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09 ITEC-Investigacao-Criminal-2019

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Prévia do material em texto

1
Prezado(a), seja bem-vindo(a) ao curso de Investigação Criminal. 
Veja a seguir a apresentação do tema proposto e os objetivos esperados para seu melhor aproveita-
mento.
Para	explicar	a	finalidade	de	investigação	criminal,	diante	do	atual	Estado	Democrático	de	Direito,	já	
não	é	mais	suficiente	sua	ideia	como	mecanismo	de	produção	da	prova	de	um	crime.
Mais do que produzir provas de um crime, os integrantes da equipe de investigação criminal pos-
suem responsabilidade social, pois são atores sociais que possuem, por força constitucional, o poder/dever 
de	realizar	a	atividade	 investigativa,	e	de	produzir,	por	meio	de	uma	eficiente	persecução	criminal,	a	 tão	
almejada justiça.
Tenha em mente
A investigação criminal é um evento único, indivisível, que tem início com a “notitia criminis”, e en-
cerramento, com o trânsito em julgado da sentença penal (ou ainda, segundo alguns doutrinadores, não se 
encerra,	pois	a	qualquer	momento	poderá	ocorrer	a	revisão	criminal),	cujo	sucesso	depende,	além	de	outros	
fatores,	do	nível	de	interação	existente	entre	os	profissionais	que	integram	as	instituições	de	segurança	pú-
blica, pois é a partir da observação inicial deles, em especial nos locais de crime, que os primeiros elementos 
probatórios serão detectados.
A idoneidade de um local de crime, por contemplar, mesmo que implicitamente, grande parte das 
respostas	necessárias	para	a	reconstrução	de	um	delito,	exigirá	do	profissional	de	segurança	pública	conhe-
cimento técnico que o habilite a:
Adotar as primeiras providências de proteção e isolamento.
Efetivar	as	medidas	preservacionistas,	a	obtenção	de	dados	e	informações	que	subsidiarão	a	investi-
gação preliminar.
Isso	possibilitará	a	construção	das	primeiras	hipóteses	para	a	explicação	do	delito	e,	consequente-
mente, com o seguimento da investigação, o desenvolvimento de um planejamento operacional capaz de 
testar,	com	eficiência,	as	linhas	investigativas	eleitas.
Para que a atividade investigativa obtenha êxito, não se pode mais ver o crime apenas como um fato 
pretérito,	estático,	mas	sim	como	algo	dinâmico,	cujo	“modus	operandi”	ultrapassou,	e	muito,	a	simplicidade	
dos antigos batedores de carteira e dos pequenos golpistas.
Hoje, com base nos avanços tecnológicos, na globalização e na facilidade de comunicação, existe 
uma	complexa	rede	de	relações,	a	qual	busca	obter,	pelos	meios	que	se	fizerem	necessários,	o	maior	volume	
possível de vantagens ilícitas.
Atente-se para o fato de que o grau de complexidade das condutas perpetradas por essas novas 
organizações	criminosas,	estruturadas	e	voltadas	à	prática	de	crimes,	muitas	delas	sob	o	manto	de	uma	fa-
laciosa	legalidade	e	sob	a	proteção	(ou	participação	direta)	de	profissionais	públicos	e	políticos,	exige	dos	
integrantes das equipes de investigação o conhecimento e a utilização de técnicas especiais de investigação, 
e mais, requer também uma efetiva e eficaz interação	entre	os	profissionais	de	segurança	pública	na	busca	
APRESENTAÇÃO
3
de	dados	e	informações	qualificados,	capazes	de	fazer	aflorar	elementos	de	prova	ardilosamente	ocultados.
Nesse	diapasão,	ratificando	a	impossibilidade	de	conter	a	ação	dessas	organizações	criminosas	apenas	com	
a	utilização	de	técnicas	convencionais,	a	Organização	das	Nações	Unidas,	por	meio	da	Convenção das Na-
ções Unidas contra o Crime Organizado Transnacional	(Decreto	nº	5.015/04)	e	a	Convenção das Nações 
Unidas contra a Corrupção	(Decreto	nº	5.687/06),	propõe	que	os	Estados-partes,	entre	eles	o	Brasil,	utilizem	
técnicas especiais de investigação como:
Mormente a entrega vigiada; 
A	infiltração;
A vigilância eletrônica;
A	quebra	de	sigilo	fiscal	e	bancário;
A interceptação telefônica.
Essas	técnicas	têm	a	finalidade	de	detectar,	confirmar,	prevenir	ou	reprimir	atividades	criminosas	dis-
persadas e dissimuladas entre atividades aparentemente lícitas.
Assim,	não	há	dúvidas	de	que	o	processo	de	desenvolvimento	da	investigação	criminal	(antes	baseado	no	
empirismo	e	na	intuição)	corresponde	ao	desencadeamento	para	a	produção	do	conhecimento	científico,	
pois	tal	como	uma	pesquisa	científica,	é	movido	por	um	raciocínio	lógico	e	ordenado,	sendo	ele:
Iniciado	após	a	eclosão	da	prática	delitiva	(problema);
Passando	pela	obtenção	de	dados	e	 informações	preliminares	 (elementos	objetivos	e	 subjetivos),	os	quais	
levarão	à	produção	de	hipóteses	testáveis	que,	além	de	explicar	os	fatos	que	compõem	o	fenômeno	investigado,	per-
mitirão	a	produção	de	conclusões;
E,	ao	final,	de	uma	teoria	a	qual	 irá	municiar	o	 julgador	de	elementos	probatórios	que	fundamentarão	sua	
decisão.
Esse	processo	de	produção	e	de	valorização	do	conhecimento,	por	força	de	sua	natureza	explora-
tória,	dá	conotação	bidimensional	à	investigação	criminal,	isso	ao	proteger e limitar direitos, criando uma 
conexão	dos	fundamentos	constitucionais	de	cidadania	e	de	respeito	à	dignidade	da	pessoa	humana	com	a	
produção de provas.
Todavia, essa busca incessante pelo esclarecimento da autoria e da materialidade de delitos não é 
algo	desenfreado	e	sem	limites,	pelo	contrário,	para	que	os	elementos	objetivos	e	subjetivos	produzidos	
durante a investigação preliminar e de seguimento possuam valor probatório, necessariamente devem estar 
alicerçados em princípios, dentre os quais podemos destacar:
A legalidade; 
A moralidade; 
A probidade; 
A impessoalidade; 
A	eficiência.
Essa	riqueza	de	temas,	por	sua amplitude e complexidade,	será	abordada	no	curso	de	Investigação	
Criminal em duas unidades,	cada	uma	com	60horas,	sendo	a	primeira	focada	em	conteúdos	teóricos,	e	a	se-
gunda,	práticos,	todos	ligados	à	investigação	criminal,	e	para	que	haja	uma	sequência	lógica	no	aprendizado,	
a	segunda	unidade	terá	como	requisito	a	conclusão	da	primeira.
Viva	com	emoção	este	curso.	Reflita	sobre	os	temas	abordados.	Promova	novas	pesquisas	e	aplique	
esses	conhecimentos,	com	entusiasmo	e	respeito,	aos	desafios	do	ofício	de	apurar	infrações	penais.
Excelentes	estudos!
4
Objetivos do curso
Este curso criará condições para que você possa:
Compreender a concepção de segurança pública como tutora de direitos e garantias fundamentais, 
instrumento de defesa da cidadania;
Definir	investigação	criminal	e	suas	finalidades	como	processo	científico;
Listar sistemas de investigação criminal e as modalidades segundo o momento de sua execução;
Listar os princípios constitucionais que regem a investigação criminal sob o aspecto normativo, rela-
cionando-os com os princípios operacionais e os atos que controlam a investigação criminal
Descrever	os	valores	fundamentais	da	Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil	garantidores	do	
respeito	à	dignidade	do	investigado;
Aplicar as normas legais de controle da efetividade da busca de elementos objetivos e subjetivos pela 
investigação criminal;
Formular	o	problema	em	uma	investigação	criminal;
Elaborar	e	testar	hipóteses	indicativas	das	circunstâncias	e	autoria	de	um	crime;
Listar	os	atributos	e	as	atitudes	exigidas	ao	profissional	da	investigação	criminal	para	superar	a	frag-
mentação da investigação criminal;
Demonstrar	como	se	processa	a	interdisciplinaridade	na	investigação	criminal;
Definir	prova	e	compreender	a	proposta	doutrinária	dos	cuidados	a	serem	tomados	para	valorização	
da prova; 
Aplicar a ordem lógica da investigação criminal para demonstrar a credibilidade e validade das infor-
mações	que	compõem	a	prova.
Estrutura do Curso
Buscando	dar	efetividade	aos	objetivos	citados,	a	presente	unidade	será	composta	de	oito	módulos,	cuja	
estrutura é a seguinte:
Módulo 1 - A investigação criminal como instrumento de defesa da cidadania
Módulo 2 - Investigação criminal: aspectos conceituais
Módulo 3 - Investigação criminal: princípios fundamentais
Módulo	4	-	Fundamento	legal	da	investigação	criminal
Módulo	5	-	A	lógica	aplicada	à	investigação	criminal
Módulo	6	-	Perfil	profissional	do	integrante	da	equipe	de	investigação
Módulo	7	-	A	interdisciplinaridade	da	investigação	criminal
Módulo	8	-	Valorizaçãoda	Prova
Conclusão
Referências	Bibliográficas
5
Apresentação do módulo
Seja bem-vindo(a) ao Módulo: A investigação criminal como instrumento de defesa da cidadania. 
Nele	você	irá	estudar	a	relação	entre	a	polícia	cidadã	e	a	investigação	criminal.
A	concepção	de	segurança	pública	como	aparato	repressor	do	Estado,	por	força	da	soberania	popu-
lar,	materializada	na	Carta	Magna	de	1988,	foi	superada	e	hoje	integra	uma	das	páginas	viradas	da	história.
Para saber mais sobre a Carta Magna de 1988, acesse o link: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm.
A	nova	ordem	 jurídica	constitucional	 instalada	em	1988	chancelou	e	 fez	prosperar	a	denominada	
polícia cidadã, protetora e defensora de direitos e garantias fundamentais, depositando na investigação 
criminal uma responsabilidade que ultrapassa a produção de elementos objetivos e subjetivos capazes 
de fundamentar o indiciamento do autor e subsidiar a promoção da ação penal, pois é dela o dever 
de	proteção	e	manutenção	do	Estado	Democrático	de	Direito	e,	consequentemente,	do	exercício	pleno	da	
cidadania.
Então,	você	irá	estudar	e	entender	essa	nova	realidade!		Preparado?	Vamos	lá!
Objetivos do módulo
Ao	final	deste	módulo,	você	será	capaz	de:
 Compreender a concepção de segurança pública como tutora de direitos e garantias fundamen-
tais;
 Reconhecer a investigação criminal como instrumento de defesa da cidadania;
 Identificar	os	princípios	fundamentais	de	sustentação	da	democracia	brasileira.
