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Investigação criminal II Noções Básicas de Observação “Se você não sabe para onde vai, todos os ventos parecerão desfavoráveis” - Sêneca, filósofo romano “Na investigação de natureza policial, metodologia é a técnica de adestramento do agente, civil ou militar, para o desenvolvimento pleno de suas potencialidades psíquicas e de ação, de observar e raciocinar sobre um fato que está apurando e de realizar o seu trabalho com segurança e precisão.” - Luiz Carlos da Rocha A investigação criminal apresenta um processo correspondente ao da produção científica, uma vez que depende de raciocínio ordenado e observação de fatos. Essa observação servirá para a criação de uma ou mais hipóteses testáveis, que expliquem o ato investigado, possibilitem a coleta de provas e, combinando as informações, permitam auxiliar na formulação de um julgamento final. O processo investigatório não se aprende sem a prática, porém a base teórica fornecerá conhecimento para que o investigador desenvolva e exercite habilidades necessárias a uma boa investigação. Estar ciente da multidisciplinaridade do processo é pré-requisito fundamental para que se amplie a possibilidade de uma investigação ser finalizada com o resultado positivo. Além disso, o bom uso da lógica e da percepção sistêmica do fato a ser investigado também serão exigidos do investigador. Assim temos que, logo após o conhecimento do fato a ser investigado, ir até o local do ocorrido e levantar o máximo de dados para que estes sejam organizados como informações, e que essas informações sejam promovidas a conhecimento. Qualquer investigação tem por finalidade alcançar informações sobre determinados fatos ou coisas e detém sua essência no exercício da inteligência enquanto produção de conhecimento, elucidando aquilo que gerou a investigação. Para isso, o investigador precisa responder inicialmente às seguintes perguntas: - O que deve ser observado? - Como registrar as informações? - Quais processos devem ser adotados para garantir a exatidão? - Qual é a relação existente entre o observador e o observado? Posteriormente, de posse do conhecimento obtido, realiza-se a etapa de planejamento da investigação, que pode ser baseada em ferramentas adequadas. Para a elaboração deste planejamento operacional é possível utilizar algumas ferramentas; entre elas a 5W 1H, que se refere às perguntas: Tabela 1 - 5W1H Ao realizar o planejamento da investigação, da forma como serão observados os dados, fatos e tudo relacionado a ela, é preciso saber o que se quer e como conseguir, calculando riscos e minimizando- os, além de bom preparo tático. De forma didática, a sequência da investigação será desenvolvida em quatro etapas sistêmicas: • Planejamento; • Coleta de dados; • Análise de dados; • Elaboração do relatório. Compreende-se assim que, dentre vários métodos de raciocínio, a investigação fará uso de operações mentais baseadas nos aspectos do que se observa (vê, ouve e sente), levando o interessado a elaborar uma proposta que o induz a seguir para determinado caminho, tendo-o considerado como verdadeiro, desde que não haja prova segura em contrário. O juízo do observador é baseado nas aparências que conduzem a uma suspeita. Vá mais Longe Capítulo Norteador: A Ação Controlada e a Infiltração Policial na Nova Lei do Crime Organizado. WENDT, Emerson; LOPES, Fábio Motta. Investigação Criminal – Ensaios sobre a arte de investigar. Rio de Janeiro: Brasport Livros e Multimídia, 2014. Biblioteca Virtual. Agora é sua Vez Interação O planejamento da investigação é uma etapa de grande importância. A partir do que foi explanado, até que ponto você considera interessante o uso de ferramentas como a 5W1H no Fórum da Disciplina. Questão para Simulado De acordo com os princípios do planejamento, o princípio da precedência significa que: a) O planejamento deve procurar maximizar os resultados e minimizar as deficiências. b) O planejamento deve ser a função administrativa que vem antes das outras, na busca da resolução dos problemas. c) A atividade de planejamento deve procurar uma série de modificações nas características do sistema, com envolvimento https://dombosco.instructure.com/courses/9361/discussion_topics/33544 na conduta das pessoas e atividades na absorção de novas tecnologias. d) As coisas devem ser feitas de maneira adequada, resolver problemas, cuidar dos recursos aplicados cumprir o dever e reduzir custos. A resposta é B Comentário: O princípio da precedência responde a “o que vai ser feito” dentro da metodologia 5W1H, assumindo o princípio do processo de planejamento. Referências WENDT, Emerson; LOPES, Fábio Motta. Investigação Criminal – Ensaios sobre a arte de investigar. Rio de Janeiro: Brasport Livros e Multimídia, 2014. Biblioteca Virtual. ROCHA, Luiz Carlos. Investigação Policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998 ARAÚJO, Francisco das Chagas S. Investigação Criminal 2. EAD/Senasp, 2009 Noções Básicas de Observação – Coleta de dados A coleta de dados constitui a etapa inicial de produção do conhecimento que pode levar o investigador ao caminho mais assertivo, condizente com a realidade e que tende a resultar em sucesso investigativo. É a fase que busca obter informações sobre a realidade específica da situação. As formas de realizar a coleta de dados são diversas, com grande variedade de ferramentas para sua execução. Dentre estas, temos a entrevista, a análise de vestígios, a interceptação telefônica, análise de imagens e análise de sinais. O que determina quais e como serão utilizadas essas formas de coleta é o fenômeno investigado, pois aquilo que for levantado necessariamente deve ter relação com o fato, para que venha a ser validado como prova. A obediência estrita da legislação promoverá o sucesso da investigação, do contrário será apenas conhecimento sem validade legal. Logo, coletar dados é produzir conhecimento para que este sirva como meio probatório de um delito, desenvolvido por meio de metodologia investigatória apropriada, que englobará métodos e técnicas próprios, adequados ao contexto do fato a ser investigado. De início é recomendável que o investigador realize um estudo exploratório, processo de observação e reflexão sobre o que aconteceu, partindo de onde se está e como se está, utilizando-se de fontes secundárias, estudos de caso e observação informal. O estudo exploratório permite levantar os meios e modos aplicados na prática do fato investigado, ou seja, o modus operandi empregado, os meios ou a técnica utilizada e o modo como o fato aconteceu. Após o estudo exploratório torna-se mais fácil formular as hipóteses acerca da ocorrência, se é crime e que tipo, quem teria interesse, meios e oportunidade para praticá-lo, quando, onde e como aconteceu. O estudo exploratório também favorecerá a escolha da técnica a ser adotada para a investigação. Durante o estudo exploratório acontece o uso da primeira técnica: o reconhecimento, que busca as primeiras informações sobre as atividades do investigado, as características ambientais e geográficas de um determinado sítio. O reconhecimento fornece informações sobre a localização exata do alvo da investigação, endereço completo com mapas, fotos, croquis, pontos de referência; enfim, tudo que possa auxiliar o planejamento da investigação elaborando um retrato fiel do cenário da investigação. É uma técnica de observação visual direta ou por meios eletrônicos, requer memorização e descrição dos dados observados, que fornece parâmetros para a percepção do grau de risco da investigação. O grau de risco caracteriza-se pela probabilidade de uma ocorrência, multiplicada pelo impacto que ela terá sobre a investigação. Dessa forma, é interessante aplicar o reconhecimento e conhecer o grau de risco para planejar a sequência de investigação. Dependendo do grau de risco, oreconhecimento poderá ser ostensivo ou velado, com ou sem meios de disfarce do observador. Mapeado o grau de risco por meio do reconhecimento, parte-se para a escolha das técnicas em função do objetivo da investigação. Independente do que se está investigando, os elementos básicos de uma investigação envolvem o trinômio Observação, Memorização e Descrição (OMD). O registro que auxiliará a OMD pode ser feito em gravador de voz, filmagens, fotos etc. Na maioria das vezes, um simples bloco de notas deve sempre estar ao alcance do investigador, para que seja possível anotar sua percepção sobre a ocorrência ou outros dados que ele note que são interessantes. Tendo em mãos as ferramentas que julgar necessárias, o investigador define o que observar e qual a finalidade da observação, quais serão os procedimentos previstos no plano de investigação que deverão garantir a confiabilidade dos dados coletados, tempo de permanência em campo, solicitar colaboração de outros investigadores envolvidos na análise dos dados, triangular a investigação e analisar outras hipóteses cabíveis para o caso. Dessa forma, o início e o avanço das investigações podem ser sentidos e encaminhados de modo satisfatório. Por fim, de posse de um bom planejamento da investigação, é feita a escolha dentre as técnicas de investigação mais adequadas ao caso. Dentre elas, temos: - Entrevista; - Infiltração; - Interceptação de comunicações; - Campana; - Acompanhamento de alvos etc. Vá mais Longe Capítulo Norteador: A Ação Controlada e a Infiltração Policial na Nova Lei do Crime Organizado. WENDT, Emerson; LOPES, Fábio Motta. Investigação Criminal – Ensaios sobre a arte de investigar. Rio de Janeiro: Brasport Livros e Multimídia, 2014. Biblioteca Virtual. Agora é sua Vez Interação A investigação depende da