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CRIMINALÍSTICA APLICADA À PMERJ

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C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
1 | P á g i n a 
 
 
Sumário 
 
Aula 1 – Conceito de Criminalística. ...................................................................................... 3 
1. Introdução ........................................................................................................................... 3 
2. Conceito de Criminalística .................................................................................................. 3 
3. Crime ................................................................................................................................... 6 
4. Conclusão ............................................................................................................................ 9 
Exercícios ................................................................................................................................. 10 
Aula 2 – Local de Crime. ..................................................................................................... 11 
1. Definição de local de infração penal ................................................................................. 11 
2. Classificação do Local de Crime ........................................................................................ 11 
3. Fundamentos legais referentes à preservação do local de infração penal ...................... 13 
4. Técnicas de isolamento e preservação ............................................................................. 14 
5. Conclusão .......................................................................................................................... 19 
Exercícios ................................................................................................................................. 20 
Aula 3 – Local de Infração Penal. ........................................................................................ 21 
1. Local de Crime ................................................................................................................... 21 
2. Conclusão .......................................................................................................................... 27 
Exercícios ................................................................................................................................. 29 
Aula 4 – Prova. .................................................................................................................. 30 
1. Prova – Conceito ............................................................................................................... 30 
2. Estrutura analítica da prova .............................................................................................. 31 
3. Corpo de delito ................................................................................................................. 33 
4. Ônus da prova ................................................................................................................... 34 
5. Conclusão .......................................................................................................................... 36 
Aula 5 – Prova Material. .................................................................................................... 38 
1. Vestígios ............................................................................................................................ 38 
2. Evidência ........................................................................................................................... 38 
3. Indício ................................................................................................................................ 39 
4. Vestígio verdadeiro ........................................................................................................... 41 
5. Vestígio ilusório ................................................................................................................. 42 
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Diagramação%20e%20Atualização/FALTAM%20A%20ATUALIZAR%20-%20GUILHERME/CRIMINALÍSTICA%20APLICADA%20-%20GUI.docx%23_Toc455392875
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Diagramação%20e%20Atualização/FALTAM%20A%20ATUALIZAR%20-%20GUILHERME/CRIMINALÍSTICA%20APLICADA%20-%20GUI.docx%23_Toc455392882
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Diagramação%20e%20Atualização/FALTAM%20A%20ATUALIZAR%20-%20GUILHERME/CRIMINALÍSTICA%20APLICADA%20-%20GUI.docx%23_Toc455392886
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
2 | P á g i n a 
 
6. Vestígio forjado ................................................................................................................. 43 
7. Conclusão .......................................................................................................................... 46 
Aula 6 – Prova Subjetiva e Preservação das Provas. ............................................................ 48 
1. Introdução ......................................................................................................................... 48 
2. Prova Subjetiva ................................................................................................................. 49 
3. Preservação da prova subjetiva ........................................................................................ 51 
4. Conclusão .......................................................................................................................... 54 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 56 
 
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Aula 1 – Conceito de Criminalística. 
 
1. Introdução 
 
Conheça sua origem 
No início da fase técnico-cientifica, a partir do século XIX, era de responsabili-
dade da medicina legal, além dos exames de integridade física do corpo humano, toda a 
pesquisa, busca e demonstração de outros elementos relacionados à materialidade do 
fato penal. 
 Com o surgimento de novos conhecimentos e o desenvolvimento das áreas téc-
nicas, tendo como exemplos a física, química, biologia, toxicologia, matemática e etc., 
evidenciou-se a necessidade real da criação de uma nova disciplina para a pesquisa, 
análise, interpretação dos vestígios materiais encontrados em locais de crime, fixando-se 
assim, como fonte fundamental de apoio à Polícia e à Justiça. Surgiu então, a Crimina-
lística como uma disciplina independente em sua ação, como as demais que a consti-
tuem. 
 
2. Conceito de Criminalística 
 
O estudo dos vestígios materiais objetivos relacionados às práticas das infrações 
penais (crimes e/ou contravenções). 
Esse é o conceito sobre o ponto de vista didático, aplicada à investigação criminal. 
Disciplina que tem por objetivo o reconhecimento e interpretação dos vestígios ma-
teriais ou à identidade do criminoso. Os exames dos vestígios encontrados no corpo 
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humano, vivo ou morto, ou em partes do corpo humano, são da alçada da medicina le-
gal. 
Conceito brasileiro dado à Criminalística em São Paulo, no ano de 1947, por ocasi-
ão do 1.º Congresso Nacional de Polícia Técnica. 
 
Disciplina autônoma, integrada pelos diferentes ramos de conhecimento técni-
co-científico, auxiliar e informativa das atividades policiais e judiciárias de investi-
gação criminal, tendo por objeto o estudo dos vestígios materiais e extrínsecos. 
Conceito do saudoso e renomado mestre e perito criminalístico Eraldo Rabelo. 
Ampliação da ação da Criminalística 
 
Também é aplicado constantemente no Direito Civil, um ramo da Cri-
minalística, a Documentoscopia, cujo objetivopode ser a caracterização 
de adulterações de documentos, sua autenticidade, fraudes em docu-
mentos e etc. 
O concurso da Criminalística como auxiliar e informativa das atividades 
policias e judiciárias de investigação criminal, podendo também ser uti-
lizada no Direito Civil, está intimamente ligado, de maneira diretamente 
proporcional, quer em profundidade, quer em assídua frequência, a toda 
gama de subsídios científicos emprestados pelo campo da Criminalística 
ao ramo da investigação policial de exame e esclarecimento de uma in-
fração penal, que na busca dos vestígios materiais na captação e acondi-
cionamento destes, na identificação dos mesmos, quer no esclarecimen-
to da origem e, ainda, na objetivação de conclusões periciais relativas à 
vinculação de determinados vestígios com os instrumentos do crime, 
procurando assim, fornecer as bases para as corretas e mais justas deci-
sões do juízo. 
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Mais Informações 
 
Atualmente são considerados ramos da Criminalística: 
1. Dinâmica de Homicídios 
É o estudo dos locais de crimes contra a vida, chamados de “locais de sangue”. 
2. Dinâmica de Ocorrências de Trânsito 
Utiliza conhecimentos das ciências físicas em especial da cinemática, da dinâmica e das resistências 
de materiais no estudo de ocorrências com veículos e atropelamentos. 
.3. Documentoscopia 
É conhecida também como Grafotecnia, que estuda os documentos em geral e suas falsificações em 
particular. 
4. Papiloscopia 
É o estudo das papilas existentes no corpo humano capazes de produzirem impressões (datilares, 
plantares e palmares), que permitem, por meio de seus pontos característicos, a identificação das 
pessoas. 
5. Balística Forense 
Estuda as armas e munições no que se refere ao seu funcionamento e eficácia. Compreende o relaci-
onamento de armas e munições (projetis e estojos deflagrados), no sentido de determinar e identificar 
a arma que disparou um ou mais projetis ou estojos envolvidos no crime. 
6. Química Legal 
Com suas subdivisões, quais sejam: a Micro-Química, a Química Toxicológica, a Química Bromato-
lógica, a Química de Explosivos e etc. 
7. Engenharia Legal 
Estuda os locais de escombros provenientes de incêndio, explosão, desabamento, locais de acidente 
do trabalho e de morte por eletropressão, locais de sonegação de água, luz, gás, telefone e etc. 
8. Contabilidade Legal 
A utilização em exames periciais contábeis em geral, que interessem a inquéritos ou processos crimi-
nais ou administrativos, busca, em especial, caracterizar a fraude como meio utilizado para a prática 
das diversas infrações capituladas nos ordenamentos legais. 
9. Merceologia 
Estuda as mercadorias produtos de crime com vias a sua avaliação, exigida pela lei processual a fim 
de estabelecer se o valor da lesão patrimonial. Pode ser realizada direta ou indiretamente. 
10. Jogos 
Estuda as diversas modalidades de jogos proibidos e estelionato. 
11. Veículos 
Tem por finalidade o exame em veículos automotores, objetivando a verificação da adulteração ou 
não da numeração do chassi, dos seus componentes e principalmente dos acessórios. 
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3. Crime 
 
Conheça a definição 
Para definir crime não se deve, curiosamente, recorrer a busca do conceito den-
tro do Código Penal e a doutrina sobre este termo desenvolveu alguns conceitos a res-
peito. A definição pode ser vista de três formas diferentes, ou seja, conceitos distintos 
que tratam da formalidade, de material e de análise. 
O tipo de crime formal, em primeiro lugar, é o que corresponde ao que diz a lei. 
Quem legisla define como crime a conduta do indivíduo, já que o crime já existe, po-
rém, neste caso específico, não se aprofunda na essência do mesmo, tampouco no seu 
conteúdo, nem mesmo na sua matéria. 
No que diz respeito a material, a explicação do conceito adentra em vários as-
pectos onde se encontram o uso de matérias extrajurídicas e a sociologia, a psicologia e 
etc., entram na definição de crime quando é considerado material. Neste tipo de concei-
to a busca de uma definição tenta formalizar questões para descobrir as razões que induz 
a quem legisla a prever o castigo que deve ser aplicado ao autor ou aos autores de certas 
ações, chegando assim a realizar uma linha de análise mais complexa para poder chegar 
à conclusão da definição de crime e não somente analisando o aspecto aparente do 
mesmo. 
O terceiro conceito é o considerado conceito analítico sobre crime, é aquilo que 
se denomina como ação considerada típica, contrária à jurídica e de culpa. Aqui se ana-
lisa e conceitua crime como um fato humano que se descreve no que se chama “tipo 
legal” e que é cometido com culpabilidade, ao qual se deve aplicar uma pena de acordo 
com o crime cometido. 
A conduta ou mesmo a ação, dentro de uma teoria finalista, crime é considerado 
como uma atividade que leva sempre a uma finalidade específica. 
Este conceito abrange o crime como conduta dolosa e sempre considera num 
sentido estrito, ou seja, o crime existe e a culpa significa que deve ser reprovada ou alvo 
de censura no que diz respeito a este tipo de conduta. 
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7 | P á g i n a 
 