Polícia cidadã e a investigação criminal
O	pacto	político	firmado	em	1988	pela	sociedade	brasileira	foi	no	sentido	de	formar	um	Estado	De-
mocrático	de	Direito	alicerçado	na soberania, na cidadania, na dignidade da pessoa humana, nos valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa, e no pluralismo político, pois o que se buscava era a construção 
de uma sociedade:
 Livre;
 Justa;
 Pluralista;
	Solidária;
 Sem preconceitos.
MÓDULO 
1
A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL COMO INSTRUMENTO DE 
DEFESA DA CIDADANIA
6
E	protetora	dos	direitos:	
 Civis;
 Políticos;
 Sociais; 
 Culturais; 
	Econômicos.
Para	garantir	essa	nova	sociedade	que	aflorava,	fruto	legítimo	e	incontestável	da	soberania	popular,	
já	não	era	suficiente	a	antiga	concepção	de	segurança	pública	como	aparato	repressor	do	Estado.
Exigia-se,	então,	diante	da	nova	ordem	jurídica	constitucional	instalada,	que	as	instituições	policiais	
estivessem vocacionadas a proteger e defender direitos e garantias, surgindo, assim, a denominada polícia 
cidadã.
Todavia, essa nova percepção de segurança pública como instrumento de defesa da cidadania exige 
das instituições policiais a utilização de técnicas e métodos que, embasados nos princípios e limites 
constitucionais, sejam capazes de obter justiça e paz social sem que qualquer abuso ou arbitrariedade seja 
cometido.
Considerando que as atividades de segurança pública devem tutelar a integralidade da cidadania, 
as	instituições	policiais,	como	parte	efetiva	de	uma	rede	interdisciplinar	de	proteção	dos	valores	de	susten-
tação	do	Estado	Democrático	de	Direito,	devem	buscar,	incansavelmente,	por	meio	da	integração	e	da	inte-
ração	social,	atingir	essa	finalidade.
Nesse contexto, a investigação criminal	é	uma	das	ferramentas	utilizadas	pela	polícia	judiciária	para	
a proteção plena dos direitos humanos. 
A investigação criminal é um dos instrumentos utilizados para salvaguardar direitos e garantias da 
pessoa humana, os quais, uma vez efetivados, proporcionam dignidade, liberdade, igualdade e 
fraternidade	necessárias	à	sua	existência	e	desenvolvimento.	E	mais,	dentro	do	contexto	de	segurança	
pública	cidadã,	resta	ainda	à	investigação	criminal	proteger	e	defender,	indistintamente,	quem	esteja	
sofrendo ou possa sofrer qualquer tipo de arbitrariedade ou abuso estatal.
Para saber mais sobre os direitos humanos, acesse: http://www.direitoshumanos.usp.br
As	práticas	infracionais	atentam	contra	o	sistema	de	direitos	e	garantias	fundamentais,	os	quais	pro-
porcionam	a	sobrevivência	de	uma	sociedade	democrática.	Assim,	a	razão	de	ser	das	instituições	policiais	é	
garantir o livre e pacífico exercício desses direitos e garantias.
A	investigação	criminal,	como	principal	mecanismo	de	busca	da	justiça	penal,	deverá	estar	em	con-
sonância com as demandas decorrentes do usufruto desses direitos e garantias.
Importante!
 Para que possa dar continuidade ao estudo proposto nesta unidade, uma pergunta deve ser respondida: a 
sociedade precisa mesmo de uma polícia?
Jaume	Curbet	(1983,	p.	75)	nos	remete	a	refletir	sobre	o	tema	com	uma	citação	do	escritor	francês	Balzac:
 Os governos passam, as sociedades
morrem, mas a Polícia é eterna.
Honoré	de	Balzac
7
Você	pode	ter	chegado	a	várias	conclusões	a	partir	dessa	assertiva,	todavia,	a	mais	importante	delas	é	a	de	
que, seja qual for o modelo de sociedade, esta sempre necessitará da tutela policial.
Para refletir
Num sistema de direitos e garantias fundamentais, de que adiantaria, por exemplo, a previsão constitucional 
do	direito	à	vida,	à	igualdade,	à	liberdade	e	à	propriedade,	se	não	tivéssemos	segurança	e	tranquilidade	para	
exercê-los? 
A	primeira	Constituição	Francesa	de	1791	já	declarava,	em	seu	artigo	12,	a	importância	da	tutela	po-
licial dos direitos do homem e do cidadão:
A	garantia	dos	direitos	do	homem	e	do	cidadão	necessita	de	uma	força	pública.	Esta	força	se	institui,	
portanto, para benefício de todos e não para a utilidade particular daqueles que a têm a seu cargo. Honoré 
de	Balzac.
 A investigação criminal, como instrumento de proteção da cidadania, possui dupla função: preve-
nir e reprimir	as	práticas	delitivas.
A	Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil	de	1988,	assim	como	a	Constituição	Francesa	de	
1791,	materializa	em	sua	carta	a	vontade	popular	de	construir	um	Estado	soberano,	capaz	de	proteger e 
defender,	por	meio	de	suas	instituições:
 O livre exercício dos atos de cidadania;
 A dignidade humana;
 Os valores sociais;
 As liberdades.
Sendo	assim,	as	atividades	de	investigação	criminal	devem	refletir,	por	meio	de	seus	métodos	e	téc-
nicas, a certeza de que tutelam direitos e garantias fundamentais, e assim, de que protegem e defendem o 
Estado	Democrático	de	Direito.
Finalizando...
Neste módulo você estudou que:
 O	Estado	Democrático	de	Direito	exige,	para	a	sua	completa	efetividade,	que	a	segurança	pública	
esteja vocacionada a tutelar direitos e garantias fundamentais (segurança cidadã) e que, assim sendo, seja 
capaz de garantir o exercício pleno da cidadania.
 A investigação criminal, como instrumento de defesa da cidadania e uma vez possuidora de dupla 
função	(prevenir	e	reprimir	práticas	delitivas),	deve	estar	alicerçada	em	técnicas	e	métodos	específicos,	os	
quais,	uma	vez	consubstanciados	em	princípios	e	regras	constitucionais,	seja	capaz,	cientificamente	e	com	
base nos mais elevados valores éticos e morais, de produzir justiça e paz social. 
Parabéns por finalizar este módulo!
8
Para	fixar	este	conteúdo,	realize	os	exercícios	propostos	a	seguir.
No	próximo	módulo	você	estudará	as	definições,	as	finalidades,	os	sistemas	e	a	classificação	da	in-
vestigação criminal.
Bons	estudos!
Exercícios
Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 1, realize as atividades propostas a seguir.
Atividade 1:
Analise	a	afirmativa	a	seguir	e	explique	como	isso	poderá	se	tornar	prático.	
“(...)	a	investigação	criminal	é	uma	das	ferramentas	utilizadas	pela	polícia	judiciária	para	a	proteção	plena	da	
cidadania.”
Atividade 2:
Você	estudou	que	um	dos	fundamentos	do	Estado	Democrático	de	Direito	é a dignidade da pessoa huma-
na. 
Avalie	suas	práticas	como	profissional	de	segurança	pública,	ressaltando	no	que	elas	refletem	ou	contrariam	
esse princípio.
9
Gabarito
Feedback da atividade 1:
O	 Estado	Democrático	 de	Direito,	 fruto	 legítimo	 e	 incontestável	 da	 soberania	 popular,	materializado	 na	
Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil	de	1988,	exige	das	instituições	policiais,	sob	a	nova	ótica	de	
segurançapública – segurança cidadã –, que estejam vocacionadas a proteger e defender direitos e garantias 
fundamentais,	devendo,	para	tanto,	fazer	uso	de	técnicas	e	métodos	específicos,	todos	alicerçados	nos	mais	
elevados valores éticos e morais, pois somente assim auxiliarão verdadeiramente na obtenção de justiça e 
paz social.
Nesse	contexto,	a	investigação	criminal,	definida	como	o	conjunto	de	procedimentos	interdisciplinares,	de	
natureza inquisitiva, preservadora e preparatória, que busca, de forma sistematizada e dentro de parâmetros 
éticos	e	legais,	a	produção	da	prova,	deverá	ser	conduzida	pela	equipe	de	investigação	criminal	sempre	foca-
da na obtenção da verdade daquilo que se pretende aclarar, afastando-se, para tanto, qualquer preconceito, 
juízo de valor, interesse pessoal, ilegalidade, imoralidade ou improbidade.
Feedback da atividade 2:
A dignidade da pessoa humana, segundo leciona Ingo Wolfgang Sarlet, é a “(...) qualidade intrínseca e dis-
tintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte 
do	Estado	e	da	comunidade,	implicando,	neste	sentido,	um	complexo	de	direitos	e	deveres	fundamentais	
que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham 
a	lhe	garantir	as	condições	existenciais	mínimas	para	uma	vida	saudável,	além	de	propiciar	e	promover	sua	
participação	ativa	e	co–responsável	nos	destinos	da	própria	existência	e	da	vida	em	comunhão	com	os	de-
mais	seres	humanos,	mediante	o	devido	respeito	aos	demais	seres	que	integram	a	rede	da	vida.”	(SARLET,	
2011,	p.	73).	
Assim,	a	dignidade	é	um	valor	inerente	à	personalidade	das	pessoas,	que	se	manifesta	na	autodeterminação	
consciente	e	responsável	da	própria	vida,	cujos	alicerces	são	o	respeito	e	valorização.	
Ao	eleger	a	dignidade	da	pessoa	humana	como	fundamento	da	República	Federativa	do	Brasil	e,	consequen-
temente,	do	próprio	Estado	Democrático	de	Direito,	o	legislador	constituinte	externou	seu	desejo	de	propor-
cionar	um	mínimo	de	invulnerabilidade	às	liberdades	individuais,	seja	perante	outras	pessoas	ou	diante	do	
próprio	controle	do	Estado,	fomentando,	assim,	a	unidade	dos	direitos	e	garantias	fundamentais.
A investigação criminal, por força de sua natureza exploratória, mesmo baseada nos mais rigorosos meca-
nismos	científicos	de	reconstrução	factual	e	nos	 limites	constitucionais,	sempre	possuirá	caráter	 invasivo,	
colidindo,	assim,	com	as	liberdades	individuais,	o	que	exigirá	dos	integrantes	das	equipes	de	investigação,	
como	tutores	de	direitos	e	garantias	fundamentais,	o	uso	oportuno	e	necessário	dos	métodos	e	técnicas	
investigativas	franqueados	pela	legislação	pátria,	produzindo,	apenas	e	tão	somente,	a	necessária	invasão	
na	intimidade	e	privacidade	das	pessoas,	ou	seja,	aquela	imprescindível	ao	pleno	esclarecimento	da	prática	
delitiva, sem, contudo, ultrapassar o limite imposto pela dignidade humana.
Apresentação do módulo
Seja	bem-vindo(a)	ao	módulo	“Investigação	criminal:	aspectos	conceituais”!
Antes de iniciar o conteúdo deste módulo, relembre os dois principais conceitos que você estudou 
no módulo anterior:
 O	Estado	Democrático	de	Direito	exige,	para	a	sua	completa	efetividade,	que	a	segurança	pública,	
em	especial	no	que	tange	à	investigação	criminal,	esteja	vocacionada	a	tutelar	direitos	e	garantias	funda-
mentais, e que, assim o fazendo, proteja e mantenha o exercício pleno da cidadania.