integração de diversos fatores e técnicas. Disserte brevemente sobre o motivo para que as técnicas de investigação não serem excludentes entre si. Aproveite o conteúdo indicado no capítulo norteador para apontar outras técnicas que podem ser usadas em consórcio com a ação controlada no Fórum da Disciplina. Questão para Simulado https://dombosco.instructure.com/courses/9361/discussion_topics/33544 Considerando a metodologia de escolha da técnica de investigação criminal, é correto afirmar: a) Que a técnica que será empregada em cada investigação não depende do problema que está sendo investigado, dos objetivos e da disponibilidade de recursos para a realização do projeto. b) Que não é recomendável iniciar a investigação por um estudo exploratório, para tomar conhecimento da situação. c) Que o estudo exploratório impossibilitará ao investigador decidir quais serão os métodos necessários às fases posteriores. d) As técnicas não se excluem, poderão ser empregadas em uma mesma investigação, metodologias e diversas técnicas. A resposta é Letra D Comentário: Uma investigação apresenta diversos aspectos, o que possibilita escolher as técnicas adequadas ao caso sem que isso provoque a opção por apenas uma técnica, uma vez que a combinação de duas ou mais permitirá avanços e diminuição de erros. Referências WENDT, Emerson; LOPES, Fábio Motta. Investigação Criminal – Ensaios sobre a arte de investigar. Rio de Janeiro: Brasport Livros e Multimídia, 2014. Biblioteca Virtual. ROCHA, Luiz Carlos. Investigação Policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998 ARAÚJO, Francisco das Chagas S. Investigação Criminal 2. EAD/Senasp, 2009 Os Cinco Sentidos Os sentidos do investigador são seus instrumentos primários de trabalho e o sucesso de uma investigação está diretamente ligada à intensidade sensorial. Uma maior capacidade de percepção global do ambiente possibilita maior probabilidade de compreensão do ocorrido e consequente resolução do caso. Manter a mente aberta para estímulos recebidos durante a observação direta dos fatos leva a uma investigação bem-sucedida, o que depende da capacidade do investigador de observar tudo que estiver intimamente ligado ao tema investigado durante o processo. Relembrando o que foi visto na Aula 01, há quatro questões básicas que o investigador precisa responder para atingir o objetivo da investigação. Todas estão diretamente ligadas à capacidade sensorial, pela interdependência de todos os fatores envolvidos. Buscar observar o que for respondido nessas questões vai auxiliar no planejamento da investigação, e, consequentemente, na forma como o investigador fará uso de seus cinco sentidos durante a investigação. Observar, na investigação, envolve reflexão, capacidade de sentir e ver problemas e respostas, por mais obscuras que estejam. As faculdades da memória, influenciadas pela visão, ofato, audição, paladar e tato, são responsabilidades do córtex cerebral, pois tudo que é sentido pelo corpo, toda sensação percebida pelos nossos órgãos sensoriais, é enviado para o córtex. Ainda que nosso cérebro receba uma quantidade imensa de estímulos, temos uma área dentro dele responsável por filtrar aquilo que nos interessa ou que seja importante para nossa sobrevivência. Trata-se do hipocampo, que armazena aquilo que será necessário ser relembrado em algum momento futuro e onde são realizados os processos de associação multissensorial, que permite recordar informações arquivadas. Em algumas técnicas, como a infiltração, o papel dos sentidos é de vital importância para a memorização de tudo que for importante e que o investigador presenciar, pois assim diminuem as chances de memorizar algo equivocadamente e pôr a perder etapas importantes da investigação. Quanto maior o número de sentidos utilizado para reter informações sobre um objeto, pessoal, local ou seu conjunto, maior será a probabilidade de registrá-las mentalmente e utilizá-las de imediato, quando for necessário. Esse uso consciente de processos associativos e estímulos sensoriais facilita a consolidação das memórias, e que deve ser exercitado diariamente, realizando sua manutenção e fortalecimento. Uma boa memória não é somente útil para uma determinada investigação, mas também para todo trabalho investigativo em geral e tem efeitos positivos também no aumento da confiança do investigador em suas habilidades profissionais, eficiência nos trabalhos principalmente pela diminuição do tempo gasto para resgatar informações vitais, na descrição de pessoas, objetos, ambientes e circunstâncias. Para que essa melhor condição de memória seja alcançada, pode-se recorrer a técnicas específicas. De início, o mais importante é manter o bem-estar físico e psíquico geral. Práticas esportivas e mentais, boa alimentação, horas de sono adequadas e de qualidade, manutenção de atitudes positivas e organização na vida pessoal e profissional contribuem de forma fundamental para uma boa memória em geral. Vá mais Longe Capítulo Norteador: Técnicas de treinamento da memória. Araújo, Francisco das Chagas Soares. Investigação Criminal II. Senasp/MJ, 2009. Biblioteca Virtual. Agora é sua Vez Interação Uma cena de crime, ou o ambiente onde ocorreu a situação de interesse da investigação, pode fornecer diversos estímulos sensoriais que podem auxiliar no trabalho de investigação. Para isso, o investigador deve estar atento a tudo que ocorre à sua volta. Aponte como a memória do investigador interfere na sua capacidade de reter o que está sendo observado em um local de crime, no Fórum da Disciplina. Questão para Simulado Considerando o processo de coleta de dados na investigação criminal, assinale a alternativas corretas: a) Fontes secundárias referem-se ao material conhecido e organizado, segundo um esquema determinado como os depoimentos de testemunhas. b) Fontes secundárias são informações que não têm relação direta com o caso, mas dizem do caso ou do ambiente onde ele ocorreu. c) O reconhecimento é uma atividade preliminar de investigação. Ele busca as primeirasinformações sobre as atividades do investigado, as características ambientais e geográficas de um determinado sítio, mas não oferece parâmetros para a percepção do grau de risco do procedimento investigatório. A resposta é B Comentário: Fontes secundárias são informações que não têm relação direta com o caso, mas dizem do caso ou do ambiente onde ele aconteceu. Já o reconhecimento oferece parâmetros para a percepção do grau de risco do procedimento investigatório. Referências ROCHA, Luiz Carlos. Investigação Policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998 ARAÚJO, Francisco das Chagas S. Investigação Criminal 2. EAD/Senasp, 2009 COBRA, Coriolano Nogueira. Manual de investigação policial. São Paulo: Escola de Polícia de São Paulo Técnicas de Descrição de um Ambiente Interno e Externo https://dombosco.instructure.com/courses/9361/discussion_topics/33544 A vasta miríade de possibilidades sobre o cometimento de crimes impede que seja possível delimitar de forma específica a dinâmica destes. Cada situação envolve suas peculiaridades e estas serão fatores usados pela equipe de investigação na busca pela elucidação dos fatos. Mesmo assim, há uma sequência de passos a serem seguidos a partir do conhecimento do fato e o primeiro e mais importante deles é a preservação da cena do crime. Se pensarmos de maneira aberta, uma cena de crime não é apenas o local final onde este foi cometido. Ela teria início em outros ambientes, com outras pessoas e objetos, mas que só serão correlacionados ao evento final pelo trabalho da investigação, se assim o caso permitir. Porém, para definir o ambiente inicial da investigação, a cena de crime estará delimitada pelo local onde ocorreu toda a ação, de forma que a doutrina especifica alguns parâmetros que auxiliam na sua descrição. Para executar o isolamento correto e completo do local, o agente de segurança pública deverá adotar algumas medidas preliminares antes de efetivar o isolamento propriamente dito: - Reconhecer os reais limites; - A primeira coisa a fazer é um reconhecimento dos reais limites do local. Esvaziar a maior área possível da presença de pessoas; - Avaliação detalhada do espaço; - Efetuar criteriosa observação do local levando em consideração o cadáver, se for o caso, outros vestígios que precisam ser preservados, as primeiras informações colhidas e os limites naturais da área onde ocorreu o delito, como um quarto, uma casa, um parque de diversões etc; - Constatar se há indicação de outros locais; - Verificar se há indicação da existência de outras cenas do crime (local mediato ou relacionado), para adotar medidas de isolamento e preservação. É necessário delimitar toda a área onde haja qualquer vestígio do delito. Se possível identificar as rotas de entrada e fuga do infrator na cena, pois sempre estarão repletas de informações sobre ele. Inicialmente, tudo o que está na cena do crime é vestígio dele. Feito isso, o investigador terá clara ideia da natureza do local (imediato, mediato ou relacionado), cuja importância é ajudar na formulação das hipóteses iniciais; - Isolar fisicamente o local; - O isolamento físico do local do delito é a garantia de preservação dos vestígios. Deve ser efetivamente físico, com obstáculos que impeçam qualquer acesso indevido. Dessa forma, um local de crime pode ser interno ou externo, imediato ou mediato, preservado ou não preservado, ainda que esses termos não sejam unânimes na doutrina. - Local interno: são locais fechados, delimitados fisicamente por paredes ou outros obstáculos que definam o interior de algo ou de um lugar, tais como o interior de um veículo ou de um imóvel. O