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BIBLIOTECA DO PEM TEXTOS DIDÁTICOS IFCS ROMANISMO, GERMANISMO E CRISTIANISMO NOS SÉCULOS V - VI Programa de Estudos Medievais Maria Sonsoles Guerras UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS ROMANISMO, GERMANISMO E CRISTIANISMO NO SÉCULO V - VI MARIA SONSOLES GUERRAS PROGRAMA DE ESTUDOS MEDIEVAIS N° 1 RIO DE JANEIRO 1992 Í N D I C E INTRODUÇÃO MARCOS TEMPORAIS JUSTIFICATIVA PLANO 1. SÉCULO IV 1.1. Teodõsio 2. SÉCULOS V E VI 2.1.O Império Romano do Ocidente e a instabi- lidade política. 2.2.O Império Romano do Ocidente e a irrupção dos bárbaros. 2.3.0 assentamento dos germanos. 3. OS REINOS BÁRBAROS 3.1. As Galias 3.1.1.Os Visigodos nas Galias 3.3.1.Os Burgúndios 3.3.2.Os Francos 3.2.0 Norte da África 3.3.A Península Italiana 3.3.1.Os Hêrulos 3.3.2.Os Ostrogodos 3.3.3.Os Bizantinos 3.3.4.Os Lombardos 6. PERMANÊNCIAS E RUPTURAS 42 6.1.Permanências bárbaras 42 6.2.Permanências romanas 43 6.3.Fatores que estimularam a fusão 44 6.3.1.A Religião 44 6.3.2.O Exército 44 6.3.3.. A Língua 45 6.4. A Fusão 46 6.4.1.As monarquias bárbaras 46 6.4.2.0 Direito romano e os direitos germanos. 47 6.4.3.Impostos 49 6.4.4.A Economia Agrária 49 6.4.5. Os sistemas de dependência 50 6.-1.6. Cidades e comércio 52 6.5. O Cristianismo 53 6.5.1. 0 Monacato 53 6.5-2. A cristianização do poder político 55 6.5.3. A Igreja e a Cultura 55 CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA CRONOGRAMA MAPAS ROMANISMO, GERMANISMO E CRIST Í ANISMO S É CULOS V A VI Introdu çã o O período que pretendemos estudar é o que se estende pelos séculos IV, V e VI e tem como referência espacial a bacia do Mediterrâneo, ponto de convergência ou eixo ao redor do qual está s ituado e gira todo o mundo romano na antigüidade. A história tradicional denominava-o de "passagen da An tiguidade para a Idade Média". Hoje, seguindo Peter Brown, Henri Marrou e Franz Georg Maier, nós o chamamos de Antigüidade Tardia. Nem todos os especialistas estão de acordo sobre a extensão tem- poral deste período. Nós escolhemos os seguintes pontos referen- ciais: MARCOS TEMPORAIS 0 nosso estudo começa com Diocleciano,- autor de grandes reformas no final do século III. Constantino continua as reformas, mas sua obra mais famosa é a de ter dado fim às persegui. ções contra a Igreja Católica. É autor do chamado "Edito de Milão", mediante o qual o cristianismo passa a ser uma religião re conhecida pelo estado romano, "lícita". Este fato é de importância capital na história posterior. 0 trabalho termina com a análise da passagem do VI para o VII século. Eis alguns pontos de referência: - a morte de Justiniano, imperador do Império Romano .02. do Oriente ou Bizantino, em 565, assinala a última tentativa de restauração do império como unidade política, feita por um imDe rador romano propriamente dito. - pouco tempo depois, em 632, se inicia a -'expansão mu . çulmana e a rápida conquista de grande parte da Europa feita pe Los ãrabes, sob a bandeira de Maoraé. Enquanto isso, os reinos germânicos correm sortes di- versas : - as Gálias, em 561, após a morte de Clotário, perdem a unidade que tinham conseguido nos tempos de Clóvis com a expulsão dos visigodos e o território se divide em três reinos: Austrásia, Néustria e Borgonha. - também na Itália se assinala o fim do reino dos os- trogodos de Teodorico. Os lombardos, em 572, conquistam Pávia na planície do rio Pó e, a partir desse momento, a península I- tãlica fica dividida entre duas soberanias: o reino lombardo, última formação estatal germânica, e a parte ainda dependente do Império Romano do Oriente- - o reino dos suevos, na península Ibérica, é anexado pelos visigodos em. 585. A partir desta data, com o território unificado, e depois de convertidos ao catolicismo, os visigodos vão partir para seus maiores dias de glória. - no papado, a figura de Gregório Magno (590-604) tara bém representa um dado de muita importância nesta passagem do VI para o VII século. Costuma ser considerado como o primeiro papa medieval- . Foi necessário fazer todo percurso, não para gravar .03. nomes e datas e sim para melhor conhecer o contexto. Reafirmar raos as palavras de Pierre Ghuvin célebre historiador francês: "as datas são necessárias: no entanto, não devemos dar-lhes de- masiada importância." JUSTIFICATIVA Consideramos necessário o estudo destes séculos, ou se ja, da Antigüidade Tardia, para a melhor compreensão do processo histórico. Os manuais, por via de regra, silenciam este perío do. A história de Roma termina com a invasão dos bárbaros e a história medieval tem início com os reinos bárbaros já formados plenamente nos séculos VII e VIII. Há um parêntese que vai do século IV até a ascensão dos carolíngeos no século VII. Silenciar estes séculos parece-nos um erro, pois, sendo a história um processo, não pode ser vista como uma série de compartimentos es tanques,. desconectados uns dos outros. Julgamos existir, neste período histórico, três compo- nentes característicos (1): que se interpenetram e se interligam de tal maneira nestes séculos que, chegando à plena Idade Média, não encontraremos mais o Império Romano e sim o "Sacro Império Rómano-Germânico", situado não nas margens do Mediterrâneo e sim no coração da Europa. Chamar-se-á Cristandade. Deixando ausente algum destes elementos, não poderemos entender o que foi a Idade Média. A Antigüidade Tardia, portanto, foi uma etapa original do processo histórico que, se apresenta permanências em relação à Antigüidade Clássica, também nos oferece as primeiras manifes- tações dos elementos mais característicos da Idade Média. (1) Romanismo, germanismo e cristianismo. PIANO Dentro deste quadro, nossa abordagem irá privilegiar algumas das permanências e rupturas que julgamos mais caracte- rísticas. O nosso fio condutor serio as interrelações entre es- ses três elementos já citados: romanismo, germanismo e cristia- nismo. Inicialmente estudaremos o século IV, destacando den- tro do mesmo a figura do imperador Teodósio, não em vão chamado de "o Grande". Já nos últimos dias do século IV (morre em 395), ele está no ponto de inflexão de um período que começou com as reformas de Diocleciano e Constantino no início do mesmo século. Passaremos depois ao estudo dos séculos V e VI como um todo. 0 protagonismo não é mais do Império Romano e sim dos reinos bárbaros: sua formação, estruturação e características mais marcantes nos primeiros tempos de sua existência como uni- dades políticas independentes. À seguir, a Igreja e o Papado, sua caminhada desde o momento em que Teodósio a declarou Igreja oficial do Império Romano até a época de Gregório I, o Magno, o papa que simboliza a passagem para a Idade Média. 1 - S É CULO IV Desnecessário será insistir na idéia de aue o Bai xo Império Romano não é ma momento de decadência ou de sim pies transição para a Idade Media. Pelo contrário, ele tem suas características próprias entre as quais destacaremos algumas: 10-0 primeiro fator que dá um sentido original ao século IV é a existência de um estado forte, centralizado e burocratizado. Esta foi a obra de Diocleciano e Cons- tantino para salvar o império depois da chamada "crise do III século". 0 sistema criado por Diocleciano, chamado de Tetrarquia, a reforma administrativa e militar, o freio â evasão fiscal, a vinculação familiar ao ofício do pai, a po lítica fiscal, os novos impostos, o edito de preços e as no vas moedas são algumas das medidas que, objetivando a manu- tenção da unidade e a estabilidade do sistema imperial romã no, o levaram de um regime político liberal para um estado absoluto, fiscalista e burocrático. 2P - Ao mesmo tempo, o poder assume um car á ter sa - grado, diferente do alto império. O imperador não é deus,po rém participa da divindade. Este caráter divino não é pessoal do imperador e sim do cargo, da magistratura. ComCons tantino, depois de sua conversão, se elabora uma nova teolo_ gia política: a origem do poder está em Deus, que age através dos homens, e estes são os soldados, o Senado ou a própria dinastia. 0 poder, portanto, não emana da pessoa que o ostenta, não tem as características da realeza oriental ou .06. helenística. É uma nova concepção do poder, que é descenden te, provém de Deus, e não mais do povo, dos comícios do tem po da Republica. Agora, o antigo cidadão romano passa a ser "súdito" do estado. 30 - Um terceiro fator característico é a unidade territorial do império, mantida até a morte de Teodósio. Se ria falso pensar que a antiga tetrarquía de Díocleciano tivesse implicado numa verdadeira divisão do império. Por um iado, Diocleciano conservou sempre a supremacia em toda a sua força e, por outro, o sistema representou uma colegial^ dade do poder, criada para evitar o triste espetáculo dos pronunciamentos militares e usurpações da época precedenre. Podemos considerar a unidade do império, também, não só na direção leste-oeste, mas também na norte-sul: a presença de fortes concentrações de tropas nas fronteiras ao norte do império, por causa da instalação dos germanas, re força a união entre estas terras, antes longínquas, e o eixo fundamental do mundo romano, que era o mar Mediterrâneo. O estabelecimento da capital da Prefeitura das Gálias em Tre veris não é nada mais do que um exemplo. 