 A investigação criminal é instrumento de defesa da cidadania e possui dupla função: prevenir e 
reprimir práticas delitivas.
Agora,	dando	continuidade	ao	curso,	você	estudará	as	definições,	as	finalidades,	os	sistemas	e	a	clas-
sificação	da	investigação	criminal.
Preparado(a)?	
Vamos	lá!
Objetivos do módulo
Ao	final	deste	módulo,	você	será	capaz	de:
 Definir	investigação	criminal;
 Explicar	as	finalidades	da	investigação	criminal;
 Compreender os sistemas de investigação criminal;
 Listar as modalidades de investigação criminal segundo o momento de sua execução.
Estrutura do módulo
Este	módulo	é	composto	pelas	seguintes	aulas:
 Aula 1	–	Definições,	finalidades	e	sistemas	de	investigação	criminal
 Aula 2 – A investigação criminal segundo o momento da sua realização
MÓDULO 
2
A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL: ASPECTOS CONCEITUAIS
11
Aula 1 – Definições, finalidades e sistemas de investigação criminal
Como você estudou anteriormente, a investigação criminal é uma das ferramentas utilizadas pela polícia 
judiciária	para	a	proteção	integral	da	cidadania,	e	que,	protegendo	e	defendendo	direitos	e	garantias	fun-
damentais,	salvaguarda	o	Estado	Democrático	de	Direito	e,	consequentemente,	amplia	a	sensação	de	segu-
rança.
Todavia, você pode estar se perguntando: o que é a investigação criminal?
Povoam nosso imaginário	aqueles	incríveis	detetives	dos	filmes	e	da	literatura	policial	que	tudo	podem	em	
nome da lei. 
Imagem produzida pelo conjunto de características preconcebidas de algo ou alguém, 
que só existe na imaginação das pessoas.
Contudo,	essa	concepção	da	atividade	investigativa	está	equivocada!
Pelo	 contrário,	 a	 lei	 é	 apenas	um	dos	 limites	a	 serem	 respeitados	pelo	policial,	 sendo	necessário	
também	que	suas	condutas	profissionais	estejam	embasadas	nos	mais	elevados	valores éticos e morais, 
pois seu papel, como dito preliminarmente, ultrapassa o esclarecimento da materialidade, da autoria e das 
circunstâncias do delito, alcançando o status de tutor da cidadania.
Sob	a	ótica	romântica,	muito	bem	retratada	pelas	empresas	cinematográficas,	investigar	é	sinônimo	
de emoção, fruto do misterioso labirinto percorrido para o esclarecimento de um crime. 
Entretanto,	a	atividade	investigativa,	por	seu	importante	papel	social,	requer	conhecimentos,	habi-
lidades	e	atitudes	capazes	de	produzir	uma	reconstrução	científica	e	verdadeira daquilo que se pretende 
elucidar, ou seja, do fato, em tese, criminoso.
“Ao	contrário	do	que	muitos	pensam,	a	investigação	não	visa	tão	somente	a	
obter indícios para a acusação, mas sim apurar a verdade, seja ela a favor da acusação ou 
da	defesa.”	(CABETTE,		2003,	p.	197).
Diante	disso,	surge	a	pergunta:	“O que é, então, investigar?”
Do	ponto	de	vista	sinonímico,	ao	se	buscar	as	acepções	dicionarizadas,	encontra-se,	entre	outras,	as	
do Aurélio: 
Referente	à	sinonímia	ou	sinônimo
Investigar.	[	Do	Lat.	Investigare.	]	V.	t.	d.	1. Seguir os vestígios 
de. 2.	Fazer	diligências	para	achar;	pesquisar,	indagar,	
inquirir: investigar as causas de um fato. 3.	Examinar	com	
atenção;	esquadrinhar.		(Ferreira,	1975,	p.781).
Veja	que	todas	as	acepções	são	compatíveis	com	o	processo	de	busca	dos	elementos	objetivos	e	
subjetivos que sustentarão a reconstrução factual, são eles: seguir os vestígios; 
 seguir os vestígios; 
 fazer diligências para achar; 
 pesquisar; 
12
 indagar; 
 inquirir; 
 examinar com atenção; 
 esquadrinhar.
Então,	pode-se	concluir	que:
Investigar é um conjunto de atos interligados	que	visam	a	elucidar	um	fato	obscuro.	E,	quando	esse	
fato	que	se	pretende	aclarar	é	uma	possível	prática	delitiva,	a	investigação	passa	a	ser	qualificada	como	cri-
minal.
O procedimento apresenta a característica de ser composto de atos ordenados de forma metódica, 
de	maneira	que	um	pressupõe	o	próximo,	até	o	último	ato	da	série,	distinguindo-se,	por	isso,	de	
outras	realidades	de	formação	sucessiva.	A	ideia	de	ordem	insere-se	no	contexto	da	realidade	unitária	
procedimental	e	a	explica.	(FERNANDES,	2005,	p.	33)	
1.1. Definições de investigação criminal
Anteriormente,	você	se	deparou	com	a	definição	do	termo	“Investigar”,	dada	pelo	dicionário	Aurélio,	
certo?
Assim, o mesmo Aurélio valida essa compreensão sinonímica da ação investigativa quando registra:
 Investigação.	[Do	lat.	Investigatione.]	S.	f.	1. Ato ou efeito 
de investigar; busca, pesquisa. 2. Indagação 
minuciosa;	indagação,	inquirição.	(1975,	p.	781).
Diante	disso,	você	deve	ter	percebido	que	tanto	as	acepções	do	verbo	que	expressa	o	agir	e	o	sentir	
dos	executores,	como	as	do	nome,	que	expressamo	resultado	daquelas	ações,	nos	levam	à	percepção	de	que	
a investigação é um conjunto de atos que se complementam.
Então,	surge	um	novo	questionamento:	como	definir	investigação	criminal?
Diferente	do	nosso	país,	que	não	prevê	uma	definição	legal	para	a	investigação	criminal,	Portugal,	por	força	
da Lei de Organização da Investigação Criminal (Art.	1º	da	Lei	nº	49,	de	27	de	agosto	de	2008),	define	inves-
tigação criminal como:
 Acesse: http://www.policiajudiciaria.pt/PortalWeb/content?id={CBD3F401-5D03-492E-9FCF-9396E-
D545D27}
“Conjunto de diligências que, nos termos da lei processual penal, se destinam a averiguar a existência 
de um crime, determinar os seus agentes e a sua responsabilidade e descobrir e recolher as provas, no âm-
bito do processo”.
Doutrinariamente	e	sob	a	ótica	jurídica,	várias	são	as	definições	de	investigação	criminal.	Entretanto,	
a	maioria	delas	atribui	caráter	preparatório	e	informativo	à	acepção,	isso	ao	externar	que	ela	se	destina	a	
preparar	a	ação	penal.	Veja,	por	exemplo,	as	definições	a	seguir:
[A	investigação	criminal	é	uma]	atividade	estatal	de	persecução	criminal	destinada	a	preparar	a	ação	
penal,	que	apresenta	caráter	preparatório	e	informativo,	pois	o	seu	objetivo	é	levar	ao	órgão	encarregado	
da	ação	penal	os	elementos	necessários	para	a	dedução	da	pretensão	punitiva	em	juízo.	(MARQUES,	1997,	p.	
139)
13
(...) podemos conceituar a investigação criminal preliminar como o conjunto de atividades realizadas 
concatenadamente	por	órgãos	do	Estado;	a	partir	de	uma	notícia-crime	ou	atividade	de	ofício;	com	caráter	
prévio e de natureza preparatória com relação ao processo penal; que pretende averiguar a autoria e as 
circunstâncias	de	um	fato	aparentemente	delitivo,	com	o	fim	de	justificar	o	exercício	da	ação	penal	ou	o	ar-
quivamento	(não	processo).	(LOPES	JUNIOR,	2006,	p.	40)
Outros, porém, acrescentam que a investigação criminal, além de preparar e informar, também se 
destina a amparar o convencimento sobre a viabilidade da ação penal, evitando, assim, que inocentes sejam 
submetidos ao processo penal, ou que fatos que não caracterizam crime sejam submetidos, desnecessaria-
mente,	à	ação	penal.
Marta	Saad	(2004,	p.	160)	concorda	com	a	fala	de	Francesco	Carnelutti	(2001,	p.	113)	quando	ele	afir-
ma que: “a investigação não se faz para comprovar um delito, mas para excluir uma imputação aventurada”. 
No	mesmo	sentido,	Calabrich	afirma	que:
estando	entre	as	funções	do	Estado	a	proteção	de	direitos	fundamentais	e	a	promoção	da	Justiça,	a	
notícia	da	prática	de	um	ilícito	penal	faz	surgir	para	este	o	dever	de,	por	meio	de	seus	órgãos	constitucional	
e	legalmente	legitimados,	apurar	o	fato,	de	modo	a	confirmá-lo	ou	não,	e	de	promover	a	ação	penal	corres-
pondente,	se	for	o	caso.	(CALABRICH,	2007,	p.	50)
Mazini,	em	1951,	já	afirmava	que	a	investigação	criminal	tinha...
a	finalidade	característica	de	recolher	e	selecionar	o	material	que	haverá	de	servir	para	o	juízo,	elimi-
nando	todo	o	que	resulte	confuso,	supérfluo	ou	inatendível.	Com	isso,	evitar-se-iam	os	debates	inúteis	e	se	
prepararia	um	material	selecionado	para	os	debates	necessários.	(MAZINI,	1951,	p.	173)
Assim,	diante	do	exposto,	pode-se	afirmar	que:
Investigação criminal é o conjunto de procedimentos interdisciplinares, de natureza inquisitiva, pre-
servadora e preparatória, que busca, de forma sistematizada, integrada e complementar, dentro de parâme-
tros éticos e legais, a produção de elementos objetivos e subjetivos capazes de reconstituir o fato apurado.
Assim	sendo,	a	investigação	criminal	proporcionará	a	
transição entre a mera possibilidade (notícia-crime) para a verossimilitude (imputação/indiciamento) 
e	posterior	probabilidade	(indícios	racionais),	necessária	para	adoção	de	medidas	cautelares	e	para	receber	
a	ação	penal.	(Lopes	Junior,	2005,	p.	41)
Amplie seus conhecimentos!
Quer	saber	sobre	a	história	da	investigação	criminal	no	Brasil?	Acesso	o	arquivo	“Histórico	da	Inves-
tigação	Criminal	no	Brasil”,	que	está	nos	anexos	do	curso.
1.2. Finalidades da investigação criminal
A	produção	da	prova	penal	no	Brasil	ocorre,	em	grande	parte,	na	fase	que	antecede	ao	processo,	
denominada	de	pré-processual,	cujo	instrumento	para	a	sua	efetividade	é	o	inquérito	policial.	Daí	que	a	fina-
lidade	da	investigação	criminal	é	coincidente	com	a	finalidade	daquele	procedimento,	e	para	fins	didáticos,	
será	dividida	em	três	eixos:	remota,	mediata	e	imediata.	
Finalidade remota: aplicação da lei penal e tutela dos direitos e garantias fundamentais do cidadão.
Finalidade mediata: produção de subsídios para a promoção da ação penal. 
