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Teoria Geral do Direito Privado I – Professor Gavião Aula 08.03 Direito Objetivo: Regras. O conjunto de regras forma o ordenamento jurídico. O Direito Objetivo é formado, principalmente, pelas leis, regras costumeiras e pelos princípios gerais do Direito. Leis de introdução (4657/42) -‐ ela diz quando as outras devem ser respeitadas; Direito Subjetivo: É dividido em duas partes. Lei do código civil (10406/2003) -‐ Parte Geral e Parte Especial. 1. Parte Geral i. Pessoas; ii. Bens; iii. Atos Jurídicos. 2. Parte Especial i. Obrigações; ii. Empresas; iii. Coisas; iv. Família; v. Sucessões. Aula 15.03 A pessoa é o titular do Direito. Ela possui direitos e obrigações e tem o interesse protegido pelo ordenamento jurídico, ou seja, pelo Direito Objetivo. Personalidade: é a capacidade, a aptidão para ter direitos. Todas as pessoas têm personalidade e somente elas. A pessoa é dividida em duas categorias: a pessoa natural (física) ou a pessoa jurídica. É importante saber que os animais não se enquadram aqui. Pessoa Natural Os requisitos para se enquadrar nessa classificação se encontram no Código Civil, no artigo 2º. Essencialmente, para se ter personalidade, é necessário o nascimento e vida. Por consenso, ter vida é possuir sinais vitais independentes da mãe. Já o nascimento há duas grandes vertentes: ou somente a saída do ventre materno ou a ruptura do cordão umbilical. Antigamente, em Roma e em Portugal, havia outro requisito: aparentar ser humanóide. Alguns autores colocam que só obteria a personalidade após 24 horas de vida. Aula 29.3 Fim da personalidade: Art. 6º -‐ com a morte, porém muitos direitos surgem com a morte de alguém. Os direitos que morrem com o indivíduo são chamados de personalíssimos. Tipos de morte: • Morte Real: quando estão presentes os sinais de morte clara -‐ perda do contato cérebro-‐ organismo, incapacidade muscular, parada espontânea da respiração, colapso da pressão sanguínea, traçado linear do cérebro (mesmo com estímulo) -‐ uns dizem que morte real é morte encefálica, outros não. Está no art. 13 da lei 9.434; -‐ questões de eutanásia: período quando está com a máquina ligada. Não há definição se deve-‐ se considerar a pessoa morta-‐ nada definido sobre se é uma vida artificial. Crioconservação (pessoa congelada, é vida ou é morta?); • Morte Presumida: quando o corpo não está no local, acontece em casos de destrate, catástrofe. Sentença judicial no lugar no laudo médico para provar morte. Art. 88 – CC; • Morte Ficta: não há certeza de morte ou de vida. Decretada para os ausentes, desaparece de onde ele deveria estar. Pode-‐se chamar o ausente, publicando no Diário Oficial. Art. 1571 – CC; • Morte Civil: certeza que a pessoa está viva, mas eu a considero morta. Antigamente, era uma penalidade como crimes contra o Estado, antigamente art. 1816 CC -‐ exclusão de herança no art. 1814 -‐ hipóteses onde será considerado morto. Hoje já não há mais morte civil absoluta. Uma vez considerada morta, a pessoa não tem mais direitos. Todos os direitos que estavam com ela, passam pra outros ou morrem. Direito das sucessões -‐ quem recebe, quem não recebe, etc. Os artigos 6º, 7º e 8º. Agora morrem ao mesmo tempo, antes tinham várias regrinhas. Capacidade Desenvolvimento da Pessoa As pessoas não são iguais, e com o desenvolvimento aumenta ainda mais a diferença. Nem todo mundo tem os mesmos direitos mais tarde. Tem gente que pode exercer a medicina, mas não todos. Só alguns podem. Em razão de aquisição e exercício de direitos que as pessoas foram diferenciadas. Capacidade: Aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações Capacidade de direito -‐ adquirir direitos e contrair obrigações; Capacidade de fato -‐ aptidão para exercer e contrair obrigações; A capacidade é vista de forma abstrata, só para saber se pode ou não pode vir a ter direitos. Na capacidade é necessário ver algo concreto, em cada caso é necessário verificar se há a capacidade. A capacidade decorre da diferença entre as pessoas -‐ verificado no status de cada pessoa. Esse status pode ser individual, familiar ou político -‐ necessário fazer investigação para saber