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Programa de Pós-Graduação em Ciências Forenses Módulo: Locais de Crime I Docente Responsável: Prof. Dr. Jesus Antonio Velho 2016 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 2 Texto adaptado do Livro: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 3 1- O crime O Crime, em termos jurídicos, é toda conduta típica, antijuridíca (ou ilícita) e culpável, praticada por um ser humano. Segundo o dicionário, crime é: “sm (lat crimen) 1 Violação dolosa ou culposa da lei penal. 2 Violação das regras que a sociedade considera indispensáveis à sua existência. 3 Infração moral grave; delito. Em sentido vulgar, crime é simplesmente um ato que viola uma norma.” (dicionário Michaelis) Num sentido formal, crime é uma violação da lei penal. No conceito material, crime é uma ação ou omissão que se proíbe e se procura evitar, ameaçando-a com pena, porque constitui ofensa (dano ou perigo) a um bem jurídico individual ou coletivo. Para a legislação penal, a conduta humana para ser elencada como crime deve ser tipificada, ou seja deve estar descrita na legislação. Não será abarcada nesta obra as particularidades para se definir crime e conduta sob a ótica jurídica, o que se busca é apresentar o crime como sendo um resultado de uma conduta humana que é prejudicial a sociedade e deve ser esclarecida tendo os elementos de prova encontrados e encaminhados adequadamente a uma corte penal para que um julgamento eficaz possa ocorrer. A maneira de se planejar, executar e consumar crimes são diferentes, alguns geram resultados mais severos e outros menos severos, alguns danificam bens materiais e financeiros, outros danificam o corpo humano, ou a saúde mental, assim como a moral e os costumes de uma sociedade. Por isso para efeito de estudos e conforme a legislação penal, as condutas consideradas como crimes foram agrupadas segundo o bem jurídico atingido. Assim, temos abaixo uma lista sobre alguns dos principais grupos delitivos: Crimes contra a pessoa, por exemplo: homicídio, aborto, lesão corporal, maus tratos. Crimes contra a honra, por exemplo: injúria, calúnia. Crimes contra o patrimônio, por exemplo: furto e roubo. Crimes contra a dignidade sexual, por exemplo: estupro, assédio sexual. Crimes contra a incolumidade pública, por exemplo: explosão, desmoronamento. Crimes econômicos: estelionato, lavagem de dinheiro. https://pt.wikipedia.org/wiki/Norma https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_penal https://pt.wikipedia.org/wiki/Pena_(Direito) https://pt.wikipedia.org/wiki/Corpo_humano https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde_mental https://pt.wikipedia.org/wiki/Costumes https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade https://pt.wikipedia.org/wiki/Homic%C3%ADdio https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto https://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%A3o_corporal https://pt.wikipedia.org/wiki/Maus_tratos CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 4 Evolução do crime de homicídio no Brasi l Mesmo não sendo estatisticamente a maior ocorrência criminosa no Brasil, o homicídio é o crime que mais choca a sociedade, pois seu dano é irreversível e o mais violento que se pode tramar contra a vida humana. Nos últimos 30 anos, o Brasil passou de 13.910 homicídios em 1980 para 49.932 em 2010, um aumento de 259% equivalente a 4,4% de crescimento ao ano, conforme ilustrado pelo gráfico a seguir. Durante esses 30 anos o Brasil já ultrapassou a casa de um milhão de vítimas de homicídio. Os números são de tal magnitude que fica difícil construir uma imagem mental para assimilar o seu significado. WAISELFISZ, 2013 no seu trabalho intitulado Mortes Matadas por Armas de Fogo no Brasil fez a comparação: as mortes violentas no Brasil com vários conflitos armados acontecidos no mundo na segunda metade do século passado. Veja a tabela a seguir. Figura 1 – Gráfico mostrando a evolução temporal da taxa de homicídio no Brasil. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 5 O papel central da Perícia Criminal na resolução de crimes: desafios a vencer A ciência de um modo geral se apresenta como intérprete da natureza, quando aplicada à perícia criminal ela se coloca como reveladora da “verdade dos fatos”, produzindo a prova científica no contexto do processo penal. Não é de causar estranheza, seja pela confiança na ciência, utilizada pelos peritos, seja pela falta de credibilidade das provas subjetivas (testemunho e confissão), que a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais escolheu como seu slogan a frase: “A Perícia Prova”. O tema do XIX Congresso Nacional de Criminalística, realizado em 2007 foi “Perícia Criminal: garantia do indivíduo, direito à verdade”, e em sua apresentação afirmou-se categoricamente que “o devido processo legal exige a perícia criminal na apuração de fatos supostamente delitivos que deixam vestígios”. Ter uma perícia eficaz e eficiente é, portanto, uma garantia do indivíduo que os processos penais serão conduzidos com base num suporte fático, rígido e científico que conduza a alegações verdadeiras e ao esclarecimento da verdade. Neste escopo a legislação brasileira impede que a defesa, a acusação e mesmo o juiz possam obstá-la. O exame pericial ao mesmo tempo em que fornece um respaldo de grande credibilidade ao veredito do juiz, é um conjunto de procedimentos técnicos dominados por especialistas (peritos), que tem que (ou pelo menos deveriam) ser melhor compreendidos e interpretados por operadores do Direito. Essa compreensão muitas vezes não ocorre e o impacto dessa lacuna pode representar um problema para a promoção da justiça. É lamentável que raros são os cursos de direito, no Brasil, que apresentam a disciplina de Criminalística/Ciências Forenses em sua grade curricular. Ao não se compreender claramente o papel da perícia, também se nega a ela os recursos necessários para que possa desempenhar eficientemente seu papel. Nos últimos anos ocorreu uma grande melhora neste quadro, mas ainda está muito longe de uma situação que possa ser considerada razoável ou boa. A carência de recursos materiais e de capacitação do corpo funcional afetam diretamente a eficácia dos procedimentos periciais. Estando dentro ou fora da polícia, a perícia deve receber os recursos financeiros e administrativos suficientes que lhe confira a autonomia requerida para realizar sua missão. As restrições financeiras implicam em laboratórios mal aparelhados, peritos mal remunerados e desatualizados (exceto aqueles que por esforço individual e amor à profissão buscam se desenvolver com seus próprios recursos) e mesmo ainda à falta de material básico para realização de exames periciais. A falta de uma perícia aparelhada, bem remunerada e treinada, gera um elo frágil na obtenção das provas necessárias a um julgamento justo, enfraquecendo assim o sistema de aplicação da justiça. Pode-se verificar esta situação ao se analisar as notícias de julgamentos que acabam em impunidade por falta de provas consistentes. Infelizmente o resultado é o aumento da “sensação de impunidade”. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 6 Dois Casos, uma Perícia: O caso Naves x O caso Nardoni O caso dos Irmãos Naves é considerado um dos maiores erros dojudiciário brasileiro. Aconteceu na cidade mineira de Araguari, em 1937. Os irmãos Naves (Sebastião, de 32 anos de idade, e Joaquim, 25, mostrados na figura 2) eram trabalhadores que compravam e vendiam cereais. Joaquim Naves era sócio de Benedito Caetano. Este comprara, com auxílio material de seu pai, grande quantidade de arroz, trazendo-o para Araguari, mas com os preços em queda constante Benedito viu-se obrigado a vender sua safra em expressiva perda, contraindo ainda mais dívidas, mas sobrando-lhe somente uma última - mas vultosa - importância em dinheiro. A quantia embora expressiva não cobria todas as suas dívidas. Benedito então toma uma decisão inusitada: na madrugada de 29 para 30 de novembro do mesmo ano ele decide sair às pressas da cidade, sem comunicar nada a ninguém. Os irmãos Naves, constatando o desaparecimento, e sabedores de que Benedito portava grande importância em dinheiro, comunicam o fato à Polícia, que imediatamente inicia as investigações. O caso foi atribuído ao Delegado de Polícia Francisco Vieira dos Santos, marcado para ser o principal causador do mais vergonhoso e conhecido erro judiciário da história brasileira. O Delegado iniciou as investigações e não demorou a formular a sua convicção de que os irmãos Naves seriam os responsáveis diretos pela morte de Benedito. A partir de então iniciou-se uma trágica, prolongada e triste trajetória na vida de Sebastião e Joaquim Naves. Joaquim e Sebastião foram levados a um campo aberto, amarrados a árvores e tiveram seus corpos untados com mel para serem atacados por abelhas e formigas e outros tipos de animais, ouvindo tiros e ameaças constantes de morte. Submetidos a torturas as mais cruéis possíveis, privados de alimentação e visitas, os irmãos Naves resistiram até o esgotamento de suas forças físicas e morais, assinando de forma forçada uma "confissão" formal do crime. Figura 2 – Naves x