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ATIVIDADES AQUÁTICAS Ana Paula Maurilia dos Santos Hidroginástica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar a origem histórica e os conceitos aplicados à hidroginástica. � Enumerar elementos importantes para a estruturação de uma aula de hidroginástica. � Desenvolver programas de treinamento em hidroginástica para grupos especiais como as gestantes, terceira idade e obesos. Introdução Neste capítulo, você vai conhecer um pouco mais sobre o universo da hidroginástica. Também aprenderá sobre sua origem histórica e as par- ticularidades que a diferencia dos exercícios em terra, além de como deve ser a metodologia para o planejamento das aulas e os diferentes programas existentes. Basicamente, a estruturação de uma aula de hidroginástica inclui: aquecimento (com alongamento), parte principal (treinamento aeróbio e/ou localizado) e volta à calma (relaxamento e alongamento final). Essa sequência deve ser realizada de maneira segura, criativa e eficaz. De modo geral, sua prática não apresenta contraindicações e estudos com diferentes grupos especiais têm demonstrando sua eficácia. Hidroginástica: origem histórica e peculiaridades A origem das atividades aquáticas está atrelada à sua utilização com fins recreativos e curativos. Esses mesmos movimentos que anteriormente eram realizados de maneira informal, hoje estão relacionados a uma modalidade aquática, não competitiva, chamada hidroginástica. A prática esportiva, que também é conhecida como ginástica aquática ou aquaeróbica, pode ser en- tendida como uma prática corporal que utiliza o meio líquido para melhorar a aptidão física (FERNANDES, 2011). A origem da hidroginástica esteve atrelada à civilização romana no período compreendido entre 460 e 375 a.C., quando os povos viam os banhos como algo sagrado e com finalidades terapêuticas, como forma de “hidroterapia” (FERNANDES, 2011). Nos países europeus, nos séculos XVIII e XIX, os banhos mornos foram utilizados como hidroterapia para a recuperação e alívio de espasmos mus- culares, e, posteriormente, as temperaturas foram variadas, aprofundando o estudo sobre as propriedades físicas da água. Desse modo, pode-se afirmar que a hidroginástica derivou da hidroterapia, que surgiu na Alemanha para atender pessoas que precisavam realizar exercícios físicos de forma segura, sem risco de causar lesões. Naquela época, as aulas eram muito semelhantes à ginástica aeróbica, que foi introduzida no Brasil no final dos anos 1980 e teve como primeiros participantes os idosos, atraídos pelo baixo risco de lesão (FERNANDES, 2011). A diferença da hidroterapia e da hidroginástica é que a primeira trata-se de uma reabilitação individual para tratamento de lesões osteomusculares, por exemplo. Ela não possui características de “aula”, como a hidroginástica, que, além dos fins terapêuticos herdados da hidroterapia, possui um caráter descontraído, pois envolve música, diversão e prevenção de doenças. Uma das suas principais particularidades que difere a hidroginástica das atividades físicas realizadas em terra está no fato de ela proporcionar ao in- divíduo a influência direta das propriedades da água, favoráveis aos objetivos pretendidos com a prática (GALDI et al., 2004). Os mesmo autores também afirmam que, dentro da água, a ação muscular é concêntrica, e, portanto, é raro ocorrer dor muscular pós-exercício. Além disso, há a redução do impacto, que pode ser considerado um dos aspectos mais vantajosos da sua prática, uma vez que possibilita a exploração de exercícios com saltos sem que haja um estresse articular como ocorre no solo. Para Cerri e Simões (2007), a hidroginástica proporciona o aprimoramento da aptidão física, como força, flexibilidade, resistência muscular localizada e coordenação, além de promover a sociabilização, fator que pode ser conside- rado uma das principais motivações que levam as pessoas, particularmente Hidroginástica2 os idosos, a realizarem esse tipo de atividade. Souto et al. (2016) acrescentam que a hidroginástica tem sido procurada por idosos e apresenta benefícios como redução da frequência cardíaca, aumento do VO2 máximo, da massa muscular, da amplitude articular, do bem-estar físico e psíquico e melhora da função cognitiva. De modo geral, podemos considerar que a hidroginástica hoje faz parte