Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cadeias de transporte APRESENTAÇÃO O crescimento mundial do comércio internacional surgiu de maneira exponencial, especialmente a partir da segunda metade do século passado. Tal crescimento foi impulsionado por diversos fatores, como abertura dos mercados, surgimento de tecnologias de comunicação, novas escolas de pensamento econômico, entre outros. Nesse contexto, o setor de transportes passou a desempenhar um papel ainda mais fundamental, pois a combinação de melhores técnicas e modais poderia levar a ganhos de escala e melhor desempenho econômico. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre a logística de transportes internacional, suas características e operacionalidade. Serão apresentados, também, os principais modais de transporte, bem como suas vantagens, desvantagens e os impactos que causam na rede de gestão logística. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir logística de transportes e seu papel no gerenciamento logístico.• Apresentar os principais modais de transporte, suas vantagens e desvantagens.• Descrever o impacto da logística de transportes e distribuição na gestão logística.• DESAFIO Decisões relativas ao setor de transportes são fundamentais para o ganho de competitividade no mercado. O setor de transporte é um dos maiores absorvedores de custos e ganhos de eficiência nessa área e pode representar importantes reduções de custos. Gestores estão sempre preocupados com alternativas de modais para tomada de decisões relativas a transporte. Acompanhe o caso a seguir: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Assim, como gestor do novo núcleo de logística, cabe a você decidir: a) Qual o melhor modal de transporte a se utilizar nessa situação, levando em consideração as características da carga, bem como os custos e prazos? b) Como alternativa, qual seria um modal secundário a se utilizar para casos de excesso de demanda ou possíveis combinações futuras de modais? INFOGRÁFICO Entender os diversos tipos de modais existente é fundamental para todo gestor logístico. Cada modal de transporte apresenta características peculiares, vantagens e desvantagens no que diz respeito a sua utilização. Não se deve falar que um modal é "melhor" do que outro, mas que é mais adequado, pois em cada situação pode ter aplicabilidades diferentes. No Infográfico a seguir, você aprenderá sobre um tópico importante: as vantagens e desvantagens inerentes a cada modal. Maycon Carbone Caixa de texto a) O modal que se adequa melhor a nova necessidade da empresa é o aeroviário, pois é mais adequado e seguro para o transporte de produtos de alto valor agregado. Além disso, tendo em vista que a empresa não deseja pagar seguro de viagem, o aeroviário também se apresenta como o mais seguro em termos de transporte. Como terceira vantagem, ele se apresenta como o mais econômico e rápido para a cidade em questão, pois seu custo mensal será de R$ 4.080,00 (1 x 4 x 1020). b) Como opção secundária, para "aliviar" o excesso de demanda em épocas específicas, pois apresenta menor custo, alto nível de segurança, bem como custo por mês reduzido: R$ 6.125,00 (7 x 1 x 875). CONTEÚDO DO LIVRO Como desenvolver o comércio internacional hoje sem o apoio da logística de transporte? Impossível imaginar, não é mesmo? O desenvolvimento das diversas áreas da logística é um apoio essencial ao desenvolvimento econômico de empresas e nações. Atividades como armazenagem, manuseio de materiais, processamento de pedidos, entre outras, são geradoras de valor em toda a cadeia produtiva. O transporte é,possivelmente, o coração do sistema. A meta ideal do setor de transportes é levar os produtos certos para os lugares certos, no momento certo e com nível de satisfação certo, ou seja, aquele que vai agregar valor ao cliente e garantir sua fidelização. No capítulo Cadeias de transporte, da obraSistemática das operações de logística internacional, você vai aprender o conceito de logística de transporte, bem como seu papel dentro da cadeia de suprimentos. Irá complementar seus estudos com uma análise dos principais modais de transporte e suas aplicabilidades para cada tipo de necessidade, demonstrando suas vantagens e desvantagens. Boa leitura. SISTEMÁTICA DAS OPERAÇÕES DE LOGÍSTICA INTERNACIONAL