Nardoni: no Painel A: os Irmãos Naves e no Painel B: Isabella Nardoni. A B CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 7 Realizado o julgamento, os irmãos Naves são condenados a cumprirem 25 anos e 6 meses de reclusão. Após cumprirem 8 anos e 3 meses de pena, os irmãos Sebastião e Joaquim, ante comportamento prisional exemplar, obtêm livramento condicional, em agosto de 1946. De 1948 em diante, Sebastião Naves inicia a busca pela prova de sua inocência. Era preciso encontrar o rastro de Benedito, o que vem a ocorrer, por sorte do destino, em julho de 1952, quando Benedito, após longo exílio em terras longínquas, retorna à casa dos pais em Nova Ponte, sendo reconhecido por um conhecido, primo de Sebastião Naves. O caso passou a ser nacionalmente conhecido. A imprensa o divulgou com o merecido destaque. A mesma população que, influenciada pela autoridade do delegado, inicialmente aceitava como certa a culpa dos irmãos Naves, revoltava-se com o ocorrido, tentando, inclusive, linchar o desaparecido Benedito. Em nova revisão criminal, os irmãos Naves foram finalmente inocentados, em 1953. Qual foi o grande erro de todo o processo criminal? Toda a investigação baseou-se numa convicção de culpa sem provas materiais. Ao condenar duas pessoas por um assassinato baseado em confissões e em elementos meramente circunstanciais gerou-se um dos mais graves erros jurídicos de nosso país. Não houve sequer a comprovação da materialidade do crime. Geralmente pensa-se na perícia para encontrar as provas materiais que servirão para incriminar os culpados, o que é verdade, porém o foco da perícia é analisar os elementos materiais com vistas a desvendar o que ocorreu, ou seja, determinar a verdade dos fatos, o que se realizado no caso em tela serviria para inocentar dois seres humanos condenados injustamente. Toda a tortura a que foram submetidos os irmãos Naves não foi impedida e mesmo algumas pessoas entrevistadas à época disseram que eles “pareciam” culpados. Seguindo ainda o raciocínio da importância da perícia, tem-se um outro caso histórico. O caso da menina Isabella Nardoni assassinada pelo pai e pela madrasta em 2008. O caso marcou história pelos meios de prova preponderantemente considerados, pela materialidade dos fatos que emergiu do trabalho pericial. No caso Nardoni não houve testemunhas presenciais, e nem mesmo elementos circunstanciais. As provas materiais, periciais, assumiram papel chave na apuração do ocorrido. Foi taxativa e indubitável. Mesmo contra o senso coletivo de que um pai jamais participaria do assassinato de sua filha, as provas periciais demonstraram a conduta criminosa do casal Nardoni. Na noite de 29 de março de 2008, a menina Isabella Oliveira Nardoni, 5 anos, foi encontrada caída no jardim do Edifício London no distrito da Vila Guilherme, em São Paulo, onde morava o pai, Alexandre Nardoni, 29, a madrasta, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, e dois irmãos. Isabella foi encontrada em parada cardiorrespiratória. A menina chegou a ser socorrida pelos bombeiros, mas não resistiu e morreu a caminho do hospital. Logo após a constatação da morte da menina, o pai de Isabella e a madrasta foram levados ao 9º DP (Carandiru) para prestar depoimento. O pai afirmou que, naquela noite, chegou ao CURIOSIDADE O caso Naves foi tema de um filme brasileiro de 1967, do gênero drama, intitulado “O caso dos irmãos Naves”, baseado no livro de João Alamy Filho, que foi o advogado dos irmãos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Filme http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/1967 http://pt.wikipedia.org/wiki/Drama http://pt.wikipedia.org/wiki/Advogado CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 8 edifício de carro, com a mulher e os três filhos dormindo. Ele disse que levou Isabella para o apartamento, colocou a menina na cama e a deixou dormindo, com o abajur ligado, para voltar à garagem e ajudar a mulher a subir com os dois filhos do casal. Conforme a versão de Nardoni, quando ele voltou ao apartamento, percebeu que a luz do quarto ao lado do de Isabella, onde dormiam os irmãos dela, estava acesa; que a grade de proteção da janela tinha um buraco; e que a menina havia desaparecido. Em seguida, ele disse ter percebido que o corpo da menina estava no jardim. Naquela ocasião, Nardoni disse suspeitar que a filha tivesse sido atirada do sexto andar do prédio por algum desafeto seu. Este é um caso que poderia ter tido um desfecho diferente se a história do pai não pudesse ter sido demolida pelas Ciências Forenses. Sem a existência de provas testemunhais e de uma confissão, a investigação partiu da análise das provas materiais visando encontrar elementos que pudessem determinar o que ocorreu. Com o andamento da investigação foi levantada a hipótese de participação dos pais e então, para confrontar a versão dos réus de que havia uma terceira pessoa na cena do crime, foram realizadas diversas perícias. As provas irrefutáveis que lastrearam a condenação vieram do trabalho de qualidade realizado pela perícia criminal nos vestígios encontrados no local de crime – romanticamente chamados pelos peritos de “testemunhas que não mentem”. Por meio da análise dos vestígios encontrados no local de crime, manchas de sangue, perfurações presentes na camiseta de Alexandre Nardoni provocadas pela tela de proteção do apartamento, lesões presentes na vítima, dentre outros, foi estabelecida a dinâmica dos acontecimentos e a autoria da ação criminosa. Foi também demonstrado que que houve tentativa de adulteração da cena. Após cinco dias de julgamento, o juiz Maurício Fossen fez o pronunciamento, que foi transmitido por diversas redes de televisão ao vivo. O júri considerou o casal culpado por homicídio triplamentequalificado (pela menina ter sido asfixiada, considerado meio cruel, não ter tido chance de defesa, por estar inconsciente ao cair da janela, e por alteração do local do crime). Alexandre Nardoni foi condenado a 31 anos, 1 mês e 10 dias - pelo agravante de ser pai de Isabella - e Anna Carolina Jatobá, a 26 anos e 8 meses, em regime fechado. Se o mesmo rigor técnico e científico pudesse ter sido aplicado ao caso dos irmãos Naves, o desfecho teria sido diferente. Local de crime – conceitos básicos Definição de local de crime O local de crime é o palco principal onde, em geral, se inicia o do trabalho da perícia criminal, representa o berço de geração dos vestígios produzidos no fato em apuração. http://pt.wikipedia.org/wiki/Homic%C3%ADdio#Homic.C3.ADdio_qualificado http://pt.wikipedia.org/wiki/Asfixia http://pt.wikipedia.org/wiki/Inconsciente http://pt.wikipedia.org/wiki/Reclus%C3%A3o CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 9 De acordo com Kehdy, 1959: “Local de crime é toda área onde tenha ocorrido um fato que assuma a configuração de infração penal e que, portanto, exija providências da polícia.” Ou ainda de acordo com Rabello, 1996: “Local de Crime - é a porção do espaço compreendida num raio que, tendo por origem o ponto no qual é constatado o fato, se estenda de modo a abranger todos os lugares em que, aparente, necessária ou presumivelmente, hajam sido praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou posteriores à consumação do delito e com estes diretamente relacionados”. Nesse conceito, estão compreendidos, naturalmente, os crimes de qualquer espécie, bem como todo fato que, não constituindo crime, deva chegar ao conhecimento da Polícia, a fim de ser convenientemente esclarecido. Assim, um local onde tenha ocorrido um homicídio, suicídio, acidente, incêndio, explosão, furto qualificado, atropelamento, colisão de veículos, etc., recebe a denominação genérica de “local do crime” ou “local do fato”, porque se torna necessário elucidar as circunstâncias em que o mesmo se passou. A figura 3 exemplifica diferentes tipos de locais de crime. Figura 3 - Locais de crime: A - Local de crime contra a vida; B - Local de crime contra o patrimônio; C - Local de crime de laboratório clandestino de drogas de abuso e D - Local de crime contra o meio ambiente. B A C D CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 10 O Local como fonte de Informação Num local de crime podem ser obtidas diversas informações a respeito do que ocorreu ali e da autoria da conduta questionada. Essas informações apresentam variados graus de disponibilidade, podendo se apresentar de maneira explícita ou não. Geralmente, os operadores do Direito: juízes, promotores e advogados, vinculados a determinada ação penal não tiveram acesso à cena de crime. Suas convicções serão construídas com os elementos que a investigação e a perícia elaborarem. Essa é a principal razão pela qual numa análise de uma cena de crime deve-se procurar obter a maior quantidade de informações possível. São essas informações que lastrearão o conhecimento dos fatos ocorridos, sua dinâmica e configuração. A recenticidade dos fatos e a oportunidade, por vezes única, do adequado tratamento do local demandam um imperioso cuidado e planejamento da abordagem de uma cena de crime. Frequentemente, a análise de informações contraditórias demanda, por parte dos investigadores envolvidos, o uso do bom senso e de sua discricionariedade