de uma modalidade fundamentada no conceito de fitness, que tem como finalidade melhorias na saúde sob um aspecto fisiológico e funcional, e sob uma perspectiva da saúde mental, do bem-estar em geral e da socialização de seus praticantes. Estruturação da prática A prática de hidroginástica é constituída de movimentos aquáticos específicos realizados em pé e que se baseiam no aproveitamento da resistência da água como sobrecarga. Sendo assim, os diferentes movimentos influenciarão na intensidade de esforço, em que o grupo muscular envolvido é proporcional à intensidade imposta (OLKOSKI et al., 2013). Apesar de a hidroginástica ser favorável a todos os tipos de pessoas, o perfil dos praticantes e as metas a serem alcançadas são especificida- des que devem ser levadas em consideração no planejamento das aulas. Nesta, vale destacar a estrutura pedagógica da aula, que geralmente é comporta por: aquecimento (preparação do corpo para a realização dos movimentos), parte principal (realização de atividades específicas) e final (relaxamento de toda a musculatura) (GALDI et al., 2004). De acordo com a Acquatic Exercise Association (2014), o objetivo da estrutura da aula é facilitar o ingresso do corpo em um estado de exercício que, então, retorna gradualmente ao estado pré-exercício, sendo que cada componente serve a um objetivo fisiológico específico para minimizar o risco e melhorar o processo de treinamento. No Quadro 1, a seguir, você compreenderá a importância de cada uma dessas etapas. 3Hidroginástica Fonte: Adaptado de Galdi et al. (2004). Estrutura da sessão Características gerais Aquecimento Etapa essencial, com duração de 5 a 10 minutos. Prepara o corpo para a sobrecarga dos exercícios, mediante a adaptação do sistema cardiovascular, ajustes na temperatura corporal e pressão periférica. Parte principal Fase em que são propostos os exercícios dirigidos e determinados de acordo com a programação, com duração de 40 a 45 minutos. A ênfase está na melhoria da resistência aeróbia, força, resistência muscular localizada e flexibilidade. Parte Final Volta à calma, desaquecimento gradual, com 5 a 10 minutos de duração. Objetiva a diminuição da frequência cardíaca e da temperatura corporal. Quadro 1. Hidroginástica — estruturação pedagógica Segundo Galdi et al. (2004), essa estruturação possui características especí- ficas, e, por isso, são também aspectos que devem ser levados em consideração, como apresentado a seguir. � O aquecimento é iniciado como movimentos que envolvem todos os grupos musculares com exercícios simples e multidirecionais, para, em seguida, situar-se nas estruturas que irão compor a parte principal. Podem ser usados alongamentos estáticos (que preparam as articulações para a realização das atividades, ocasionando a produção do líquido sinovial e prevenindo possíveis lesões articulares) ou alongamentos dinâmicos (úteis para elevar a temperatura corporal e aumentar o aporte sanguíneo nos diferentes grupos musculares, e para provocar o aumento da ventilação pulmonar, como, por exemplo, quando se caminha de uma borda à outra da piscina movimentando os braços). Ainda no aqueci- mento, este pode ser concluído com a aplicação de algum jogo, para auxiliar na sociabilização da turma e trazer mais motivação à prática. � A parte principal é comporta por exercícios dinâmicos, que exigem movimentação contínua do praticante, para que ocorra um aumento Hidroginástica4 da frequência cardíaca (FC) em torno de 70% da FCmáx, justificando melhorias da aptidão física. As corridas de borda em borda, ou no lugar,podem ser utilizadas variando a movimentação dos braços, pernas (chutes) e tronco (giros), com elevação de joelhos ou o toque alternado de calcanhares no glúteo. Quando a resistência muscular localizada é priorizada, devem ser executados movimentos específicos para cada grupo muscular, intensificando o trabalho com o uso de acessórios como halteres, macarrão e bola. � Na parte final, o alongamento estático é recomendado sobretudo quando tenha ocorrido o trabalho de resistência muscular localizada, visando à diminuição da tensão e a prevenção de lesões. Nessa parte da aula também podem ser utilizados jogos recreativos, massagens terapêuticas e relaxamentos. Faverão (2018) salienta a importância da música e do lúdico numa proposta metodológica e nos faz refletir