Requisitos específicos e também requisitos considerados genéricos são conside-
rados ao conceituar-se crime. 
O crime como definição é a conduta que gera deformações na conduta do ser 
humano. Toda conduta considerada como crime é apenada e sofre as consequências e a 
força da lei. (http://queconceito.com.br/crime) 
Conheça algumas particularidades 
 
Delito é a ação ou omissão, imputável a uma pessoa, lesiva ou perigosa a interesse penal-
mente protegido, constituída de determinados elementos e eventualmente integrada por 
certas condições ou acompanhada de determinadas circunstâncias previstas em lei. 
Fato típico é o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca um resultado 
(em regra) e é previsto em lei penal como infração. 
Antijuricidade é a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico; a 
conduta descrita em norma penal incriminadora será ilícita ou antijurídica quando não for 
expressamente declarada lícita. 
Culpabilidade é a reprovação da ordem jurídica em face de estar ligado o homem a um fato 
típico e antijurídico; reprovabilidade que vem recair sobre o agente, porque a ele cumpria 
conformar a sua conduta com o mandamento do ordenamento jurídico, porque tinha a pos-
sibilidade de fazê-lo e não o fez, revelando no fato de não o ter feito uma vontade contrária 
àquela obrigação. 
http://www.centraljuridica.com/doutrina/153/direito_penal/introducao_conceitos_de_crime
.html 
http://queconceito.com.br/crime
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ACONTECEU... 
 
Um Policial Militar foi designado para fazer a preservação de um local de crime de homi-
cídio, em local externo (em via pública). 
Após os exames periciais, o Perito Criminal alertou ao Policial Militar que este deveria 
informar à Autoridade Policial que havia no local projetis e estojos de arma de fogo que 
deveriam ser apreendidos, pois de acordo com a legislação, quem deve apreender os 
vestígios encontrados em local de crime é a Autoridade Policial. 
Ao se dirigir para a sua viatura policial, o Perito observou que o Policial Militar havia 
chutado os vestígios para dentro do mato que existia próximo a local onde houvera 
ocorrido o ilícito penal. 
 
Observe que: A falta de conhecimento do Policial Militar associada a sua falta de profis-
sionalismo, ocasionaram um grande embaraço à investigação policial, pois os vestígios 
que poderiam identificar a arma de fogo que produziu os disparos foram perdidos. 
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4. Conclusão 
 
Na Criminalística todos os elementos envolvidosnela são importantes: o policial que primei-
ro chega ao local de crime, a preservação dos vestígios, o trabalho técnico pericial, a investi-
gação policial, as testemunhas, o comando da Autoridade Policial na elaboração do Inquérito 
Policial, enfim, qualquer desses elementos que ocasionar uma falha, poderá por à bgperder 
todo o trabalho policial com a finalidade de identificar o autor do crime. 
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SAIBA MAIS... 
 
Com base no conhecimento, constata-se que a investigação de um crime, conduzida em 
bases técnico-científicas, permitirá encontrar respostas às perguntas que são formuladas 
sempre que nos move a curiosidade de conhecer melhor o resultado de alguma ativida-
de humana. Ou algum fenômeno da natureza. O crime enquanto ato de um ser humano, 
não se constitui numa exceção. 
E a ele também se aplicam aquelas questões: o quê – como? – quem? (vítima ) – onde? – 
quando? – quem? (autor) – por que? E todas elas devem ser respondidas por meio de 
um exame de local. 
Na maioria das vezes, o onde será previamente conhecido, constituindo-se no local. E há 
aqui um procedimento padrão, cuja observação será sempre obrigatória: o local só po-
derá ter os seus limites definidos após uma cuidadosa sondagem prévia. 
Exercícios 
 
Pesquise, juntamente com um colega, a classificação das manchas de sangue encontra-
das em locais de morte violenta. 
 
ESTUDO DE CASO 
Em um local de morte externo, estavam presentes a autoridade policial, o Perito 
Criminal e os agentes da Polícia Civil e da Polícia Militar. 
No momento em que se realizavam os exames periciais, começou a chover. Es-
tando você no local, quais os procedimentos que tomaria para preservar os ves-
tígios que existiam no local? 
 
 
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Aula 2 – Local de Crime. 
 
1. Definição de local de infração penal 
 
Um dos maiores peritos do Brasil, Eraldo Rabello, utilizava uma metáfora 
para explicar o significado de local de crime: 
“Local de crime constitui um livro extremamente frágil e delicado, cujas pági-
nas por terem a consistência de poeira, desfazem-se, não raro, ao simples toque de 
mãos im-prudentes, inábeis ou negligentes, Perdendo-se desse modo para sempre, os 
dados pre-ciosos que ocultavam à espera da argúcia dos peritos.” 
2. Classificação do Local de Crime 
 
O local de crime pode ser classificado 
segundo dois critérios: 
1. Quanto ao local em si. 
2. Quanto à natureza do fato. 
3. Quanto ao exame. 
Quanto ao local em si 
Sob este aspecto o local de crime é di-
vidido em interno e externo. 
Local interno: É a área compreendida 
em todo ambiente fechado, isto é, no interior 
Importante 
 
Trecho de um artigo escrito pelo perito 
Dwayne S. Hildebrand da Scottdale Police 
Crime Lab, intitulado “Science of Criminal 
Investigation”, onde ele descreve a importância 
dos vestígios deixados no local, pelo autor do 
crime, permitindo ao perito criminal e policiais 
refletirem sobre o que buscar na cena do crime: 
Onde quer que ele (autor) ande, o que quer 
que ele toque ou deixe, até mesmo inconsci-
entemente, servirá como testemunho silenci-
oso contra ele. Não impressões papilares e de 
calçados somente, mas, seus cabelos, as fi-
bras das suas roupas, os vidros que ele que-
bre, as marcas de ferramentas que ele pro-
duza, o sangue ou sêmen que ele deposite. 
Todos estes e outros transformam-se em 
testemunhas contra ele. Isto porque evidên-
cias físicas não podem estar equivocadas, 
não perjuram contra si mesma. 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
12 | P á g i n a 
 
das habitações de qualquer espécie. É importante ressaltar que muitas vezes o fato ocor-
re em terreno cercado ou murado e nesse caso a área é considerada local interno por 
constituir recinto fechado. 
Local Externo: É a área constituída por extensão aberta, ou seja, fora das habi-
tações. Ex: rua, terreno baldio, etc.. 
Os locais internos e externos, são subdivididos do seguinte modo: 
a) Ambiente Imediato: É a área onde ocorreu o fato. É nesse ambiente que se procede 
ao exame cuidadoso de todos os detalhes, presumindo-se que o local tenha sido conve-
nientemente preservado desde o comparecimento do primeiro policial-militar. 
2) Ambiente Mediato: Compreende as adjacências do local onde ocorreu o fato; é, por 
assim dizer, a área intermediária entre o local onde ocorreu o fato (local propriamente 
dito) e o grande ambiente exterior. 
Quanto a natureza do fato 
Sobre este aspecto, o local de crime é classificado em: 
• local de homicídio; 
• local de encontro de cadáver; 
• local de furto; 
• local de ocorrência de trânsito; 
• local de incêndio e etc. 
Estudando-se o Local de Infração Penal sob esses dois primeiros aspectos, quanto ao 
local em si e quanto à natureza do fato, tem-se as seguintes finalidades: 
1) Determinar a natureza da área onde o mesmo ocorreu; e 
2) Determinar a natureza do fato ocorrido. 
Em resumo, a natureza da área responde à seguinte pergunta: Onde ocorreu o fato? A 
natureza do fato ocorrido responde à pergunta: O que aconteceu? 
 