enquanto agentes públicos. Basicamente, existem dois tipos de informações disponíveis em uma cena de crime: as subjetivas representadas pelo conhecimento de alguém sobre o fato e aquelas denominadas objetivas que são oriundas da análise dos vestígios materiais. Informações subjet ivas Denominam-se informações subjetivas aquelas decorrentes do conhecimento dos fatos por parte de pessoas que viram ou, de alguma maneira, tomaram conhecimento do acontecido. Esse tipo de informação é de ordem interpretativa e de cunho pessoal, podendo até mesmo não refletir a verdade. Frequentemente, essas informações são incompletas, abarcando apenas uma parte do fato. Pesquisas comprovarão que nem sempre vemos corretamente o ocorrido, vemos uma parte da realidade, ou seja, vemos nossa interpretação da realidade. Nossa percepção e nosso julgamento dos fatos são construídos com base na nossa experiência anterior com fatos similares e se um fato “novo” diferente se apresenta a mente busca encaixá-lo na matriz de conhecimentos anteriores e quando não encontra procura construir um aproveitando elementos similares disponíveis. Essa é a principal razão pela qual julgamos erroneamente e com base em estereótipos. Na prática, esse tipo de informação pode vir a contribuir no sentido de formar uma adequada reconstrução mental do ocorrido, facilitando as diversas etapas de investigação do local. No entanto, muita cautela deve ser exercida, pois não são informações calcadas em dados concretos e absolutos. São informações que representam como determinada pessoa interpretou o fato ocorrido. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 11 Se adicionarmos a essa cautela as razões de desconfiança necessárias quando suspeitamos que as informações são mentirosas, de maneira proposital, teremos avançado na ponderação das informações subjetivas. De forma alguma queremos ser interpretados como contrários às informações subjetivas, acreditamos muito em seu valor e indicamos a todos os investigadores a procurá-las exaustivamente em um local de crime, o que fazemos é alertar para o fato de que podem ser ilusórias ou forjadas, ou seja, ilusórias nos fazendo perder um tempo precioso seguindo uma história mirabolante que não levará a nada ou ainda forjada, aquela criada para nos desviar do caminho correto. Indicamos a todos os investigadores que busquem validar as informações subjetivas com a existência de elementos materiais que comprovem a história ou versão. Essa será a garantia de não sermos enganados ou iludidos. Informações or iundas de ves t íg ios - Objet ivas Como toda conduta humana deixará atrás de si um rastro material, só o que se precisa fazer é encontrá-lo. Essa afirmação é clara, porém atingi-la não é simples. O rastro material da conduta nem sempre é claro, tangível e, muitas vezes, necessita de tecnologia e procedimentos nem sempre disponíveis. Neste aspecto o principal trabalho do perito é encontrar o rastro, analisá-lo e por fim contextualizá-lo com o fato gerando as provas materiais necessárias. Como testemunhas mudas de um crime, os vestígios materiais são a fonte objetiva de informações, pois sua análise é mais precisa e mais segura, pois é baseada em princípios técnico- científicos consagrados e não em interpretações subjetivas. Em muitos casos, parte dos vestígios pode ser guardada como contraprova visando a dirimir questionamentos futuros. Aliás, este é o procedimento padrão de se preservar, sempre que possível, vestígios para análises futuras. Este conhecimento de locais de crime não é novo, já em 1934 o cientista forense Edmond Locard, ao elaborar o princípio da transferência, nos trouxe a informação de que existe sempre a troca de vestígios entre os agentes delituosos e o ambiente. O criminoso deixa algo seu no local, ou leva algo do local consigo. Tal conceito é ilustrado pelo texto abaixo: “Onde quer pise, onde quer que toque ou o que deixe, mesmo que inconscientemente, irá servir como testemunha silenciosa. Não somente suas digitais ou suas pegadas,mas seus fios de cabelo, as fibras de suas roupas, as partículas de vidro que quebrou, as marcas de ferramenta que deixou, a tinta que arranhou, o sangue ou o sêmen que depositou, todos estes materiais serão testemunhas silenciosas contra ele. Isto é uma evidência que não falha. Isto é uma evidência que não é duvidosa, como o depoimento nervoso de uma O QUE DIZ A LEI: Art. 170 do CPP – Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 12 testemunha ou a própria ausência desta. Estas são evidências concretas e factuais. Evidencias deste tipo não se confundem. Elas não mentem e também nunca estão ausentes. Somente sua interpretação pode gerar erros. Somente a falha humana em achá- las, em estudá-las,e em entendê-las poderá diminuir o seu valor probatório”. Paul L. Kirk, 1953. Mas será que sempre se poderá encontrar o rastro material da conduta delituosa? Como muitas outras perguntas em Criminalística a única resposta possível é: Depende. Alguns pressupostos devem ser rigorosamente seguidos para que os vestígios visíveis ou não possam ser encontrados e coletados e esses princípios são: local adequadamente isolado e preservado para a perícia, capacitação contínua do quadro de peritos e existência de equipamentos e tecnologias corretas a cada vestígio. Se os fatores elencados no parágrafo anterior estiverem todos satisfeitos ampliaremos sensivelmente as chances de encontrar e contextualizar os vestígios da conduta delituosa. Ampliaremos as chances de “ouvir” as testemunhas silenciosas e direcionar a apuração, e com isso ampliaremos as probabilidades de condenar os criminosos e eliminar os inocentes da suspeição causando maior sensação de justiça na sociedade e maior sensação de punição entre os criminosos. Como ponto ainda a ser relembrado, temos o fato de que as informações de testemunhas e a confissão deverão ser refeitas no processo penal enquanto que a análise de um local da forma adequada será impossível no curso do processo penal. A intervenção pericial, mesmo com o maior cuidado possível, alterará o local de crime, a simples coleta de um vestígio já altera o local. Isso confere à perícia uma importância e uma responsabilidade muito grande, pois as provas materiais nem sempre poderão ser reanalisadas. UM POUCO DE HISTÓRIA Edmond Locard (1877 – 1966) foi um dos pioneiros no desenvolvimento das Ciências Forenses. Ele formulou o princípio básico da criminalística: "Todo contato deixa uma marca", que ficou conhecido como o princípio de Troca de Locard. Locard estudou Medicina e Direito em Lyon, tornando-se o assistente de Alexandre Lacassagne, criminologista e professor. Em 1910 ele começou fundar seu próprio laboratório criminal. Ele produziu um monumental trabalho de sete volumes, chamado Traité de Criminalistique e, em 1918, descreveu doze pontos característicos para a identificação de impressões digitais. Edmond Locard continuou com a sua pesquisa até a sua morte, em 1966. Fonte: http://fdaf.org/jtissot/jt_locard.htm CURIOSIDADE Edmond Locard esteve no Brasil em 1921 para atuar como perito no caso Bernardes (caso envolvendo Arthur Bernardes, o então candidato a presidência da República do Brasil, em relação à autoria de carta com texto ofensivo ao Exército Nacional). No entanto, Edmond Locard concluiu equivocadamente pela autoria das cartas anônimas atribuídas ao ex-presidente, em decorrência de aceitar como legítimos os padrões do anonimógrafo Oldemar Lacerda, posteriormente desmascarado pelos laudos dos peritos cariocas Serpa Pinto e Simões Corrêa. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 13 Teoria dos vestígios Para entender mais sobre vestígios e locais de crime faz-se necessário uma breve revisão sobre a teoria dos vestígios. Vestígios, em sentido amplo, são marcas, rastros, sinais, manchas, etc, conforme exemplos mostrados na figura 4. Segundo Demercian e Maluly, 2001: (...) são sinais, dados materiais, resquícios percebíveis pelos sentidos, manifestações físicas que se ligam a um ato ou fato ocorrido ou cometido, isto é, à infração penal. A apreciação pelos sentidos, desses dados materiais é que constitui o exame de corpo de delito. Para a Criminalística, vestígios são elementos materiais encontrados em um local de crime ou que compõem um exame pericial e que podem estar ou não relacionados com o crime, ou com o fato em apuração. Servem como matéria prima na produção da prova material. Relação dos ves t íg ios com os fa tos Em investigações sempre existem muitos vestígios, muitos detalhes que atraem a atenção dos investigadores e dos peritos. Um grande problema em cenas de crime é determinar o vínculo entre os diversos elementos materiais presentes na cena e sua relação com os fatos. Essa é uma questão crucial. Imagine um perito chegando a uma cena de crime, e todos os elementos ali presentes, quais são vinculados ao fato que se investiga? Todos? Esta é uma questão crucial, e por isso nos deteremos um pouco classificando os vestígios. Ressalta-se que é possível, diante de um fato criminoso, a investigação seguir pistas falsas, que pareciam verdadeiras no início, perdendo Figura 4 - Logo da Associação Mediterrânea de Ciências Forenses, exaltando a importância dos vestígios (armas, impressões, DNA...) para a promoção da justiça. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 14 muito tempo e, às vezes, inviabilizando os trabalhos, porque nem sempre os vestígios encontrados têm relação com os fatos. Assim a Criminalística estabelece a seguinte classificação dos vestígios com relação ao fato, conforme explicado a seguir sintetizado na figura 5: Vestígios Ilusórios: aqueles que são encontrados numa cena de crime e parecem relacionados ao fato. Alguns deles podem ser considerados importantes e receberão a atenção dos peritos. Como se está no início dos exames ainda não poderão ser descartados, pois parecem relacionados ao fato. Receberão o tratamento adequado, serão coletados de acordo com a cadeia de custódia, serão encaminhados para outras análises. Enfim tomarão um tempo considerável da perícia até a definição de que não tem relação com o fato e estavam no local de crime como fruto do acaso, mas no início era impossível perceber. A advertência sobre a presença de vestígios ilusórios é feita para que se saiba de sua existência e não para que se descarte “coisas” ainda no início dos exames. Se o vestígio não tem claramente um sinal de exclusão, a boa técnica determina sua coleta e análises. Poderia se perguntar o que é um sinal claro de exclusão de um vestígio e no momento não existe resposta para isso, pois dependerá de tantos fatores que não cabem no escopo de uma obra como esta, apenas ressaltamos que isso é construído pela experiência do perito e sua capacitação. Vestígios Forjados: sua configuração é muito parecida com o vestígio ilusório, diferindo daquele no seguinte aspecto: não estava na cena de crime por acaso, foi “plantado lá” seja pelo autor ou por qualquer indivíduo que queira mudar o rumo de uma investigação. São vestígios preparados para desviar a atenção da investigação e conduzi-la a uma direção contrária aos fatos em apuração. Apesar dessa condição de forjados, devem ser investigados, primeiro porque não se deve desprezar nada no local, segundo, porque podem evidenciaralguma pista do verdadeiro autor. Vestígios Verdadeiros: são aqueles que, após depuração da equipe pericial, conclui-se ter relação com os fatos em investigação, por serem resultado da ação ou omissão do autor e cuja interpretação correta pode levar à elucidação do crime. Vestígio “bituca” de cigarro encontrado no local de crime Hipóteses 1ª) A bituca de cigarro foi gerada por acaso, no local, por um indivíduo não relacionado ao crime 3ª) A bituca de cigarro foi gerada, no local, por um indivíduo relacionado ao crime (autor ou vítima) 2ª) A bituca de cigarro foi gerada por terceiros, e levadas propositalmente ao local, para desviar a investigação Vestígio Ilusório Vestígio verdadeiro Vestígio forjado Figura 5 - Classificação dos vestígios quanto ao tipo. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 15 Relação dos ves t íg ios com o autor Antes de se falar da relação dos vestígios com seu autor, é preciso esclarecer que o agente de vestígios, ou o autor de vestígios, nem sempre é o ser humano, embora ele esteja, de certa forma, por trás de todos os acontecimentos de interesse da Criminalística, e possa deixar vestígios por meio de marcas de seu corpo, como a impressão digital, pegada, ou substâncias como esperma, sangue, saliva, pele, pelos, etc. Tecnicamente, são chamados de agentes de vestígios, além dos homens, os animais, objetos, instrumentos que, natural ou artificialmente, provocam vestígios materiais. De acordo com sua relação com o autor, os vestígios são classificados em: Absolutos: aqueles que permitem que se estabeleça relação absoluta, direta com o seu autor ou com a vítima, como, por exemplo, impressão digital e material genético contido em vestígios biológicos. Nesse caso, quem deixou impressão digital ou sangue no local, deixou uma parte identificável de si mesmo. Relativos: aqueles que não guardam relação absoluta, identificável de pronto com o seu autor. Sua relação com o autor é por meio da identificação da classe a que pertence. O sangue contendo material genético identificável por meio de DNA é um vestígio absoluto, entretanto se não puder ser obtido o DNA, mas apenas a tipagem sanguínea do sangue (A, B, AB ou O), o vestígio será relativo, pois direcionará a busca do autor a uma classe de indivíduos portadores daquele tipo sanguíneo. Fica claro, na primeira leitura, que preferimos os vestígios absolutos, mas esses não são os mais frequentes. O perito deve estar atento ao fato de que a segurança de um vestígio relativo somado a outros elementos podem levar com segurança ao autor do fato. A relação pode ser estabelecida de forma indireta. Imagine a seguinte situação: encontramos vestígios biológicos de manchas de sangue que por alguma razão não conseguimos extrair DNA de forma segura para uma comparação, temos apenas a possibilidade da tipagem sanguínea e o resultado foi para sangue O+. O de maior probabilidade de ocorrência na população brasileira, Isso não prova nada não é mesmo? Mas imagine que no curso da investigação se descubra dentre todos os possíveis suspeitos que apenas dois deles tem o sangue tipo O+. A amostragem diminui consideravelmente não é? Pois de todos os indivíduos com sangue tipo O+ apenas estes dois poderiam ser os suspeitos. Um indivíduo com sangue AB já poderia ser descartado como suspeito. Os vestígios relativos podem chegar a identificar um único suspeito dependendo da quantidade de informações às quais ele se soma. Dizemos que se temos vestígios relativos IMPORTANTE: É quase sempre muito difícil para o perito diferenciar vestígios verdadeiros, ilusórios e forjados, no início dos trabalhos. Por isso, nenhum detalhe pode ser desprezado; tudo deve ser investigado e analisado cuidadosamente, não se deve seguir uma pista só. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 16 suficientes e vamos cruzando os dados, iremos reduzindo sempre o número de suspeitos, até chegar a individualizá-lo. Ainda com relação a relacionar vestígios com seu autor, pode se utilizar o mesmo raciocínio para elementos materiais e um bom exemplo disso é a Balística Forense. Se a única coisa possível a se determinar de uma arma utilizada é seu calibre (todos os demais elementos identificadores encontram-se prejudicados) podemos dizer que temos um vestígio relativo que exclui todas as demais armas de calibres diferentes e podemos concentrar nossa atenção na busca por aquela arma de determinado calibre, o que deixa a procura mais seletiva e, portanto, mais efetiva. O mesmo raciocínio vale para marcas de impacto e ferramentas, veja maiores detalhes no capítulo 6. Vestígios e Indícios Conforme visto anteriormente, vestígio é o objeto do exame pericial que pode ou não estar relacionado com o evento que deflagrou a solicitação da análise pericial. Já indício é uma palavra que o Código de Processo Penal define, em seu art. 239, da seguinte forma: “considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”. Da interpretação desse dispositivo legal, pode-se concluir que indício é uma suspeita fundamentada que pode muitas vezes não ser representada por meio de vestígios materiais. O indício é, portanto, uma hipótese sobre determinado fato, cujo valor é diretamente proporcional ao número de provas encontradas para provar a sua existência. Os indícios de um crime podem ser representados por meio de vestígios materiais ou circunstanciais. Alguns autores trazem ainda para o corpo da criminalística o conceito de evidência. Para esses autores, evidência é o vestígio, que após as devidas análises, tem constatada técnica e cientificamente, a sua relação com o crime. Assim, no momento em que os peritos chegam à conclusão que tal vestígio está – de fato – relacionado com o evento periciado, ele deixará de ser um vestígio e passará a denominar-se evidência. De maneira resumida, há autores que consideram que vestígio é o material bruto constatado e/ou recolhido no local do crime, enquanto que evidência é o vestígio analisado e depurado, tornando-se uma prova por si só ou em conjunto, para ser utilizada no esclarecimento dos fatos. Uma vez que tal expressão não está reproduzida no Código de Processo Penal, optou-se nesta obra, por adotar apenas os conceitos relacionados a vestígios e indícios. Apesar das diferenças conceituais, é comum nos depararmos com o uso, por leigos e até mesmo por técnicos, das três expressões como se fossem sinônimos. Cadeia de custódia O termo “cadeia de custódia” refere-se a uma sucessão de eventos seguros e confiáveis que deverão ter início de forma legal no primeiro contato da polícia com o vestígio. Este é um termo CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 17 que deve ser considerado com muita cautela, pois é de importância fundamental para a persecussão penal. Imagine a seguinte situação: existe no setor de Criminalística de determinada região um dos melhores laboratórios de genética forense, capaz de extrair amostras de DNA de vestígios complexos (por exemplo: cadáveres em elevado estado de decomposição) e ainda elaborar resultados com a velocidade adequada. Suas análises possuem uma confiança e credibilidades inigualáveis. Este laboratório recebeu uma