Finalidade imediata: produção de elementos objetivos e subjetivos acerca da autoria e da materia-
lidade do crime, possibilitando, assim, o indiciamento do autor.
Portanto, pode-se concluir que:
A investigação criminal, realizada por meio do inquérito policial, dentro dos parâmetros constitucio-
nais	da	legalidade,	da	moralidade,	da	impessoalidade,	da	eficiência	e	do	respeito	à	dignidade	humana,	tem	
por	finalidade	formar,	com	base	em	técnicas	e	métodos	específicos,	um	conjunto	probatório	coeso,	coerente	
e	robusto	quanto	à	materialidade	e	à	autoria	delitiva,	visando	a	formar	um	juízo	de	probabilidade,	o	qual	
embasará,	quando	for	o	caso,	uma	ação	penal,	integrando,	assim,	a	persecução	criminal.
1.3. Sistemas de investigação criminal
Para que você possa compreender melhor a investigação criminal, e mais, entender sua importância para a 
efetividade	da	justiça	penal,	é	necessário	que	saiba	distinguir	os	sistemas	de	investigação	criminal	existentes.
A	análise	apresentada	a	seguir,	está	alicerçada	no	direito	comparado	e,	por	força	dos	objetivos	do	curso,	
focará	os	sistemas	de	investigação	criminal	com	base	na	diversidade	de	seus	titulares,	quais	sejam:	
 Sistema do Juiz Investigador (Juizados de Instrução);
 Sistema do Promotor Investigador; e
 Sistema da Polícia Investigadora.
1.3.1. (Juizado de Instrução) O Sistema do Juiz Investigador
No sistema do Juiz Investigador, adotado pela França	e	Espanha, segundo leciona Aury Lopes Junior 
(2003,	p.	71),	o	juiz	instrutor	é	a	máxima	autoridade	investigativa,	pois	ele	pode,	por	sua	própria	iniciativa	
e sem necessidade de provocação – salvo nos delitos privados – determinar a instauração da investigação 
criminal,	dirigindo-a	e/ou	realizando-a,	sendo	que,	para	tanto,	terá	o	auxílio	da	polícia	judiciária,	a	qual	lhe	
está	diretamente	subordinada no plano funcional. 
Portugal	e	Itália	adotaram	o	Sistema	do	Juiz	Investigador	até	1987	e	1988,	respectivamente,	
quando então passaram a utilizar o Sistema do Promotor Investigador.
O	juiz	instrutor	poderá,	dentre	outras	medidas	de	cunho	investigativo,	determinar:
 A prisão cautelar do suposto autor;
 A	quebra	do	sigilo	bancário	e	fiscal;
 Outras medidas cautelares;
 A interceptação telefônica;
 A busca e apreensão domiciliar. 
Eles	ainda	poderão:
 Interrogar o suspeito
 Ouvir testemunhas
 Requisitar exames periciais
 Determinar	diligências	etc.
15
Ou	seja,	a	iniciativa	probatória	está	inteiramente	nas	mãos	do	juiz	instrutor,	e	mais,	a	participação	da	
defesa	e	da	acusação,	em	especial	no	que	tange	à	solicitação	de	diligências,	ficará	adstrita	à	sua	análise,	pois	
cabe a ele deferi-las ou não, não restando ao Ministério Público qualquer poder instrutório. 
Para evitar os riscos decorrentes de uma suposta contaminação pelo seu envolvimento direto com os 
elementos investigativos – o que poderia gerar parcialidade no julgamento, uma vez formado seu conven-
cimento acerca da existência do crime e sobre sua autoria – o juiz instrutor, como não possui poderes para 
decidir a questão, enviará o procedimento investigativo a uma composição de julgamento,	a	qual	terá	
a	incumbência	de	julgá-lo.	
Referido sistema, conforme descrito anteriormente, confere uma grande gama de poderes a uma 
única pessoa, a qual, durante a investigação criminal, é capaz de restringir direitos e garantias fundamen-
tais e, ao mesmo tempo, avaliar a legalidade de suas medidas, o que, segundoas regras estabelecidas pela 
Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil	de	1988,	não	é	admissível,	isso	por	força	do	sistema	de	freios	
e	contrapesos,	o	qual	traz	equilíbrio	e	segurança	às	relações	processuais.
1.3.2. O Sistema do Promotor Investigador
No sistema do Promotor Investigador, adotado na Itália, Alemanha, Portugal e Estados Unidos da 
América, o promotor de justiça é o diretor da investigação criminal, cabendo-lhe receber a notitia criminis 
diretamente	ou,	se	for	o	caso,	por	intermédio	da	polícia	judiciária,	a	qual	poderá	estar	funcionalmente	su-
bordinada	ao	primeiro,	como	ocorre	em	Portugal,	ou	apenas	possuir	o	dever	legal	de	auxiliá-lo,	não	havendo	
qualquer	vínculo	de	subordinação,	como	ocorre	na	Alemanha,	Itália	e	Estados	Unidos.	
Todavia, diferentemente do sistema do juiz investigador, o parquet não possui poderes para de-
terminar medidas constritivas de direitos e garantias fundamentais, as quais dependem de autorização 
judicial, e mais, os atos praticados pelo promotor de justiça no curso da investigação criminal possuem ca-
ráter administrativo, ou seja, são de limitado valor probatório, devendo, assim, serem renovados em juízo, 
quando	então	serão	submetidos	ao	contraditório	e	à	ampla	defesa.	
O Sistema do Promotor Investigador apesar de não atribuir tantos poderes a uma mesma pessoa, 
como ocorre no sistema do juiz investigador, pode eventualmente abalar o sistema de freios e contrapesos 
estabelecido pelo legislador constituinte, pois sendo o parquet uma das partes no processo penal (respon-
sável,	inclusive,	pelo	oferecimento	da	denúncia),	a	condução	da	investigação	criminal	poderia	se	contami-
nar	com	o	desejo	único	de	obtenção	de	elementos	subjetivos	e	objetivos	suficientes	para	o	oferecimento	
da denúncia, entretanto, como tratado na apresentação do curso, a finalidade precípua da investigação 
criminal, como tutora de direitos e garantias fundamentais, é a obtenção da verdade sobre determinado 
fato,	o	qual	poderá,	ou	não,	caracterizar	um	crime.
Segundo	André	Rovegno	(2005,	p.	117),	citado	por	Claudio	Geoffroy	Granzotto	(http://jus.com.br),	
“em	grande	parte	onde	se	adota	a	figura	do	promotor	diretor	do	procedimento	preliminar,	o	que	
ocorre	na	prática	é	o	fenômeno	da	policização	integral	da	investigação,	num	quadro	em	que	o	
parquet	só	tomará	contato	com	a	investigação	quando	a	polícia	o	considerar	concluído”.
1.3.3. O Sistema da Polícia Investigadora
No	sistema	da	Polícia	 Investigadora,	adotado	pelo	Brasil,	cabe à polícia judiciária a direção da 
investigação criminal, sendo esta a titular do procedimento investigativo criminal (diga-se, do inquérito 
policial)	o	qual	será	presidido	por	uma	autoridade	policial,	ou	seja,	por	um	delegado	de	polícia.
IC-M02-S36
Sobre	o	inquérito	policial,	acesse	o	arquivo	“DECRETO-LEI	Nº	3.689,	DE	3	DE	OUTUBRO	DE	1941OU-
TUBRO	DE	1941”,	que	está	nos	anexos	do	curso.
16
Art.	144,	§	4º	da	CF/88	-	“às	polícias	civis,	dirigidas	por	delegados	de	polícia	
de	carreira,	incumbem,	ressalvada	a	competência	da	União,	as	funções	
de	polícia	judiciária	e	a	apuração	de	infrações	penais,	exceto	as	militares”.
Segundo	leciona	Marcos	Kac	(2004,	p.	166):	
“no	sistema	adotado	no	Brasil	a	atuação	do	Ministério	Público	é	derivada	da	polícia	judiciária,	ou	seja,	
não	tem	o	poder	de	condução	direta	da	investigação	penal,	sendo	esta	exclusiva	da	polícia	judiciária.”
Para tanto, em pleno respeito ao sistema de freios e contrapesos disciplinado pela Constituição da 
República	Federativa	do	Brasil,	o	 legislador	constituinte	estabeleceu	que	a	autoridade	policial	não	possui	
poderes para determinar medidas constritivas de direitos e garantias fundamentais, as quais dependem de 
autorização judicial, e mais, da manifestação do parquet, cabendo ao último, além de outras atribuições:
Sobre	as	atribuições,	acesse	o	arquivo	“Constituição	Federal	Art.	129”,	que	está	nos	anexos	do	curso.
 Exercer	o	controle	externo	da	atividade	policial	e	o	custus	legis	(fiscal	da	lei);
 Requisitar diligências investigatórias; e
 Requisitar a instauração de inquérito policial.
Tudo	isso,	indicados	os	fundamentos	jurídicos	de	suas	manifestações	processuais.	
Um	dos	traços	mais	marcantes	do	Sistema	da	Polícia	Investigadora	diz	respeito	à	sua	neutralidade 
em relação à futura ação penal, pois a autoridade policial não possui qualquer interesse ou participação na 
acusação ou no julgamento, e como tutor de direitos e garantias fundamentais, seu único desejo reside na 
busca pelo esclarecimento da verdade, para a qual faz uso de técnicas e métodos investigativos.
Ademais, é justamente essa imparcialidade que garante a igualdade processual. Segundo preceitua 
Aury Lopes Junior:
Atualmente,	os	países	que	adotam	o	sistema	do	promotor	investigativo,	os	fizeram	em	substituição	
ao ultrapassado modelo do juizado de instrução, não tendo ao menos podido vislumbrar a direção da inves-
tigação	nas	mãos	da	polícia,	tendo	em	vista	a	inexistência	da	figura	do	delegado	de	polícia,	agente	bachare-
lado	em	Direito,	com	vasto	conhecimento	jurídico	e	formação	técnica	voltada	à	apuração	de	crimes.	
Aula 2 – A investigação criminal segundo o momento da sua realização
Olá!	Seja	bem-vindo(a)	a	esta	nova	aula!
Na	aula	anterior	você	aprendeu	definições,	finalidades	e	sistemas	de	investigação	criminal.	
Já,	agora,	você	irá	estudar	sobre	o	momento	da	realização	da	investigação	criminal.
Antes	disso,	porém,	vamos	relembrar	sua	definição:
A investigação criminal é um conjunto de procedimentos interdisciplinares, de natureza inquisitiva, 
preservadora e preparatória, que busca, de forma sistematizada, integrada e complementar, dentro de parâ-
metros éticos e legais, a produção da prova de uma infração penal.
Preparado(a)	para	dar	sequência	ao	aprendizado?
Então,	vamos	lá!
As	provas	de	uma	infração	penal	surgirão	da	análise	contextual	dos	elementos	objetivos e subjetivos 
angariados	pela	investigação	criminal,	que	uma	vez	submetidos	ao	contraditório	e	à	ampla	defesa	(durante	
a	fase	processual),	embasarão	a	decisão	judicial,	a	qual	será	externada	na	sentença	penal.