Quanto ao exame 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
13 | P á g i n a 
 
Relativamente ao exame, o local de Infração Penal se apresenta sob as seguintes formas: 
1) Local Idôneo: É aquele que não foi violado, Isto é, que não sofreu qualquer alteração 
desde a ocorrência do fato ou, ao menos, desde o comparecimento do policial-militar; 
2) Local Inidôneo, Violado, Alterado ou Desfeito: É aquele que foi alterado, isto é, 
que sofreu qualquer alteração após a ocorrência do fato ou depois que o policial-militar 
tomou conhecimento do mesmo; 
3) Locais Relacionados: São os que se referem a uma mesma ocorrência e oferecem 
pontos comuns de contato. 
Exemplo: Falsificação de moedas, de selos, atentados terroristas, etc... Nos casos de 
falsificação, a moeda ou o selo, são vendidos e apreendidos em determinado local, po-
rém fabricados em outro; nos de atentados terroristas, o atentado é praticado em deter-
minado local, porém, o material explosivo é adquirido ou preparado em outro. Os locais 
onde se deram os fatos e aqueles onde o material foi preparado, estão relacionados. 
Exemplo: Crimes de extorsão mediante seqüestro. A vítima e os seqüestradores são lo-
calizados em determinado local, enquanto a ação criminosa originou-se em outro. 
3. Fundamentos legais referentes à preservação do local de infração 
penal 
Preservar um local de crime significa garantir a sua integridade, para a colheita 
de vestígios que fornecerão os primeiros elementos à investigação. O exame do local do 
crime, referindo-se aos crimes violentos, tais como homicídios (perinecroscopia – exa-
me dos vestígios em torno do cadáver), latrocínios, extorsão mediante sequestro com 
resultado morte, ou até mesmo em casos de suicídio, deverá obedecer a uma preserva-
ção rigorosa para que sejam resguardados seus vestígios e as evidências, exigindo pro-
fissionais plenamente capacitados, formando, dessa forma, um conjunto de conhecimen-
tos e trabalhos harmoniosos, a fim de assegurar o êxito nas investigações futuras, levan-
do-se em conta que o trabalho de levantamento do local do crime é o ponto de partida 
nas investigações. 
 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
14 | P á g i n a 
 
 
4. Técnicas de isolamento e preservação 
 
Quando da ocorrência de um crime, normalmente a polícia militar é a primeira 
instituição a chegar ao local, sendo, na maior parte das vezes, acionada por parentes da 
vítima ou qualquer pessoa do povo que venha a tomar conhecimento do fato. 
 
• Importante ressaltar que a primeira providência que deve ser adotada 
pelo primeiro agente de segurança pública que chegar ao local do 
crime, em havendo vítima, é a de saber se a vítima ainda vive, por 
meio dos procedimentosde primeiros socorros adquiridos durante o 
curso de formação policial, a fim de que possa ser providenciado o 
devido socorro. Ao perceber que a vítima já se encontra sem vida, 
deverá isolar o local até a chegada da polícia judiciária, cabendo a 
esta tomar as providências legais. Dessa forma, percebe-se a rele-
vância dos procedimentos de isolamento e preservação do local de 
crime, para a ocorrência de um trabalho pericial que proporcione a 
máxima exatidão no que concerne a análise dos vestígios. 
O procedimento de preservação do local de crime sucede as providências perti-
nentes ao procedimento de isolamento do local de crime. Destaque-se que não se deve 
aceitar a improvisação. No entanto verifica-se o uso de corda e outros meios para se 
isolar um local de crime, e a ausência dos mais elementares equipamentos para a execu-
ção dos procedimentos de preservação, isolamento e perícia, dificulta, quando não im-
possibilita, a identificação da materialidade e autoria do crime. 
 O isolamento e a consequente preservação do local de crime é uma garantia que 
o perito terá ao encontrar a cena do crime conforme fora deixada pelo infrator, assim, 
como pela vítima, tendo com isso, as condições técnicas de analisar todos os vestígios. 
É também uma garantia para a investigação como um todo, pois, haverá muito mais 
elementos a analisar e levar para o inquérito, e posteriormente, para o processo criminal. 
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15 | P á g i n a 
 
O local de crime devidamente preservado oferece elementos vitais para a fixação 
das responsabilidades. E, no sentido inverso, poderá contribuir com a absolvição de 
criminosos em face da inconsistência probatória, em decorrência da possível violação 
dos vestígios. 
O papel da Polícia Ostensiva e da Polícia Judiciária quanto à preservação 
do local de crime 
A polícia militar, sendo uma instituição pública prestadora de serviços à comu-
nidade, exerce sua missão constitucional de policia ostensiva, e, nesse sentido, destaca-
se dentre suas atribuições, a promoção do devido isolamento do local de crime, assim 
como de sua preservação. Portanto, o policial militar que primeiramente chegar ao local 
do crime, no que concerne aos procedimentos referentes aos vestígios e evidências, e 
manter o local como idôneo, deverá isolar a área de ocorrência do evento criminoso, não 
permitindo a alteração das coisas, assim como do cadáver, se houver; deverá também 
evitar que qualquer pessoa tenha contato com os vestígios, bem como para com os ins-
trumentos do crime, resguardando-os, a fim de serem oportunamente analisados pelos 
profissionais de perícia. 
Após a chegada da autoridade policial competente (delegado de polícia, que re-
presenta a polícia judiciária) no local de crime, conforme preconiza o artigo 6.º do Có-
digo de Processo Penal Brasileiro, o policial militar que atendeu a ocorrência entregará 
o local a este, transmitindo todas as informações e impressões obtidas. E, prioritaria-
mente, quando a autoridade policial se defrontar com o local de ocorrência do delito 
criminoso, esta buscará preservar o local até a chegada dos peritos, e, buscará outras 
evidências que possam colaborar na investigação policial. 
A responsabilidade pela preservação dos locais de crime é de competência do 
primeiro agente de segurança pública que se defrontar para com a cena criminosa, por 
isso, que, o artigo 169 do CPP, não atribui exclusividade de competência quanto às a-
ções de isolamento e de preservação dos locais de crime. 
Entretanto, verifica-se, que em alguns casos, o local de crime é ignorado, seja 
por policiais militares ou policiais civis, quanto à preservação de seus vestígios, aca-
bando por contaminar provas vitais ao esclarecimento do crime, e, em consequência 
disso, fornecendo subsídios para a defesa pedir a absolvição do acusado. 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
16 | P á g i n a 
 
O que determina o CPP 
 
“Art. 6.º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade 
policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conserva-
ção das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peri-
tos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas cir-
cunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítu-
lo III do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 (du-
as) testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quais-
quer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, 
e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, famili-
ar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do 
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a aprecia-
ção do seu temperamento e caráter.” 
 
“Art. 169 - Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a 
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas 
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, dese-
nhos ou esquemas elucidativos. 
Parágrafo único - Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coi-
sas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos 
fatos.” 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
17 | P á g i n a 
 
 
Saiba Mais 
 
Procedimento adequado em local de crime (con-
tinuação) 
o Cadeado: desde que tenham 
sido violados por quaisquer 
processos, não devem ser fe-
chados antes do exame perici-
al. 
o Ferrolhos: quando tiverem si-
do destruídos no trabalho de 
arrombamento, não devem ser 
fechados ou reparados antes 
dos exames periciais. 
Essas são as principais normas gerais que, em prin-
cípio, devem orientar o trabalho de preservação de 
local de crime. 
Recomendações: O policial em um local de crime 
não deve fumar nem permitir que outras pessoas 
presentes fumem; os palitos de fósforos, cinzas e 
pontas de cigarro muitas vezes constituem elemen-
tos de que o Perito Criminal de utiliza no seu traba-
lho. Se esses vestígios tiverem sido depositados no 
local após o comparecimento do policial, poderão 
trazer dúvidas quanto à sua presença, confundindo 
os peritos. Também podem aparecer misturados 
com outros que já estavam no local, antes da chega-
da do policial. 
Não utilizar os aparelhos telefônicos existentes em 
local de crime, bem como não utilizar as dependên-
cias sanitárias ou outras dependências quaisquer. 
Caso real 
Em um local de crime, o Perito Criminal começou a 
levantar as impressões digitais em um aparelho 
telefônico, quando foi solicitado pelo PM que pri-
meiro chegou ao local, se havia a possibilidade de 
excluir as suas impressões digitais no aparelho, uma 
vez que o mesmo havia utilizado o aparelho para 
comunicar à Delegacia Policial do fato. 
 
Saiba Mais 
 
Procedimento adequado em local de crime 
1. Dar ciência a autoridade policial competen-
te do fato que reclama a sua presença. 
2. Arrolar as testemunhas, se existirem. 
3. Preservar ou proteger o local. Para isto de-
verá: 
 
• Não permitir a entrada de qualquer pessoa, 
até a chegada da autoridade policial. 
• Em certos casos, não permitir a saída de 
qualquer pessoa que se encontre no re-
cinto, quando ele (policial) chegar ao 
local. 
• Não permitir que pessoas presentes no lo-
cal toquem nos objetos ou os mu-dem 
de posição. 
• O próprio policial não pode tocar em ne-
nhum objeto ou mudá-lode posição. 
• Quando o policial notar, desconfiar ou for 
informado que o criminoso teve acesso 
ao imóvel usando a fechadura, cadea-
dos, janelas, ferrolhos, deve preservá-
los tendo, então, os seguintes cuida-
dos: 
 
o Fechaduras: podem ter sido 
abertas por meio de chaves fal-
sas ou gazua. Nestes casos, 
não devem ser fechadas com a 
chave que lhe é própria, por-
que assim seriam destruídos os 
vestígios do emprego de chave 
falsa. 
 
o Janelas e Portas: Não devem 
ser fechadas antes do exame 
pericial. Nos batentes, parapei-
to e nas folhas podem ser en-
contrados diversos vestígios 
que podem orientar os traba-
lhos dos peritos, de modo a 
chegar a uma conclusão certa. 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
18 | P á g i n a 
 
 ACONTECEU... 
Em um local de morte violenta (suicídio) com arma de fogo o Perito Criminal não encontrou a arma. 
Indagado o Policial Militar que primeiro chegou ao local, o mesmo informou que recolhera a arma e 
a levou para a Delegacia Policial com receio de que a mesma fosse retirada do local por outra pes-
soa. 
 