40 - Constatamos também, neste século, uma cons - ci ê ncia de restaura çã o , que nos é transmitida pela literatu ra da época. Os "Panegírícos", característicos deste período, são fruto do desejo de renovar as glórias do passado, por parte da aristocracia romana e das oligarquias municipais. A historiografia parece partir do mesmo princípio: reavivar as lembranças do passado glorioso de Roma. As "Bio grafias Imperiais" de Aurélio Vítor e o "Breviário de Histó .07. ria àe Roma" de Eutrópio são um exemplo entre muitos. Se olharmos para a poesia, não é possível ignorar o célebre canta a Roma de Rutílio Namaciano, onde está cla- ramente explicitado este sentimento de restauração da gran- deza romana; Escuta, 5 belíssima rainha do mundo, que i teu; Roma recebida entre as esferas ce- lestes! Escuta, mãe dos homens e dos deu- ses que, graças aos teus templos, nos fa-' zem sentir menos longe do céu! A ti canta mos e sempre te cantaremos enquanto o des_ tino no-Io permitir. Nenhum homem são pode esquecer-se de ti, porque tu difundes os benefícios como o sol os seus raios por todos os lugares banhados pelo oceano.:. Este nacionalismo exaltado toma também forma nos autores cristãos. Não e exclusivo dos pagãos. Para o histo- riador Paulo Orósio, por exemplo, o Deus dos cristãos salva o império e a civilização romana purificando-a. À consciên- cia imperial romana renovada, os cristãos unem a sua fé. 50 - Outro fator que individualiza este século é a cristianiza çã o do imp é rio , a grande eclosão da Igreja no estado e na sociedade. Depois do fim das perseguições,o cris_ tianisrao se integra no mundo romano. A "Roma aeterna" dos poetas e literatos expressa os sentimentos dos homens deste momento em que o destino do império se considera identifica do com o da igreja cristã. A nova religião se afirma entre a aristocracia se natorial romana. É freqüente, nesta época, os bispos proce- derem desta alta aristocracia senatorial: Ambrósio de Milão, antes magistrado romano, é ura exemplo e outro, entre muitos, Sidõnio Apolinar, membro da alta nobreza senatorial das Gãlias. Aparece a arte das grandes Basílicas romanas. É o século de ouro da Patríst-ica, a principal produção da inte- lectual idade cristã neste período. Seus elementos essenciais são: 10 a cultura bíblica, 2 0o instrumental filosófico clássico e 3? a dialética. A filosofia deu à teologia cristã método e linguagem próprios para poder ser entendida pela sociedade romana. Grandes figuras se destacam, tanto no oriente como no ocidente: São Basílio, São João Crisóstomo, Santo Ambrósio de Milão, São Jerônirno, Santo Agostinho,etc. Eusébio de Cesaréia formula a primeira teologia política- cristã. Faz um paralelo entre a monarquia divina e o império e afirma que os imperadores são, como os bispos, iguais aos apóstolos. A partir destes princípios, os imperadores legislam em matéria religiosa e convocam e presidem concílios. Do outro lado do ângulo, vemos a Igreja pedindo ajuda ao Estado, seja contra Donato, bispo rebelde da África, seja contra os heréticos arianos. Neste século IV se dá iní- cio à união entre a Igreja e ò Estado, ao chamado "cesaropa pismo". Aceleram-se as conversões em virtude das vantagens oferecidas por Constantino e Teodósio, principalmente, e a Igreja se torna firme sustentáculo do regime imperial. O cristianismo integra a tradição romana política e patrió- tica. Aparecem também novas formas de espiritualidade, fruto do desenvolvimento do cristianismo: são freqüentes as peregrinações ã Terra Santa, as datações para sustento das igrejas', o culto aos mártires e o desenvolvimento do monaraca .09. to. Se grande parte da aristocracia romana se retira para o campo, para as "viilae", os cristãos também o fazem, porém com um objetivo de retiro, ascetismo e oração. Para isso, constroem igrejas locais. , 1.1. TEOD Ó SIO 0 imperador Teodósio <378-395) é chamado 0 Grande pelas medidas de radical transcendência tomadas durante seu reinado: o estabelecimento dos germanos dentro das fronteiras do império; a divisão deste, na hora da morte em "pars orientalis" e "occidentalis" e a proclamação do cristianismo como religião oficial do estado romano. Teodósio nasceu na Península Ibérica, nos confins da Galícia, de uma família hispano-romana pro_ fundamente cristã. Iniciou-se nas armas com seu pai Teodósio, o Velho, grande general de Valentiniano I. Quando, por ordem deste, o pai foi assassinado, certa mente por intrigas palacianas, o filho se retirou à vida privada em sua província de origem. Em 378, o imperador Valente morre lutando contra os germanos em Adrianópolis e Graciano, filho de Valentiniano, nomeia Teodósio para governar a parte oriental do império. Não é este o momento de estudar as causas desta nomeação. A primeira tarefa de Teodósio não pode_ .10. ria ser outra a não ser o restabelecimento ca gaz nas fronteiras. Teodósiõ. não atuou diretamente no terreno militar contra os germanos e preferiu pactuar com os inimigos - Em 382, firmou um tratado mediante o qual os godos se instalavam dentro do império, entre o Da- núbio e os Bálcãs, como uma nação autônoma, unida ao império por um tratado de federação (foedus). Nem sequer impostos tinham que pagar. Sua única obrigação era a milíciae recebiam dos romanos alimentos,além das terras. Ao mesmo tempo, o imperador germanizou o e- xéreito até em seus postos dirigentes mais elevados. Hoje é difícil julgar se Teodósiõ poderia ter feito outra negociação ou, até, ter lutado contra os godos. Possivelmente, não tinha outra possibilidade melhor, porém; a longo prazo, esta terminou sendo uma solução perigosa. De momento, desapareceu a ameaça dos godos e restabeleceu-se a paz na fronteira, mas a situação que fica agora não é a mesma que antes da assinatura do pacto: os inimigos de ontem, hoje amigos, em virtude de um pacto, mediante a entrega de umas terras do império, serão, de agora em diante, os que defendam as restantes fronteiras desse império que já foi desgarrado por eles. Este estabelecimento dos germanos em terras romanas representou uma grave ruptura da política anterior e resultou em fatais conseqüências para o império. A segunda medida importante, que atin- .11. ge profundamente o império, acontece na hora da morte de Teodósio cora a divis ã o deste entre seus filhos: Ar cádio e Honório. Lembremos que a Tetrarquia : implantada por Diocleciano não implicava na divisão do império.Foi uma repartição das tarefas administrativas e milita- res que facilitava a articulação e preservava, cuida- dosamente, o sistema imperial. Agora, com a morte de Teodosio, se dá a divisão territorial do império.E juridicamente? A divisão do território é real e cada um de les tem completa autonomia de poder e governo em suas áreas respectivas. Juridicamente continua a existir a unidade imperial, ao menos na teoria: editos e leis são promulgados por ambos imperadores conjuntamente.A idéia de poder unitário aparece também nas institui- ções, similares em ambas partes do império, tanto na organização central como na provincial. E ainda deveria reinar uma unanimidade, reforçada com o papel atribuído ao bárbaro Estilicão, tutor único, imposto pe_ Io pai aos dois irmãos. Do ponto de vista formal, por tanto, não houve divisão. A importância do ato de Teodosio é a abertu ra de uma brecha, de um caminho que levará em breve ã consumação da divisão. As diferenças entre oriente e ocidente no mundo romano já vinham de muito tempo. Agora, no sécu Io IV, elas se acentuam. No oriente, a vida nas cida- .12. des continua ativa, as grandes concentrações urbanas exigem mais e melhor comércio. Agricultura, indústria, comércio e economia monetária são, em grandes traços, as características mais marcantes. Mo ocidente, o quadro é bem diferente: a. po- pulação do campo cresce às custas da Urbana,criando de sequilíbrios e empobrecendo a vida econômica, que cada dia se concentra mais na agricultura e na troca de pro autos. Também há muitas diferenças na política ecle- siástica: os patriarcas orientais, por exemplo, se o- põem às tentativas centralizadoras do bispo de Roma: as controvérsias teológicas levam às heresias de cunho dogmático no oriente, enquanto que, no ocidente, os grandes problemas se dão no campo da moral e da disci- plina eclesiástica. Até o relacionamento igreja-estado corre por caminhos diversos em ambas partes do império. A tudo isto ainda devemos acrescentar, espe- cificamente no século IV, a pressão dos germanos, mais forte nas fronteiras ocidentais do que nas orientais. As rivalidades pessoais entre os altos cargos de ambas as partes do império, tanto do exército como da administração civil, latentes nos reinados an- teriores, se marcam e acentuam cada vez mais. Assim, dividido territorialmente o império, de forma oficial e definitiva, a ficção da unidade ju- rídica não resistirá por muito tempo, porque o ato de Teodosio era o princípio da confirmação de uma realida de muito antiga e arraigada. .13. Se Teodósio marca um ponto de inflexão na política de defesa das fronteiras, estabelecendo os germanos dentro do império e, igualmente, na ruptura da unidade imperial, existe um outro dado, característico em sua política, onde encontramos não só permanência, como também afirmação da obra começada por Constantino. É a consolida çã o do cristianismo , declarado religião oficial do estado romano em 380, com o Edito de Tessalônica. Nas vésperas do advento de Teodósio, o cris- tianismo tinha progredido consideravelmente. Perfil ava -se a evangelização do mundo romano. O Oriente parecia conquistado, tanto na cidade como no campo. No Ocidente, se verificam contrastes entre as diversas províncias e o paganismo está, ainda, muito arraigado. A conversão dos imperadores e as leis por eles promulgadas tinham feito retroceder em parte o paganismo. Mas a realidade, apesar disso, é que no campo se perpetua uma vida religiosa muito