caminho até o ambiente e as áreas correlatas no imóvel onde ocorreu o fato delituoso serão conhecidos como área mediata aberta. Já o espaço onde efetivamente deu-se o fato será a área imediata interna; - Local externo: são locais abertos, onde não haja delimitações físicas que impeçam o contato com o meio ambiente em geral, tais como ruas, rodovias, praças, matagais, rios ou qualquer lugar em campo aberto. As áreas de acesso até o local da ocorrência será conhecida como área mediata externa e o local do crime propriamente dito é a área imediata externa. - Local relacionado: são aqueles que, apesar de diferentes da cena de crime, apresentam relação direta com o fato. Por exemplo: um motorista atropela e mata uma vítima em via pública, e retorna para casa estacionando o veículo do crime em casa. O local relacionado é a garagem onde encontra- se o veículo, pois ali podem eventualmente serem encontrados indícios do crime; - Preservado ou idôneo: são aqueles mantidos exatamente inalterados após a ocorrência, sem qualquer alteração direta deliberada no ambiente. O fato de poder ser considerado idôneo é demonstração de ótimo trabalho inicial do agente de segurança pública que prestou o atendimento inicial; - Não preservado ou inidôneo: são os locais que sofrem alterações que prejudicam a coleta de vestígios e evidências. A falta de preservação pode ocorrer pela ação direta do criminoso, na tentativa de eliminar vestígios que posam levar à autoria; para preservar a vida, seja dos agentes de segurança pública que foram atender a ocorrência, da vítima ou de terceiros; ou pode ocorrer pela falta de isolamento adequado da cena, permitindo que curiosos, familiares ou outras pessoas que ali não deveriam estar acabem manipulando objetos, pisando em evidências e provocando prejuízos periciais que não podem ser medidos. Independente do que aconteceu, a falta de preservação deve estar consignada no laudo dos peritos e no relatório dos investigadores, para que isso seja levado em consideração em todo processo de investigação e julgamento do fato. Assim, uma cena de crime preservada adequadamente é aquela acessada pelo menor número de pessoas onde as evidências estejam em seus devidos locais, evitando que estas sejam manipuladas ou até destruídas pela manipulação indevida. Ali o trabalho de coleta de evidências poderá ser feito de forma abrangente e tranquila pelos peritos. Não há prazo para a realização das perícias, porém quanto menor o intervalo de tempo entre a execução do delito e a coleta de evidências, maiores serão as chances de sucesso da investigação. Compreendidos os conceitos sobre uma cena de crime, é importante diferenciar o que são indícios, vestígios e evidências. Indício, de acordo com o artigo 239 do Código de Processo Penal, é circunstância conhecida e provada, que tendo relação com o fato principal (a ser provado), autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. Indícios são, assim, elementos de extrema importância, presentes na cena de crime, que permitem a concepção racional do que aconteceu e constituem meio de prova, equiparado em tese aos documentos, à perícia, à confissão e aos testemunhos. Vestígio e indício são comumente confundidos pelos leigos, porém no contexto pericial e sentido jurídico, apresentam diferenças significativas. Vestígio é, de maneira objetiva, o produto de um agente ou de um evento provocador, presente em local de crime potencialmente relacionado ao fato em si. Evidências são elementos que, após análises periciais meticulosas e detalhadas, estão atreladas inequívoca e objetivamente a um fato delituoso. É possível afirmar que toda evidência é um indício, porém o contrário nem sempre se apresenta. Em termos técnicos, é equivocado dizer que exista grau hierárquico entre vestígio, indício e evidência. São eventualmente complementares, mas jamais sinônimos e assim devem ser compreendidos, evitando prejuízos na persecução penal. Vá mais Longe Capítulo Norteador: Capítulo 1 – Perícia criminal e criminalística, Conceito de local de crime, isolamento e preservação. Lipinski, Antonio Carlos. Perícias criminais. Biblioteca Virtual. Agora é sua Vez Interação No Fórum da Disciplina aponte as diferenças entre vestígio,indício e evidência, demonstrando os prejuízos para a persecução penal caso esses conceitos sejam colocados de forma equivocada em laudos e relatórios. Questão para Simulado Em relação aos conceitos de vestígio, indício e evidência, assinale V, para as alternativas verdadeiras, e F, para as falsas. ( ) Vestígio é o material bruto encontrado no local de crime, como por exemplo, objetos, marcas, sinais, etc que possam ter relação com o fato. ( ) É correto afirmar que o vestígio pode ser considerado como o produto da ação do agente provocador. ( ) Um material antes de se tornar uma evidência deve ser reconhecido como índicio. ( ) Quando os peritos chegam a conclusão que determinado vestígio está relacionado ao evento periciado, ele passa a denominar-se evidência. ( ) Indício é a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize concluir-se a existência de outras circunstâncias. A resposta é V, V, F, V e V Comentário: Deve-se sempre lembrar que não há hierarquia entre indício, vestígio e evidência. Referências ROCHA, Luiz Carlos. Investigação Policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998 ARAÚJO, Francisco das Chagas S. Investigação Criminal 2. EAD/Senasp, 2009 GARCIA, Tiago Mikael e RÉGIS, Jonathan Cardoso. Local do crime: a preservação e o isolamento e seus reflexos na persecução penal. Revista Jurídica da Unisul, Tubarão, 2016. COBRA, Coriolano Nogueira. Manual de investigação policial. São Paulo: Escola de Polícia de São Paulo ESPÍNDULA, Alberí. Curso de Preservação de Local de Crime. Senasp/MJ, 2009. Biblioteca Virtual. Técnicas de descrição de um ambiente interno e externo Sabendo que as interações ambientais entre o local da ocorrência e o investigador são de grande relevância, o investigador também deve auxiliar sua memória com ferramentas para a descrição do local, evitando assim que detalhes possam ser perdidos. Um simples croqui do local pode conter diversas informações, que podem ser enriquecidas com uma caderneta para anotações diversas. Fazer uso de uma máquina fotográfica, trenas, marcadores e https://dombosco.instructure.com/courses/9361/discussion_topics/33544 outras ferramentas facilita ainda mais o trabalho. Porém esse material é geralmente de uso de investigadores técnico-científicos, ou peritos criminais. A perícia criminal parte da premissa de que todo local de crime conversa com aquele que sabe ouvir o que está sendo dito. Assim, quanto melhor preservado for o local, maior o diálogo entre o ambiente e o perito. A interação entre investigador cartorário e investigador técnico-científico promove maior probabilidade de uma investigação bem-sucedida e a consequente punição de quem cometeu o delito investigado. Nesse sentido, a descrição dos ambientes externos e/ou internos colabora com a investigação ao trazer aqueles que na cena do crime não estiveram, mas precisam entender a dinâmica dos fatos. De início, o local de crime é um ambiente que, independente de ser interno ou externo, necessita da máxima preservação, para que todas as evidências existentes possam ser coletadas pelos investigadores técnico-científicos, os peritos. É atribuição do primeiro profissional de segurança pública preservar o local, de acordo com orientações específicas que devem sempre ser repassadas e revisadas por sua instituição, em cooperação com as demais. Grosso modo, o caso mais fácil de preservação do local são os crimes onde não haja vítimas. Nos casos onde haja vítimas e que estas não estejam em condições de serem movidas ou que se faça necessária verificação de suas condições de saúde, o profissional que realiza o primeiro atendimento deve prestar atenção no trajeto que realiza no ambiente, para que não prejudique evidências ali existentes. As evidências serão secundárias somente nos casos em que a preservação de vidas, de vítimas ou do próprio agente de segurança pública estiverem em risco. Conforme o Código Processual Penal, em seu artigo 6º, é dever da autoridade policial dirigir-se ao local da ocorrência, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. Estes farão as análises pertinentes ao modo como o ambiente se encontra, quais são os objetivos da investigação em face do ocorrido, como se encontravam os indícios existentes no momento da chegada da equipe de perícia e levantar evidências. Para a perícia serão tomadas imagens do local, desenhados croquis, verificados objetos que tenham vínculo com o crime, quais serão as perícias que serão realizadas em local, quais serão as perícias que serão realizadas em laboratório e, com todo o procedimento pericial em local realizado, confeccionar os laudos pertinentes. Após a perícia, continuam os procedimentos elencados no CPP sob responsabilidade da autoridade policial, quais sejam: - apreender objetos relacionados ao fato, após liberação pelos peritos; - coleta de provas que servirem para esclarecimento do fato e suas circunstâncias; - ouvir a vítima; - ouvir o suspeito, quando possível; - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e acareações; - determinar novas perícias se for o caso; - ordenar a identificação do suspeito e averiguar sua vida pregressa; - havendo necessidade, proceder com simulação da ocorrência para maiores esclarecimentos. Vá mais Longe Capítulo Norteador: Módulo II, Curso de Preservação de Local de Crime. Espíndula, Alberí. Senasp/MJ, 2009. Biblioteca Virtual. Agora é sua Vez Interação A chegada do primeiro profissional de segurança