa A Resolução: No fragmento em análise, o desenvolvimento das ideias expostas encontra-se no segundo parágrafo. O autor parte dos dados estatísticos informados na introdução (“92% das pessoas confiam mais em recomendações de outras pessoas mesmo sem conhecê-las e o ‘boca-a-boca’ gera vendas de três a dez vezes maior que a propaganda tradicional”) para aprofundar no tema e fundamentar seu ponto de vista. Por isso, está correta alternativa A. A alternativa B está incorreta porque não há citação de obra alguma, mas a menção, de forma ampla, ao significado dicionarizado da palavra “relacionamento”, no entanto um dicionário não deve ser entendido como uma publicação que discute o tema abordado no texto. As alternativas C e D estão incorretas porque o texto não apresenta uma conclusão diferente daquilo que foi apresentado nos estudos citados nem uma contra-argumentação. Finalmente a alternativa E está incorreta porque a tese é baseada num estudo publicado, e não numa autoridade consultada pelo autor; além disso, não se trata de uma inferência, mas de uma conclusão, como expresso linguisticamente no primeiro parágrafo pela conjunção “por isso” em “Relacionamento é, por isso, a moeda mais valiosa hoje em dia [...]”. QUESTÃO 32 Ode ao dois de julho Mas quando a branca estrela matutina Surgiu do espaço... e as brisas forasteiras No verde leque das gentis palmeiras Lá do campo deserto da batalha Uma voz se elevou clara e divina: Eras tu – Liberdade peregrina! Esposa do porvir – noiva do sol!... Eras tu que, com os dedos ensopados No sangue dos avós mortos na guerra, Livre sagravas a Colúmbia terra, Sagravas livre a nova geração! Tu que erguias, subida na pirâmide, Formada pelos mortos de Cabrito, 2KPH LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Um pedaço de gládio – no infinito... Um trapo de bandeira – n’amplidão!... ALVES, C. Ode ao dois de julho. In: ______. Obra completa. Organização e notas de Eugênio Gomes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. [Fragmento] O poema de Castro Alves homenageia a vitória dos brasileiros na guerra da independência na Bahia. No entanto, apesar do tema fortemente nacionalista, o poema apresenta uma inovação em relação ao movimento romântico, pois A. denuncia a violência da guerra. B. enaltece as forças armadas nacionais. C. destaca a subjetividade do patriotismo. D. valoriza os elementos da paisagem natural. E. lamenta a condição dos povos escravizados. Alternativa A Resolução: Castro Alves se insere na terceira geração do Romantismo, marcada pela consciência social e pela poesia abolicionista, o que demonstra uma mudança de foco dentro da tradição romântica do sujeito para a sociedade na qual este se insere. O poema em pauta representa esse contexto histórico, uma vez que expõe o alto preço pago pela conquista da liberdade, evidenciando a violência da guerra, como visto, por exemplo, nos versos “Eras tu que, com os dedos ensopados / No sangue dos avós mortos na guerra, / Livre sagravas a Colúmbia terra, / Sagravas livre a nova geração!”. Logo, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois o tom elevado, típico da ode, acompanha o sentimento nacionalista desde a primeira geração do Romantismo, não sendo, portanto, uma inovação da segunda geração. A alternativa C está incorreta, pois entre a segunda e a terceira geração observou-se uma transição da perspectiva subjetiva para a noção do coletivo. A alternativa D está incorreta, pois o poema foca no patrimônio humano perdido na batalha, e o enaltecimento dos elementos naturais é típico da primeira geração romântica. A alternativa E está incorreta, pois a questão dos escravos no Brasil não foi representada neste poema de Castro Alves, apesar de ser temática recorrente nas obras do poeta. QUESTÃO 33 BECK, A. Disponível em: <https://tirasarmandinho.tumblr.com>. Acesso em: 9 set. 2020. A tirinha é um dos gêneros textuais narrativos de maior popularidade. No texto em análise, o que sustenta a progressão narrativa é o(a) A. contra-argumentação exposta no segundo quadrinho. B. engajamento das personagens contra o preconceito. C. quebra de expectativa provocada pelas metáforas. D. entrelaçamento descontraído de fatos e opiniões. E. sequenciamento do diálogo num dado momento. UOVC Alternativa E Resolução: Um aspecto primordial de um texto narrativo é a delimitação de ações num tempo e espaço determinados, como se comprova no desenvolvimento do diálogo entre as personagens, por isso a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, pois não é utilizada uma contra- -argumentação na exposição das ideias. A alternativa B está incorreta, pois não se aborda o preconceito em um sentido geral, mas a questão do machismo inserido na sociedade. A alternativa C está incorreta, pois não são utilizadas metáforas na construção textual. A alternativa D está incorreta, pois o diálogo não apresenta um tom descontraído, mas sério. QUESTÃO 34 ATAÍDE, M. C. Glorificação de Nossa Senhora entre anjos músicos, 1804. Teto da Matriz de São Francisco de Assis, Ouro Preto, Minas Gerais. A obra de Mestre Ataíde apresenta características consolidadas no período da arte barroca, como o teto da igreja da Matriz de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, que apresenta o padrão estético do movimento expresso pelo(a) A. uso de ângulos retos. B. figura humana centralizada. C. excesso de figuras religiosas. D. sobreposição de imagens realistas. E. exagero dimensional da obra artística. Alternativa C Resolução: O Barroco é um período estético caracterizado pelo excesso, como se vê no painel com a multiplicidade de figuras angelicais, portanto está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois não se identifica o predomínio de ângulos retos na obra,o que também não é característica formal do Barroco. A alternativa B está incorreta, pois o Barroco, sendo um movimento regido pelas doutrinas cristãs, não se pautava pelo antropocentrismo; além disso, no centro da imagem está a figura divina de Nossa Senhora da Porciúncula, representada com traços mulatos. A alternativa D está incorreta, pois há a sobreposição de imagens, mas elas não retratam a realidade. A alternativa E está incorreta, pois a grande dimensão do painel (todo o teto da igreja) não é uma característica definidora do Barroco, sendo identificada em movimentos anteriores; além disso, não há exagero no tamanho, mas sim o uso consciente e fundamentado do espaço disponível para a expressão. ØZDF ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 35 A violência de gênero é um comportamento masculino inaceitável, argumenta o americano Jackson Katz, PhD em Estudos Culturais e Educação pela Universidade da Califórnia. Na Austrália, o ativista Michael Flood pesquisa há 30 anos como envolver os homens na prevenção primária da violência contra as mulheres. No Canadá, o 27º Annual Men and Masculinities of American Men’s Study Association, entre os dias 12 e 14 de junho de 2019, irá debater o “Nas Fronteiras de Nós Mesmos: Masculinidades e Descolonialidade”. Na Turquia, o 2º Simpósio Internacional sobre Homens e Masculinidades irá discutir os “Desafios e Possibilidades em Tempos Difíceis”, entre 12 e 14 de setembro. No Brasil, o debate sobre novas masculinidades, ainda bastante tímido, começa a ganhar força, especialmente em relação à paternidade. De 27 a 29 de setembro acontece o 2º Grande Encontro Homens em Conexão, em Brasília. Para Guilherme Nascimento Valadares, editor do site Papo de Homem, é preciso estar alerta para não condenar qualquer tipo de masculinidade. Boa sorte a todas e todos nós! DALLARI, M. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br>. Acesso em: 12 mar. 2019 (Adaptação). Em textos dissertativo-argumentativos, as estratégias concorrem simultaneamente para sustentar a argumentação, articulando-se na defesa da tese. No texto anterior, para concluir suas ideias, a articulista A. expõe como no Brasil a discussão a respeito da masculinidade ainda avança lentamente. B. alude a cursos contra a masculinidade ministrados por mulheres em diversas partes do mundo. C. cita movimentos que, diferente do que acontece no Brasil, ainda têm pouco êxito no trato do tema. D. revela dados reais sobre o aumento dos crimes cometidos por homens nos mais diversos países. E. menciona discussões sobre masculinidade ao redor do mundo para reforçar a importância da pauta. Alternativa A Resolução: A conclusão do texto parte da ideia exposta nos outros parágrafos do desenvolvimento, mostrando como, em outros países, a discussão sobre o tema da masculinidade está mais avançada que no Brasil, que ainda dá passos lentos no trato desse assunto, ainda que estejam surgindo ações importantes no cenário brasileiro. Por isso, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque os eventos citados ao longo do texto não são contrários à masculinidade; eles discutem os efeitos, levando à reflexão. Além disso, não há, no texto, informação de que sejam ministrados por mulheres, mas sim a sugestão de que a maior parte deles seja de responsabilidade dos próprios homens. A alternativa C está incorreta porque, de acordo com o texto, outros países, como Austrália e Canadá, avançam na discussão da masculinidade mais rapidamente que o Brasil, que ainda se mostra pouco expressivo no trato desse tema. GEDV A alternativa D está incorreta porque, no texto, não são expostos dados reais sobre o aumento de crimes cometidos por homens, mas apenas são mencionadas ações ao redor do mundo para discutir o tema da masculinidade. A alternativa E está incorreta porque a menção a discussões internacionais sobre a masculinidade ocorre no desenvolvimento do texto, e não na conclusão. QUESTÃO 36 MEMESTWITTER. Disponível em: <instagram.com>. Acesso em: 2 set. 2020 (Adaptação). O meme é um gênero textual que combina a linguagem verbal à visual. Na postagem de um perfil da rede social Instagram, a imagem garante o humor ao se relacionar à parte verbal, uma vez que A. expõe uma atitude social. B. constitui um significado absurdo. C. apresenta um animal humanizado. D. substitui uma fala metaforicamente. E. representa uma reação de surpresa. Alternativa A Resolução: O humor do meme se deve à seguinte prática social: dizer a quem está o esperando que você já está a caminho e, na verdade, ainda estar se arrumando – sendo que essa informação, no texto, é expressa pela linguagem visual (a foto do cachorro numa banheira). Por isso, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois o significado não é absurdo ou sem sentido, ainda que seja exótico um animal em uma banheira; além disso o humor não decorre somente do cachorro, mas sim do fato de ele personificar uma ação humana. A alternativa C está incorreta, pois o humor não está no animal em si, mas no que ele significa dentro da construção do sentido do texto. A alternativa D está incorreta, pois não há substituição de fala, uma vez que a prática social envolve a mentira de dizer que está chegando. A alternativa E está incorreta, pois o principal na imagem não é a reação, e sim a ação do cachorro de tomar banho, embora, figurativamente, ele tenha dito que já estava a caminho; além do mais sua expressão não é de surpresa. 8IJQ LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 37 IV Sou pastor; não te nego; os meus montados São esses, que aí vês; vivo contente Ao trazer entre a relva florescente A doce companhia dos meus gados; Ali me ouvem os troncos namorados, Em que se transformou a antiga gente; Qualquer deles o seu estrago sente; Como eu sinto também os meus cuidados. Vós, ó troncos, (lhes digo) que algum dia Firmes vos contemplastes, e seguros Nos braços de uma bela companhia; Consolai-vos comigo, ó troncos duros; Que eu alegre algum tempo assim me via; E hoje os tratos de Amor choro perjuros. COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 1 set. 2020. O poema constrói textualmente seu sentido de acordo com os preceitos estéticos do Arcadismo, expressos por meio da A. exaltação do cotidiano do campo. B. busca pela felicidade plena na vida. C. expressão do sentimento do eu lírico. D. idealização da humanidade sem sociedade. E. personificação da natureza como interlocutora. Alternativa A Resolução: O lirismo do poema se coaduna à estética árcade ao tematizar a vida no campo, o que se expressa pela identificação do eu lírico como um pastor e pelas imagens bucólicas que aludem à natureza, como a interlocução com os troncos. Portanto A é a alternativa correta. A alternativa B está incorreta, pois a simples busca pela felicidade plena não define o Arcadismo. A alternativa C está incorreta, pois a expressão do sentimento lírico também não é um distintivo da estética árcade. A alternativa D está incorreta, pois, ainda que o eu poético esteja em um contexto rural, isso não significa que ele esteja apartado de uma sociedade – o que fica explícito ao poeta se identificar com um ofício. A alternativa E está incorreta, pois não há a figura de linguagem personificação; nem seria essa uma característica definidora do Arcadismo. QUESTÃO 38 Disponível em: <http://historianoisba.blogspot.com/>. Acesso em: 5 mar. 2019. HCØD AG68 O questionamento de Hamlet ao pai direciona ao entendimento de que a crítica da tirinha relaciona-se à A. aplicação de estereótipos sociais infundados. B. generalização da opinião comum na sociedade. C. utilização de analogias desconhecidas para educação. D. veiculação midiática de suposições como fatos verídicos. E. atitude de apresentar uma perspectivasubjetiva como única. Alternativa E Resolução: No quadrinho, Hagar apresenta uma informação para Hamlet sob status de fato. Hamlet, no entanto, questiona a origem da informação, ao que Hagar responde se tratar da perspectiva dos navegantes. Portanto, a pergunta de Hamlet aponta para a falha argumentativa da fala de Hagar, que caracteriza as pessoas segundo o ponto de vista de apenas um dos lados envolvidos na situação. Assim, a afirmativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois a divisão apresentada por Hagar se baseia somente na opinião dos navegantes, que fundamentam seu ponto de vista, no entanto o fazem com base na inferiorização daqueles que não navegam. A alternativa B está incorreta, pois a crítica recai sobre supostas verdades de um estrato social – e não de toda a sociedade – prevalecerem. A alternativa C está incorreta, pois Hagar não emprega analogias para instruir seu filho. A alternativa D está incorreta, pois nada no texto sugere os navegantes seriam uma alegoria para a mídia. QUESTÃO 39 Epílogos Que falta nesta cidade?................................... Verdade Que mais por sua desonra .............................. Honra Falta mais que se lhe ponha ........................... Vergonha. O demo a viver se exponha, por mais que a fama a exalta, numa cidade, onde falta Verdade, Honra, Vergonha. Quem a pôs neste socrócio?.............................. Negócio Quem causa tal perdição? ................................ Ambição E o maior desta loucura?.................................. Usura. Notável desaventura de um povo néscio, e sandeu, que não sabe, que o perdeu Negócio, Ambição, Usura. MATOS, G. Poemas escolhidos. Disponível em: <http://www. dominiopublico.gov.br/>. Acesso em: 1 ago. 2020. [Fragmento] Gregório de Matos foi um dos mais conhecidos poetas barrocos, sendo grande crítico da sociedade em que vivia no século XVII. As palavras inseridas no bloco separado do poema têm como objetivo expor o que WYUA ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A. traduz os pensamentos e as ambições das pessoas. B. assombra o imaginário e a realidade do cotidiano. C. designa a moralidade e os valores da sociedade. D. ilude o povo levando à perda de oportunidades. E. falta à cidade e as causas de sua decadência. Alternativa E Resolução: O poema constrói visualmente a crítica social que é inferida com a compreensão global do poema, em que as três primeiras palavras se relacionam com as duas primeiras estrofes e as três últimas palavras com as duas últimas estrofes. Assim, as primeiras designam o que falta à cidade da Bahia, e as segundas aquilo que motivou aquela decadência moral. Está correta, portanto, a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque as palavras refletem as impressões do poeta, e não podem ser associadas às demais pessoas. A alternativa B está incorreta, pois estes valores não assombram o imaginário, mas estão ausentes na realidade da sociedade. A alternativa C está incorreta, pois as palavras designam justamente o contrário: o que falta à moralidade e o que atrapalha o cultivo de valores. A alternativa D está incorreta, pois “verdade”, “honra” e “vergonha” não são termos que definem aquilo que ilude a sociedade; já o segundo bloco sim. QUESTÃO 40 BECK, Alexandre. Armandinho. Disponível em: <https:// tirasarmandinho.tumblr.com>. Acesso em: 31 ago. 2020. Considerando a adequação da tirinha à norma-padrão da Língua Portuguesa, a fala do adulto é construída por meio de A. oração simples com inserção de adjuntos. B. orações coordenadas com ideia de adição. C. período simples com relação de subordinação. D. período composto com justaposição de orações. E. orações subordinadas com conexão por advérbio. Alternativa D Resolução: A fala do pai de Armandinho é um período composto por duas orações coordenadas, isto é, justapostas, uma vez que ambas têm sentido completo e autônomo, não constituindo relação de subordinação. Como vínculo entre elas, há a conjunção “mas”, como recurso coesivo de adversidade. Portanto está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois não há uma única oração na fala. A alternativa B está incorreta, pois o “mas” não indica adição, e sim adversidade. A alternativa C e E estão incorretas, pois não há relação de subordinação. BDUQ QUESTÃO 41 Triste Bahia Triste Bahia, oh, quão dessemelhante… Estás e estou do nosso antigo estado Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado Rico te vejo eu, já tu a mim abundante Triste Bahia, oh, quão dessemelhante A ti tocou-te a máquina mercante Quem tua larga barra tem entrado A mim vem me trocando e tem trocado Tanto negócio e tanto negociante Triste, oh, quão dessemelhante, triste Pastinha já foi à África Pastinha já foi à África Pra mostrar capoeira do Brasil Eu já vivo tão cansado De viver aqui na Terra Minha mãe, eu vou pra lua Eu mais a minha mulher Vamos fazer um ranchinho Tudo feito de sapê, minha mãe eu vou pra lua E seja o que Deus quiser VELOSO, C. Triste Bahia. In: ______. Transa, 1972. Londres: Gravadora Phillips. A canção de Caetano Veloso, na construção da mensagem a ser transmitida, incorporou parte de um soneto do poeta barroco Gregório de Matos. Essa