sobre a importância de o profissional ter novas possibilidades de trabalho e suprir, porventura, as delimitações de treinamento para hidroginástica, como estrutura total da aula, duração e intensidade de cada exercício, tempo e forma de recuperação. Acredita-se que a estruturação de metodologias direcionadas para as ativi- dades aquáticas, assim como os benefícios em vários aspectos, têm colaborado para a sua grande aceitação social (FERNANDES, 2011). O autor também cita os diferentes programas de hidroginástica existentes no mercado, como ac- quagym, ginástica aquática, hidroatividade, aquaeróbica, além das hidrova- riações, como o deep water (hidro sem tocar o pé no fundo da piscina); deep runner (corrida dentro da piscina, sem tocar no fundo), hidroioga, hidrodança, hidrocapoeira, hidro power; hidro local entre outras. No planejamento de uma aula de hidroginástica, é importante levar em consideração o processo de aprendizagem do movimento. Desse modo, para a ação efetiva dos movimentos, a demonstração dos exercícios propostos, juntamente com a instrução verbal, parece ser componentes básicos para a aprendizagem motora. Muitas vezes, o professor deverá “testar” se aqueles exercícios que propõe fora da piscina tem o mesmo resultado dentro dela, com a resistência da água atuando. 5Hidroginástica No Quadro 2 são apresentadas algumas sugestões de exercícios do projeto Aprender a Nadar, de acordo com a composição da aula descrita por Galdi et al. (2004). Quadro 2. Sugestões de exercícios Composição da aula Sugestões de exercícios Aquecimento Rotação de tronco; flexão alternada das pernas com elevação dos calcanhares; alongamento da parte posterior da coxa; rotação dos pés e pernas; circundução dos braços para frente e para trás; caminhada de borda a borda; jogo de bola ao gol. Parte principal (condicionamento aeróbio) Corrida simples de borda a borda; corrida com elevação dos joelhos; corrida com chutes (curtos) laterais e braços abrindo e fechando na altura do peito; corrida com calcanhares alternados nos glúteos, batendo palmas com os braços estendidos; corrida com mãos empurrando a água frontalmente; corrida com mãos empurrando a água para baixo; exercícios em duplas com saltos alternados, simultâneos; corrida com chutes curtos, laterais, frontais e traseiros; formação de trenzinho. Parte final (relaxamento) Caminhada com passadas largas; rotação do tronco passando as mãos suavemente pela água; alongamento de pernas em duplas (um apoia o outro para a sua execução); relaxamento em duplas (um segura o outro apoiando a cabeça e a região lombar para que o companheiro tenha seu corpo totalmente estendido e seguro sobre a água). Fonte: Adaptado de Galdi et al. (2004). Hidroginástica para grupos especiais Atualmente, a hidroginástica é procurada por diferentes grupos — idosos, gestantes, adultos —, e em diferentes contextos — clubes, academias e as- sociações — com diferentes objetivos e expectativas (FERNANDES, 2011). Hidroginástica6 Ao ministrar aulas de hidroginástica para grupos especiais, é importante que o professor de educação física compreenda as propriedades físicas da água e sua aplicabilidade, para que seus benefícios sejam potencializados naquelas pessoas. Idosos De acordo com Alves et al. (2004), em idosos, a hidroginástica apresenta muitas vantagens, pois o as propriedades físicas da água possibilitam um melhor rendimento dos exercícios e oferecem riscos menores à saúde. Em sua pesquisa, os autores verificaram que programas de hidroginástica corroboram com melhorias da aptidão física de idosos, como medida profilática importante no sentido de preservar e retardar ao máximo os efeitos do envelhecimento sobre a aptidão física, contribuindo também para a redução das taxas de mobimortalidade em idosos. No estudo de Teixeira et al. (2018) com 60 idosos praticantes de hidroginástica, foi verificado que a atividade contribui para melhora qualidade de vida dos praticantes, havendo uma grande motivação pelo fato de ser realizada em grupo, auxiliando na socialização e na formação de amizade entre os idosos. De acordo com Baun (2010), adultos que já passaram da meia-idade precisam de mais tempo para se aquecer e devem resfriar o corpo de forma mais gradual. É aconselhável se movimentar em um ritmo que permita manter a estabilidade musculoesquelética, com respiração