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L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - SIMULADO ENEM 2020 - VOLUME 3 - PROVA I C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 We were anxious to begin our life as people who had no people. And it was easy to find an apartment because we had no standards; we were just amazed that it was our door, our rotting carpet, our cockroach infestation. We decorated with paper streamers and Chinese lanterns and we shared the ancient bed that came with the studio. We were excited about getting jobs; we hardly went anywhere without filling out an application. But once we were hired – as furniture sanders – we could not believe this was really what people did all day. Everything we had thought of as The World was actually the result of someone’s job. Each line on the sidewalk, each saltine. Everyone had rotting carpet and a door to pay for. Aghast, we quit. There had to be a more dignified way to live. We needed time to consider ourselves, to come up with a theory about who we were and set it to music. JULY, M. No one belongs here more than you. Nova Iorque: Scribner, 2008. [Fragmento] A autora estadunidense Miranda July descreve, nesse trecho, a transição da juventude para a vida adulta. Ao longo desse processo, as personagens do texto demonstram A. decepção com a dura realidade do mundo do trabalho. B. dificuldade para alugar um apartamento em boas condições. C. desejo de recuperar os confortos que tinham no passado. D. entusiasmo por terem conquistado a independência financeira. E. ansiedade para encontrar um emprego bem remunerado. Alternativa A Resolução: Após conseguirem um emprego como lixadoras de móveis, as personagens do conto têm suas expectativas frustradas ao perceberem que o sistema que rege o trabalho é indigno, conforme aponta o seguinte trecho: Aghast, we quit. There had to be a more dignified way to live. Dessa maneira, a alternativa A é a correta, pois é a que mais se aproxima da percepção dos jovens em relação à vida adulta. As demais alternativas estão incorretas porque: (B) as personagens, na verdade, se sentem satisfeitas por terem seu próprio apartamento, apesar de deteriorado (it was easy to find an apartment because we had no standards; we were just amazed that it was our door, our rotting carpet, our cockroach infestation); (C) não há indicações de que as personagens desejam recuperar confortos, sequer de que desfrutavam disso no passado; (D) não há indicações no texto de que as personagens conquistaram a independência financeira. Elas conseguiram um trabalho, mas, decepcionadas, desistiram, o que indica que a procura por uma ocupação V7FY 212SE01ING2020III que as agrade continua; (E) as personagens demonstram ansiedade para conseguir um emprego (we were excited about getting jobs); entretanto, elas não fazem qualquer menção ao nível salarial. QUESTÃO 02 China issues warning over Hong Kong after election blow China’s government has responded to a stunning landslide victory for pro-democracy candidates in the Hong Kong elections by emphasising that the city will always be ruled from Beijing, and warning against further protest violence. The foreign minister, Wang Yi, warned against “attempts to disrupt Hong Kong”, as a few hundred people took to the streets again in support of protesters holed up in a university that has been under siege by police for over a week. “No matter how the situation in Hong Kong changes, it is very clear that Hong Kong is a part of Chinese territory,” he told reporters on the sidelines of the G20 meeting in Tokyo. “Any attempts to disrupt Hong Kong or undermine its stability and prosperity will not succeed.” The election results pose a dilemma for Beijing, and Hong Kong’s chief executive, Carrie Lam. Hand-picked to rule by party leaders, Lam always insists she rules independently, but is widely accepted to have coordinated her hardline response to protesters with China’s top leadership. Disponível em: <https://www.theguardian.com>. Acesso em: 27 dez. 2019. Hong Kong é um território pertencente à China, mas que possui alto grau de autonomia política. A vitória dos candidatos pró-democracia nas últimas eleições na região provocou A. discussões acaloradas sobre a legitimidade das votações. B. protestos violentos dos cidadãos locais exigindo a independência da ilha. C. demissões no alto escalão do governo local, incluindo da chefe do executivo. D. reações fortes do governo chinês em represália a tentativas de independência. E. manifestações contra tentativas de minar a estabilidade no território chinês. Alternativa D Resolução: Segundo o texto, a vitória dos candidatos pró-democracia em Hong Kong provocou uma forte reação do governo chinês, que afirmou que o território sempre será governado por Beijing, conforme indica o primeiro parágrafo. Ou seja, o governo chinês rejeita qualquer tentativa de independência. Logo, está correta a alternativa D. As demais alternativas estão incorretas porque: (A) não há indicações no texto de que a legitimidade das eleições esteja sendo questionada; (B) os protestos aos quais o texto se refere ocorreram OBLS 060SE05ING2019III ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO em apoio a outros protestantes que estavam sob ataque da polícia em uma universidade local, conforme se lê no segundo parágrafo, e não por causa do resultado das eleições; (C) não há informações no texto de que a chefe do Executivo, Carrie Lam, tenha sido demitida; (E) as manifestações não foram provocadas pelo resultado das eleições, conforme explicado no comentário da alternativa B. QUESTÃO 03 Can palm oil demand be met without ruining rainforests? The use of palm oil in food products has doubled worldwide in the past 15 years. About half of all items in a supermarket are now likely to contain it, and global consumption could climb to more than 100 million tons per year by 2025, 50% more than in 2016, according to researcher Gro Intelligence. To meet the demand, critics say, some growers in Indonesia and Malaysia, which together account for 85% of global production, use “slash-and-burn” land clearance techniques that routinely blanket parts of Southeast Asia with stinging smoke. In 2015, forest fires in Indonesia alone pumped out more greenhouse gases per day than all sources in the US. The fires not only spew carbon dioxide into the atmosphere but also destroy significant carbon-absorbing forests and ground cover. RAGHU, A. Disponível em: <https://www.washingtonpost.com>. Acesso em: 14 dez. 2019. [Fragmento] O texto aborda a produção do óleo de palma no Sudeste Asiático. O uso da expressão “meet the demand” refere-se A. à urgência em conscientizar a indústria sobre os riscos ao meio ambiente. B. ao aumento da emissão de gases do efeito estufa na produção do óleo. C. à expansão da área de cultivo da palma para outras regiões da Ásia. D. à tentativa dos produtores de atender à procura pelo produto. E. às técnicas danosas usadas pelos agricultores nas plantações. Alternativa D Resolução: Segundo o texto, o uso de óleo de palma em produtos alimentícios dobrou nos últimos 15 anos e espera- se que seu consumo mundial aumente para mais de 100 milhõesde toneladas ao ano até 2025. Em seguida, é dito que, para atender essa demanda (meet the demand), alguns produtores têm usado técnicas de cultivo prejudiciais ao meio ambiente. Logo, está correta a alternativa D, por mencionar que a expressão se refere à tentativa dos produtores de atender à procura pelo produto. GFRN 212SE04ING2020III QUESTÃO 04 Disponível em: <http://bizarro.com/wp-content/uploads/2017/01/ Bizarro-01-22-17-WEBa.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2017. Os cartuns, não raramente, recorrem à hipérbole para alcançar o efeito de humor. No cartum anterior, essa estratégia pode ser notada no(a) A. feição perplexa da babá diante das orientações da mãe. B. contraste entre a prolixidade da mãe e o silêncio do pai. C. tranquilidade das crianças, apesar do que diz a mãe. D. quantidade de instruções dadas pela mãe à babá. E. tipo de orientações que a mulher dá à babá. Alternativa E Resolução: Está correta a alternativa E. As duas últimas instruções que a mãe dá à babá – “[...] make sure they both graduate high school and go to college, and don’t let them get married too young” – sugerem que os pais das crianças não pretendem voltar antes de os filhos alcançarem a idade adulta. Isso extrapola aquilo que se espera para o tipo de interação representada no cartum, ou seja, trata-se de uma hipérbole, um exagero. Esse exagero promove uma quebra de expectativa, que, por sua vez, suscita o efeito de humor. As demais alternativas estão incorretas porque: (A) a feição da babá não apresenta qualquer tipo de exagero. Pelo contrário: trata-se de uma reação natural ao que a mãe lhe diz; (B) não existe hipérbole no contraste entre a prolixidade da mãe e o silêncio do pai. Além disso, esse contraste não gera nenhum efeito de riso, pois tal efeito se sustenta no conteúdo da fala da mãe; (C) a tranquilidade no rosto das crianças pode suscitar uma sensação de estranhamento e absurdidade, até mesmo contribuindo para o efeito de humor. Contudo, não se nota hipérbole nesse aspecto do cartum. Portanto, a alternativa não atende ao que pede o enunciado; (D) embora as instruções dadas pela mãe à babá sejam de fato numerosas, não se trata de um exagero, pois é um acontecimento comum nesse tipo de situação em que um pai ou uma mãe deixa os filhos a cargo de outra pessoa. Além disso, essa característica não incorre, por si só, em efeito de humor. 