camiseta contendo sangue e também a amostra do suspeito. O resultado foi concludente e positivo. No curso do julgamento da ação penal a defesa apresentou à corte a fotografia de um policial manuseando a veste questionada no local de crime sem luvas. Issodiminuiu a credibilidade da prova? Diminuiu o valor probatório do resultado do DNA? Independente da resposta que você está elaborando em sua mente, saiba que a fotografia em questão acrescentou sobre a camiseta o seguinte questionamento: será que a polícia manuseou corretamente o vestígio em questão a ponto de garantir sua idoneidade? Será que a camiseta que a perícia recebeu foi a mesma coletada no local de crime? Será que outros manipularam o vestígio? No nosso caso fictício concluímos que a dúvida surgida anulou o exame de DNA e a defesa conseguiu excluir uma importante prova da acusação e que era a única que individualizava o suspeito. Não houve condenação apesar do pleno conhecimento dos fatos. Neste exemplo, considera-se que houve quebra da cadeia de custódia. Consideramos então que o cuidado com os vestígios desde sua origem até sua destinação final é um dos elementos garantidores das informações extraídas dos mesmos. A isso chamamos cadeia de custódia. UM POUCO DE HISTÓRIA Percebendo que o DNA era o principal conjunto de provas, as alegações da defesa foram centradas basicamente na manipulação incorreta e contaminação de vestígios. Introduziram um grau de “dúvida razoável” com relação à autoria do crime. Assim, após 133 dias de julgamento, O. J. Simpson foi declarado inocente. Na noite do dia 12/06/1994, Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman foram encontrados mortos na casa de Nicole, em Brentwood, Los Angeles, California. As investigações apontaram Orenthal James (O. J.) Simpson, ídolo do futebol americano como principal suspeito. Sem a arma do crime, sem boas impressões digitais, sem testemunhas e sem confissão do principal suspeito, a polícia se concentrou principalmente nos vestígios biológicos que eram abundantes na cena do crime. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 18 São duas as formas mais importantes para se iniciar a cadeia de custódia: a perícia em locais de crime e a execução de mandados de busca e apreensão. Em ambos instrumentos os cuidados devem ser tomados tanto no âmbito técnico quanto no âmbito legal. Como nossa análise é direcionada a locais de crime, nosso enfoque será este, mas o raciocínio é válido para qualquer outra forma em que vestígios materiais sejam trazidos ao escopo de uma investigação. De nada adiantará possuirmos a melhor estrutura de análise se o vestígio tiver sua origem questionada. O principal cuidado é garantir sua segurança e idoneidade. Este cuidado é função de toda a polícia, senão de nada adiantarão as mais modernas tecnologias criminalísticas se o vestígio apresentar pontos questionados (técnicos ou jurídicos) em sua obtenção e coleta. Se um vestígio material com valor probatório tiver sua origem questionada, o processo como um todo poderá ser ineficiente no que tange à aplicação da Justiça. Indivíduos culpados podem ser postos em liberdade por quebra da cadeia de custódia. Concluímos, então, que cadeia de custódia é uma sucessão de eventos seguros e confiáveis que, tendo origem na cena de crime, mantém a idoneidade legal e a preservação técnica necessárias para que esses vestígios não venham nunca a ter sua origem e manuseios questionados até sua utilização pela Justiça como elemento probatório. Para isso é necessário que cada vestígio coletado seja devidamente documentado, como veremos no capítulo sobre documentação de vestígios. A figura abaixo apresenta, de forma suscinta, um modelo de formulário que pode ser usado desde a cena de crime até a guarda definitiva do vestígio material. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 19 Figura 6 – Exemplo de formulário de cadeia de custódia. Propósito da invest igação em locais de cri me Figura 7 – O objetivo geral de uma análise de um local de crime é a determinação de respostas para as perguntas acima. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 20 Conhecer os fa tos O principal ponto que se busca, ao se investigar um local de crime, é encontrar as informações que podem levar à solução do crime. É como montar um “quebra- cabeças” em que as peças estejam perdidas lá na cena do crime. Será por meio da perícia do local que essas peças poderão ser encontradas possibilitando a obtenção das respostas às perguntas indicadas na figura 7. Como vimos na teoria dos vestígios, os peritos também encontrarão peças de outros quebra- cabeças, vestígios ilusórios e forjados, e caberá analisar cada um até definir aqueles que efetivamente sejam do fato em apuração e a partir deles elaborar a dinâmica do ocorrido. Já vimos que estas informações podem estar presentes na cena do crime de forma visível ou não e podem ser objetivas ou subjetivas. Caso as informações não sejam encontradas, faltarão peças para a montagem do “quebra cabeças” e isso impactará na aplicação da lei e consequentemente na criação da sensação de “punibilidade”. Percebe-se que a responsabilidade, por parte da perícia de um local, é muito grande, pois todos operadores do direito que participarão do futuro processo de aplicação da lei penal somente poderão tomar suas decisões com base no que tenha sido obtido durante a investigação e da perícia do local. Raramente o local poderá ser visitado por juízes, promotores e advogados com a finalidade de elucidar suas dúvidas. Geralmente, o conhecimento dessas autoridades sobre o local de crime baseia-se nas documentações produzidas durante a investigação. Obter provas As informações obtidas quando da análise do local podem se tornar provas, isto é quando se processa de maneira efetiva uma cena de crime, encontrando os vestígios materiais relacionados ao fato, contextualizando–os por meio de registros fotográficos, filmagens, descrições detalhadas e croquis, coletando-os e encaminhando de maneira adequada, está se assegurando uma eficácia na transformação dos vestígios materiais em provas. Por meio desse rigor técnico e metodológico no processamento de uma cena de crime, as informações baseadas nos vestígios materiais se robustecem de forma a gerar provas materiais. Mas quando esse rigor técnico e metodológico não é seguido pode até se encontrar as mesmas informações de outras fontes, mas a segurança na aplicação da lei fica diminuída gerando somente provas circunstanciais, o que pode enfraquecer o corpo probatório. Assegurar a cadeia de custód ia Seguindo a mesma linha de raciocínio de robustecer o corpo probatório, percebe-se que, para assegurar a cadeia de custódia, alguns cuidados devem ser tomados. Neste aspecto, ressaltamos que quando se trata de vestígios deve-se tomar ainda o cuidado adicional de verificar como os mesmos foram encontrados, ou seja, o modo como eles integrarão o futuro corpo probatório. Especificamente em locais de crime a legislação é clara, pois determina CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 21 que o local seja periciado. Se forem encontrados os vestígios materiais em um local de crime, mas por alguma razão a perícia não foi feita, pode-se ter uma falha na cadeia de custódia que inclusive leve à nulidade processual. O artigo 564 do CPP evidencia, de forma direta, a importância que a perícia de local representa no contexto probatório, referindo-se sobre a sua indispensabilidade, sob pena de nulidade de processos. Chamamos a atenção para este ponto devido ao fato de que algumas vezes, policiais bem- intencionados coletam vestígios materiais em um local de crimee o encaminham posteriormente para a perícia. A razão para essa conduta é variada, englobando desde localidades onde não existem peritos oficiais, locais onde a perícia não poderia comparecer tempestivamente ou ainda mesmo a falta de consciência da necessidade legal de realização de uma perícia de local. Mesmo nestes casos a falta da perícia de local pode comprometer o contexto probatório. Para evitar que isso aconteça o legislador inseriu na codificação artigos que visam a deixar claro qual é o papel de cada um na cena de crime e o fez pensando na cadeia de custódia e na integridade dos vestígios. O Código de Processo Penal, em dois artigos, chama atenção para a perícia de local. O QUE DIZ A LEI: Art. 158 CPP – Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Art. 159 CPP – O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. O QUE DIZ A LEI: Art. 564 CPP – a nulidade ocorrerá nos seguintes casos: Inc. III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: Alínea b - o exame do corpo de delito nos crimes que deixem vestígios, ressalvado o disposto no art. 167. O QUE DIZ A LEI: Art. 169 do CPP – Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973) Parágrafo único – Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Incluído pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L5970.