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RHYAN REDON DE SANT’ ANNA (2022301431) 1 “Aquele que não senta para estudar, jamais se levantará para ensinar” (frase posta na biblioteca do IME) 2 RESOLUÇÃO DE CASO (N1) POR RHYAN REDON DE SANT’ ANNA (2022301431) 3 Avaliação realizada com finalidade de obtenção de 60 % da nota para aprovação na matéria Propriedade Imobiliária no Ordenamento Jurídico Brasileiro do curso de pós-graduação em Direito imobiliário. 4 O Caso. João Batista formalizou um contrato particular de compra e venda de um imóvel urbano, na data de 15/01/2019. O imóvel situa-se na cidade de Campina da Lagoa, no Paraná, e pertence ao espólio de Marcos Silva. O valor foi definido entre as partes: R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), parcelados em duas vezes de R$ 100.000,00 (cem mil reais), com vencimento da primeira prestação em 30/05/2019 e, da segunda, em 30/06/2019. Estipulou-se também, no presente contrato, que o pagamento a ser realizado por João Batista estava condicionado à obtenção de alvará de funcionamento de casas de show, pela prefeitura do município do imóvel. No entanto, não houve qualquer pacto referente ao direito de arrependimento ou cláusula de irretratabilidade. Após a assinatura e o reconhecimento de firma pela viúva meeira do espólio e pelos herdeiros, o contrato foi levado para o Registro de Títulos e Documentos, em 05/02/2019. No entanto, em 25/02/2019, os herdeiros do espólio de Marcos Silva enviaram uma notificação para João Batista por meio do Cartório de Títulos e Documentos: era a rescisão do contrato realizado. Entretanto, em 07/05/2019, os herdeiros do espólio de Marcos Silva levaram ao Cartório de Registro Notarial e Registral de Campina da Lagoa uma Escritura Pública de Cessão de Direitos Hereditários, cedendo o imóvel para Lucas e à esposa, o que foi devidamente registrado na matrícula do imóvel. Ressalte-se que Lucas e sua esposa desconheciam o contrato celebrado entre João Batista e os herdeiros. João Batista sentindo-se lesado e procura assistência jurídica para resolver o imbróglio. Considerando o caso narrado, o contrato entre João Batista e os herdeiros de Marcos Silva tem eficácia contra terceiros? 5 1 – Introdução: No caso em que o contrato de compra e venda de imóvel venha a ser celebrado e registrado no Registro de Títulos e Documentos (STJ, súmula 239), e posteriormente o seu cancelamento, com a intenção de uma nova transação imobiliária, registrada na matricula do imóvel, com base do art.1.245,§1, o queixoso terá legitimidade para requerer, com base no art.419 do CC, a execução do contrato, com as perdas e danos, desde que fique constatado a má-fé. 2 – Desenvolvimento: Depõe do art 1.228 “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”. Ou seja, o normativo legal ao regular o direito do proprietário ampara-se especificamente no critério de propriedade por seu titular. Por essa razão tão somente os reais proprietários podem realizar a venda do imóvel, sendo assim, somente o falecido Sr. Marcos Silva e sua viúva o poderiam alienar. Entretanto, devido ao advento de seu óbito, e por consequente, se faz necessária a abertura do processo de inventário do falecido, em prol de sua viúva, meeira e seus herdeiros. Com base no disposto e nos padrões da boa-fé, o requerente o Sr. João Batista firmou um contrato de promessa de compra na data de 15/01/2019, junto a viúva meeira e seus herdeiros e a registrou no Registro de Títulos e Documentos da cidade de Campina da Lagoa, no Paraná, cidade foro para essa transação imobiliária em 05/02/2019. A promessa em questão não possui cláusula de arrependimento, fazendo assim incidir sobre o contrato a Arras Confirmatórias (Arras ou Sinal – Teoria e Prática, p. 11, Paulo Roberto Xavier, UniCRECI – CRECI/RJ, 09/03/2021 – curso) , e tendo como tempo hábil para honrar o compromisso