pública na cena de crime deve acontecer com os cuidados para preservar a incolumidade física deste profissional, para preservar e/ou salvar a vida de eventuais vítimas e preservar ao máximo a cena, de forma a evitar que vestígios possam ser perdidos. No Fórum da Disciplina aponte como o primeiro profissional deve se portar, para que não aconteça prejuízo à investigação, com relação à preservação e descrição da cena de crime. Questão para Simulado Exames periciais devem ser realizados de forma sistêmica e em sequência correta. Assim, coloque na sequência correta as fases relativas aos exames nos vestígios. ( ) Busca e constatação ( ) Registro ( ) Encaminhamentos ( ) Identificação A resposta é 1, 2, 4, 3 Comentário: a sequência correta dos exames periciais evita a quebra da cadeia de custódia e, por consequência, a perda do valor probatório das evidências coletadas. Referências ROCHA, Luiz Carlos. Investigação Policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998 ARAÚJO, Francisco das Chagas S. Investigação Criminal 2. EAD/Senasp, 2009 COBRA, Coriolano Nogueira. Manual de investigação policial. São Paulo: Escola de Polícia de São Paulo ESPÍNDULA, Alberí. Curso de Preservação de Local de Crime. Senasp/MJ, 2009. Biblioteca Virtual. Descrição física de um indivíduo A capacidade de descrever pessoas e locais é um dos fatores que permite maiores avanços durante uma investigação. Ao coletar informações sobre pessoas presentes em uma cena de crime é possível https://dombosco.instructure.com/courses/9361/discussion_topics/33544 determinar se há algum suspeito cuja descrição seja compatível com a do autor, ou se essa descrição se encaixa em alguma pessoa detida em outro período, quer seja pelo mesmo tipo de crime ou por outros. Via de regra, a descrição começa pela cabeça, depois segue para os membros superiores e, por fim, membros inferiores, de forma mais detalhada possível. Quanto maior o grau de detalhes observados e descritos, menores as chances de imputar suspeitas à pessoa errada. De forma geral, a descrição deve observar a cor da pele, o sexo, idade aparente, estatura, peso, compleição, cor e tipo de cabelos, ausência ou presença de pelos faciais, condição dentária, cicatrizes, marcas ou tatuagens, uso de óculos ou outros adereços, tais como piercings, alargadores etc. Nos aspectosespecíficos da descrição, a pessoa que está descrevendo o indivíduo fornecerá maiores detalhes, tais como: Nome – verdadeiro, falso, apelido etc; Cabelo – comprido, curto, claro, escuro, preto, loiro, liso, ondulado, calvo etc; Rosto – bonito, feio, magro, gordo, redondo, oval, pálido, corado etc; Testa – alta, baixa, larga, lisa, enrugada etc; Olhos – grandes, pequenos, claros, escuros, vivos, brilhantes, mortiços etc; Nariz – arrebitado, achatado, grande, pequeno, fino, grosso etc; Boca – sorridente, séria, grande, pequena, rasgada etc; Lábios – finos, grossos, vermelhos, rosados, recortados, entreabertos etc; Dentição – perfeita, falha entre dentes, com dentes faltando, dentes amarelados etc; Modo de falar – forte, suave, rouco, grosso, fino, lento, rápido, gagueira, sotaques, gírias etc; Modo de se movimentar – coxeando, tiques, cacoetes etc; Pele – manchada, bronzeada, clara, escura, com machucados, com pintas, tatuada etc; Tatuagens – tipo do desenho e localização; Piercings e alargadores – localização e tipo de piercing. Mesmo que não seja possível obter uma descrição precisa, qualquer informação sobre a pessoa que tenha cometido o delito já tem grande validade, pois a investigação tem alguém a ser procurado. Importante é registrar os dados imutáveis, pois se o suspeito tentar usar disfarces, terá menor sucesso. A descrição deverá ser honesta, realista, sem influências pessoais ou preconceituosas. Imprescindível a descrição ser particularizada, pois uma descrição genérica tem pouca validade para uma investigação. Vá mais Longe Capítulo Norteador: Módulo II, Investigação Criminal II. Araújo, Francisco das Chagas Soares. Senasp/MJ, 2009. Biblioteca Virtual. Agora é sua Vez Interação A descrição não só de indivíduos, mas de objetos, locais e situações depende de uma memória que, quanto melhor, maior o grau de detalhes fornecidos sobre o que está sendo descrito. Indique no Fórum da Disciplina que tipo de técnica de memorização você utiliza, como a descobriu e de que forma poderia utilizar para situações de uma investigação. Questão para Simulado De acordo com o que estudou-se, observe a imagem a seguir e elabore um relato minucioso do que você vê. Comentário: Lembre-se que a descrição de um indivíduo deve ser o mais realista e detalhada possível. Referências ROCHA, Luiz Carlos. Investigação Policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998 ARAÚJO, Francisco das Chagas Soares. Investigação Criminal 2. EAD/Senasp, 2009 COBRA, Coriolano Nogueira. Manual de investigação policial. São Paulo: Escola de Polícia de São Paulo Retrato Falado O retrato falado é mais uma das diversas ferramentas aliadas à investigação, mas que possui dois lados. Quando confeccionado o mais próximo possível da data da ocorrência, de forma responsável e técnica, o retrato falado possibilita a busca por suspeitos com bastante eficiência, em função da elevada reincidência de criminosos em nosso país. Um dos fatores que devem ser observados, sempre que houver a possibilidade de confeccionar um retrato falado, é não apresentar à vítima ou à testemunha o álbum de fotos de indiciados. Isso contamina a memória visual de quem vai descrever o suspeito, comprometendo a qualidade final, pois a subjetividade do recurso é muito grande. Dessa forma, quando um criminoso é descrito em retrato falado, suas características marcantes devem ser apontadas pelo descritor e estas serão aproveitadas pela equipe de investigação e nortear os trabalhos. Assim, a responsabilidade sobre o bom uso dessa ferramenta não é de quem descreveu o suspeito, desde que essa descrição tenha sido real, conforme vimos na aula de descrição de pessoas, mas sim da autoridade policial e sua equipe. Em algumas instituições de Polícia Judiciária ou de Perícia Forense, ainda são utilizados os talentos de peritos em representação facial humana artística, por meio de desenhos à mão. Essa técnica vem caindo em desuso, pois exige do perito sensibilidade e habilidades artísticas elevadas, visto que precisa realizar uma entrevista com a vítima ou testemunha a ponto de deixá-la confortável suficiente para trazer a maior quantidade de detalhes para bem executar o desenho. Já em um número crescente de unidades de Polícia Judiciária já é possível contar com papiloscopistas habilitados para uso de ferramentas digitais de criação dos retratos falados. Nesses casos, a habilidade artística do profissional que eventualmente não a possua pode ser desenvolvida mais https://dombosco.instructure.com/courses/9361/discussion_topics/33544 facilmente por meio do uso de softwares específicos para manipulação de imagens, tais como o Adobe Photoshop, combinado com um banco de dados de imagens previamente desmembradas em peças que, aos serem combinadas, formarão a base do rosto a ser criado. Assim temos dois tipos de técnicas de retrato falado: - Artístico: onde o profissional faz uso apenas de suas habilidades artísticas e técnicas de entrevista ou, além das habilidades, também adota um banco de imagens impressas para a montagem do retrato; - Composição fotográfica: onde o profissional faz uso de um banco de imagens digital, escolhidas pela testemunha ou vítima e realiza a composição final em programa para manipulação de imagens. É importante deixar claro que a distância temporal entre o fato e a confecção do retrato falado influem diretamente em sua qualidade, pois a vítima ou a testemunha podem acabar esquecendo detalhes importantes, que farão falta na confecção do retrato. Além disso, é bastante comum em intervalos de tempo elásticos as vítimas ou testemunhas desistirem de confeccionar o retrato falado, por diversas razões, tais como receio de represálias, sensação de impotência e de que tal retrato não adicionará nada à investigação ou quaisquer outros motivos aleatórios. A vítima ou testemunha devem ser levadas a um ambiente onde sintam-se seguras e à vontade, sem circulação de pessoas e o mais calmo possível. Tudo isso auxilia na extração de informações que serão incluídas na representação facial. Antes de iniciar a confecção propriamente dita do retrato falado, o perito realiza uma entrevista, onde busca deixar a vítima ou testemunha segura a ponto de novamente descrever todo o fato que presenciou e assim ajudar a trazer à memória detalhes sobre quem praticou o delito. Após a entrevista, quando utilizada a combinação do software de peças e o de manipulação de imagens, explica-se a quem esteja descrevendo o suspeito como é realizado esse processo e é dada sequência na montagem da imagem base. Figura 1 – Tela do software de peças para confecção de retrato falado Fonte: Instituto Nacional de Identificação Figura 2 – Combinação de características pré-tratamento Fonte: Instituto Nacional de Identificação Após essa combinação, o perito realiza a equalização dos elementos para harmonizar o rosto descrito, no tom de pele mais próximo ao descrito pela vítima ou testemunha, retira ou adiciona elementos tais como pelos faciais, pintas, manchas ou outras cicatrizes, e inclui acessórios, se for o caso, tais como óculos, bonés, piercings etc. Figura 3 – Imagem final, equalizada Fonte: Instituto Nacional de Identificação Após finalizar o procedimento, o perito solicita que o descritor dê uma nota, em forma de porcentagem, da similaridade entre o retrato falado e o rosto da pessoa descrita. Essa porcentagem vai auxiliar na decisão de divulgação ou não do retrato, por parte da autoridade policial. Quanto maior a porcentagem, maior a proximidade com o rosto descrito e, assim, menor a probabilidade de apontar falsamente um suspeito. Porém, porcentagem baixa não é motivo para descarte do retrato falado, visto que este pode conter elementos peculiares do suspeito que ainda assim poderão auxiliar na sua identificação. Vá mais Longe Capítulo Norteador: Sketchcop – Drawing a line against crime. Streed,Michael W. Evergreen, Wildblue Press. 