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1989_1994/L8862.htm#art169p CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 22 Ao analisar os artigos 6º e 169 do CPP pode se perceber que cabe aos peritos criminais o processamento de uma cena de crime de forma a encontrar e documentar os vestígios ali presentes. Mas para que isso aconteça é necessário que a cena de crime não sofra alterações por parte dos primeiros policiais que chegarem ao local. O parágrafo único do artigo 169 determina inclusive que os peritos discutam em seu laudo os resultados das alterações encontradas. O isolamento e preservação de uma cena de crime são aspectos básicos cruciais para uma perícia de local eficiente, que serão discutidos no próximo capítulo. A conduta em procedimentos de busca e apreensão é diferente, nestes, os vestígios são apreendidos e encaminhados para a Perícia, que fará análises posteriores. Mas mesmo nestes casos é de extrema importância que toda e qualquer pessoa que tenha algum contato com os vestígios o faça de maneira clara e documentada, não deixando quaisquer dúvidas que possam gerar falta de credibilidade no manuseio deles. Necess idade técnica Além da necessidade legal do perito no local do crime, também devem ser considerados os aspectos que envolvem o preparo técnico para o trato com alguns vestígios materiais. A grande variedade de vestígios, biológicos, químicos e físicos existentes demanda uma série de conhecimentos particulares para sua localização e coleta. O conhecimento técnico sobre o alcance do exame ao qual o vestígio será submetido posteriormente, suas condições de armazenagem e acondicionamento adequado e os riscos de degradação a que o vestígio possa vir a ser submetido são alguns dos aspectos técnicos que ressaltam essa necessidade técnica que é fornecida pela capacitação dos peritos em locais de crime. No âmbito do Departamento de Polícia Federal a capacitação dos peritos em locais de Crime é uma disciplina que recebe uma importância ímpar no curso de formação e também na capacitação continuada. Podem ainda existir locais em que seja requerido o comparecimento de um perito com especialização específica para auxiliar nos trabalhos de busca e coleta. Além desta necessidade de coleta adequada do vestígio, existem ainda outros aspectos que envolvem a habilidade técnica para processar a cena de crime. Trata-se da interpretação do vestígio no local. Uma mancha de sangue coletada poderá fornecer um padrão de DNA ou uma tipagem sanguínea numa perícia no laboratório, mas no local de crime poderá fornecer mais elementos, tais como sua forma, localização na cena, distância relacional com outros vestígios, enfim uma série de informações de contexto que são importantes para a elaboração da dinâmica dos fatos. Locais de interesse da polícia Para o melhor entendimento e a exemplificação mais clara do que seja um local de crime, são apresentadas as classificações escritas a seguir. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 23 Local onde aconteceu o fa to É o local de crime típico. Nele, está presente uma grande quantidade de vestígios materiais. Deve ser processado pela Criminalística. É o objeto de estudo deste livro. Local que sofreu as conseq uências do cr im e Esse tipo de local torna-se importante na constatação da materialidade de certos tipos de crime. Não necessariamente o crime ocorre fisicamente nesse local, mas seus efeitos podem ser percebidos e registrados pela perícia. Ex.: Uma investigação de um crime em que se suspeita que uma quadrilha de empresários é responsável pelo desvio de verbas públicas, inicialmente destinadas à construção de uma estrada, exige da polícia a obtenção da materialidade do crime. Isso pode ser conseguido por meio de uma perícia de local, com a finalidade de constatar se a estrada foi ou não construída de acordo com o projeto inicial. Outro exemplo típico são os crimes cometidos por meio da internet que podem ser perpetrados por indivíduos que estão em locais distintos daqueles onde os resultados são produzidos. Local onde o cr ime fo i p lanejado Esse local fornece uma grande quantidade de informações sobre os autores do crime, seu modus operandi e a possível vinculação com outros locais ainda não conhecidos. A obtenção de vestígios nesse local depende, muitas vezes, de um mandado de busca e apreensão ou de diligências complementares. Ex.: Realização de mandados de busca e apreensão nos escritórios das empresas construtoras da estrada referida no exemplo anterior. Local re lacionado ao fa to São locais onde podem ser obtidas informações adicionais sobre o crime, objetivas ou subjetivas, que possam auxiliar no contexto da investigação, mas que não possuem continuidade geográfica com os locais imediatos e mediatos. É do interesse da investigação encontrar esses locais e os seus vestígios. A obtenção das informações ali contidas deve ser resguardada por uma diligência bem planejada e, de preferência, na posse de um mandado de busca e apreensão. Ex.: O acerto de propina entre os empresários e interessados no crime referido no exemplo anterior aconteceu em um determinado hotel. A polícia deve então procurar obter as fitas de vídeo do circuito interno de segurança do hotel, os registros de hospedagem dos envolvidos, as formas de pagamento, o registro telefônico, etc. O local comumente conhecido no meio policial como “local de desova” (aquele em que o corpo é deixado e diverge do local da morte) é tipicamente classificado como local relacionado ao fato. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 24 O Processamento do Local O processamento do local de crime é uma atividade pericial que é composta por uma sériede atividades sequenciais cronológicas. A execução de cada atividade impacta diretamente na próxima. Conhecer quais são estas etapas é crucial para que se saiba qual pode ser o alcance de uma perícia de local. Neste capítulo procuraremos apresentar as seguintes etapas: Preparação, Chegada ao Local, Busca Inicial, Busca Completa, Documentação do local, Coleta de Vestígios, Reunião final e Liberação do Local. Preparação Para a perícia, a existência de um local inicia-se com o recebimento da comunicação da necessidade de se periciar um local de crime. Geralmente essa comunicação é feita ao plantão policial que aciona a chefia do setor de Criminalística. Este procedimento pode variar de acordo com a estrutura de cada instituição. As equipes de plantão designadas para o atendimento dos locais variam de composição dependendo do tipo específico de locais que atenderão. No âmbito da perícia federal a designação dos peritos é realizada pela chefia da unidade de Criminalística atendendo as especificidades de cada chamado. Essa designação é necessidade uma necessidade que possui aspectos jurídicos de acordo com determinações do Código de Processo Penal. Em muitos casos o fato de estar em uma equipe de plantão formalmente instituída supre essa necessidade. O QUE DIZ A LEI: CPP - Capítulo II - DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) ... Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11690.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11690.htm#art1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 25 A partir então do acionamento/designação o perito deve adotar todas as providências necessárias para o atendimento da solicitação, o que inclui verificar se possui todos os materiais e equipamentos necessários. O prejuízo no atendimento de um local sem os equipamentos e materiais necessários é facilmente entendido quando se pensa na possível perda de vestígios não sendo encontrados por falta de equipamentos, sendo mal coletados por falta de materiais ou ainda encaminhados sem o devido cuidado. Esses procedimentos com relação a cada vestígio serão detalhados nos capítulos seguintes. Reunir todos os recursos materiais e humanos necessários ao atendimento é denominado de etapa de preparação. Para que essa etapa seja realizada eficientemente apresentamos a seguir uma série de instruções que contribuirão para agilizar o atendimento minimizando a possibilidade de se esquecer de detalhes importantes. Informações preliminares Para que se possa realizar a preparação adequadamente é preciso reunir algumas informações sobre o local a ser periciado. Essas informações podem não estar disponíveis no momento do acionamento, razão pela qual o perito deverá buscar o contato com policiais que já estão no local e podem ajudar no fornecimento de informações. , pode-se entrar em contato com a pessoa quem realizou o acionamento e solicitar as seguintes informações: Natureza do evento Esta informação é a mais disponível e geralmente acompanha o acionamento, entretanto algumas vezes pode vir incompleta, Conhecer o tipo de local a ser periciado dá a ideia precisa de quais vestígios poderão estar presentes no local e quais materiais e equipamentos o perito necessitará. Por exemplo, caso o acionamento seja para um local de morte violenta, sem maiores detalhes, pode-se solicitar informações adicionais tais como: o cadáver está no local ou foi removido? quantos corpos existem? qual a suspeita de morte (tiro facada, pancada)? Etc. Muitas vezes quando se está buscando estas informações também pode-se repassar instruções para a equipe de isolamento, seja para ampliar a área isolada, seja para tomar alguma outra providência. Localização exata da cena Existem situações em que a perícia ao ser acionada conta com um