17
Objetivos:	Vestígios	encontrados	na	cena	do	crime	ou	em	objetos	relacionados	com	a	prática	deliti-
va.
Subjetivos:	Exemplos:	o	depoimento	de	testemunhas,	as	declarações	de	vítimas	ou	suspeitos,	o	interroga-
tório	do	suposto	autor	do	delito,	acareações	etc.
A	antiga	vertente	que	atribuía	apenas	aos	investigadores	(ou	profissionais)	de	polícia,	mesmo	que	
sob a coordenação de um delegado de polícia, a responsabilidade pela efetividade da investigação criminal, 
diante	da	nova	concepção	surgida,	a	qual	lhe	confere	caráter	interdisciplinar	e	complementar,	e	devido	a	sua	
importância	para	a	proteção	e	manutenção	do	estado	democrático	de	direito,	já	não	é	mais	aceita.	
A	investigação	criminal,	por	força	da	estrutura	de	polícia	judiciária	adotada	pela	legislação	pátria	e	da	
complexidade	de	suas	ações,	exige	que	delegados	de	polícia,	investigadores	(ou	profissionais)	de	polícia	e	
escrivães de polícia atuem em sinergia,	formando	uma	célula	investigativa,	que	será	denominada	a	partir	de	
agora	de	equipe	de	investigação,	a	qual	deverá	ser	coesa	e	estar	focada	na	obtenção	de	elementos	objetivos	
e	subjetivos	capazes	de	reconstituir,	com	cientificidade,	os	fatos	investigados.	
Ação simultânea, em comum e coordenada de todos os atores e atrizes envolvidos na investigação, para 
construção da prova.
O delegado de polícia, diante do que foi exposto anteriormente e em decorrência das regras estabe-
lecidas	pela	legislação	processual	penal,	além	de	integrar	a	equipe	de	investigação,	terá	a	responsabilidade	
de	coordená-la,	pois	mesmo	que	grande	parte	das	decisões	adotadas	durante	o	curso	da	investigação	crimi-
nal sejam compartilhadas e delegadas, algumas, por força dos referidos diplomas legais (como, por exemplo, 
as	que	se	referem	a	medidas	cautelares	e	a	determinadas	técnicas	investigativas),	são	autocráticas	e,	conse-
quentemente,	privativas	da	autoridade	policial,	como	você	estudará	mais	a	frente,	no	curso	de	InvestigaçãoCriminal 2. 
Incluindo,	aqui,	leis	especiais	como,	por	exemplo,	a	Lei	n°	11.343/06,	que	trata	de	drogas	ilegais,	a	Lei	
n°	12.850/13,	que	versa	sobre	organizações	criminosas,	a	Lei	n°9.613/98,	que	aborda	a	lavagem	de	capitais,	
dentre outras.
Acesse	 a	 “Lei	 n°	 11.343/06”	 por	 meio	 do	 link:	 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm.
Acesse	a	“Lei	n°9.613/98”	por	meio	do	link:	http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htm.
No	que	tange	à	produção	dos	elementos subjetivos, mesmo que grande parte seja materializado 
nos	cartórios	da	organização	policial	(por	intermédio	de	entrevistas,	interrogatórios,	acareações,	reconheci-
mentos	de	pessoas	e	coisas,	dentre	outros),	sua	produção	está	intimamente	relacionada	com	as	diligências	
policiais	realizadas	pelos	integrantes	da	equipe	de	investigação,	deflagradas	a	partir	da	ciência	da	prática	de	
fatos que caracterizam, em tese, uma infração penal (notitia criminis), cuja internalização nos inquéritos po-
liciais	se	dá	por	intermédio	de	relatórios,	em	especial	o	de	investigação	em	local	de	crime	e	os	de	diligência	
(ou	de	missão	policial),	os	quais	subsidiarão	as	providências	de	polícia	judiciária	subsequentes.
Os elementos objetivos (ou materiais), em contrapartida, são produzidos por intermédio da atividade 
pericial, realizada por peritos, os quais não possuem, em regra, subordinação funcional direta a autoridades 
policiais, porém, por força do disposto no Art. 6°, Inciso VII do Código de Processo Penal (Decreto-Lei n° 
3.689/41, de 3 de outubro de 1941), não poderão recusar a realização de exames periciais, exceto quando 
caracterizarem uma ilegalidade.
18
A	grande	maioria	dos	órgãos	de	criminalística	estaduais	já	se	encontra	desvinculada	das	Polícias	Judiciárias	
Civis,	entretanto,	Amazonas,	Acre,	Espírito	Santo,	Maranhão,	Minas	Gerais,	Piauí,	Rio	de	Janeiro,	Rondônia,	
Distrito	Federal	e	Roraima	ainda	mantém	a	criminalística	vinculada	funcionalmente	às	suas	respectivas	
Polícias Civis.
Para	saber	sobre	o	Art.	6°,	Inciso	VII	do	Código	de	Processo	Penal	(Decreto-Lei	n°	3.689/41,	de	3	de	
outubro	de	1941),	acesse	o	arquivo	“Art.	6º”,	que	está	nos	anexos	do	curso.
Veja agora um exemplo que ilustra a recursa de realização de uma exame pericial por ele caracterizar 
uma ilegalidade.
Exemplo...
Fulana,	telefonista	de	uma	empresa	do	ramo	de	calçados,	a	partir	de	08/05/13,	após	romper	o	re-
lacionamento amoroso que mantinha com Ciclano, passou a receber inúmeras ameaças de morte, todas 
efetivadas	por	meio	do	telefone	fixo	da	empresa.
A	equipe	de	investigação,	acreditando	que	o	autor	das	ameaças	seria	Ciclano,	optou	por	abordá-lo,	
quando então seu aparelho celular foi formalmente apreendido.
Em	ato	contínuo,	a	autoridade	policial,	buscando	verificar	se	as	ligações	recebidas	pela	vítima	parti-
ram	do	celular	de	Ciclano,	requisitou	exame	pericial	no	aparelho,	determinando,	dentre	outras	ações,	que	o	
perito	levantasse	e	descrevesse	as	ligações	originadas	do	celular	submetido	a	exame	pericial,	de	08/05/13	
até a data da apreensão.
O perito, uma vez não existindo ordem judicial para tanto, se recusou em realizar o referido exame 
pericial, pois este violaria a privacidade de Ciclano, direito este protegido pela carta magna e que só pode 
sofrer	violação	em	casos	específicos	e	por	força	de	determinação	judicial.
A investigação criminal, mesmo sendo um conjunto de procedimentos, guarda em sua essência a 
indivisibilidade,	pois	é	da	interligação	dos	elementos	objetivos	e	subjetivos	que	a	prática	delitiva	será	re-
construída,	aflorando,	daí,	sua	dinâmica,	autoria	(motivação,	meios	e	oportunidade)	e	materialidade,	além	de	
todas as circunstâncias que lhe dizem respeito.
Entretanto,	para	fins	didáticos,	a	investigação	criminal	será	fracionada em dois momentos: investiga-
ção criminal preliminar e investigação criminal de seguimento.
O fracionamento da investigação criminal em “investigação preliminar” e “investigação de seguimento” 
foi	apresentado	pelo	professor	Guaracy	Mingardi	em	2005,	quando	da	divulgação	do	relatório	final	da	
pesquisa denominada “Investigação de Homicídios: construção de um modelo”, a qual é um dos produtos 
do Concurso Nacional de Pesquisas Aplicadas em Justiça Criminal e Segurança Pública, promovido pela 
Senasp/MJ no referido ano.
Dê	continuidade	ao	curso	para	descobrir	mais	informações	sobre	esses	dois	momentos.
Para saber mais...
Quer	saber	mais	sobre	esse	 tema?	Leia	o	 texto	 Investigação de Homicídios: construção de um 
modelo,	de	Guaracy	Mingardi,	que	está	nos	anexos	do	curso.	
2.1. Investigação criminal preliminar
A	 investigação	criminal	preliminar	diz	 respeito	às	ações	 investigativas	deflagradas	pela	equipe	de	
investigação logo após a notitia criminis, e engloba, dentre outras medidas:
o deslocamento	ao	cenário	do	crime;
 a preservação e o isolamento do local;
 a produção de elementos objetivos e subjetivos (por meio da utilização de métodos e técnicas 
investigativas); 
 a liberação do local;
 as pesquisas iniciais sobre as vítimas, testemunhas e suspeitos;
 além de outras diligências investigativas preambulares, as quais perdurarão até a efetiva entrega 
do relatório de investigação em local de crime	(e	dos	documentos	que	o	embasam)	à	autoridade	policial	
com	atribuição	para	apurar	os	fatos	sob	análise.
Acesse	o	“Relatório	de	investigação	em	local	de	crime”,	que	está	nos	anexos	do	curso.
O	exemplo	a	seguir	demonstra	uma	situação	de	investigação	criminal	preliminar.	Estude-o	com	aten-
ção.
Exemplo...
A equipe de investigação de determinada delegacia de polícia, composta por quatro policiais (dois 
caracterizados: delegado de polícia e um dos investigadores de polícia; e dois descaracterizados: investiga-
dores	de	polícia),	assim	que	toma	conhecimento	da	prática	de	um	homicídio	culposo	na	direção	de	veículo	
automotor, se desloca ao local.
No	cenário	do	crime,	ao	verificarem	que	o	perímetro	de	isolamento	não	era	adequado,	os	policiais	
caracterizados providenciam a sua ampliação, bem como, em seguida, levantam todos os dados e informa-
ções	coletados	pelos	policiais	militares	que	preservavam	o	local,	acionando,	em	ato	contínuo,	a	criminalísti-
ca.
Os policiais descaracterizados se inserem entre as pessoas que estavam na parte externa do períme-
tro	de	isolamento	e	passam	a	coletar,	de	maneira	dissimulada,	dados	e	informações	acerca	do	acidente	de	
trânsito, quando então descobrem que o condutor do veículo automotor e causador do acidente não era 
aquele que havia se apresentado (Ciclano) aos policiais militares (o qual era, na verdade, um dos passageiros 
do	carro),	mas	sim	um	terceiro	(Fulano),	o	qual	foi	retirado	do	local	por	familiares,	pois	estava	aparentemente	
embriagado. 
Após	uma	análise	detalhada	do	local,	os	policiais	caracterizados	constatam	que	uma	das	câmeras	
existentes	em	um	supermercado	captou	as	imagens	do	acidente,	as	quais	confirmam	as	informações	coleta-
das	até	então,	e	mais,	com	o	auxílio	dos	policiais	descaracterizados,	identificam	três	testemunhas	presenciais	
do	acidente	de	trânsito,	as	quais	são	qualificadas	e	conduzidas	à	delegacia	de	polícia,	juntamente	com	os	
demais envolvidos, para serem ouvidos (depois de esgotadas as medidas investigativas e de realizados os 
exames periciais - os quais foram acompanhados pela autoridade policial –, ou seja, após a liberação do local 
de crime).
Em	diligências	subsequentes,	a	equipe	de	investigação	identifica	o	condutor	do	veículo	automotor	
e	provável	causador	do	fatídico,	o	qual	é	devidamente	qualificado.	Entretanto,	por	estar	homiziado,	não	é	
encontrado. 