estratégia do compositor reforça a A. valorização da métrica estética. B. estima da linguagem clássica. C. depreciação atual das artes. D. exaltação do regionalismo. E. atemporalidade do poema. Alternativa E Resolução: Ao colocar um excerto do soneto barroco, Caetano Veloso o recontextualiza, trazendo-o para o tempo presente e afirmando a atualidade da obra, que pode, ainda hoje, provocar reflexões, por isso está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois a métrica do poema não é respeitada em toda a canção. A alternativa B está incorreta, pois a canção não busca uma linguagem rebuscada, e sim o jogo com registros distintos. A alternativa C está incorreta, pois não há intenção em depreciar as artes nem sugerir que elas sejam depreciadas. A alternativa D está incorreta, pois, apesar de serem baianos Caetano Veloso e Gregório de Matos, a crítica na canção transpassa as divisas estaduais. YWHS LCT – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 42 Qual o segredo da ficção científica que imagina o futuro e vira realidade Uma das experiências mais interessantes para alguém que acompanha a literatura de ficção científica é perceber como nossas figurações do futuro se alteram ao longo do tempo. A ficção científica representa um gênero peculiar, não porque se baseie em “fatos reais”, mas porque ela é uma história que “ainda” não é de todo verdadeira, mas que pode vir a ser. Um gênero que aponta para o fato de que nossa realidade não é feita só de passado e de presente, mas também de futuro. Isso não nos afeta, mas sem essa dimensão não poderíamos pensar todo o universo de promessas e consequentemente de contratos entre seres humanos. DUNKER, C. Disponível em: <www.uol.com.br>. Acesso: 3 set. 2020. [Fragmento] O fragmento apresenta uma argumentação para defender a relação das narrativas de ficção científica com o desenvolvimento da humanidade. Entretanto, ocorre uma falha na coerência quando o autor afirma que o gênero A. representa fatos reais do porvir. B. tem um efeito nulo nas pessoas. C. tem impacto psíquico nos leitores. D. apresenta as diversidades futurísticas. E. traz experiências sociais sobre o futuro. Alternativa B Resolução: O autor se contradiz ao dizer que “isso não nos afeta”, uma vez que ele tem como tese central o poder da ficção científica em nos afetar, ao nos fazer projetar futuros possíveis. Por isso está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois o autor não defende que a ficção científica represente fatos reais do porvir, mas fatos possíveis de serem reais no futuro. As alternativa C e E estão incorretas, poissão pontos coerentes apresentados pelo autor. A alternativa D está incorreta, pois o articulista afirma que as representações de futuro nas ficções científicas se alteraram ao longo da história, mas isso não o atrapalha em sua argumentação. QUESTÃO 43 Autoteste é um dos caminhos para se chegar ao fim da epidemia de HIV Na última semana, o departamento de saúde de Washington, nos Estados Unidos, divulgou um boletim epidemiológico de HIV/aids, com os dados atualizados da infecção no município, e anunciou que a cidade está muito próxima do fim dessa epidemia. Um componente da abordagem adotada em Washington para enfrentamento da epidemia de HIV merece destaque: a distribuição gratuita de autotestes de HIV. Autoteste de HIV é um teste rápido para diagnóstico dessa infecção que tem todas as suas etapas, inclusive a interpretação do resultado, realizadas pelo próprio usuário, sem a necessidade de ir a um serviço de saúde, de um laboratório e nem de um profissional da saúde. E tudo isso sem perder a qualidade da testagem. QØNN I4UI No Brasil, estima-se que existam 135 mil pessoas vivendo com HIV que ainda desconhecem seu diagnóstico por não terem ainda se testado. Por isso, além de liberar a venda de kits de autoteste em farmácias, o Ministério da Saúde iniciou um projeto de distribuição gratuita de autotestes de HIV para os usuários de PrEP acompanhados pelo Sistema Único de Saúde. O plano é que os kits sejam então repassados para seus amigos, parceiros e parceiras, fazendo com que o teste chegue às pessoas que não frequentam os serviços de saúde para realizar a testagem tradicional de HIV. VASCONCELOS, R. Disponível em: <https://ricovasconcelos.blogosfera.uol.com.br/>. Acesso em: 1 set. 2020. [Fragmento adaptado] No artigo de opinião, o articulista, para defender a importância de autotestes de HIV no Brasil, utiliza como estratégia o(a) A. boletim de saúde recente divulgado em Washington. B. experiência positiva em local que adotou a medida. C. citação de políticas públicas de saúde no Brasil. D. descrição detalhada dos resultados do método. E. dado expressivo sobre número de infectados. Alternativa B Resolução: O articulista inicia apresentando os bons resultados da cidade de Washington (EUA) na diminuição dos casos de HIV e atribui a isso a implementação dos autotestes. Assim, ao apresentar a nova medida no Brasil, ele aponta para seus benefícios, o que torna correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois o boletim apenas comprova que é uma medida efetiva, dado que ela foi a principal para se chegar a esse resultado. A alternativa C está incorreta, pois o articulista recorre a uma política pública de outro país. A alternativa D está incorreta, pois há uma descrição informativa, e não detalhada, do novo teste. A alternativa E está incorreta, pois os dados sobre as pessoas infectadas apontam para a necessidade de uma medida de combate ao HIV, mas o que justifica o uso de autotestes é a experiência estadunidense. QUESTÃO 44 Os impactos da masculinidade tóxica na saúde emocional O debate em torno de temas relacionados ao feminino e sobre o significado de ser mulher, inclusive na escola, tem se refletido na busca pela igualdade, respeito e a quebra de estereótipos que limitam a mulher. Mas é importante dizer que há estereótipos que atingem também o gênero masculino e sem um debate para construção dos papéis sociais, teremos como consequência a chamada masculinidade tóxica. O termo masculinidade tóxica se refere a uma série de ideias associadas ao que significa ser homem. RYB5 ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 23BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O documentário em exibição na Netflix, A máscara que você vive, dirigido e produzido pela norte-americana Jennifer Siebel Newsom, usa o tema da masculinidade como fio condutor para abordar a construção do papel social do homem e pode possibilitar um debate interessante na escola sobre o assunto. O documentário – por meio de casos reais e de entrevistas com especialistas em neurociência, psicologia, sociologia, esportes, educação e mídia –, aponta para a necessidade de se olhar além da “máscara” que define de forma restrita o que é o masculino. D’AGOSTINI. A. C. Disponível em: <https://novaescola.org.br>. Acesso em: 13 abr. 2019. [Fragmento] Para a defesa de seu posicionamento acerca da masculinidade tóxica na sociedade, a autora utiliza, como argumento, A. causa e consequência, que mostram que estereótipos influenciam os homens. B. alusão a um fato histórico, para mostrar que o problema tem sido recorrente. C. exposição de dados concretos que apontam a necessidade de tratamento. D. alusão a uma obra que apresenta situações que corroboram a tese. E. argumento de autoridade que sustenta a definição do “masculino”. Alternativa D Resolução: O principal argumento empregado pela autora é alusão feita ao documentário A máscara que você vive, o qual apresenta um debate e apresenta casos reais e entrevistas sobre o assunto, por isso está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque a autora não traz em seu texto causas e consequências da masculinidade tóxica, mas indica que isso pode estar contido no documentário da Netflix. A alternativa B está incorreta porque não há menção a fato histórico algum no texto. A alternativa C está incorreta porque também não há exposição de dados concretos colhidos da realidade, tais quais dados estatísticos. Finalmente, está incorreta a alternativa E porque a autora não define o termo “masculino”, mas sim afirma que “O documentário [...] aponta para a necessidade de se olhar além da ‘máscara’ que define de forma restrita o que é o masculino.” QUESTÃO 45 Apolo e as nove Musas, discantando com a dourada lira, me influíam na suave harmonia que faziam, quando tomei a pena, começando: – Ditoso seja o dia e hora, quando tão delicados olhos me feriam! Ditosos os sentidos que sentiam estar se em seu desejo traspassando! Assi cantava, quando Amor virou a roda à esperança, que corria tão ligeira que quase era invisível. HONØ Converteu se me em noite o claro dia; e, se algüa esperança me ficou, será de maior mal, se for possível. CAMÕES, L. Sonetos. Disponível em: <https://books.google.com.br/>. Acesso em: 16 set. 2020. O poema de Luís de Camões caracteriza-se como pertencente ao movimento renascentista por apresentar A. sofrimento do eu lírico. B. promoção da vida harmônica. C. referência a figuras mitológicas. D. pessimismo pelo futuro desamparado. E. identificação com a linguagem musical. Alternativa C Resolução: O soneto alude às figuras mitológicas, atestando a influência das civilizações antigas como fonte de inspiração para a escrita poética, por isso está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois o soneto não é centrado no sofrimento do eu lírico, ainda que ele cante os ditames da vida e o Amor. A alternativa B está incorreta, pois a vida harmônica não é tematizada. A alternativa D está incorreta, pois o pessimismo não é uma característica da arte renascentista. A alternativa E está incorreta, pois a presença da lira e a identificação do poeta com o canto são antes uma marca da influência greco-romana, mas não representam uma relação direta com a linguagem musical. LCT – PROVA I – PÁGINA 24 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO TEXTO I Pessoas jurídicas e físicas podem ajudar os atletas do Brasil. A Lei 11 438/2006 de Incentivo ao Esporte permite que as empresas invistam parte do que pagariam de imposto de renda em projetos esportivos aprovados pela Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. As pessoas jurídicas podem abater cerca de 1% do seu imposto devido. Vale ressaltar que essa doação não concorre com outras doações realizadas pela empresa, como, por exemplo, o incentivo à cultura. Cada pessoa física pode doar até 6% do imposto de renda devido. Bolsaatleta O governo brasileiro mantém, desde 2005, o maior programa de patrocínio individual de atletas no mundo. O público beneficiário são atletas de alto rendimento que obtêm bons resultados em competições nacionais e internacionais de sua modalidade. Atualmente, são seis as categorias de bolsas oferecidas pelo Ministério da Cidadania. Atleta de Base, Estudantil, Nacional, Internacional, Olímpico / Paralímpico e Pódio. A partir da assinatura do termo de adesão, os contemplados recebem o equivalente a 12 parcelas do valor definido na categoria. Disponível em: <www.gov.br>. Acesso em: 31 ago. 2020. [Fragmento] TEXTO II O Ministério da Cidadania alterou a regulação da Lei de Incentivo ao Esporte para colocar freio no pagamento de bolsa auxílio a atletas. Homem forte do esporte olímpico do Esporte Clube Pinheiros, tradicionalmente quem mais emprega atletas de ponta no país, Cláudio Castilho foi enfático nas redes sociais ao comentar o impacto da medida para a formação de atletas: “devastadora”. Uma das entidades mais prejudicadas pela medida é o Instituto Reação, que depende da Lei de Incentivo ao Esporte e mantém dezenas de jovens talentos do judô afastados das ruas pagando a eles bolsa auxílio com recursos incentivados. De forma geral, as mudanças atendem a uma recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU), que em 2018 apontou ser irregular o uso de recursos da Lei de Incentivo para o pagamento de auxílio a esportistas que já recebem a Bolsa Atleta. Por conta dessa recomendação, agora os atletas terão que escolher entre receber Bolsa Atleta (R$ 925 na categoria Nacional, R$ 370 para a base, R$ 1 850 para o Internacional) ou a bolsa auxílio do clube, paga com recursos da Lei de Incentivo. Um atleta que recebia Bolsa Atleta Nacional e bolsa auxílio do clube vivia com até quase R$ 3,5 mil ao mês. Agora, esse mesmo atleta poderá receber no máximo R$ 1 mil. E o uso do dinheiro será restrito. Não poderá ser usado para comprar uma roupa, por exemplo, ou para se alimentar em dias que não são de treino. Para esse tipo de gasto, ele terá que arranjar outra fonte de sustento, como um emprego fora do esporte, deixando de se dedicar integralmente a ser atleta. Disponível em: <www.uol.com.br>. Acesso em: 31 ago. 2020. [Fragmento] TEXTO III A falta de incentivo e de políticas públicas esportivas faz com que alguns atletas brasileiros deixem o seu país de origem e busquem novas oportunidades. Referência mundial para os atletas que não abrem mão da vida estudantil, os Estados Unidos adotam uma política integrada entre universidades e esportes. Muitas instituições no país oferecem bolsas de até 100% para alunos que se dedicam a praticar alguma modalidade esportiva, independentemente da intenção de seguir a carreira profissional ou não. A falta de incentivo ao esporte no Brasil está presente no discurso de muitos atletas que vivem no país. O campeão de vôlei de praia dos Jogos Sul-Americanos de 2011 Moisés Santos, conhecido como Moca, está prestes a trocar a camisa do Brasil pelas cores do Azerbaijão. Disponível em: <www.correio24horas.com.br>. Acesso em: 31 ago. 2020. [Fragmento] TEXTO IV Orçamento geral* do Ministério do Esporte (em R$ bilhões) 4,0 2,0 0,8 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 1,3 1,9 2,7 2,1 2,42,5 3,8 3,8 3,2 2,1 1,51,4 5,0 4,7 Disponível em: <www12.senado.leg.br>. Acesso em: 31 ago. 2020. INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”. 4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto. 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto. Z4Ø2 PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “A necessidade de valorizar o esporte no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTOS MOTIVADORES ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 25BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A proposta de redação orienta-se por uma temática geral: A NECESSIDADE DE VALORIZAR O ESPORTE NO BRASIL Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto, caso os alunos decidam por dar um título a seu texto, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como tal. Itens de correção de acordo com a grade Enem: I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbonominal, acentuação gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso mal utilizados, devem ser penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se o texto for claro, mas apresentar algumas falhas gramaticais que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas. • Para a obtenção de nota total nessa competência, são permitidos até dois erros linguísticos. Este item é avaliado em consonância com o item IV. II. Em um primeiro momento, é preciso que os alunos atentem para o tipo de texto solicitado: o dissertativo-argumentativo. Devem, portanto, mesclar essas suas duas condições: precisam progredir na exposição e no aprofundamento do tema ao mesmo tempo em que usam as informações novas como conteúdo para seus argumentos na defesa de um determinado ponto de vista, sempre de maneira impessoal. Na compreensão do tema, é necessário que os alunos problematizem a situação abordada, que é a necessidade de valorização do esporte no Brasil. O texto I, do Governo Federal, aponta que pessoas físicas e jurídicas podem, se desejarem, ajudar os atletas no Brasil. Essa ação é balizada, conforme o texto, pela Lei 11 438/2006 – que possibilita a doação de 1% do imposto devido por parte das pessoas jurídicas e 6% do imposto de renda ativo de pessoas físicas para os atletas brasileiros. Além disso, o texto I apresenta o Bolsa Atleta – uma política pública, do Governo Federal, que beneficia atletas de alto nível do esporte brasileiro. O texto II, uma reportagem jornalística, argumenta que o Ministério da Cidadania alterou a regulação da Lei de Incentivo ao Esporte, atendendo a uma recomendação da Controladoria Geral da União (CGU). Paralelamente, o texto II expõe que entidades da sociedade civil, que dependiam da lei citada e que mantinham atletas afastados da situação de rua por conta do pagamento da bolsa auxílio com tais recursos, foram prejudicadas pela modificação. É importante ressaltar também que o texto II demonstra que o uso do dinheiro pelos atletas também foi alterado, culminando em uma queda na renda desses profissionais do esporte. O texto III, também uma reportagem jornalística, aponta que a falta de incentivo e de políticas públicas que contemplem o esporte faz com que atletas brasileiros deixem o país, buscando novas alternativas no exterior. Além disso, o texto III exibeos Estados Unidos da América como referência mundial na adoção de uma política integrada entre universidades e esportes. Por fim, o texto IV, um gráfico, exibe o orçamento geral do Ministério do Esporte na série histórica compreendida entre 2004-2018. É possível perceber que no último ano informado no gráfico (2018), o orçamento do Ministério do Esporte foi o terceiro menor aplicado na série histórica. • Sinalizar, na correção, a existência ou a ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese no texto dos alunos, este item deve ser penalizado com maior rigor: nota mínima ou zero. Penalizar também a presença de trechos longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva, como os de cunho narrativo. Este item é avaliado em consonância com o item III. III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e indícios de autoria, procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta, podem ser utilizados os dados e informações dos textos motivadores, cuidando para que não ocorra uma cópia destes. Tratando-se de um tema com enfoque social e econômico, a argumentação deve levar a uma reflexão acerca da necessidade de valorizar o esporte no Brasil. Considerando a proposta, os argumentos devem expor a latente necessidade de investimentos no âmbito dos esportes no Brasil. Pode-se abordar que a Constituição Federal de 1988 aponta, no artigo 217, que é dever do Estado fomentar práticas desportivas (formais e não formais). Além disso, é possível argumentar que a prática de esportes é de fundamental importância para a sociedade, uma vez que resulta em uma promoção da qualidade de vida e uma longevidade saudável. Também