primitiva e os ambientes aristocráticos também permanecem, em parte, fechados. A alta aristocracia senatorial aferrava-se à manutenção das tradições romanas, ã conservação do Altar da Vitória no Senado, aos antigos cultos, às tradições literárias e, até, ao ressurgir de uma nova religiosidade, com r£ dobrado vigor por causa do neoplatonismo. Teodósio afirma sua posição ideológica com uma ativa legislação restritiva e condenatória, decidi do a dar o golpe de graça no paganismo. Proibiu os sa- .14. crifícios e visitas aos templos pagãos,sob pena de for tes sanções e, mais tarde, declarou a ilegalidade do paganisno em qualquer de suas formas: todos os sacrifá cios, até os domésticos, ficaram reprõvadqs, os lugares de culto seriam confiscados e, até os governadores que não denunciassem ou castigassem estes cultos seriam condenados. A legislação de Teodosio se estendeu também aos heréticos, arianos fundamentalmente e, até, aos apostatas. Esta política religiosa do imperador foi mui to ampla, abrangendo todas as esferas da vida da sociedade. Por exemplo: foi o primeiro imperador a não assumir o título de "Pontifex Maximus"; expulsou bispos he réticos de suas dioceses; convocou e dirigiu concílios; ajudou a determinar a organização eclesiástica; acabou com os jogos olímpicos; enfim, Teodosio fez vaier inequivocamente a autoridade do imperador até em questões de fé. Se Teodosio era um fervoroso católico por suas origens familiares, não podemos esquecer, também, a influência que sobre ele exerceu o poderoso bispo de Milão, Ambrósio, a figura mais marcante da Igreja católica ocidental, sobretudo depois da morte do papa Damaso. A aproximação entre os dois se deu a partir do momento em que Teodosio chegou a Milão e ali residiu por dois anos depois de vencer o usurpador Máximo, que durante algum tempo dominara boa parte do ocidente do ira .15. pério. Uma vez instalado em Milão, Teodósio passou a praticar uma política de tolerância e apaziguamento, perdoando com facilidade os senadores romanos que , ti- nham compactuado com o usurpador Máximo e mostrando-se tolerante com o paganismo deles. Este foi o primeiro ponto de discórdia entre o imperador e o bispo. A este seguiram-se outros, até que o bispo, Ambrósio, enfren- tou abertamente Teodósio e lhe negou a participação nos ofícios religiosos. O imperador terminou humilhando-se, e, a partir de então, a política religiosa de Teodósio atingiu os maiores limites do endurecimento. Como o paganismo podia ser declarado ilegal e perseguido, mas nunca poderia ser erradicado por de- creto, o Senado romano tentou, outra vez, encontrar apoios políticos para favorecer seus próprios interes- ses . Nomearam Eugênio imperador. Este se declarou ime- diatamente a favor do paganismo, concedeu aos senadores romanos suas tradicionais subvenções econômicas,organizou pomposas cerimônias, ressuscitou todos os mais antigos rituais e restabeleceu solenemente o Altar da Vitória no Senado. Teodósío se colocou novamente a caminho para reconquistar o Ocidente do novo usurpador Eugênio. Desta vez a confrontação entre ambos tinha um marcado caráter religioso. Depois de uma aniquiladora vitória, Teodósio chegou triunfante a Roma e nomeou como cônsu- les dois senadores cristãos. Seu filho Konório foi aclamado Augusto. Estava consolidada a sua obra: dominados .16. os germanos dentro do império, vencidos os usurpadores, estabelecida a religião católica como a oficial do es- tado romano e assegurada a sua descendência no império, dividido entre seus dois filhos aclamados em Constantinopla e em Roma. Pouco tempo depois morreu em Milão. Teodósio foi a última grande figura do . Oci- dente romano que decidiu soberanamente as grandes quês toes do império: desde a política externa e a estraté- gia militar até a política eclesiástica. E.1& quis ser um soberano cristão e realizar um estado cristão em que a fé deveria ser não só o fermento da sociedade, como também o princípio político que deveria informar toda a ordem terrena. 2 - S É CULOS V E VI Quando Teodósio morreu, em 395, deixou firme a di- nastia nos dois tronos imperiais: em Constantinopla era sucedido por seu filho Arcãdio de 17 anos, e e m Milão por Honório, de 11, ambos colocados sob a tutela do vândalo Estilicão, a quem Teodósio tinha concedido as mais altas dignidadesmilitarese até unido ã própria família, casando-o com uma sobrinha. Portanto, a sucessão não apresentava problemas no momento. A fachada do império continuava sendo magnífica e o estado romano aparecia impressionante aos olhos dos cidadãos. No entanto, a morte de Teodósio representa um ponto de inflexão na já longa vida do Império Romano. Iniciam-se .17. as profundas transformações que vão caracterizar a política no Mediterrâneo durante os séculos seguintes. 0 cristianismo continua lentamente a sua expansão, • enquanto a divisão do império no oriente e no ocidente se aprofunda até chegar a converter as duas partes em inimigos, Mas o dado mais significativo, a curta distância, foi a rápida irrupção a instalação dos germanos dentro das antigas províncias do império, convertendo-as em unidades políticas independentes. A fraqueza política do Império Romano dividido e a ocupação do território pelos germanos correm paralelos durante todo o século V. Já no século VI, assistimos às lutas pela manutenção do equilíbrio e, ao mesmo tempo, pelo predomínio do poder, não só entre os diversos reinos germânicos, como também entre estes e o Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla, que, na pessoa do imperador Justiniano, tentou reconquistar o ocidente, unificando novamente todo o antigo Império Romano. A partir deste momento, devido ã amplitude do tema e principalmente às profundas diferenças existentes entre as duas partes do império, nossa atenção se dirige, exclusivamente, ao Império Romano do Ocidente e aos reinos germanos nele instalados. São eles que passam a ocupar o primeiro lugar na política ocidental. Estudaremos, em primeiro lugar, a evolução dos rei- nos instalados no continente assim como o papel da Igreja e do papado neste mesmo período. Depois destacaremos algumas das permanências e rupturas havidas entre os três elementos ca- racterizadores da Antigüidade Tardia: romanismo, germanismo e cristianismo. -18. . O IMP É RIO ROMANO DO OCIDENTE E A INSTABILIDADE POL Í TICA O período que vai da morte de Teodósio (395) até o ano de 4 76, em que tradicionalmente se coloca a fim do Império Romano do Ocidente, divide-se em dois mo mentos; o primeiro até 45S, com a morte do último representante da dinastia teodosiana e o segundo, até o fim. Os sucessores de Teodósio são Honorio (395 -- 423) e Valentiniano III (425-455) . Nenhum deles teve a força e o poder político do fundador da dinastia. Pelo contrário, instala-se um novo tipo de governo,em que o imperador reina, porém não governa. Ele delega todas as suas funções executivas num homem de coda sua confiança, que costuma ser um militar, um bárbaro, na maio ria das ocasiões. A crescente penetração dos germanos no exército e este exercício dos altos cargas pelos rasemos têm um papel decisiva na crise política do século V. Estes homens - Estilicão -r Constante e Aécio, entre outros, - são os verdadeiros responsáveis pelos destinos romanos e estão rodeados de todo tipo de pro- blémas, além dq_ já muito difícil tarefa do governo ord_i nãrio em tempos de crise. As sublevações militares e as usurpações do poder imperial, as invejas e conspirações são constantes , estando seus responsáveis sujeitos ã morte, às vezes, até pela própria mão do imperador. Com a morte de Valentiniano III se inicia ura Outro período, em que os problemas só tendem a se agra- var. De 455 até 476, ou seja, em 21 anos se sucedem no- .19. ve imperadores» As intrigas e os golpes do estado são contínuos e o único objetivo que perseguem é sentar no trono o candidato de cada uma das facções políticas.As sim, por sua falta de legitimidade política, a figura 'imperial cai no raais completo desprestigio. 0 caminho que leva ao fim do poder do imperador romano no ocidente é muito curto e está muito bem traçado. Damos, apenas , alguns dados. Petrônio Máximo, sucessor de Valentiniano III, proclamado pelo Senado, antes do fim de um ano de gover no foi morto pelo povo. Pouco depois, o imperador do 0- riente, Leão I, favorável a uma intervenção no ocidente, não querendo, no entanto, ser imperador também do Oci- dente, nomeia Rícimer como homem forte. Este nomeia e destrona imperadores e até manda matá-los, como no caso de Majoriano em 461. Assim chegamos ao ano de 476,em que Rõmulo Au gusto, último imperador do ocidente, é destronado. Isto representa o ponto final lógico de um processo que se ti. nha iniciado havia algum tempo. O autor, Odoacro, barba ro, rei dos hérulos, chefe do exército romano, acantona do na Itália, remete a Constantinopla as insígnias impe_ riais. É uma usurpação a mais entre as muitas já aconte cidas, com apenas uma diferença: Odoacro não sobe ao po der e presta sua homenagem ao único imperador com poder efetivo: o do oriente. Certamente os contemporâneos^ a- costumados a tantas trocas de mando súbitas e violentas, não perceberam as conseqüências deste momento histórico. 0 poder imperial romano era uma pura ficção já havia muito tempo. .20. . 