 
Observe que: Se o Perito Criminal não houvesse indagado ao Policial Militar que primei-
ro chegou ao local da morte violenta, provavelmente a sua diagnose diferencial seria a 
de homicídio, uma vez que não fora encontrado arma ou objetos no local que levassem 
a conclusão de uma diagnose de suicídio.. 
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19 | P á g i n a 
 
5. Conclusão 
 
A falta de conhecimento e/ou a não aplicação dos conhecimentos profissionais adquiridos na 
formação policial, em locais de morte violenta, pode ocasionar enormes embaraços à con-
clusão do inquérito policial, podendo inclusive, inocentar o criminoso ou condenar um ino-
cente. 
 
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20 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS... 
Local de Crime. Cada autor que se ocupou do tema elaborou seu conceito sobre 
ele. Todos são idênticos na sua essência. Portanto, nada justifica que criemos 
mais um, apenas pelo fato de fazê-lo. Na terminologia policial profissional, essa 
área é referida apenas como Local. A seguir um dos conceitos mais conhecidos. 
¨Local de crime não é só o espaço físico onde se consumou o fato delituoso, mas 
também é ainda aqueles espaços físicos onde se desenvolveram as atividades 
anteriores e posteriores ao fato delituoso (In Caderno da Acadepol – Curso de 
Formação, 1976/1977 – Prof. Carlos Guido da Silva Pereira) (Dorea, 13) 
Exercícios 
 
Juntamente com dois colegas de turma, pesquise e relacione os instrumentos e suas 
ações que podem causar lesões. 
 
ESTUDO DE CASO 
Num local de homicídio (local interno - apartamento) há um cadáver e diversas 
manchas de sangue indicando que o autor do fato também se ferira e se dirigiu 
para a porta do imóvel. Trata-se de um imóvel multi-familiar, Qual o procedi-
mento que deve ser adotado para a preservação do local? 
 
. 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
21 | P á g i n a 
 
 
Aula 3 – Local de Infração Penal. 
 
1. Local de Crime 
 
O local do crime pode ser definido, genericamente, como sendo uma área física 
onde ocorreu um fato esclarecido, ou não, que apresente características e ou configura-
ções de um delito. 
 
Um dos maiores peritos do Brasil, Eraldo Rabello, utilizava uma metáfora para 
explicar o significado de local de crime: 
 
“Local de crime constitui um livro extremamente frágil e delicado, cujas pági-
nas por terem a consistência de poeira, desfazem-se, não raro, ao simples toque de 
mãos im-prudentes, inábeis ou negligentes, perdendo-se desse modo para sempre, os 
dados pre-ciosos que ocultavam à espera da argúcia dos peritos.” 
 
1.1 Situação do local de crime antes da chegada do primeiro profissi-
onal de Segurança Pública 
 
Um dos grandes e graves problemas das perícias em locais onde ocorrem crimes 
é a pouca preocupação das autoridades em isolar e preservar adequadamente um local 
de infração penal, de maneira a garantir as condições de se realizar um exame pericial 
da melhor forma possível e demais procedimentos da investigação. 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
22 | P á g i n a 
 
Em relação à população, geralmente desconhece a importância que um local de 
crime representa para a investigação policial. Consequentemente, é comum quando um 
profis-sional da Segurança Pública chega ao local e se depara com inúmeras pessoas 
transitando por entre os vestígios, sem qualquer preocupação com a sua preservação. 
O problema da preservação dos locais de crime sempre será bem mais grave no 
período entre a ocorrência do delito e a chegada do primeiro profissional de Segurança 
Pública, pois nesse espaço de tempo as pessoas que se encontram no local não demons-
tram a menor preocupação com os vestígios porventura existentes. 
 
1.2 A manutenção da segurança do local de ilícito penal 
 
Quando o profissional de Segurança Pública chega a um possível local de crime 
é como se estivesse, à noite, em um túnel sem iluminação. Nada conhece sobre os fatos 
e dos possíveis agressores que praticaram o crime. 
 
1.3 Cuidados com a Segurança Pessoal 
 
A primeira preocupação do profissional de Segurança Pública ao iniciar o aten-
dimento ao local de crime é com a sua segurança pessoal. Se não cuidar da sua seguran-
ça, pre-servando a própria vida, impossível prosseguir a partir dali. 
 
A chegada e as verificações iniciais do local de crime devem ser feitas bem rápi-
do, sem deixar de lado a sua segurança, pois o criminoso ainda pode estar no local. 
 
Podem, também, ocorrer algumas manifestações públicas ou de comoção social 
em con-sequência do crime praticado. 
 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
23 | P á g i n a 
 
1.4 Cuidados a serem adotados ao se aproximar de um local de ilícito 
penal 
 
Ao chegar a um local de ilícito penal, o profissional de Segurança Pública deve-
rá pro-ceder da seguinte maneira: 
 
1. Observar toda a movimentação de pessoas e veículos antes de descer da 
viatura e quando estiver se aproximando do local. 
2. Parar a viatura de forma estratégica, facilitando a proteção dos seus ocu-
pantes e a uma distância adequada do foco central do ilícito penal, evi-
tando maior aproxima-ção para não destruir possíveis vestígios existentes 
no local. 
3. Sair da viatura utilizando as próprias portas como proteção, enquanto 
procura vi-sualizar com bastante atenção toda e qualquer movimentação 
de pessoas e veículo. 
4. Após sair da viatura e se posicionar em pontos mais seguros, iniciar os 
demais pro-cedimentos de atendimento do local. 
5. Agir sempre acompanhado de outro profissional, de modo que um garan-
ta a segu-rança do outro. 
 
1.5 Socorro às vítimas no local 
 
Após a chegada ao local e preocupações iniciais com a segurança pessoal, a pri-
meira providência é verificar se há vítimas no local e se estão ainda com vida. 
 
Nota: Essa recomendação é importante, pois já ocorreram casos em que o pro-
fissional de segurança pública chegou ao local de ilícito penal e, ao proceder a obser-
vação à distância e superficial, concluiu que a vítima estava morta, quando ainda 
estava com vida. 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
24 | P á g i n a 
 
 
A primeira autoridade, ao chegar ao local, sempre com agilidade e determinação, 
deve verificar a possibilidade de alguma vítima ainda estar com vida e priorizar o res-
pectivo socorro, sem ter, apenas neste momento, grandes preocupações com vestígios 
do local, uma vez que a vida é mais importante do que qualquer outra coisa. 
Nunca fique com qualquer dúvida se a vítima está viva ou não. Por excesso de 
zelo, sempre verifique essa condição, checando a carótida, o pulso, a pupila (olho), se 
está dilatada ou, com um espelho ou objeto polido, coloque bem próximo do nariz e 
boca para verificar se aindarespira (o objeto ficará levemente embaçado). Esta é a se-
quência mais fácil para verificação, pois se encontrar resultado positivo ao checar a ju-
gular, não precisará continuar nos demais pontos. 
 
1.6 Entrada no local: Procedimentos a serem observados 
 
O profissional de Segurança Pública só deve entrar no local (parte central dos 
vestígios e mais a vítima) se houver vítima e se tiver alguma dúvida sobre ela estar re-
almente sem vida. 
 
Decidindo ingressar até o ponto onde se encontra a vítima, deve seguir alguns 
procedi-mentos, visando comprometer o menos possível a preservação dos vestígios. 
 
1.7 Procedimentos que devem ser adotados para a entrada em local 
de crime 
 
• A partir do ponto próximo onde deixou a viatura, observar a área pa-
ra localizar onde se encontra a vítima. 
• Ingressar no local, procurando deslocar-se em linha reta até a vítima 
e, não sendo possível, adotar o menor trajeto. 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
25 | P á g i n a 
 
• Chegando até a vítima, parar próximo a ela e fazer a checagem nos 
pontos já men-cionados anteriormente. 
• Se estiver morta, não se movimentar mais junto ao cadáver, com a 
finalidade de evitar qualquer adulteração de vestígios. 
• A partir desse momento não mexer nem tocar a vítima (não mexer 
nos bolsos, em carteiras, documentos, dinheiro, joias e etc.) em ne-
nhuma hipótese. Toda observação deve ser apenas visual. 
• Aproveitar a proximidade ao cadáver e de outros vestígios para fazer 
uma inspeção visual de toda a área, a partir de uma visão de dentro 
para fora, com o objetivo de captar o maior número possível de in-
formações sobre o local. 
• Enquanto permanecer próximo ao cadáver, fazendo a observação vi-
sual, não deve se movimentar, permanecendo com os pés na mesma 
posição. 
• Jamais recolher vestígios do local, mesmo sendo arma de fogo e/ou 
munições. 
 