plena e profunda. O treinamento de força é também importante para os idosos, sendo interessante incluir de 8 a 10 exercícios de fortalecimento e tonificação com 10 a 15 repetições de cada exercício, 2 ou 3 vezes por semana. Exercícios de equilíbrio são primordiais na sessão de treinamento para a prevenção de quedas em idosos, que é hoje um problema de saúde pública. É aconselhável aquecer lentamente e depois aumentar a intensidade aos poucos, monitorando o trabalho rumo a uma intensidade moderada. Quando necessário, deve-se reduzir a intensidade, de modo que a resistência seja reduzida aos poucos, movendo lentamente e minimizando sacolejos e pulos. Esse tipo de ação é necessária para resfriar o corpo no término da parte principal, já que uma cessação abrupta de exercícios vigorosos pode causar acúmulo de sangue nos membros, o que coloca tensão desnecessária no coração, enquanto o corpo se esforça para levar o sangue das extremidades ao tronco. Além disso, resfriar o corpo gradualmente é indicado para a prevenção de dor muscular pós-exercícios. 7Hidroginástica Gestantes Durante a gestação, a atividade física é uma prática segura e agradável. Estu- dos comprovam que a variação da frequência cardíaca no terceiro trimestre gestacional pode diminuir com a prática da hidroginástica, aumentando a atividade vagal e evitando possíveis intercorrências gestacionais como a pré-eclâmpsia (TAREVNIC et al., 2015). Além disso, na gestação, a hidro- ginástica possibilita o alívio de desconfortos comuns durante a gravidez, principalmente o inchaço nos pés e pernas em função da melhoria no retorno venoso. Pesquisas recentes têm demostrado que a imersão na água associada à prática de exercícios diminui significantemente o edema, a dor lombar, a fadiga e queixas gerais de desconfortos normalmente vivenciadas pelas gestantes (BENEVIDES et al., 2012). De acordo com Baun (2010), durante a gravidez, a mulher obtém um au- mento de peso gradual (entre 9 e 11 kg) e sustenta seu inevitável estresse sobre a região lombar. Desse modo, durante a gestação, faz-se necessário exercícios de fortalecimento muscular para que o aumento do peso corporal seja melhor sustentado e, após o parto, para ajudá-las a carregar o bebê. A autora cita um estudo no qual foram examinados os efeitos dos exercícios realizados em terra e na água, em mulheres grávidas. Foi concluído que exercitar-se na água reduz o estresse térmico, mantendo a temperatura da futura mão dentro de níveis mais seguros para o feto, com redução da frequência cardíaca e pressão sanguínea. A flutuabilidade da água é responsável pelo alívio do peso da gravidez, tornando-se uma opção mais confortável, além de eliminar o perigo de pulos ou trepidações. Obesidade Na obesidade, a hidroginástica se torna fundamental, uma vez que, atravésda sua prática, há o incremento do metabolismo basal, que se torna de extrema relevância no combate à obesidade, já que controla o percentual de massa gorda, melhora a eliminação de lipídios no sangue e diminui a tensão arterial. Os mesmos autores citam estudos que consideram que 1 hora de caminhada na água gera um gasto energético de até 525 calorias, ao passo que a mesma caminhada em terra queima até 240 calorias. Além disso, a caminhada na água apresenta a vantagem de diminuir o risco de lesão e as sensações de calor e suor. Hidroginástica8 De acordo com Baun (2010), para pessoas que precisam emagrecer a fim de recuperar a mobilidade e a boa saúde, a hidroginástica é a atividade mais indicada, uma vez que exercitar-se na água queima mais calorias em menos tempo do que executar exercícios similares em terra. Uma sessão de 30 mi- nutos na água equivale a uma sessão de 45 minutos em terra, o que faz da hidroginástica uma excelente forma de obter trabalho cardiorrespiratório com queima de calorias em uma base regular. Outros grupos especiais De acordo com Vieira, Porcu e Buzzo (2009), a hidroginástica mostrou-se um auxiliar terapêutico benéfico no tratamento do transtorno de ansiedade, com redução do nível de ansiedade no grupo de participantes, mostrando-se, portanto, um tratamento complementar eficaz. A prática influenciou também no estado de humor, evidenciando que o grupo praticante apresentou melhor perfil de saúde mental positiva. Estudos também mostram que a hidroginástica é considerada a melhor terapia