0 Í MP É RIO ROMANO DO OCIDENTE E A IRRUP ÇÃ O DOS B Á RBAROS Paralelamente a esta instabilidade colítica,o Império Romano travava outra luta para manter 2 integri dade do.seu território. Os godos, estabelecidos há algum tempo nas fronteiras orientais do império, acossados pelos hunos, solicitam, como já vimos, auxílio do imperador Teodósio e este os estabelece como federados dentro do território romano. A solução de momento pareceu ser adequada; no entanto, as conseqüências não corresponderam às ex- pectativas . Poucos anos depois da morte de Teodósio, era 406, uma massa heterogênea de invasores atravessa o rio Reno. São, entre outros, suevos, vândalos e alanos que, depois de percorrer as Gálias, se instalam na Península Ibérica. Os suevos se estabelecem na desembocadura do rio Douro e na atual Galícia. Os vândalos, apôs uma bre_ ve estadia no sul da Península, região à qual deram o no me de "Andaluzia", atravessam o mar e se estabelecem na África. Em 430* assim como os suevos, conseguem de Roma o estatuto de federados. Pouco tempo depois, em 4 3 6, outro povo que a- travessara as fronteiras, também era 406, se estabelece como federado nas margens do rio RÓdano: são os burgún- dios. Igualmente as ilhas Britânicas, por estas mesmas datas, são vítimas de invasões. O abandono do território por parte das legiões romanas favoreceu o assentamento nelas de anglos, jutos e saxões. Os visigodos, embora instalados oor Teodósio 21 dentro das fronteiras, adotaram os mesmos procedimen- tos que os outros grupos. Aspirando a obter melhores terras e inconformados com a política anti-germanófila adotada depois da morte de Teodósio, chefiados' por Ala rico, em 410, invadem e saqueiam Roma durante três dias . Este. fato, naturalmente, originou negociações que culminaram com um novo pacto de federação: os visigo- dos se estabeleciam nas Galias com a missão de livrar a Península Ibérica dos primeiros invasores: suevos, vândalos e alanos. 0 processo de decomposição do império dá um passo a mais com a chegada dos hunos âs fronteiras romã nas. Roma não tem mais legiões e, para fazer retroceder Átila, tem que empregar um exército composto de bár baros. Era o ano de 451. Além da invasão do territfoio de forma vio- lenta , como vimos até agora, os germanos também se ins- talam no território de forma pacífica: é a migração.Es_ te é o caso dos francos, por exemplo. Estiveram ausen- tes na grande oleada de 406, mas, em compensação, apro veitaram as desordens que daí decorreram, avançaram e se estabeleceram nos territórios da atual Bélgica, fi- xando sua capital em Tournai, O império se desmoronava lentamente; o poder imperial era uma ficção, os exércitos romanos estavam comandados por caudilhos bárbaros e bárbaros eram quase todos os seus contingentes militares. A própria Roma, assaltada pelos visigodos ern410 e mais tarde, em 455, pelos vândalos, cedeu seu papel de capital a Milão e a Ravena. .22. Assistimos ao último ato do drama na Itália. No ano de 476, as tropas aclamam rei seu chefe Odoacro, que depõe Rõmulo Augusto, último imperador romano no 0- cidente. Em 488, Zenon, imperador do oriente, querendo livrar Constantinopla das invasões, desvia -'diplomatica- mente os ostxogodos, concedendo-lhes, em regime de pacto de federação, a península italiana a fim de que eles a livrassem das hordas de Odoacro. Era 493 se estabelece o reino ostrogodo na Itália, com Teodorico como repre- sentante do poder imperial do oriente. Desta forma culminava o processo desintegra- dor do império do ocidente, estabelecendo-se assim um novo quadro político na bacia do Mar Mediterrâneo. Na hora do assentamento dos grupos germanos no império, o sistema que prevaleceu, salvo poucas ex- ceções, foi o dos pactos de federação.A depredação sis temática somente parece ter ocorrido em poucos casos, correspondentes a povos com baixo nível de romanização: anglo-saxões, vândalos e, bem mais tarde, lombardos. 0 ASSENTAMENTO D OS GERMANOS Os problemas originados pela irrupção dos ge£ manos no interior do império passaram por uma tentativa de solução mediante a implantação do sistema de pactos de federação (foedus). Entre 395 e 476 foram fir toados mais de cem pactos entre o Império e os diversos grupos de germanos. Estes pactos implicavam na combinação de duas .23. instituições anteriores: o "hospitium" e a "hospitali- tas". 0 "hospitium" , desde muito tempo antes, havia re guiado as relações entre os cidadãos romanos.e os não-- romanos, ainda não integrados ao sistema social romano. A "hospitalitas", vigente desde a república, exigia dos provinciais a provisão de alojamento ao exerci. to romano acampado naquele território ou lugar. Sendo os bárbaros estrangeiros e assumindo funções militares, adequavam-se perfeitamente a estas instituições, embora com pequenas adaptações. A "hospitalitas" tradicional era uma obrigação temporal e provisória, enquanto que o "hospitium" ligava ambas as partes perpetuamente. Agora, os bárbaros assentados passam a ser considera- dos aliados (socii) do império e, consequentemente, a cessão das terras deveria ser a título permanente. Teodõsio marcou a pauta desta política e seus sucessores, pela lei de "hospitalitas" de 398, a regu- lamentam. O fisco imperial dava alimentos e subsídios para as tropas e cada família, onde estivesse alojada, daria um terço de sua propriedade. Assim chegou-se ã divisão das terras entre romanos e germanos. Na realidade, estes pactos de federação, como instrumento legal da ocupação do território, duraram muito pouco. A partir de 476, não existindo mais o imperador no ocidente, os tratados ou pactos perderam automaticamente seu valor. Desapareceu totalmente a "ficção imperial". .24. 3 - OS REINOS B Á RBAROS 3.1. AS G Á LIAS A partir do momento das invasões, encontramos as Gálias divididas entre vários povos: r.o sul, os visi godos, com capital em Toiosa; a leste, os burgúndios,no vale do Rodano e capital em Lião e, ao norte, os francos , separados em dois grupos êcmcos e diversos reinos locais. No centro, um pequeno território, resto da anti ga dominação romana, controlado pelo general Siágrio. 3.1.1. OS VISIGODOS NAS G Á LIAS Os visigodos estão instalados nesta re- gião desde 418, quando do ultimo pacto feito com os romanos. O reino dos visigodos nas Gálias chega ao seu apogeu com o rei Eurico (466-484),que es tende seu poder desde o Atlântico até os rios Rodano e Loira e promulga o primeiro código de leis dos germanos, que leva seu nome,demonstrai! do desta forma sua independência com relação a Roma, jã antes de 476. Depois de sua morte, os dias dos visigodos nas Gálias estão contados. Alarico II, seu sucessor, não pode conter a for ça expansiva dos francos chefiados por Clóvis. Ele é vencido em 507 na batalha de Vouille. A partir desta data os visigodos se deslocam defi .25. nitivamente das Gálias para a Península Ibérica. Sua nova capital será Toledo. OS BURGUNDIOS Os burgündios entram no império em 406 e, era 413, ja são federados do império. São con tados entre os germanos mais romanizados, pos- sivelmente porque, já muito tempo antes de sua instalação dentro das fronteiras imperiais,man tinham relações comerciais cora Roma. Uma vez instalados, mantém as estruturas administrativas do antigo império. A aristocracia romana colabora com os reis burgündios, entre os quais se contam alguns com o títu Io de "magister militum per Gallias". São permitidos os casamentos mistos e, embora arianos, não fazem oposição aos católicos. Seu reino du rou pouco tempo, pois, militarmente, não puderam medir suas forças com as dos francos. Cló-vis lutou contra eles, como fizera com os visi godos, no intuito de alargar as fronteiras do seu próprio reino. Fracassou e apenas os subme teu a tributo. Foram seus sucessores que o con seguiram em 532, transformando o mapa das Gálias . Os burgúndios não tiveram a mesma, sorte dos visigodos. Seu reino desapareceu absorvido pelos francos, que ficam como únicos donos nas Gálias. .26. 3.1.3. OS FRANCOS A unificação do território das Gálias correspondeu, portanto, aos francos. 0 impulso primeiro e decisivo foi dado por Clóvis, rei do pequeno território de Tournai desde 4 81. Em primeiro lugar, eliminou os restos da domina- ção romana na região central, vencendo Siágrio. A seguiu, suprimiu, igualmente, os outros pe- quenos reinos francos. Fortalecendo assim sua posição, venceu os alamanos em Tolbiac, na fron teira. A segunda fase se iniciou com a conver são de Clóvis ao catolicismo. Esta conversão do rei e seu povo foi de grande transcendência pa_ ra a história do ocidente medieval, porque os francos tornaram-se o braço armado do Papado durante toda a Idade Média; Clóvis, pretextando o motivo religioso de serem arianos, lutou corítra visigodos e bur gúndios, apoderando-se do território dos primeiros e impondo pesados tributos aos segundos. Morreu em 511, mas com sua morte não pa rou a expansão territorial dos francos. Depois de dominarem os burgundios, ainda conquistaram pequenos territórios, tanto na direção do Medi_ terrãneo como na Germãnia. Por volta de 560,os francos atingiram seu apogeu, convertendo-se no mais extenso dos reinos fundados pelos germanos no ocidante e, possivelmente também, no .27. único em que as relações entre vencedores e vencidos eram sólidas dorque unidos pela mesma religião. Entretanto, em 561, com a morte de Cio târio, um dos filhos dê Clóvis, as rivalidades existentes entre as diversas regiões dividiram o reino'em três unidades: Borgonha, Neüstria e Austrásia, que serão a base fundamental do novo poder dos reis carolíngios. 