Havendo a certeza de que a vítima está morta, não é necessário pressa em execu-
tar as demais tarefas e, a partir deste momento, a preocupação principal é a preservação 
dos vestígios para o posterior exame pericial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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26 | P á g i n a 
 
 PODE HAVER CRIME MESMO SEM CADÁVER 
Um caso clássico a respeito desse tipo de indícios mínimos ocorreu quando o 
patologista inglês Keith Simpson foi chamado para dar sua colaboração em um 
dos crimes mais intrincados e misteriosos registrados no século passado. 
Em 1949, John Haig confessou à Scotland Yard haver assassinado uma rica viú-
va, a senhora Durand Deacon, mas afirmava que nenhuma prova poderia ser 
apresentada contra ele, pois havia dissolvido o corpo num tonel de ácido sulfú-
rico. 
Keit Simpson foi examinar o quintal onde se acreditava que Haig teria despeja-
do o conteúdo do tonel. 
Ele pesquisava minuciosamente a área e, de repente, abaixou-se e apanhou no 
solo um objeto semelhante a um pedaço de mármore esverdeado. Era um cálcu-
lo biliar humano. 
“Foi o momento mais excitante que eu vivi nesta profissão”, disse ele. Posteri-
ormente, o patologista inglês fez remover do local mais de cem quilos de gordu-
ra humana e de terra, levando todo o material para ser examinado nos laborató-
rios da Scotland Yard. Ali foram encontrados mais dois cálculos biliares, alguns 
fragmentos corroídos de ossos humanos, e intacto, um conjunto de dentes que 
serviu para identificar a vítima. 
John Haig que, na verdade já havia matado diversas outras pessoas, desfazendo-
se dos seus cadáveres pelo mesmo processo (Simpson acreditava que ele era o 
responsável por sete ou oito crimes idênticos e cuidadosamente planejados) foi 
condenado à morte e executado por enforcamento. 
Como se pode observar, apesar da tradicional e antiga prática de se afirmar que 
“sem cadáver não há crime”, com o novo método proposto neste Ensaio “pode 
haver crime mesmo sem cadáver”. (Dorea, 67/68). 
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27 | P á g i n a 
 
2. Conclusão 
 
A Criminalística utiliza outras ciências como base científica. Quando são descobertos novos 
métodos a serem utilizados nas Ciências, automaticamente a Criminalística também se atuali-
za, uma vez que os novos métodos passam a ser utilizados pela Criminalística, ocasionando 
com isso que os criminosos cada vez mais sejam identificados e são fornecidas informações 
técnicas incontestáveis para a convicção da aplicação da lei pelos magistrados. 
 
 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
28 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS... 
Procedimentos recomendados para a saída do local de crime 
• Retornando do ponto onde estava a vítima, utilizar o mesmo trajeto da en-
trada e, ao mesmo tempo, observar atentamente onde está pisando, 
para ver o que possa estar sendo comprometido, a fim de informar pessoal-
mente aos peritos criminais quando chegarem ao local. 
• O retorno deve ser feito de forma lenta, para observar toda a área (mantendo 
seu deslocamento somente pelo trajeto de entrada) e, com isso, visualizar 
outros possíveis vestígios. Isto é importante para saber qual o limite a ser 
demarcado para preservação dos vestígios. 
• Deslocar-se para fora do local de crime até um ponto onde não haja risco de 
comprometer algum vestígio; 
• Quando estiver na área distante do ponto central, o profissional de segurança 
pública deve fazer uma observação geral da área, e ainda, deslocar-se pela 
periferia, para que tenha certeza da área a ser delimitada. 
 
SAIBA MAIS... 
Delimitação da área a ser preservada 
Alguns aspectos relacionados à delimitação da área a ser preservada. 
Delimitar, pelo próprio significado vernacular, trata de “fixar limites, demarcar, pôr 
limites, restringir”. Por sua vez, isolar significa separar. Portanto, ao delimitar 
uma área, estamos isolando (separando) determinada área das demais, com o objeti-
vo de proceder a exames e análises investigativas – periciais e outras de natureza 
policial. 
Alguns indagam qual o tamanho da área a ser isolada em um local de crime. É claro 
que essa pergunta não tem resposta prévia, pois somente o representante do estado 
no primeiro atendimento ao local é que poderá – com sua experiência, conhecimen-
to técnico do assunto e bom senso – definir o tamanho da área a ser delimitada. 
Mas, pode-se estar diante de dois tipos de locais de crime: 
• Aqueles que já possuem algum tipo de delimitação, como são os casos de 
ambientes fechados do tipo residência, edifício comercial, escolas e tantos 
outros. 
• Uma área totalmente aberta em que não existam delimitações naturais e/ou 
construídas. 
Para isolar uma área que já possua delimitações naturais e/ou construídas, pode-se 
valer delas, e apenas complementar com restrição os respectivos acessos. Deve-se 
ter o cuidado, no entanto, de verificar se os vestígios estão apenas naquela área, 
pois, caso contrário, será necessário ampliar esse espaço com o uso de fitas de iso-
lamento. 
 
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29 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exercícios 
Após pesquisa, esclareça qual a situação em que o primeiro policial que chegar ao local de 
crime com uso de arma de fogo, justifica a não preservação do local. 
ESTUDO DE CASO 
Homicídio por uso de imobilização da vítima e ferimentos produzidos por ins-
trumento pérfuro-cortante (faca de cozinha). Ocorrido em local interno e de 
poucos imóveis residenciais. A vítima estava imobilizada (amarrada pés e mãos) 
por uma corda de nylon nova de cor preta (rara e primeiro uso). Nas proximi-
dades (cerca de dois quilômetros) havia uma loja de material de construção. O 
Policial Militar que estava preservando ao local foi orientado pelo Perito para 
comparecer à loja comercial e indagar se a corda fora comprada naquele estabe-
lecimento e por quem. O comerciante informou que a corda fora comprada no 
seu estabelecimento e indicou o comprador. O compradorera morador da cir-
cunscrição e quando interrogado pela autoridade policial confessou que o crime 
fora praticado por ele e pelo seu irmão. O motivo do homicídio foi uma dívida de 
R$ 3,00, pela prestação do serviço de capina no terreno onde morava a vítima. 
Devido a preservação do local pelos Policiais Militares que se encontravam no 
local, foram encontrados um copo e uma garrafa plástica de refrigerante com 
impressões digitais e também foram encontradas impressões digitais na gela-
deira, confirmando a presença dos criminosos no local. 
A autoria do crime foi esclarecida rapidamente graças ao comportamento dos 
Policiais Militares que souberam fazer a preservação do local de forma correta. 
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30 | P á g i n a 
 
 
Aula 4 – Prova. 
 
1. Prova – Conceito 
 
Prova, no procedimento penal, é o ato ou o complexo destes que visam a estabe-
lecer a veracidade de um fato ou da prática de um ato tendo como finalidade a formação 
da convicção da entidade que decidirá - juiz ou tribunal - acerca da existência ou inexis-
tên-cia de determinada situação factual. 
A prova é o elemento fundamental para a decisão de uma lide. Tem como objeto 
fato jurídico relevante, isto é, aquele que possa influenciar no julgamento do feito. As-
sim, não é qualquer fato que carece ser provado, mas sim, aquele que, no processo pe-
nal, possa influenciar na tipificação do fato delituoso ou na exclusão de culpabilidade ou 
de antijuridicidade. 
Em resumo, prova é tudo aquilo que demonstra a veracidade de uma proposição 
ou a realidade de um fato. 
Verifica-se que a ineficiência para com a preservação das provas contidas nos 
locais de crime, não é algo recente, dificultando, e até mesmo inviabilizando a análise 
probante dos fatos, principalmente, no que concerne a fase mais importante, ou seja, a 
persecutória penal. Contudo, frente a algumas falhas operacionais dos setores de segu-
rança pública, no que concerne à realização de treinamentos e cursos relativos à preser-
vação do local de crime, direcionados aos profissionais de segurança, observa-se, atu-
almente, uma preocupação maior por parte desses setores, quanto à orientação de seus 
profissionais, relativo à importância dos aspectos atinentes a aplicabilidade efetiva do 
reconhecimento inicial da cena do crime, em todos os crimes que deixam vestígios. 
 
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31 | P á g i n a 
 
 
2. Estrutura analítica da prova 
 
O instituto jurídico da prova é constituído da articulação entre as categorias do 
elemento de prova, meio de prova e do instrumento de prova, que são os aspectos de sua 
configu-ração teórica. 
 
Caso não se verifique no momento de produção da prova a incidência dessas ca-
tegorias, não se pode afirmar a configuração da mesma, ao menos no sentido jurídico-
processual, pois esta resulta do concurso das referidas categorias e tal deve ocorrer se-
gundo a disci-plina inferida das normas processuais. 
 
A categoria do elemento de prova refere-se aos dados da realidade objetiva, exis-
tentes na dimensão do espaço, concernente ao ato, fato, coisa ou pessoa, tal como um 
cadáver ou um elemento qualquer existente no fato ocorrido. 
 
O meio de prova é a categoria que disciplina a obtenção dos elementos de prova. 
 