pode-se argumentar que o esporte colabora na formação do cidadão, uma vez que a prática esportiva, enquanto atividade social, desenvolve princípios, valores éticos e morais, além de provocar uma grande interação social entre os participantes. Outro argumento pode ser o de que a valorização do esporte pode trazer projeções futuras para o país, considerando que os atletas profissionais se destaquem em competições de alto nível. Também pode-se argumentar que a valorização do esporte e a universalização de seu acesso são instrumentos de inclusão social voltados às pessoas marginalizadas na sociedade. Pode-se também salientar o potencial econômico do esporte, demonstrando que sua valorização pode gerar empregos e renda, seja por meio de construções ou reformas de instalações esportivas, da fabricação e comercialização de artigos esportivos para os atletas e ou da relação com patrocinadores. • A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada com nota igual ou inferior a 50%. Este item deve ser avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. LCT – PROVA I – PÁGINA 26 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de determinadas ferramentas da norma-padrão: pontuação, conectores, entre outros. As relações coesivas devem ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos. • Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. V. Na quinta habilidade avaliada, proposta de intervenção, os alunos devem propor estratégias para solucionar as situações-problema apresentadas ao longo do texto. Nesse sentido, deve haver detalhamento e variedade nas propostas apresentadas. Com relação ao tema em questão, devem ser propostas medidas para solucionar os desafios citados na argumentação. Um ponto pode ser a formulação de uma nova política nacional que invista em atletas de alto rendimento para o alcance de melhores colocações para o país nas competições. Além disso, ainda no âmbito do Poder Público, pode-se propor uma ação conjunta entre o Legislativo e o Executivo, de forma a garantir a aprovação e liberação de orçamentos voltados para o fomento da atividade esportiva. Uma proposta que versa sobre a iniciativa privada pode ser a de que este setor contribua com a reforma e construção de instalações esportivas nos bairros das cidades, de forma a assegurar o acesso à atividade esportiva por parte dos moradores. Nesse ponto, em parceria com o Poder Público, a iniciativa privada pode contratar instrutores que auxiliem os moradores na prática de algum esporte. Além disso, pode-se propor que tanto a iniciativa privada quanto o Governo Federal contribuam financeiramente e teçam parcerias com organizações da sociedade civil que trabalham com esportes, de maneira a alavancar a ação dessas organizações e alcançar o maior número de cidadãos brasileiros. Outra proposta pode ser a de valorização dos esportes no ambiente escolar, de forma a garantir aos alunos os benefícios (sociais e fisiológicos) de se praticar um esporte e promover a integração entre educação curricular e educação corporal. Por fim, pode-se propor a criação de campanhas publicitárias, veiculadas nos meios de comunicação de massa, que informem as pessoas sobre a possibilidade de doação dos impostos para o contexto dos esportes, de maneira a maximizar a quantidade de dinheiro transferido aos projetos esportivos. • A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas ao longo do texto. Do contrário, deve haver penalização. ENEM – VOL. 8 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 27BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 A imagem representa uma paisagem da Chapada Diamantina, localizada no estado da Bahia. Uma característica evidente dessa forma de relevo é o(a) A. restrição da sua ocorrência a terrenos de origem cristalina. B. topografia acidentada da superfície situada em seu topo. C. presença de bordas escarpadas esculpidas pela erosão. D. predomínio dos processos de deposição de sedimentos. E. rebaixamento em relação aos terrenos do seu entorno. Alternativa C Resolução: Como se pode ver na imagem, as chapadas constituem formas planálticas que apresentam bordas escarpadas, ou seja, formadas por encostas com um declive muito acentuado, sendo, praticamente, verticais. As escarpas podem ser formadas a partir de movimentos tectônicos ou podem ser modeladas pelo agente exógeno de erosão. A alternativa A está incorreta, pois as chapadas são formas planálticas que costumam ocorrer em terrenos de natureza sedimentar. A alternativa B está incorreta, pois, como se pode observar na imagem, as chapadas apresentam uma superfície aplainada. A alternativa D está incorreta, pois as chapadas, por serem um tipo de planalto, apresentam a predominância dos processos erosivos. A alternativa E está incorreta, pois são as depressões que são formas de relevo rebaixadas em relação aos terrenos que estão em seu entorno. Além disso, na imagem, fica evidente que as chapadas são áreas elevadas em relação ao seu entorno. QUESTÃO 47 Na última parte do século XVIII, os monarcas absolutistas (ou melhor, seus conselheiros) foram levados a desenvolver programas de modernização intelectual, administrativa, social e econômica que, entretanto, não aboliram a servidão e os laços remanescentes da dependência feudal camponesa. Uma libertação de grande parte foi tentada por José II da Áustria, em 1781, mas fracassou em face da resistência política de interesses estabelecidos e da rebelião camponesa que ultrapassou o que tinha sido programado. HOBSBAWM, E. A era das revoluções: Europa (1789-1848). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. TLOW 6IXU Embora a abolição da servidão fosse reconhecida como um dos principaispontos de qualquer programa “esclarecido”, os monarcas setecentistas não a levaram adiante, uma vez que desejavam A. impedir o progresso econômico dos grupos ascendentes, sobretudo da burguesia. B. anular a resistência imposta pela Igreja, que pregava a igualdade entre os homens. C. desenvolver a industrialização decorrente da exploração desse tipo de mão de obra. D. adotar os métodos mais modernos de multiplicação de seus impostos, poder e riqueza. E. manter a posição hierárquica dos nobres proprietários, de cujo apoio eram dependentes. Alternativa E Resolução: Na tentativa de assegurar o poder absoluto, na segunda metade do século XVIII, alguns soberanos realizaram uma série de reformas de caráter liberal, baseadas em alguns princípios do Iluminismo, sendo conhecidos por isso como déspotas esclarecidos. Apesar de ser reconhecidamente um dos princípios dos ilustrados e fazer parte dos projetos “esclarecidos” de alguns monarcas, a abolição da servidão não pôde ser levada a cabo, visto que a extinção da servidão se chocava com os interesses da nobreza proprietária, da qual dependiam os monarcas absolutistas, e que desejava manter os privilégios vinculados à sua posição social, o que torna válida, portanto, a alternativa E. O Iluminismo esteve intimamente ligado ao fortalecimento da burguesia, que, desde o final da Idade Média, vivia um intenso desenvolvimento econômico, sem, no entanto, alcançar destaque político. Assim, o programa “esclarecido” de alguns monarcas procurava impedir o progresso político, e não econômico, da burguesia, o que invalida a alternativa A. Os pensadores iluministas também dirigiram suas críticas à Igreja Católica, que desempenhava papel fundamental na sustentação do absolutismo monárquico, pois, segundo eles, a Igreja contribuía para a persistência das rígidas estruturas sociais e das desigualdades entre os homens, o que contraria a alternativa B. Para o desenvolvimento industrial, era necessário romper com os laços remanescentes da dependência feudal camponesa e transformar os servos em mão de obra livre assalariada; assim, a manutenção da servidão se opõe ao processo de industrialização, o que torna inválida a alternativa C. Por fim, a alternativa D também incorre em erro, pois, em algumas monarquias absolutistas, como na França, persistiam mecanismos feudais, em que recaíam sobre o terceiro estado a responsabilidade de sustentar o Estado com seu trabalho e impostos, dos quais eram isentos clero e nobreza. QUESTÃO 48 Hoje, uma cidade pode não manter intercâmbio importante com sua vizinha imediata e, no entanto, manter relações intensas com outras muito distantes, mesmo fora de seu país. VJBE CH – PROVA I – PÁGINA 28 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Por exemplo, uma indústria mecânica localizada na cidade de Sertãozinho, que pertence à sexta região administrativa do estado de São Paulo, composta por oitenta municípios, mantém relações comerciais, tanto de compra quanto de venda, com apenas umas seis cidades locais; no entanto, ela mantém relações intensas com a capital do estado e com outros países, já que exporta grande parte de sua produção anual de máquinas. SANTOS, M. Metamorfoses do Espaço Habitado. São Paulo, Hucitec, 1996. A situação apresentada evidencia que ocorreram mudanças na estrutura da hierarquia urbana que levaram ao(à) A. perda do poder de influência exercido pelas metrópoles nacionais sobre as demais cidades. B. diminuição dos fluxos de mercadorias entre as cidades que compõem uma rede urbana. C. estabelecimento de relações diretas entre cidades de diferentes níveis hierárquicos. D. restrição das relações estabelecidas entre as cidades ao nível regional e nacional. E. enfraquecimento da interdependência entre as cidades no interior da rede urbana. Alternativa C Resolução: No trecho do texto, Milton Santos analisa a mudança na relação entre as cidades em função do advento da globalização. Os avanços das tecnologias dos sistemas de transporte e comunicação possibilitaram que cidades de menor porte conseguissem se comunicar com as de maior envergadura de maneira direta. Isso alterou o modelo clássico da hierarquia urbana. A alternativa A está incorreta, pois as metrópoles nacionais continuaram sendo importantes centros econômicos, exercendo uma ampla influência sobre as demais cidades e estando no topo da hierarquia urbana nacional. A alternativa B está incorreta, pois a situação descrita no texto aponta para um incremento dos fluxos de informações, capitais e mercadorias entre cidades com diferentes posições hierárquicas em uma rede urbana. A alternativa D está incorreta, pois a situação descrita no texto mostra uma cidade que tem a escala espacial de suas relações ampliada ao nível internacional. Isso porque o texto afirma que a cidade de Sertãozinho, localizada no estado de São Paulo, mantém relações comerciais com outros países ao exportar parte da sua produção industrial de máquinas. A alternativa E está incorreta, pois a situação apontada no texto indica um aumento da circulação de capitais, mercadorias e informações entre as cidades, o que tende a aprofundar a sua interdependência. QUESTÃO 49 Durante seu governo (1799-1815) Napoleão Bonaparte foi um notório incentivador de academias, institutos, artistas e cientistas, dando continuidade à política de mecenato dos reis do Antigo Regime. Ele próprio ocupara, a partir de 1797, uma vaga como membro do Institut National de France [...]. NNI9 A Campanha do Egito (1798-1801) seria a primeira grande demonstração da utilização do potencial dos membros do Institut em prol dos interesses napoleônicos. Fazendo parte do Institut e tendo relações próximas com seus cientistas, Napoleão sempre procurou empregar as inovações tecnológicas nos assuntos de seu governo. Além do mais, Napoleão percebeu as possibilidades no Instituto como um instrumento para transformar o universalismo francês em imperialismo cultural. Disponível em: < https://www.unicamp.br/ > Acesso em: 31 mar. 2020 As ações de Napoleão Bonaparte descritas no texto indicam a intenção do imperador francês em A. estruturar simbolicamente seu poder por meio do desenvolvimento das ciências. B. promover grandes eventos imperialistas aos moldes dos reis do Antigo Regime. C. desenvolver uma política educacional no país pautada em um passado glorioso. D. enaltecer os estudiosos franceses ao inseri-los na organização política do país. E. consolidar a vitória militar no norte africano por meio da formação de uma elite letrada. Alternativa A Resolução: Conforme demonstrado no texto, Napoleão entendia que um grande império deveria ser caracterizado pelo esplendor artístico e cultural. Desse modo, a criação dos “institutos” e a promoção dos saberes era uma forma por ele encontrada para reforçar a ideia de sua grandiosidade e poder, conferindo prestígio e maior legitimidade ao seu império, o que torna correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois, embora os Estados absolutistas também promovessem a submissão de outros povos, a dimensão da política imperialista napoleônica foi muito superior, tornando difícil a comparação ao Antigo Regime. A alternativa C também está incorreta, pois o estímulo às ciências e o desenvolvimento acadêmico francês tinham o objetivo de enaltecer o império napoleônico e suas ações, e não as glórias do passado. Contrariamente ao indicado na alternativa D, a valorização das ciências não implicou a inserção dos estudiosos franceses nos quadros políticos do império napoleônico. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois o texto indica que Napoleão se valeu da já consolidada elite intelectual francesa em seu projeto imperialista, não havendo a intenção de se criar uma nova elite letrada nos territórios conquistados. Além disso, a campanha do Egito, do ponto de vista militar, não foi bem- -sucedida. QUESTÃO50 Os latossolos são solos de intemper ização intensa chamados popularmente de solos velhos. Apresentam normalmente baixa fertilidade e uma grande concentração de alumínio e de óxidos de ferro. Mas, possuem boas condições físicas para o uso agrícola, que estão associadas a uma boa permeabilidade por serem solos bem estruturados e muito porosos. WGZW ENEM – VOL. 8 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 29BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Os latossolos apresentam uma ampla ocorrência no Brasil, sendo mais frequentes em regiões equatoriais e tropicais. Estão associados, normalmente, a relevos planos e suavemente ondulados e, mais raramente, a áreas mais acidentadas. Devido às boas condições físicas e aos relevos mais suaves, apresentam alto potencial para o uso agrícola, o que faz com que sejam largamente utilizados para a produção de grãos, como a soja. As limitações apresentadas pelos latossolos em relação ao seu uso agrícola estão mais relacionadas à baixa fertilidade e à baixa retenção de umidade, quando de texturas mais grosseiras e em climas mais secos. Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br>. Acesso em: 10 set. 2020 (Adaptação). O texto aponta que os latossolos apresentam limitações em relação ao seu uso agrícola. Uma técnica agrícola que permite contornar pelo menos uma dessas limitações é a A. mecanização da produção. B. realização de queimadas. C. biotecnologia. D. adubação. E. aração. Alternativa D Resolução: O texto afirma que uma das limitações apresentadas pelos latossolos em relação ao seu uso agrícola é a baixa fertilidade, que decorre de fatores como o intenso grau de intemperismo químico sofrido por esse tipo de solo, que levou à perda de seus nutrientes. Uma técnica agrícola que permite contornar essa limitação é a adubação, que consiste na adição de nutrientes ao solo, que são importantes para as plantas, por meio da aplicação de adubos ou fertilizantes. A alternativa A está incorreta, pois a mecanização refere-se ao uso de máquinas que permitem otimizar a produção agrícola ao facilitar e acelerar o ritmo das atividades de preparo do solo, plantio, colheita, entre outras. No entanto, essa tecnologia não interfere sobre as propriedades pedológicas de modo a alterar a sua fertilidade. Além disso, a mecanização pode desencadear o processo de compactação do solo, alterando a sua capacidade de absorver e armazenar água, o que interfere na retenção da umidade, que é outra limitação que os latossolos podem oferecer em relação ao uso agrícola e que foi citada no texto. A alternativa B está incorreta, pois as queimadas trazem danos ao solo como a perda de umidade e de nutrientes que são importantes para as plantas. A alternativa C está incorreta, pois a biotecnologia, que envolve a alteração genética das plantas, não altera as propriedades do solo. A alternativa E está incorreta, pois a aração corresponde ao revolvimento mecânico das camadas superficiais do solo para prepará-lo para o plantio. Essa técnica é usada com o intuito de ampliar a aeração do solo e de facilitar a penetração das raízes das plantas. No entanto, a realização dessa prática, sobretudo em áreas de climas tropicais e equatoriais como as que ocorrem os latossolos no Brasil, pode trazer prejuízos ao solo, como o favorecimento dos processos erosivos. Além disso, isoladamente, a adoção dessa técnica não resolve as limitações dos latossolos para o uso agrícola. QUESTÃO 51 A ação do Estado pombalino, em consonância com o pensamento iluminista português, foi além e trouxe medidas que não apenas favoreceram a laicidade – ao reforçar o poder do Estado na ação política e no controle público – como promoveram também uma via emancipatória que ficaria clara no liberalismo português do século XIX e nas lutas por libertação nacional que aconteciam no Brasil daqueles tempos. BOTO, C. A dimensão iluminista da reforma pombalina dos estudos: das primeiras letras à universidade. Revista Brasileira de Educação, v. 15, n. 44, mai.