2015 Agora é sua Vez Interação A entrevista com a vítima ou testemunha para confecção de retrato falado é um momento de necessidade de demonstração de empatia, para que venha a ser quebrada qualquer barreira entre o entrevistado e o perito. No Fórum da Disciplina aponte, de seu ponto de vista, que tipos de equívocos o perito pode cometer e que trarão prejuízos à confecção do retrato falado. Questão para Simulado A confecção de retrato falado pode ser realizada de duas formas: a) Artística e emoldurada b) Eletrônica e mecânica c) Artística e Composição fotográfica d) Nenhuma das alternativas A resposta é Letra C. Comentário: As técnicas de confecção de retrato falado em uso pelas unidades periciais no Brasil, atualmente, são a artística, que está caindo em desuso, e a composição fotográfica, que permite maior acuracidade na representação de suspeitos. Referências ROCHA, Luiz Carlos. Investigação Policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998 https://dombosco.instructure.com/courses/9361/discussion_topics/33544 COBRA, Coriolano Nogueira. Manual de investigação policial. São Paulo: Escola de Polícia de São Paulo Streed, Michael W. Sketchcop – Drawing a line against crime. Evergreen, Wildblue Press. 2015 Retrato Falado Após confeccionado o retrato falado, o perito também redigirá um breve relatório contendo dados sobre a ocorrência, sobre o suspeito, número do retrato falado – geralmente para controle interno da unidade para a qual foi solicitado o retrato – e a porcentagem de similaridade fornecido pelo descritor. De posse desse retrato falado e a complementação feita pelo relatório, a equipe de investigação decide como o material poderá auxiliar nos trabalhos, se haverá divulgação maciça, a qual geralmente acontece quando não há nenhuma pista sobre o suspeito; ou somente interna, quando já existe uma linha de investigação e qualquer divulgação sobre suspeitos pode vir a prejudicar os trabalhos. Ainda poderá ser discutido se haverá necessidade de encaminhar o retrato para outras unidades de polícia etc. Uma vez que nem toda pessoa possui capacidade para descrição de características de modo a serem utilizadas para a confecção de retratos falados, a equipe de investigação, em casos de similaridade de modus operandi, pode apresentar o retrato falado do suspeito para aquelas vítimas ou testemunhas que não conseguiram fornecer elementos suficientes para a confecção da representação facial e apontam se o retrato se aproxima da pessoa que foi vista. O retrato falado, independente de apresentar-se ferramenta útil ou não para a investigação, será anexado ao boletim em análise e, posteriormente ao inquérito, caso este seja instaurado. De qualquer forma, permanecerá arquivado na delegacia responsável. Não há estatísticas precisas apontando qual tipo de crime apresenta maior número de suspeitos descritos, uma vez que a vítima ou a testemunha nem sempre se apresenta para fazer a descrição, ou, quando comparece para a entrevista, não consegue realizar uma descrição minimamente aproveitável. O uso do retrato falado contribui, também, como ferramenta para aprimoramento da memória do investigador, pois sempre que a delegacia recebe uma representação facial, as equipes de investigação podem vir a se lembrar, pelo modus operandi ou pelas características fisionômicas, de outras pessoas que já foram detidas. As características a serem observadas são as mesmas apontadas no módulo em que foi estudada a técnica de descrição de pessoas, tais como presença de marcas, cicatrizes, tatuagens, formato dos olhos, nariz e boca, tamanho das orelhas, tipo e cor dos cabelos etc. Vá mais Longe Capítulo Norteador: Sketchcop – Drawing a line against crime. Streed, Michael W. Evergreen, Wildblue Press. 2015 Agora é sua Vez Interação No Fórum da Disciplina discorra sobre os prós e contras da divulgação maciça de um retrato falado apontando, dentre os diversos aspectos de uma investigação, a gravidade do crime cometido e tipo físico do suspeito descrito. Questão para Simulado Das circunstâncias envolvidas na confecção de um retrato falado, aponte quais NÃO interferem diretamente na qualidade final deste. a) Apresentação do álbum de fotos de indiciados b) Tempo decorrido entre o fato delituoso e a entrevista com a vítima/testemunha c) O local onde será realizada a entrevista com a vítima/testemunha d) Coleta de informações pessoais do entrevistado. A resposta é Letra D. Comentário: há diversos fatores que podem contribuir para que uma entrevista para confecção de retrato falado caminhe para frustração. Por isso é importante que o profissional que fará o retrato falado seja muito bem treinado, para extrair durante a entrevista o maior número de características físicas do suspeito, para serem colocadas no retrato falado e no relatório. Referências ROCHA, Luiz Carlos. Investigação Policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998 COBRA, Coriolano Nogueira. Manual de investigação policial. São Paulo: Escola de Polícia de São Paulo Streed, Michael W. Sketchcop – Drawing a line against crime. Evergreen, Wildblue Press. 2015 Ação Controlada e Infiltração Policial Todo o trabalho realizado durante uma investigação tem, via de regra, o objetivo de trazer à luz a realidade dos fatos investigados, pela violação da legislação. Portanto, nada mais justo do que levar à Justiça aqueles que cometem tais quebras, de forma tal que não restem dúvidas a quem os julga. Durante o curso, temos visto diversas formas de realizar o intento das investigações criminais, observando sempre o estrito cumprimento das leis e as ferramentas disponíveis para tal. Ocorre que, por vezes, a equipe de investigação se vê em situação ambígua, onde para combater o crime deverá deixá-lo ser cometido, nos casos de ação controlada; e onde deverá realizar procedimentos criminosos, visando colher elementos probatórios da conduta de organizações criminosas que estejam sendo investigadas, no caso das infiltrações. O fato das investigações terem a permissão de uso dessas ferramentas não implica na inobservância de alguns parâmetros, para que o trabalho não corra o risco de ser perdido. Antes de mais nada, vejamos alguns aspectos do que será estudado no presente módulo: - Ação controlada: retardo da ação policial relativa à ação praticada por organização criminosa, mantida sob observação, para que a equipe de investigação realize a ação no momento mais eficaz à https://dombosco.instructure.com/courses/9361/discussion_topics/33544 coleta de provas e evidências do crime sob investigação, bem como a prisão do maior número possível de envolvidos; - Infiltração: introdução do policial em determinados meios, onde conviverá temporariamente, em busca de elementos úteis para as investigações. A lei nº 12.850/13, que revogou a lei nº 9.034/95, trouxe mecanismos mais adequados às investigações de organizações criminosas, os quais antes de entrar em vigor, não estavam presentes na legislação brasileira e dependiam de interpretações diversas baseadas no Direito Comparado. O fato de haver a legislação evoluído, descrevendo quais seriam as condutas onde as ferramentas ora estudadas, fez com que o trabalho de investigação fosse beneficiado, agregando um encaminhamento mais eficiente. Fica claro, assim, que a ação controlada, consubstanciada no Art. 3º, inciso III a outras ferramentas de investigação, buscará agir quando a obtenção de provas, evidências e objetos referentes à organização criminosa enxerga o direito à segurança pública como o maior beneficiário. O flagrante puro e simples, no momento inicial em que a equipe de investigação percebe que algum ilícito esteja sendo cometido, nem sempre trará ganhos substanciais ao inquérito. Também cumpre realçar que o flagrante retardado, ou ação controlada, não pode ser enquadrado como prevaricação,ainda que o objetivo esperado não seja alcançado. Porém, se o investigador obtiver vantagem pessoal indevida por meio do retardamento da ação deve-se analisar a situação e sendo o caso, de acordo com a conclusão, punir o agente. Tal previsão consta no Art. 2º §7º da lei nº 12.850/13. Como a lei nº 12.850/13 traz em seu bojo a definição de organização criminosa e estas eventualmente atuam em crimes além do território nacional, as ações de flagrante retardado em situações de transposição de fronteiras deve acontecer com as forças de segurança do suposto destino dos criminosos ou do produto do crime, evitando assim prejuízos à investigação e à coleta de provas. Vá mais Longe Capítulo Norteador: A ação controlada e a infiltração policial na nova lei do crime organizado. Wendt, Emerson e Lopes, Fábio Motta. Investigação criminal: ensaios sobre a arte de investigar crimes. Brasport, Agora é sua Vez Interação Com base na leitura do Capítulo Norteador dessa aula, discorra no Fórum da Disciplina sobre a questão dos limites da ação controlada. Questão para Simulado Leia a Seção II da lei nº 12.850/13 e responda: “Da Ação Controlada Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada. 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações. 