É por meio desta categoria que se realiza a captação/apreensão dos dados da rea-
lidade objetiva para sua introdução no processo. 
No processo penal brasileiro destacam-se como meios de prova, regulados pelo 
Código de Processo Penal (CPP): o Interrogatório , disciplinado nos art. 185 ao 196, 
dispositivos que foram recentemente alterados pela Lei n.º 10.792/03; a Acareação, pre-
vista nos arts. 229 e 230; o Depoimento do Ofendido, disposto no art. 201, e o das Tes-
temunhas, disposto nos arts. 202 ao 225; a Perícia, constante dos arts. 158 ao 184; o 
Reconheci-mento de Pessoas e Coisas, regulado nos arts. 226, 227 e 228; e a Busca e 
Apreensão reguladas nos arts. 240 ao 250 do CPP. 
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32 | P á g i n a 
 
Diferenciar o meio de prova das demais categorias, que integram o instituto da 
prova é imprescindível para que seja possível desconstituir-se a noção equívoca com-
partilhada pela doutrina ao utilizar o termo "prova ilícita", pois não existe "prova ilíci-
ta", mas sim prova obtida por meio ilícito 
Após a obtenção do elemento de prova por meio lícito e legalmente permitido, 
tem-se ainda que fixar o mesmo nos autos de processo. Para tanto é necessário a utiliza-
ção da categoria do instrumento de prova, que se destina a materializar de modo gráfi-
co-formal os elementos obtidos. 
A prova em sentido jurídico-processual deve ser compreendida como a resultan-
te da extração na faticidade dos elementos de prova pelos meios legalmente previstos, 
forma-lizados nos instrumentos que os fixam aos autos do procedimento, servindo de 
base para a formação do conhecimento. 
Provar em direito é representar e demonstrar, instrumentando os elementos de 
prova pelos meios de prova. 
Meio de prova é, entre as categorias inte-
grantes do instituto jurídico da prova, aquela sob 
a qual deve recair a análise da licitude/ilicitude 
da obtenção dos elementos de prova, justamente 
por ser a categoria que disciplina a capta-
ção/apreensão dos referidos elementos. 
 
Corpo de Delito 
 
Encontramos no CPP: 
“Art. 158. Quando a infração deixar vestí-
gios, será indispensável o exame de corpo 
de delito, direto ou indireto, não podendo 
supri-lo a confissão do acusado.” 
Indícios 
 “Art. 239 - Considera-se indício a circuns-
tância conhecida e provada, que, tendo 
relação com o fato, autorize, por indução, 
concluir-se a existência de outra ou outras 
circunstâncias.” 
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33 | P á g i n a 
 
 
3. Corpo de delito 
 
Aspectos Processuais 
O exame de corpo de delito direto é aquele realizado por perito para provar a 
materiali-dade do crime. O exame de corpo de delito indireto é aquele instrumento utili-
zado para provar a materialidade do crime por meio de prova testemunhal e ficha de 
registro mé-dico. 
No Direito Processual Penal, os exames periciais são de natureza variada, quais 
sejam, dos instrumentos do crime, de sanidade mental, dentre outros. Mas de todas as 
perícias, o mais importante é o corpo de delito, que é o conjunto de elementos sensíveis 
do fato criminoso, ou seja, o conjunto de vestígios materiais deixados pelo crime. 
 
Nas infrações criminais que deixam vestígios, é necessário o exame de corpo de 
delito, isto é, a comprovação dos vestígios materiais por ela deixados torna-se indispen-
sável, sob pena de não se receberem a queixa ou a denúncia (art. 158, CPP). 
 
Nulidade do Processo Penal Pela Ausência do Exame de Corpo de Delito 
A nulidade do processo ocorrerá, entre outras hipóteses, quando faltar o exame 
de corpo de delito, nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no art. 167, 
do CPP, que é a única exceção. 
O art. 160 determina, taxativamente, que os peritos descrevam minuciosamente 
o que examinarem e respondam aos quesitos que lhe forem formulados. 
Amparados por este dispositivos, entende-se que apara que os peritos respondam 
aos quesitos, é necessário que a autoridade policial ou as partes os tenham formulados. 
Se, no entanto, os mesmos não forem apresentados, nem por isso o Perito estará 
autori-zado a deixar de atender ao exame pretendido. 
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34 | P á g i n a 
 
Deverá o Perito, neste caso, descrever minuciosamente o que observou e conclu-
ir. O termo Corpo de Delito tem duas acepções. A que nos diz respeito é a que define 
Corpo de Delito como sendo “o conjunto de elementos materiais e sensíveis do fato 
delituoso”. 
 
O exame de Corpo de Delito é o meio material que comprova a existência do fa-
to típico que está previsto e descrito emlei. 
Como visto anteriormente, o Exame de Corpo de Delito é totalmente indispen-
sável no processo, e a sua falta poderá tornar o processo nulo nos delitos que deixam 
vestígios. 
 
4. Ônus da prova 
 
O termo utilizado no Direito usada para definir quem é a pessoa responsável por 
susten-tar uma afirmação ou conceito é definido como ônus da prova. O termo especi-
fica que a pessoa responsável por uma determinada afirmação é também aquela que 
deve oferecer as provas necessárias para sustentá-la. 
 
O ônus da prova é alicerçado em que toda afirmação precisa de sustentação, de 
provas para ser levada em consideração, e quando não é oferecida, essa afirmação não 
tem valor argumentativo e deve ser desconsiderada em um raciocínio lógico. 
 
 O principal problema do ônus da prova emerge no momento em que há a tenta-
tiva de definir a quem cabe o ônus da prova, e é nesse momento que muitas pessoas se 
confundem. O risco é atribuir a responsabilidade do ônus à pessoa errada, invertendo 
assim a lógica do raciocínio e não oferecendo base a sua sustentação. 
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35 | P á g i n a 
 
 
 ACONTECEU... 
Homicídio ocorrido em local interno. Um cadáver encontrava-se sobre uma cama de casal. 
Apresentava uma faca de cozinha cravada na região peitoral, lado esquerdo, O cadáver 
encontrava-se em decúbito lateral esquerdo. 
Quando da chegada do Perito ao local, o mesmo estava preservado, pois Policiais Militares 
estavam presentes e mantiveram o local preservado, 
Na sala havia um ligado, com o som em alto volume. Também foram encontrados fitas 
VHS e latas de cervejas e refrigerantes. 
A vítima, por informação do seu tio, era homossexual, e costumava fazer festas com ou-
tros homossexuais e seus “namorados”. Ele forneceu o nome de alguns amigos de seu 
sobrinho. 
As fitas VHS apresentavam no seu conteúdo, relações homossexuais. Foram apreendidas 
pela autoridade policial juntamente com as latas de cervejas e refrigerantes, para posteri-
ores levantamentos de impressões digitais. 
As impressões digitais foram confrontadas com os amigos da vítima, e foi comprovado que 
dois deles estiveram na casa da vítima naquele dia, 
A investigação policial pode chegar a confissão de um dos indiciados como autor do homi-
cídio. O motivo do homicídio foi o de que a vítima estava tentando tomar o “namorado” 
do criminoso. 
Outro caso em que a preservação do local foi fundamental para a elucidação do fato cri-
minoso, identificando o seu autor com provas irrefutáveis. 
Observe que: A preservação do local do ilícito penal foi fundamental para que se pudesse 
levantar a autoria do crime. 
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36 | P á g i n a 
 
5. Conclusão 
 
A aplicação dos conhecimentos e dos procedimentos profissionais auxilia em muito o trabalho 
investigativo. A participação de todos os agentes da lei, cumprindo as normas técnicas profis-
sionais faz com que o profissional policial seja respeitado e valorizado pela sociedade. 
 
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37 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS... 
Com a área do local isolada, deve-se tomar todo cuidado para evitar a entrada 
de qualquer pessoa naquele local. Os únicos que poderão entrar posteriormente 
serão a autoridade policial (delegado de polícia ou o responsável pela condução 
do inquérito) e os peritos que irão realizar os exames periciais. 
ESTUDO DE CASO 
Após permanecer 72 horas no apartamento do hotel, em companhia de outra pessoa, a 
vítima efetua um disparo de arma de fogo contra si mesma. É socorrida e morre no 
hospital. O policial comparece ao local, juntamente com o Perito e constatam que a 
vítima havia escrita uma mensagem no espelho do banheiro com pasta de dente. O 
texto dizia: “F. não tem nada com isso. Eu amo a todos.” 
Estava escrito com a pasta de dentes que o hotel mantinha no armário do banheiro. A 
vítima espremera o tubo no interior da pia e, usando um dos dedos, escrevera o texto 
no espelho. Apesar de os outros indícios (inclusive a arma achada no local) e o históri-
co do fato indicarem (a vítima atravessava um momento financeiro muito difícil) para 
um caso de suicídio, o Perito percebeu que uma situação bastante singular poderia 
reforçá-la ainda mais. Foi o fato de a vítima ter escrito a mensagem no espelho usando 
a paste de dente e como instrumento escritor um dedo. 
Essa situação foi abordada pelo Perito em razão de que a vítima morrera ao dar entra-
da no hospital, e que ainda teria restos da pasta de dentes no dedo. 
Depois de ter sido tudo fotografado e anotado, foi procedida a coleta do tubo de pastas 
de dentes vazio (era uma embalagem pequena de uso em hotéis e motéis), e de resí-
duos de pasta de dentes no espelho. 
O Perito procurou saber onde se encontrava o cadáver, sendo informado que o corpo 
havia sido remetido para o IML da circunscrição do fato. Tudo indicava que o trabalho 
do Perito seria facilitado, pois o IML era bem próximo do local. 
Chegando ao local, o Perito constatou que embora o corpo permanecesse na vasilha de 
transporte do bombeiro, já tivera as sua impressões tomadas, tendo a tinta apropriada 
para impressões digitais coberto totalmente os resíduos de pasta de dentes que havi-
am no dedo do cadáver. 
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38 | P á g i n a 
 
 
Aula 5 – Prova Material. 
 