0 NORTE DA Á FRICA Os vândalos, que irromperam no império em 4 06 e passaram algum tempo na Península Ibérica, se insta- laram definitivamente na África em 429. Este reino teve uma duração muito curta e os seus dias de glória se confundem com os de seu rei Genserico (428-477). Onicos entre os germanos que conseguiram uma frota, exerceram um real domínio no Mediterrâneo, con- quistando os principais postos de abastecimento de Ro- ma: Norte da África, Sicília, Cõrcega e Sardenha. Outra demonstração de força foi o assalto e saqueio de Ro ma em 455 durante vários dias. Considera-se que o reino dos vândalos foi o que teve menores índices de romanização: o rei Genserico quase não falava latim: confiscaram os bens dos antigos proprietários e não se instalaram de acordo com as normas dos pactos de federação: não permitiram os casa mentos mistos e perseguiram cruelmente os católicos. .28. Todo este comportamento criou uma resistência latente em toda a população. Z a esta, veio se juntar a ação do Império do Oriente. Dois motivos levaram o im peradorJustiniano a agir: os transtornos; que os navios dos vândalos provocavam ao tráfico no Mediterrâneo principalmente ao comércio bizantina, e, também as pe£ seguições aos católicos. 0 norte da África converteu-- se no primeiro objetivo real da política de Justiniano: a reconquista do ocidente e a reunificação do irap£ rio. Mo ano de 53 3, o reino dos vândalos deixou de e-xistir e o território foi incorporado ao domínio do Im pério Bizantino. A PEN Í NSULA ITALIANA 3.3.1. OS H É RULOS Quando Odoacro destronou o último impe_ rador romano, Romulo Augusto, tomou o título de rei que seus soldados lhe deram e pretendeu governar em nome do imperador do oriente. Esta boa vontade de aparecer' como um continuador do governo imperial não conseguiu o reconhecimento de Constantinopla, que enviou os ostrogodos para reconquistar a Península. .29. 3.3.2. OS OSTRQGODOS Chefiados por Teodorico,dominaram Odoa cro e seus soldados e se instalaram na Itália. Teodorico recebeu do Império do Oriente os títulos de cônsul e "magister militum". Pretendeu atuar como um verdadeiro restaurador do império. Na qualidade de caudilho dos ostro godos, era rei para seu povo; frente à popula- ção romana, aparecia com os títulos recebidos do oriente. Foi também o artífice de uma política internacional em que se colocou com cabeça de uma espécie de confederação de povos germanos. Para isto, uniu vários membros de sua família, e até ele próprio, com as famílias dos outros reinos germanos, mediante uma política matrimo nial. O reino de Teodorico foi um dos que con servaram mais a vida e a cultura romana. Insta lados fundamentalmente na parte norte da Penín sula, concentraram-se nas regiões de Ravena,on de instalaram a capital em Verona, em Pavia e em Milão- Conservaram o Senado de Roma e toda a administração do império, paralela à ostrogo da e só unificada na pessoa do rei, Teodorico. Este restaurou o Coliseu de Roma e, em Ravena, levantou várias igrejas, além de um grandioso mausoleo. .30. Teodorico morreu em 526 e no ?.no se- guinte Justfiniano subia ao trono em Constanri- nopla, querendo reconstruir o antico Império Romano. Depois de conquistar o norie ca África aos vândalos, em 533, tinha como próximo obje- tivo a Itália. OS BIZANTINOS A conquista da Itália pelos bizantinos nio foi tão rápida quanto a dos vândalos. O pretexto para a intervenção dos bi- zantinos em Itália foi o problema sucessório ocorrido com a morte de Teodorico. Sendo assas sinada a filha de Teodorico, este quis ser o vingador enviando seu exército para assim con- quistar a Itália. Com a conquista, entre outros pontos, de Roma, Nápoles e Sicília, os bi. zantinos pensaram que a Itália tinha voltado ao domínio imperial. Não contaram com a forte resistência oferecida pelos ostrogodos, agrupa dos em torno de um novo rei, Totila. Foram ne- cessários dezoito longos anos para que os bi- zantinos conseguissem dominar a Itália. QS LOHBARDOS Como auxiliares dos generais bizanti- nos, os lombardos já tinham lutado na Itália. Agora a conquista era por conta própria. Esta, .31. a partir de 566, não lhes foi difícil, pois as tropas imperiais bizantinas estavam cansadas por causa da longa resistência oferecida pelos ostrogodos anteriormente. A debilidade política dos lombardos foi grande. Não conseguiram um reino unificado.Nun ca superaram o estágio da justaposição dos "du cados"; os duques não eram funcionários da rea leza e sim vitalícios, sempre sucedidos pelos seus próprios filhos. Este rudimentar estada lombardo se localizou no norte da Itália e tam bém na região de Tuscia, compreendendo igual- mente os importantes ducados de Spoleto e Bene vento. Os bizantinos continuaram mantendo po- sições em torno a Ravena, Calábria e Lacio, em bora sua presença na Península se tornasse ca- da vez mais reduzida. Na incapacidade do Império de dominar os lorobardos, os papas terminam erigindo—se em poder paralelo crescente, tentando evitar que se conseguisse a unidade territorial da Penín- sula. .32. 4 - A PEN Í NSULA IB É RICA 4.1. OS SUEVOS O texto do historiador hispano Idãeio, contem- porâneo das invasões, nos transmite a distribuição de regiões levada a efeito em 411 pelos povos germanos, que dois anos antes a haviam invadido. A Galícia cor- respondeu aos suevos. A sua situação, no extremo noroes te da Península, iivrou-os de ser aniquilados, como a- conteceu com os alanos, nas campanhas levadas a efeito pelos visigodos. Estes, como já foi dito,estabelecidos nas Gálias como federados, tinham como missão livrar a Hispãnia de seus primeiros invasores. Em 448, os suevos estendiam seu domínio por qua tro das cinco províncias romanas da Hispãnia, na forma de roubos e pilhagens. Somente a Tarraconense estava livre destas incursões. Pouco tempo depois, estendendo -se este tipo de ações também à Tarraconense, o império os confina novamente na Galícia, mediante um novo pacto de federação. Os suevos, insistentes-, violam novamente o tratado. Desta vez são os visigodos, em nome do império, que lhes infringem uma grave derrota em 456. No tempo de Eurico, rei dos visigodos, estando ainda a capital em Tolosa, a estrela dos suevos começa a declinar, enquanto este rei, como dissemos anteriormente , estende os seus domínios. Este longo período de decadência chega até 585, quando os visigodos, já cora a capital em Toledo, conquistam toda a Península. Eles 23. repetem a mesma obra que fizeram os francos no norte dos Pirineus ê da qual eles mesmos foram vítimas. 0 reino suevo desaparece incorporado ao vísigodo. OS VISIGoDoS Em TOLEDO 0 longo percurso iniciado pelos visigodos nos Bálcãs e sua estadia em Roma, saqueada por três dias, parecia ter chegado ao fim quando eles se instalaram nas Gálias na qualidade de federados. Durante mais de setenta anos ali permaneceram, cumprindo o solicitado por Roma: forçaram os vândalos a ir para a África,eli_ minaram os alanos e lutaram quase constantemente contra os suevos. Alcançaram o apogeu com Eurico, considerando como o maior monarca germano do V século. Seu poder era soberano, não limitado nem sequer pelo impé_ rio, que deixou de existir exatamente durante seu rei nado. Vencidos os visigodos per Clõvis, são obrigados a se deslocarem para o sul dos Pirineus. A nova capital é agora Toledo. Depois da derrota diante dos francos, a situação fica difícil: vivem algum tempo sob a tutela de Teodorico, rei dos ostrogodos ;os fraii cos não perdem ocasião de fazer incursões em seu ter- ritório; os suevos, embora debilitados, ainda oferecem resistência e as guerras civis entre os pretenden tes ao trono favorecem a instalação dos bizantinos na Península Ibérica. Os imperiais, como são chamados nos documentos da época, continuam as conquistas com o in .34. tuito de restabelecer o império e sua antiga integri- dade . Com a chegada ao trono do rei Leovigildo(573-- 5S6), a monarquia visigoda encontra o início de seus dias melhores. A primeira e principal tarefa deste rei foi realizar a efetiva implantação da autoridade visi goda sobre todo o território nacional. De 573 até 578, em sucesivas operações militares, fez desaparecer o reino dos suevos, lutou contra certos grupos, vascos entre outros, que viviam em estado de independência e, igualmente, contra os bizantinos, já instalados a les te da Península. A força do poder real, a partir de Leovigildo, tem a sua expressão plástica na adoção de usos maies- taticos e cerimonial inspirado no modelo bizantino,as sim como na moeda de ouro cunhada com seu próprio nome. Enquanto no reino franco a desordem poiítica se instalava e o reino se dividia, a posição da reale za, no reino visigodo, era cada vez mais forte. Recaredo, o filho de Leovigildo, (568-601) rea liza a unidade religiosa convertendo-se ao catolicis- mo. O reino dos visigodos passa por seus maiores dias de alória..25. 5 - O CRISTIANISMO E A IGREJA No século IV vimos como o imperador Teodósio, com o Edito de Tessaionica, de 380, decretava .a confessionabili dade do Império Romano: o poder público proibia o paganismo, desterrava as heresias e impunha o cristianismo. Wos séculos V e VI devemos considerar a Igreja e suas transformaçeos no quadro das invasões e dos primeiros reinos germanos. 5.1. A CIDADE A cidade foi para o cristianismo,desde os pri. meiros séculos, a base de sua estrutura, inspirada na organização administrativa romana. Agora, na hora da crise do mundo romano, o bispo passa a ser o defensor ou protetor da cidade, diante dos abusos do estado rç^ mano. Mais tarde, frente aos invasores germanos, será o único interlocutor. Quando todo o aparelho adminis- trativo estatal romano entra'em decomposição, resta o bispo como a única autoridade da cidade. 5.2. 