-ago. 2010. p. 297 [Fragmento adaptado] A análise das medidas adotadas no século XVIII pelo Marquês de Pombal evidencia que a experiência do despotismo esclarecido em Portugal A. eliminou a forte vertente intervencionista da Coroa lusitana. B. possibilitou a emergência de ações políticas revolucionárias. C. promoveu a descentralização política no reino e suas colônias. D. retardou a modernização das instituições políticas portuguesas. E. determinou a dependência do Estado com relação à Igreja católica. Alternativa B Resolução: O texto aponta que a influência das ideias iluministas na reforma do Estado português feita pelo Marquês de Pombal no século XVIII determinou a construção de uma “via emancipatória” na política portuguesa, o que ficou evidenciado nas ações políticas revolucionárias do século XIX: no reino, as lutas das Cortes portuguesas nas revoltas liberais; no Brasil, os movimentos separatistas na virada do século e a luta pela independência, o que torna correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois o despotismo esclarecido português, verificado nas ações do Marquês de Pombal, garantiu o reforço do controle público tanto no reino quanto nas colônias, o que significou o reforço da vertente intervencionista do Estado moderno português. A alternativa C está incorreta, pois, ao reforçar o poder do Estado e o controle público no reino e nas colônias, a política pombalina garantiu maior centralização política. A alternativa D está incorreta, pois, embora o texto não aborde esse aspecto, as medidas adotadas pelo Marquês de Pombal contribuíram para a modernização das instituições portuguesas. A alternativa E está incorreta, pois o texto aponta que as ações pombalinas, influenciadas pelo pensamento iluminista, favoreceram a laicidade, ou seja, o afastamento entre as ideias religiosas e a prática política da Coroa. Assim, Pombal garantia maior independência do Estado com relação às instituições religiosas. QUESTÃO 52 Em 2017, a Organização Mundial do Comércio (OMC) condenou a Indonésia por conta das barreiras impostas sobre as importações da carne de frango brasileira. PK5R C5JB CH – PROVA I – PÁGINA 30 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Por anos, o Brasil questionou as medidas impostas contra o produto nacional por um dos maiores mercados da Ásia e considerado como uma nova fronteira para as vendas nacionais. Isso porque entre 2010 e 2014, os indonésios adotaram uma série de medidas administrativas e sanitárias impedindo, na prática, a entrada do frango brasileiro. O Brasil alegava que seis medidas diferentes fechavam o comércio para os produtos nacionais, incluindo entre elas atrasos em aprovação de certificados veterinários, restrição em transportes e outras iniciativas como não incluir o frango entre os bens que poderiam ser importados. A OMC determinou que a aplicação de algumas dessas medidas era inconsistente com as normas, já que garantia vantagens competitivas aos produtos nacionais da Indonésia. Disponível em: <https://exame.com>. Acesso em: 10 set. 2020 (Adaptação). A situação descrita no texto indica que um dos papéis da OMC é A. inibir as transações comerciais que envolvem produtos primários no mercado internacional. B. defender os interesses comerciais dos países desenvolvidos no mercado internacional. C. legitimar as medidas adotadas pelos países para protegerem os produtos nacionais. D. impor restrições alfandegárias que os países devem adotar ao realizar importações. E. condenar práticas protecionistas com o intuito de assegurar o comércio multilateral. Alternativa E Resolução: O objetivo da atuação da Organização Mundial do Comércio (OMC) é combater as práticas protecionistas para assegurar a livre competição e, assim, o funcionamento do sistema multilateral de comércio. Para tanto, a OMC apresenta um Sistema de Soluções de Controvérsias que acolhe denúncias dos paísesque se sentem prejudicados em alguma relação comercial, como é o caso da situação descrita no texto, em que o Brasil questionou as restrições impostas pela Indonésia em relação às importações da carne de frango brasileira. A alternativa A está incorreta, pois a OMC é favorável ao incremento das transações comerciais internacionais, inclusive de produtos primários. A alternativa B está incorreta, pois a situação apresentada no texto não envolve diretamente nenhum país desenvolvido. Além disso, oficialmente, a OMC é uma organização de caráter multilateral. A alternativa C está incorreta, pois a OMC busca combater medidas protecionistas, que são aquelas que os países adotam para proteger os produtos nacionais. A alternativa D está incorreta, pois a OMC é favorável à redução ou eliminação das barreiras alfandegárias de modo a estimular e facilitar o comércio internacional. QUESTÃO 53 A criação das capitanias hereditárias marca o começo de uma nova relação entre a colônia brasileira e sua metrópole. Foi um movimento essencialmente político que, além de constituir o primeiro esforço formal de colonizar as terras do Novo Mundo, definiu uma mudança de postura por parte de Portugal com relação ao seu mais novo território [...]. LZØZ Este sistema era baseado na concessão de grandes faixas de terra para um donatário, que passaria a ter total autonomia sobre aquele território e receberia privilégios econômicos, devendo este única e exclusivamente iniciar e desenvolver centros populacionais [...]. O território brasileiro foi assim dividido em quinze capitanias, entre os anos de 1534 a 1536, cada uma com um respectivo donatário (a alguns donatários foi concedida mais de uma capitania), essencialmente membros da nobreza portuguesa ou ligados de alguma forma ao rei Dom João III. MATTOS, E; INNOCENTINNI, T; BENELLI, Y. Capitanias hereditárias e desenvolvimento econômico: herança colonial sobre desigualdade e instituições. Pesquisa e planejamento econômico, v. 42, n. 3, dez. 2012. A implementação do sistema descrito no texto reforça que a colonização portuguesa da América, nas primeiras décadas do século XVI, foi marcada pelo A. sucesso do projeto luso de ocupação plena do território colonial. B. esforço da metrópole na centralização administrativa da colônia. C. papel destacado de particulares no empreendimento colonizador. D. acirramento das disputas entre colonos pela propriedade da terra. E. êxito da Coroa lusa em impedir as investidas estrangeiras à colônia. Alternativa C Resolução: As capitanias hereditárias já eram utilizadas em outras áreas do Império luso, que não possuía condições de financiar o início da colonização na América. Para tanto, o Estado utilizou-se dos recursos de comerciantes do reino, que receberam faixas de terras perpendiculares ao Tratado de Tordesilhas até a área litorânea. Conforme é tratado no texto, o donatário tinha total autonomia sobre o território, sendo responsabilidade deste ocupar essas terras e produzir nelas. A implementação desse sistema foi importante para os esforços portugueses na colonização e o papel dos particulares nesse empreendimento foi fundamental para tal, o que torna correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois, mesmo com a implementação desse sistema, a ocupação não foi plena, a princípio as capitanias ficaram restritas às faixas litorâneas. A alternativa B está incorreta, pois essas medidas não visavam a centralização administrativa. A alternativa D está incorreta, pois o texto não aborda o aspecto de acirramento de disputas entre colonos pela propriedade da terra. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o sistema de capitanias não impediu as investidas estrangeiras na colônia. ENEM – VOL. 8 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 31BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 54 Variação anual da temperatura média de alguns estados do Brasil Ceará Amazonas Minas Gerais Rio Grande do Sul Te m pe ra tu ra d o ar (° C ) 15 20 25 jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun Disponível em: <https://fisica.ufpr.br>. Acesso em: 4 set. 2020 (Adaptação). A variação anual da temperatura média dos estados brasileiros representados no gráfico é influenciada pela A. altitude, que é responsável pelas baixas temperaturas no Rio Grande do Sul ao longo de todo o ano. B. continentalidade, o que explica a maior variação térmica anual ocorrer no estado de Minas Gerais. C. vegetação, que faz com que os estados do Norte e do Nordeste tenham tipos de clima semelhantes. D. longitude, que condiciona a alternância diária entre os períodos do dia e da noite. E. latitude, que interfere na variação da incidência da radiação solar ao longo ano. Alternativa E Resolução: A latitude, combinada à inclinação do eixo da Terra, é um fator que atua sobre o clima ao influenciar a intensidade e a variação anual da incidência dos raios solares, o que interfere sobre temperatura. Nas regiões próximas à Linha do Equador, a incidência dos raios solares é intensa ao longo de todo o ano. À medida que se afasta da região equatorial, há um aumento da inclinação da incidência dos raios solares e da variação da sua intensidade ao longo do ano. Assim, os estados brasileiros mais distantes do Equador, como o Rio Grande do Sul, apresentam uma maior variação anual e menores valores da temperatura média do que estados mais próximos, como o Amazonas. A alternativa A está incorreta, pois o estado do Rio Grande do Sul apresenta uma ampla variação anual da temperatura média, sendo que, nos meses do verão, a temperatura alcança valores mais altos. A alternativa B está incorreta, pois a maior variação anual da temperatura média, entre os estados representados no gráfico, ocorreu no Rio Grande do Sul. A alternativa C está incorreta, pois o gráfico mostra diferenças em relação aos climas existentes nos estados das regiões Norte (Amazonas) e Nordeste (Ceará). Uma dessas diferenças é a maior variação anual da temperatura média no Ceará do que no Amazonas. D36U A alternativa D está incorreta, pois as diferenças quanto à variação anual da temperatura média entre os estados brasileiros representados no gráfico têm relação com a sua posição latitudinal. A longitude não é uma fator climático. Ela interfere na alternância entre os dias e na existência de diferentes fusos horários. QUESTÃO 55 Em obra editada por ocasião das comemorações do centenário do desembarque da família real para o Brasil, Manuel de Oliveira Lima (1908) distinguia a abertura dos portos como a responsável pelo fim da sujeição colonial e a configuração de um Reino “autônomo e emancipado” de sua antiga metrópole, mas que ainda se mantinha subordinado à autoridade do monarca português. [...] Oliveira Lima declarava que a abertura dos portos não deveria ser entendida como uma “desinteressada e intencional cortesia do príncipe regente aos seus súditos ultramarinos”, mas sim como uma “precaução econômica necessária e inadiável” face à desarticulação do comércio marítimo entre os reinos de Portugal e Inglaterra. MATTOS, R. Versões e interpretações: revisitando a historiografia sobre a abertura dos portos brasileiros (1808). In: Revista de Historia Regional y Local, Medellín, v. 9, n. 17, p. 471-506, jan.-jun. 2017. p. 480. [Fragmento adaptado] Com base na sua visão historiográfica a respeito dos eventos da chegada da Corte portuguesa ao Brasil em 1808, o escritor Manuel de Oliveira Lima define o Decreto de Abertura dos Portos como uma A. ação com o propósito de garantir plena liberdade econômica à colônia. B. deliberação que prejudicava interesses portugueses em solo brasileiro. C. medida de consolidação do controle econômico da metrópole no Brasil. D. providência que emancipava o comércio português da influência britânica. E. resposta ao conflito político e diplomático vivido pelos lusitanos na Europa. Alternativa E Resolução: Ao evocara desarticulação nas relações comerciais entre Portugal e Inglaterra e estabelecer o decreto de Abertura dos Portos como uma resposta inadiável à situação que estava estabelecida, Oliveira Lima faz menção à crise diplomática vivida com a França napoleônica. O Bloqueio Continental de 1806 colocou os portugueses em uma situação delicada: deveriam abandonar relações com os ingleses para não sofrerem uma invasão do exército napoleônico. Assim, a fuga da Corte lusitana para o Brasil e a Abertura dos Portos foram medidas tomadas pela Coroa portuguesa a fim de manter as relações econômicas com os ingleses, o que torna correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois, o propósito do decreto da Abertura dos Portos de 1808 não era conceder liberdades econômicas à colônia. Oliveira Lima aponta que o decreto ainda mantinha certo grau de sujeição colonial e que este não era uma cortesia da Coroa aos colonos. O aumento da liberdade comercial na colônia é uma consequência secundária do decreto, e não o seu propósito inicial. NWNH CH – PROVA I – PÁGINA 32 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa B está incorreta, pois o decreto da Abertura dos Portos visava, a princípio, beneficiar a Corte portuguesa que estava sediada no Brasil a partir de 1808. O decreto facilitaria a compra e venda de produtos para os membros da Corte, trazendo lucros aos portugueses no Brasil. A alternativa C está incorreta, pois, apesar de manter certo grau de sujeição colonial, o decreto acabou flexibilizando as antigas relações do exclusivo colonial, pois introduziu aspectos do liberalismo econômico na colônia. Oliveira Lima não afirma que o decreto consolidou o controle metropolitano sobre a colônia, o que de fato não ocorreu em 1808. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois Oliveira Lima aponta como o decreto visava restabelecer a articulação comercial entre portugueses e britânicos. Além disso, é sabido que a Abertura dos Portos beneficiou imensamente os interesses comerciais ingleses na colônia. QUESTÃO 56 Além de ser uma forma de julgamento, pode ser visto também como um preconceito comum em favor de nosso grupo. À medida que ele está ligado à necessidade de afirmar o nosso modo de vida, tende a deformar a percepção da cultura de outro grupo, o que leva a pessoa a acentuar as diferenças e a condenar os desvios em relação à norma do grupo ao qual pertence. DAMERGIAN, S. Migração e referenciais identificatórios: linguagem e preconceito. Psicologia Usp, São Paulo, v. 20, n. 2, 2009. Ressaltando a postura em que há desqualificação da cultura do outro, o texto debate o conceito de A. relativismo cultural. B. etnocentrismo social. C. estruturalismo francês. D. multiculturalismo ocidental. E. interpretativismo simbólico. Alternativa B Resolução: O texto-base demonstra que há uma forma de julgamento que valoriza a cultura do nosso grupo, em detrimento dos valores culturais do outro. O etnocentrismo significa uma postura diante da diversidade que considera apenas uma única visão de mundo como correta, fazendo juízo de valor em relação às demais. É colocar uma cultura no centro, no lugar de maior importância, ao mesmo tempo que se menospreza as outras. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta porque o relativismo cultural adota preceitos contrários àqueles trabalhados pelo texto- -base. A alternativa C está incorreta porque o estruturalismo francês não utiliza preceitos etnocêntricos em suas análises. A alternativa D está incorreta porque o multiculturalismo adota premissas contrárias ao etnocentrismo. Por fim, a alternativa E está incorreta porque a corrente interpretativista, cujo maior expoente é Geertz, não parte de uma ideia etnocêntrica em sua teoria. SPØR QUESTÃO 57 Na época em que Shakespeare escreveu, Veneza era considerada a cidade mais cosmopolita da Europa. Veneza era não somente a capital do comércio (já que fazia parte da rota da seda), mas também a capital da arte, onde tudo acontecia, e é por isso que muitos dos enredos do dramaturgo inglês se passam na Itália, assim como Romeu e Julieta, na cidade de Verona, e O Mercador de Veneza. GUERIOS, A. A atualidade de Shakespeare: um estudo sobre Romeu & Julieta do Grupo Galpão. Disponível em: http://www.ple.uem.br/. Acesso em: 30 nov. 2018. A prevalência dos cenários italianos na dramaturgia do autor renascentista William Shakespeare, durante o século XVII, está associada, segundo o texto, à A. rigorosidade puritana e à censura elisabetana, que proibiam encenações de peças teatrais na Inglaterra. B. internacionalização dos capitais, que permitia o patrocínio das artes inglesas pelos banqueiros italianos. C. efervescência econômica e cultural italiana, que conferia às suas cidades uma natureza cosmopolita. D. ruptura radical do humanismo ítalo com os valores católicos, que favorecia o desenvolvimento das artes. E. contestação dos privilégios sociais da aristocracia italiana, que marginalizava os estratos mais populares. Alternativa C Resolução: O mote do texto é a relação entre as ambientações espaciais das peças de Shakespeare na Itália com o sucesso das atividades econômicas e com a pujança cultural das cidades italianas, o que torna a alternativa C correta. A alternativa A está incorreta, pois a religião puritana na Inglaterra não estava em condições de limitar o teatro, pois tratava-se de uma religião secundária perseguida pela oficialidade anglicana. Além disso, a Corte elisabetana estimulou a arte shakespeariana. A alternativa B está incorreta, pois não há subsídios no texto que indiquem que a prioridade dada, por Shakespeare, aos espaços italianos esteja associada ao patrocínio dos comerciantes da península itálica aos seus espetáculos. A alternativa D está incorreta, pois a mentalidade dos indivíduos modernos estava povoada de fortes traços das crenças medievais, que valorizavam uma visão mística e religiosa sobre o mundo e sobre a sociedade. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o texto não relaciona a prevalência dos cenários italianos nas peças de Shakespeare a uma contestação de privilégios sociais da aristocracia. Além disso, as obras de Shakespeare estavam mais voltadas para a crítica dos costumes do que dos privilégios sociais propriamente ditos. QUESTÃO 58 As evidências convincentes começaram a emergir como um resultado da intensa exploração do fundo oceânico ocorrida após a Segunda Guerra Mundial. O mapeamento da Dorsal Mesoatlântica submarina e a descoberta do vale profundo na forma de fenda, ou rifte, estendendo-se ao longo de seu centro, despertaram muitas especulações. PRESS, F. et al. Para entender a Terra. Tradução de Rualdo Menegat. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 49. [Fragmento] A partir do desenvolvimento da Teoria da Tectônica de Placas no pós-Segunda Guerra Mundial, ficou mais fácil compreender algumas feições do relevo terrestre. 