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EPIDEMIOLOGIA Epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações em saúde. A importância dos estudos epidemiológicos dá-se pelo fato de que a organização do sistema de saúde utiliza os conhecimentos do processo saúde-doença no coletivo ajuda a definir uma forma de produção nos serviços de saúde, voltada à priorização das ações sobre agravos e situações que se expressam de forma relevante. Esta relevância pode ocorrer de diferentes aspectos, como a magnitude, a vulnerabilidade, a importância política e social, a iniquidade na organização dos serviços, entre outros aspectos. É uma espécie de retrato das condições de saúde de uma população. Para compor este perfil precisaremos dos dados de nascimento, expectativa de vida, informações sobre mortalidade, morbidade, quais são as doenças que mais internam pessoas nos hospitais, quais as que mais mortes causam e quais os motivos de dias perdidos no trabalho. Para construir o perfil epidemiológico e estudar as condições de saúde de uma população, podemos (e precisamos) lançar mão das bases de dados disponíveis nos principais sistemas de notificação. Estes bancos de dados são de base populacional, quer dizer que se propõem a abranger todos os eventos daquela natureza existentes na população nacional: • SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade • SINASC – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos • SINAN – Sistema de Informações de Agravos sob Notificação • SIH – SUS – Sistema de registro das internações hospitalares do SUS • SIA – SUS – Sistema de registro de informações ambulatoriais. ~ ~ ~ ~ O processo saúde-doença é um conceito amplo, que requer entender que saúde não é somente a ausência de doenças, mas a possibilidade de acesso a uma vida em que as potencialidades do indivíduo sejam alcançadas: bom desenvolvimento físico e mental, acesso à educação de qualidade, proteção de contaminantes ambientais, condições de trabalho dignas, acesso ao lazer, espaços sociais, organização comunitária, expressão política, liberdade de expressão, e a lista seria infindável. Outros sistemas poderão também ser consultados, embora a sua abrangência não seja tão grande como a dos sistemas listados acima: • CIH – Comunicações de Internações Hospitalares (geral, mesmo sem vínculo com o SUS). • API – Sistema de Informações de Avaliação do Programa de Imunização. • SISAEDES – Sistema de Informação das Atividades de Vigilância e Controle de Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue e da febre amarela). • SISVAN – Sistema de Informações e Vigilância de Agravos Nutricionais (mede obesidade e condições nutricionais com enfoque especial em gestantes e em crianças). • SISPRENATAL – Sistema de Informações do Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento. • SIAB – Sistema de Informação sobre Atenção Básica (cadastro e acompanhamento da atenção no Programa de Saúde da Família). • SISCAM – Sistema de Informações do Câncer da Mulher. • HIPERDIA – Sistema de Cadastramento e Acompanhamento dos Hipertensos e Diabéticos. • RCBP – Registro de Câncer de Base Populacional. A mortalidade e morbidade são indicadores que podem ser utilizados tanto na saúde humana quanto veterinária, agindo, em ambos os casos, para a profilaxia de doenças, avaliação e planejamento de ações sanitárias e observação e constatação de epidemias. A mortalidade é útil para comparar localidades diferentes em relação à qualidade de vida e avanço sanitário, além de permitir comparar épocas diferentes. Entretanto, esse índice não mostra os avanços graduais comuns no curto prazo. A morbidade diz respeito aos indivíduos que adquirem doença em determinado local e época. Ela mostra o comportamento das doenças e dos agravos de saúde na população/rebanhos e tem como indicadores a prevalência e a incidência. Outra situação a ser medida, e de tanta importância como registrar o óbito, são os registros de morbidade, isto é, situações que afastam as pessoas do trabalho e provocam atendimentos nas unidades de saúde e hospitais. Algumas destas morbidades, você verá mais adiante, são as doenças de notificação compulsória como HIV, sífilis e hepatite. Observe que não somente as doenças transmissíveis são de notificação compulsória. Alguns tipos de câncer também o são. De vez em quando você vai encontrar a palavra morbimortalidade: isto quer dizer que estamos falando de todas as etapas deste processo em uma doença que pode ser mortal. O surto epidêmico define-se como a ocorrência da doença em uma região delimitada, como um bairro, um prédio ou uma creche. É a ocorrência da doença em um grande número de pessoas ao mesmo tempo” (CAMPOS, 2012, p. 338). A epidemia, às vezes, é percebida empiricamente pela população, como ocorreu com as pestes na Europa da Idade Média. A doença era bem definida e havia muitos sintomas comuns a todas as pessoas afetadas. Mas há outras epidemias que podem passar despercebidas, como a questão da obesidade infantil e obesidade em geral. Este é um fenômeno que está ocorrendo em massa, e as pessoas pouco estão se apercebendo dele. O SISVAN – Sistema Nacional de Vigilância em Alimentação e Nutrição está tentando monitorar esta situação, mas ainda faltam registros mais abrangentes. É a ocorrência coletiva habitual de uma doença que de tempos em tempos aparece na mesma população. Ou seja, é uma doença habitual daquele local. Diz-se dela que é endêmica naquela região. Um bom exemplo de endemia é a ocorrência de malária na região Norte do Brasil. É uma ocorrência epidêmica de larga distribuição espacial, atingindo várias nações” (CAMPOS, 2012, p. 340). Podemos citar como exemplos recentes a pandemia de gripe H1N1 e a sétima pandemia de cólera que ocorreu inclusive por vários anos aparecendo em vários países e continentes.
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