Thiago Costa Holanda Cadeias de transporte Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir logística de transportes e o seu papel no gerenciamento logístico. Apresentar os principais modais de transporte e as suas vantagens e desvantagens. Descrever o impacto da logística de transportes e distribuição na gestão logística. Introdução A logística vem apresentando um desenvolvimento teórico intenso, especialmente a partir da metade do século passado. Depois da Segunda Guerra Mundial, técnicas aplicadas em campos de batalha e estratégias de guerra relativas ao suprimento de tropas começaram a ser aplicadas no mercado. Desde então, muitos pesquisadores começaram a se dedicar com maior afinco aos estudos das técnicas logísticas, como forma de melhorar a eficiência das empresas, principalmente no que diz respeito às estratégias de distribuição. Afinal, um elemento natural do comércio hoje é o distanciamento entre as fontes produtoras e consumidoras, aumentando a necessidade da utilização dos modais. Neste capítulo, você lerá sobre os conceitos iniciais de logística, com foco naqueles relacionados ao transporte e ao seu papel no gerencia- mento logístico. Também verá um levantamento dos principais modais de transporte, bem como as suas vantagens e desvantagens. Por fim, estudará os impactos que o bom (ou o mau) gerenciamento da logística de transporte causa no gerenciamento logístico como um todo. 1 Logística de transporte A logística de transporte é considerada o coração da logística. O desenvol- vimento das forças produtivas na sociedade industrial, aliado ao surgimento dos primeiros meios de transporte, fez surgir o distanciamento geográfi co entre fontes produtoras e consumidoras (o que não era comum até então). Esse distanciamento, segundo Novaes (2007), fez com que agentes econômicos em cidades diferentes começassem a comercializar produtos entre si. Contudo, com a abertura crescente dos mercados e uma maior facilidade no intercâmbio de pessoas e mercadorias, o comércio não mais se limitou ao distanciamento local, mas passou a ser global. Em outras palavras, não somente pessoas em cidades diferentes passaram a fazer comércio, mas também agentes econômicos em países diversos. Assim, preocupar-se com o transporte de mercadorias passou a ser uma necessidade comum de todo agente econômico, pois os mercados já não possuíam as limitações geográ- ficas de antes. De acordo com Ballou (2006), a logística se tornou, então, um elo es- sencial ao comércio, tornando a vida em sociedade muito mais eficiente. É importante lembrar que a logística não consiste somente nas atividades de transporte, mas abrange uma gestão completa de atividades relacionadas, que vão desde as tradicionais áreas de finanças e marketing até armazena- gem, processamento de pedidos e previsão de demanda. A logística como ciência teve o seu escopo de trabalho consideravelmente aumentado desde o seu surgimento. Porém, este capítulo foca nos estudos relacionados à área de transporte. As cadeias de distribuição tradicionais são formadas por diversos atores: produtores, atacadistas, varejistas, consumidores finais, entre outros. Até chegar ao consumidor final, a mercadoria percorre um caminho que pode variar consideravelmente, dependendo do segmento de mercado. Fazer a ligação entre esses atores de forma a agregar valor é a tarefa da logística de transporte, que deve ter como meta levar os produtos certos ao lugar certo, na hora certa e com nível de serviço satisfatório. Países desenvolvidos têm se preocupadobastante com um sistema de transporte eficaz, pois reconhecem os ganhos de escala advindos de uma boa gestão de transportes. Ballou (2006) informa que há uma diferença perceptível Cadeias de transporte2 entre países “desenvolvidos” e países “em desenvolvimento” no que diz res- peito ao sistema nacional de transporte. Países em desenvolvimento em geral possuem áreas de produção e consumo geograficamente próximas e uma alta proporção da força de trabalho no setor agrícola, em relação à mão de obra urbana. Por outro lado, países desenvolvidos apresentam uma população mais urbanizada, levando à necessidade de uma melhoria no setor de transportes, de forma a não causar “gargalos” na economia. Com um setor de transporte estagnado e com baixos níveis de eficiência, o