todas as características dela. Para a personalidade, basta ter nascido com vida, e pronto. Quando alguém é proprietário de alguma coisa, tem o mais amplo poder sobre uma coisa. O que ela quiser fazer, pode. Mas um bebê não tem capacidade para vender uma propriedade, por exemplo. Ela tem capacidade de direito para ter uma propriedade, mas não pra vendê-‐la. Só quem pode vender é o pai ou o representante legal. Aula 12.04 Status: • Individual: características que diferenciamas pessoas nas suas próprias constituições como, por exemplo, as físicas: altura, cor, etc. • Familiar o Parental § Natural (consanguíneo) à linha reta/linha colateral Ex.: Pai e filho – parentesco em linha reta em 1º grau. Irmãos -‐ parentesco colateral de 2º grau. Primos -‐ parentesco colateral de 4º grau. § Civil à adoção/afinidade /afeição/presunção/ inseminação artificial heteróloga consentida. São parentescos que não vem do sangue, mas são reconhecidos por lei. o Conjugal § Solteira § Casada § Viúva § Separada de fato § Separada de direito § Separada administrativamente § Divorciada § Convivente • Político: é a posição de alguém perante o seu país o Brasileiro § Nato § Naturalizado o Estrangeiro Capazes, Absolutamente Incapazes e Relativamente Incapazes Exemplos: -‐ deficiências podem restringir o uso de direitos (o mudo não pode fazer um testamento público feito, concursos públicos que impedem pessoas de certa altura de prestar, etc.). Problemas físicos podem redundar na perda de direitos. -‐ menor de 18 não pode ser condenado criminalmente; não pode casar o menor de 16, somente se estiver grávida. -‐ quando se pratica atos desonrosos, pode-‐se perder o direito de receber herança, por exemplo. -‐ quando se é parente de promotor, juiz, não se pode ser estagiário. -‐ estrangeiro não pode comprar ilimitadamente terrenos. Capacidade de fato: Ø Capazes: livres pra exercer seus direitos (proprietários, casados, etc.) Ø Absolutamente Incapazes: não podem praticar nenhum ato da vida civil. Art.3º do Código Civil -‐ esses têm representantes legais: menores de 16 anos, mesmo que haja direitos excepcionais Ø Relativamente Incapazes: podem praticar determinados atos, mas, em princípio, devem ser auxiliados por alguém -‐ quando é maior de 16 e menor de 18, por exemplo. O incapaz não é inferior. São regras apenas de proteção. Representante legal pode ser por idade ou por questão de saúde. Quando a incapacidade é por idade, o representante é o tutor se não há representantes legais (os pais), quando é por outra razão, é curador. Aula 26.04 Capacidade: é a medida da personalidade; • De direito, absoluta e plena àArt. 1º • De fato, de exercer direitos: aptidão para exercer por si os atos da vida civil. Critérios: idade e estado de saúde mental. • Artigo 3º: essa capacidade pode ser plena ou relativa ou até não existir (incapacidade). Incapacidade: • Absoluta: representado – artigo 3º. Não pode praticar nenhum ato civil, quem pratica é o representante. • Relativa: assistido – artigo 4º. É o relativamente incapaz que atua, já que possui alguns direitos. Mas como a capacidade é reduzida, a lei exige que ele esteja acompanhado – ele é assistido. Ato nulo: não produz efeito nenhum. Art. 166, I. Ato anulável: produz efeito enquanto não anulado. Art.171, I. Interdição: • Idade*, cessa ao atingir a maioridade ou ao ser emancipado, entre outros. Artigo 5º -‐ CC. • Saúde, cessa após a pessoa estar sã. Regime de bens* (idade): • Regime de comunhão parcial. • Regime de comunhão universal. • Regime de participação final nos aquestos. • Regime de separação de bens*. à Adotado pelos cônjuges quando pelo menos um é maior de 70 anos – Artigo 1641. Diferença entre incapacidade e ilegitimidade. Incapaz – pratica dos atos em geral, porém alguns são capazes e não tem legitimidade para praticar alguns atos – Ex. Pessoa capaz de 40 anos de idade pode vender um imóvel. Mas pode vender pra um filho especifico? Não – falta legitimidade. Ilegitimidade: incapacidade específica Aula 03.05 Nomes Jurídicos Nomes: sinal designativo e identificativo de uma pessoa; sem o nome, não há possibilidade de adquirir ou cumprir direitos. Com o tempo, veio a necessidade de colocar mais