firmado, foi estipulada o parcelamento do valor em 2x (duas vezes) (CC. art.331, de 2002), atenuando-se a condição única e exclusiva a emissão de alvará de funcionamento de casa de show, pela prefeitura do município do imóvel, cabendo a mesma única e exclusivamente regular sobre tal assunto (Art. 182 e §1da CN de 1988 e Lei nº 10257/21 – Estatuto das Cidades). O cancelamento do contrato por parte dos herdeiros, com notificação de 25/02/2019, configura má-fé visto que o prazo total para a emissão de alvará de funcionamento de casa de show em Campina da Lagoa e de 37 (trinta e sete) dias (Art.11, § 2 da Lei 157 de 2012 de Campina da Lagoa- PR). O ato de má-fé atenua-se e comprova-se quando os herdeiros do falecido Sr. Marcos Silva, na data de 07/05/2019 levaram pessoalmente a registro no Cartório de Registro Notarial e Registral de Campina da Lagoa uma Escritura Pública de Cessão de Direitos Hereditários, em nome dos favorecidos o Sr. Lucas e sua cônjuge. 6 3 – Conclusão: Os donatários do imóvel, o Sr. Lucas e sua cônjuge, não podem ser responsabilizados por eventuais danos advindo do cancelamento do contrato de compra e venda entre o espólio e o queixante. Entretanto, cabe ação indenizatória do espólio para o queixante (art.419,CC de 2002), visto que o cancelamento se deu antes do tempo hábil (Teoria da perda de uma chance - REsp 1.291.247), para resposta de obtenção de alvará de funcionamento de casa de show, por parte do órgão público, responsável por tal feito. Item esse primordial e condicional para a formalização, pactuação do contrato e conclusão do mesmo. 7 https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1336307&num_registro=201102672798&data=20141001&formato=PDF https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1336307&num_registro=201102672798&data=20141001&formato=PDF 4 – Bibliografia - Referencias e Citações SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (Brasil). Sumula 239 de 28 de junho de 2000. O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis. Diário da Justiça: República Federativa do Brasil. Brasília, DF, p. 118 de 30 de agosto de 2000. BRASIL. Código Civil (2002) Art. 1.245 §1. Código Civil da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 10 de Janeiro de 2002. BRASIL. Código Civil (2002) Art. 331. Código Civil da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 10 de Janeiro de 2002. BRASIL. Código Civil (2002) Art. 419. Código Civil da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 10 de Janeiro de 2002. BRASIL. Código Civil (2002) Art. 413. Código Civil da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 10 de Janeiro de 2002. BRASIL. Constituição (1988) Art. 182 §1. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. BRASIL. Lei 10.257 de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 10 de julho de 2001. Arras ou Sinal – Teoria e Prática, p. 11, Paulo Roberto Xavier, UniCRECI – CRECI/RJ, 09/03/2021 – curso BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso especial. Responsabilidade Civil. Perda de uma chance. Descumprimento de contrato de coleta de células-tronco embrionárias do cordão umbilical do recém nascido. Não comparecimento ao hospital. Legitimidade da criança prejudicada. Dano extrapatrimonial caracterizado. Resp 1.291.247 de 19 de agosto de 2014. Relator: Ministro Paulo De Tarso Sanseverino. Diário da justiça eletrônico: República Federativa do Brasil. Brasília, df, documento1336307, de 01 de outubro de 2014. CAMPINA DA LAGOA, PR - BRASIL. Lei 157 de 23 de MARÇO de 2012.Dispõe sobre o plano diretor municipal de campina da lagoa, Estado do Paraná. Campina da Lagoa. Paraná, PR: Prefeitura Municipal, 23 de março de 2012. 8 https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1336307&num_registro=201102672798&data=20141001&formato=PDF
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