comércio perde competitividade em áreas mais distantes e fica limitado aos pontos de troca geograficamente próximos. Nesse sentido, sistemas logísticos eficientes melhoram, inclusive, a competitividade das empresas, pois possibili- tam que certos atores participem de áreas de mercado das quais naturalmente não participariam. Características do serviço de transporte A variedade dos tipos de serviço de transporte é grande, isto é, existem di- versos modais, com capacidades diferenciadas e possibilidades diversas de combinação. Os contratantes geralmente têm ampla liberdade de escolha dentro dos recursos disponíveis, podendo escolher entre níveis diferentes de serviços. Ballou (2006) elenca três características fundamentais a serem observadas em todos os serviços de transportes: preço, tempo médio de via- gem, e perdas e danos. O preço é a taxa relativa à linha de transporte acrescida das despesas eventualmente cobradas por serviços adicionais. Para o transportador, esse preço deve cobrir custos como combustível, salários, manutenção, depreciação e custos administrativos. De acordo com o tipo de serviço, tais custos variam consideravelmente. Hoje o tempo é uma variável econômica essencial para o sucesso em- presarial. Consumidores finais têm altas exigências em relação à rapidez na entrega de produtos; por isso, empresas que desejam ser competitivas se preocupam com esse aspecto. O tempo de entrega (ou de viagem) é o tempo necessário para o transporte entre o ponto de origem e o de consumo. 3Cadeias de transporte Porém, é também um dos aspectos mais sujeitos a condições imprevisíveis, em função da diversidade de situações que podem impactar o tempo de viagem, como congestionamentos, condições do tempo, condições das estradas, entre outras. No que se refere às perdas e danos, essa variável diz respeito às condições em que o transporte é feito, em relação à integridade da carga. Nada adianta transportar o produto a um preço razoável e com rapidez, se o produto chegar ao destino danificado (ou se nem mesmo chegar). O transporte rodoviário é o modal mais suscetível ao problema de perdas e danos em transporte, sendo o que tem maior vulnerabilidade. Fatores como segurança nas estradas e vias danificadas são agravantes nesse contexto. Em 2018, o Ministério dos Transportes publicou o Anuário Estatístico de Transportes (BRASIL, 2018), que identificou as três principais causas de acidentes nas rodovias federais envolvendo veículos de carga: falta de atenção, desobediência à sinalização e velocidade incompatível. 2 Modais de transporte Modais são os tipos diferentes de veículos utilizados no sistema de transporte. Quanto mais desenvolvido o sistema de transporte de um país ou o setor lo- gístico de uma empresa, maior a combinação de diferentes modais que pode ser utilizada. A escolha dos modais adequados para um sistema de transporte efetivo vai depender de inúmeras variáveis. Entre as mais importantes, estão as três citadas na seção anterior. Não há um modal universal que seja o melhor para todas as circunstâncias. Nesse sentido, dependendo do contexto de negócio e do tipo de produto ou rota, pode-se aplicar um modal diferente. Porém, independentemente do modal escolhido, o importante é que ele apresente flexibilidade e se adeque às necessidades da empresa. Como nem sempre um único modal pode atender a todas as necessidades de um agente econômico, utiliza-se a combinação de modais. Esta pode as- sumir principalmente duas formas: a intermodalidade e a multimodalidade. Cadeias de transporte4 No transporte intermodal (a forma mais simples), ocorre a integração entre dois modais com o objetivo de completar a distribuição física. No transporte multimodal (a forma mais ampla), existe um contrato que vai além de uma integração física do produto, envolvendo compartilhamento de informações e know-how produtivo. Segundo Novaes (2007, p. 243), “[...] quando se alcança um estágio de transporte multimodal, toda a integração entre as modalidades fica trans- parente para o embarcador”. Geralmente, no contexto de multimodalidade, surge a figura do operador de transporte multimodal, que é o responsável por promover essa integração em todo o elo da cadeia produtiva de transporte. Explicando o conceito de multimodalidade, Novaes (2007, p. 243) afirma: [...] no Brasil, não temos essa disponibilidade de opções modais. Nos- sas ferrovias não formam uma rede com boa cobertura do território nacional. As opções de transporte marítimo também não são amplas. Na distribuição interna, a esmagadora parte do transporte de produtos manufaturados é constituída pelo transporte rodoviário. Para os em- barcadores, restam poucas opções de transporte conjugado. Modal rodoviário É o modal mais utilizado no mundo inteiro, e especialmente no Brasil. Novaes (2007) informa que em geral existem duas formas de contratação mais comuns: o Full Truck Load e Less than Truck Load. A primeira indica carregamento completo do veículo, e a segunda costuma ser utilizada com contratos com mais de dois embarcadores, pois se trata de carga parcial. O transporte rodoviário é o modal mais comum porque apresenta inúmeras vantagens, como serviço porta a porta, alta frequência e disponibilidade, não necessidade de entrepostos especializados, bem como uso em pratica- mente qualquer tipo de carga. Contudo, há também algumas desvantagens 5Cadeias de transporte inerentes, como o limite do tamanho da carga, os níveis de insegurança mais elevados em comparação com os outros modais (roubo, acidente, etc.), custos de depreciação com os veículos elevados (em especial no Brasil), problemas ambientais. Modal aquaviário Envolve todas as categorias de transporte efetuado sobre a água, sendo os mais comuns o lacustre (fl uvial) e o marítimo. Novaes (2007) divide o marítimo em duas subcategorias: o de longo curso (entre países) e a cabotagem (na costa de um mesmo país). Na navegação de longo curso, é muito comum a utilização de contêineres, que são caixas metálicas com padrões dos mais diversos tipos, como mostra a Figura 1. Figura 1. Navio de carga marítimo de longo curso. Fonte: Avigator Fortuner/Shutterstock.com. Esse modal apresenta inúmeras vantagens: é eficiente para transportes em longas distâncias, tem possibilidade de transportar grandes volumes, é ideal para mercadorias de alto valor agregado, tem frete de custo relativamente baixo. Porém, as principais desvantagens desse modal são o fato de que ele é mais lento que os demais modais, exige um gerenciamento complexo e muito organizado, e demanda estruturas especializadas. Cadeias de transporte6 Modal aéreo Esse é o modal que mais cresceu ao longo dos anos, por conta das suas inúmeras vantagens frente aos demais. A globalização, de acordo com Bowersox et al. (2014), demandou rotas de transporte que tornaram os modais mais tradicionais quase inviáveis, abrindo portas para as facilidades apresentadas pelo modal aéreo. As suas vantagens são a possibilidade de utilização para quaisquer distâncias; a alta velocidade; os baixos custos de seguro; e as suas estruturas de carga e descarga, as quais costumam se localizar dentro dos próprios centros urbanos.Contudo, ainda há muitos entraves que impossibilitam um maior crescimento desse modal, como limites de peso e volume no que diz respeito a cargas a granel, e fretes ainda elevados em muitos países. Modal ferroviário É um modal já utilizado há alguns séculos, ganhando muito destaque nas décadas após a Revolução Industrial. É essencialmente um transporte de longo curso e baixa velocidade, especialmente usado para matérias-primas. Costuma se apresentar de duas formas: privada e pública. Os transportadores públicos vendem os seus serviços para inúmeros embarcadores e se submetem a diversas regulações das agências governamentais. Já os privados trabalham somente para os seus proprietários. Ballou (2006) ressalta que o transporte ferroviário privado é quase inexistente no mundo, de forma que a maioria dos países sequer possui regulação para isso, limitando-se a estabelecer normas relativas aos transportes públicos. Segundo Novaes (2007), é o tipo de modal que mais entrou em desuso atualmente. Contudo, apresenta inúmeras vantagens ainda, como a alta efi- ciência energética, a capacidade de transportar grandes volumes, o alto nível de segurança e uma menor poluição ambiental. Porém, as suas desvantagens e ineficiências têm feito com que seja cada vez menos utilizado em relação aos outros modais. As suas desvantagens são o tráfego limitado aos trilhos, a necessidade de entrepostos especializados, a alta dependência dos outros modais e custos elevados de manutenção. 