0 CAMPO Durante os primeiros séculos, a Igreja tinha se desenvolvido principalmente na cidade. Agora,com a ruralização da sociedade, fenômeno típico destes tem- pos , aparece a necessidade de organização do campo: clero rural e lugares de culto. Os bispos criaram i- grejas nos "vici" ou aldeias. O responsável pela cris_ .36. tianização era um sacerdote com poderes delgados do bispo, única autoridade, na qualidade de sucessor dos apóstolos. Este foi o primeiro passo para a criação do regime paroquial. Junto a estas igrejas, erigidas pelos bisDOs, se criaram, em grande número, oratórios ou santuários, construídos e dotados pelos grandes proprietários nos seus territórios ou "villae" para atender às famílias dos colonos, encomendados e servos que trabalhavam em seus domínios. Os fundadores consideravam estas igrejas como bens de sua propriedade e nomeavam os dirigentes que haviam de dirigi-las. Isto deu ocasião a muitos abusos e só muitos séculos depois se tentará corrigi- los. 0 PAGANISMO 0 paganismo não tinha sido proscrito da socie dade, apesar da legislação de Teodósio, e a irrupção dos germanos só veio agravar o problema. Era um paganismo cheio de superstições, de crenças e práticas pri. raitivas. Como as conversões nestes séculos não são in dividuais, como acontecia nos primõrdios da Igreja, e sim grupais, principalmente entre os germanos, a conversão do rei levava à conversão do povo, mas os indi. viduos conservavam muito facilmente as práticas pagas, que são hábitos e costumes antiquíssimos. As atas dos concílios são documentos fundamentais para o estudo deste processo de cristianização do paganismo. .37. . O ARIANISMO E OS GERMANOS As invasões permitiram ã Igreja anunciar o e- vangelho aos povos germanos. A conversão destes e sua integração com as populações romanas:foi a grande obra da Igreja nestes séculos. No entanto, essa conversão e integração não foi conseguida num primeiro momento, porque a maioria dos povos gerraanos se converteu do paganismo para o arianismo e foi necessário um segundo passo para sua entrada na Igreja Católica, que era o credo professado pelos romanos, principalmente no ocidente. 0 arianismo germânico é um problema de grande interesse, porque sobrevive, durante alguns séculos, no raundo germano, ao mesmo tempo que desaparece como fenômeno religioso entre as populações de cultura gre co-latina. O arianismo penetrou entre os germanos por meio dos visigodos, que foram os primeiros a adotar este credo. As razões da preferência estão diretamente ligadas às circunstâncias em que se deu sua instalação nas fronteiras orientais do império, ainda no século IV. Muitos arianos tinham sido prescritos do império pelos imperadores católicos e viviam nas fronteiras, onde certamente entraram em contato com os vi. sigodos. 0 bispo godo Ulfilas foi o grande responsável: formou ura grupo de clérigos arianos, compôs um alfabeto e, a seguir, fez a versão da Bíblia para a v' língua gótica, medidas essas que foram muito eficazes para a conversão dos povos germanos por causa desse primeiro passo dado pelos visigodos.Mas isto não é tudo. .38. Quando estes povos se assentaram dentro do Im pério Romano, embora em número muito pequeno, queriam conservar sua identidade, usos e costumes e, nesta si tuação, o credo ariano era um dado a mais nesta seoa- ração entre romanos e germanos. SÓ no.século VI é que começam as conversões. Os primeiros, na ordem do tempo, são os burgúndios,se guidos dos suevos. Os visigodos, os primeiros que oro fessaram a fé ariana, e por meio de quem ela chegou aos outros grupos, foram os últimos a aceitar o credo católico. Essas conversões dos povos germanos estavam precedidas e acompanhadas de uma real integração entre ambas populações. A conquista definitiva dos linti tes territoriais, a unidade social, jurídica e religiosa se impuseram como elementos necessários e im- prescindíveis na formação das nacionalidades. A incorporação dos povos germanos ã Igreja Ca tólica fez com que, no próprio século VI, indivíduos destes grupos, geralmente de famílias nobres, se in- corporassem ao episcopado. As atas dos concílios das Gálias e da Península Ibérica, principalmente, nos transmitem os nomes. Os francos são um caso ã parte, pois são os ú nicos que passam diretamente do paganismo para a Igre ja Católica na hora da conversão de Clóvis. Este dado tem que ser tomado em consideração na hora de analisar, durante toda a Idade Média, o relacionamento entre os francos e o Papado. .32'. 5.5. FORTALECIMENTO DA IGREJA E CRESCIMENTO DA AUTORIDADE PONTIF Í CIA Se a crise do século V ajudou o fortalecímen-to da Igreja, dando autoridade aos bispos nas cidades, não menos importantes foram os resultados da mesma era Roma.: o fato dos imperadores abandonarem a "urbe" para estabelecer a capital em Milão ou Ravena e a atuação do papa Leão I (440-461), defendendo a capital, por duas vezes, dos hunos de Atila e dos vândalos de Genserico, foram momentos decisivos. De grande importância também, nesta série de ocorrências é o decreto de Valentiniano III (455),que dá força de lei, para toda a Igreja, aos decretos ema nados do bispo de Roma: Seu governador Aécio tinha que obrigar o bispo que, se chamado por Roma, não quisse£ se comparecer. Este decreto tem sido considerado como o reconhecimento oficial do primado romano em todo o ocidente. Esta doutrina do primado de Roma consegue seu desenvolvimento teórico poucos anos depois, com o pa- pa Gelásio (492-496). Em carta ao imperador do orien- te, Anastásio, coloca as bases da doutrina dos dois poderes: o pontifício e o real ou imperial. Ambos são "rectores" do mundo, mas o primeiro é maior que o se- gundo. Gelásio afirma que o poder pontifício é "auto- ritas", que é fonte de direito, énquantc que ok impe- rial é "potestas", aquele que executa o que ordena a "autoritas". .40. . GREGORIO I, O MAGNO O papa Gregório I, o Magno (590-604), homem de rica personalidade, excelente admi- nistrador, hábil diplomata e homem com grande visão de futuro, recolheu os resultados dos alicerces anteriormente colocados. Inicialmente, seu trabalho esteve res trito ã cidade de Roma, que pertencia ao Impe rio Romano do Oriente, após a conquista da Pe nínsula em tempos de Justiniano. Frente à in- capacidade ou negligência das autoridades bi- zantinas para defender a cidade de Roma da no va invasão dos lombardos, o pontífice se en- carrega dos serviços públicos, procurando a- tenuar as desgraças que a cidade vinha sofren do: fome, epidemias, roubos e pilhagens dos lombardos. Mais tarde, sua ação se estende também para fora da cidade de Roma,porque nem os bizantinos conseguem expulsar os novos in- vasores nem estes chegam a ampliar seu terri- tório. Assim, numa Itália dividida e com au- sência de poder, o papa ganha existência polí- tica. Atuou, também, junto aos reinos barba ros. Em seu pontificado se deu a conversão dos visigodos, de cujo processo ele não esteve ausente conforme a correspondênciaque se conserva da época. Alternando métodos diploma . 41. ticos e missões evangelizadoras, Levou o evan geiho a anglos e saxões. Não pode ficar esquecida a fundamenta ção de doutrina política que envolveu toda a obra gregoriana. Gregório I chama o imperador de "dominus" e os reis germanos de "filii".Es_ tes nomes expressam com toda claridade o lu- gar que ocupam os diversos poderes temporais, não só entre si, como também em relação ao po der pontifício. É respeitoso para com o impé- rio. Lembra ao imperador que lhe foi dado todo o poder para que o reino terreno esteja a serviço do celeste. Não pretende a subordina- ção do império ao papado, não quer esvaziar a idéia de estado do seu conteúdo específico. Aos reis bárbaros, ele vai oferecer um suporte doutrinai. O papa sabe que as monar- quias. germanas careciam de uma idéia de esta- do. Por isso, afirma constantemente que devem exercer a justiça cristã, fazendo respeitar a ordem exigida pela outra autoridade, a do pa- pado. Não se pode afirmar que a Igreja de Gregório restringisse a idéia de estado.O que ele fez foi criar a seu favor o dinamismo da- quele . Com razão costuma-se dizer que Gregó- rio, o Grande, é o primeiro papa medieval.Com ele, Roma passa a ser a de Pedro e Paulo enão .42. a de Rõmulo e Remo, a capital e o entro cristandadé. 6 - PERMAN Ê NCIAS E RUPTURAS Os estadas bárbaros e a Igreja assentados no Mediter rãneo ocidental sã.o os grandes protagonistas dos séculos V e VI. A grande novidade com relação aos séculos anteriores é que agora não são estranhos entre si. Os reinos se converte- ram ao catolicismo e a Igreja mantém diálogo com eles. Nestes séculos se produz uma fusão das contribuições bárbaras e da civilização romana. Romanidade, germanidade e cristandadé se misturam nos aspectos humano, institucional, social, econômico, religioso.e, fundamentalmente, cultural. A herança romana continua vigente e passa â mentalidade bárbara através do cristianismo que a adaptou às necessidades do momento. 