1JHE TNN9 ENEM – VOL. 8 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 33BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO No caso dos dobramentos modernos, constatou-se que seu processo de formação é proveniente do(a) A. colisão de placas litosféricas na Era Cenozoica. B. desgaste acelerado de dobramentos antigos. C. movimento vertical de grande intensidade. D. divergência de placas e magma extravasado. E. tangenciamento de macroporções de rochas. Alternativa A Resolução: Os dobramentos modernos constituem as grandes cadeias montanhosas continentais, como a Cordilheira dos Andes e a do Himalaia. Eles são formados nos limites divergentes, onde há a colisão entre as placas tectônicas. A sua formação data do período Terciário da Era Cenozoica. A alternativa B está incorreta, pois o desgaste dos dobramentos antigos deve-se à atuação dos processos exógenos modeladores do relevo, como o intemperismo e a erosão. Os dobramentos modernos, por sua vez, são formados a partir da atuação dos agentesendógenos, também chamados de construtores do relevo. A alternativa C está incorreta, pois os dobramentos modernos são formados a partir de movimentos horizontais que levam à ocorrência da orogênese. Já os movimentos verticais levam à epirogênese e são responsáveis pela formação de falhas. A alternativa D está incorreta, pois os limites de divergência (afastamento) entre placas tectônicas constituem as zonas construtivas da crosta, onde pode ocorrer a formação de riftes e de cadeias montanhosas oceânicas, como é o caso da Dorsal Atlântica. A alternativa E está incorreta, pois os limites tangenciais entre placas tectônicas (quando elas deslizam lateralmente entre si) tende a levar à formação de falhas transformantes. QUESTÃO 59 TEXTO I A cidade de Deus de que falamos é a mesma para a qual existe testemunho naquela Escritura, a qual ultrapassa todos os escritos de todas as nações por sua divina autoridade, e que tem trazido sob a sua influência todos os tipos de mentes, não por um movimento intelectual casual, mas evidentemente por um arranjo expresso da Providência. [...] O Mediador [Jesus Cristo], tendo dito o que Ele [Deus] julgou suficiente, primeiro pelos profetas, então por seus próprios lábios, e depois por seus apóstolos, produziu a Escritura dita canônica, a qual tem autoridade suprema, e para a qual devemos olhar, em todas as matérias em que não podemos ser ignorantes, mas que não podemos conhecer por conta própria. HIPONA, A. The City of God. In: Great Books of the Western World. Chicago: Encyclopaedia Britannica, Inc., 1952. v. 18 (Adaptação). TEXTO II A lei é uma regra e uma medida dos atos, por meio da qual o homem é induzido a agir ou dissuadido de agir. A medida e a regra dos atos humanos é a razão, que é o primeiro princípio das ações do homem. Uma vez que [medidas e regras] são próprias da razão, segue que a lei está apenas na razão. A lei está em todas aquelas coisas que são movidas pela razão. AQUINO, T. Summa Theologiae. In: Great Books of the Western World. 1952. v. 19 e 20 (Adaptação). QUYJ As diferenças teóricas do pensamento filosófico medieval apresentadas nos textos nascem das A. leituras diferentes que esses pensadores fizeram sobre diferentes filósofos gregos. B. informações distintas oferecidas pela revelação divina a esses filósofos cristãos. C. interpretações opostas de ambos os autores sobre a verdade revelada. D. críticas feitas por Tomás de Aquino à obra de Agostinho de Hipona. E. distorções religiosas sobre o pensamento filosófico pagão. Alternativa A Resolução: Agostinho de Hipona – por influência de Platão – e Tomás de Aquino – por influência de Aristóteles – fazem leituras, muitas vezes, divergentes sobre temas e problemas filosóficos. O cenário medieval, em que a Filosofia se desenvolveu fortemente, é marcado por interpretações diferentes e divergentes dos textos de filósofos gregos, sendo isso causa de diferenças teóricas das mais diversas. Portanto, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta porque os trechos não expressam relatos advindos da revelação divina, consistindo em excertos do pensamento filosófico desses autores. A alternativa C está incorreta, pois vale ressaltar que as interpretações dos dois pensadores não são opostas, mas sim diferentes. A alternativa D está incorreta, uma vez que Tomás de Aquino não foi um crítico de Agostinho, apesar de o primeiro ter encaminhado sua filosofia para um rumo diferente da do último. A alternativa E está incorreta porque o pensamento religioso não distorce o pagão, mas sim o reinterpreta. QUESTÃO 60 Todo dia, em média, três novas tecnologias de ponta saem do forno de indústrias da pequena Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas, prontas para entrar no mercado mundial. Lá, a tranquilidade típica do interior contrasta com o ritmo acelerado das inovações. O município de cerca de 40 mil habitantes abriga o Vale da Eletrônica, formado por três instituições de ensino e 153 empresas de setores que vão da informática à telecomunicação. Não por acaso, o lugar é comparado ao Vale do Silício, polo tecnológico na Califórnia, nos Estados Unidos, criado na mesma época, nos anos 1950. Mais de 13 mil produtos são fabricados na cidade mineira, que deixou parte da tradição do café e do leite para se enveredar no universo dos fios, placas e softwares. Disponível em: <https://www.em.com.br>. Acesso em: 10 set. 2020 (Adaptação). Entre os fatores que explicam a atração das indústrias do setor de tecnologia para a cidade de Santa Rita do Sapucaí, tem-se a A. disponibilidade de grandes reservas naturais de matéria-prima. B. presença de centros de pesquisa e inovação tecnológica. C. abundância de mão de obra barata e pouco qualificada. D. concentração de atividades produtivas primárias. E. existência de um amplo mercado consumidor. T3WU CH – PROVA I – PÁGINA 34 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: Um dos fatores que interfere na localização das modernas indústrias do setor de tecnologia é a presença de centros de pesquisa e de desenvolvimento de inovações tecnológicas. Como é informado no texto, na cidade de Santa Rita do Sapucaí, localizada no sul do estado de Minas Gerais, há a presença de instituições de ensino que contribuem para o desenvolvimento da pesquisa tecnológica e para a formação de mão de obra qualificada, o que atrai empresas desse setor para o município. A alternativa A está incorreta, pois a proximidade com as reservas naturais de matéria-prima não é um fator preponderante na determinação da localização das indústrias modernas do setor de tecnologia. Atualmente, diante do grande desenvolvimento tecnológico dos sistemas de transporte, as indústrias não precisam, necessariamente, fixar-se próximas a essas reservas. A alternativa C está incorreta, pois a disponibilidade de mão de obra qualificada é que constitui um fator de atração das indústrias do setor de tecnologia. A alternativa D está incorreta, pois as atividades primárias desenvolvidas em Santa do Rita do Sapucaí, com destaque na produção de leite e café, não constituem fatores de atração de indústrias do setor tecnológico. A alternativa E está incorreta, pois a população da cidade de Santa Rita do Sapucaí é pequena, contando com cerca de 40 mil habitantes, o que não representa um amplo mercado consumidor. Além disso, a proximidade com o mercado consumidor não é um fator preponderante na definição da localização das modernas indústrias do setor de tecnologia, que, graças à modernização dos sistemas de transporte, têm facilidades para que seus produtos possam circular entre diferentes regiões do mundo. QUESTÃO 61 Com a implantação de engenhos de açúcar em Minas Gerais e a considerável demanda urbana, passou a haver um tipo especial de propriedade territorial, diferente tanto dos grandes latifúndios monocultores do litoral quanto das fazendas de gado daquelas áreas do interior, onde elas tinham-se estabelecido em um período de expansão anterior. A fazenda de Minas, muitas vezes, combinava o engenho de açúcar com a mina, ou esta última com a pecuária. Muitos latifúndios de Minas tinham lavra aurífera, grande lavoura e engenhos de açúcar e de farinha. MAXWELL, K. A devassa da Devassa. São Paulo: Paz e Terra, 2011. p. 111. [Fragmento adaptado]. O trecho anterior trata dos aspectos econômicos observados em Minas Gerais no período colonial, sobretudo durante o século XVIII, apontando que nesta região o(a) A. lucro da mineração era inferior aos rendimentos da atividade agrícola. B. expansão da atividade mineradora fortaleceu o comércio intracolonial. C. agricultura e a pecuária desenvolveram-se em pequenas propriedades. D. produtividade do setor agrícola era quantitativamente superior à do litoral. E. desenvolvimento agropecuário gerou escassez de mão de obra na mineração. 2XDH Alternativa B Resolução: O texto descrevecomo a grande demanda urbana em Minas Gerais provocou a difusão de propriedades agrícolas voltadas para o abastecimento interno e que combinavam a atividade agropecuária com a mineração. Assim, a expansão da atividade mineradora contribuiu para a diversificação de atividades econômicas secundárias, sobretudo a formação de fazendas que forneciam produtos para o comércio no interior da colônia, o que torna correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois o texto não afirma que a atividade agrícola era mais rentável que a agricultura. Além disso, é sabido que a agropecuária foi uma atividade secundária à mineração na região das Minas, servindo para abastecimento e fornecimento de víveres para a população local. A alternativa C está incorreta, pois o texto aponta que as fazendas de minas eram latifúndios; portanto, a atividade agropecuária desenvolveu-se em grandes propriedades. A alternativa D está incorreta, pois o texto aponta apenas que as características do latifúndio da região mineradora eram distintas das grandes propriedades do litoral, sem afirmar qual das duas era mais produtiva. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o texto não fornece subsídios para tal informação. Além disso, como a mineração era a principal atividade econômica da região das Minas, grande parte da mão de obra (sobretudo escravizada) era destinada a ela. QUESTÃO 62 No Brasil, há uma grande dependência do transporte rodoviário. No país, o transporte de quase 82% da carga (exceto grãos e minério) é feito por caminhões, segundo estudo do professor Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral. O desequilíbrio da matriz eleva o risco de desabastecimento no caso de uma nova e prolongada greve dos caminhoneiros, como a de maio de 2018. Esse desequilíbrio no transporte brasileiro é uma herança do baixo investimento na infraestrutura do país nas últimas décadas e das escolhas que o governo fez pelo modal rodoviário. “Desde a década de 80, todos os governos incentivaram a indústria automobilística, o que elevou o número de caminhões na economia”, afirma Resende. No entanto, o aumento do número de veículos não foi acompanhado pela necessária expansão da infraestrutura rodoviária. Segundo a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base, os baixos investimentos resultaram na realidade atual em que a malha rodoviária nacional apresenta baixa qualidade, apresenta um alto número de vias não pavimentadas e tem uma densidade relativa pequena quando comparada à de outros países com a dimensão territorial semelhante. Disponível em: <https://www.em.com.br>. Acesso em: 5 set. 2020 (Adaptação). A situação apresentada no texto tem como consequência para a economia do Brasil o(a) A. equilibrada distribuição da infraestrutura viária entre as diferentes regiões do país. B. pequeno risco de ocorrer acidentes e roubos envolvendo o transporte de cargas. C. ampla adequação da matriz de transportes às dimensões territoriais do país. PFØJ ENEM – VOL. 8 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 35BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO D. baixo consumo de fontes de energia derivadas de combustíveis fósseis. E. elevado custo operacional dos fretes de cargas entre longas distâncias. Alternativa E Resolução: No Brasil, houve uma priorização governamental em incentivar o uso do transporte rodoviário, o que levou a uma elevada dependência desse modal e há uma grande frota de caminhões. No entanto, o crescimento dessa frota não foi acompanhado da expansão necessária dos investimentos na ampliação e manutenção das rodovias, o que resultou na deficiência e má qualidade da infraestrutura viária existente. Essa situação, aliada ao alto consumo energético apresentado pelo transporte rodoviário, contribui para um elevado custo operacional dos fretes de cargas realizados através desse modal, resultando na diminuição da competitividade dos produtos nacionais. A alternativa A está incorreta, pois a distribuição da infraestrutura rodoviária apresenta disparidades regionais, estando mais concentrada nas regiões Sul e Sudeste. A alternativa B está incorreta, pois o transporte rodoviário apresenta uma grande vulnerabilidade aos riscos de ocorrer acidentes e roubos de cargas. Além disso, a baixa qualidade das rodovias contribui para aumentar os riscos de acidentes. A alternativa C está incorreta, pois o texto aponta que a densidade da malha rodoviária brasileira é pequena quando comparada a de outros países com a dimensões territoriais semelhantes. Além disso, diante das grandes dimensões territoriais do país, seria adequado aumentar os investimentos em outros modais, como o ferroviário. A alternativa D está incorreta, pois o transporte rodoviário apresenta um elevado consumo de combustíveis de origem fóssil, como a gasolina e o óleo diesel. QUESTÃO 63 No quinquênio entre a restauração da Bahia e a ocupação holandesa de Pernambuco, a situação militar e financeira da monarquia espanhola deteriorara-se gravemente, o que explica em grande parte por que ela respondeu célere e energicamente em favor de Salvador, mas não pôde fazê-lo em favor de Olinda. MELLO, Evaldo Cabral de - Olinda Restaurada. Guerra e Açúcar no Nordeste 1630-1654. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998. De acordo com o texto, os desdobramentos das invasões holandesas à capitania de Pernambuco durante o século XVII indicam que A. a população de Pernambuco teve que arcar com sua própria defesa. B. os colonos pernambucanos tiveram o mesmo destino que os baianos. C. a Espanha foi negligente frente a tomada do território pernambucano. D. os pernambucanos eram incapazes de se organizarem contra o invasor. E. os invasores eram militarmente fortes, apesar de financeiramente frágeis. HK6E Alternativa A Resolução: Por duas vezes os holandeses tentaram ocupar o Brasil colonial. Na primeira tentativa, em 1624, os flamengos tentaram ocupar a capital Salvador, mas, fortemente combatidos pela Coroa espanhola, não tiveram sucesso. Em 1630, os holandeses invadiram a capitania de Pernambuco, valendo-se do seu poderio naval e dos recursos e riquezas da Companhia das índias Ocidentais, empresa que patrocinava as invasões das áreas de domínio espanhol, o que contraria a alternativa E. Ainda que historicamente seja discutível a postura negligente da Espanha frente à tomada do território pernambucano, de acordo com o texto, a Coroa espanhola não dispunha de condições militares e financeiras para auxiliar a resistência dos colonos à invasão holandesa de maneira, que a população de Pernambuco teve que arcar com sua própria defesa contra os flamengos, o que vai de encontro à alternativa C e torna correta a alternativa A. A alternativa B também está incorreta, pois, diferentemente do ocorrido em Salvador, os holandeses obtiveram sucesso na ocupação da capitania de Pernambuco. Por fim, apesar do tempo de domínio holandês, os esforços empreendidos pela resistência pernambucana se estendeu por longos anos, demonstrando um certo grau de organização na luta contra o invasor, o que invalida a alternativa D. QUESTÃO 64 “A onda revolucionária de 1830 foi, portanto, um acontecimento muito mais sério do que a de 1820. De fato, ela marca a derrota definitiva dos aristocratas pelo poder burguês na Europa Ocidental. [...] A terceira e maior das ondas revolucionárias, a de 1848, foi o produto dessa crise. Quase que simultaneamente, a revolução explodiu e venceu (temporariamente) na França, em toda a Itália, nos Estados alemães, na maior parte do império dos Habsburgo e na Suíça (1847). De forma menos aguda, a intranquilidade também afetou a Espanha, a Dinamarca e a Romênia; de forma esporádica, a Irlanda, a Grécia e a Grã-Bretanha. Nunca houve nada tão próximo da revolução mundial com que sonhavam os insurretos do que essa conflagração espontânea e geral [...]. O que em 1789 fora o levante de uma só nação era agora, assim parecia, ‘a primavera dos povos’ de todo um continente”.HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções: Europa, 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. A chamada Primavera dos povos, inserida nas Revoluções Liberais, é o resultado da tensão entre A. grupos conservadores e forças populares nacionalistas. B. intelectuais iluministas e trabalhadores socialistas. C. nacionalistas socialistas e nacionalistas liberais. D. grupos católicos e população protestante. E. camponeses radicais e republicanos. Alternativa A Resolução: A tensão entre Antigo Regime e forças populares nacionalistas, socialistas e liberais, que ganhavam força em um mundo em transformação, foi uma das maiores motivações da Primavera dos Povos das chamadas revoluções liberais. Foi uma batalha entre grupos conservadores e forças populares nacionalistas, o que torna a alternativa A correta e invalida as demais alternativas. 9OD9 CH – PROVA I – PÁGINA 36 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 65 “Depois de uma avaliação cuidadosa, anuncio que meu governo tomou a decisão de romper as chamadas relações diplomáticas mantidas até hoje entre a República de El Salvador e Taiwan, formalmente chamada República da China” – disse o presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Céren, numa mensagem televisiva veiculada em 2018, revelando ainda que o chefe de diplomacia, Carlos Alfredo Castañeda, estava em Pequim para restabelecimento das relações diplomáticas com a China (República Popular da China). Disponível em: <https://www.dn.pt>. Acesso em: 4 set. 2020 (Adaptação). A decisão do presidente de El Salvador de romper suas relações diplomáticas com Taiwan deve-se a uma tentativa de aproximação com o governo da China. Isso ocorre porque a China A. abandona as regras diplomáticas quando age no sentido de fortalecer o bloco socialista. B. reconhece Taiwan como uma de suas províncias e não como um Estado independente. C. rompe com os países que mantêm relações comerciais com Taiwan, país concorrente. D. privilegia relações com países asiáticos alinhados ao seu modelo político. E. opõe-se à adoção do sistema econômico capitalista pela ilha vizinha. Alternativa B Resolução: A China não reconhece Taiwan como um Estado soberano, embora lhe conceda autonomia política em diversos aspectos. Para China, Taiwan é uma província rebelde. Assim, para se aproximar do governo chinês, o presidente de El Salvador optou por romper as relações diplomáticas com Taiwan. A alternativa A está incorreta, pois a existência de um bloco socialista era uma característica marcante do período da Guerra Fria. A alternativa C está incorreta, pois a China não rompe com os países que têm relações comerciais com Taiwan. Como um país inserido no comércio internacional, Taiwan possui vários parceiros sem que isso seja, necessariamente, visto como uma ameaça pelo governo chinês. A alternativa D está incorreta, pois a China não escolhe seus parceiros comerciais baseando-se no alinhamento com o seu modelo político. Todo um conjunto de interesses é observado e levado em consideração para que se aproxime ou afaste de determinado país. A alternativa E está incorreta, pois a China não se opõe à adoção do sistema capitalista pela economia de Taiwan, tendo uma política que defende a ideia de “uma só China” e “dois sistemas”. QUESTÃO 66 A crítica pós-colonial é testemunha das forças desiguais e irregulares de representação cultural envolvidas na competição pela autoridade política e social dentro da ordem do mundo moderno. As perspectivas pós- coloniais emergem do testemunho colonial dos países do Terceiro Mundo e dos discursos das “minorias” dentro das divisões geopolíticas de leste e oeste, norte e sul. IHUW OA66 Elas intervêm naqueles discursos ideológicos da modernidade que tentam dar uma “normalidade” hegemônica ao desenvolvimento irregular e às histórias diferenciadas de nações, raças, comunidades, povos. BHABHA, H. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1998. Nesse contexto, a crítica pós-colonial encontra seu fundamento na A. reafirmação de concepções eurocêntricas acerca da colonização africana. B. aceitação de perspectivas ideológicas no tocante ao progresso ocidental. C. ratificação de ideias universalistas a respeito do processo imperialista. D. aprovação de princípios culturais referentes às desigualdades sociais. E. elaboração de novas interpretações sobre os fatos históricos. Alternativa E Resolução: O texto-base, do teórico indiano Homi Bhabha, argumenta que a crítica pós-colonial intervém nos discursos ideológicos da modernidade que normalizam o desenvolvimento irregular e as histórias diferenciadas de nações, raças, comunidades, povos. O pós-colonialismo é uma práxis social, cultural, econômica e política que tenta responder e resistir ao colonialismo e ao eurocentrismo. Essas duas últimas perspectivas são responsáveis por moldar o mundo moderno a partir de valores culturais de determinados povos, no caso, os europeus. Os teóricos do pós-colonialismo reivindicam o direito de narrar sua própria história a partir da posição de subalternidade a que foram relegados. Logo, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta porque o pós-colonialismo objetiva criar novas narrativas, desligadas do eurocentrismo. A alternativa B está incorreta, pois o pós-colonialismo é contrário às perspectivas ideológicas do progresso ocidental. A alternativa C está incorreta porque ele não ratifica as ideias universalistas. Por fim, a alternativa D está incorreta porque a práxis pós-colonial não aprova os princípios culturais ligados à desigualdade social. QUESTÃO 67 A um príncipe, portanto, não é necessário ter de fato todas as qualidades supracitadas, mas é indispensável parecer tê-las. Aliás, ousarei dizer que, se as tiver e utilizar sempre, serão danosas, enquanto, se parecer tê-las, serão úteis. Assim, deves parecer clemente, fiel, humano, íntegro, religioso – e sê-lo, mas com a condição de estares com o ânimo disposto a, quando necessário, não o seres, de modo que possas e saibas como tornar-te contrário. Sendo-lhe frequentemente necessário, para manter o poder, agir contra a fé, contra a caridade, contra a humanidade e contra a religião. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martins Fontes, 2008 (Adaptação). X4OT ENEM – VOL. 8 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 37BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO No texto, ao expor as qualidades necessárias para o príncipe, o autor defende uma concepção ética e política em que se A. preserva a tradição política medieval com seu teocentrismo ético. B. valoriza a moral cristã como forma de garantir a estabilidade da nação. C. defende que os seres humanos são bons, mas a sociedade os corrompe. D. condena a separação entre Estado e Igreja, empreendida pelos humanistas. E. diferencia a moral que deve ser observada pelos civis da moral dos governantes. Alternativa E Resolução: Maquiavel é amplamente conhecido como o autor que criou a ideia de que o governante, no exercício do poder, não poderia ser julgado pela mesma moral que os governados. Esse núcleo do pensamento maquiavélico torna correta a alternativa E. As alternativas A e B estão incorretas por defenderem justamente o ponto que Maquiavel procura afastar e superar em sua produção. Ou seja, desatrelar a conduta moral do governante dos supostos grilhões e interdições que a moral religiosa os impunha. A alternativa C está incorreta, porque ela não encontra sustentação nem no texto, nem no pensamento de Maquiavel como um todo. Essa concepção apresentada é mais próxima da filosofia de Rousseau e não de Maquiavel. A alternativa D está incorreta porque Maquiavel não condena essa separação. QUESTÃO 68 $ $ Mudam as características da localização... ...muda o valor do terreno. Disponível em: <http://urbanidades.arq.br/>. Acesso em: 13 abr. 2018. A prática representada no esquema anterior, que tem efeitos negativos nas cidades, é denominadaA. imposto urbano. B. ocupação irregular. C. mobilidade urbana. D. condomínio fechado. E. especulação imobiliária. Alternativa E Resolução: A especulação imobiliária é definida como uma maneira de os proprietários de terra lucrarem por meio da renda transferida dos outros setores produtivos da economia, principalmente dos investimentos públicos em infraestrutura e serviços urbanos. Isso quer dizer que a especulação imobiliária se caracteriza pela distribuição coletiva dos custos de melhoria das localizações, simultaneamente a uma apropriação privada dos lucros oriundos dessas melhorias. BJUZ A alternativa A está incorreta porque o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo é um instrumento previsto no Estatuto da Cidade para coibir a especulação imobiliária. A alternativa B está incorreta, pois a ocupação irregular é a ocupação do solo urbano realizada sem licenciamento urbanístico, isto é, fora dos parâmetros estabelecidos pelas legislações referentes ao uso e à ocupação do solo. A alternativa C está incorreta, pois a mobilidade urbana diz respeito às condições de circulação de pessoas e cargas na cidade. A alternativa D está incorreta porque o condomínio fechado é caracterizado por terrenos de uso privativo, estruturas de lazer, áreas verdes, praças, vias e a existência de controle do acesso. Somente moradores, pessoas autorizadas e responsáveis pela administração podem entrar e a imagem não representa tal estrutura. QUESTÃO 69 [...] Nas últimas décadas do século XVIII, a sociedade mineira entrara em uma fase de declínio, marcada pela queda contínua da produção de ouro e pelas medidas da Coroa, no sentido de garantir a arrecadação do quinto. Se examinarmos um pouco a história pessoal dos inconfidentes, veremos que tinham também razões especificas de descontentamento. [...] formado por mineradores, fazendeiros, padres envolvidos em negócios, funcionários, advogados de prestigio e uma alta patente militar, o comandante dos Dragões, Francisco de Paula Freire de Andrade. Todos eles tinham vínculos com as autoridades coloniais da capitania e, em alguns casos (Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga) ocupavam cargos na magistratura. FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. p.102. Em relação à Inconfidência Mineira, o texto demonstra que a revolta se caracterizou pela participação hegemônica A. da classe militarista. B. de parcela dos escravos libertos. C. de parte da elite intelectual da colônia. D. de membros da aristocracia portuguesa. E. das camadas mais baixas da população colonial. Alternativa C Resolução: O texto apresenta elementos sobre os participantes da Inconfidência Mineira, sendo eles, mineradores, fazendeiros, padres envolvidos em negócios, funcionários, advogados de prestígio, etc. Além de estudantes da elite e de alguns membros da classe média, portanto é perceptível a participação hegemônica de parte da elite intelectual da colônia. As preocupações dos insurgentes tinham caráter elitista, ou seja, não havia preocupação com a melhoria de vida da população mais pobre ou de ex-escravos, o que torna correta a alternativa C e invalida as alternavas B e E. A alternativa A está incorreta, pois, embora houvesse a participação de militares, como o texto apresenta, essa participação não foi homogênea da classe militarista. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois não houve adesão coesa de membros da aristocracia portuguesa na insurreição. Z1BB CH – PROVA I – PÁGINA 38 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 70 O plantio em curvas de nível é recomendado para terrenos íngremes. As curvas de nível são perpendiculares à inclinação da encosta e consistem em linhas que unem pontos com uma mesma altitude na superfície de um terreno. Por isso, são chamadas também de curvas altimétricas. Acompanhando as curvas de nível, cada linha do plantio funciona como um obstáculo que diminui a velocidade das enxurradas. Com a redução na velocidade do escoamento, há mais tempo para a água se infiltrar no solo. Disponível em: <https://academiadoplantio.fertisystem.com.br>. Acesso em: 5 set. 2020 (Adaptação). O plantio em curvas de nível representa uma técnica agrícola de conservação do solo que contribui para A. controlar as pragas das lavouras. B. evitar o intemperismo químico. C. compactar a sua estrutura. D. aumentar a sua fertilidade. E. reduzir a erosão pluvial. Alternativa E Resolução: Como o texto informa, o plantio em curvas de nível permite diminuir a velocidade do escoamento superficial da água da chuva, o que contribui para diminuir a erosão causada pela ação das águas das chuvas e para aumentar a infiltração da água da chuva no solo. A alternativa A está incorreta, pois o plantio em curvas de nível é uma técnica voltada para evitar a degradação do solo, não interferindo sobre o controle das pragas biológicas que podem assolar as culturas agrícolas. A alternativa B está incorreta, pois, ao favorecer a infiltração da água da chuva no solo, o plantio em curvas de nível cria condições para aumentar o intemperismo químico. A alternativa C está incorreta, pois a compactação do solo é um processo que causa a diminuição da sua porosidade. Ele pode ser agravado pelas atividades agropecuárias, já que é causado pelo pisoteio do gado e pela mecanização da produção. A alternativa D está incorreta, pois, ao favorecer a infiltração da água da chuva no solo, o plantio em curvas de nível contribui para ocorrer a lixiviação, que é a dissolução e transporte dos sais minerais do solo pela ação da água que percola em seu perfil. QUESTÃO 71 O fordismo é um sistema de produção elaborado por Henry Ford, no início do século XX, que também o implementou em sua fábrica de automóveis nos Estados Unidos. As mudanças introduzidas por Ford na organização do processo produtivo permitiram ampliar expressivamente o ritmo da produção industrial. Entre essas mudanças, destaca-se a introdução da linha de montagem, que correspondia ao sistema pelo qual as peças circulavam no interior da fábrica, através de esteiras, evitando deslocar o operário do seu posto de trabalho. Em vez de o operário deslocar-se para ir buscar a peça, como se fazia no processo artesanal, com a linha de montagem o trabalhador passou a esperar a peça no seu posto de trabalho. O aperfeiçoamento da linha de montagem consistiu em trazer o trabalho ao operário em vez de levar o operário ao trabalho. TENÓRIO, F. A unidade dos contrários: fordismo e pós-fordismo. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro, jul./ago. 2011. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br>. Acesso em: 5 set. 2020 (Adaptação). 4UOL DO58 A introdução da linha de montagem pelo fordismo possibilitou a ampliação do ritmo da produção industrial ao proporcionar a A. redução da demanda de mão de obra com a automatização integral da produção. B. flexibilização da sequência das tarefas que compõem o processo produtivo. C. exigência de uma força de trabalho com altos níveis de qualificação. D. especialização do trabalhador na execução de uma única tarefa. E. falta de padronização dos produtos gerados em lotes reduzidos. Alternativa D Resolução: A introdução da linha de montagem pelo sistema fordista de organização da produção industrial levou à especialização do trabalhador na execução de uma única tarefa do processo produtivo, realizada de modo repetitivo e com o objetivo de otimizar ao máximo o seu trabalho. A alternativa A está incorreta, pois, no sistema fordista, não há uma automatização integral do processo produtivo, havendo uma expressiva demanda por mão de obra nas fábricas. A alternativa B está incorreta, pois o sistema fordista caracteriza-se por uma grande rigidez, inclusive na sequência das etapas que compõem o processo produtivo. A alternativa C está incorreta, pois,na produção fordista, o trabalhador não necessitava apresentar um alto nível de qualificação. Isso porque devia executar uma simples tarefa do processo produtivo de forma repetitiva. A alternativa E está incorreta, pois uma característica fundamental do fordismo é a produção em massa, o que implica em gerar grandes lotes de produtos iguais. QUESTÃO 72 Para agir bem, é necessário que não só a razão esteja bem disposta pelo hábito da virtude intelectual, mas que a potência apetitiva também o esteja pelo hábito da virtude moral. Tal como o apetite se distingue da razão, assim também a virtude moral se distingue da intelectual. E como o apetite é princípio dos atos humanos enquanto participa, de algum modo, da razão, assim o hábito moral tem a razão de virtude humana, na medida em que se conforma com a razão. AQUINO, T. Suma Teológica. IIª Seção da IIª Parte, Introdução e notas das virtudes teologais por Antonin-Marcel Henri e da prudência por Albert Raulin. São Paulo: Loyola, 2004. De acordo com o texto, a razão, para Tomas de Aquino, apresenta-se como um(a) A. virtude moral. B. hábito confuso. C. conflito religioso. D. problema para a fé. E. oportunidade de pecado. Alternativa A Resolução: O texto nos apresenta uma reflexão sobre o campo da moral. Logo nas primeiras linhas é possível identificar isso quando o autor diz que “para agir bem é preciso...”. Tal discussão permeia todo o trecho. IHHI ENEM – VOL. 8 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 39BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta porque ao atrelar o campo da moral ao racional, Aquino procura afastar as noções de inconstância ou confusão daquilo que é entendido como a ação correta ou o hábito moralmente virtuoso. As alternativas C e D estão incorretas, pois não há, para o autor, conflito entre religião, fé, moral e razão. Pelo contrário, para o bispo de Hipona, os preceitos religiosos e racionais, juntos, formariam a bússola moral a partir da qual os indivíduos poderiam cultivar hábitos virtuosos. A alternativa E está incorreta porque, como visto, Aquino procura atrelar razão, fé, religião e moral. Nesse sentido, a razão não poderia ser concebida como uma oportunidade para o pecado. QUESTÃO 73 Verde sonho!... é a jornada ao país da Loucura! Quantas bandeiras já, pela mesma aventura Levadas, em tropel, na ânsia de enriquecer! Em cada tremedal, em cada escarpa, em cada Brenha rude, o luar beija à noite uma ossada, Que vêm, a uivar de fome, as onças remexer. [...] Sete anos! combatendo índios, febres, paludes, Feras, répteis, – contendo os sertanejos rudes, Dominando o furor da amotinada escolta... Sete anos!... E ei-lo de volta, enfim, com o seu tesouro! Com que amor, contra o peito, a sacola de couro Aperta, a transbordar de pedras verdes! – volta… BILAC, O. O caçador de esmeraldas. Disponível em: <http://www.biblio.com.br>. Acesso em: 28 fev. 2019. [Fragmento adaptado] Publicados em 1902, os versos de Olavo Bilac descrevem a saga do bandeirante Fernão Dias pelo atual estado de Minas Gerais, ocorrida no último quarto do século XVII. O poeta contribuiu para a produção de uma mitologia em torno das bandeiras, uma vez que narra a A. cooperação estabelecida entre bandeirantes e indígenas. B. pacificidade das ações empreendidas pelos bandeirantes. C. ganância que motivou os desbravadores do interior colonial. D. natureza civilizatória das expedições dos sertanistas paulistas. E. vulnerabilidade dos bandeirantes frente aos perigos enfrentados. Alternativa D Resolução: Os versos de Olavo Bilac apresentam os perigos e dificuldades enfrentadas pelos bandeirantes. Mesmo diante das adversidades, o bandeirante do poema consegue atingir seu objetivo e descobre as tão desejadas esmeraldas. Ao mesmo tempo, ele combate as ameaças do interior: os índios, os animais selvagens, as doenças e a natureza. SBY5 Assim, Bilac apresenta o sertanista como um elemento que põe ordem no sertão e leva a civilização para o interior do país, o que torna correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois Olavo Bilac destaca a ação dos bandeirantes no combate aos indígenas e “sertanejos rudes”. Nesse sentido, associa o bandeirante a um missionário atuando em uma guerra justa contra os nativos, sem descrever qualquer tipo de associação ou cooperação entre estas partes. A alternativa B está incorreta, pois boa parte da construção mitológica dos bandeirantes ao longo dos séculos XIX e XX de fato faz alusão a esses homens como missionários pacificadores da nação. Contudo, os versos de Olavo Bilac apresentam a violência inerente às bandeiras, seja nos conflitos com os indígenas ou na luta contra os perigos do sertão (animais selvagens e doenças). Assim, o bandeirante de Bilac não é plácido ou pacífico; ele é dotado de força e destreza para combater os empecilhos de sua ação no sertão. A alternativa C está incorreta, pois Bilac descreve o desejo dos bandeirantes pelo enriquecimento. Contudo, não apresenta essa aspiração de maneira pejorativa; pelo contrário, ela é o objetivo da missão aventureira e civilizatória do bandeirante. As pedras preciosas são tesouros dos sertanistas, uma espécie de recompensa pela entrega desses homens aos perigos do sertão. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois Olavo Bilac descreve o heroísmo dos bandeirantes no enfrentamento das ameaças do sertão colonial (os índios, animais selvagens, doenças e a própria natureza). Logo, não os apresenta como pessoas frágeis, e sim como homens fortes e destemidos. QUESTÃO 74 A questão da validade da Declaração Universal de Direitos Humanos, seja como instrumentos normativos das relações internacionais ou como linguagem do diálogo intercultural, é um tema caro dentro e fora do Ocidente. É nesse aspecto que os direitos humanos islâmicos ganham destaque para análise: a cultura islâmica imprime valores e normas morais por vezes distintos da cultura ocidental. CHAVES, L. Os documentos de direitos humanos do mundo muçulmano em perspectiva comparada. Mediações, Londrina, v. 19, n. 2, 2014 (Adaptação). Ao comparar os direitos humanos islâmicos com os ocidentais, o texto expõe o debate em torno do(a) A. validade das normas morais. B. existência de valores universais. C. surgimento de culturas híbridas. D. estrutura das sociedades ocidentais. E. legitimidade da uniformidade cultural. Alternativa B Resolução: O texto-base coloca em discussão a questão da validade da Declaração Universal dos Direitos Humanos diante da diversidade cultural presente no mundo. Para isso, o texto argumenta que a cultura islâmica possui valores diferentes dos ocidentais. Sobre a DUDH, uma crítica feita pelos países islâmicos é que ela promoveria uma visão não apenas ocidental e eurocentrada, mas também cristã – impondo uma visão moral baseada nos valores do cristianismo. KF5Ø CH – PROVA I – PÁGINA 40 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Ou seja, o argumento é que os direitos universais são uma construção tipicamente ocidental que não encontra parâmetros nas demais culturas. Logo, a alternativa B é a correta. A alternativa A está incorreta porque o texto demonstra a existência de diferenças culturais, contudo não questiona os valores morais das culturas apresentadas. A alternativa C está incorreta porque o texto não discute o surgimento de culturas híbridas. A alternativa D está incorreta porque a estrutura das sociedades ocidentais não está sendo debatida pelo texto. Por fim, a alternativa E está incorreta porque o texto demonstra a existência da diversidade cultural, e não da uniformidade. QUESTÃO 75 O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi criado depois da Segunda Guerra Mundial para oferecer apoio financeiro temporário a países quando houvesse uma crise de divisas. No entanto, ao longo de décadas e em especial na América Latina, o organismo ficou conhecidopelos planos de ajuste que os países que recebiam seus créditos eram obrigados a cumprir. Para honrar as elevadas dívidas externas, vários países dessa região, sobretudo durante as décadas de 1980 e 1990, tiveram de pedir empréstimos emergenciais ao FMI, concedidos em troca de compromissos com planos de ajustes, que exigiam, entre outras coisas, a realização de reformas econômicas neoliberais. Disponível em: <https://www.bbc.com>. Acesso em: 8 set. 2020 (Adaptação). O Brasil é um dos países latino-americanos que se enquadra na situação descrita no texto. Um exemplo de medida implementada no país no contexto da década de 1990 para adequar a economia ao modelo neoliberal foi o(a) A. imposição de entraves para a entrada de empresas estrangeiras. B. adoção do protecionismo nas trocas comerciais internacionais. C. fortalecimento e ampliação da legislação trabalhista. D. aumento dos gastos públicos com políticas sociais. E. realização da privatização de empresas públicas. Alternativa E Resolução: Seguindo as prescrições do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil, sobretudo a partir da década de 1990, realizou reformas neoliberais em sua economia, o que incluiu a privatização de empresas públicas, que foram vendidas para a iniciativa privada. A alternativa A está incorreta, pois, o Brasil, desde décadas anteriores, já estava abrindo a economia nacional para a entrada de capitais estrangeiros, o que é uma tendência neoliberal e da globalização econômica. A alternativa B está incorreta, pois o protecionismo envolve a adoção de medidas para proteger a produção nacional da concorrência estrangeira, o que vai contra os princípios neoliberais. A alternativa C está incorreta, pois o neoliberalismo leva à flexibilização da legislação trabalhista. A alternativa D está incorreta, pois o neoliberalismo caracteriza-se pela redução dos gastos estatais com políticas sociais e serviços públicos. R5DM QUESTÃO 76 O gado vacum dispensava a proximidade da praia, pois como as vítimas dos bandeirantes a si próprio transportava das maiores distâncias, e ainda com mais comodidade; dava- se bem nas regiões impróprias ao cultivo da cana, quer pela ingratidão do solo, quer pela pobreza das matas sem as quais as fornalhas não podiam laborar; pedia pessoal diminuto, sem traquejamento especial, consideração de alta valia num país de população rala; quase abolia capitais, capital fixo e circulante a um tempo, multiplicando-se sem interstício; fornecia alimentação constante, superior aos mariscos, aos peixes e outros bichos de terra e água, usados na marinha. ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de história colonial (1500-1800). Rio de Janeiro, Sociedade Capistrano de Abreu, Livraria Briguiet, 1954. p. 213-214. De acordo com a análise do texto, a pecuária do Brasil Colonial A. garantiu maior rentabilidade do que a produção açucareira. B. foi introduzida no sertão nordestino pela ação bandeirante. C. priorizou o abastecimento do mercado externo metropolitano. D. ampliou as oportunidades de emprego para homens livres. E. provocou o desmatamento das áreas florestais da Colônia. Alternativa D Resolução: O texto-base afirma que a atividade pecuarista do Brasil colonial exigia um número reduzido de pessoal, sem a necessidade de especialização, o que contribuiu para ampliar as oportunidades de emprego de homens livres, como indígenas, mestiços e escravos alforriados, que, muitas vezes, eram recompensados com algumas das crias do rebanho, o que torna válida a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois a produção açucareira foi a mais lucrativa atividade econômica do Período Colonial português. A alternativa B também está incorreta, pois o deslocamento da pecuária para o sertão nordestino se deu em função da destinação das terras férteis do litoral para as atividades da cana de açúcar e não pela atuação dos bandeirantes. Ainda que o couro tenha alcançado algum destaque nas exportações brasileiras do Período Colonial, a pecuária foi uma atividade voltada essencialmente para o abastecimento interno, o que invalida a alternativa C. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois, de acordo com o texto-base, a pecuária se desenvolveu em “regiões impróprias ao cultivo da cana, quer pela ingratidão do solo, quer pela pobreza das matas”, o que não correspondia, portanto, a áreas de florestas. QUESTÃO 77 Uma marcha começou durante a Revolução Francesa entre as mulheres nos mercados de Paris, que, na manhã de 5 de outubro de 1789, estavam perto de se revoltar pelo alto preço e escassez de pão. 6KD2 YOJX ENEM – VOL. 8 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 41BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Suas demonstrações rapidamente se entrelaçaram com as atividades dos revolucionários, que buscavam reformas políticas liberais e uma monarquia constitucional para a França. As mulheres do mercado e seus vários aliados cresceram em uma multidão de milhares. Encorajados por agitadores revolucionários, eles saquearam o arsenal da cidade em busca de armas e marcharam para o Palácio de Versalhes. Disponível em: https://aulazen.com/historia/a-declaracao-dos-direitos- do-homem/. Acessado em: 23 ago. 2018. O texto indica que a Revolução Francesa foi um evento histórico de grande complexidade social, na medida em que A. os interesses conflitantes contribuíram para determinar a importância de grupos sociais variados, com demandas próprias, na Revolução. B. a adoção do voto censitário, que atendia aos interesses da burguesia francesa, revelava a elitização do movimento iniciado em 1789. C. o elemento propulsor do processo revolucionário foi a crise econômica, uma vez que os gastos do governo eram maiores que a arrecadação. D. o movimento revolucionário opôs a burguesia, que defendia a derrubada do absolutismo francês, às camadas populares, apoiadoras do regime. E. as mulheres francesas se engajaram no processo revolucionário organizando grupos que assumiram a vanguarda política do movimento. Alternativa A Resolução: Embora tradicionalmente associada às revoluções burguesas, a Revolução Francesa de 1789 foi um evento histórico de grande complexidade social. As ações das mulheres nos mercados de Paris, que, movidas pelo alto preço e pela escassez do pão e encorajadas pelos agitadores revolucionários, pegaram em armas e marcharam até o Palácio de Versalhes, indicam que as fileiras do movimento revolucionário francês foram engrossadas pela ação dos diferentes grupos da sociedade, que eram movidos por variadas demandas e por interesses próprios, o que torna correta, portanto, a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois no processo revolucionário francês, em seu período republicano conhecido como Convenção, os deputados da Assembleia eram eleitos pelo voto universal masculino. A alternativa C também está incorreta, pois, embora a crise econômica tenha contribuído para o desenvolvimento do processo revolucionário, a Revolução Francesa esteve pautada na contestação das estruturas do Antigo Regime. Contrariamente ao indicado na alternativa D, as camadas populares não apoiavam o absolutismo francês, como indicado pelo texto. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois, embora tenham desempenhado um importante papel no movimento revolucionário francês, as mulheres eram excluídas da representação política e o engajamento feminino na Revolução era malvisto, não sendo correto afirmar que elas estiveram à frente do processo. QUESTÃO 78 Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas, e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso me precipitava na dor, na confusão e no erro (Conf. I, 20). [...] cada um, ao pecar, afasta-se das coisas divinas e realmente duráveis, para se apegar as coisas mutáveis e incertas [...]. SANTO AGOSTINHO. A cidade de Deus: contra os pagãos. Tradução de Oscar Paes Leme. 3. ed Petrópolis: Vozes;São Paulo: Federação Agostiniana Brasileira, 1991. v. 1-2. No texto, o autor entende o pecado como uma forma de A. estímulo da vida material transitória. B. afastamento dos valores da igreja. C. valorização do mundo inteligível. D. exagero de vivências religiosas. E. apego às ideias imutáveis. Alternativa B Resolução: O texto-base apresenta uma discussão sobre a natureza do pecado. Para Agostinho, o pecado e a consequente corrupção dos seres estão atrelados ao afastamento de Deus, algo que a Igreja condenava. Agostinho, enquanto não apenas um cristão, mas um padre da Igreja, defende que as diretrizes morais sustentadas pela Igreja visavam direcionar o homem à Deus e, por isso, evitar o pecado, que representa o movimento oposto. Neste sentido, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta porque o que o texto diz é que o autor pecava ao procurar nele próprio e nos outros a verdade. Ou seja, ele não está falando em bem materiais, mas em compreender que a verdade e a grandeza estavam nas pessoas e não no divino. A alternativa C está incorreta, pois o texto-base defende que verdade e grandeza são atributos de Deus e só poderiam ser procurados Nele. Portanto, há uma valorização do mundo inteligível. A alternativa D está incorreta porque não há, para Agostinho, a possibilidade de haver exagero quando se trata da dedicação para com a religião. Sendo importante lembrar que, nesse período, quando se fala de religião, se está remetendo, especificamente, à religião católica. Sobretudo quando o texto analisado é o de um filósofo cristão e padre da Igreja. A alternativa E está incorreta, já que esse autor defende uma verdade e conhecimento imutável e eterno. Portanto, o apego a esse tipo de ideia não seria problemático. QUESTÃO 79 Nas últimas décadas, observa-se o aumento do número de condomínios fechados, em função da procura das classes mais altas pela sensação de segurança em um contexto de evidente violência urbana. O fenômeno de segregação urbana descrito promove a A. alienação social pela desconexão com a diversidade do ambiente urbano. B. redução da violência nas áreas centrais dos grandes centros urbanos. C. ampliação dos investimentos nos transportes públicos para a população carente. D. integração dos diferentes espaços sociais em uma mesma cidade. E. expansão dos espaços de lazer públicos nas periferias das grandes cidades. K76Z GI97 CH – PROVA I – PÁGINA 42 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: Os espaços privatizados, fechados e monitorados para residência, consumo, lazer ou trabalho, destinados às classes média e alta, conhecidos como enclaves fortificados, transformaram a participação na vida pública das cidades. As pessoas atraídas para esses empreendimentos preferem deixar a esfera pública das ruas para os pobres. Essa nova forma de segregação urbana resulta em cidades fragmentadas com restrições à livre circulação e à abertura dos espaços coletivos – fundamentos das cidades modernas. Consequentemente, os enclaves fortificados promovem a desconexão da diversidade e dos problemas do espaço urbano. Nenhuma das alternativas restantes são implicações da existência dos condomínios fechados. QUESTÃO 80 Pois se a troco de Carlos, Rei de França, Ou de César, quereis igual memória, Vede o primeiro Afonso, cuja lança Escura faz qualquer estranha glória; E aquele que a seu Reino a segurança Deixou com a grande e próspera vitória; Outro Joane, invicto cavaleiro, O quarto e quinto Afonsos, e o terceiro. CAMÕES, L. V. Os Lusíadas. Canto I. Disponível em: <https://oslusiadas.org/>. Acesso em: 29 out. 2018. O poeta Luís Vaz de Camões, no primeiro canto do poema épico “Os Lusíadas”, evoca o nome de D. Afonso Henriques (1109-1185) para A. enfatizar a herança cultural de outros povos na nação portuguesa. B. destacar a notoriedade do fundador da instituição régia portuguesa. C. exaltar a aliança entre o monarca português e outros reinos europeus. D. vangloriar as figuras consideradas propulsoras das viagens marítimas. E. criar uma memória de um herói importante para a consolidação feudal. Alternativa B Resolução: O poeta evoca o nome do primeiro monarca português, D. Afonso Henriques, indicando a notoriedade da sua figura, como o guerreiro conquistador e fundador do reino. D. Afonso Henriques é considerado o primeiro herói de Portugal, aparecendo no imaginário português como o iniciador da epopeia portuguesa, de glórias e conquistas. Lembrando que D. Afonso Henriques (filho de Henrique de Borgonha) reconquistou a região de Algarves e rompeu a relação de suserania com Leão, dando início à primeira dinastia portuguesa, o que torna a alternativa B correta. A alternativa A está incorreta, pois o poeta cita reis de outros povos sem enfatizar qualquer influência cultural deles para a nação portuguesa. A alternativa C está incorreta, pois o texto não menciona qualquer aliança entre o reino português e os demais reinos europeus. A alternativa D está incorreta, pois, apesar de a obra de Camões ficar M4UI conhecida pelo destaque dado ao pioneirismo português no processo de expansionismo marítimo, o trecho em questão não faz menção a esse evento. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, apesar de cronologicamente o rei mencionado vivenciar a Baixa Idade Média, que é associada, geralmente, ao sistema feudal, ele não está relacionado à consolidação desse sistema, mas à formação pioneira do reino português. QUESTÃO 81 A percepção dos direitos humanos está condicionada, no espaço e no tempo, por múltiplos fatores de ordem histórica, política, econômica, social e cultural. Em vista de tal diversidade, reflexo da própria diversidade das sociedades e das concepções do homem, uma pergunta essencial se faz: tais direitos, cuja universalidade somos levados a admitir de chofre, referindo-nos a muitas declarações, pactos, cartas e convenções, não seriam produto de condições históricas, especificamente ocidentais? MBAYA, E. Gênese, evolução e universalidade dos direitos humanos frente à diversidade de culturas. Estudos Avançados, São Paulo, v. 11, n. 30, 1997 (Adaptação). Ao abordar a questão dos direitos humanos, o texto demonstra as tensões entre as perspectivas A. universalista e multiculturalista. B. evolucionista e imperialista. C. etnocêntrica e colonialista. D. funcionalista e marxista. E. relativista e globalista. Alternativa A Resolução: O texto-base identifica que a percepção dos direitos humanos é condicionada por uma série de fatores de ordem política, histórica, social e cultural. Assim, o texto questiona se a pretensa universalidade dos direitos humanos seria uma construção ocidental. É importante compreender que essa pressuposição universalista, que colocou o princípio da dignidade humana como uma garantia legal superior às demais, suscitou uma discussão a respeito dos Direitos Humanos entre duas correntes de pensamento: o universalismo e o multiculturalismo. Enquanto para o universalismo a realidade social é única e independe das diferenças culturais, o multiculturalismo considera que as construções da cultura ocidental não encontram eco nas demais culturas. Assim sendo, a alternativa A é a correta. A alternativa B está incorreta porque o texto-base não debate o evolucionismo e o imperialismo. A alternativa C está incorreta porque, embora, de certa maneira, a perspectiva universalista possa ser considerada etnocêntrica,o colonialismo não está posto no texto. A alternativa D está incorreta porque tanto a perspectiva marxista quanto a funcionalista não possuem relações com a problemática dos direitos humanos e não estão sendo trabalhadas no texto. Por fim, a alternativa E está incorreta porque, embora o multiculturalismo possa ser entendido como relativista, a perspectiva globalista não é debatida no texto. 8NHK ENEM – VOL. 8 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 43BERNOULLIS ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 82 A iluminação divina, contudo não dispensa o homem de ter um intelecto próprio; ao contrário, supõe sua existência. Deus não substitui o intelecto quando o homem pensa o verdadeiro; a iluminação teria apenas a função de tornar o intelecto capaz de pensar corretamente em virtude de uma ordem natural estabelecida por Deus. (AGOSTINHO, 1999, p. 17) AGOSTINHO, S. De Trinitate – Livros IX e XIII. [trad. Arnaldo do Espírito Santo, Domingos Lucas Dias, João Beato, Maria Cristina Castro-Maia de Sousa Pimentel]. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2008. A discussão agostiniana mencionada no texto tem como uma de suas características a A. vinculação entre razão filosófica e fé. B. aproximação entre ocidente e oriente. C. separação entre teologia e racionalidade. D. conciliação entre empirismo e religiosidade. E. contraposição entre patrística e escolástica. Alternativa A Resolução: O texto-base apresenta a discussão de Agostinho sobre a relação entre fé e razão ao defender que a iluminação divina não dispensa o esforço intelectual humano. Nesse sentido, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois o trecho apresentado não versa sobre a relação entre Ocidente e Oriente. A alternativa C está incorreta, pois defende-se no texto base justamente o oposto do que ela afirma. Isto é, a complementariedade entre fé e razão. A Alternativa D está incorreta para os dois sentidos de empirismo possíveis. Se por um lado, empirismo significar apenas experiências mundanas, o equívoco é que o autor remete a uma capacidade de raciocínio como um todo, ou seja, mesmo os raciocínios abstratos sobre assuntos metafísicos que acreditava-se não serem dependentes da experiência. Se por outro, ele significar a corrente filosófica do empirismo, o emprego do termo seria anacrônico, já que essa corrente só é criada na Modernidade, muitos séculos após o pensamento de Agostinho. A alternativa E está incorreta também por um desses motivos. Isto é: a escolástica é séculos posterior a Agostinho, portanto essa alternativa é anacrônica. QUESTÃO 83 Está se insta lando no mundo um ambiente desglobalizante. A globalização já não está em alta como em períodos anteriores. As guerras comerciais não são apenas entre os Estados Unidos e a China, elas superam as duas superpotências e chegam à Europa. A nova diretora- gerente do Fundo Monetário Internacional, a búlgara Kristalina Georgieva, alertou que a escalada protecionista ameaça causar efeitos de longo prazo que poderiam frear a economia durante toda uma geração. Além disso, há questionamentos perguntando o que aconteceu com as previsões de que a liberalização comercial e a globalização das finanças fariam a economia crescer e melhorariam o nível de vida de todos. Disponível em: <https://brasil.elpais.com> Acesso em: 8 set. 2020 (Adaptação). 1RNF TVU9 Além das evidências citadas no texto, outro processo atual que aponta para a ocorrência de uma tendência de “desglobalização” é o(a) A. emergência de nacionalismos e de movimentos anti- imigração. B. fortalecimento de organizações internacionais multilaterais. C. padronização mundial de hábitos culturais e de consumo. D. surgimento de novos blocos econômicos regionais. E. expansão mundial das empresas transnacionais. Alternativa A Resolução: A desglobalização tende a reduzir a integração entre os países no cenário global. Uma das formas pelas quais esse processo tem se manifestado é através da emergência de nacionalismos e de tendências anti-imigração, que provocam o isolacionismo, a adoção de medidas protecionistas e a intensificação das restrições para a circulação de pessoas entre as fronteiras dos países. A alternativa B está incorreta, pois a desglobalização leva ao contrário, que é o enfraquecimento das organizações multilaterais. As alternativas C, D e E estão incorretas, pois apontam tendências do processo de globalização. QUESTÃO 84 No centro de sua família, o senhor de engenho devia irradiar autoridade, respeito e ação. Sob seu comando dobravam-se filhos, parentes pobres, irmãos, bastardos, afilhados, agregados e escravos. Uma esposa, às vezes bem mais jovem, movia-se em sua sombra. Ela vivia para gerar filhos, desenvolvendo, entretempo, uma atividade doméstica – costura, doçaria, bordados – alternada com práticas de devoção piedosa. Na sua ausência, contudo, assumia as responsabilidades de trabalho com vigor igual ao do marido. Sua família era a formulação exterior de uma sociedade, mas não o domínio do prazer sexual. A possibilidade de se servirem de escravas criou no mundo dos senhores uma divisão racial do sexo. A esposa branca era a dona de casa, a mãe dos filhos. DEL PRIORE, M.; VENÂNCIO, R. P. O livro de ouro da história do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. p. 63. A sociedade açucareira no Brasil do Período Colonial era marcada, de acordo com o texto, pelo(a) A. legitimação social das relações de amancebamento. B. patriarcalismo, que permeava toda a estrutura social. C. impossibilidade de mobilidade entre os estratos sociais. D. rígida hierarquização, que impedia a miscigenação racial. E. antagonismo e independência entre senhores e escravos. Alternativa B Resolução: A estrutura da sociedade colonial, construída em torno da empresa açucareira, era rígida e hierárquica, controlada pelo senhor de engenho. Os senhores de engenho exerciam o controle sobre todos os que dele dependiam, fossem parentes, agregados, camponeses arrendatários de terra, técnicos do açúcar, padres ou escravos. X5VV CH – PROVA I – PÁGINA 44 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A sociedade açucareira estava baseada no paternalismo e no patriarcalismo, que permeavam toda a estrutura social, o que torna correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois, embora ocorressem com certa frequência, as relações de amancebamento não eram legitimadas socialmente. Ainda que rara, havia certa mobilidade social na estrutura colonial açucareira. Libertos podiam se tornar artesãos, comerciantes e lavradores, mercadores e artesãos especializados tinham chances de virarem senhores de engenho, o que contraria a alternativa C. A alternativa D também está incorreta, pois, apesar da rígida hierarquização da sociedade, as relações entre senhores e escravas, índias e negras, contribuíram para a miscigenação racial. Por fim, as relações entre senhores e escravos foram marcadas por um certo grau de interdependência, o que contraria a alternativa E. QUESTÃO 85 Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo [...]. Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, 04 de julho de 1776. Os princípios defendidos pela Declaração de Independência da América de 1776, apresentados no texto, foram evidenciados, na época, pela A. consagração liberal da garantia à propriedade privada. B. preservação das áreas ocupadas pelos povos indígenas. C. instituição de um regime político de caráter centralizador. D. eliminação do regime de trabalho escravo em todo o país. E. supressão dos privilégios das elites brancas e protestantes. Alternativa A Resolução: A publicação da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América foi fundamental no processo emancipatório das Treze Colônias, pois indicava a difusão de ideias que contestavam a política econômica imposta pelos ingleses e a implementação de uma série de medidas liberais que eram vistas comosolução para se romper com o domínio metropolitano inglês. A declaração defendia os direitos naturais dos indivíduos, entre eles o direito à propriedade privada, que seria consagrada na Constituição, o que torna correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois a independência significou, para os indígenas, inclusive os que haviam lutado na guerra, o aumento das invasões às suas terras, visto que não havia mais restrições à expansão da colonização em direção ao Oeste. A alternativa C também está incorreta, pois, com a independência, adotou-se o modelo federalista, em que os estados mantêm certa autonomia em relação ao poder central. II1Y Ainda que a declaração preconizasse a igualdade entre os indivíduos, a independência dos Estados Unidos não implicou a abolição da escravidão, que perdurou nos estados do sul até 1865, o que invalida a alternativa D. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois a consolidação da independência estadunidense consagrou os interesses das elites, mantendo-se o domínio dos brancos, anglo-saxões e protestantes. QUESTÃO 86 Atualmente, nas minas de ouro há guerras vivas, de sorte que andam em campanha, a saber, os filhos de Portugal contra os paulistas. Os reinóis já não podiam sofrer o grande desaforo que os paulistas infligiam de comprarem o nosso remédio e não pagar. MENESES, Francisco. In: CALDEIRA, Jorge. Brasil: a história contada por quem viu. São Paulo: Mameluco, 2008. p. 216. De acordo com o texto, a guerra dos emboabas ocorrida no Brasil colonial esteve marcada A. pelo estabelecimento de um novo modelo de produção. B. pelas alianças estrangeiras contra os portugueses. C. pela disputa por controle das regiões auríferas. D. pela definição de novas fronteiras coloniais. E. pela perseguição aos paulistas desertores. Alternativa C Resolução: Com as notícias sobre a descoberta das minas de ouro na colônia circulando por Portugal, houve um aumento no fluxo de portugueses vindo para as regiões auríferas, em busca de riquezas. Essa presença constante portuguesa, por sua vez, desagradou os paulistas, responsáveis pela descoberta do ouro, que viam os lusitanos como invasores do território. Os paulistas reivindicavam o direito exclusivo de exploração, e, com isso, surgiram inúmeros conflitos com os portugueses, apelidados de emboabas, pelos paulistas, devido às botas de pano amarradas nos pés que eram sempre usadas. Essas disputas pela região aurífera, se tornaram um conflito intenso que foi chamado de guerra dos emboabas, o que torna correta a alternativa C e invalida as demais. QUESTÃO 87 Aqui radica a ideia da vocação em sua forma suprema. A entrega ao carisma do profeta ou do líder na guerra ou do grande demagogo na ekklesia ou no Parlamento significa que este é considerado, pessoalmente, o “líder” dos homens, em virtude de uma “vocação” interna, e que estes não se submetem a ele em virtude do costume ou de estatutos, mas sim porque acreditam nele. [...] Altamente decisiva é antes a natureza dos recursos de que dispõem. A questão de como as potências politicamente dominantes vieram a manter-se no poder aplica-se a todos os tipos de dominação política, em todas as suas formas, tanto a tradicional quanto a legal e a carismática. WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Editora Universidade de Brasília; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999. HB4U 4V3H ENEM – VOL. 8 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 45BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Tradicional, legal e carismática são os tipos de dominação para Max Weber. Especificamente, o que caracteriza a dominação carismática é a A. confiança nas qualidades do líder. B. esperança na tradição e nos costumes. C. convicção nas leis vigentes da sociedade. D. obediência a um sistema de regras e de valores. E. crença no aparato legal e burocrático do Estado. Alternativa A Resolução: Para Max Weber, a dominação indica uma desigualdade de poder que determina a existência de, no mínimo, dois grupos: um dominante e um dominado. Logo, a dominação é considerada legítima quando existe um nível de aceitação e concordância por parte de quem é subordinado ao poder dominante. Na teoria weberiana, existem três tipos puros, isto é, tipos ideais, de dominação legítima: tradicional, racional-legal e carismática. Este último tipo caracteriza-se pela crença nas qualidades do líder, que podem ser da ordem da coragem, do heroísmo, dos dons sobrenaturais, da inteligência ou da simpatia, e geralmente são atreladas a uma grande capacidade oratória e ao uso da propaganda ideológica. Assim, percebe-se que a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta porque a obediência, a esperança ou o seguimento de costumes e tradições são identificados, por Weber, na dominação tradicional. A alternativa C está incorreta porque a existência de um sistema de regras, obedecido pelos integrantes do grupo, é característica da dominação racional-legal. A alternativa D está incorreta porque a obediência a um sistema de regras, racionalmente elaborado, é vinculada à dominação racional-legal. Por fim, a alternativa E está incorreta porque o Estado moderno, para Weber, é um exemplo da aplicação da dominação racional-legal e do modelo burocrático. QUESTÃO 88 O objetivo das colônias é o de fazer o comércio em melhores condições para as metrópoles do que quando é praticado com os povos vizinhos, com os quais todas as vantagens são recíprocas. Estabeleceu-se que apenas a metrópole poderia negociar na colônia; e isso com grande razão, porque a finalidade do estabelecimento foi a constituição do comércio, e não a fundação de uma cidade ou de um novo império... MONTESQUIEU. Do espírito das leis (1748). São Paulo: Martin Claret, 2004. p. 387 (Adaptação). O pensador Montesquieu discute algumas práticas mercantilistas, comuns nos Estados Absolutistas, durante a Idade Moderna. Nesse modelo econômico, conforme é apontado pelo autor, as colônias deveriam A. atender à exclusividade exigida pela metrópole de priorizar o desenvolvimento do mercado interno. B. buscar autonomia em relação aos laços metropolitanos, assim como defendiam os iluministas. C. priorizar as estruturas urbanas para garantir a fixação e a eficácia do poder metropolitano. D. potencializar as relações comerciais com a metrópole por meio da produção de manufaturas. E. complementar a economia da metrópole, submetendo- se ao monopólio de exploração. 4JNA Alternativa E Resolução: A principal intenção das práticas mercantilistas adotadas pelos Estados Absolutistas europeus, durante a Idade Moderna, era garantir uma balança comercial favorável aos países da Europa, uma vez que a nação que conseguisse um saldo positivo em suas transações comerciais garantiria sua superioridade em relação às demais. Dentro dessa ideia, Montesquieu afirma que no comércio com os povos vizinhos “todas as vantagens são recíprocas” e destaca que por meio do monopólio de exploração das colônias as metrópoles teriam melhores condições para o comércio, apontando que o objetivo das colônias era complementar a economia da metrópole, o que torna válida, portanto, a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois, segundo o texto, o objetivo do monopólio metropolitano sobre as colônias era criar melhores condições comerciais para a metrópole, marcadamente o comércio exterior, e não o desenvolvimento do mercado interno. Montesquieu destaca que a colônia deveria comercializar exclusivamente com a metrópole, contrariando o argumento de autonomia apresentado na alternativa B. A alternativa C também está incorreta, pois, segundo o texto, o objetivo do estabelecimento colonial “não era a fundação de uma cidade ou de um novo império”. Por fim, o texto não confere às colônias a função de produzir manufaturas, o que contraria a alternativa D. QUESTÃO 89 Na Serra dos Órgãos, localizada naregião serrana do estado do Rio de Janeiro, um fator que afeta a distribuição da precipitação é a altitude. Devido à proximidade com o mar, o maciço rochoso torna-se uma barreira para a entrada das massas de ar vindas do Oceano Atlântico. Ao atingirem as áreas mais elevadas do maciço, as massas de ar úmidas encontram um ambiente mais frio, onde a umidade tende a se condensar e precipitar. Assim, ao atingirem as vertentes opostas, as massas de ar vindas do Atlântico já perderam boa parte de sua umidade. Isso faz das vertentes desse maciço voltadas para o oceano mais úmidas que aquelas voltadas para o continente, sendo estas, em geral, mais secas e mais suscetíveis à ocorrência de incêndios. Disponível em: <https://www.icmbio.gov.br>. Acesso em: 5 set. 2020 (Adaptação). A dinâmica descrita no texto, que afeta a distribuição das precipitações na região da Serra dos Órgãos, está relacionada à ocorrência de um fenômeno conhecido como: A. Chuvas orográficas. B. Ciclones tropicais. C. Efeito estufa. D. Monções. E. El Niño. Alternativa A Resolução: A dinâmica descrita no texto, que afeta a distribuição das precipitações na região da Serra dos Órgãos, está relacionada à ocorrência das chuvas orográficas. YORS CH – PROVA I – PÁGINA 46 ENEM – VOL. 8 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Esse tipo de chuva é provocado pelas condições do relevo e ocorre quando uma massa de ar úmida, ao encontrar uma elevação no relevo, sobe e encontra uma temperatura mais baixa, o que causa a condensação dos vapores- -d’água e a ocorrência de precipitações. A alternativa B está incorreta, pois os ciclones tropicais são formados a partir de variações na pressão atmosférica. Já na situação descrita no texto, é evidente que o relevo da Serra dos Órgãos é que condiciona a distribuição das precipitações. A alternativa C está incorreta, pois o efeito estufa refere-se ao processo de retenção de calor na atmosfera por determinados gases. Esse é um processo natural, mas que tem sido agravado pelas atividades humanas responsáveis por emitir e causar um aumento da concentração dos chamados gases do efeito estufa na atmosfera, o que tem contribuído com o problema do aquecimento global. A alternativa D está incorreta, pois as monções são um fenômeno que afeta a ocorrência das precipitações no sul e no sudeste da Ásia. A alternativa E está incorreta, pois o El Niño é um fenômeno que provoca o aquecimento das águas do Oceano Pacífico. QUESTÃO 90 Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br>. Acesso em: 10 set. 2020. Na imagem, é possível identificar uma característica do processo produtivo que foi introduzida a partir das transformações desencadeadas pela Terceira Revolução Industrial. Essa característica corresponde à A. baixa utilização da informática no processo fabril. B. desaceleração do ritmo da produção industrial. C. realização da produção em pequena escala. D. automatização do processo produtivo. E. elevada demanda por mão de obra. Alternativa D Resolução: A Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução Técnico-Científica-Informacional, ocorreu a partir da segunda metade do século XX e caracterizou-se por grandes avanços tecnológicos que promoveram o desenvolvimento de ramos como a robótica, a genética, a informática e as telecomunicações. Esses avanços trouxeram mudanças para a produção industrial, como a automatização do processo produtivo, que pode ser visualizada na imagem, e que se caracteriza pelo maciço uso de máquinas na fabricação dos produtos. X5F3 A alternativa A está incorreta, pois, com a automatização da produção, o sistema produtivo passou a ser controlado com uso de computadores e tecnologias da informática. A alternativa B está incorreta, pois a automatização da produção possibilitou acelerar o ritmo e a produtividade industrial. A alternativa C está incorreta, pois, como se pode observar na imagem, a produção industrial automatizada é realizada em grande escala. A alternativa E está incorreta, pois, com a automatização da produção, a força de trabalho humana foi substituída por máquinas. Assim, houve uma redução da demanda por mão de obra e ampliou-se a exigência por trabalhadores qualificados. ENEM – VOL. 8 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 47BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO