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Mundo Islamico

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17/04/24, 17:11 História Medieval Oriental
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HISTÓRIA MEDIEVAL ORIENTAL
CAPÍTULO 3 - O MUNDO ISLÂMICO:
AMEAÇA OU ESPELHO?
André Szczawlinska Muceniecks
INICIAR
Introdução
Como surgiram os muçulmanos? Em que se baseiam suas reivindicações à terra da
Palestina? O que significam os califados? Certamente você deve ter se deparado com
alguma dessas questões ao acompanhar os últimos acontecimentos no Oriente
Médio e no mundo, incluindo as disputas pela Palestina e o surgimento do Estado
Islâmico. Neste capítulo, vamos estudar os processos que levaram o surgimento do
Islamismo, sua expansão por todo o Mediterrâneo e norte da África. Inicialmente,
vamos compreender como a Arábia se organizava antes de Maomé, seus principais
ambientes, formas de vida e religiosidade. Após isso, vamos acompanhar a trajetória
de Maomé, fundador do Islamismo e seu primeiro profeta, incluindo um pequeno
panorama das fontes primárias a seu respeito, seu despertar religioso e a produção
dos textos sagrados do Islamismo. Em seguida, vamos para o processo de transição
com a morte de Maomé para a organização política dos árabes e do Islamismo, bem
como o surgimento dos califados Rashidun, Umíada e Abássida. Com isso, vamos
compreender como, desde o processo de transição inicial, já se delineou a principal
divisão do Islamismo entre sunitas e xiitas. Além disso, vamos entender como o
Islamismo se expandiu muito rapidamente no Oriente Médio e Mediterrâneo,
durante a primeira metade da Idade Média, e como os califados foram sucedidos por
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outras organizações políticas e, assim, culminando com o Império dos Turcos
Otomanos. Finalmente, o capítulo será encerrado com os grandes feitos dos
islâmicos no campo dos saberes e da cultura. Bons estudos!
3.1 O surgimento do Islão na Península
Arábica: da Arábia pré-islâmica a
Maomé
Na região do sul do Mediterrâneo, mais especificamente na Península Arábica, foi
criada por Maomé, no século VII, uma religião que em apenas dois séculos se
tornaria uma das maiores crenças do mundo.
Também surgiria ali um império que abrangeria todo o norte da África, parcela
considerável do Oriente Médio e chegaria até a Índia e Ásia Central. Você deve ter
notado que estamos falando do Islamismo, certo? Vamos ver a seguir as divisões da
Arábia antes de Maomé, incluindo a região desértica e costeira, suas formas de vida,
religião, e as transformações ocorridas a partir das revelações recebidas pelo
profeta. Outro ponto abordado, será como as relações com judeus e cristãos
ajudaram Maomé a delinear o Islamismo.
3.1.1 A Arábia pré-islâmica: o interior, a religiosidade e as formas de
vida
Como os árabes se organizavam antes de Maomé e do Islão? Pois a Arábia pré-
islâmica ocupava o território aproximado da atual Arábia Saudita. Estava dividida
em 13 territórios principais, habitados por tribos de grupos etnolinguísticos
semíticos, aparentados aos árabes e hebreus, mas distintos dos indo-europeus e
turcos (CAQUOT, 1987).
Você pode diferenciar dois contextos geográficos básicos e distintos, mas
complementares: a região do interior e a costeira.
A região interior era desértica com frequência, salpicada por poucos oásis
espalhados em seu meio, que se tornavam pontos de parada das caravanas a
percorrer o deserto. O controle dos oásis era disputado pelas tribos que ocupavam a
área e viviam de forma nômade ou seminômade e eram lideradas por xeiques.
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Da mesma forma que outros povos semíticos na Antiguidade, como os hebreus, as
tribos árabes se estruturavam de forma fortemente patriarcal e em clãs. A
autoridade do patriarca da família era tida em alta conta, inclusive em relação a seus
filhos já em idade de casamento. A memória do clã era passada oralmente, e muitos
dos povos podiam recitar dezenas de gerações de sua linhagem. As tribos e clãs se
formavam  remetendo à memória e à tradição de um ancestral comum (VAUX, 2004).
As atividades básicas de subsistência eram o comércio, a criação de carneiros e
camelos, e a proteção dada a caravanas ao atravessar o deserto.
A religiosidade dessas tribos nômades se manifestava em culto a elementos da
natureza como árvores, fontes de água e pedras, consideradas como habitações de
divindades. Estes seres sobrenaturais tinham sua autoridade limitada a locais
específicos e eram conhecidos como jinn.
Você talvez tenha ouvido nomes derivados desta palavra na cultura popular,
principalmente no filme Aladdin e nos contos das Mil e uma noites. É de jinn que
deriva o termo “gênio” nas línguas do ocidente e eram às vezes benevolentes, mas
Figura 1 - Exemplo de paisagem da região desértica do interior da Arábia Saudita, habitado por tribos
nômades nos tempos de Maomé. Fonte: tnabeel, Shutterstock, 2018.
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frequentemente atacavam a quem os ofendesse com loucura ou até mesmo com a
morte (SAUNDERS, 2002).
As tribos nômades carregavam suas divindades consigo em tendas ou tabernáculos.
Tribos mais sedentarizadas geralmente erigiam pequenas construções de pedra,
onde colocavam as representações de suas divindades e ofereciam
sacrifícios.  Vejamos agora o outro contexto habitado pelas tribos árabes,
complementar ao meio do deserto: a região costeira.  
3.1.2 A Arábia pré-islâmica: a área costeira e os contatos com grupos
monoteístas 
Na região costeira havia muitos núcleos urbanos povoados por tribos sedentárias. A
atividade principal de subsistência também era comercial, porém, o comércio era
travado com regiões mais distantes, além das próprias tribos árabes do interior, e
havia uma circulação muito maior de ideias. Muitas das cidades possuíam grupos
praticantes de religiões monoteístas, quer eram os judeus e cristãos.
Como você pode perceber, antes do Islamismo, os árabes recebiam influências
desses grupos monoteístas e, somada à própria similaridade cultural existente entre
árabes e hebreus, não é de se espantar que o Islamismo possuísse muitas
similaridades com essas religiões.  Principalmente na região sul costeira, as
manifestações religiosas locais envolviam divindades celestes e templos de pedra,
uma similaridade com as antigas religiões mesopotâmicas (SAUNDERS, 2002). 
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Uma cidade da qual você precisa se lembrar, pois tinha o maior destaque na faixa
costeira, é Meca (Makhah). Meca era um centro de peregrinação religiosa.  Ali estava a
Caaba, um templo no qual eram reunidas as divindades das várias tribos, incluindo
jinn, pedras e divindades celestes. A Caaba existia, portanto, antes do Islamismo, e
consistia em um santuário construído de pedra e coberto por véus. No seu canto
oriental se encontrava uma pedra negra, provavelmente um meteorito. Durante
quatro meses do ano as tribos do deserto e de outras cidades costeiras se dirigiam
para a Caaba a fim de cultuar suas divindades. Outras regiões da Arábia tinham
santuários menores, porém, a Caaba de Meca era considerada o centro do mundo.
Foi referida possivelmente por autores da Antiguidade, como Diodoro Siculo, como
templo do Sabeus (GIBBON, 2014).
Figura 2 - Mapa da Península da Arábia nos tempos de Maomé, mostrando as principais rotas
comerciais, cidades e império. Fonte: DOWLEY, 2010. p. 86.
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Como você pode imaginar, o contato entre as tribos que passavam por Meca gerava
comércio e, assim, lucro e prosperidade. A tribo que controlava a cidade de Meca era
a tribo dos coraixitas (quraysh), que se enriqueceu grandemente da posição de sua
cidade.  É nesse contexto da tribo dos coraixitas que surgiu Maomé, fundador e
profeta do Islamismo. Vamos conhecer sobre sua vida a seguir. 
3.1.3 Maomé (ca. 570-632), sua vida e o surgimento do Islamismo
Existem três tipos de fontes que trazem informações sobre a vida de Maomé: as
referências no Corão que são não cronológicas e esparsas; a literatura Sirah -
biografias de sua vida escritas nos séculos VIII e IX; e os Hadith ou “ditos” -
coletâneas de ensinos e tradições sobre Maomé baseados na tradição oral (LINDSAY,
2005).
O Corão, também conhecido como Alcorão, é o livro sagrado do Islã e está dividido em 114 suratas, isto é,
como capítulos. Você pode consultar o conteúdo completo online, em árabe e português, no site do
Instituto Brasileiro de Estudos Islâmicos (ALCORÃO, s/d).  A organização é acessível os links estão
enumerados por surata, com os títulos explicativos: <https://ibeipr.com.br/alcorao-sagrado/
(https://ibeipr.com.br/alcorao-sagrado/)>. 
Segundo essas tradições, Maomé (cujo nome completo em árabe é Abū al-Qāsim
Muḥammad ibn ʿAbd Allāh ibn ʿAbd al-Muṭṭalib ibn Hāshim) fora um comerciante de
camelos da tribo dos coraixitas, órfão muito cedo, foi cuidado por seu avô e,
posteriormente, por seu tio. Em virtude de seu ofício, Maomé travara contato e
sofrera influências das populações monoteístas das cidades costeiras da Arábia.
Apesar de fazer parte da tribo de quraysh, ele não era um aristocrata; seu clã, o
Hashim, era do estrato social mais baixo (DONNER, 2000).
Maomé viria a ser conhecido pela sua sabedoria e capacidade de intermediar
conflitos, característica que chamou a atenção de Hadjijah, uma viúva rica de cerca
de 40 anos, que lhe propôs casamento, quando ele tinha 25 anos (SENTURK, 2006).
VOCÊ QUER LER?
https://ibeipr.com.br/alcorao-sagrado/
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Por várias vezes, Maomé procuraria a solidão para meditar e um de seus lugares
prediletos para isso era uma caverna no monte Hira, localizado próximo a Meca. A
partir de seus 40 anos de idade, o profeta passou a receber revelações da parte de
Deus, por meio do anjo Gabriel. Dessas revelações, supostamente derivou o Corão, o
livro sagrado do Islamismo. Como você pode perceber, o contexto da circulação de
ideias monoteístas nas cidades que Maomé percorreu providenciaram muitos
conceitos, e mesmo personagens como o anjo Gabriel, para a fundação do
Islamismo.
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 Figura 3 -
Miniatura persa de Maomé sendo levado ao céu pelo anjo Gabriel, uma das poucas representações do
profeta, referente ao período fundamental de fundação do Islão. Fonte: Morphart Creation,
Shutterstock, 2018.
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Os primeiros convertidos à pregação de Maomé, foram sua esposa Hadjijah, seu
primo, e poucas pessoas de seu círculo mais próximo. Abu Bakr, um amigo de
infância, seria o primeiro convertido sem laços de sangue, e atuaria como
conselheiro até o final de sua vida. Logo Maomé pregaria em Meca, recebendo
oposição entre os coraixitas, que enxergavam o monoteísmo como ameaça à
prosperidade e comércio da cidade. Após sua esposa e seu tio falecer, Maomé ficou
desamparado e precisou fugir em 622 para a cidade de Yatreb (Medina). Esta fuga é
chamada de Hégira, e marca o ano inicial do calendário islâmico.
A cidade de Medina já fora dominada por três clãs de judeus, mas no tempo da fuga
de Maomé estava no controle árabe. Estava localizada em um oásis autossuficiente.
Medina continha uma significativa quantidade de judeus e cristãos. Acadêmicos do
ocidente, como Saunders (2002), consideram que neste período muitas referências
no Corão a personagens bíblicos como Adão e Noé se consolidariam. Foi
particularmente relevante a adoção da tradição judaica do personagem Abraão, que
seria considerado ancestral comum a judeus e árabes.
Maomé, consciente da tradição profética entre os judeus, se identificaria como o
último dos profetas, que traria a revelação final de Deus. Maomé estabeleceu,
portanto, uma relação de continuidade do Islamismo com o Judaísmo e,
indiretamente, com o Cristianismo. Note que os termos para Deus em árabe (Allah) e
hebraico (Ellohim) possuem a mesma origem e significado e são baseados na
identidade semítica de ambos os povos.
Neste período, fora de Meca, Maomé foi capaz de unificar e converter as tribos do
deserto, formando uma poderosa confederação política. O profeta teve outras
esposas das quais se destacou: Aixa, filha de Abu Bakr, cujo casamento selou
alianças importantes e montaria o cenário para conflitos na sucessão do profeta. Ao
retornar a Meca em 629, com um exército de cerca de 10 mil homens, Maomé
conquistou a cidade praticamente sem derramamento de sangue, adicionando para
o seu exército uma grande quantidade de novos guerreiros.
A conversão e submissão ao Islão era sua exigência para os que se colocavam sob
sua proteção; um muçulmano é “aquele que se submete”, não poderia atacar outro
(WELLS, 2011). Na ocasião de seu falecimento, em 632, as tribos da Arábia
encontravam-se política e religiosamente unificadas (DONNER, 2000). Sua morte, no
entanto, traria outros problemas para o recém-criado Islamismo, que você estudará
logo a seguir. 
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3.2 O califado Rashidun (631-661) e a
expansão inicial islâmica
A morte de Maomé trouxe desavenças e disputas de sucessão ao poder. As
organizações políticas surgidas depois, foram chamadas de califados. Califa, do
árabe khalifa, significa “sucessor”, ou “representante” (DONNER, 2000). Distinguem-
se três principais califados no período medieval: o califado Rashidun ou patriarcal, o
califado Umíada e o califado Abássida. O último coexistiu com o califado Fatímida.
Você estudará a seguir o período inicial de expansão e organização do Islão após a
morte de Maomé, as disputas surgidas com sua morte, primeiras divisões no
Islamismo e o surgimento do primeiro califa, Abu al Bakr. Também compreenderá as
características principais dessas divisões no Islamismo, bem como quais suas
características são comuns a todas as vertentes e grupos. 
3.2.1 A morte de Maomé, as primeiras divisões no Islamismo e as
Guerras Ridda
Da mesma forma que o Cristianismo possui vertentes e subdivisões, o Islamismo
sofrerá processos similares com no decorrer dos tempos. As maiores subdivisões do
Islamismo são entre os sunni e os shia e ocorreu já em 632, por ocasião da morte de
Maomé.
Quando o líder faleceu não deixou nenhum herdeiro homem e, como você pode
imaginar, eclodiu o conflito para decidir quem seria seu sucessor na liderança dos
muçulmanos. O grupo que seria chamado de sunni, apoiavam Abu Bakr, o sogro e
conselheiro de Maomé, como sucessor e califa com a justificativa de o que Maomé
não deixara instrução sob sua sucessão.  Por outro lado, havia os apoiadores de Ali,
primo e genro de Maomé, que seriam chamados de “Shi´at Ali”, “seguidores de Ali”,
e alegavam que Maomé deixara instruções referentes à sua sucessão.
Com o passar do tempo, outras divergências teológicas foram se acumulando entre
as posições, mas isso necessitaria de um estudo específico. O que você precisa saber
é que ainda se passariam alguns poucos anos antes da compilação final do próprio
Corão. Resumidamente,ambas correntes viriam a considerar o Corão como
divinamente inspirado.
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Porém, em adição à divergência sobre a sucessão de Maomé, disputariam sobre os
hadith, as coletâneas de ensinos e tradições sobre Maomé. Essas coletâneas,
fundamentadas na tradição oral, estavam sujeitos à divergência, não apenas de
interpretação, mas também, na consideração de seu valor religioso (SAUNDERS,
2002), e poderiam fortalecer ou negar as alegações de ambos os grupos.
Os quarenta ditos, os hadith (An-NAWAWI, 2007) contêm alguns fundamentos da Shariah, a lei islâmica.
Essa coletânea foi escrita cerca de três séculos após a morte de Maomé e coletada por Imam Nawawī no
século XIII. É aceita pelos suni e por parte dos shiah (apenas pela seita zaydi). Leia a coletânea completa
em:  <http://www.islamicbulletin.org/portuguese/ebooks/hadith/40_Hadith_por.pdf
(http://www.islamicbulletin.org/portuguese/ebooks/hadith/40_Hadith_por.pdf)>.
Os shia consideram os três primeiros califas ilegítimos e não aceitam diversas hadith
consideradas pelos sunni. Com o passar dos tempos se acumularam também
diferenças de práticas e costumes e, no geral, os shia são vistos
contemporaneamente como mais radicais em suas práticas religiosas (AMIR-MOEZZI,
2006).  “Xiita”, de shia, assumiu conotação ligada ao extremismo no Ocidente, mas
você deve compreender que nos primeiros momentos do califado a posição dos
sunni - de onde vem “sunita”- era mais extremada.
VOCÊ QUER LER?
http://www.islamicbulletin.org/portuguese/ebooks/hadith/40_Hadith_por.pdf
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Ainda nos anos iniciais, muitas tribos árabes deixaram da fé islâmica e se revoltaram,
recusando-se a pagar impostos e seguindo a vários profetas que haviam surgidos
ainda nos tempos de Maomé. Abu Bakr liderou os islâmicos entre 632 e 633, a fim de
sufocar essas revoltas, que vieram a ser conhecidas como Guerras Ridda ou Guerras
da Apostasia.
Apesar dessas divisões e discordâncias, alguns pontos serão aceitos unanimemente
por todos os ramos islâmicos, vindo a serem considerados como pilares da fé.
Vamos estudá-los no próximo item. 
3.2.2 Características gerais comuns às diversas vertentes islâmicas
Os anos após a morte de Maomé serão fundamentais na definição dos aspectos
básicos do Islamismo e na própria compilação de seus textos sagrados. Apesar das
divergências sobre a sucessão do profeta e a aceitação de alguns dos hadith, alguns
pilares principais definidos no Islamismo são considerados delineados por Maomé
(CORNELL, 2000; SABRA, 2006):
 
Figura 4 - A Mesquita de Abu Bakr, em Medina, construída no lugar onde teriam estado as casas de Abu
Bakr, primeiro califa e sucessor de Maomé. Fonte: Izuddin Helmi, Shutterstock, 2018.
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1º pilar - Shahada: a “profissão de fé”, a verdade fundamental do Islão. “Não há deus
além de Alah e Maomé é seu único profeta”;
2º pilar - Salat: a “adoração diária”, fixada por fim em cinco orações que o islâmico
deve fazer, na direção da Caaba, em Meca;
3º pilar - Zakah: as esmolas. Um décimo da renda do fiel deveria ser dada em forma
de caridade;
4º pilar - Sawm: o jejum.  Deve ser observado no período do Ramadan
(aproximadamente o mês de setembro);
5º pilar Hajj: a peregrinação. O fiel deve peregrinar a Meca pelo menos uma vez na
vida, se houver condições.
 
Teologicamente, o Islamismo é uma forma bastante pura de monoteísmo. Há apenas
um Deus, Allah. Não há encarnação e intermediários como no Cristianismo Romano,
não há sacrifícios ou expiação como no Judaísmo antigo. De forma similar a Moisés,
Maomé é o único profeta e também legislador, não havendo distinção no Corão - ao
menos em seu início - entre lei secular e religiosa, tampouco entre autoridade civil
ou religiosa, característica que afetaria consideravelmente o desenvolvimento das
nações a adotarem o islamismo na posteridade.
Agora que você sabe os preceitos fundamentais do Islamismo, é o momento de
analisarmos os próximos passos de sua consolidação e expansão, que requereram
sua reorganização política. Você verá a seguir, portanto, o surgimento dos califados e
um pouco de sua história.     
3.2.3 A formação e expansão do Califado de Rashidun ou Patriarcal
(632-661)
Vimos sobre a disputa da sucessão de Maomé, mas, afinal o que aconteceu? A
posição dos sunni prevaleceu de início e Abu Bakr foi escolhido como o primeiro
califa. A ele seguiram outros três, que governavam na forma de uma monarquia que,
apesar de patriarcal, não era hereditária, ou seja, todo membro da família do sexo
masculino poderia ser um candidato à linha sucessória. Medina foi escolhida como
centro de governo do califado.
Você pode notar que apesar da curta duração do califado Rashidun, durante essas
primeiras décadas, o Islamismo se expandiu geograficamente de forma admirável, à
custa principalmente, dos Impérios Persa e Bizantino. As tribos árabes recém-
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unificadas, partiram em uma série relâmpago de conquistas das áreas ao redor,
muitas vezes se aproveitando das conjunturas e fraquezas locais de bizantinos e
persas, fortemente motivados pela nova fé que buscavam propagar.
Os islâmicos adicionaram aos seus territórios Síria, Palestina e Jerusalém (637),
Egito (639-642), Líbia, Pérsia e Mesopotâmia (633-651), Norte da África até Trípoli
(642-647), Cáucaso (653-655) e algumas Ilhas do Mediterrâneo (Chipre, Rhodes,
Córsega, Sardenha, Creta, Sicília).
Para financiar essas campanhas, uma pesada carga de impostos era taxada sobre as
populações conquistadas. Neste califado, os muçulmanos não pagavam impostos e
os árabes possuíam uma série de privilégios em relação às demais populações e
etnias conquistadas. As populações locais de judeus e cristãos - as “crenças
abraâmicas” - pagavam impostos, mas tinham liberdade para praticar sua fé,
defendida pelo próprio Maomé. Seriam consideradas “minorias protegidas” ou
dhimmis (ARMSTRONG, 2001). Foi no período do califado patriarcal que o Corão foi
compilado como um todo, no ano de 634.
Figura 5 - Mapa demonstrando a extensão geográfica do califado Rashidum no ano de 654, e a conquista
de áreas dos Impérios Bizantino e Persa. Fonte: Keith Tarrier, Shutterstock, 2018.
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Apesar da expansão muito rápida, os árabes tinham pouca experiência em
organização política, e os conflitos que eclodiram com a conquista de territórios
bizantinos, que perdurariam nos califados subsequentes, seriam conhecidos como
as Guerras árabe-bizantinas.
Agora você estudará os califados sucessores de Rashidum, partindo do primeiro: o
califado Umíada. 
3.3 O califado Umíada (661-750): a
expansão na África e a bizantinização
do califado
O período intermediário do Islamismo medieval é sob a organização do chamado
califado Umíada. Durante esse período, o mundo Islâmico passou por processos de
“laicização” e de amálgama cultural, que colocam em cheque as concepções de
senso comum do ocidente sobre o mundo islâmico.
Os pontos que vamos tratar incluem o processo de transição que acarretou no
surgimento desse segundo califado e os desafios surgidos, a expansão e os desafios
organizacionais administrativos que os califas enfrentaram.  Você irá observar os
modelos empregados pelos califas a fim de organizar a administraçãodos califados,
já muito distintos politicamente da Arábia nos tempos de Maomé. Além disso, verá
também como, durante esse califado, foi expandida a mashdad do Domo da Rocha,
em Jerusalém. 
3.3.1 A revolta sob Muhaviah e a primeira Fitna
O califado Umíada será iniciado por Muawiya, governador da Síria, que se revoltou
contra os Rashidun e os privilégios dados aos árabes e fundou uma nova dinastia. A
sucessão dos Umíadas seria hereditária. A revolta e a guerra civil que se sucederam
foram chamadas de Primeira Fitna. Após o assassinato do califa Otomão por
rebeldes do Egito, se iniciou a guerra civil que durou de 656 a 661.
Durante o califado Umíada, a capital foi transferida de Medina para Damasco, na
Síria. Os árabes continuaram a manter certa primazia em relação às outras etnias,
mas os sírios obtiveram posição similar. Os novos convertidos, os mawali, tinham
uma relação conflituosa com os árabes e sírios devido aos privilégios que ambos
ainda possuíam.
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E o que caracteriza o califado Umíada? Vamos descobrir a seguir, juntamente com a
forma com que Bizâncio teve importância fundamental na organização e
continuidade do Islamismo.
3.3.2 A expansão e organização do califado Umíada, e a adoção de
modelos bizantinos
Você deve ter em mente que durante esse califado ocorreu uma tendência à
secularização do estado e uma adaptação de modelos culturais, principalmente
bizantinos. A transferência da capital para Damasco, colocou o centro do califado em
um meio fortemente bizantino, grego, que foi assimilado pelos governantes
islâmicos; a pompa e circunstância bizantinas foram assimilados no meio árabe que,
até então, desprezavam o luxo e o esplendor (WELLS, 2011).
Instituições cívicas e de governo foram adaptadas dos bizantinos como o Direito, as
formas de administração, as estruturas de fiscalização e a própria moeda teria
origem no Império Romano do Oriente: o denarius de Bizâncio seria adaptado nos
dinares (ou dirheims) islâmicos. Os primeiros juízes islâmicos, os qadis, adaptaram
muito do direito bizantino na formação da xariá, a lei islâmica. Também no campo
da cultura, arte, música e ciência, os árabes absorveram muito de Bizâncio durante o
período Umíada. Por todas essas razões, você pode encontrar autores como Wells
(2011) que usam o apelido de Império NeoBizantino ao se referir ao califado Umíada.
Os islâmicos não conseguiram, no entanto, conquistar Constantinopla. Muawiya
efetuou vários ataques no Mar Negro, mas a marinha Bizantina, usando o famoso
“fogo grego” - uma espécie de napalm - espantou a frota islâmica. Os árabes, em seu
retorno para casa, enfrentaram tempestade e boa parte de sua marinha naufragou.
Seus exércitos remanescentes foram facilmente derrotados por terra e por mar.
Assim, os árabes foram forçados a aceitar uma trégua e a pagarem impostos aos
bizantinos. Uma tentativa de ataque posterior, em 717, foi igualmente infrutífera.
VOCÊ SABIA?
A Segunda Fitna ou Segunda Guerra Civil (ca. 680-692) eclodiu com a morte de Muawiya. Os
historiadores divergem no estabelecimento de suas datas, mas seus acontecimentos marcantes são
de conhecimento geral: tratou-se das lutas dos Umíadas para se manterem no poder, enfrentando
dinastias concorrentes.
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O califado foi dividido em províncias, governadas por Emires, e passou por uma
segunda expansão no norte da África, no Magreb, atravessando o Estreito de
Gibraltar e chegando até a Península Ibérica. O reino visigodo foi conquistado e
adicionado aos domínios Umíadas e, os exércitos do califado, chegaram a atravessar
os Pireneus e travar uma série de batalhas contra os francos.
O avanço islâmico no reino franco foi encerrado em 732, quando Carlos Martel,
prefeito do palácio carolíngio, foi capaz de derrotar os exércitos islâmicos na Batalha
de Poitiers (LE GOFF, 2005). No extremo leste, o califado também se expandiu
chegando até ao subcontinente indiano, na região do El-Sindh.
CASO
A Índia islâmica  
Por toda a história medieval e moderna, o Islamismo expandiu-se de forma irregular nos territórios
do subcontinente indiano. Diversos califados e sultanatos, ligados a igualmente diversos grupos
étnicos como árabes, persas, mongóis e turcos, foram responsáveis pela conquista e conversão de
partes do subcontinente indiano para o Islão, adicionando uma significativa diversidade cultural e
religiosa à região que, ainda que majoritariamente hindu, já era extremamente diversificada.
Durante o califado Umíada, a região que hoje é conhecida como Paquistão foi adicionada aos
territórios islâmicos. Outras áreas da Índia também foram islamizadas em séculos mais para a frente,
como durante os Sultanatos de Delhi (1206-1506) que governou o norte e eventualmente quase toda
Índia, e de Bengala (1352-1576), na atual Bangladesh. Até o período da Índia Britânica (1858-1947),
uma sucessão de impérios fragmentados mistos governou áreas povoadas por uma infinidade de
grupos étnicos e religiosos. Os britânicos dividiram a região nos países conhecidos hoje como
Paquistão, Índia, Bangladesh e Mianmar (Birmânia), segundo critérios que levaram também em
consideração os principais grupos religiosos, mas separaram minorias e geraram tensões que ainda
se encontram presentes nos países em questão. Enquanto Paquistão e Bangladesh possuem maioria
islâmica, a Índia tem maioria hindu, e Mianmar, budista. Os grupos e etnias minoritárias destas
nações enfrentam problemas diversos, incluindo sectarismo e perseguição religiosa, cujas raízes não
remontam apenas ao colonialismo ocidental, mas também ao passado medieval islâmico, hindu e
budista.
O califado Umíada perduraria até 750 governado por 14 califas. Após sua queda, a
dinastia sobreviveria em Córdoba na Espanha, inicialmente como Emirs
(governadores) e, posteriormente, como califas da própria Córdoba (a partir de 929).
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3.2.3 O domo da rocha e a tradição da viagem noturna de Maomé
Vamos voltar um pouco no tempo, em especial para a época do califado Rashidum.
Durante aquele califado fora construída uma pequena casa de oração pelo segundo
califa, Umar, em Jerusalém. A tradição islâmica cria que Maomé visitara o local em
sua Jornada Noturna, uma viagem física e espiritual feita em apenas uma noite, por
volta de 621 A.D.
Agora, durante o califado Umíada, sob o governo dos califas Abd al-Malik e depois
sob seu filho Al-Walid, o local foi expandido e transformado na mashdad de Al-Aqsa,
ou “Domo da Rocha”, construção completada em 705. Califas posteriores fizeram
adições e reformas no local.
 
Um mashdad é um santuário para peregrinos e não uma mesquita. Perceba que o
local em que o Domo da Rocha foi construído era sagrado para o judaísmo, teria sido
ali, no monte Moriah, que Abraão teria levado seu filho Isaque para ser sacrificado a
Deus, segundo relato do livro bíblico de Gênesis, capítulo 22. Como você estudou
mais acima, os islâmicos consideravam-se descendentes também de Abraão,
Figura 6 - Foto atual de Mashdad de Al-Aqsa, ou “Domo da rocha”, na cidade velha de Jerusalém, onde
supostamente Maomé fez sua “viagem noturna”. Fonte: Vadim Petrakov, Shutterstock, 2018.
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enquanto Israel descenderia de seu filho Isaque com Sara, os árabes alegavam a
descendência via Ismael, filho da escrava Agar, o que você encontra no relato do
capítulo 21, livro de Gênesis (WELLS, 2011).
Vamos seguir nosso estudo com terceiro califado Islâmico, no qual se dará a
chamadaIdade de Ouro do saber islâmico e também no qual o mundo muçulmano
passará por grandes conturbações e conflitos não só a Oriente, mas também com o
Ocidente. 
3.4 O califado Abássida (750-1258) e os
conflitos com o Ocidente
Você verá agora um breve apanhado do último grande califado islâmico,
denominado abássida. Durante esse califado, que abrangerá a segunda metade do
período medieval, o mundo islâmico passou por diversas interações e conflitos com
os reinos do ocidente, bem como grandes transformações internas com a conversão
dos turcos das estepes. A influência bizantina sofrida no tempo Umíada foi
transferida para a Pérsia.
Apesar da duração longa, o período de apogeu consistiu apenas em seus três
primeiros séculos. A partir do século XI, o califado passou por um grande
esfacelamento em outros califados, como Córdoba e Fatímida. Nesses momentos
finais, o mundo islâmico enfrentou processos de acirramento dogmático e restrições
à filosofia em paralelo ao seu declínio político. Mas para começar, vamos aos
processos de formação do califado Abássida.  
3.4.1 A revolução abássida e a fundação de Bagdá
Em 750, o clã dos Abássidas, descendentes de Al-Abbas, tio de Maomé e com
influência nas áreas persas, se revoltou contra o domínio Umíada. Os abássidas
conseguiram apoio tanto dos persas e outros mawali (os não árabes) considerados
inferiores pelos Umíadas, quanto dos árabes, apelando para o descontentamento
com a moral Umíada e a influência de elementos gregos na sociedade árabe.
O líder abássida ao ser escolhido como primeiro califa, Al-Saffah, governou apenas
por quatro anos. Seu sucessor, al-Mansur, foi responsável por estabilizar o califado,
mantê-lo coeso e sufocar as revoltas e oposições. Uma das suas primeiras medidas
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foi a fundação de uma nova capital: Madinat as-Salam, “cidade da paz”, conhecida
pouco depois como Badgá.
O local de Bagdá, próxima a antiga capital persa, Ctesifonte, entre as margens dos
rios Tigre e Eufrates, era vantajoso e estratégico comercialmente e permitia a al-
Mansur um bom controle das cidades iranianas e mesopotâmicas. Ficava na rota da
seda e ligava o extremo oriente com o ocidente. No entanto, era vulnerável e seria
atacada e conquistada pelos mongóis no século XIII. Dos planos da cidade original,
nada sobrou (WELLS, 2011).
Mas a cidade fora gloriosa. Embaixadores de Bizâncio e da Europa Ocidental se
espantavam com sua riqueza e opulência.  O que Bizâncio fora para o califado
Umíada, a Pérsia seria para os Abássidas. Os califas persas modelaram seus
governos e administrações de acordo com modelos dos persas sassânidas.
O mundo abássida estará, dessa forma, mais ligado ao leste, ao planalto iraniano e à
Ásia Central, características que influenciarão decisivamente seu desenvolvimento.   
3.4.2 As cruzadas, os turcos e mongóis, e a fragmentação do califado
Abássida
O califado Abássida perdurará até sua conquista pelos turcos otomanos em 1258,
mas terá seu predomínio e hegemonia diminuídos com o surgimento de califados
menores e com o esfacelamento do leste sob invasões turcas e disputas internas. O
contexto é extremamente complexo, marcado por muitas dinastias e grupos étnicos,
e você deve tomar conhecimento principalmente de alguns grupos e processos
principais.
Nas regiões do Khurasan, no nordeste da Pérsia, e na Transoxiana, região entre os
atuais Turcomenistão e Uzbequistão, os persas samânidas - você não deve confundi-
los com os sassânidas que são anteriores - estabeleceram uma autoridade
autônoma e, por vezes, concorrente dos abássidas a partir de 820. Esse núcleo
formaria a base para a força turca posterior.
No Egito, a dinastia Fatímida tomou muito do território original Abássida, entre 909 a
1171. Já na Espanha, foi fundado o Califado de Córdoba, em 929, pela dinastia
Umíada, que governava a região até então por meio de Emires, pertencente ao
governo Abássida.
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VOCÊ SABIA?
O califado Fatímida (909-1171) coexistiu com o califado Abássida e tomou muito das áreas antes
sobre seu domínio, incluindo a faixa costeira meridional da Arábia, Palestina, Egito e norte da África.
Teve 14 califas e sua dinastia alegava descendência da Fátima, filha de Maomé, foi deposta pela
dinastia Aiúbida, fundada por Saladino.
Em adição ao contexto já complexo, eclodiram, a partir do século XI, as Cruzadas e o
mundo islâmico, até então relativamente tolerante com as outras crenças
abraâmicas, entrou em estado de conflito aberto com a cristandade.
O núcleo de poder abássida foi, desde seu início, a Pérsia. As áreas mais a leste, no
entanto, se fragmentariam com as invasões dos turcos a partir do século XI e,
posteriormente, dos mongóis, no século XIII. Como você viu há pouco, a região já se
encontrava em processo de fragmentação com o poder samânida.
O grande império sucessor dos califados islâmicos no Oriente Médio e Norte da
África de destaque foi o domínio dos turcos, povos originários das estepes
euroasiáticas ao norte das fronteiras abássidas, entre o Mar Negro e Aral. O Império
Seljúcida foi fundado por Tughril Beg (1016-1063), no ano de 1037. Tughril Beg, turco
do ramo dos oguzes, deu à sua dinastia o nome de seu avô, Seljuk, que tinha fama
de ter servido no exército dos Khazares na metade do século X, ocasião na qual
migrou para a região de Khwarezm, ao norte da Pérsia, e se converteria para o
Islamismo. Os seljúcidas baseariam seu poder nos domínios da Pérsia Samânida,
estabilizando parte considerável da região marcada por lutas fronteiriças e
dinásticas.
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Com o sobrinho de Tughril Beg, Alp Arslan, os turcos conquistaram a Armênia e
Geórgia por volta de 1064 e o próprio Império Bizantino, em 1068, tomando parte
considerável da Anatólia. Após a Batalha de Manzikert, em 1071, a invasão turca na
Ásia Menor sobrepujou a resistência de Bizâncio. O pedido de ajuda dos
imperadores bizantinos ao Ocidente para conter os avanços turcos seria um dos
fatores a desencadear as Cruzadas.
As Cruzadas efetuadas a ocidente ocasionaram as guerras de reconquista na
Península Ibérica e levaram ao fim do califado de Córdoba.
Figura 7 - Mapa demonstrando o avanço dos seljúcidas nos domínios islâmicos e o grande número de
nações e tribos do contexto. Fonte: BARRACLOUGH, 1995, p.133.
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Nos séculos seguintes, a força abássida estava diminuída. Os grandes poderes
islâmicos eram a dinastia Fatímida, a egípcia e os turcos seljúcidas. As invasões no
século XII, com Genghis Khan, traria mais tumulto, que foge do nosso escopo. O que
você precisa ter em mente é que, a partir do final do século XIII, em 1299, uma nova
dinastia também originária dos turcos oguzes se estabeleceria na Anatólia e
perduraria até a Idade Contemporânea: os turcos otomanos.
Apesar do fim dos califados árabes, o Islamismo perdurou com força até os dias de
hoje. Os avanços culturais dos califados medievais têm influência perene. Para saber
quais são essas heranças culturais, continue a leitura do texto. 
3.4.3 A Casa do Conhecimento e a ciência árabe
Vamos abordar um pouco sobre o conhecimento e a ciência islâmicas no medievo. O
tópico é fascinante, mas muito amplo, e estimulamos que você pesquise mais
posteriormente.
Voltemos ao início do califado abássida. Durante o governo de Harun al-Rashid, que
governou de 786 a 809, foi fundada uma biblioteca em Bagdá, expandida por seu
filho al-Mamun. Segundo tradição contada pelo escritor Ibn an-Nadim,do século X,
al-Manun tivera um sonho com Aristóteles e, motivado por ele, solicitou que o
imperador bizantino, derrotado recentemente, recebesse enviados seus a fim de
selecionar livros antigos conservados em Bizâncio.
Os livros foram levados para a Casa do Conhecimento, uma instituição, segundo an-
Nadim, criada por al-Mamun especialmente para se traduzir obras gregas para o
árabe (WELLS, 2011).
Você precisa compreender que essa versão provavelmente foi criada por an-Nadim
para tentar explicar a tradição de traduzir os clássicos gregos para o árabe.
Pesquisas mais recentes lançam as origens de tal movimento para os tempos do
próprio califa al-Mansur, ou mesmo antes da conquista árabe, na Pérsia Sassânida
(GUTAS, 1998).
Na Casa do Conhecimento se congregavam sábios árabes, mawali e estrangeiros,
traduzindo não apenas obras do grego para o árabe, mas também coletando obras
do oriente, das civilizações persa, hindu, chinesa, e do ocidente, do Egito, e mesmo
Império Romano. Algumas obras perdidas da Antiguidade foram preservadas por
meio de suas traduções árabes, uma circunstância que, como você pode imaginar, já
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levantou discussões fortemente ideológicas no ocidente e discursos etnocêntricos
que buscaram diminuir a capacidade de transmissão dos conceitos filosóficos por
meio da língua árabe (ELAMRANI-JAMAL, 2008).
Já no tempo dos Umíadas, alguns sírios, particularmente cristãos nestorianos, eram
empregados como professores por árabes proeminentes, a fim de traduzir obras
gregas para o árabe. Essa tradição sobreviveria e seria ampliada no tempo dos
abássidas, sendo somada à tradição persa de tradução do grego.
Destacam-se as obras de Hunain ibn Ishaq e cristãos nestorianos, sírios na Pérsia,
que traduziram centenas de obras de relevância para a medicina e para a filosofia,
incluindo Galeno, Platão e Aristóteles (WELLS, 2011).
Os árabes empregavam o termo falsafa, derivado de filosofia, não apenas para os
conhecimentos que chamamos contemporaneamente de filosofia, mas também,
para a matemática, medicina, ciências naturais e outros campos do conhecimento.
Via de regra, os grandes faylasufs, “filósofos” islâmicos eram polímatas, ou seja,
dominavam uma grande gama de ciências e conhecimentos (WELLS, 2011).
Hunain ibn Ishaq (ca.808-) - cristão nestoriano das proximidades de Bagdá, teria viajado à Constantinopla,
ou talvez à Alexandria, onde obteria obras gregas que traduziria para o siríaco e árabe, principalmente as
de autoria de Galeno. Sua obra Risala é de fundamental importância para o desenvolvimento da medicina
islâmica. Autores ligados a Hunain foram responsáveis por traduzir um grande número de obras de Platão
e Aristóteles para o árabe.
O influxo de saber de várias regiões e períodos, principalmente da Antiguidade
Grega e da Pérsia, teria uma influência decisiva na criação da chamada “Idade do
Ouro” do Islão no período abássida. Nesse período, a matemática, álgebra, ótica,
astronomia, alquimia e medicina islâmicas passaram por grande avanço (HUFF,
2003). Também foi durante o período inicial dos abássidas que várias coleções dos
hadith foram compiladas (AFSARUDDIN, 2006).  Há muitos nomes de destaque nas
ciências islâmicas do medievo, além dos já aqui citados, que você deve conhecer:
VOCÊ O CONHECE?
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Muḥammad ibn Mūsā al-Khwārizmī (ca. 780-ca.850): também chamado no
ocidente de Algoritmi. Outro polímata abássida estava ligado à Casa do
Conhecimento de Bagdá e produziu trabalhos de matemática, astronomia e
geografia. Suas contribuições à matemática incluem o uso dos numerais
indianos e o sistema decimal, bem como o desenvolvimento sistemático de
formas de resolução de equações lineares e quadráticas. Algoritmi é
considerado o fundador da álgebra.
Abdal al-Rahman al-Sūfī (903-986): astrônomo persa, um dos “nove grandes
astrônomos islâmicos”. Além de seus próprios trabalhos, Al-Sufi traduziu e
expandiu a Almagesta de Ptolomeu e de outros autores helênicos de
Alexandria.
Ibn al-Haytam (ca.965-ca.1040): polímata conhecido no ocidente como
Alhazen. Autor do “Livro das óticas”, escrito por volta de 1010-1020;
Ibn Sina (ca.980-1037): conhecido no ocidente como Avicena. Polímata persa,
autor de cerca de 450 obras, das quais cerca de 240 sobreviveram. Sua maior
fama no ocidente se deve aos seus ensinos no campo da medicina, mas o
sábio escreveu sobre outros temas, incluindo cerca de 150 trabalhos
filosóficos;
Ibn Rushd (1126-1198): conhecido no ocidente como Averróes. Sábio de
Córdoba, escreveu no campo da teologia, direito, teoria política e filosofia,
além das ciências naturais. Os comentários de Averróes aos trabalhos de
Aristóteles tiveram um grande impacto na redescoberta de Aristóteles no
ocidente Foi perseguido e suas obras proibidas em Córdoba, no momento em
que a Idade de Ouro dos Abássidas há muito se encerrara e interpretações
mais fundamentalistas do Islão ganhavam proeminência. 
Com o final do período de ouro do califado abássida, as disputas entre escolas de
interpretação ortodoxas islâmicas com os faylasufs se acirraria. No debate entre o
uso da razão associado à fé, gradativamente as posições que condenavam o uso da
razão e de pressuposições de causa e efeito ganhariam proeminência, levando à
própria perseguição de sábios islâmicos como Averróes.
VOCÊ QUER VER?
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O filme Al Massir - O Destino em português - (CHAHINE, 1997) é uma produção franco-egípcia que mostra
um pouco da história de Averróes, principalmente nos tempos finais de sua vida no califado de Córdoba, e
luta pela preservação de suas obras frente a um crescente fundamentalismo religioso.
Paralelamente, nos séculos XII e XIII, as posições, tanto no Ocidente como no mundo
Islâmico, acirraram-se após os movimentos das Cruzadas e as disputas de religião
trariam uma nova dinâmica nas relações entre os dois mundos, com prejuízo mútuo.
Foi o fim de um período de ouro, mas o legado islâmico perdura até os tempos
contemporâneos.
Síntese
Encerramos aqui nosso estudo do Islamismo no período medieval. Você agora já
conhece os processos de surgimento, desenvolvimento e expansão do Islamismo,
como também suas principais divergências e o importante legado cultural. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
compreender o contexto de surgimento do Islamismo entre as tribos árabes
do deserto no século VII;
observar as conexões do Islamismo com as outras religiões monoteístas;
entender como as tribos árabes foram unificadas por Maomé,
simultaneamente aos processos que levaram à criação de uma nova religião;
acompanhar as disputas no Islão após a morte de Maomé e como os islâmicos
se organizaram em califados subsequentes, o Rashidum, o Umíada e o
Abássida;
observar as expansões geográficas do Islão nos três califados;
analisar as tentativas de “laicização” da administração no segundo califado
islâmico, bem como a emulação de modelos administrativos, legais e culturais
de Bizâncio;
compreender a relevância da ciência e dos saberes islâmicos medievais para a
própria civilização ocidental;
compreender os momentos finais dos califados islâmicos no medievo, seus
conflitos internos e externos com o ocidente e oriente, seu esfacelamento e
queda final com as invasões dos turcos;
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observar a existência de paralelos entre as civilização ocidentais com o mundo
islâmico, desde sua formação até a relação entre os saberes e a religião.
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