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada. Art. 9º Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime.” A ação controlada poderá ocorrer: 1) A qualquer momento, sob rígido controle do Poder Judiciário, somente com prévia autorização do Ministério Público e à revelia da autoridade policial 2) Somente em crimes transnacionais. 3) Sempre que houver interesse para a investigação, desde que previamente comunicada ao juiz competente, o qual estabelecerá seus limites, se for o caso, e comunicará ao Ministério Público. 4) De modo a garantir que a soberania nacional não seja ferida, por meio da cooperação das autoridades dos países onde a atuação da organização se dará. A resposta é 3 e 4. Comentário: a ação controlada demanda a observância da legislação de forma a não ocorrer excessos ou desvirtuamentos da ação policial, sem criar incidentes internacionais, buscando provas e evidências robustas e, sempre que possível, a prisão do maior número de criminosos envolvidos. "Organize-se: 6 horas semanais – mínimo sugerido para autoestudo" Referências WENDT, Emerson; LOPES, Fábio Motta. Investigação Criminal – Ensaios sobre a arte de investigar. Rio de Janeiro: Brasport Livros e Multimídia, 2014. Biblioteca Virtual. SANNINI NETO, Francisco. Nova lei de Organização Criminosa (Lei nº 12.850/13): primeiros comentários. Disponível em <http://marioleitedebarrosfilho.blogspot.com/2013/08/nova-lei-de- organizacao-criminosa-lei.html (Links para um site externo.)>. Acesso em 23/09/20 ARAÚJO, Francisco das Chagas S. Investigação Criminal 2. EAD/Senasp, 2009 SILVA, Eduardo Araújo da. Crime Organizado: procedimento investigatório. São Paulo: Atlas, 2003 Ação Controlada e Infiltração Policial http://marioleitedebarrosfilho.blogspot.com/2013/08/nova-lei-de-organizacao-criminosa-lei.html http://marioleitedebarrosfilho.blogspot.com/2013/08/nova-lei-de-organizacao-criminosa-lei.html A infiltração, modalidade de investigação de grande complexidade técnica em virtude da necessidade de decisão judicial prévia e manifestação técnica da autoridade polícia, podendo ser requerida somente pelo Ministério Público e pelo Delegado de Polícia. Estes deverão expor o motivo da infiltração, qual será o alcance da tarefa dos agentes e, quando possível, o local da ação. O agente a ser infiltrado necessita ser experiente e bem treinado. Assim como a ação controlada, a infiltração está descrita no texto da lei nº 12.850/13, especificamente no Art. 3º, inciso VII. disciplinando que somente membros das Polícias Judiciárias poderão realizar tal intento, sendo proibido incumbir essa tarefa a colaboradores, informantes ou agentes públicos de outras áreas. A autorização judicial para a infiltração deve ser apreciada 24 horas após a manifestação do Ministério Público, junto à representação do delegado de polícia. O prazo de validade da autorização é de seis meses, podendo ser renovada mediante comprovação dessa necessidade, não excedendo o prazo máximo de setecentos e vinte dias. O agente destacado para a operação terá resguardados diversos direitos, para que sua integridade física não seja ameaçada, tais como recusar-se ou cessar a ação de infiltração, ter sua identidade alterada aplicando-se, no que couber, medidas de proteção à testemunha, ter o nome, qualificação, imagem, voz e demais informações pessoais preservados durante a investigação, não ser filmado, fotografado ou ter a identidade revelada por meios de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito. Buscando o menor risco ao infiltrado e maior sucesso para a operação, deve-se observar os seguintes aspectos: - Escolher um agente adequado para cada situação; - O infiltrado deverá utilizar documento adequado à sua nova identidade, evitando despertar suspeita; - O agente deve assumir um comportamento perfeitamente normal e compatível com o meio onde for infiltrado; - O agente preferencialmente deverá ter um tipo físico que se ajuste ao meio; - O agente necessitará assumir o mesmo nível cultural do meio, tornando-se mais um naquele local; - Deverá conhecer com profundidade as atividades desenvolvidas no meio em que estiver introduzido, nomes e atuações de militantes do grupo, o modus operandi de cada modalidade infracional do meio; e - Por fim, o agente obrigatoriamente terá que ser desconhecido do grupo a ser observado, para não ser identificado como policial e colocar todo o trabalho sob risco. Uma vez infiltrado, o agente também terá proteção do princípio da proporcionalidade, nas situações em que praticar determinados atos tidos como infrações penais. Tal proteção não implica, no entanto, que todo ato praticado pelo policial será perdoado. Cabe ao infiltrado perceber os limites de ação, de acordo com o equilíbrio da situação. O agente poderá, por exemplo, comercializar objetos roubados, mas não poderá executar assassinatos a mando da organização criminosa se o cabeça desta assim o determinar. Cabe aqui uma ressalva, visto ser um exemplo extremo. Se o infiltrado for induzido a cometer homicídio sob ameaça de perder a própria vida se não obedecer, assim agindo em legítima defesa ou de terceiros, o crime não será julgado. Obtendo o infiltrado os elementos que constavam no planejamento da ação, finaliza-se o trabalho desse agente. A equipe de investigação realizará, então, os procedimentos para que ocorra a prisão dos membros da organização criminosa sem que haja riscos para o infiltrado. O agente infiltrado repassa informações para que esse trabalho final possa ser realizado de modo a prender o máximo de criminosos e coletarquantidade compatível de provas para o sucesso da operação. Isso se dará respondendo às seguintes perguntas: - Quando deverá ocorrer a prisão do(s) infrator(es) observado(s)? - Quando e como deverá ocorrer o resgate do infiltrado? O infiltrado deve evitar a todo custo realizar operações no final da diligência que o coloquem em risco e comprometam todo o trabalho. Vá mais Longe Capítulo Norteador: A ação controlada e a infiltração policial na nova lei do crime organizado. Wendt, Emerson e Lopes, Fábio Motta. Investigação criminal: ensaios sobre a arte de investigar crimes. Brasport, Agora é sua Vez Interação No Fórum da Disciplina, escolha um dos aspectos a serem observados sobre o agente a ser infiltrado e disserte sobre os riscos que tal aspecto mapeia e permite evitar para o insucesso da missão. Questão para Simulado O Art 10, em seu §2º, determina que a infiltração será admitida se a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis. Dessa forma, podemos admitir como outros meios disponíveis: 1) Somente as fontes abertas. 2) Entrevistas com testemunhas, suspeitos e vítimas. 3) Filmagens, escutas ambientais e telefônicas. 4) Campanas e acompanhamentos. A resposta é 2, 3 e 4. Comentário: Fontes abertas não são o único meio disponível em investigações, bem como não há restrições a essas. As restrições acontecem, nos casos de infiltração, para minimizar os riscos ao agente infiltrado, à operação e à investigação como um todo. "Organize-se: 6 horas semanais – mínimo sugerido para autoestudo" Referências WENDT, Emerson; LOPES, Fábio Motta. Investigação Criminal – Ensaios sobre a arte de investigar. Rio de Janeiro: Brasport Livros e Multimídia, 2014. Biblioteca Virtual. SANNINI NETO, Francisco. Nova lei de Organização Criminosa (Lei nº 12.850/13): primeiros comentários. Disponível em <http://marioleitedebarrosfilho.blogspot.com/2013/08/nova-lei-de- organizacao-criminosa-lei.html (Links para um site externo.)>. Acesso em 23/09/20 ARAÚJO, Francisco das Chagas S. Investigação Criminal 2. EAD/Senasp, 2009 SILVA, Eduardo Araújo da. Crime Organizado: procedimento investigatório. São Paulo: Atlas, 2003 Perícia Papiloscópica e Investigação Criminal A perícia papiloscópica é uma ferramenta que vem ganhando força nas investigações criminais nos últimos anos, em virtude da modernização dos Institutos de Identificação do país. Essa modernização compreende a adoção de sistemas de busca automatizada de impressões digitais, o que agiliza sobremaneira buscas por pessoas em bancos cadastrais. Essas buscas permitem que um suspeito, ao ser detido, tenha sua identidade confirmada com mais rapidez, por exemplo, ou que uma vítima desconhecida de homicídio possa ter seu nome fornecido pela equipe de necropapiloscopia aos investigadores, para que seja adotada uma linha de trabalho mais eficiente. Justamente a necessidade de diferenciar as pessoas, em especial aquelas que não apresentavam capacidade de viver em sociedade, fez com que fossem adotadas diversas formas de marcação, desde ferro em brasa, tatuagens ou mensuração de membros do corpo humano. Mas os criminosos sempre conseguiam descobrir formas de burlar essas tentativas, até a adoção da identificação datiloscópica. No Brasil seu uso teve início em 1903, com a fundação do Gabinete de Identificação no Rio de Janeiro, então capital do país. Na época a Papiloscopia era uma ciência em expansão, principalmente após acontecer a primeira resolução de um crime usando impressões digitais, fato registrado na Argentina, em 1892 e que teve grande repercussão nos meios de combate à criminalidade. Porém, à medida que o banco de impressões digitais aumentava, mais difícil ficava a verificação manual de fraudes, pois mesmo uma impressão digital sendo praticamente impossível de se repetir em pessoas distintas, o modelo de arquivamento era facilmente burlado. Ainda assim, a papiloscopia pode ser considerada a forma mais segura de identificação humana, justamente porque seus postulados – variabilidade, perenidade e imutabilidade – garantem que mesmo gêmeos idênticos não tenham impressões iguais. Para que a identificação datiloscópica