Por	fim,	decorridos	três	dias,	a	equipe	de	investigação,	depois	de	realizar	todas	as	pesquisas	e	dili-
gências	necessárias,	entrega	à	autoridade	policial	com	atribuição	para	apuração	dos	fatos	o	respectivo	rela-
tório	de	investigação	em	local	de	crime,	o	qual	contemplará	todos	os	dados	e	informações	coletados	durante	
a investigação criminal preliminar.
2.2. Investigação criminal de seguimento
 A investigação criminal de seguimentorefere-se	às	ações	investigativas	realizadas	após	a	entrega	
do	relatório	de	investigação	em	local	de	crime	(e	dos	documentos	que	o	embasam)	à	autoridade	policial	com	
atribuição	para	apurar	os	fatos,	cujo	ponto	de	partida	será	os	dados	e	informações	(elementos	objetivos	e	
subjetivos) coletados durante a investigação preliminar, e o término, a reconstrução pormenorizada daquilo 
20
que se pretendia esclarecer.
Atenção!
Assim como ocorre em uma corrida com bastão, entre a investigação criminal preliminar e a investi-
gação	criminal	de	seguimento	não	há	interrupção.	O	bastão,	nesse	caso,	representa	os	dados	e	informações	
coletados	e	registrados	pela	equipe	de	investigação	preliminar,	que	serão	repassados	à	equipe	de	investiga-
ção de seguimento por meio do relatório de investigação em local de crime.
A	seguir,	você	verá	um	novo	exemplo,	o	qual	ilustra	uma	investigação	criminal	de	seguimento	em	
andamento.	Vamos	lá!
Exemplo...
Tomando como base o exemplo anterior (suposto homicídio culposo na direção de veículo automo-
tor),	a	equipe	de	investigação	de	seguimento,	ao	dar	cumprimento	às	respectivas	ordens	de	missão	policial,	
identificaram	testemunhas	que	presenciaram	Fulano	ingerindo	bebidas	alcoólicas	em	um	bar,	as	quais	foram	
intimadas	e	prestaram	depoimento	na	delegacia	de	polícia,	quando	então	afirmaram	que	viram	Fulano	be-
bendo	cervejas	no	“Bar	da	Alegria”,	e	que	depois	de	aproximadamente	duas	horas,	este	saiu	do	local	condu-
zindo	o	veículo	automotor	marca	GM,	modelo	Corsa,	cor	branca,	o	qual	tinha	como	passageiro	Ciclano.
Referidas	testemunhas	externaram	também	que	Fulano	estava	embriagado	e	que	saiu	ziguezagueando	com	
o carro,	tudo	indicando	que	acabaria	se	envolvendo	em	um	acidente	de	trânsito,	pois	não	tinha	condições
para conduzir um carro.
Os	laudos	periciais	lavrados	pela	criminalística	confirmaram	que	o	causador	do	acidente	de	trânsito	
foi	o	condutor	do	veículo	automotor	marca	GM,	modelo	Corsa,	cor	branca,	o	qual	estava	em	alta	velocidade	
e	não	obedeceu	à	sinalização	local.
Diante	do	apurado,	a	equipe	de	investigação,	depois	de	realizar	novas	diligencias,	logrou	encontrar	
Fulano,	o	qual	foi	intimado	e,	durante	interrogatório,	depois	de	ver	as	imagens	coletadas	pela	câmera	do	
supermercado,	acabou	confirmando	a	prática	delitiva,	isso	ao	externar	que	na	data	dos	fatos	havia	ingerido	
grande	quantidade	de	cerveja	no	“Bar	da	Alegria”,	e	que	saiu	do	local	conduzindo	o	seu	carro,	um	corsa	
branco, o qual tinha como passageiro Ciclano, e que depois de invadir uma preferencial, por estar em alta 
velocidade, não conseguiu parar o carro e acabou colidindo com a motocicleta da vítima, causando a sua 
morte.	Externou	ainda	que	depois	do	acidente,	como	estava	embriagado,	foi	retirado	do	local	por	seu	irmão,	
que o manteve escondido em sua casa por dois dias.
Atenção!
Perceba que as diligencias realizadas pela equipe de investigação de seguimento se basearam nos 
dados	e	informações	coletados	pela	equipe	de	investigação	preliminar,	a	qual	apresentou	uma	hipótese	para	
o crime, que uma vez testada, possibilitou a reconstrução dos fatos.
Finalizando...
Que	tal	revisar	o	que	você	estudou	neste	módulo?	Veja	só:
 A investigação criminal diz respeito a um conjunto de procedimentos interdisciplinares, de nature-
za	inquisitiva,	preservadora	e	preparatória,	cuja	finalidade	é	formar,	com	base	em	técnicas	e	métodos	espe-
cíficos,	um	acervo	probatório	coeso,	coerente	e	robusto	quanto	à	autoria	e	materialidade	delitiva,	visando	a	
formar	um	juízo	de	probabilidade,	o	qual	embasará,	quando	for	o	caso,	uma	ação	penal.
 São três os sistemas de investigação criminal – Juiz Investigador, Promotor Investigador e Polícia 
Investigadora	–,	e	que	o	Brasil	adota	o	Sistema	da	Polícia	Investigadora,	cabendo	à	polícia	judiciária	a	direção	
da investigação criminal, sendo esta a titular do procedimento investigativo criminal – inquérito policial, o 
qual	será	presidido	por	um	delegado	de	polícia.
 A investigação criminal deve, obrigatoriamente, ser realizada por uma equipe de investigação (de-
21
legado de polícia, escrivão de polícia e investigadores de polícia) coesa e focada na obtenção de elementos 
objetivos	e	subjetivos	capazes	de	reconstituir,	com	cientificidade,	os	fatos	investigados.
 A	investigação	criminal	é	um	procedimento	indivisível,	mas	que,	para	fins	didáticos,	é	fracionada	
em dois momentos: investigação criminal preliminar e investigação criminal de seguimento. 
 A investigação criminal preliminar se inicia com a notitia criminis e perdura até a entrega do relató-
rio	de	investigação	em	local	de	crime	à	autoridade	policial	com	atribuição	para	apuração	dos	fatos,	quando	
então	se	inicia	a	investigação	criminal	de	seguimento,	cuja	conclusão	se	dará	com	a	reconstrução	pormeno-
rizada daquilo que se pretendia esclarecer.
Parabéns!	Você	finalizou	o	conteúdo	desse	módulo!
Agora, realize os exercícios adiante para dar continuidade ao seu aprendizado.
Exercícios
Com base nos conhecimentos adquiridos, realize as quatro atividades propostas a seguir.
Atividade 1:
Você	estudou	que	a	finalidade	da	investigação	criminal	se	divide	em	três	eixos:	remota,	mediata	e	
imediata.	Numa	avaliação	crítica,	descreva	o	efeito	prático	desse	conhecimento	para	a	investigação	criminal.
Atividade 2:
Analise	a	situação	hipotética	apresentada	abaixo	e	 identifique,	segundo	o	momento	da	execução,	
qual investigação criminal foi desenvolvida pela equipe de investigação.
Durante	uma	ocorrência	de	roubo	a	um	supermercado,	os	infratores,	depois	de	recolherem	dinheiro	
e	cheques	dos	caixas,	trancam	os	funcionários	em	um	banheiro	e,	no	instante	que	empreendiam	fuga,	são	
surpreendidos por um vigilante, o qual acaba sendo alvejado e morto.
Após a fuga, a Polícia Militar é acionada, e, minutos depois, comparecem ao local dois policiais mili-
tares,	os	quais	imediatamente	o	preservam	e	isolam,	bem	como,	em	ato	contínuo,	comunicam	o	ocorrido	à	
equipe de investigação plantonista, que também comparece ao local e, em seguida, aciona a criminalística.
A equipe de investigação plantonista, dividida em policiais caracterizados e descaracterizados, inicia 
o levantamento	de	dados	e	informações	acerca	dos	fatos,	o	que	perdura	até	o	término	das	atividades	peri-
ciais.
Com o término das atividades periciais, o corpo do vigilante é encaminhado ao IML, onde é subme-
tido a necropsia.
A	equipe	de	investigação	plantonista,	depois	de	concluir	as	diligências	preliminares,	entrega	à	au-
toridade policial com atribuição para apuração dos fatos o respectivo relatório de investigação em local de 
crime, a qual, logo após, instaura inquérito policial para apurar os fatos.
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Atividade 3:
	 a.	(			)	Quanto	à	finalidade	mediata	da	investigação	criminal,	marque	a	afirmativa	correta:
	 b.	(			)	Corresponde	à	aplicação	da	lei	penal	e	a	tutela	dos	direitos	fundamentais	do	cidadão.
	 c.	(			)	Corresponde	à	utilização	do	processo	investigatório	para	aplicação	da	lei	penal.
	 d.	(			)	Corresponde	à	produção	de	subsídios	para	a	promoção	da	ação	penal.
	 e.	(			)	Corresponde	à	produção	de	elementos	objetivos	e	subjetivos	sobre	as	circunstâncias	da	mate-
rialidade	e	da	autoria	das	infrações	penais,	para	indiciamento	do	autor.
Atividade	4:
Assinale	a	afirmativa	correta:
	 a.	(			)	A	classificação	da	investigação	criminal	quanto	ao	momento	de	execução	corresponde	apenas	
às	atividades	investigativas	desenvolvidas	no	local	do	crime.
 b. ( ) A investigação criminal preliminar se inicia com a instauração do inquérito policial pelo dele-
gado de polícia.
	 c.	(			)	Quanto	ao	momento	da	execução,	a	investigação	criminal	pode	ser	classificada	em	investigação	
criminal	cartorária	e	investigação	criminal	de	seguimento.
 d. ( ) O depoimento das testemunhas nos autos do inquérito policial é um exemplo de investigação 
criminal de seguimento.
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Gabarito
Feedback	da	atividade	1.
	 A	investigação	criminal	está	inserida	em	um	sistema	jurídico	que	a	contempla	com	finalidade	tridi-
mensional, composta pela produção de elementos objetivose subjetivos capazes de fundamentar o indicia-
mento	do	autor	pela	autoridade	policial	(finalidade	imediata),	os	quais	subsidiarão	o	promotor	de	justiça	ou	
o	ofendido	na	promoção	da	ação	penal	(finalidade	mediata)	e,	ao	final,	possibilitarão	a	aplicação	da	lei	penal	
(finalidade	remota),	proporcionando,	assim,	 justiça	criminal	e,	consequentemente,	paz	e	segurança	social,	
tão	necessários	ao	pleno	exercício	da	cidadania	e	à	existência	do	Estado	Democrático	de	Direito.
	 Percebendo	esse	alcance	da	investigação	criminal,	os	profissionais	de	segurança	pública,	em	especial	
os integrantes das equipes de investigação, saberão que sua atividade, por mais simples que possa parecer, 
possui enorme relevância social, pois é por meio dela que direitos e garantias fundamentais são tutelados, 
garantindo,	assim,	o	exercício	pleno	da	cidadania,	motivo	pelo	qual	jamais	poderá	ser	negligenciada.
Feedback	da	atividade	2.