para quem sofre com dores articulares, osteoartrite ou artrite reuma- toide. Exercícios regulares ajudam a manter as articulações em movimento, restaurando e preservando a flexibilidade e a força, ajudando a melhorar a coordenação e a resistência. A água proporciona um ambiente confortável para pacientes com artrite se exercitarem com suavidade e sem dor. A flutuabilidade auxilia na sustentação do corpo, reduzindo o estresse sobre as articulações e proporcionando maior amplitude de movimento (BAUN, 2010). Se a água morna alivia a artrite, significa que esse é o exercício mais apropriado, e a temperatura deve estar entre 28 e 31ºC antes de entrar na piscina. Já para pessoas com fibromialgia, os estudos têm demonstrado que a hidro- ginástica realmente pode ajudar na redução dos sintomas de dor e melhorar a qualidade de vida, a flexibilidade muscular e a força, reduzindo o desconforto causado pela doença (BAUN, 2010). Em pessoas com fascite plantar (dor aguda e intermitente ou intensa queimação no calcanhar ou na sola do pé), a hidroginástica também tem sido bastante recomendada, assim como para pessoas com esclerose múltipla, diabetes, etc. (BAUN, 2010). Baun (2010) cita algumas das rotinas específicas de exercícios aquáticos que podem ser desenvolvidas para alguns dos grupos especiais elencados acima, que necessitam de algumas precauções (Quadro 3). 9Hidroginástica Grupo especial Aquecimento térmico (5’) + Alongamento (5’) Parte principal: Exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular Alongamentos finais para resfriamento (10 a 15 minutos) Gestantes Começar lentamente, aumentando a intensidade de forma gradual. Exemplo: caminhada na água, corrida ou marcha com elevação do joelho, alongamento região lombar, etc. Aquecer de forma gradual, manter um ritmo moderado e resfriar lentamente (p. ex., passada lateral ampla). Exercícios de flutuação (p. ex., com espaguete, esqui aquático). No fortalecimento muscular, comece devagar, aumentando gradualmente (p. ex., Flexão e extensão do braço). Alongamentos, mantendo-se na posição por 20 a 30 segundos. Idosos Escolher a intensidade de exercícios apropriada ao nível de aptidão física do idoso. Alinhamento corporal correto, corrida e pedaladas leves. No alongamento, evitar ir além da amplitude normal. Começar lentamente, elevar a intensidade de forma gradual até a intensidade moderada. Nos últimos 10 minutos, reduzir gradualmente a intensidade. No fortalecimento, executar de forma constante e controlada, iniciando com 8 repetições e aumentando para 16 ou mais. Completar todos os alongamentos finais e de resfriamento, mantendo um alinhamento corporal correto. Alongar por 10 a 30 segundos. Não executar movimentos que causem desconforto extremo. Quadro 3. Rotinas específicas para grupos especiais (Continua) Hidroginástica10 Fonte: Adaptado de Baun (2010). Quadro 3. Rotinas específicas para grupos especiais Grupo especial Aquecimento térmico (5’) + Alongamento (5’) Parte principal: Exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular Alongamentos finais para resfriamento (10 a 15 minutos) Artrite Aquecimento breve, como caminhada na água, corrida ou marcha com elevação dos joelhos. Realizar alongamentos que considerar confortáveis, nunca dolorosos, mantendo alongado levemente por 10 segundos. Exercícios aeróbicos com flutuação é opcional. Exercícios para ampliar movimentos e de fortalecimento se fazem necessários (p. ex., tesouras laterais flutuantes). Alongamentos estáticos, mantendo as posições de alongamento por 20 segundos. Fascite plantar Aquecimento térmico de 5 minutos, alongamento mantendo a posição por 10 segundos. Atenção especial aos alongamentos com ênfase nos membros inferiores. Evitar movimentos com pulos até não sentir mais crises de dor, até recuperação total e até os sintomas não serem mais agravados por saltos. Indicado exercícios em flutuação. Incluir movimentos de fortalecimento e tonificação quando não houver mais sintomas, concentrando-se na flexão dos dedos do pé, extensão dos tornozelos, elevação dos dedos do pé, etc. Alongamento mantendo-se em cada posição por 20 segundos. Alongamentos que apresentam maior desafio para os músculos que controlam a solo do pé são indicados na última sequência, a fim de garantir que eles estejam alongados e preparados para o seu papel de estabilização