1. Vestígios 
 
Os peritos criminais, ao examinarem um local de crime, procuram todos os tipos 
de objetos, marcas ou sinais sensíveis que possam ter relação com o fato investigado. 
Todos estes elementos, individualmente, são chamados de vestígios. 
O vestígio é o material bruto que o perito constata no local do crime ou faz parte 
do conjunto de um exame pericial qualquer. Porém, somente após examiná-lo adequa-
damente é que se pode saber se aquele vestígio está ou não relacionado ao evento peri-
ciado. 
Assim, vestígio é tudo o que é encontrado no local do crime que, após estudado 
e interpretado pelos peritos, pode se transformar em elemento de prova, individualmente 
ou associado a outros. Porém, antes de se transformar em uma prova, passará pela fase 
da evidência. 
 
2. Evidência 
 
Quando os peritos chegam à conclusão que determinado vestígio está – de fato – 
relacionado ao evento periciado, ele deixa de ser um vestígio e passa a denominar-se 
evidência. A evidência, segundo definição do dicionário, significa: qualidade daquilo 
que é evidente, que é incontestável, que todos veem ou podem ver e verificar. 
 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
39 | P á g i n a 
 
No conceito criminalístico, evidência significa qualquer material, objeto ou in-
formação que esteja relacionado com a ocorrência do delito. 
 
Assim, evidência é o vestígio analisado e depurado, tornando-se um elemento de 
prova por si só ou em conjunto, para ser utilizado no esclarecimento dos fatos. Por outro 
lado, vestígio é o material bruto constatado e/ou recolhido no local do crime. 
 
As duas nomenclaturas - vestígio e evidência - são usadas tecnicamente no âm-
bito da perícia, no entanto, tais informações tomam o nome de indícios, quando tratados 
na persecução penal. 
 
3. Indício 
 
O Código de Processo Penal define indício, em seu artigo 239, como sendo: 
“Art. 239 - Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, ten-
do relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou ou-
tras circunstâncias.” 
 
A palavra indício também está muito próxima das outras, quanto ao significado 
vernacular, considerando a aplicação na Criminalística, ou seja, sinal aparente que reve-
la alguma coisa de uma maneira muito provável. 
 
A partir dessa compreensão é que muitos peritos e autores de livros empregam a 
palavra indício no lugar de vestígio. 
 
Resumindo, pode-se concluir que: 
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40 | P á g i n a 
 
 
Vestígio é todo objeto ou material bruto constatado e/ou recolhido em um local 
de crime para análise posterior. 
 
Evidência é o vestígio, que após as devidas análises, tem constatada, técnica e 
cientificamente, a sua relação com o crime. 
 
Indícios é uma expressão utilizada no meio jurídico que significa cada uma das 
informações (periciais ou não) relacionadas com o crime. 
 
Apesar dessas diferenciações conceituais existentes entre as três expressões, é 
comum observar a utilização indistinta das três palavras como se fossem sinônimos. 
 
Após a explanação anterior, volta-se a falar da classificação dos vestígios. 
 
Quanto à natureza: 
 
Vestígios transitórios – São os que desaparecem rapidamente. Como exemplo, 
manchas de frenagem, manchas de lama, impressões papilares e etc. 
 
Vestígios permanentes – São os que permanecem por longo tempo. Como e-
xemplo, vidros quebrados, sinais de arrombamento, amassamento em veículos e etc. 
 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
41 | P á g i n a 
 
 
Quanto à incidência: 
 
Genérica – São aqueles que podem ser encontrados em qualquer local de crime. 
Como exemplo, impressões papilares. 
 
Específica – São aqueles que só podem ser encontrados em determinados locais 
de crime. Como exemplo, mancha de esperma (encontradas em locais de crime de natu-
reza sexual), manchas de sangue (encontradas em locais de crime contra a pessoa) e etc. 
 
Eis as diferenças entre vestígios verdadeiro, ilusório, forjado e suas implicações 
na investigação criminal. 
 
4. Vestígio verdadeiro 
 
No âmbito de uma área onde tenha ocorrido um crime, vários serão os elementos 
deixados pela ação dos agentes da infração e da vítima. Todavia, nesse contexto serão 
encontradas inúmeras coisas além dos vestígios produzidos por vítima e agressor. 
 
O vestígio verdadeiro é uma depuração total dos elementos encontrados no local 
do crime. Somente são verdadeiros aqueles produzidos diretamente pelos autores da 
infração e/ou pela vítima que sejam produtos diretos das ações do cometimento do deli-
to em si. 
 
 
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42 | P á g i n a 
 
 
Um exemplo de vestígios da ação direta do cometimento do delito. 
 
Se o agressor coloca uma arma de fogo na mão da vítima para simular situação 
de suicídio, este é um vestígio forjado e, portanto, não se trata de elemento produto da 
ação direta do delito em si. 
 
Mas, pelo contrário, se próximo da mão da vítima encontra-se uma arma que ele 
usou para tentar se defender do agressor, este é um vestígio diretamente relacionado à 
prática do crime. 
 
Os peritos, ao examinarem um local de crime, devem estar atentos e conscientes 
da possibilidade de encontrarem vestígios dessa natureza e que, portanto, suas análises 
no próprio local são de fundamental importância para o sucesso da perícia. 
 
 
5. Vestígio ilusório 
 
Neste grupo de vestígios ilusórios encontrar-se-á uma maior variedade de situa-
ções, tendo em vista as inúmeras possibilidades e maneiras de eles serem produzidos. 
 
O vestígio ilusório é todo elemento encontrado no local do crime que não esteja 
relacionado às ações dos atores da infração e desde que a sua produção não tenha ocor-
rido de maneira intencional. 
 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
43 | P á g i n a 
 
A produção de vestígio ilusório nos locais de crime é muito grande, tendo em 
vista a 
problemática da falta de isolamento e preservação de local. Este é o maior fator 
da sua produção, pois contribuem para isso desde os populares que transitam pela área 
de produção dos vestígios, até os próprios policiais pela sua falta de conhecimento das 
técnicas de preservação. 
 
6. Vestígio forjado 
 
A produção de um vestígio forjado poderá vir a ser muito importante para escla-
recer determinadas circunstâncias da ocorrência de um crime. 
 
Por vestígio forjado entende-se todo elemento encontrado no local do crime, cu-
jo autor teve a intenção de produzi-lo, com o objetivo de modificar o conjunto dos ele-
mentos originais. 
 
Um vestígio forjado poderá ser produzido por qualquer pessoa que tenha interes-
se em modificar a cena de um crime, por mais diversas razões. 
Um dos grandes produtores de vestígios forjados são os próprios autores do deli-
to, que o fazem na intenção de dificultar as investigações para se chegar até a sua pes-
soa. Um exemplo de grupo produtor de vestígios forjados, formados por policiais, 
quando em circunstâncias da função, cometem determinados excessos ou acham que 
cometeram, e acabam produzindo alguns vestígios forjados, na tentativa de adequar a 
sua ação nos limites que a lei lhes autoriza.l 
 
 
 
 
C R I M I N A L Í S T I C A APLICADA À PMERJ 
 
44 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
Principais grupos de vestígios 
 
A despeito da grande variedade de vestígios que se pode encontrar nos locais de 
crime, o que impossibilita o estudo dos mesmos, pois não é possível prever todos 
esses vestígios. Para fins de estudo, pode-se agrupá-los. 
Manchas – Em Criminalística, entende-se por manchas os resíduos de material de 
qualquer natureza ou composição que tenham ficado depositados na superfície (ex-
terna ou interna) de um objeto, que é tecnicamente conhecido como “suporte”. 
Impressões – Quando o depósito de material encontra-se de tal modo que sejam 
visíveis o contorno e o desenho interno, temos uma impressão. O termo impressão é 
sempre acompanhado de um qualificativo referente ao instrumento ou peça que pro-
duziu a impressão. 
Marcas – Quando a ação física sobre o suporte se limita a obter-se um efeito mecâ-
nico (amassamento ou deformação) em alto relevo ou baixo relevo, estamos diante 
de uma marca. 
As marcas que se apresentam com maior incidência: marcas de ferramentas, pega-
das, marcas das mãos, marcas dentárias e etc. 
Detritos – Qualquer resíduo ou fragmento de substância, o que significa pequenas 
dimensões de pequeno uso do material, são considerados, em Criminalística, como 
detritos. 
Armas – São objetos vulnerantes confeccionados especificamente para exercerem 
uma ação vulnerante, 
Classificam-se em armas brancas onde utiliza-se apenas a força e a habilidade do 
agente, e em armas de fogo, onde utiliza-se a habilidade do agente e a força de um 
explosivo. 
Observa-se que nos crimes contra a pessoa, além de serem empregadas armas de 
fogo e armas brancas, podem ser utilizados instrumentos os quais produzem os efei-
tos das armas, embora não o sejam. 
Instrumentos – São os objetos confeccionados especificamente para determinados 
fins e que podem, eventualmente, serem usados como arma, equiparando-se àquelas 
conforme as circunstâncias de cada caso. 
 