7Cadeias de transporte No Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres, transportaram- -se em 2018 cerca de 570 milhões de toneladas, entre os quais 77,5% foram somente de minério de ferro, outros 11,6% de produtos agrícolas a granel, e os 10,9% restantes de demais produtos (BRASIL, 2020). 3 Transportes e seus impactos na gestão logística Como você viu até aqui, o setor de transporte representa o coração da logística, tanto por ser o maior centro de custos como por impactar diretamente no nível de serviço ao cliente. Os sistemas logísticos sempre buscaram agregar valor de tempo e lugar, ou seja, são os dois princípios basilares na busca pela excelência em logística. O valor de lugar diz respeito à busca pela superação das barreiras físicas, resultando na “aproximação” de mercados geograficamente distintos. Com relação ao tempo, a logística tem como base a excelência dos prazos, o respeito pela dinâmica dos mercados e a busca da satisfação dos clientes — como reguladores últimos do mercado. Segundo Novaes (2007), a moderna logística procura incorporar: prazos acertados ao longo da cadeia produtiva; integração entre todos os setores da empresa; integração com fornecedores e clientes; otimização global, com racionalização de processos e redução de custos; satisfação plena de clientes. Observe que os valores basilares da logística estão diretamente ligados aos valores do transporte como atividade nuclear. A Figura 2 mostra como as atividades de transporte podem estar intensamente presentes numa cadeia produtiva, perfazendo elos entre os mais variados atores. Cadeias de transporte8 Figura 2. Elementos da cadeia de suprimento. Fonte: Adaptada de Novaes (2007, p. 220). Portanto, otimizar a atividade de transporte leva, necessariamente, a um incremento global da logística. Giacomelli e Pires (2016) afirmam que as novas tecnologias de transporte são peças fundamentais no desenvolvimento da eficiência dos transportes, como hardwares e softwares acessórios das atividades operacionais. Segundo os autores, há seis dimensões em que se pode encontrar um impacto direto das otimizações: 9Cadeias de transporte 1. serviço ao cliente – melhoria nos índices de comprometimento com o cliente; 2. custos operacionais – redução de frete, mão de obra e outros custos diretamente envolvidos na distribuição; 3. custos de produção e fornecimento – custos relativos à chegada do produto à distribuição, advindos do setor produtivo; 4. gerenciamento de estoques – itens físicos ou monetários; 5. utilização de ativos – grau de “uso” dos ativos; 6. flexibilidade – melhorias na capacidade de mudanças dos ativos. Bowersox et al. (2014) afirmam que a gestão de transportes envolve uma grande capacidade de planejamento e administração, o que leva as empresas a buscarem a implantação de sistemas de gerenciamento de transportes (TMS – Transportation Management System) como parte de uma estratégia global de logística. A funcionalidade geral de um TMS é baseada em cinco capacidades básicas: gerência operacional, consolidação, negociação, controle e gestão de reclamações. Tais atividades percorrem toda a cadeia produtiva, agregando valor com as suas peculiaridades. No Quadro 1, veja o detalhamento sobre o escopo de cada uma dessas capacidades. Fonte: Adaptado de Bowersox et al. (2014). Capacidade Escopo Gerência operacional Programação de veículos, gerência de pátio, planejamento de cargas, roteirização de veículos e gestão das transportadoras. Consolidação Consolidações reativas e proativas, levando em consideração a di- nâmica dos mercados e a busca por filosofias de estoque mínimo. Negociação Busca pelas menores tarifas de mercado, de acordo com o serviço demandado. Controle Atividades como rastreamento, serviços expressos e ad- ministração das horas de serviço dos motoristas. Gestão de reclamações Trabalho de relacionamento com os clientes, envol- vendo a gestão de contratos e análises relativas a per- das e danos, bem como sobretarifa e subtarifa. Quadro 1. Capacidades organizacionais da gestão de transportes Cadeias de transporte10 A gestão de transportes produz valor diretamente para a empresa como um todo. A eficiência dos fluxos de materiais e informações ao longo da cadeia produtiva tem sido uma meta perseguida pelas