 A situação hipotética apresentada descreve nitidamente uma investigação criminal preliminar, a qual 
inicia-se com a notitia criminis (roubo ocorrido ao supermercado) e perdura até a entrega do relatório de 
investigação	em	local	de	crime	(e	demais	documentos	que	o	embasam)	à	autoridade	policial	com	atribuição	
para apurar os fatos.
 Dentre	as	ações	que	a	compõe,	pode-se	citar,	dentre	outras,	as	que	seguem:
 deslocamento	ao	cenário	do	crime;
 preservação e isolamento do local (incluindo, aqui, a correção do perímetro de isolamento, que 
poderá	ser	diminuído	–	por	motivos	de	segurança	–,	ou	ampliado	–	para	proteger	vestígios	detectados	pelos	
peritos,	pela	equipe	de	investigação	criminal	ou	outros	profissionais	de	segurança	pública	que	estiverem	no	
local);
 produção de elementos objetivos e subjetivos (por meio da utilização de métodos e técnicas inves-
tigativas);
 liberação do local; e
 pesquisas iniciais sobre as vítimas, testemunhas e suspeitos.
Resposta	da	atividade	3::	afirmativa	c).
Resposta	da	atividade	4:	afirmativa	d).
24
Apresentação do módulo
	 Bem-vindo(a)	ao	Módulo	“Investigação	criminal:	princípios	fundamentais.”
	 Lembre-se	que	no	módulo	anterior	você	estudou	que	a	investigação	criminal	possui	finalidade	tridi-
mensional, sendo elas:
 1. Finalidade imediata: Produzir elementos objetivos e subjetivos capazes de fundamentar o indi-
ciamento do autor pela autoridade policial;
 2. Finalidade mediata: Subsidiar o promotor de justiça ou o ofendido na promoção da ação penal;
 3. Finalidade remota: Produção da Verdade.
	 Vale	a	pena	relembrar	ainda	que	ela	não	se	detém	às	duas	primeiras,	sendo	portanto	a	Produção	
da	verdade,	sua	principal	finalidade,	e	por	ela,	a	obtenção	de	justiça	penal,	sendo	o	respeito	aos	direitos	
humanos, consubstanciados nos direitos e garantias fundamentais, e a plena efetividade dos mais elevados 
preceitos éticos e morais, o alicerce de sua existência. 
	 Ainda	no	módulo	anterior,	você	pôde	observar	que	no	Brasil	se	adota	o	sistema	da	polícia	investiga-
dora,	e	que	a	investigação	criminal,	devido	a	sua	complexidade,	deverá	ser	conduzida	por	uma	equipe	de	
investigação,	cuja	coordenação,	por	força	das	regras	processuais	penais,	recairá	sobre	o	delegado	de	polícia.
IC-M03-S05
	 Dando	continuidade,	você	estudará	o significado dos princípios,	e	mais,	conhecerá	a	importância	
dos princípios constitucionais que regem a investigação criminal para a tutela dos direitos e garantias funda-
mentais,	a	proteção	do	Estado	Democrático	de	Direito	e,	consequentemente,	o livre e seguro exercício da 
cidadania.
	 O	estudo	deste	módulo	lhe	auxiliará	a	compreender	que	o	cumprimento	dos	princípios	operacionais	
da	investigação	criminal	está	diretamente	relacionado	com	o	sucesso	da	atividade	investigativa.
	 Preparado(a)?	Vamos	lá!
Objetivos do módulo
 
Ao	final	deste	módulo,	você	será	capaz	de:
 
 Definir	o	que	são	princípios;
 Listar os princípios constitucionais que regem a investigação criminal sob o aspecto normativo;
 Nomear os princípios operacionais que regulam a investigação criminal sob o aspecto operacional.
Estrutura do módulo
 
Este	módulo	é	composto	pelas	seguintes	aulas:
 Aula 1 – Princípios
 Aula 2 – Princípios constitucionais da investigação criminal
 Aula 3 – Princípios operacionais da investigação criminal
MÓDULO 
3
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
25
Aula 1 – Princípios
 O procedimento investigativo, assim como qualquer outro ato da administração pública, para ser 
capaz	de	cumprir	com	a	sua	finalidade,	precisa estar alicerçado em princípios específicos, que o regem 
e sustentam.
	 Pode-se	definir,	de	uma	maneira	geral,	os	Princípios,	como:
Regras	básicas	que	determinam	condutas	obrigatórias	e	 impedem	a	adoção	de	procedimentos	com	eles	
incompatíveis. São os fundamentos de determinados procedimentos, a base sobre a qual eles se assentam.
	 Para	ajudá-lo	a	complementar	este	conteúdo,	veja		a	seguir	duas	definições	de	princípios,	uma	apon-
tada	pelo	jurista	Miguel	Reale	e	outra	pelo	Advogado	Celso	Antônio	Bandeira	de	Mello.
De	acordo	com	Reale	(1986,	p.	60),
 Princípios são, pois, verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de cer-
teza	a	um	conjunto	de	juízos,	ordenados	em	um	sistema	de	conceitos	relativos	à	dada	porção	da	realidade.	
Às	vezes	também	se	denominam	princípios	certas	proposições,	que	apesar	de	não	serem	evidentes	ou	resul-
tantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de conhecimentos, 
como	seus	pressupostos	necessários.
	 Segundo	Mello	(1994,	p.	450),
	 Princípio	-	já	averbamos	alhures	-	é,	por	definição,	mandamento	nuclear	de	um	sistema,	verdadeiro	
alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e 
servindo	de	critério	para	sua	exata	compreensão	e	inteligência,	exatamente	por	definir	a	lógica	e	a	racionali-
zação	do	sistema	normativo,	no	que	lhe	confere	a	tônica	e	lhe	dá	sentido	harmônico.	É	o	conhecimento	dos	
princípios	que	preside	a	intelecção	das	diferentes	partes	componentes	do	todo	unitário	que	há	por	nome	
sistema	jurídico	positivo	[...].	Violar	um	princípio	é	muito	mais	grave	que	transgredir	uma	norma	qualquer.	A	
desatenção	ao	princípio	implica	ofensa	não	apenas	a	um	específico	mandamento	obrigatório,	mas	a	todo	o	
sistema	de	comandos.	É	a	mais	grave	forma	de	ilegalidade	ou	de	inconstitucionalidade,	conforme	o	escalão	
do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fun-
damentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto porque, 
com ofendê-lo, abatem-se as vigas que os sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada.
Importante!
 Os princípios são elementos de ação transversal.	No	caso,	significa	que	os	princípios	constitucionais	
regem todos os procedimentos da investigação criminal em todos os atos da administração pública.
 Que	está	presente	em	todos	os	atos	públicos.
 Sendo a investigação criminal um conjunto de atos da administração pública, incide sobre ela 
princípios	que	fundamentam	a	gestão	dessa	administração,	bem	como	princípios	específicos	da	metodolo-
gia	de	execução	técnico-cientifica.
	 Os	princípios	aplicados	à	investigação	criminal	são	regras	de	operacionalidade	da	função	protetora	
de direitos e garantias fundamentais.
 Assim, quanto maior o grau de lesividade	da	ação	investigativa,	maior	deverá	ser	o	cuidado	da	equipe	
de investigação com as garantias protetoras do investigado.
 Potencial	nível	de	lesão	ou	de	exposição	à	lesão	a	direitos	e	garantias	fundamentais	do	cidadão,	
decorrente	das	ações	realizadas	pelas	equipes	de	investigação.
26
Para refletir
	 Suas	práticas	diárias	como	profissional	público	têm	sido	norteadas	com	essa	percepção?
Aula 2 - Princípios constitucionais da investigação criminal
	 O	marco	inicial	dos	princípios	que	regem	a	investigação	criminal	é	o	Art.	37	da	Constituição	da	Repú-
blica	Federativa	do	Brasil,	o	qual	disciplina	os	fundamentos	legais	que	deverão	servir	de	referência	e	inspirar	
todos	os	atos	daadministração	pública.	Diz	o	texto:
 
Mas,	qual	o	significado	desses	princípios?	Veja	a	seguir!
2.1. Princípio da legalidade
	 Você	viu	que,	no	Estado	Democrático	de	Direito	todos	e	todas	deverão	se	submeter	à	supremacia	da	
lei.
		 O	princípio	da	legalidade	é	a	pedra	de	toque	do	Estado	de	Direito	e	estabelece	dois	tipos	de	relação,	
uma com a administração pública, e outra, com o cidadão.
2.1.1. Relação com administração pública
	 A	atuação	da	administração	pública	só	pode	ser	operada	em	conformidade	com	a	lei.	É	uma	relação	
de submissão.
	 Nesse	sentido,	Mello	(1994,	p.48)	afirma	que:
 
	 Assim,	o	princípio	da	legalidade	é	o	da	completa	submissão	da	Administração	às	leis.	Este	deve	tão-
-somente	obedecê-las,	cumpri-las,	pô-las	em	prática.	Daí	que	a	atividade	de	todos	os	seus	agentes,	desde	o	
que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da República, até o mais modesto dos servidores, só pode ser 
a	de	dóceis,	reverentes	obsequiosos	cumpridores	das	disposições	gerais	fixadas	pelo	Poder	Legislativo,	pois	
esta	é	a	posição	que	lhes	compete	no	direito	Brasileiro.
	 Meirelles	(1998,	p.	67),	em	conformidade,	afirma:
 
	 A	legalidade,	como	princípio	de	administração,	significa	que	o	administrador	público	está,	em	toda	
sua	atividade	funcional,	sujeito	aos	mandamentos	da	lei	e	às	exigências	do	bem	comum,	e	deles	não	se	pode	
afastar	ou	desviar,	sob	pena	de	praticar	ato	inválido	e	expor-se	a	responsabilidade	disciplinar,	civil	e	criminal,	
conforme o caso. 
Importante!
É	justamente	essa	relação	de	submissão	que	gera	segurança	jurídica	aos	cidadãos	e	limita	o	poder	dos	pro-
fissionais	da	Administração	Pública.
2.1.2. Relação com o cidadão
	 É	permitido	ao	cidadão	fazer	tudo	aquilo	que	a	lei	não	proíbe,	e	mais,	não	poderá	ser	obrigado	a	fazer	
aquilo que não lhe é determinado por lei.
	 É	uma relação de autonomia que resulta no princípio da liberdade do ser humano, o qual integra 
o	rol	de	direitos	e	garantias	individuais	e	está	previsto	no	Art.	5º,	Inciso	II	da	Carta	Magna:
Importante!
O	princípio	da	 legalidade	é	direito	 fundamental	de	cidadania,	que	servirá	de	base	para	 todos	os	demais	
princípios.
27
	 Observe	que	a	acepção	dada	pela	norma	constitucional	ao	vocábulo	lei	não	é	restrita,	mas	abrangen-
te,	abarcando	a	lei	propriamente	dita	e	todo	o	contexto	jurídico	em	que	ela	está	contida.
 
Pense,	o	que	isto	significa?
	 Significa	que	as	normas	que	regulam	a	investigação	criminal	–	mesmo	as	administrativas	como:	por-
tarias, ordens de serviços, protocolos de procedimentos etc. – estão inseridas nesse contexto e, portanto, 
deverão respeitar o princípio da legalidade.