endereço, uma coordenada GPS, ou uma outra indicação que não traz a localização de maneira imediata, o que pode atrasar a chegada ao local. Cada minuto de atraso amplia a possibilidade da cena de crime ser alterada, e para isso o deslocamento rápido é crucial. Obter indicações de trajeto e pontos de referencia, auxiliarão no planejamento da rota e consequentemente no atendimento mais rápido da CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 26 ocorrência. Outras informações importantes do ponto de vista operacional e de segurança referem- se à caracterização geográfica e topográfica do local, dos percursos, obstáculos e distâncias. Transcurso de Tempo Obter uma estimativa de quanto tempo se pressupõe que o fato possa ter ocorrido ajudará a estabelecer a necessidade de algum tipo de procedimento adicional seja de recurso material ou humano. Por exemplo, num acionamento de local em que foi encontrado um cadáver fica difícil estabelecer a data da ocorrência, mas pode-se perguntar qual é o estado em que o cadáver se encontra. Isso pode ser o diferencial entre obter o apoio de um entomologista ou preparar equipamentos para recolhimento de vestígios entomológicos. A data/hora do recebimento da comunicação, bem como a hora em que a equipe foi enviada ao local e a hora a que lá chegou, deverão ser sempre registradas, pois, mais tarde, esses períodos de tempo (por ex. o tempo decorrido entre a comunicação e a chegada ao local), correlacionados com outros elementos, poderão trazer indicações valiosas para a investigação. Recursos materiais O conjunto de meios materiais e equipamentos necessários é vasto e diversificado e varia conforme o tipo de crime e as metodologias de investigação empregadas. A seguir é apresentada a estrutura operacional e os materiais e equipamentos mais comumente utilizados na maioria dos locais de crime. Meios de transporte Preferencialmente, as equipes de investigação devem dispor de viaturas destinadas e especialmente adaptadas à equipe de perícia. Esse veículo deve ser dotado de compartimentos ou dispositivos que permitam transportar todos os equipamentos técnicos necessários, bem como, acondicionar e transportar em condições adequadas os vestígios recolhidos no local. É conveniente que a viatura disponha de equipamentos como sirenes, luzes e dispositivos de identificação que permitam tornar a identificação do veículo ostensiva conforme a situação requerer. É importante que a unidade policial disponha de veículos aptos a se deslocarem em terrenos de difícil acesso. Além disso, as viaturas policiais devem ser dotadas de equipamentos de comunicação como rádio e GPS. Meios de comunicação É importante providenciar meios de comunicação que permitam a interação, a todo o momento entre os membros da equipe e entre a equipe pericial e a base (unidade de Criminalística). Pode ocorrer também a atuação de equipes periciais em locais de crime distintos CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 27 espacialmente, porém vinculados ao mesmo fato. A comunicação nestes casos potencializa os resultados além de agilizá-los. Essa comunicação pode ser feita por meio de celulares ou rádio. Caso se trate de uma cena de crime grande recomenda-se que os membros da equipe possuam rádio-comunicação que propicie uma interação segura e eficiente durante os trabalhos além de possibilitar que todos possam estar cientes, em tempo real a respeito àsobservações surgidas durante a análise do local. Materiais de apoio Além dos meios de deslocamento e comunicação, é conveniente ter alguns materiais de apoio, como: Tabela 2 – Relação de materiais de apoio para locais de crime MATERIAL DE APOIO PARA PROCESSAMENTO DE LOCAIS DE CRIME Fontes de energia elétrica / iluminação Material de isolamento de área e sinalização (fita de isolamento, cones, cavaletes etc) Capa e guarda-chuva Lonas e plásticos para cobertura de materiais em caso de chuva Caixa de ferramentas e material de arrombamento Frequentemente a atividade policial demanda a entrada ou o acesso a ambientes fechados como casas, salas, gavetas, etc, bem como encontrar objetos que estão escondidos, enterrados ou submersos. Assim, é necessário dispor de meios capazes de proceder à sua abertura, acesso e, se necessário, arrombamento Materiais básicos para os exames periciais de locais de crime Ao ser acionado para um local de crime, o perito deve verificar, com base nas informações preliminares levantadas, se está levando todo material necessário para identificação, registro, coleta, documentação e preservação dos vestígios, além dos demais materiais para o processamento do local. Entretanto uma vasta gama de materiais são básicos e podem ser utilizados na maioria das cenas de crime, tais como um conjunto diversificado de embalagens, envelopes, frascos e caixas de diversos tamanhos e materiais para a coleta de toda a gama de vestígios porventura encontrados no CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 28 local (objetos de vidro, armas, etc.), visando o seu adequado acondicionamento, preservação e transporte. Os materiais para a coleta e exames periciais em vestígios de natureza específica, como os vestígios biológicos e químicos, serão tratados em capítulos seguintes. Uma pequena tabela apresentando estes materiais na forma de um “checklist” é apresentada a seguir. É conveniente que as embalagens de coleta de vestígios, sempre que possível, já possuam etiquetas com campos a serem preenchidos para identificação do material coletado. Isso evita que se esqueça de registrar informações importantes na hora da coleta e minimiza manipulações desnecessárias do material a fim de identificá-lo. Abaixo, segue uma sugestão de etiqueta de identificação de vestígio, a ser afixada ou impressa em todas as embalagens de coleta. ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO DE VESTÍGIO Local de crime (tipo de crime / local ou instituição/ município) Arrombamento ao Banco do Brasil de Sobradinho/DF. Perito criminal responsável pela coleta do vestígio João da Silva Data/hora da coleta 01/09/2013 - 10h Local da coleta / Tipo de suporte onde o vestígio foi coletado (quando for o caso) Balcão de atendimento do caixa 03 Tipo de vestígio (assinale “x” ao lado) X Material questionado Material padrão Quantidade 01 DESCRIÇÃO DO VESTÍGIO Balaclava deixada sobre o balcão do caixa 03. Figura 8 – Ilustra etiqueta de identificação de vestígio, que deve ser previamente afixada ou impressa na embalagem de coleta. Em vermelho, o preenchimento dos campos a título de exemplo. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 29 Tabela 3 – Relação de materiais básicos para o processamento de locais de crime MATERIAL PARA REGISTRO E DOCUMENTAÇÃO DO LOCAL MATERIAL PARA COLETA DE VESTÍGIOS * Aparelho de GPS (e/ou bússola) Embalagens diversas Prancheta Embalagens de papel de vários tamanhos Papel branco e milimetrado Embalagens plásticas de vários tamanhos Formulários específicos Caixas montáveis de papelão rígido Caneta, lápis, borracha Lupa Pincel atômico Pinças Canetas para escrever em diferentes suportes (vidro, plástico etc) Giz branco e colorido EPI (EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL) Etiquetas auto-adesivas Luvas Fita adesiva, tesoura, cola, régua e barbante Máscaras Máquina fotográfica, com o respectivo cartão de memória e bateria reservas Toucas Filmadora com o com o respectivo cartão de memória e bateria reservas Jalecos descartáveis Tripé Protetores para o calçado Pilhas e baterias sobressalentes Óculos de segurança Dispositivo de armazenamento tipo pen drive Lanternas Lanternas (luzes) Forenses Marcadores de vestígio Escalas métricas Trenas eletrônica e mecânica Paquímetro Detector de metais Balança de mão (portátil) * Não foram elencados os materiais para a coleta de vestígios biológicos, comumente encontrados em locais de crime contra a vida. Esses materiais serão relacionados posteriormente no capítulo que trata dos vestígios biológicos. O mesmo vale para vestígios químicos e outros vestígios específicos. IMPORTANTE: Para se evitar improvisos, o ideal é que o perito faça diariamente uma checagem de todo o material de trabalho antes mesmo que haja algum acionamento. Essa verificação pode ser feita logo no início do dia ou do turno do plantão. Isso é feito mediante um check-list do material de local existente. Essa prática agiliza o deslocamento da equipe pericial num eventual acionamento e garante que todo o material necessário está sendo levado. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 30 Chegada ao local Após a preparação, que deve tomar o menor tempo possível, e ainda durante o deslocamento da equipe até o local, pode se iniciar uma troca de ideias sobre o que poderá ser encontrado no local e quais as melhores estratégias para a condução dos trabalhos. Neste momento pode-se iniciar a distribuição preliminar das tarefas a serem realizadas. Cadeia de comando Para coordenar os trabalhos é importante o estabelecimento de uma cadeia única de comando quanto ao processamento do local. Geralmente as equipes periciais possuem um perito chefe ou responsável, mas caso este responsável ainda não tenha sido definido é necessário que isso seja feito ainda durante o deslocamento. Assumir o local O perito designado como chefe de equipe deve assumir o local de crime de maneira formal e clara. Esta formalidade é necessária e importante, pois até a chegada da perícia o local estava apenas isolado, mas com a chegada dos peritos ele passa a uma nova condição de local em processamento. Assumir o local quer dizer apresentar-se ao policial responsável até o momento, e informá-lo da chegada da perícia e da série de procedimentos que serão realizados. Também é neste momento em que muitas informações subjetivas são repassadas a perícia, mesmo de maneira informal. Aconselha-se a tomar notas destas informações, mas sem que isso implique em formação de juízos sobre o que aconteceu. DICA: No início dos trabalhos quando se assume o local, recomenda-se esclarecer aos policiais, às demais autoridades ou pessoas presentes no local até então que o trabalho não será feito rapidamente, poderá demorar pois a análise de uma cena de crime geralmente é demorada, pois envolve uma série de procedimentos. Essa informação visa a retirar a pressão do tempo para que os peritos possam trabalhar tranquilamente. A pressa é uma das principais fontes de erro no processamento de um local e cabe ao chefe da equipe pericial estabelecer as condições para que os trabalhos sejam realizados na velocidade adequada visando otimizar os procedimentos de busca e coleta de vestígios. Para isso, uma breve exposição sobre como serão conduzidos os trabalhos e qual o foco da análise pericial, ajudará a criar em todos um espírito de cooperação. Muitos policiais podem estar CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesseespecífico do mencionado Curso) 31 na cena de crime há bastante tempo preservando-a e esta explicação pode minimizar-lhes a ansiedade de que a perícia acabará logo. Existem processamentos de cenas de crime que podem durar muitas horas ou mesmo dias. Como só existe uma oportunidade para se processar um local de maneira adequada, deve-se tomar todas as precauções para que isso seja feito na primeira análise. Caso seja necessária a interrupção da perícia por determinados motivos para ser retomada mais tarde deve-se garantir a preservação da cena. Reunião preliminar Após assumir formalmente o local e fazer uma avaliação inicial da cena, o perito chefe deve promover uma reunião informal com todos os membros da equipe pericial para que todos possam oferecer seu ponto de vista sobre a cena encontrada. Esta etapa é realizada no local de crime. Nesta reunião o chefe pode repassar aos demais membros as informações obtidas da conversa com o responsável pelo local até então. Até este momento as informações que se tinha do local foram obtidas mediante relatos de terceiros, mas agora já presentes na cena de crime os peritos poderão avaliar melhor a situação e definir alguns parâmetros tais como as condições do isolamento e o tamanho da área isolada. Caso seja necessário, a área isolada poderá ser ampliada. Realizar essa reunião assim que se chega é de grande ajuda, pois as sugestões ouvidas podem direcionar os trabalhos de maneira eficaz. Neste momento, se ainda não foram estabelecidas as tarefas de cada um, elas devem ser distribuídas. Entrevistas Deve-se diferenciar entrevistas de depoimentos. Entrevista é um procedimento em que se visa encontrar informações adicionais que podem ajudar a avaliar o tamanho da cena isolada, a existência de locais correlatos e mesmo alguma informação que possa ser útil. Essas entrevistas devem ser feitas no início dos trabalhos com possíveis testemunhas e outras pessoas que estavam presentes no local antes da chegada dos peritos. O que se espera conseguir são informações adicionais que poderão ajudar a conhecer mais a cena, agilizando assim o trabalho pericial. Deve-se atentar sempre para a validade dessas informações, elas se prestarão para a perícia apenas como formadoras de um possível quadro geral, por serem informações subjetivas devem ser tratadas com muito cuidado. Mesmo que as informações testemunhais possam ajudar a encontrar alguns vestígios que comprovem a informação, o perito só deve considerar os vestígios para suas conclusões. CUIDADO: As informações subjetivas em uma cena de crime são análogas às informações de direção que se pedem quando estamos procurando um CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 32 determinado endereço em uma cidade que desconhecemos, elas nos ajudam a encontrar nosso destino, mas de forma alguma substituem a caminhada até ele. Busca inicial de vestígios Após a reunião preliminar enquanto os demais membros se preparam para realizar suas atividades, o perito chefe da equipe deve proceder a uma busca preliminar que visa a conhecer melhor a cena em questão e planejar a busca completa.. O principal cuidado para a realização dessa busca é estabelecer as rotas de entrada e saída que devem ser então usada por todos que necessitarem entrar no local, minimizando ao máximo os possíveis danos aos vestígios materiais presentes. Para isso o perito pode se utilizar de marcadores específicos, fitas ou ainda setas desenhadas no chão sinalizando a rota de entrada. Busca completa Realizada a busca inicial e definida qual deve ser a metodologia de busca completa a ser utilizada na área questionada, passa-se então a realizar a busca detalhada, ou completa. Esta é um etapa demorada e a que visa encontrar todos os vestígios inerentes ao local em processamento. Os tipos de vestígios dependerão de cada local e do tipo de crime, entretanto os procedimentos de busca podem ser os mesmos. Neste capítulo serão apresentados alguns procedimentos, dentre os vários existentes, que poderão ser utilizados para diversos tipos de locais. O procedimento escolhido deve levar em conta o tipo de local, sua extensão, a quantidade de membros da equipe pericial, se o local é externo ou interno, e os possíveis tipos de vestígios. Geralmente existe um tipo de busca que melhor se adequa a cada local, mas não existe uma regra clara para isso, dependerá da experiência e das condições existentes no momento. O perito que participar da busca deve ser cauteloso e observador. Possuir uma pré- concepção do fato na mente pode ajudar desde que se esteja preparado para reconhecer uma mudança de direção nas análises frente a um novo vestígio. Nesta etapa o que se visa é encontrar os vestígios mesmo que à primeira vista pareçam não correlacionados. Eles podem ser marcados, documentados e coletados. Se no futuro ficar claro que eram vestígios ilusórios, podemos desconsidera-los facilmente. O contrário é que não pode ser feito, ou seja, desconsiderar um vestígio e posteriormente descobrir que ele era necessário. Sempre que um vestígio for encontrado, o mesmo deve ser marcado, para que possa ser descrito, fotografado e assinalado em um croqui. Essa marcação é geralmente feita por marcadores próprios, como os mostrados nas figuras seguintes, mas outros tipos podem ser utilizados. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 33 Utilizam-se marcadores para garantir a integridade dos vestígios e propiciar a coleta e documentação com precisão. Figura 9- Apresenta um modelo de marcador que possui escala para fotos de vestígios menores Figura 10 – Marcador de vestígios com escala na base. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 34 Padrões de Busca A principal característica de um padrão de busca é a sua eficiência em abarcar toda a extensão da área questionada, seguida pela facilidade e agilidade de implementação. A busca em uma área deve ser feita de maneira a conferir aos peritos a segurança de que todos os vestígios existentes na área foram encontrados. Vários métodos de busca podem ser utilizados. Alguns métodos são mais precisos que outros e muito mais dispendiosos em tempo e recursos. Caberá à equipe no local definir qual o método a ser utilizado. A seguir apresenta-se alguns padrões de busca. Busca em espiral Este tipo de busca é geralmente aplicada quando a área a ser pesquisada é relativamente pequena não se dispões de muitos membros na equipe. A busca em espiral inicia-se na parte periférica e vai-se contornando a cena até se chegar ao ponto central. A caminhada em forma de espiral pode sofrer pequenas variações no percurso em função dos obstáculos e da localização dos vestígios encontrados na área examinada. O ponto principal dessa busca é caminhar de forma calma, tranquila e atenta, procurando não destruir ou contaminar os vestígios encontrados. A figura a seguir apresenta uma ilustração do padrão de busca em espiral. Figura 11 – Ilustração esquemática da busca em espiral. Inicia-se pela parte externa e caminha-se até o centro. Busca por quadrante IMPORTANTE: Os padrões de busca visam a promover um acesso à cena de crime de maneira a minimizar a contaminação dos vestígios e a promover uma forma organizada de encontrá-los. Cada vestígio material, quando encontrado, deverá ser marcado, pois evitará que outras pessoas que não o viram possam destruí-lo ou prejudicá-lo. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FORENSES – IPOG (Uso autorizado somente aos alunos, no interesse específico do mencionado Curso) 35 Utilizada
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