empresas preocupadas em alcançar melhores posições de mercado. Nesse sentido, conforme você viu ao longo do capítulo, a gestão de transportes tem sido peça fundamental nesse contexto de mercado. É imprescindível que a logística de transportes, seja no âmbito nacional ou internacional, tenha ênfase absoluta na satisfação dos clientes e busque parcerias constantes com todos os fornecedores ao longo da cadeia. Dessa forma, informações importantes estarão mais facilmente disponíveis para a tomada de decisões tanto estratégicas quanto operacionais. É fundamental que você conheça aspectos relativos à política nacional de transportes praticada no Brasil. É por meio dela que o governo torna públicas as principais estra- tégias para o setor no médio e longo prazo. Acesse esse documento no link a seguir: https://qrgo.page.link/Baup5 O setor de transportes tem sido uma peça-chave para movimentar a economia nacional. Isso foi percebido ainda mais claramente pela sociedade quando, em 2018, uma greve de caminhoneiros eclodiu em todo o Brasil. As dificuldades foram sentidas por toda a sociedade, pois houve problemas de desabastecimento em quase todos os supermer- cados do país, causando elevação abrupta dos preços e insatisfação generalizada da população. Todos os setores foram atingidos, em especial a agropecuária, a construção civil e a indústria automotiva. A Associação Brasileira de Proteína Animal, em nota oficial divulgada no seu endereço eletrônico, estimou que a paralisação gerou um impacto de 3,150 bilhões de reais ao setor produtor e exportador de aves, suínos, ovos e material genético (GREVE..., 2018). A greve dos caminhoneiros de 2018, apesar de fortemente influenciada por questões políticas, mostrou aos diversos setores da sociedade que a importância do setor de transportes vai muito além das questões relativas à gestão empresarial, mas interfere no bem-estar geral da sociedade. 11Cadeias de transporte BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. BOWERSOX, D. J. et al. Gestão logística da cadeia de suprimentos. 4. ed. Porto Alegre:AMGH, 2014. BRASIL. Agência Nacional de Transportes Terrestres. Brasília, DF, 2020. Disponível em: http://www.antt.gov.br. Acesso em: 7 fev. 2020. BRASIL. Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Anuário estatístico de trans- portes 2010-2017. Brasília, DF, 2018. Disponível em: http://www.infraestrutura.gov.br/ anu%C3%A1rio_estatistico.html. Acesso em: 8 fev. 2020. GIACOMELLI, G.; PIRES, M. R. S. (org.). Logística e distribuição. Porto Alegre: SAGAH, 2016. GREVE dos caminhoneiros causa prejuízos de R$ 3,15 bi para setor de proteína animal, diz associação. G1, 5 jun. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/ greve-dos-caminhoneiros-causa-prejuizo-de-r-315-bi-para-setor-de-proteina-animal- -diz-associacao.ghtml. Acesso em: 7 fev. 2020. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2007. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Cadeias de transporte12 DICA DO PROFESSOR A combinação de diferentes modais é uma das características da gestão de transportes que mais possibilita ganhos de escala e eficiência para as empresas. O planejamento eficiente dessa combinação deve estar presente em todas as etapas do canal de distribuição, possibilitando mudanças necessárias em caso de possíveis circunstâncias imprevisíveis. Nesse contexto, surgem os importantes conceitos de intermodalidade, multimodalidade e transbordo, que são formas desses modais se combinarem entre si. Na Dica do Professor, você irá conhecer alguns detalhes desses conceitos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Logística de transporte corresponde ao processo de transferência de mercadoria do seu ponto de origem até seu destino final, com preço, qualidade e tempo adequados, o que gera, assim, desenvolvimento da economia de um país. Com relação a esse assunto, assinale a opção correta. A) Quanto ao transporte de mercadorias relacionadas ao comércio internacional brasileiro, é correto afirmar que o transporte hidroviário marítimo é bastante utilizado. B) No Brasil, o modal ferroviário é responsável por quase todo o transporte interno das cargas de médio a alto valor agregado, o que contribui para a economia, visto que é um meio de transporte mais barato que o transporte rodoviário. C) A