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45 | P á g i n a 
 
 
 
ACONTECEU... 
A IMPORTÂNCIA DO SIGILO NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
 
O pai da vítima encontrou o corpo por volta das oito horas. O cadáver estava com a cabe-
ça apoiada em um móvel de madeira, as mãos (para trás) e pernas amarradas com fio 
condutor de eletricidade de cor preta. Estava desprovido de roupas. Calçava um sapato de 
lona de cores vermelha e preto e na parte frontal do calçado havia o escudo do Flamengo 
(equipe de futebol do Rio de Janeiro). 
As roupas da vítima estavam próximas ao cadáver. Seu carro esta estacionado na porta do 
escritório. O Perito, procedendo ao exame do cadáver, constatou a existência de marcas 
de torturas (o saco escrotal da vítima havia sido parcialmente aberto com uma tesoura) 
encontrada no local. 
Uma mordaça feita com tiras de uma toalha felpuda de cor verde impedira a vítima de 
gritar. Todos os materiais encontrados e apreendidos eram do próprio local, onde foram 
encontrados o resto do rolo de fio de cor preta e o alicate usado para cortá-lo. Todos fo-
ram cuidadosamente embalados para posteriores levantamentos de impressões digitais. 
Durante o levantamentoe exame do local, o Perito conseguiu visualizar um fragmento de 
impressão digital em um maço de cigarros da marca Continental, que se encontrava sobre 
uma mesa ali existente. 
Sem alarde, e procurando manter a informação em completo sigilo, foi constatada a falta 
de duas folhas de cheques do talonário da vítima. 
A vítima era homossexual e seu recente caso proporcionou que ela fosse extorquida por 
um vigilante bancário. 
Avisada a gerência do banco, o criminoso foi preso no momento em que tentava sacar um 
dos cheques preenchidos pela vítima, sob ameaça. 
 Após a prisão e comparando-se suas impressões digitais com a que fora encontrada no 
maço de cigarros Continental, foi confirmada a sua presença no local do crime. 
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46 | P á g i n a 
 
7. Conclusão 
 
O trabalho investigativo executado por profissionais zelosos costuma sempre dar bons resulta-
dos. Os ensinamentos ministrados nos cursos de formação profissional, quando da admissão 
no cargo policial, seguidos à risca, costuma trazer resultados positivos nos esclarecimentos da 
violação dos crimes praticados, principalmente contra a pessoa. 
Embora o conhecimento investigativo não seja ensinado ao nível superior, os profissionais que 
são encarregados de orientar os novos profissionais de polícia quanto aos procedimentos a 
serem adotados, transmitem a esses novos profissionais o conhecimento empírico adquirido 
por eles. 
Normalmente esses mestres transmitem aos novos colegas a prática profissional adquirida ao 
longo de muitos anos no exercício da atividade policial. E associado ao trabalho de pesquisa 
feito por outros profissionais e pelo próprio novo policial, essa prática profissional devidamen-
te atualizada, contribui para que os criminosos não fiquem impunes. 
 
 
 
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47 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS... 
A PROVA GENÉTICA 
Desenvolvida na Universidade de Leicester (Inglaterra) pelo cientista Alec Jeffreys, está a serviço 
da Criminalística uma nova técnica que permite identificar comparativamente a cadeia de genes 
contida na molécula DNA de um indivíduo. 
A pesquisa inicial baseou-se no fato de que o DNA é um elemento que contém em si as informa-
ções genéticas de cada pessoa, com as suas características individualizadoras, permitindo compa-
rações como se fosse uma impressão digital. Por isso a técnica foi batizada pelo seu criador com o 
nome de Impressão Digital Genética, 
Com esse método a seu dispor, as polícias dos países desenvolvidos passam a empregar na sua 
luta contra o crime o meio mais avançado de identificar suspeitos, desde o início do uso da com-
paração visual das impressões digitais, no fim do século XX. O DNA (ácido desoxirribonucléico) 
registra as características individualizadoras de cada pessoa e, da mesma forma que não existem 
duas impressões digitais iguais, não há dois indivíduos com a mesma estrutura de DNA. 
A única circunstância em que poderia ocorrer uma possibilidade de erro seria no caso de compa-
ração de DNA de irmãos gêmeos, considerando-se a circunstância de que a impressão digital 
genética tem uma particularidade: herda-se metade da mãe e a outra metade do pai, compondo 
dessa forma os 23 pares de cromossomos. Excluída a hipótese de gêmeos suspeitos de um mes-
mo crime, a possibilidade de que duas pessoas sejam parentes tenham a mesma estrutura gené-
tica “é de uma em bilhões”. Ou seja, uma possibilidade de coincidência tão remota quanto as 
chances de se encontrar duas impressões digitais em pessoas diferentes, conforme comprovou o 
cientista que desenvolveu a técnica que permite a comparação de genes. 
O trabalho pericial nestes casos consiste em submeter o material coletado – (uma gota de san-
gue, saliva, esperma, fio de cabelo e etc.) – no local do crime ou na vítima, a um bombardeio de 
raios num equipamento apropriado, em um laboratório da Polícia Técnica, isolando-se as células 
ali existentes. Dessa forma chega-se a uma estrutura do DNA, que será comparada à estrutura do 
DNA do suspeito. Por sua vez, o material necessário para a determinação da estrutura genética 
do suspeito é conseguido a partir de qualquer tecido do seu corpo ou mesmo de uma gota de 
sangue (que é tecido líquido). 
Consegue-se, assim, as duas impressões digitais genéticas: 
1. A questionada encontra-se no local do crime ou na vítima; 
2. A padrão coletada no suspeito. 
Ao serem comparadas, elas podem se revelar idênticas ou não, constituindo-se numa prova deci-
siva para condenar um culpado ou, mais importante ainda que isso, absolver um inocente. (Do-
rea, 83/84). 
 
 
 
 
 
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Aula 6 – Prova Subjetiva e Preservação das Provas. 
 
1. Introdução 
 
Dentre as diversas classificações da prova, temos: 
 
Quanto à forma: 
 
Testemunhal (ou subjetiva): é a prova produzida por meio de declaração subje-
tiva oral e algumas vezes por escrito (art.221, §1º, CPP). Essas provas podem ser produ-
zidas por testemunhas, pelo próprio acusado (confissão) ou pelo ofendido. 
Documental: é a prova originada através de documento escrito ou gravação co-
mo, por exemplo, cartas, fotografias autenticadas e etc. 
Material: é a que consiste em qualquer materialidade que sirva de elemento para 
o convencimento do juiz sobre o fato. Pode-se citar como exemplo o exame de corpo de 
delito. 
 
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49 | P á g i n a 
 
 
2. Prova Subjetiva 
 
Conceito e valor jurídico 
 
Pode-se conceituar a prova subjetiva (ou pessoal) como sendo aquela que expri-
me o conhecimento subjetivo e pessoal atribuídos a alguém. Exemplificando: o interro-
gatório, os depoimentos, a confissão, as conclusões dos peritos e etc. 
Quanto ao seu valor jurídico, a prova a ser medida pelo juiz é aquela produzida 
em juízo, com observância dos princípios constitucionais do contraditório, da ampla 
defesa e da publicidade. 
O artigo 155 do CPP deixa claro que uma decisão não poderá se fundamentar 
exclusivamente nos elementos obtidos na fase de investigação. 
 
Abordagem de testemunhas, vítimas e suspeitos 
 
No que diz respeito à abordagem de testemunhas, vítimas e suspeitos, a atuação 
do policial militar deve se persuasiva, cortês e objetiva. 
O tom de voz e as palavras que usar incutirão imensa influência nas respostas 
que o policial irá receber. O tom de voz usado deve ser proporcional aos propósitos do 
policial, que pode sofrer variação de uma busca por informações até um pedido de coo-
peração ou ordem direta, como devem receber as pessoas sobre as quais existam fortes 
suspeitas. Apelidos, insinuações, gírias e brincadeiras não devem ser utilizados. 
O policial precisa manter-se emocionalmente imparcial ao dialogar durante a 
abordagem. 
Também não se deve perder de vista as questões legais inerentes ao tratamento 
que deve ser dispensado a algumas provas em espécie 
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Interrogatório 
 
Pode-se definir o interrogatório como sendo a resposta dada pelo acusado às 
perguntas que lhe são formuladas, para esclarecimento do fato delituoso e suas circuns-
tâncias. Atualmente o interrogatório ganha um caráter misto à sua natureza jurídica, 
podendo se constituir tanto como meio de defesa como fonte de prova. 
 
Confissão 
 
Consiste no reconhecimento total ou parcial, feito pelo acusado, da verdade dos 
fatos pertinentes à acusação que lhe é imputada, podendo ser classificada como simples 
ou qualificada. 
 
Ofendido 
 
O ofendido é o titular eventual do bem jurídico ameaçado ou atingido. A vítima 
não se confunde coma a testemunha, posto que não está compromissada e se mentir não 
incorrerá em falso testemunho, podendo, dependendo do caso, responder por denuncia-
ção caluniosa ou comunicação falsa

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