da postura ereta. (Continuação) 11Hidroginástica Em idosos, têm-se a opção de começar com 5 a 10 minutos de exercícios aeróbicos e adicionar gradualmente 1 minuto a cada semana. Em pessoas com obesidade, não foram elencadas medidas preventivas; no entanto, acredita-se que quanto maior a intensidade do exercício aquático, maior o gasto calórico, o que favorece o emagrecimento. Porém, deve-se estar atento a outras comor- bidades que podem estar associadas à obesidade, como hipertensão e diabetes. Programa de hidroginástica para todos os grupos De acordo com a Acquatic Exercise Association (2014), para a elaboração de programas de liderança em hidroginástica, faz-se necessário, além da atenção especial aos elementos de composição da aula (aquecimento, parte principal e parte final), um entendimento sobre a variação no formato do programa e a que grupo eles serão destinados. Treinamento em circuito: Chamado de treinamento por estação, sendo que as estações podem ser cardiorrespiratórias, de condicionamento muscular, de flexibilidade ou de qualquer combinação. Deve ser guiado pelo instrutor, havendo um tempo de permanência em cada estação. Treinamento intervalado: Composto por uma série de ciclos de trabalho que incluem segmentos de alta e de baixa intensidade. Exercício de dança aquática: Sequência de coreografia mais altamente de- senvolvida e que pode incorporar movimentos orientados para a dança. São ensinados segmentos de combinação durante o aquecimento para preparar os alunos para o que está à frente. Condicionamento físico em piscina funda: Opção de exercício sem impacto, que permite a amplitude total de movimentos sem restrições, podendo ser realizado por alunos de todas as alturas. Step aquático: Trata-se de um programa de condicionamento físico que in- corpora degraus para subir e descer durante uma parte da aula. Hidroginástica12 Caminhadas vigorosas compassos largos: Pode ser utilizada como aqueci- mento, relaxamento ou formato inteiro da aula, com a elaboração de padrões de caminhada. Condicionamento muscular: Foca na força e resistência muscular, com atividades de alongamento e flexibilidade. Geralmente, utiliza equipamentos a fim de promover resistência adicional para sobrecarga contínua no músculo. Kickboxing aquático: Treino intervalado que usa mudanças de velocidade e resistência para criar ciclos de treinamentos eficientes. Há chutes, socos e bloqueios. Ciclismo aquático: Com bicicletas estacionárias, tem se tornado uma opção para o treinamento em grupo, personalizado ou reabilitação, indicado para todos os níveis de habilidade. Pré e pós-natal: Para mulheres na gestação, de maneira segura e confortável. Programas para artrite: O foco está em readquirir e manter a amplitude de movimento e as habilidades funcionais sem comprometimento da segurança. Ai chi: Combinação de respiração profunda e movimentos lentos. Pilates, tai chi e ioga aquáticos: Exercícios adaptados dessas modalidades, com foco nas técnicas de respiração, força de core, ativação muscular, ali- nhamento corporal e flexibilidade. Diante do contexto, podemos pressupor que “[...] diretrizes gerais são recomendadas para a formatação de aulas com concessões para considerações ambientais, variações de programas e objetivos e habilidades dos alunos [...]” (ACQUATIC EXERCISE ASSOCIATION, 2014, p. 175). Além disso, vale ressaltar que a água pode realmente oferecer algo a todos, desde alunos sem condicionamento até atletas de elite à grupos especiais. Os benefícios possíveis incluem ganhos de força, flexibilidade e benefícios cardio- vasculares. Para tanto, o planejamento da aula se torna de suma importância, devendo incentivar a criatividade e, ao mesmo tempo, efetividade e diversão. 13Hidroginástica ACQUATIC EXERCISE ASSOCIATION. Fitness aquático: um guia completo para profissio- nais. 6. ed. Barueri: Manole, 2014. ALVES, R. V. Aptidão física relacionada à saúde de idosos: influência da hidroginástica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v. 10, n. 1, p. 31-37, jan./fev. 2004. BAUN, M. B. P. Exercícios de hidroginástica. 2. ed. Barueri: Manole, 2010. BENEVIDES, C. et al. Hidroginástica na gravidez e os cuidados necessários para a prá- tica pela gestante. EFDeportes.com: Revista Digital, Buenos Aires, año 17, n. 169, 2012. 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