5625 CALIBRADA_ING LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 05 5 ways to prevent hearing loss while using headphones You know that listening to loud music can damage your ears, but just how loud can you crank up the volume on your AirPods before increasing your risk of hearing loss? Noise-induced hearing loss has always been a risk of certain professions, such as construction and military. Now, more and more young people are showing signs of noise-induced hearing loss, and nearly one in four US adults is affected. Many people experience hearing loss caused by repeated exposure to loud noises. And now, aside from noisy occupations, concerts and sporting events, public health officials are concerned about one other big culprit: headphones. You can still listen to music through your beloved headphones but take some precautions to preserve your hearing. I. Turn down the volume; II. Use noise-canceling headphones; III. Wear actual headphones, not earbuds; IV. Take listening breaks; V. Set a volume limit. Still uncertain? According to the National Institutes of Health (NIH), the best rule of thumb is to “avoid noises that are too loud, too close, or last too long.” Disponível em: <https://www.cnet.com>. Acesso em: 08 jan. 2020. [Fragmento] Além de indicar formas de prevenir a perda auditiva, o texto informa o leitor sobre o fato de que a perda induzida por ruído A. resulta da exposição prolongada a sons muito altos e muito próximos. B. afeta cerca de um quinto da população adulta dos Estados Unidos. C. atinge cada vez mais profissionais que atuam em ambientes barulhentos. D. pode ser evitada com o uso de fones introduzidos diretamente nos ouvidos. E. decorre do tipo de fone usado independentemente do tempo de exposição ao ruído. Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A. De acordo com o texto, muitas pessoas sofrem perda auditiva devido à exposição a sons muito altos por um tempo prolongado (Many people experience hearing loss caused by repeated exposure to loud noises). Recomenda-se ainda, no final do texto, evitar sons muito altos, muito próximos e por muito tempo (the best rule of thumb is to “avoid noises that are too loud, too close, or last too long”). As demais alternativas estão incorretas porque: (B) o texto afirma que um em cada quatro americanos apresenta o problema (one in four US adults is affected), ou seja, a proporção correta é um quarto, e não um quinto dos adultos do país; (C) a perda auditiva causada por ruídos é um risco que sempre foi associado a certos ramos de atuação profissional, como o de construção e o militar. N2D7 060SE04ING2019II Entretanto, não há informações no texto que indicam que cada vez mais profissionais que atuam em ambientes barulhentos estejam sofrendo perda auditiva; (D) para evitar a perda auditiva, o texto recomenda, no item III, exatamente o contrário, ou seja, evitar usar esse tipo de fone de ouvido (Wear actual headphones, not earbuds); (E) o tempo de exposição ao ruído é outro fator que contribui para a perda auditiva (Many people experience hearing loss caused by repeated exposure to loud noises). LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 3 – 2020 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 EL ROTO. Disponível em: <http://elpais.com>. Acesso em: 03 fev. 2017. Para construir o cartum, publicado no jornal espanhol El País, El Roto utilizou-se da primeira pessoa do plural na fala do personagem. Esse recurso linguístico foi empregado para A. ironizar o discurso da classe política. B. denunciar a corrupção em seu país. C. criticar o despreparo dos políticos. D. demonstrar rechaço pela classe política. E. sugerir a desonestidade dos poderosos. Alternativa A Resolução: A alternativa A está correta, pois o uso da primeira pessoa do plural causa um efeito irônico. O personagem, usando uma fala comum aos políticos, assume a existência da corrupção e implica-se na situação (a forma verbal “estamos” diz respeito ao “eu” e aos “demais”), mas afirma que há uma perseguição aos corruptos, o que se deduz ser, na verdade, o combate a esse crime. A ironia, desse modo, reside no fato de o cartunista utilizar uma frase comum aos próprios políticos para criticá-los. A alternativa B está incorreta, pois o uso desse recurso linguístico tem a intenção de envolver o personagem no contexto da corrupção, não de denunciar a corrupção no país do autor do cartum. A alternativa C está incorreta, pois o cartum não menciona o preparo ou o despreparo dos políticos. A alternativa D está incorreta, pois o uso do recurso linguístico não é causador de um rechaço ou repúdio à classe política, mas um mecanismo para revelar o discurso contraditório e falacioso da classe política. A alternativa E está incorreta, pois, considerando os elementos do cartum, não é possível afirmar que a desonestidade seria uma característica que se aplica a toda pessoa detentora de algum tipo de poder. F6J2 061SE01ESP2017III QUESTÃO 02 WhatsApp estrena videollamadas grupales WhatsApp anunció hace unos meses que quería lanzar videollamadas en grupo, y ayer confirmó que esta posibilidad ya está lista para los usuarios de la app en iPhone y Android. Los usuarios pueden ya realizar una llamada o videollamada grupal con hasta cuatro personas en total, “en cualquier momento y lugar”, señala la compañía en un comunicado. Simplemente, deben empezar una llamada o videollamadacon uno de sus contactos, y después presionar el botón para “añadir participantes” en la esquina superior derecha y así añadir más contactos a la llamada. “Las llamadas grupales están siempre cifradas de extremo a extremo, y han sido diseñadas para funcionar adecuadamente alrededor del mundo bajo distintas condiciones de conexión a Internet”, señala la compañía. Disponível em: <https://elpais.com>. Acesso em: 03 out. 2018. [Fragmento] Segundo a notícia, para realizar uma videochamada grupal por WhatsApp, o usuário deve A. criptografar a mensagem de ponta a ponta. B. formar um grupo composto por quatro pessoas. C. assinalar os contatos que não irão fazer parte do grupo. D. ligar para um contato e adicionar os demais participantes. E. confirmar os contatos previamente no canto direito da tela. Alternativa D Resolução: A alternativa D está correta, pois, conforme o texto, para utilizar o recurso, primeiro se deve iniciar a videochamada com um dos contatos e, em seguida, adicionar os demais. O trecho a seguir comprova a alternativa: “Simplemente, deben empezar una llamada o videollamada con uno de sus contactos, y después presionar el botón para ‘añadir participantes’ en la esquina superior derecha y así añadir más contactos a la llamada”. A alternativa A está incorreta, pois as mensagens são cifradas independentemente da escolha do usuário. A alternativa B está incorreta, pois a notícia informa que é possível formar um grupo de até quatro pessoas, e não que se deve formar um grupo de quatro pessoas para fazer uma videochamada grupal. A alternativa C está incorreta, pois a notícia não menciona que os usuários que não irão fazer parte da chamada devem ser selecionados para executá-la. A alternativa E está incorreta, pois é mencionado que se deve pressionar o botão à direita para adicionar participantes, e não para confirmar os contatos previamente. BJBN 061SE01ESP2018IV LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 La familia burguesa Época: Vida cotidiana Inicio: Año 1870 Fin: Año 1914 En la familia decimonónica persisten los valores patrimoniales, siendo el padre el eje sobre el que pivota el sistema patrilineal de la transmisión de bienes. La herencia se considera como un derecho consuetudinario y tradicional, sancionado por la ley y los códigos civiles. Como marido, el padre es también el administrador único de los bienes familiares. La familia es, para la sociedad burguesa, la célula básica sobre la que se sustenta no sólo el sistema social sino también el económico y el político. Si durante el Antiguo Régimen muchas personas podían estar adscritas a señoríos nobiliarios o eclesiásticos, o veían en el rey a una figura a la que guardar fidelidad por encima de todas las cosas, ahora, con el encumbramiento de conceptos como nacionalidad o ciudadanía, los individuos han de aprender nuevos códigos de comportamiento, nuevas formas de pensar, nuevos valores y estructuras. Para este menester, la familia, así como la escuela, se manifiestan como el caldo de cultivo ideal. Disponível em: <http://www.artehistoria.com>. Acesso em: 07 mar. 2017. [Fragmento] Tanto a concepção quanto a organização da família vêm, ao longo da história, sofrendo modificações. De acordo com o texto, a família classificada como burguesa A. proibia os valores patrimoniais, sendo as mães as responsáveis por garantir que filhos e filhas tivessem igual acesso à herança. B. era considerada a célula básica do sistema social, pois sua estrutura se assemelhava a uma organização eclesiástica. C. lutava pela garantia e implementação do direito consuetudinário, pleiteando a sua entrada em vigor nos códigos civis. D. tinha como uma das suas funções cultivar os códigos de conduta, valores e tradições vigentes após o Antigo Regime. E. propagava valores tradicionais como nacionalidade e cidadania, perpetuando a organização social do Antigo Regime. Alternativa D Resolução: A alternativa D está correta, pois, após o Antigo Regime, com a ascensão de conceitos como nacionalidade e cidadania, a família passa a responder pelo cultivo de novos códigos de comportamento, novas maneiras de