alguma coisa além do primeiro nome para identificar alguém. Hoje em dia, o nome é o todo do nome. Pré-‐ nome (nome de batismo), sobrenome (nome de família, apelido de família, comum a todas as pessoas dentro de uma mesma), agnome (quando tem pré-‐nome e sobrenome iguais -‐ junior, filho, neto). Podem ser simples e compostos. Axinome (títulos nobiliárquicos, mesmo que no Brasil não tenha muito efeito). Aula 10.05 Direito real – é o que recai sobre uma coisa, poder sobre a res. Direito pessoal – direito sobre o comportamento de alguém. Direito da personalidade – direito interno a pessoa, ao ser retirado se extingue a pessoa. Ex.: direito à vida, direito ao nome. São direitos protegidos pela Constituição. Continuação de Nomes Jurídicos: -‐ Pseudônimo: Pode ser registrado em cartório a fim de ser protegido. Lei de registros públicos: Art. 56 permite a mudança de nome durante o primeiro ano após atingida amaioridade. Separação judicial: • Com culpa o Autora § Perdedora – continua com o nome do marido (permanece casada). § Ganhadora – escolhe entre permanecer com o nome de casada ou obter de volta o nome de solteira. o Ré § Perdedora – perde o nome se a perda não lhe trouxer prejuízo. § Ganhadora – continua com o nome de casada (permanece casada). • Sem culpa – tem o direito de escolher. Aula 24.05 Domicílio – sede de direitos: entrega de direitos e exigência de obrigações. Artigo 70 em diante • Residência – local onde a pessoa se encontra com a característica da permanência. • Ânimo definitivo – Intenção de permanência de caráter definitivo (para sempre). Art. 41 CC: várias residências podem ser consideradas domicílio. Art. 42 CC: domicílio também pode ser o local de exercício de profissão. Cada local é considerado domicílio para referência às relações correspondentes a cada âmbito. -‐ A informação do domicílio constitui componente importante do contrato. Estabelece-‐se desta forma o local de execução do contrato. Na falta dessa informação, a Lei dos Contratos estabelece que o local de execução se dá no domicílio da parte devedora (Art. 327 CC). -‐ A abertura do inventário ocorre no último domicílio do falecido (Art. 1785 CC). -‐ Quando da moção de uma ação ela é promovida no domicílio do réu (Art. 94 CPC). Espécies de domicílio: • Geral: decorre do conceito de domicílio, vontade de permanecer com ânimo definitivo. • Legal: domicílio onde a lei estabelece. Normalmente o processo tem local fixo. -‐ Mudando o domicílio não muda o local de processo. -‐ O domicílio militar -‐ ativa: exército, onde servir; marinha, sede do comando a que estiver subordinado; aeronáutica, sede do comando a que estiver subordinado. -‐ reserva: residência comum. -‐ Marítimo -‐ onde o navio estiver matriculado. -‐ Preso -‐ onde estiver cumprindo pena de forma definitiva. -‐ Diplomata -‐ no Brasil: domicílio do funcionário público, onde ele exerce sua atividade. -‐ no estrangeiro: no local onde se encontra, podendo ou não alegar extra-‐ territorialidade, implicando na aceitação ou não da citação no local que se encontra. Não aceitando é necessário verificar se há apontamento do local de domicílio, caso contrário o autor escolhe entre o DF ou último domicílio em território nacional. • Contratual: foro de eleição, local que as pessoas que celebraram um contrato escolhem para litigar caso seja necessário. Hoje em dia são mais comuns os contratos de adesão no qual o foro de eleição é escolhido por apenas uma das partes, em razão de possível prejuízo a uma das partes caso o contrato não seja assinado por uma das partes o domicílio que consta no contrato não é levado em conta e pode ser feita a anulação do contrato. Observa-‐se, no caso de prejuízo, a liberdade da parte contratante mais frágil, se não houve vício de vontade ao contratar. • Ausência: pessoa que desaparece de seu domicílio deixando bens sem administração (art. 22 a art. 39). Intenta a proteção do patrimônio do ausente. Nomeia-‐se alguém que possa buscar informações para localizar o ausente e para arrecadar os bens para que se possa administrá-‐los até o retorno do ausente ou até a entrega desses bens para os herdeiros do ausente (não havendo herdeiros, entrega-‐se os