atinja seu sucesso, é necessário que a coleta das impressões digitais seja realizada de maneira tecnicamente adequada, ou seja, que a maior parte da pele onde haja cristas papilares seja capturada, seja em papel, ou em leitor biométrico específico. No caso da coleta em papel, a tinta é a mesma utilizada para a impressos como jornais, dada sua melhor aderência e durabilidade no papel. Isso permite, por exemplo, que impressões coletadas há mais de cem anos continuem sendo legíveis aos papiloscopistas. Exige concentração e habilidade do papiloscopista, para que detalhes do datilograma, ou impressão digital, sejam capturados com o máximo de qualidade. Já para a coleta por meio eletrônico é importante que o software de captura das impressões digitais tenha certificação internacional, pois isso permite eventual intercâmbio de banco de dados ou, no caso de migração de um fornecedor para outro da solução de software, a base é preservada, não havendo necessidade de realizar o processo de coleta do zero. Também é possível converter as impressões digitais coletadas em papel para o banco eletrônico, por meio da escanerização e conversão do acervo. Considerando o cenário brasileiro atual, diversos Institutos de Identificação já adotaram a tecnologia de coleta por meio eletrônico e busca automatizada de impressões digitais, cuja sigla em inglês é AFIS. O AFIS permite que sejam feitas buscas no banco de dados, independente da quantidade de http://marioleitedebarrosfilho.blogspot.com/2013/08/nova-lei-de-organizacao-criminosa-lei.html http://marioleitedebarrosfilho.blogspot.com/2013/08/nova-lei-de-organizacao-criminosa-lei.html pessoas cadastradas, de forma rápida e segura, não só de impressões digitais completas, mas também de meros fragmentos destas, deixados em uma cena de crime. A partir dessa facilidade, as autoridades policiais perceberam que a papiloscopia novamente tornou- se uma ferramenta que traz segurança aos trabalhos investigatórios. Como dito anteriormente, se um suspeito detido mente o nome e tem suas impressões digitais buscadas no banco de pessoas, é possível descobrir seu nome verdadeiro e se eventualmente ele mentiu o nome para encobrir um mandado de prisão em aberto ou uma extensa ficha criminal. Não raro um detido usa o nome de irmão ou parente próximo para evitar ficar preso, no caso do nome falso usado ser de pessoa que a legislação considera ré primária. Porém, ao ter sua mentira descoberta, o detido terá mais um crime incorporado àquele pelo qual foi detido. Em situação de cadáveres que tenham sido encaminhados aos Institutos de Medicina Legal, para que seja apontada a causa mortis e, dessa forma, fornecer elementos de prova para um inquérito policial que porventura esteja sendo conduzido para apurar as circunstâncias da morte, é sempre recomendável o uso da perícia papiloscópica para determinar a quem pertencia aquele corpo. Isso permite evitar fraudes de troca de cadáveres, fato que pode acontecer com grande facilidade se não for realizada a devida coleta das impressões digitais. Cabe ressaltar que os cadáveres podem apresentar-se nos mais diversos estados de decomposição e necessitar de técnicas específicas para a coleta de suas impressões digitais, técnicas essas de conhecimento dos papiloscopistas especializados em identificação cadavérica, também conhecidos como necropapiloscopistas. Portanto, quando um cadáver tem sua identidade informada por veículos de imprensa, não foi o IML que realizou sua identificação, mas tão somente a forma como aquela pessoa morreu. Quem determina a identidade do cadáver é o Instituto de Identificação, cuja equipe trabalha em conjunto nas instalações do IML. Temos então duas situações amplas, uma de falsidadeideológica e outra de cadáver desconhecido, onde a aparente mera coleta de impressões digitais permitem evitar que uma pessoa inocente tenha seu nome usado indevidamente por um criminoso e, na outra situação, permitir que a correta identificação de uma vítima de morte violenta traga agilidade à investigação do caso. Ainda assim, não é raro notícias na mídia informando sobre a prisão equivocada de pessoas inocentes, de troca de detentos em unidades prisionais ou de pessoas que foram dadas como mortas por erros cometidos pela falta da coleta papiloscópica, prerrogativa da autoridade policial. Vá mais Longe Capítulo Norteador: As modernas técnicas de investigação policial. Marques, José Guilherme Pereira da Silva. <https://jus.com.br/artigos/64402/as-modernas-tecnicas-de-investigacao-policial (Links para um site externo.)>, acesso em 24/09/2020 Agora é sua Vez Interação A perfeita identificação de uma pessoa evita que injustiças sejam cometidas. https://jus.com.br/artigos/64402/as-modernas-tecnicas-de-investigacao-policial https://jus.com.br/artigos/64402/as-modernas-tecnicas-de-investigacao-policial Com base no Art. V da CF/88 e na Lei Nº 12037/2009, que dispõe sobre a identificação criminal do civilmente identificado, especificamente os artigos 1º e 2º conforme abaixo: Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nos casos previstos nesta Lei. Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos: I – carteira de identidade; II – carteira de trabalho; (Revogado pela Medida Provisória nº 905, de 2019) (Links para um site externo.) II – carteira de trabalho; III – carteira profissional; IV – passaporte; V – carteira de identificação funcional; VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado. Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificação civis os documentos de identificação militares. Discorra no Fórum da Disciplina se você concorda ou discorda do elencado na legislação e os motivos para sua opinião. Questão para Simulado Com base no Art. 307 do Código Penal Brasileiro, o crime de falsa identidade é caracterizado pela: 1) Escolha de nomes para seus descendentes que já são utilizados por outrem, quando do registro do recém-nascido. 2) Atribuição a si ou a terceiro de nome falso, com a intenção de obter vantagem em proveito próprio ou alheio. 3) Atribuição a si ou a terceiro de nome falso, ainda que sem intenção de obter vantagem em proveito próprio ou alheio, mas tão somente para causar prejuízo a outrem. 4) Todas as alternativas anteriores. A resposta é 2 e 3. Comentário: o uso de nome falso, com a intenção de obter vantagem para si ou para outros, ou ainda para causar prejuízo a terceiros é prática criminosa e constitui delito cuja pena é detenção de três meses a um ano, ou multa, se não constitui elemento de crime mais grave. Portanto os itens 2 e 3 estão englobados na caracterização do crime de falsa identidade. "Organize-se: 6 horas semanais – mínimo sugerido para autoestudo" Referências http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv905.htm%22%20/l%20%22art51 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv905.htm%22%20/l%20%22art51 Manual de Identificação Papiloscópica. Instituto Nacional de Identificação (INI). Brasília: Academia Nacional de Polícia. DPF, 1987 ARAÚJO, Francisco das Chagas S. Investigação Criminal 2. EAD/Senasp, 2009 ARAÚJO, Clemil. Papiloscopia 1. EAD/Senasp, 2009 Perícia Papiloscópica e Investigação Criminal O rol de perícias auxiliares em uma investigação é vasto o suficiente para que a autoridade policial não abra mão destas, salvo em casos onde não sejam evidentemente necessárias. Dentre esse rol, a perícia papiloscópica traz em seu bojo a possibilidade de apontar quais foram as pessoas que estiveram em contato com objetos e materiais na cena do crime e, com base na investigação, determina-se o papel de cada uma delas na dinâmica do crime ou verificar que estiveram naquele local, mas não têm correlação direta com a ocorrência. O primeiro caso criminal resolvido por meio de impressões digitais aconteceu na Argentina em 1892, quando Juan Vucetich, croata naturalizado argentino, responsável pelo setor de identificação da polícia de La Plata. Figura 1 – Juan Vucetich Vucetich, entusiasta das ciências criminais, acompanhava os estudos realizados por Francis Galton e outros cientistas da época com relação às impressões digitais e, com base em observações a partir dos estudos de Galton e outros, criou um sistema próprio de classificação datiloscópica. Figura 2 – Sistema de classificação de Vucetich O caso solucionado por Vucetich popularizou a identificação criminal, que foi responsável pela criação dos bancos de impressões monodatilares, ou seja, além da coleta dos dez dedos em uma ficha, conhecida como individual datiloscópica, também era feita a coleta de cada dedo, separadamente, e seu arquivamento seguia uma disposição diferente. Isso permitiria o uso desse banco monodatilar no confronto com fragmentos de impressões revelados em cenas de crime. Porém, esse processo foi se tornando cada vez mais difícil e demorado à medida que o banco monodatilar aumentava. Assim, não raro a perícia papiloscópica em local de crime foi sendo abandonada, em função da demora na emissão dos laudos e devido ao fato de que as positivações, ou seja, a confirmação sobre o proprietário de determinada impressão digital, eram baixas. A partir dos anos 1960, nos EUA, foram iniciados os estudos sobre automação nas buscas de impressões digitais, cujo sucesso foi alcançado em 1977, com o início da conversão de 15 milhões de individuais datiloscópicas. Assim, a partir da adoção do AFIS também pelas forças de segurança pública no Brasil, a perícia papiloscópica volta a ser eficiente e retoma-se seu uso nas investigações policiais. No final dos anos 2000 a Polícia Civil do Distrito Federal era referência mundial, com quase 25% dos casos criminais resolvidos com auxílio da perícia papiloscópica. O modo de funcionamento de um AFIS dá-se pelo algoritmo que busca minúcias nas impressões digitais e as mapeia, quando de seu cadastramento na base de dados. Quando é inserida uma nova impressão digital, o sistema realiza buscas para verificar se há uma impressão idêntica na base de dados e aponta para o papiloscopista a ocorrência. O papiloscopista, por sua vez, verifica se trata-se da mesma pessoa ou se são impressões com caracteres cujo mapeamento pelo software induziu o sistema a acreditar que são a mesma pessoa. Dessa forma, fica claro que o componente humano ainda se faz necessário, visto que os sistemas automatizados de busca não possuem, ainda, a capacidade para definir se duas impressões digitais são ou não da mesma pessoa. Figura 3 – Verificação 1:1 AFIS Essa busca é realizada dedo a dedo, ou seja, um bom sistema AFIS cujo algoritmo seja amplo, não confrontará uma nova individual datiloscópica de forma a comparar um polegar direito somente com os polegares direitos da base, mas sim com todos os dedos da base. Dessa forma qualquer tentativa de fraude será frustrada. Esse confronto é denominado 1 para N (1:N). Se fosse confrontar apenas polegares entre si, ou indicadores entre indicadores, médios entre médios e assim por diante, seria confronto 1 para 1 (1:1). Já com os fragmentos de impressões revelados e levantados em uma cena de crime o confronto é sempre 1:N. Quando o fragmento é inserido, o papiloscopista ainda pode, dependendo de sua capacidade de análise sobre como a superfície ou o objeto foram tocados, auxiliar o sistema indicando o suposto dedo que aquele fragmento pode ser, promovendo um confronto 1:1, mas essa não é a regra. Com o fragmento inserido, o sistema traz uma quantidade de prováveisdonos daquela impressão, para análise do papiloscopista. Caso esse fragmento apresente uma quantidade de minúcias compatíveis com alguma impressão de pessoa cadastrada no AFIS, o papiloscopista fará a aferição e determinará se pertence ou não ao suspeito apontado pelo sistema. Os novos fragmentos inseridos podem não encontrar dono, mas permanecem arquivados na base de dados, quer seja pela expectativa de no futuro seu dono ser cadastrado, quer seja pela perspectiva de haver outros fragmentos cujo dono não foi cadastrado, mas cometeu crimes diversos que proporcionaram a revelação e o levantamento de fragmentos. Assim, no futuro, caso essa pessoa seja incluída na base de dados, já haverá uma ou mais ocorrências onde deve ser averiguada sua participação. A legislação e os sistemas também permitem que sejam coletadas as impressões palmares de indiciados, aumentando a gama de confrontos entre fragmentos coletados e cadastros criminais. Porém, os fragmentos palmares exigem mais experiência e paciência do papiloscopista, pois a qualidade de fragmentos palmares nem sempre permite um confronto confiável aos olhos de quem não tenha capacidade para realizar o trabalho. Além de agilizar nas buscas por tentativas de fraudes aos bancos de dados civis ou criminais e na busca pelos donos de fragmentos de impressões papilares em local de crime, as bases de dados AFIS também permitem que um banco de dados seja compartilhado entre instituições – como ocorre entre os Institutos de Identificação e os Detrans, em alguns estados. Dessa forma, é possível também cruzar informações e evitar que uma pessoa tenha um cadastro civil no Instituto de Identificação e tenha se cadastrado com outro nome no Detran. Nos últimos anos, a busca automatizada vem sendo ampliada, não ficando restrita somente às impressões papilares (dedos, palmas e inclusive planta dos pés – dependendo do caso). A tecnologia está incorporando também a análise facial dos cadastrados, cuja tecnologia é conhecida como ABIS – Sistemas Automatizados de Identificação Biométrica, na sigla em inglês, permitindo que seja realizada também análise de íris, de retina, de voz etc. Além disso, a papiloscopia também é responsável pela perícia prosopográfica, que além de comparar imagens de vídeos gravados em uma cena de crime com fotos de bancos dos Institutos de Identificação, também podem auxiliar nas técnicas de progressão e regressão de idade, muito úteis em casos de desaparecimento de pessoas, ou de reconstituição facial de cadáveres. De tudo apresentado, pode-se inferir que os sistemas biométricos apresentam grandes possibilidades de uso e a segurança de um sistema depende da forma como este será utilizado. Por fim, tem-se que os custos de implantação podem apresentar-se relativamente elevados, mas quando se analisa o benefício que a tecnologia adquirida traz em seu bojo, bem como a facilidade de administração, os valores implantados referenciem mais a investimentos do que gastos. Vá mais Longe Capítulo Norteador: As modernas técnicas de investigação policial. Marques, José Guilherme Pereira da Silva. <https://jus.com.br/artigos/64402/as-modernas-tecnicas-de-investigacao-policial (Links para um site externo.)>, acesso em 24/09/2020 Agora é sua Vez Interação Aponte no Fórum da Disciplina como o confronto 1:N impede o cometimento de fraudes contra sistemas de identificação datiloscópica. Questão para Simulado https://jus.com.br/artigos/64402/as-modernas-tecnicas-de-investigacao-policial https://jus.com.br/artigos/64402/as-modernas-tecnicas-de-investigacao-policial De acordo com as aplicações da papiloscopia, marque (V) para as sentenças verdadeiras e (F) para as falsas: ( ) A tecnologia da Biometria utiliza o corpo como senha. ( ) O identificador biométrco pode ser físico ou comportamental. ( ) A Biometria oferece a possibilidade de salvaguardar ativos de informação por meio de um identificador teoricamente irrefutável e sempre presente: aquilo que o usuário é. ( ) A aplicação da Biometria na segurança é promissora. Contudo, o custo de administração é altíssimo. A resposta é V, V, V, F. Comentário: sendo somente a última alternativa falsa, o motivo para isso é que o custo de administração não é alto. "Organize-se: 6 horas semanais – mínimo sugerido para autoestudo" Referências Manual de Identificação Papiloscópica. Instituto Nacional de Identificação (INI). Brasília: Academia Nacional de Polícia. DPF, 1987 ARAÚJO, Clemil. Papiloscopia 2. EAD/Senasp, 2009 Estudo de Caso Fernando Correia 1515 respostas não lidas1515 respostas A equipe da Delegacia de Homicídios recebeu uma ligação às 9h informando avistamento de suposto cadáver, uma vez que a pessoa avistada apresentava a cabeça ensanguentada, sem a parte de baixo das roupas e não respondeu aos chamados do informante. O local ficava na rua Herculano Escolástico, sem número, na base de uma coluna de sustentação do viaduto que passa sobre a via. Dois investigadores se deslocaram ao local e sabia-se que as equipes de perícia haviam sido acionadas e estavam a caminho. O local apresenta baixo índice de transeuntes e não havia aglomeração ao redor da ocorrência, salvo por um pequeno grupo de trabalhadores que estavam na ponte sobre o rio que também corta a região. A pessoa que avistou o suposto cadáver, chefe da equipe de trabalhadores, aguardava os policiais e, após ter seus dados pessoais coletados, foi brevemente entrevistada e disse que por volta das 8h15min daquela manhã chegou ao ponto onde iniciariam a construção de uma cerca entre o terreno e o rio, momento em que avistou o homem inconsciente e com a cabeça ensanguentada. O chefe entrou em contato com a Guarda Municipal e esta, em contato com a delegacia. A testemunha também respondeu aos investigadores que nem ele e nenhum membro de sua equipe aproximou-se do corpo ou mexeu em nada na área onde este se encontrava. Os investigadores, então, adentraram no terreno e chegaram próximo ao homem, confirmando que estava em óbito. Supuseram que ali deveria ser ponto de encontro de moradores de rua, visto que havia sinais de consumo de bebidas alcoólicas, drogas e alimentos, que próximo ao local onde encontrava-se o corpo havia diversos tipos de detritos e resíduos de queima de lixo diverso. https://dombosco.instructure.com/courses/9361/users/6 Também perceberam que havia um morador de rua dormindo a pouco mais de quatro metros do local onde o corpo encontrava-se. Foram até ele, o acordaram, perguntaram quem ele era, o que fazia e se havia visto ou ouvido algo durante a noite, mas essa pessoa disse que chegara ali às 5h da manhã e não havia ouvido nada e nem visto o corpo, mas que sempre havia moradores de rua circulando por aquela região, pois ali próximo havia um centro de auxílio da Fundação de Ação Social – FAS – onde recebiam refeições e abrigo. Conduzido até o cadáver para ver se o reconhecia, o morador de rua afirmou que, pelas tatuagens nas mãos, o morto era conhecido dele e dizia chamar-se Jeremias, porém nada mais sabia sobre o indivíduo. Seus dados pessoais foram coletados pelos investigadores. Nesse ínterim, do outro lado do rio, um rapaz tentava gritar algo para os investigadores, mas devido ao barulho provocado pelo tráfego intenso de veículos não conseguiam entender. Os investigadores solicitaram que ele atravessasse a ponte e viesse ao encontro deles. Ao aproximar-se dos policiais, afirmou que ouviu o barulho da queda, quando descansava na outra margem e que isso acontecera por volta das 4h da madrugada. Perguntado o que fazia ali, a testemunha disse ser usuário de drogas e morador de rua. Ele também teve seus dados pessoais coletados e, por ter presenciado o ocorrido, foi conduzido até a delegacia por um dos investigadores para ser ouvido como testemunha. Quarenta minutos depois da chegada dos investigadores, chegou a equipe do Instituto de Criminalística e
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