abertura da economia brasileira não tem gerado avanços nos processos logísticos, pois as privatizações portuárias e ferroviárias pouco melhoraram as ofertas de alternativas de transporte economicamente viáveis para o país. Maycon Carbone Realce D) A implantação de novos portos secos no interior do país contribuiu para o retrocesso da logística de transporte brasileira. E) Nos grandes aeroportos, há atendimento às cadeias logísticas complexas, que transportam mercadorias com baixo valor agregado por unidade de peso. 2) Quanto aos modais de transporte, observe essas características: reconhecido como o transporte mais rápido, não necessita de embalagens reforçadas, pois o manuseio é cuidadoso, porém, conta com menor capacidade de carga e elevado custo médio, superior aos demais modais. O trecho se refere a qual modal? A) Modal aquaviário fluvial. B) Modal aéreo. C) Modal terrestre ferroviário. D) Modal aquaviário marítimo. E) Modal rodoviário. 3) Os modais de transporte de carga diferem nos aspectos de custo, tempo médio de entrega, variabilidade do tempo de entrega e de segurança no transporte (menores perdas e danos). Comparando-se o transporte marítimo com o aéreo e o terrestre, verifica-se que o transporte marítimo é o: A) mais lento, com custo médio comparado aos outros modais, de menor variabilidade nos tempos de entrega e de baixa incidência de perdas e danos de cargas. Maycon Carbone Realce B) mais rápido, mais caro, de menor variabilidade nos tempos de entrega e de menores perdas e danos de cargas C) mais rápido, mais barato, de baixa variabilidade nos tempos de entrega e de baixa incidência de perdas e danos de cargas. D) mais rápido, mais caro, de menor variabilidade nos tempos de entrega e de maior número de perdas e danos de cargas. E) mais lento, mais barato, de maior variabilidade nos tempos de entrega e de menores perdas e danos no transporte de cargas. 4) A intermodalidade e a multimodalidade, operações de transporte realizadas a partir de mais de um modal de transporte, diferenciam-se quanto A) ao tipo de operações de transbordo. B) ao tipo de terminal multimodal. C) à divisão da responsabilidade entre os transportadores. D) à extensão do transporte por modal. E) ao número de modais utilizados. 5) O terminal que opera com mais de um modal de transporte, com conhecimentos de carga separados para cada modalidade, classifica-se como: A) intermodal. Maycon Carbone Realce Maycon Carbone Realce Maycon Carbone Realce B) intermediário. C) de ponta. D) unimodal. E) multimodal. NA PRÁTICA O setor de transportes causa impacto direto na geração de valor na cadeia logística como um todo. Estabelecer parâmetros e macrodiretrizes eficientes para a boa gestão nessa área vai demandar planejamento e organização, bem como o estabelecimento de equipes operacionais que se responsabilizem por áreas específicas de trabalho. Uma empresa que ainda não tenha um setor de transportes organizado precisa se preocupar com o estabelecimento de critérios e propostas viáveis para uma boa solução no setor de transportes. Conheça, Na Prática, como isso pode acontecer com um estudo de caso fictício de uma empresa que está expandido suas operações no mercado. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Anuário estatístico do transporte 2010-2018 Neste arquivo, você terá acesso aos principais dados relativos ao setor de transporte no Brasil, com informações valiosas sobre infraestrutura, tipos de carga e variações da demanda. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Diagnóstico, perspectivas de uso e expansão dos serviços de trens metropolitanos no Brasil Apesar de apresentar uma demanda decrescente com relação aos transportes de carga em relação aos outros modais, o modal ferroviário tem sido uma solução viável para a diminuição dos congestionamento nos centros urbanos. Este trabalho apresenta um diagnóstico interessante do assunto no Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Transporte rodoviário internacional de cargas perigosas O transporte internacional de cargas perigosas é um mercado relevante e que apresenta diversas externalidades em vários países. Este artigo traz uma discussão introdutória sobre o assunto e faz um breve diagnóstico da atividade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Compartilhar