pensar e novos valores. Segundo o texto, “para este menester, la familia, así como la escuela, se manifiestan como el caldo de cultivo ideal”. A alternativa A está incorreta, pois, nas famílias burguesas, estavam presentes os valores patrimoniais, e cabia ao homem a responsabilidade pela administração da herança. A alternativa B está incorreta, pois, apesar de citar o termo “eclesiásticos”, o texto não faz comparação entre a família e uma organização eclesiástica. A alternativa C está incorreta, pois a herança era considerada um direito KCSA 151SE04ESP2017II consuetudinário e tradicional, não havendo a necessidade de a família pleitear a entrada desse direito nos códigos civis. A alternativa E está incorreta, pois o texto enfatiza que os conceitos da nacionalidade e da cidadania passam a ter relevância no contexto da família burguesa, ou seja, não eram características da organização social do Antigo Regime. QUESTÃO 04 El lago Titicaca Hace mucho tiempo, el lago Titicaca era un valle fértil poblado de hombres que vivían felices y tranquilos. Nada les faltaba; la tierra era rica y les procuraba todo lo que necesitaban. Sobre esta tierra no se conocía ni la muerte, ni el odio, ni la ambición. Los Apus, los dioses de las montañas, protegían a los seres humanos. No les prohibieron más que una sola cosa: nadie debía subir a la cima de las montañas donde ardía el Fuego Sagrado. Durante largo tiempo, los hombres no pensaron en infringir esta orden de los dioses. Pero el diablo, espíritu maligno condenado a vivir en la oscuridad, no soportaba ver a los hombres vivir tan tranquilamente en el valle. Él se ingenió para dividir a los hombres sembrando la discordia. Les pidió probar su coraje yendo a buscar el Fuego Sagrado a la cima de las montañas. Entonces un buen día, al alba, los hombres comenzaron a escalar la cima de las montañas, pero a medio camino fueron sorprendidos por los Apus. Éstos comprendieron que los hombres habían desobedecido y decidieron exterminarlos. Miles de pumas salieron de las cavernas y se devoraron a los hombres que suplicaban al diablo por ayuda. Pero éste permanecía insensible a sus súplicas. Viendo eso, Inti, el dios del Sol, se puso a llorar. Sus lágrimas eran tan abundantes que en cuarenta días inundaron el valle. Un hombre y una mujer solamente llegaron a salvarse sobre una barca de junco. Cuando el Sol brilló de nuevo, el hombre y la mujer no creían a sus ojos: bajo el cielo azul y puro, estaban en medio de un lago inmenso. En medio de esas aguas flotaban los pumas que estaban ahogados y transformados en estatuas de piedra. Llamaron entonces al lago Titicaca, el lago de los pumas de piedra. Disponível em: <http://www.americas-fr.com>. Acesso em: 19 fev. 2019. A narrativa anterior, acerca do lago Titicaca, caracteriza-se como um(a) A. fábula infantil com intenção moralizante. B. documento religioso que explica a origem da vida. C. manuscrito histórico sobre a exploração do lago peruano. D. conto poético que ilustra a procedência dos povos indígenas. E. relato mítico a respeito da criação de um elemento natural. ZRRQ 111SE0A1ESP2019I ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: A alternativa E está correta, pois o texto é um relato mítico, o qual tem como característica explicar, de modo sobrenatural, fatos, conhecimentos ou a origem de algo (nesse caso, o lago Titicaca). Além disso, o relato mítico faz referência a um tempo passado indeterminado e apresenta personagens fantásticos. A alternativa A está incorreta, pois o texto não é uma fábula infantil e não tem intenção moralizante. A alternativa B está incorreta, pois não se trata de um documentoreligioso, mas sim de um texto literário. A alternativa C está incorreta, pois não se trata de um manuscrito histórico, mas, como já assinalado, de uma criação literária. A alternativa D está incorreta, pois não se trata de um conto poético que ilustra a procedência dos povos indígenas, mas de um relato mítico sobre a origem de um elemento natural. QUESTÃO 05 Chicos en las redes o cómo huir de los adultos Perfiles paralelos, lenguaje en código, identidades falsas: en Internet los adolescentes construyen un mundo propio y alejado de la mirada adulta. Daniela Lepiscope no entendía por qué cuando entraba al perfil que Valentina tiene en Instagram le aparecían en la pantalla comentarios y fotos que ella no reconocía como de su hija. “Es que le presté mi usuario a Paz y ella me prestó el suyo. Lo hicimos porque yo bardeo mejor”, fue la respuesta casi crítica de la adolescente de 12 años. “¿Bardeo mejor? Te dije que por las redes no quiero que insultes porque queda horrible”, le recordó Daniela. “Ay, má, bardear no es insultar. Es responder de forma sagaz”, retrucó. Además de prestarles su usuario a las amigas, donde adoptan la identidad – al menos virtual – de la otra, Valentina también le contó a su mamá que inventa perfiles de gente que no existe para llamar la atención de unos chicos que juegan al rugby y que cambia la contraseña de acceso a su perfil de Instagram y Snapchat casi a diario. Daniela la escucha con atención y trata de comprender un poco más acerca de ese universo que habita su hija en Internet y del que ella está prácticamente excluida. Disponível em: <http://www.elpais.com.uy>. Acesso em: 02 mar. 2017. [Fragmento] O texto evidencia o quão particular se tornou o universo dos jovens e adolescentes após o advento da Internet. Ao usar a estrutura “Ay, má, bardear no es insultar. Es responder de forma sagaz”, a filha mostra-se A. impaciente com a falta de conhecimento da mãe. B. irônica perante o desejo da mãe de criar um perfil. C. compreensiva com o interesse exposto pela mãe. D. surpresa com as limitações apresentadas pela mãe. E. orgulhosa por saber mais sobre a Internet que sua mãe. DSTQ CALIBRADA_ESP Alternativa A Resolução: A alternativa A está correta, como pode ser confirmado na última linha do primeiro parágrafo: “‘[...] Es responder de forma sagaz’, retrucó”. O uso do verbo “retrucar” comprova a impaciência da filha com o desconhecimento da mãe sobre o vocabulário referente à Internet e às redes sociais. A alternativa B está incorreta porque a mãe não manifesta desejo de criar um perfil, mas sim de compreender um pouco mais sobre o universo da filha. A alternativa C está incorreta, pois, de acordo com o texto, a filha responde à mãe de forma ríspida nas duas ocasiões mencionadas no primeiro parágrafo. A alternativa D está incorreta, pois a filha não se mostra surpresa, mas sim impaciente e arredia em relação ao interesse da mãe. A alternativa E está incorreta porque a filha não se vangloria por saber mais que a mãe em nenhum momento do texto. LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 Disponível em: <http://ninumikingdom.blogspot.com/>. Acesso em: 25 jan. 2012. Nessa charge, retoma-se o esquema da evolução de Darwin com o intuito de criticar certos padrões de comportamento contemporâneos. Considerando a última etapa de evolução apresentada na imagem, a característica principal da humanidade seria o(a) A. fortalecimento da individualidade, já que um indivíduo vê os outros como códigos de barras. B. desenvolvimento tecnológico favorável à evolução humana, garantindo um convívio social mais abrangente. C. retrocesso do desenvolvimento devido à homogeneização dos indivíduos. D. modificação da atitude humana em face do desenvolvimento industrial e tecnológico. E. enfraquecimento da noção de individualidade em virtude da imposição de comportamentos homogêneos. Alternativa E Resolução: Analisando a charge, vê-se que o estágio final da evolução do ser humano, segundo o autor, é a transformação do indivíduo em um código de barras, algo que é utilizado para a identificação de produtos. Dessa forma, entende-se que o ser deixa de ser visto como pessoa, sendo considerado apenas um número na sociedade. Assim, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois não há fortalecimento da individualidade, mas uma padronização do ser humano. A alternativa B está incorreta, pois não se verifica referência ao desenvolvimento tecnológico. A alternativa C está incorreta, pois a charge não aponta retrocesso da evolução. A alternativa D está incorreta, pois não é apontada, especificamente, uma mudança de atitude dos indivíduos. QUESTÃO 07 IAT, a sigla inglesa para Teste de Associação Implícita, é o nome da técnica que revolucionou os estudos sobre o preconceito. Ao avaliar a facilidade com que associamos categorias como negros, gays, gordos, velhos etc. a conceitos positivos e negativos, ela permite não apenas acessar o inconsciente como também medir nosso grau de preconceito implícito, isto é, aquele que não admitimos nem para nós mesmos. E o que o IAT revela sobre o preconceito contra idosos? Há na discriminação etária um par de paradoxos bem intrigantes. ON-LINE CALIBRADA_POR HDRN CALIBRADA_POR Para começar, há a constatação de que, apesar de não se ter notícia de discursos de ódio ou mesmo de hostilidades sistemáticas contra idosos, o preconceito em relação a esse grupo é forte e disseminado. Quando medido pelo IAT, apenas 6% dos norte-americanos associam a velhice a algo positivo, contra 80% que relacionam juventude ao bem. Esse mesmo fenômeno aparece também em sociedades asiáticas, onde o respeito pelos mais idosos é tido como traço cultural marcante. Mais interessante ainda, os próprios idosos exibem, pelo IAT, níveis de preconceito contra os mais velhos semelhantes aos demonstrados por jovens, diferentemente do que ocorre com outras discriminações. A dissonância cognitiva se resolve quando usamos o IAT para avaliar como os idosos veem a si mesmos. O resultado, surpreendente, é que tanto jovens quanto idosos associam automaticamente seu eu com juventude, e não com velhice. Para os nossos cérebros, velho é só o outro. Seria o segredo da juventude eterna, se o corpo acompanhasse os desejos do cérebro e não fosse parando de funcionar direito. SCHWARTSMAN, H. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 05 dez. 2017. [Fragmento adaptado] Textos opinativos valem-se de estratégias dissertativas diversas visando ao convencimento. No artigo, a apresentação de dados científicos corrobora a ideia de que a(o) A. discriminação contra idosos funciona de forma similar a qualquer outro tipo de preconceito. B. segredo da juventude eterna pode ser descoberto com a ajuda da pesquisa divulgada. C. Teste de Associação Implícita permite quantificar o grau de preconceito inconsciente. D. população estadunidense entende o envelhecimento de forma diferente da asiática. E. preconceito etário se manifesta de forma contraditória nos resultados encontrados. Alternativa E Resolução: No texto, a exposição do resultado de pesquisas e estudos serve para corroborar a ideia de que existe um preconceito velado contra idosos, o qual não é percebido na sociedade como aquele contra outras categorias. Isso pode ser comprovado, por exemplo, no seguinte trecho: “há a constatação de que, apesar de não se ter notícia de discursos de ódio ou mesmo de hostilidades sistemáticas contra idosos, o preconceito em relação a esse grupo é forte e disseminado”. A alternativa correta, portanto, é a E. A alternativa A está incorreta porque apresenta uma afirmação que não se pode inferir do conteúdo do texto, já que o preconceito etário, embora forte e disseminado, não se revela por discursos de ódio ou manifestações de hostilidade. A alternativa B está incorreta porque, quando mencionao segredo da juventude eterna, o autor está, na verdade, sugerindo que ele só existiria se o corpo acompanhasse os desejos do cérebro, diferentemente do que foi encontrado na pesquisa. A alternativa C está incorreta porque apresenta uma descrição do Teste de Associação Implícita, e não o resultado da exposição dos dados encontrados por ele. Finalmente, a alternativa D está incorreta porque também apresenta uma afirmação não encontrada no texto, o qual diz justamente o contrário, que o fenômeno do preconceito etário também foi identificado em sociedades asiáticas pelo IAT. ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 08 Em São Paulo. Escritório de usura de Abelardo & Abelardo. Um retrato da Gioconda. Caixas amontoadas. Um divã futurista. Uma secretária Luís XV. Um castiçal de latão. Um telefone. Sinal de alarma. Um mostruário de velas de todos os tamanhos e de todas as cores. Porta enorme de ferro à direita correndo sobre rodas horizontalmente e deixando ver no interior as grades de uma jaula. O Prontuário, peça de gavetas, com os seguintes rótulos: MALANDROS – IMPONTUAIS – PRONTOS – PROTESTADOS. – Na outra divisão: PENHORAS – LIQUIDAÇÕES – SUICÍDIOS – TANGAS. Pela ampla janela entra o barulho da manhã na cidade e sai o das máquinas de escrever da antessala. ANDRADE, O. O rei da vela. In: ______. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. [Fragmento] O fragmento corresponde à rubrica inicial da famosa peça de Oswald de Andrade “O rei da vela”, escrita em 1933 e encenada apenas três décadas depois. Os elementos que compõem a figuração do cenário teatral destacam um(a) A. paisagem urbana em que os aparatos tecnológicos são irrelevantes. B. ambiente sombrio que sugere o trânsito de personagens fantasmagóricas. C. panorama político responsável pela violência e pelas desigualdades sociais. D. tempo em que as obras de arte cumprem uma função meramente acessória. E. momento histórico de intensa modernização nas cidades do Sudeste do país. Alternativa E Resolução: Como contextualizado no enunciado do item, a peça foi escrita por Oswald de Andrade em 1933. Nessa época, o Brasil, marcadamente a Região Sudeste, vivia um processo de industrialização. Com isso, os centros urbanos já incorporavam aspectos das metrópoles estadunidenses e europeias. No fragmento, isso fica explícito pela descrição do escritório – um ambiente tipicamente urbano –, com apetrechos e objetos industrializados. Está correta, assim, a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque, nessa época, no Brasil, os aparatos tecnológicos dispunham sim de relevância, como evidenciado no trecho. É importante considerar “aparatos tecnológicos” não apenas aparelhos eletroeletrônicos do século XXI, mas sim qualquer aparato oriundo de técnicas, processos e métodos da atividade humana. A alternativa B está incorreta porque nada no texto sugere a presença de personagens mortas nem de fantasmas em cena. A alternativa C está incorreta porque também não há menção a questões de violência urbana ou de desigualdade social no trecho. Já a alternativa D está incorreta porque o fragmento não coloca obras de ar te como acessór ias na sociedade, ainda que o retrato da Mona Lisa (também conhecida como A Gioconda) decore o escritório, o que, na verdade, deixa implícito que a arte promove reflexão e admiração. ON-LINE 219SE0A2POR2019XVII QUESTÃO 09 MONTANARO, J. Disponível em: <https://noticias.bol.uol.com.br/>. Acesso em: 12 dez. 2019. A charge apresenta uma crítica ao uso da Internet. O argumento do autor é o de que o acesso à rede A. desestimula a assiduidade dos jovens na escola. B. impede a circulação de informações científicas. C. omite dos jovens informações sobre a natureza. D. infantiliza os usuários de suportes de tecnologia. E. aliena a juventude dos contextos social e natural. Alternativa E Resolução: Por meio do humor, a charge promove uma crítica ao uso excessivo da Internet por parte dos jovens, fazendo com que eles, inclusive, não sejam capazes de construir outros referenciais para além daqueles próprios da rede virtual (como o pássaro azul do Twitter). Por isso, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, pois o equívoco da personagem é decorrente do uso das redes sociais, não havendo relação com a assiduidade escolar. A alternativa B está incorreta, pois há uma facilidade de acesso a conhecimentos científicos, porém é inútil se não há aplicabilidade dessas informações na realidade. A alternativa C está incorreta, pois a charge aborda a incompreensão da personagem em relacionar-se com o que é real, sem que isso seja lhe omitido. A alternativa D está incorreta, pois não há objetivo de infantilizar os usuários, visto que a personagem é um jovem, que representa a nova geração que se relaciona diretamente com as redes. QUESTÃO 10 E vós, ó bem nascida segurança Da Lusitana antiga liberdade, E não menos certíssima esperança De aumento da pequena Cristandade; Vós, ó novo temor da Maura lança, Maravilha fatal da nossa idade, Dada ao mundo por Deus, que todo o mande, Pera do mundo a Deus dar parte grande; [...] ON-LINE 287SE04POR2020XXII YQEL CALIBRADA_POR LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Vereis amor da pátria, não movido De prêmio vil, mas alto e quase eterno; Que não é prêmio vil ser conhecido Por um pregão do ninho meu paterno. Ouvi: vereis o nome engrandecido Daqueles de quem sois senhor superno, E julgareis qual é mais excelente, Se ser do mundo Rei, se de tal gente. Ouvi: que não vereis com vãs façanhas, Fantásticas, fingidas, mentirosas, Louvar os vossos, como nas estranhas Musas, de engrandecer-se desejosas: As verdadeiras vossas são tamanhas, Que excedem as sonhadas, fabulosas, Que excedem Rodamonte e o vão Rugeiro, E Orlando, inda que fora verdadeiro. CAMÕES. L. V. Os Lusíadas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 26 dez. 2017. [Fragmento] As estrofes anteriores do poema épico Os Lusíadas consistem na parte em que o poeta o dedica a D. Sebastião, rei de incontestável importância para a nação portuguesa e para o cristianismo. Identificam-se aspectos da dedicatória na A. esperança de liberdade expressa pelo povo português, representado no texto pela voz poética. B. ameaça feita diretamente aos povos mouros – “a Maura lança” – em nome do deus dos católicos. C. atitude de louvor e de humildade do eu lírico e na evidência de que o texto trata de fatos históricos. D. interlocução da voz poética com as Musas, a quem pede bênçãos para as futuras façanhas do Rei. E. lealdade à pátria manifestada pelo eu lírico, o qual a demonstra sem esperar qualquer tipo de prêmio. Alternativa C Resolução: Na primeira estrofe do fragmento exposto, veem-se louvores do poeta ao rei D. Sebastião, a quem é dedicado o poema. São louvadas a ascendência do rei e sua representação para a difusão da fé cristã e para a independência portuguesa dos mouros. Na estrofe seguinte, há uma demonstração, perante o rei, da humildade do poeta, que modestamente considera seu poema “um pregão do ninho meu paterno”. Por sua vez, na terceira estrofe, ao enaltecer os atos do rei, o poeta ressalta que seu poema trata de fatos históricos, ou seja, reais, não de lendas ou fantasias. Assim, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque, ainda que o poeta possa estar representando a nação portuguesa, não é isso que caracteriza a dedicatória de um poema épico, a qual deve sinalizar a quem são dedicados os versos. A alternativa B está incorreta porque não há uma ameaça explícita aos mouros, mas a declaração de que D. Sebastião será capaz de derrotá-los. A alternativa D está incorreta porque o eu lírico não se dirige às musas, o