6.1.. PERMAN Ê NCIAS BARBARAS Os germanos eram poucos. Não alteraram a demo- grafia romana. Alguns grupos como os vândalos e os os- trogodos, desapareceram logo. No entanto, entre os bár baros o desejo de sobrevivência é grande e é por isso se proíbem os matrimônios mistos, se reservam o direito de levar armas e os visigodos querem substituir o no me de "Romania" pelo de "Gothia". .43. O regime de pactos de federação dos germanos com o império os ajuda neste ideal de manutenção de sua própria cultura. Eles devem um serviço militar a Roma, mas em compensação recebem terras e conservam seus pró prios chefes ou reis. As exceções a este sistema foram poucas: os francos se instalaram em terras abandonadas, por exemplo. O bárbaro estava separado do romano também pela religião. O problema do arianismo tomou caráter po- lítico. Os visigodos foram expulsos das Galias por causa da diferença de religião e, uma vez estabelecidos na Península Ibérica, a conversão foi o primeiro passo, fundamental para a constituição da unidade nacional. Teodorico, grande admirador da civilização romana, man teve uma igreja ariana paralela à católica durante todo o seu reinado. Na maior parte dos reinos bárbaros, aparece, inicialmente, uma estrutura estatal dualista, em que germanos e romanos viviam conforme suas próprias leis e instituições. PERMAN Ê NCIAS ROMANAS A ruralização do mundo romano seguiu seu curso e até se pode afirmar que se tornou mais aguda com a irrupção dos germanos. A falta de autoridade, a queda no comércio e a tendência a autonomia dentro das "vil- lae" foram elementos aceleradores do processo. 0 latifúndio em sua forma romano-tardia com .49- na, o mesmo pode ser dito da maioria dos códi gos dos outros reinos germanos. 3. IHPOSTOS Os reinos germanos herdaram do impé- rio romano a organização tributária e o apar£ lho de recaudação que continuou operando ainda depois das invasões. Assim, os reis bárbaros mantiveram em seu conjunto, embora com al gumas simplificações, o sistema romano, e ex_i giram como tributo básico o "capitatio-luga-tio" que gravava as terras e as pessoas que as cultivavam. Este imposto era pago pelas po pulações romanas e sobre elas continuou a re- cair. Em geral, as propriedades dos bárbaros ficaram isentas. . A ECONOMIA AGRARIA A tendência ao crescimento e expansão da economia agrária tende a se afirmar, embora as cidades, com sua indústria e comércio, continuem a desenvolver um papel importante na vida econômica. A riqueza da aristocracia senatorial, tanto romana como provincial, consiste, funda mentalmente, em grandes propriedades, e sua cultura lhes permite monopolizar, freqüente- .50. mente, os cargos civis e as funções episcopa- is. A aristocracia germana, como já dissemos, segue os mesmos caminhos. E todos eles são co nhecidos com diversos nomes: "optimates", "DO tentes", "honorati", etc. O sistema romano da grande propriedade, "villae", seguido também pelos germanos, consiste numa grande propriedade, dividida em duas partes: o "ager" e o "saltus". 0 "ager" é a terra trabalhada juntamente com os edifícios de residência, tanto do proprietário como dos camponeses. O "saltus" são as terras não trabalhadas utilizadas para caça, pesca e criação de gado. 6.4,5. OS SISTEMAS DE DEPEND Ê NCIA Desde o século III, o império tinha conhecido o fenômeno que impulsionava os fra- cos a procurar a proteção dos grandes proprie_ tários. Duas formas revestia esta relação: a entrega de suas terras, por parte de um peque no proprietário, a um poderoso , e a encomen- dação pessoal de um homem livre a um senhor poderoso. A primeira, o "colonato", muito fre- qüente , convertia o pequeno proprietário em colono de suas próprias terras, entregues ago ra ao terratenente. Se diminuía a liberdade, .51. em compensação ganhava em segurança contra o fisco. Na realidade, ficava falta de liberdade porque não poderia nunca mais reaver as suas terras. Mo correr dos anos, o cerco se estreitou na medida em que as funções públicas se transferiam do estado, quase inexisten te, para-o proprietário. A justiça, a milícia e os impostos são agora, atribuições dos gran des senhores. Vemos assim nascer o "regime se nhorial". A "encomendação pessoal" e a segunda fórmula de dependência que conheceu o Baixo Império. Um homem livre se entregava ao pode- roso, obrigando-se a prestar-lhe serviços. A compensação era a entrega de terras. A crise e a desaparição do império,jun tamente com as invasões, aumentaram a insegu- rança e, com ela, a necessidade de proteção. As fórmulas continuaram sendo as mesmas.Os es tados bárbaros as reconhecem e acrescentam ain da outra reavivando um antigo costume:a "clieri tela". Os homens livres se submetera a ura chefe a quem juram defender até com sua vida.São pessoas de condição livre e formam a comitiva do rei. E agora os grandes senhores também or_ ganizam a sua. A ruralização da vida ajudava ou premiava estes "patrocinados" ou clientes com entrega de terras. Estão aparecendo, por- tanto , os rasgos pré-feudais. .52. Nestas condições, uma nova distinção social aparece. Ja não tem maior importância ser romano ou germano. É tudo a mesma coisa. 0 que vale é ser pobre ou ser rico, ser colono ou ser senhor. Nesta diferença se baseia a sociedade romano-gerraãníca: no topo estão os grandes senhores, leigos ou eclesiásticos, guer reiros ou bispos; na base, estão os servos,os colonos, os clientes, etc. Não importa se são romanos ou germanos. 6.4.6. CIDADES E COM É RCIO As cidades continuam a existir, embora sua superfície esteja bem reduzida. Continuam a ser o centro, não da vida administrati va e sim da comercial e, mais ainda, da religiosa. Junto ao "castrum", rodeado de mura- lhas, estão os "suburbia", em que se encontram os comerciantes gregos, sírios e judeus. Assim, o papiro doEgito chega a Marselha,o tri go da África a Roma, o azeite da Espanha ao norte das Gálias e as especiarias da China e da Índia, junto com as sedas de Constantino-pla, a Ravena. Até os fins do século VI,todos os países do ocidente bárbaro mantinham relações comerciais cora o Mediterrâneo oriental. .53. O CR Í STIANISMO . As permanências romanas que caracterizam estes séculos são reforçadas pela Igreja. Esta, herdeira da romanidade, a prolonga no âmbito da civilização, escolhendo o que ela precisa para suas crenças, - é o caso da filosofia, e para estender sua influência aos povos germanos. Depois de ter ajudado e mantido a poDulação durante as invasões, os bispos, que em suas dioceses, perpetuam o marco da cidade romana, se convertem em verdadeiros chefes, não só espirituais, como também temporais. Graças às doações feitas pelos fiéis às i- grejas, os bispos convertem-se em construtores de i- grejas e de cidades, onde perpetuam as tradições ar- tísticas romanas. A estas igrejas, dedicadas, quase sempre, aos mártires, protetores da cidade,açodem ver dadeiras multidões de peregrinos. A cidade passa a ter uma função religiosa e, consequentemente, os bispos passam a ter grande influência. Convertem-se em figuras políticas de grande prestígio e os íreis vão buscar apoio neles freqüentemente. 5.5.1. 0 MONACATo Os monges foram um elemento muito di- nâmico dentro da Igreja nestes séculos.Um pri meiro movimento tinha chegado do oriente è im plantado alguns mosteiros no ocidente no sécu Io IV. Era um ideal baseado no eremitismo e no .54. ascetismo individual. Frente a estes monges, mais tarde, uma outra forma de vida se espa- lhou por todo o ocidente. É o mosteiro, como comunidade corporativa e orgânica, sob a dire ção de um abade. É a grande obra de São Bento, com a regra escrita entre os anos de 530 e 556. Por isso é chamado o "pai dos monges do ocidente". Os monges beneditinos levaram a Europa a noção de uma fazenda ideal, por seu permanente contato com o mundo rural e graças ao trabalho do campo que deviam realizar para se sustentar. 0 abade era sempre mais eficaz que os senhores leigos na organização das tarefas. Contribuíram, principalmente, com os escritórios, onde a cópia de manuscritos permitiu con servar e transmitir a cultura antiga, e também com escolas, onde a cultura se desenvolveu. São Bento nunca pensou que seus monges fossem ministros nem que exercessem funções políticas. No entanto, os reis pensaram que muna época em que era tão difícil achá-los, não era prático perder as oportunidades e foram procurar nos mosteiros mestres, conselhe^ ros, escrivãos, etc. .55. . A CRISTiANIZACÃO DO PODER POLÍTICO A conversão dos povos germanos propor cionou ã Igreja uma situação de. privilégio em. cada um dos reinos. Os bispos souberam apro- veitá-la. Trataram de convencer os novos go- vernantes de que o poder político que tinham conseguido pela força deveria ser empregado para fins morais e religiosos. 0 novo ideal de realeza estava refor- çado por um cerimonial inédito que impressio- nava os súditos e tornava mais respeitável a figura do rei. Cerimonias como a unção sagrada e a coroação solene se estenderam a todos os reinos germanos. Controladas pela hierarquia eclesiástica, incorporavam a tradicional idéia germana de que o principal dever do monarca é guardar o direito da comunidade.0 rei prometia cumprir fielmente esta tarefa e um juramento religioso confirmava sua promessa. Assim, cerimônias, solenidades e juramentos cumpriam os objetivos da Igreja de manter sua presença junto a autoridade política secular. A IGREJA E A CULTURA 0 interesse que se concede aos inte- lectuais e aos centros culturais nos séculos V e VI não está era sua importância criadora e sim no fato de que é neste momento que se co- .56. Locaram os fundamentos intelectuais da Europa medieval. São quase sempre monges ou bispos os que mantêm acesa a chama da cultura.Neste sen tido é, portanto, de grande transcendência, o concilio de Vaison, em 52 9, em que se decide a criação, em todo o reino dos francos, de es colas episcopais para a educação do clero. Na Itália de Teodorico aparecem nomes muito conhecidos: Boécio (480-525), que fa2 a tradução da "Lógica" de Aristóteles e escreve "A consolação da Filosofia" e Cassiodoro,(485 -583), principal defensor do sistema educativo romano. Do mosteiro de Vivarium, fundado por ele, estimulou entre os monges o amor pelo trabalho intelectual e a cópia das obras antigas. Sua obra mais famosa são as "Insti- tuições", onde faz uma introdução à teologia e um esquema ou classificação das artes liberais