bens para o Poder Público, Art. 1844 CC). Após um período de um ano e 180 dias abre-‐se um processo de sucessão provisória, onde se apresentada garantia de devolução no caso de retorno do ausente, os bens são distribuídos e devem ser devolvidos da forma como foram recebidos no caso do retorno do ausente. Depois de um período de 10 anos os herdeiros recebem os bens de forma integral. Caso o ausente retorne ainda nos próximos 10 anos após essa distribuição os bens tem que ser devolvidos no estado que se encontrarem. Passados esses 10 anos a passagem dos bens se torna definitiva. Prescrição aquisitiva – Usucapião Prescrição extintiva – Perda do direito de se cobrar uma dívida. Aula 14.06 Personalidade – Artigo 11 ao Artigo 21 do Código Civil Classificação do direito como se fosse um poder. Antigamente, era classificado entre direito real e direito pessoal. Era real quando recaía sobre uma res, sobre uma coisa. Quando o poder recaía sobre uma pessoa, era chamado de direito pessoal. Era também um poder sobre uma pessoa e também poderia ser absoluto, assim como o direito real. Em ambos os casos, são direitos sobre algo que está fora do titulardo direito – este passa a ter um direito sobre algo externo. Com o tempo, foi-‐se pensando se poderia ter direito sobre algo dentro da própria pessoa, interno. Há também uma necessidade de se ter um direito dentro da própria pessoa; este tipo de direito foi chamado de direito da personalidade, pois se este direito for destruído ou danificado, extinguirá a personalidade. No início, este direito se confundia com a própria pessoa, inerente a ela; confundia-‐se com a própria vida. Depois foi pensado o direito à integridade física, integridade psíquica, liberdade, liberdade de pensamento, liberdade de expressão. Sempre se tenta imaginar os direitos como passíveis de inclusão no direito de personalidade, novas criações deste direito. Quando esse direito da personalidade foi criado separado dos direitos reais foi para dar a devida importância ao primeiro; ele é mais importante do que os demais, está acima. São direitos difíceis de se imaginar até que ponto podem ser renunciados. • Choque entre integridade física e direito à vida, ganha o direito à vida. Há direitos dentro do próprio direito da personalidade que são superiores. As características que fazem o direito da personalidade ser superior são: 1) Intransmissibilidade – no direito real, posso transferir meu direito de propriedade, se eu tenho um crédito, também posso transferir para outra pessoa. Mas os direitos da personalidade, como o direito ao nome, é o direito da pessoa se identificar na sociedade, não é possível transferi-‐lo a ninguém. 2) Irrenunciabilidade – não posso renunciar aos direitos, no caso da integridade física, por exemplo, há polêmicas: como justifica-‐se uma amputação? Trata-‐se de um choque entre o direito a vida e à integridade física, o direito à vida prevalece. Outra discussão refere-‐se à mudança de sexo – é ou não uma violação à integridade física? 3) Imprescritibilidade – não prescreve. Para segurança de toda sociedade o legislador fala que as pessoas tem direito e se o perderem tem um prazo para que o requeiram – imagine, por exemplo, uma pessoa requerer que o neto de alguém cobre um cheque sem fundo passado pelo avô há 50 anos, ou alguém que pede uma casa que foi tomada de seu ancestral há 200 anos – geraria uma grande insegurança. Por isso o legislador dá um prazo. No caso da personalidade não há essa prescrição, os direitos da personalidade são imprescritíveis. 4) Impenhoráveis – Penhora é quando o poder judiciário pega uma coisa da pessoa para pagar um credor – ex: se alguém me deve, o juiz pode pegar algo do devedor para garantir o pagamento. Em geral os bens das pessoas são penhoráveis. Os direitos da personalidade são impenhoráveis, como o nome, a criação da pessoa, a liberdade, etc. 5) Não podem ser desapropriados. Por exemplo, no caso dos direitos reais, uma propriedade pode ser desapropriada pelo poder público quando este tem interesse, não há contestação. Porém, ninguém desapropria uma pessoa de seus direitos de personalidade
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