que, aliás, acomodaria as estrofes na parte da invocação. Na verdade, as musas são citadaspara reforçar o fato de que o texto tratará de matéria real. Por fim, a alternativa E está incorreta porque, por mais que o eu lírico manifeste indiretamente lealdade a Portugal, não é esse o aspecto que define a dedicatória de um poema épico. Além disso, o prêmio recusado é decorrente do seu texto, não de seu patriotismo. QUESTÃO 11 Salve minha linda palmeira brasileira Que vive prisioneira Por entre os quatro cantos dos prédios da cidade Nasceu como pequena semente No ponto mais quente Do nosso país continental tropical Veio morar por aqui No subúrbio desta Capital E apesar de toda poluição infernal Vive como antigamente A irradiar ondas redondas serenamente Como se fosse tudo natural É com grande amizade Que nos comunicamos e amamos de verdade Eu do reino animal, Ela do reino vegetal Nós dois, pois, do superimpério democrático social MAUTNER, J. Poesias de amor e de morte. São Paulo: Global, 1983. No processo de elaboração do poema de Jorge Mautner, há uma crítica irônica à sociedade brasileira no contexto de sua escrita, o Golpe Militar de 1964. Isso se dá pelo uso da linguagem conotativa, que constrói a imagem do(a) A. amor ao país pela exaltação da natureza tida como riqueza nacional. B. identificação entre o eu poético e a palmeira brasileira por sua simbologia. C. humanização da palmeira pela relação estabelecida com o eu poético. D. estranhamento pelo encontro com as palmeiras nos subúrbios urbanos. E. nostalgia nacionalista pelas memórias vivificadas por símbolos nacionais. Alternativa B Resolução: O eu poético de Jorge Mautner descreve a sina de uma palmeira brasileira (signo reiterado na poesia nacional desde o célebre poema romântico “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias) no subúrbio de uma capital, subvertendo o tom laudatório ao abordar as belezas naturais do Brasil. Logo, ao falar sobre a palmeira, o eu poético constrói um jogo de imagens, em tom crítico, por meio da ironia, acerca do espírito nacional e, ao final do poema, estabelece sua relação com a simbologia da palmeira, ao falar sobre a proximidade entre os dois, consumada em uma amizade metafórica – o que promove a identificação entre ambos. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta, pois a figura da palmeira, símbolo nacional não oficial, é colocada no subúrbio, às margens da sociedade, não exaltada. A alternativa C está incorreta, pois o eu poético se compara à palmeira, mas não a humaniza, uma vez que a amizade entre eles é metafórica. A alternativa D está incorreta, pois o encontro com a palmeira no subúrbio gera a identificação, ou seja, um efeito contrário ao estranhamento. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a palmeira, ainda que se constitua como uma figurativização do Brasil, não é um símbolo nacional oficial, como são a bandeira, o hino, etc. Além disso, não há o sentimento de saudade explícito por essa imagem, mas de crítica, pois ela está às margens da sociedade, desvalorizada. ON-LINE 287SE04POR2020XVII ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 12 Os nativos da Geração Z constituem o primeiro agrupamento de indivíduos que nasceu digital, conectado, móvel e que nunca viu o mundo sem Internet. Falamos então de uma geração hipercognitiva, capaz de viver múltiplas realidades, presenciais e digitais, ao mesmo tempo. A tecnologia propicia que esses jovens vivam diferentes realidades e absorvam grande complexidade, com muita informação visual e muitos recursos para controlar cada passo da vida. Os membros da Geração Z poderão ter muito mais capacidade de eliminar variadas formas de imprevistos. A partir da tecnologia e do uso intensivo de aplicativos que contornam problemas cotidianos, os jovens habilitam-se a eliminar toda sorte de eventos imprevisíveis. Prever, antecipar e simplificar são seus imperativos. O fato de viverem completamente imersos em tecnologias e redes dá a eles muita margem de manobra, mobilizando comunicação e ações corretivas em um nível ainda não praticado ou experimentado por gerações anteriores. MEIR, J. Disponível em: <https://www.consumidormoderno.com.br>. Acesso em: 23 jan. 2020. De acordo com o texto, a Geração Z cresceu com uma relação intrínseca com as tecnologias da informação e da comunicação, o que gera em seus representantes a A. banalização das relações presenciais, consideradas ultrapassadas diante das possibilidades da comunicação digital. B. habilidade de mobilizar diferentes mecanismos de comunicação e informação para solucionar problemas e imprevistos. C. capacidade extrema de lidar com problemas e situações conflituosas a partir do uso de redes sociais e de aplicativos. D. carência afetiva em razão do uso exagerado das redes sociais e a consequente priorização das relações virtuais. E. hipercognitividade, caracterizada pela capacidade de conviver com pessoas de diferentes realidades. Alternativa B Resolução: No texto, o autor discorre sobre a habilidade que os jovens da Geração Z vêm desenvolvendo para resolver mais facilmente problemas e conflitos devido à aplicação prática das tecnologias da comunicação e informação, que são usadas a favor dessa resolução de problemas. Por isso, está correta a alternativa B. Embora o texto discorra sobre o avanço da comunicação e da informação no meio digital, ele não aborda as relações presenciais, não se podendo falar que ocorreu uma banalização destas com o surgimento da Geração Z, o que torna incorreta alternativa A. Apesar de o texto abordar a capacidade dos jovens da Geração Z de lidar com conflitos e outras situações, isso não é colocado como uma habilidade extrema, mas algo ainda em desenvolvimento, o que torna a alternativa C incorreta. ON-LINE 219SE05POR2020III Por sua vez, a alternativa D está incorreta porque o texto nada discorre sobre uma suposta carência afetiva da Geração Z provocada pelo uso descabido das redes sociais. Por fim, embora o texto aborde a hipercognitividade como uma característica pertinente aos jovens da Geração Z, nada é falado no sentido de que esses indivíduos são capazes de migrar entre diferentes mundos a qualquer hora e lugar, o que torna a alternativa E também incorreta. O texto deixa claro que esses jovens estão ainda experimentando as novidades e descobrindo uma nova forma de lidar com a realidade. QUESTÃO 13 A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), criada em 1995, é uma das 20 comissões permanentes da Câmara dos Deputados. Suas atribuições constitucionais e regimentais são receber, avaliar e investigar denúncias de violações de direitos humanos; discutir e votar propostas legislativas relativas à sua área temática; fiscalizar e acompanhar a execução de programas governamentais do setor; colaborar com entidades não governamentais; realizar pesquisas e estudos relativos à situação dos direitos humanos no Brasil e no mundo; além de cuidar dos assuntos referentes às minorias étnicas e sociais. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/>. Acesso em: 12 dez. 2019. [Fragmento] O texto define a Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Quanto a seu aspecto sintático, a sequência “receber, avaliar e investigar” A. forma locução verbal e enfoca as ações do sujeito. B. demanda objeto direto e subordina os termos da frase. C. assume função predicativa e liga-se ao sujeito da oração. D. apresenta verbos infinitivos e expressa o sujeito do excerto. E. constitui orações coordenadas e segmenta o sentido do trecho. Alternativa C Resolução: Os verbos destacados sucedem o verbo “ser”, que liga o sujeito – “Suas atribuições constitucionais e regimentais” – ao predicativo do sujeito. Ou seja, os elementos pospostos ao verbo de ligação caracterizam o sujeito. Dessa maneira, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta, pois o verbo “ser” conjugado e os verbos seguintes no modo infinitivo não se estruturam como verbo auxiliar e verbo principal,mas como verbo de ligação e predicativo, respectivamente. A alternativa B está incorreta, pois, por apresentar um verbo de ligação, o predicado se forma pela complementação advinda do predicativo do sujeito. A análise sintática dos verbos “receber”, “avaliar” e “investigar” permite concluir que eles, de fato, demandam um objeto direto, já que são verbos transitivos diretos, no entanto, como predicativo do objeto, não exercem relação de subordinação sobre os demais termos na frase. A alternativa D está incorreta, pois o sujeito da oração é “Suas atribuições constitucionais e regimentais”, uma vez que a oração está na ordem sintática direta. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois os verbos no infinitivo desempenham uma função sintática (a de predicativo) na oração na qual está o verbo de ligação “ser”, logo a construção é subordinada, e não coordenada. ON-LINE 287SE04POR2020XI LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 14 Conversa de senhoras Não precisa nem casar Tiro dele tudo o que preciso Não saio mais daqui Duvido muito Esse assunto de mulher já terminou O gato comeu e regalou-se Ele dança que nem um realejo Escritor não existe mais Mas também não precisava virar deus Tem alguém na casa Você acha que ele aguenta? Sr. ternura está batendo Eu não estava nem aí Conchavando: eu faço a tréplica Armadilha: louca pra saber Ela é esquisita Também você mente demais Ele está me patrulhando Para quem você vendeu seu tempo? Não sei dizer: fiquei com o gauche Não tem a menor lógica Mas e o trampo? Ele está bonzinho Acho que é mentira Não começa CESAR, A. C. A teus pés. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. [Fragmento] O título do poema de Ana Cristina Cesar antecipa a forma como o texto se constrói, o que se concretiza na estrutura sustentada pela A. expressão da crise existencial do eu lírico. B. fuga da ordem lógica da narrativa ficcional. C. ausência da possibilidade do tom confessional. D. criação de um diálogo dinâmico entre as personagens. E. acusação da diferença de gênero no caráter das falas. Alternativa D Resolução: O título “Conversa de senhoras” pressupõe que o poema de Ana Cristina Cesar abordará, de forma subjetiva e lírica, o diálogo de duas ou mais mulheres. Isso fica claro ao longo do texto pela alternância de turnos entre as senhoras, já que cada verso representa a fala de uma delas respondendo à outra, ainda que, em algumas passagens, elas mudem o assunto ou até mesmo parecem ignorar o que foi dito. A intenção da autora, aliás, pode ter sido justamente essa, a de reproduzir a frivolidade das conversas das senhoras de classe abastada. Está correta, portanto, a alternativa D. As demais alternativas não podem ser a resposta porque não descrevem a estrutura do texto interpretada a partir de seu título. A alternativa A está incorreta porque, no texto, não há um eu lírico definido nem um tom revelador de uma crise existencial entre as senhoras. ON-LINE 051SE02POR2019I A alternativa B está incorreta porque o texto é um exemplar do gênero lírico, logo não há o estabelecimento de uma narrativa, pois as personagens são apenas sugestivas, o tempo-espaço não está delimitado, e não há um enredo. A alternativa C está incorreta porque a ausência – ou presença – de um tom confessional não tem relação com o título nem com a forma do texto. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o texto reproduz somente falas de mulheres, como sugerido no título, não havendo, portanto, uma comparação com a fala de homens. QUESTÃO 15 Disponível em: <http://www.saude.gov.br/>. Na campanha anterior, foi empregada uma estratégia para levar o leitor a uma reflexão sobre o racismo no sistema de saúde, o que é marcado pela A. ambiguidade provocada pelo termo “saúde”. B. crítica ao silêncio mantido pela sociedade. C. utilização dos verbos no modo imperativo. D. obrigação de denunciar crimes raciais. E. postura séria e silenciosa do médico. Alternativa C Resolução: O texto é uma peça governamental cujo objetivo é promover a denúncia ao crime de racismo, e, para tal, emprega verbos no modo imperativo, que carregam sentido de ordem, sugestão ou orientação. Assim, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque o termo “saúde”, no contexto, não é polissêmico, referindo-se apenas à saúde física e psicológica do indivíduo. Seu uso, no entanto, remete ao campo semântico de hospitais, tema explorado em todo o texto. Já a alternativa B está incorreta porque a campanha não critica o silêncio da sociedade diante do racismo, mas convoca a população a não se calar e denunciar qualquer forma de discriminação vivenciada ou observada. Por sua vez, a alternativa D está incorreta porque não se pode falar, pela análise da campanha, em obrigação de denunciar crimes de preconceito racial, mas sim na tentativa de conscientização da população sobre esse assunto, incentivando – mas não obrigando – a denúncia. ON-LINE 219SE05POR2020X ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Por último, a alternativa E está incorreta porque, embora a postura séria do médico seja um elemento forte na construção da campanha, não é necessariamente um fator de persuasão, visto que, isolada, essa imagem não conseguiria transmitir a mensagem comunicativa desejada. Além disso, não se deve pensar em postura silenciosa, visto que, ao contrário, o que se objetiva é justamente incentivar a denúncia, ou seja, o não silêncio diante de crimes de racismo. Nesse sentido, nota-se que a usual imagem da enfermeira com um dedo levado à boca, indicando silêncio, é desconstruída para dar lugar à figura de um médico negro com o dedo afastado, sintetizando justamente a ideia de não fazer silêncio diante desses crimes. QUESTÃO 16 BECK, A. Disponível em: <https://tirasarmandinho.tumblr.com/>. Acesso em: 06 out. 2019. Na tirinha, ao associar o discurso da garota à ação que ela executa, o autor revela sua intenção de A. abordar a temática referente à desvalorização feminina com humor. B. justificar os elogios recebidos pelas mulheres em relação à beleza. C. comprovar que a capacidade feminina independe da aparência. D. mostrar como o discurso feminino é distante da realidade. E. promover a dinamicidade de movimento da cena ilustrada. Alternativa C Resolução: O discurso da garota é de que as mulheres são muito mais do que sua aparência física revela, sendo capazes de ações e comportamentos ignorados quase sempre pelas pessoas. Enquanto conversa com o amigo, a garota faz embaixadinhas com uma bola – atividade geralmente associada ao grupo masculino – e aplica um “chapéu” (drible) no garoto, comprovando seu discurso e ilustrando uma situação em que as mulheres podem ser admiradas pelas suas habilidades. Está correta, portanto, a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque, embora as tirinhas da personagem Armandinho muitas vezes tragam um viés humorístico, não é o que se observa no caso em análise, que não utiliza elementos cômicos, até mesmo pela seriedade do assunto de que trata. A alternativa B está incorreta porque não é a intenção do autor justificar os elogios recebidos pelas mulheres, mas criticar esse padrão de comportamento, ilustrando uma situação em que uma mulher demonstra capacidades e habilidades geralmente associadas à figura masculina, quebrando paradigmas de construção de gênero ao fazer isso. A alternativa D está incorreta porque, ao contrário do afirmado, o discurso da garota é coerente com a realidade, tanto que ela comprova sua habilidade com a bola, mostrando-se digna de elogios sem relação com sua aparência física. ON-LINE 219SE02POR2020III Por fim, a alternativa E está incorreta porque, embora, de fato, a ação da garota confira maior dinamicidade à cena, mostrando o movimento que acontece com a manipulação da bola, essa ação não foi incluída na cena apenas com esse objetivo,mas sim com intuito de demonstrar a capacidade da garota. QUESTÃO 17 Em tempos de politicamente correto, em que o etarismo desponta como a próxima bola da vez, é arriscado sugerir que a velhice seja algo deplorável. David Sinclair, porém, não apenas não enaltece a “melhor idade” como ainda a classifica como uma moléstia que precisa ser extirpada. O que separa Sinclair de um genocida ordinário é que ele não pretende eliminar os velhos, mas sim os processos biológicos que dão causa à senescência. Sinclair, como o leitor já deve ter intuído, é um cientista. Na verdade, é um dos mais reputados especialistas em envelhecimento, comandando laboratórios de genética em Harvard e na Austrália. Seu mais recente livro, Lifespan, é uma daquelas obras em que o otimismo é tão denso que dá para tocá-lo. Para o autor, estamos muito perto de fabricar uma pílula que nos permitirá viver bem além dos cem anos e com muita saúde, isto é, sem as moléstias que hoje vêm com a idade, como cânceres e demências. Quem não quiser esperar já pode recorrer a mudanças de hábitos, que incluem passar fome e frio, e ao uso “off-label” de alguns medicamentos que já estão no mercado. SCHWARTSMAN, H. O fim da velhice. Disponível em: <https:// www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 25 fev. 2020. [Fragmento adaptado] A partir dos parágrafos introdutórios expostos anteriormente, constata-se que o objetivo comunicativo do texto é A. resenhar uma obra científica que aborda uma perspectiva polêmica. B. corroborar as sugestões terapêuticas do médico em questão. C. criticar os posicionamentos polêmicos do cientista nomeado. D. refutar a ideia citada de que o envelhecimento é reversível. E. resumir as pesquisas de Sinclair de forma técnica e isenta. Alternativa A Resolução: No fragmento, ambos os parágrafos introduzem um artigo cujo objetivo é tecer uma crítica sobre o livro escrito pelo cientista David Sinclair, chamado Lifespan. No primeiro parágrafo, de forma geral, o articulista apresenta Sinclair e as ideias que ele defende; no segundo, ele descreve e critica as ideias do cientista na obra analisada, como é comum ao gênero textual resenha. Assim, está correta a alternativa A. As alternativas B, C e D estão incorretas porque o articulista não tem lugar de fala para confirmar ou negar as proposições de David Sinclair. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o autor do texto também não resume as pesquisas do cientista, mas apenas critica uma de suas obras, o que não acontece de forma isenta, já que a opinião é expressa. ON-LINE 050SE04POR2020II LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 18 Aproximei-me da janela. O sopro do vento era ardente como se a casa estivesse no meio de um braseiro. Respirei de boca aberta agora que ele não me via, agora que eu podia amarfanhar a cara como ele amarfanhara o papel. Esfreguei nela o lenço, até quando, até quando?!… E me trazia a infância, será que ele não vê que para mim foi só sofrimento? Por que não me deixa em paz, por quê? Por que tem que vir aqui e ficar me espetando, não quero lembrar nada, não quero saber de nada! Fecho os olhos. Está amanhecendo e o sol está longe, tem brisa na campina, cascata, orvalho gelado deslizando na corola, chuva fina no meu cabelo, a montanha e o vento, todos os ventos soprando. Os ventos! Vazio. Imobilidade e vazio. Se eu ficar assim imóvel, respirando leve, sem ódio, sem amor, se eu ficar assim um instante, sem pensamento, sem corpo… TELLES, L. F. Verde lagarto amarelo. In: ______. Antes do baile verde. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. [Fragmento] No fragmento do conto de Lygia Fagundes Telles, o trecho que realça a prosa poética é: A. “Esfreguei nela o lenço, até quando, até quando?!...” B. “Por que não me deixa em paz, por quê?” C. “Fecho os olhos. Está amanhecendo e o sol está longe […].” D. “Os ventos! Vazio. Imobilidade e vazio.” E. “[...] se eu ficar assim um instante, sem pensamento, sem corpo…” Alternativa D Resolução: O trecho “Os ventos! Vazio. Imobilidade e vazio” transmite uma ideia de transição na narrativa, que incorpora expressões poéticas que funcionam mais como versos do que como frases com sentido e estrutura completa, por isso está correta a alternativa D. Entre os demais fragmentos citados, também se nota o emprego da linguagem figurada – marcadamente na alternativa E –, mas não há subjetividade e lirismo, por isso as outras alternativas estão incorretas. QUESTÃO 19 No imenso metro entre nós Talvez você não seja mais que isto: alguém, de costas, tenta acender um cigarro ao vento. Um oceano abstrato vem bater em nosso quarto. É preciso cuidado, não são poucas e são altas suas ondas; escuto, mas quem compreenderia a valsa dos afogados, feita de uma boca intraduzível? O vento dispersa o que eu diria, não chego a você, a seus ouvidos; assim também minha mão que desmorona antes de alcançar seu rosto onde do que entre nós alguma vez foi nítido embaraçam-se ON-LINE 051SE04POR2019I ON-LINE CALIBRADA_POR os fios; o vento derrama seus olhos para longe, dessalga e seca nos meus a hipótese da queixa; Vento da noite, que espalha suas pedras negras no imenso metro entre nós. Talvez o mundo mais perfeito seja apenas isto: Você, enfim, acende seu cigarro. FERRAZ, E. Escuta. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. Em geral, o texto poético vale-se de uma linguagem predominantemente subjetiva, que pode se manifestar pela presença de figuras de linguagem. No poema de Eucanaã Ferraz, a personificação é uma dessas figuras de linguagem, identificada em: A. “alguém, / de costas, tenta acender um cigarro ao vento.” B. “Um oceano abstrato vem bater em nosso quarto.” C. “mas quem compreenderia a valsa / dos afogados, feita de uma boca intraduzível?” D. “do que entre nós alguma vez foi nítido embaraçam-se / os fios” E. “Talvez o mundo mais perfeito seja apenas isto” Alternativa B Resolução: Personificação é a figura de linguagem pela qual se expressa a atribuição de uma ação ou característica humana a um objeto ou ser inanimado. No verso citado na alternativa B, o oceano, definição de uma grande expansão de água salgada sobre a superfície do planeta Terra, algo denotativamente inanimado, bate na porta do quarto do eu lírico, como faria uma pessoa. O verso, bem como todo o texto, é permeado por muita linguagem figurada, dada a sua natureza poética, portanto seu conteúdo é metafórico e sugestivo. As demais alternativas estão incorretas porque não empregam o recurso discursivo da personificação, mas sim linguagem denotativa (A), metáfora (C e D) e comparação (E). QUESTÃO 20 O padre limpando a igreja. Entra João Grilo e Chicó. Padre: Eu benzer a cachorra? Deixem de besteira! Não benzo de jeito nenhum! João Grilo: Sempre disse a Chicó que o Senhor não benzia... benze, não benze? Padre: Não benzo! João Grilo: É, motor do major Antônio Morais o senhor benze… Padre: Motor todo mundo benze, agora cachorra… Nunca ouvi dizer que alguém já benzeu cachorra… Não benzo! João Grilo e Chicó vão saindo da igreja. João Grilo: É, Chicó… motor de Antônio Moraes se benze… cachorra de Antônio Moraes não se benze. ON-LINE 051SE01POR2019I ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Padre: Como é que é? João Grilo: É que a cachorra também é de Antônio Moraes…. Eu bem que disse a Chicó que o padre ia ficar bravo! Padre: Bravo nada, João! João Grilo: Então o Senhor benze, não é? Padre: Diga a Antônio Mores que traga a cachorra! Chicó e João Grilo saem da igreja. SUASSUNA, A. Auto da Compadecida. 26. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1993. [Fragmento] As questões sociais são tratadas com humor crítico por Ariano Suassuna em Auto da Compadecida. O gênero dramático auto permite ao autor colocar o protagonista como herói vicentino medieval de caráter popular, papel que lhe garante A. explicitar a compaixão do padre, que, apiedado,dá a benção à cachorra. B. obedecer ao representante divino, o que aprendeu na didática religiosa. C. propagar a tradição romântica, que coloca a posição do padre como alguém sempre amoroso. D. questionar a moral das instituições, que aceitam a benção do animal pelo prestígio de seu dono. E. expor a impaciência do padre para solicitações incomuns, que são feitas pelas pessoas cotidianamente. Alternativa D Resolução: Por meio do humor, o texto critica os hábitos, costumes e morais da sociedade que retrata, o que evidencia características do gênero dramático auto. No fragmento, a atitude do padre – que simboliza a igreja católica – de benzer uma cachorra e um motor com base na identidade do proprietário revela o interesse por trás de suas ações, capazes de seguir ou não os dogmas da religião conforme a conveniência. Como a personagem de João Grilo é quem expõe o vício do padre, numa demonstração da correção da sua personalidade, ele encarna a figura do herói, por isso está correta a alternativa D. As outras alternativas estão incorretas porque não expõem atitudes compatíveis com a de um herói, segundo a tradição greco-romana. QUESTÃO 21 Velha a Chen Te – É uma mocinha da roça, nossa parenta. Esperamos não estar sendo demais para você. Quando você morava em nossa casa, nós não éramos tantos, não se lembra? Depois é que nós fomos aumentando. Quanto pior corriam as coisas, mais a família aumentava; e quanto mais a família aumentava, as coisas pioravam. Agora acho melhor trancar a porta, senão a gente não vai ter descanso. Ela tranca a porta e sentam-se todos. A coisa mais importante é não atrapalharmos você nos seus negócios; do contrário, como é que a chaminé vai fumegar? [...] Cantam a “Canção da Fumaça”: Avô – Outrora, antes de ter brancos os meus cabelos, Eu, com a inteligência, pensava me dar bem; Hoje sei que não há inteligência que chegue Para manter cheia a barriga de ninguém. ON-LINE 188SM14POR2019VI Por isso, eu digo: Deixa! Como a parda fumaça Que vai sumindo cada vez mais fria, É assim que a vida passa! [...] BRECHT, B. A alma boa de Setsuan. Tradução de Geir Campos e Antônio Bulhões. São Paulo: Paz e Terra, 1992. [Fragmento] O teatro de Bertold Brecht pode ser visto como uma experiência sociológica, buscando evidenciar aspectos controversos da sociedade que representa, de modo a despertar a reflexão em seus espectadores. O fragmento de A alma boa de Setsuan evidencia essa proposta pela crítica ao(à) A. aumento da taxa de mortalidade como consequência da miséria. B. crescimento desordenado das cidades advindo da alta natalidade. C. valorização das relações clientelistas devido à cobrança de favores. D. êxodo rural advindo da falta de oportunidades de trabalho no campo. E. exploração da mão de obra resultante do processo de industrialização. Alternativa E Resolução: O fragmento de A alma boa de Setsuan evidencia a crítica às relações trabalhistas estabelecidas na Europa em meados do século XX. Na metáfora construída por Bertold Brecht, a sociedade é movida pelo trabalho, que faz a “chaminé fumegar”. A crítica se reforça na letra da “Canção da fumaça”, que retrata a exaustiva situação do trabalhador devido à exploração de sua mão de obra. Tal situação exaure sua vida, que “como a parda fumaça” se esvai. Desse modo, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois a morte está relacionada à exaustão pelo trabalho. A miséria é pintada como o contexto que arrasta o trabalhador para essa situação de exploração. A alternativa B está incorreta, pois o fragmento retrata a condição da classe operária, que, quanto mais cresce, piores condições de vida e de trabalho encontra. A alternativa C está incorreta, pois a fala da velha estabelece a suposta dívida moral de Chen Te com a família, tendo em vista que ela também recebeu abrigo no passado. No entanto, a relação estabelecida não remete à política do clientelismo, que visa ao favorecimento político. Finalmente, a alternativa D está incorreta, pois a velha relata o esgotamento dos recursos da família devido ao seu crescimento exagerado. QUESTÃO 22 O diálogo interdiscursivo e cultural convida os representantes contemporâneos da crítica a romper os limites disciplinares e a se lançarem no espaço heterogêneo das produções artísticas e midiáticas. Há muito essas barreiras já começaram a se diluir, comprometendo a defesa da homogeneidade dos discursos e se opondo à crítica voltada apenas para a elucidação dos procedimentos literários, esquecendo-se de compreendê-la como integrante de uma visão cultural capaz de atingir outros aparatos e desdobramentos. SOUZA, E. M. Crítica literária e formas massivas de acessar literatura. Disponível em: <https://www.suplementopernambuco.com.br>. Acesso em: 12 dez. 2019 (Adaptação). ON-LINE 287SE04POR2020X LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O verbo “haver”, no segundo período do fragmento, desempenha a função de A. destacar a noção de existência e conectar o verbo ao objeto direto. B. ressignificar