ou sistema educativo romano. Esta classi ficação se conservou durante toda a Idade Mé- dia. Outro autor que não deveria ficar es- quecido é Gregorio Magno, o papa de quem ja falamos anteriormente. Conservam-se dele 848 cartas, dois tratados os "Moralia" e a Pasto- ral, além de inúmeras homilias. Nas Gálias aparece o bispo Gregorio de Tours, que escreveu a "História dos francos". É uma tentativa de integrar a história nacio- .57. nal dentro da história eclesiástica. Na Penín sula Ibérica/ lembramos os nomes de Sã.o Mar- tim de Braga, bispo dessa cidade que escreveu uma obra para a conversão dos pagãos, e São Leandro, grande amigo e correspondente, do pa- pa Gregório. Ma qualidade de Arcebispo de Se- vilha, abriu uma escola em sua própria casa para a educação dos clérigos, onde se educou a grande figura das letras visigodas: Isidoro de Sevilha. A sua biblioteca foi tão famosa na época que vários autores contemporâneos e posteriores a citam. CONCLUS Ã O No tempo decorrido entre o IV e o VI séculos, passa- mos da existência do Império Romano para sua divisão em duas partes: a oriental e a ocidental, num primeiro momento. Depois, os estados bárbaros e a Igreja, - os novos protagonistas -, se repartem o ocidente e estabelecem as ba ses de uma nova convivência. A Igreja impõe a teoria do poder e Roma transmite o Direito. A Igreja ê cada vez mais latina e ocidental e se ele va constantemente no caminho do poder. A sociedade é rural e cristã. 0 ruralismo é herança de Roma e o cristianismo também. A Igreja conserva e transmite a romanidade. .58. PARA AMPLIAR SEUS CONHECIMENTOS 1 - Fontes - ESPINOSA, Fernanda. Antologia de textos hist ó ricos Medie- vais. Lisboa: Sã da Costa, 1981. - TÁCITO, Obras menores: Di á logo dos Oradores. Vida de Agr í- cola e A Germania. Lisboa: Horizonte, 19 74. 2 - Bibliografia de Apoio - BONNASSIE, Pierre. Dicion á rio de Hist ó ria Medieval . Lisboa: Dom Quixote, 1985- - LOYN, Henry R. (org.). Dicion á rio da Idade M é dia . Rio de Ja neiro: Jorge Zahar, 1990. - MCEVEDY, Colin. Atlas de Hist ó ria Medieval . São Paulo: Ver- bo-Edusp. 1979. 3 - Bibliografia Geral - ARIES, Philippe; DUBY, Georges. Historia de Ia vida priva- da. Imp é rio Romano y ANtiquedad Tardia , Madrid: Taurus, 1991. - BRETONE, Mario. Hist ó ria do Direito Romano . Lisboa: Estam- pa, 1990. - DANIELOU, J.; MARROU, H. Mova Hist ó ria da Igreja I.Dos pri- mordios a S. Greqorio Magno. Petrópolis: Vozes, 1984. .59. - FRANCO, Hilário. A Idade H é dia e o nascimento do Ocidente . São Paulo: Brasiliense, 1986. - GUERRAS, Maria S. Os povos b á rbaros . São Paulo: Ãtica, 1987. - INÃCTO,, Inês C. et ai. 0 pensamento medieval. São Paulo: Ãtica, 1988. - LE GOFF, Jacques. A civiliza çã o do Ocidente medieval . Lis- boa: Estampa, 1983. 2 v. - MAIER, Franz G. Las transformaciones dei mundo mediterr â neo. Siqlos III/VIII. Madrid: Siglo XXI, 1977. - MUSSET, Lucien. Las invasiones. Las oleadas germ â nicas . Bar. celona: Labor, 1982. - SORDI, Marta. Los crsitianos y ei Imp é rio Romano . Madrid: Encuentro, 1988. - OLIVEIRA, Waldir F. A Antig ü idade Tardia. São Paulo: Ãtica, 1990. - ___________________.A caminho da Idade M é dia . São Paulo:Bra siliense, 1987. - RICHÊ, Pierre. Grandes invas õ es e Imp é rios . -Lisboa: Dom Qui xote, 1980. Col.: História Universal, nO 5. - ______________. As invas õ es b á rbaras . Lisboa: Europa-América, s/d. - TOUCHARD, Jean. Hist ó ria das Id é ias Pol í ticas . Lisboa: Euro pa-América, 1970. v. 1. C R 0 N 0 G R A M A .60. POLÍTICA ECONOMIA E SOCIEDADE CULTURA 284 Diocleciano proclamado imperador. 300 312. Batalha de Ponte Milvio 311. Edito de tole- rãncia 313. Edito de Milão 325 325. Constantino, uni co imperador 332. Constituição sobre o colonato 341-43. Combates no Re no contra fran cos e alamanos 325. Concilio de Ni- cáia. 328. Atanásio, bispo de Alexandria 330. Constantinopla: capital do Impe rio. 341. Ülfila converte os godos ao aria nismo. 350 352. Francos e alamanos invadem a Ga lia. 360. Inicio da luta contra o padrona do. 361. Juliano o Aposta ta. 362. Edito de Juliano sobre os mestres cristãos. 370. Basílio, bispo de Cesaréia. 374. Concessão de "foe dus" aos alamanos 374. Ambrosio, bispo de Milão. 75 375. Chegada dos hu- nos. Batalha de Adrianopla. 379. Morte de Basilio de Cesaréia. 380. Instalação dos go dos na Panônia 380. Edito de Tessa- lónica. 381. Concilio de Cons tantinopla e con fimaçio da fe .61. POLÍTICA ECONOMIA E SOCIEDADE CULTURA 382. Concessão dos "foedus" aos visigodos. 3 90. Encontro de Teo- dosio com Ambro-sio de Milão: submissão da au- toridade civil â eclesiástica. 395. Morte de Teodósio 3 82. Problemática co "Altar da Vitória". 385. São Jerônitoo na Palestina. 387. Batismo de Santo Agostinho.. 392. Proibição dos cul tos pagãos. 398. Edito sobre ahos pitalidade. 400 Honório, imperador da Ocidente e Arcâdio do Oriente. 406. 0 rio Reno é a- travessado pelos germanos. 408-10. Tepdósio II imperador. 410. Saque de Roma pe lo visigodo Ala- rico. 411. Suevos, vândalos e aianos na Pe nínsula Ibérica. 412. Os visigodos são instalados nas Ga lias. 413. Concessão do "foe dus" aos burgun- dios. 419. Visigodos na Pe- nínsula Ibérica. 407. Morte de São João Crisóstomo 420. Morte de São Je rõnirao. 425 4 28. Desembarque dos anglo-saxões na Bretanha Oriental 428-77. Genserico,rei dos vândalos. 429. os vândalos se instalam na Africa 426-29. ... "A Cidade de Deus". .62- POLÍTICA ECONOMIA E SOCIEDADE CDLVTURA 430. Morte de Santa Agostinho. 448. época de maior poder e dominação dos suevos na Península Ibérica. 438. Publicação do "Có digo Teodosiano". 431. Concilio de Éfe ro. 432. Evangelização ' de Irlanda por São Patrício. 439-45. Construção do mausoleo de Ca Ia Placidia era Ravena. 440-461. São Leão, pa pa. 450 4 51. Atila ataca as Galias. 452. Atila entra em Itilia. 453. Morte de Atila. 451- Concilio de Cal- cedonia e condena do monofisis-mo. 455. Pilhagem de Roma por Alarico rei dos vândalos. 457-4 61. Reinado de Majoriano. 457-474. Leio I, impe rador do 0-riente. 455. Valentiniano III, imperador,da for ça de lei para to da a Igreja aos decretos emanados do bispo de Roma. 75 476. Fira do Império no Ocidente. 481. Clovis, rei dos francos. 486. Os francos des- troem o reino de Siagno. 490-496. Unificação ' das tribus dos francos. 4 93. Teodorico, rei dos ostrogodos Leis de Eurico na Pe ninsula Ibérica. 492-96. Gelasio, Papa, a teoria dos "Dois Glá dios". .63, POLÍTICA ECONOMIA E SOCIEDADE CULTURA 496. Conversão de Cio vis, rei dos francos. 500 507. Batalha de Vo- nilli: expulsão dos Visigodos da Galia. Breviario de Alarico ou "Lex Romana Visi- gothorum". 511. Morte de Clovis, rei dos francos Primeiros mosteiros irlandeses. 324. Morte de Boecio São Bento se retira ao deserta. 525 526. Morte de Teodo- rico, rei dos ostrogodos. 525. São Bento funda montecassino. 527. Justiniano, im- perador. 529. Concilio de \tei son: deve ser aberta uma escola em cada bispado. 529. Fechamento de Escola de Atenas 5 2 9-33. Código de Jus tiniano. 530-36. Os francos conquistara o reino dos bur gundios. 533. Justiniano re- conquista África: fim do reino dos vândalos 535. Justiniano re- conquista Roma. 541-52. Totila, rei dos ostrogodos. 542. Grande peste em Oriente. 536. Construçio de Santa Sofia em Constantinopla. 537. Regra de São Bento. .64. POLÍTICA ECONOMIA E SOCIEDADE CULTURA 550 552. Introdução do bicho da seda no Ocidente. 553. Cassiano escreve "As institui ções". 556. São Martinho de Braga cornos sue vos. 558-61. Clotário I, rei dos fran cos, unifica a Galia. 563. Fim da recon- quista de Itália. 565. Morte de Jus- tiniano. 568. Guerras civis na Galia e divisão do terri. tório;Borgonha, NeSstria e Aus trásia. 568. Entrada dos 1 ora bardos em Itália. 573-86. Leovigildo, rei dos vi-sigodos. 559. Grande peste em Ocidente. Morte de São Bento 573-94. Gregõrio,bis po de Tours. 588-601. Recaredo, converte-se ao catolicismo. - 75 584. Fundação do E- xarcado de Ra- vena. 585. 0 reino dos sue vos é anexado pelos visigodos Gregorio de Tours e^ creve a "História ' dos francos" 583. Morte de Casio-do ro. 590-604. Gregorio o Grande, papa. .65. POLÍTICA ECONOMIA E SOCIEDADE CULTORA 600 610-41. Herádio,im perador no Oriente. 613-29. Clotário II,rei úni co dos fran COS. 614. Edito de Cletá- rio sobre a admi nistração públi ca. 610 622 . Maomé inicia as pregações. . A "Hegira" de Maomé. 625 634. Os árabes con quistam a Si-ria. 636. Os árabes con quistam Pérsia 642. Os árabes con quistam o Egi to. 643. Código de Rotá- rio. 632. 636. Morte de Maomé. Morte de Isidoro de Sevilha. S50 656. Ali Califa 661. Assassinato de Ali começa a dinastia 0-miada. 654. Código visigodo de Recesvinto. 653. 653. Fixação do texto do "Corão" Conversão dos lombardos ao ca tolicismo. EUROPA NO SÉCULO IV d. C. FOSSIER, R. La Edad Media 1. Barcelona: Crítica-Grijalbo, L988. .66. CAMINHOS DOS PRINCIPAIS POVOS BÁRBAROS DURANTE AS INVASÕES MITRE, E. Los Germanos y Ias grandes invasiones. Bilbao: Moreton, 1968. .67. ASSENTAMENTO DOS BÁRBAROS BALARD, M. et ai. Edad Media Occidental. De los b á rbaros ai Re- nacimiento. Madrid: Akal, 1989. .69. OS REINOS BARBAROS DEPOIS DE 476 GROUSSET, R. et LEONARD, E. Histoire universelle I. Des origines a 1'Islam. Paris: Gallimard, 1956. .70. OS ESTADOS BÁRBAROS NO V SÉCULO FOSSIER, R. La Edad Media I. Barcelona: Critica-Grijalbo, 1988. .71. O MUNDO MEDITERRÂNEO NA ÉPOCA DE JDSTINIANO .72- .73. O IMPÉRIO DO ORIENTE E A RECONQUISTA DO OCIDENTE BALARD, M. et ai. Edad Media Occidental. De los b á rbaros ai Re-, nacimiento. Madrid: Akal, 1989.
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