o ato de “fazer” e tornar-se o sujeito da oração destacada. C. registrar a norma-padrão e construir a noção de passado indefinido. D. universalizar a comunicação e aproximar o leitor pela linguagem formal. E. apontar para a temporalidade da ação e especificar a ocorrência dos eventos. Alternativa C Resolução: Na oração analisada – “Há muito essas barreiras” –, o verbo “haver” é usado para indicar a passagem de tempo. Esse emprego do verbo “haver”, bem como sua concordância no trecho, está de acordo com a norma-padrão. Como o fragmento não delimita quanto tempo se passou, esse passado torna-se indefinido. Por isso, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois, ao indicar circunstância temporal, a oração apresenta sujeito inexistente. A alternativa B está incorreta, pois o verbo “haver”, nessa ocorrência, tem sentido igual ao de “fazer” indicando passagem de tempo; além disso, essa oração não possui sujeito. A alternativa D está incorreta, pois a conjugação está adequada, mas a linguagem não aproxima o texto do leitor; além disso, a escolha do verbo “haver”, em detrimento do “fazer”, indica uma escolha pela variante padrão, uma vez que esse registro é mais recorrente nos textos escritos e de circulação em suportes como revistas especializadas, de onde o texto foi retirado. A alternativa E está incorreta, pois, ainda que fique explícita a marca temporal, o verbo não indica ação nem especifica quando esta ocorreu. QUESTÃO 23 TEXTO I Disponível em: <https://sjcdh.rs.gov.br>. Acesso em: 11 dez. 2019. ON-LINE 287SE04POR2020XVIII TEXTO II “Frequentemente a pessoa idosa se cala sobre os abusos físicos que sofre e se isola para que outros não tomem conhecimento desse tipo de violência, prejudicando assim sua saúde mental e sua qualidade de vida”, explica Maria Cristina Hoffmann, coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa, do Ministério da Saúde. Ela conta que as estatísticas mostram que, por ano, cerca de 10% dos idosos brasileiros morrem por homicídio. Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br>. Acesso em: 11 dez. 2019. [Fragmento] A comparação entre ambos os textos permite a inferência de que a informação presente no texto II está implícita na imagem do texto I, uma vez que A. a bengala permite o andar firme. B. a bengala obstrui a boca do idoso. C. a fisionomia remete à idade do sujeito. D. os óculos denotam a fragilidade do idoso. E. os olhos expressam o sofrimento da pessoa. Alternativa B Resolução: A fala da coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa, no texto II, explicita o silenciamento dos idosos violentados, o que, na imagem do texto I pode ser percebido pela posição atípica da bengala (objeto usado para auxiliar, comumente, o andar já fragilizado de pessoas com idade bastante avançada – o que se vê pelo caráter senil do indivíduo retratado:manchas na pele, rugas, necessidade de óculos para auxiliar a visão já cansada pelo uso ao longo dos anos, etc.), na frente da boca. Com essa imagem, se constrói a ideia de silenciamento, pela obstrução da boca / voz, portanto a alternativa correta é a B. As demais alternativas estão incorretas porque não capturam a ideia de que a bengala simboliza o silenciamento dos idosos violentados, como exposto nos textos em análise. QUESTÃO 24 QUINO, J. L. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003. No último quadrinho da tirinha, existem duas ocorrências do pronome “se”. Com relação à sua classificação sintática, eles A. complementam o sentido dos verbos. B. retomam o emissor da mensagem. C. integram uma locução verbal. D. indicam voz passiva sintética. E. realçam as ações verbais. Alternativa A Resolução: O quarto quadrinho apresenta três ocorrências da palavra “se”: a primeira tem a classificação morfológica de conjunção, e as outras, de pronome. Na primeira ocorrência como pronome, sua função sintática é ON-LINE 059SE01POR2020IV ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO de objeto direto do verbo transitivo direto “lembrar”. Basta pensar que “quem encontra encontra alguém”. No caso em análise, “a gente” encontra “a gente”, ou seja, si mesmo. Por isso, usa-se o pronome “se” com sentido reflexivo, substituindo “a gente”, com função sintática de complemento verbal. Na sua segunda ocorrência como pronome, a palavra “se” substitui “você” e tem também função de objeto direto. Por isso, a resposta correta é a alternativa A. QUESTÃO 25 EDUARDO – Tenho pressa, não posso esperar. Queres ir hoje ao Teatro Lírico? CARLOTINHA – Não, não estou disposta. EDUARDO – Pois representa-se uma ópera bonita (Enche a carteira de charutos). Canta a Charton. Há muito tempo que não vamos ao teatro. CARLOTINHA – É verdade; mas quem nos acompanha é você, e seus trabalhos, sua vida ocupada... Depois, mano, noto que anda triste. EDUARDO – Triste? Não, é meu gênio; sou naturalmente seco; gosto pouco de divertimentos. CARLOTINHA – Mas houve um tempo em que não era assim; brincávamos, passávamos as noites a tocar piano e a conversar; você, Henriqueta e eu. Lembra-se? EDUARDO – Se me lembro!... Estava formando há pouco, não tinha clínica. Hoje falta-me o tempo para as distrações. ALENCAR, J. O demônio familiar. In: ______.Obra Completa. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1960. [Fragmento] Nessa peça de José de Alencar, além do enredo, está presente, também como elemento da tipologia narrativa, o(a) A. diálogo, construído com o clímax e o desfecho implícitos. B. linguagem coloquial, marcada por vocativos e verbos imperativos. C. incorporação de personagens alegóricas, explícitas em tipos sociais. D. delimitação espacial, evidente na menção a locais situados numa cidade. E. caracterização das personagens, destacada em suas condutas e seus interesses. Alternativa E Resolução: As personagens, com suas caracterizações, são um elemento constitutivo da tipologia narrativa. No texto teatral, o leitor (que também é espectador, no caso das encenações e adaptações) é levado a conhecê-las por meio de suas falas, familiarizando-se com seus atributos físicos e psicológicos pelos discursos diretos e indiretos – o que, no caso de outros gêneros, pode ser feito também pelo narrador. Logo, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois não há exigência de diálogo nas narrativas, e, mesmo no texto teatral, no qual é hegemônico, o diálogo não é necessariamente obrigatório, pois há presença de rubricas, por exemplo. A alternativa B está ON-LINE 287SE04POR2020XIX incorreta, pois o uso da linguagem coloquial, ainda que seja comum em narrativas, não caracteriza a tipologia textual. A alternativa C está incorreta, pois personagens que constroem tipos e alegorias, apesar de presentes no texto, não se apresentam como elemento estrutural de uma narrativa. A alternativa D está incorreta, pois a delimitação do espaço não é o que determina a tipologia narrativa; assim, no fragmento, a simples menção a lugares da cidade não é o bastante para associar o texto a essa tipologia. QUESTÃO 26 Primeiro emprego: justiça e autonomia A busca pelo primeiro emprego é uma experiência que marca a história de muitas pessoas. A vontade de ganhar o próprio dinheiro vem acompanhada da grande expectativa pela independência e, em muitos casos, considerando as dificuldades nos lares brasileiros, representa a chance de poder colaborar com o orçamento da família. Cada situação envolve uma particularidade, mas em todas elas nem sempre a expectativa corresponde à realidade. E o principal motivo é que o jovem que busca sua primeira oportunidade no mercado formal de emprego não tem a experiência exigida por esse mesmo mercado. O que mostra que há uma lacuna a ser preenchida na legislação para dar a essa parcela da população oportunidades iguais, fazendo justiça e abrindo espaço para profissionais que, em médio prazo, contribuirão com sua força de trabalho para o desenvolvimento do país. PAMPLONA, T. Primeiro emprego: justiça e autonomia. Disponível em: <https://odia.ig.com.br>. Acesso em: 13 dez. 2019. [Fragmento] Com o intuito de introduzir a tese defendida, esse primeiro parágrafo, retirado de um artigo de opinião, recorre à estratégia de A. descrição subjetiva do assunto. B. exposição de dados do mercado. C. apresentação panorâmica do tema. D. caracterização genérica dos jovens. E. relato pessoal sobre o desemprego. Alternativa C Resolução: O texto se inicia com o relato de uma situação cotidiana, vivenciada por diversos jovens no país, e, portanto, capaz de gerar identificação com o leitor. Em seguida, é ressalvado que, apesar de ser uma circunstância comum, cada caso apresenta particularidades. Por fim, a tese é defendida explicitando que aquele é um tema complexo e que precisa de atenção, construindo-se, assim, uma apresentação panorâmica, o que torna correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois a descrição do assunto é genérica, fazendo apenas um adendo de que a situação descrita é comum, mas apresenta particularidades em cada caso. A alternativa B está incorreta, pois os dados apresentados não são referenciados – apenas são mencionados quanto a serem maioria ou minoria de ocorrências. A alternativa D está incorreta, pois é a situação que é generalizada, e não os jovens. A alternativa E está incorreta, pois a narrativa sobre o desemprego dos jovens é feita de maneira impessoal pelo autor. ON-LINE 287SE04POR2020VII LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 27 Eu sei, mas não devia Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir
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