2.2. Princípio da impessoalidade
O princípio da impessoalidade deve ser analisado sob dois prismas:
 Desdobramento	do	princípio	da	isonomia.
Objetiva	impedir	que	profissionais	públicos	concedam	privilégios	ou	prejudiquem	determinadas	pessoas	em	
detrimento do interesse público.
 Vedação de promoção pessoal do administrador. 
Tem	por	finalidade	que	os	profissionais	públicos	se	valham	da	coisa	pública	para	buscar	promoção	pessoal.		
Sobre	este	princípio,	Bandeira	de	Mello	afirma	que:
 
 Nele se traduz a ideia de que a Administração tem que tratar todos os administrados sem discrimi-
nações,	benéficas	ou	detrimentosas.	Nem	favoritismo	nem	perseguições	são	toleráveis.	Simpatias	ou	ani-
mosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação administrativa e muito menos 
interesses	sectários,	de	facções	ou	grupos	de	qualquer	espécie.	(BANDEIRA	DE	MELLO,	2003,	p.	104)
 
	 Trazendo	essas	definições	para	a	investigação	criminal,	significa	dizer	que	os	procedimentos	e	atitu-
des	deflagrados	pelos	integrantes	da	equipe	de	investigação	deverão	refletir	objetividade	no	atendimento	
do interesse público, sem qualquer possibilidade de privilégios, malefícios ou promoção pessoal.
 Interesse público diz respeito ao agir estatal voltado a assegurar a viabilidade da vida em sociedade, 
e	quando	se	refere	à	investigação	criminal,	essa	viabilidade	se	materializa	por	meio	da	plena	efetividade	de	
suas	finalidades:	tutelar	direitos	e	garantias	fundamentais;	produzir	elementos	objetivos	e	subjetivos	capazes	
de esclarecer o fato investigado e, se for o caso, fundamentar o indiciamento do autor pela autoridade poli-
cial; subsidiar o promotor de justiça ou o ofendido na promoção da ação penal; e, possibilitar a aplicação da 
lei penal.
2.3. Princípio da moralidade
	 A	moralidade	da	Administração	Pública	está	relacionada	com	aquilo	que	a	sociedade,	em	determi-
nado momento, considerou eticamente adequado e moralmente aceito. Nesse sentido, veja abaixo o que 
afirmam,	segundo	o	princípio	da	moralidade,	o	advogado	Juarez	Freitas	e	a	Procuradora	Maria	Sylvia	Zanella	
Di	Pietro,	para	complementar	seus	estudos.
 
	 Segundo	Juarez	Freitas,
	 […]	estão	vedadas	condutas	eticamente	inaceitáveis	e	transgressoras	do	senso	moral	médio	superior	
da sociedade, a ponto de não comportarem condescendência. Não se confunde, por certo, a moralidade 
com	o	moralismo,	este	último	intolerante	e	não-universalizável	por	definição.	De	certo	modo,	tal	princípio	
determina que se trate a outrem do mesmo modo que se apreciaria ser tratado, isto é, de modo virtuoso e 
honesto. O “outro”, aqui é a sociedade inteira, motivo pelo qual o princípio da moralidade exige que, funda-
mentada e intersubjetivamente, os atos, contratos e procedimentos administrativos venham a ser contem-
plados	e	controlados	à	base	de	orientação	decisiva	e	substancial	que	prescreve	o	dever	de	a	Administração	
28
Pública observar, com pronunciado rigor e a maior objetividade possível, os referenciais valorativos da Cons-
tituição,	cumprindo	vivificar,	exemplarmente,	o	combate	contra	toda	e	qualquer	 lesão	moral	ou	 imaterial	
provocada	por	ações	públicas	não-universalizáveis,	destituídas	de	probidade	e	de	honradez.	[…]	O	princípio	
da	moralidade	no	campo	administrativo	não	há	de	ser	entendido	como	singelo	conjunto	de	regras	deonto-
lógicas extraídas da disciplina interna da Administração. Na realidade, prescreve exatamente mais: diz com 
os	padrões	éticos	de	uma	determinada	sociedade,	de	acordo	com	os	quais	não	se	admite	a	universalização	
de	máximas	de	conduta	que	possam	fazer	perecer	liames	sociais	aceitáveis	( justificáveis	axiologicamente).	
(2004,	p.	53	-	56)	
	 De	acordo	com	Maria	Sylvia	Zanella	Di	Pietro,
 
	 [...]	quando	o	conteúdo	de	determinado	ato	contrariar	o	senso	comum	de	honestidade,	retidão,	equi-
líbrio,	justiça,	respeito	à	dignidade	do	ser	humano,	à	boa-fé,	ao	trabalho,	à	ética	das	instituições.	A	morali-
dade	exige	proporcionalidade	entre	os	meios	e	os	fins	a	atingir;	entre	os	sacrifícios	impostos	à	coletividade	
e os benefícios por ela auferidos; entre as vantagens usufruídas pelas autoridades públicas e os encargos 
impostos	à	maioria	dos	cidadãos.	Por	isso	mesmo,	a	imoralidade	salta	aos	olhos,	quando	a	Administração	
Pública é pródiga em despesas legais, porém inúteis, como propaganda ou mordomia, quando a população 
precisa de assistência médica, alimentação, moradia, segurança, educação, isso sem falar no mínimo indis-
pensável	à	existência	digna.	Não	é	preciso,	para	invalidar	despesas	desse	tipo,	entrar	na	difícil	análise	dos	
fins	que	inspiram	a	autoridade;	o	ato	em	si,	o	seu	objetivo,	o	seu	conteúdo,	contraria	a	ética	da	instituição,	
afronta a norma de conduta aceita como legítima pela coletividade administrada. Na aferição da imoralidade 
administrativa,	é	essencial	o	princípio	da	razoabilidade	[…]	(2006,	p.	96)
	 Diante	do	conteúdo	exposto,	você	poderá	concluir	que,	as	técnicas	e	métodos	utilizados	pela	inves-
tigação criminal para a produção de elementos objetivos e subjetivos, além de irem ao encontro do sistema 
jurídico	vigente,	deverão	estar	de	acordo	com	o	ideário	moral	vigente,	são	eles:
 Receber	dos	órgãos	públicos	informações	de	interesse	particular,	coletivo	ou	geral	(Inc.	XXXIII);
 Obter	certidões	em	repartições	públicas	(Inc.	XXXIV);
 Conhecer	informações	relativas	à	pessoa	interessada,	constantes	de	bancos	de	registros	oubancos	
de	dados	de	entidades	governamentais	ou	de	caráter	publico	(Inc.	LXXII).
Importante!
As	decisões	tomadas	pela	equipe	de	investigação	durante	a	investigação	criminal	deverão	estar	alicerçadas	
e de acordo com os valores que a sociedade adota como norte para a relação de convivência das pessoas, 
e destas para com o ambiente.
2.4. Princípio da publicidade
	 A	acepção	fundamental	do	princípio	da	publicidade	diz	respeito	à	transparência.
	 Bandeira	de	Mello	(1996,	p.	102),	ao	se	reportar	ao	princípio	da	publicidade,	afirma	que	é	“(...)	o	dever	
administrativo de manter plena transparência em seus comportamentos”.
	 Na	Administração	Pública,	a	transparência	tem	como	objetivo	o	controle	que	poderá	ser	feito	pela	
própria	Administração,	pelo	Poder	Judiciário	e	pelo	cidadão	dos	atos	praticados	pelos	profissionais	públicos.
		 De	acordo	com	SILVA	(2010,	p.	14),
 (...) de fato, com as tecnologias, a sociedade capitalista tornou-se muito mais dinâmica, complexa e, 
de	algum	modo,	as	ações	humanas	agora	estão	cercadas	de	instrumentos	reais	que	possibilitam	transparên-
cia	e	controle	fiscal	e	social.	Dessa	maneira,	a	presença	do	Poder	Público	em	quase	todas	as	nossas	ações	
diárias	levou	a	um	estreitamento	da	distância	entre	o	cidadão	e	o	Estado,	em	parte	pela	transparência,	pelos	
mecanismos	de	controle	e,	em	outra	parte,	pelas	ações	e	reações	dos	sujeitos,	ao	reivindicarem	como	seus	
os	direitos	sociais	(SILVA,	2010,	p.	14)
29
	 O	controle	da	gestão	pública	pelo	cidadão,	tamanha	sua	importância,	encontra	previsão	em	vários	
dispositivos	do	Art.	5º	da	Carta	Magna,	podendo	citar,	entre	eles:
Para saber mais...
	 Acesse	a	Lei	nº	9.507/97	que	regula	o	direito	de	acesso	a	informações	e	disciplina	o	rito	processual	
do habeas data, por meio do link:	http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9507.htm.
 Mas, você acha que esse princípio é absoluto?
	 Não!	Trata-se	de	uma	regra,	e	como	tal,	possui	exceções.
	 O	legislador	constituinte,	objetivando	dar	equilíbrio	às	relações	jurídicas	afetadas	pelo	princípio	da	
publicidade,	estabeleceu	exceções	ao	direito	à	informação,	isso	ao	tutelar	hipóteses	de	sigilo,	o	que	pode	ser	
extraído da leitura do Inc. XXXIII do Art. 5º da CF/88:
	 […]	todos	têm	direito	a	receber	dos	órgãos	públicos	informações	de	seu	interesse	particular,	ou	de	
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas 
aquelas	cujo	sigilo	seja	imprescindível	à	segurança	da	sociedade	e	do	Estado;
Para saber mais...
	 A	 Lei	 nº	 12.527/11(fazer	 link	 para:	 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/
l12527.htm)	regula	o	acesso	a	informações	previsto	no	Inc.	XXXIII	do	Art.	5º,	no	Inc.	II	do	§	3º	do	Art.	37,	e	no	
§	2º	do	Art.	216,	todos	da	Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil	de	1988.	Confira!
	 Diante	do	conteúdo	apresentado,	pode-se	concluir	que	a	transparência	é	a	regra,	e	que	as exceções, 
necessariamente, deverão estar previstas expressamente em lei. 
	 Para	saber	sobre	as	exceções	acesso	o	arquivo	“Normas	infraconstitucionais	que	preveem	o	sigilo”	
que	está	nos	anexos	do	curso.
Para refletir
	 Considerando	o	disposto	no	Art.	20	do	Código	de	Processo	Penal	(“A	autoridade	assegurará	no	in-
quérito	o	sigilo	necessário	à	elucidação	do	fato	ou	exigido	pelo	interesse	da	sociedade.”),	pode-se	afirmar	
que	todos	os	atos	da	investigação	criminal	são	sigilosos?
Em	princípio	não.
 No caso da investigação criminal, devem ser considerados dois aspectos: 
 O contexto da apuração,	de	interesse	imediato	e	geral,	pois	diz	respeito	às	demandas	imediatas	
de bem-estar da coletividade;
 O aspecto do ato operacional específico, cujo interesse é mediato.
	 Ou	seja,	a	apuração	de	provas	da	prática	de	um	delito,	como	ato	geral	de	gestão	pública,	deve ser 
do conhecimento da comunidade, para que tenha segurança jurídica quanto a garantia de proteção de seu 
bem-estar. 
 Note que, mesmo sendo de seu interesse, os procedimentos operacionais de apuração, em regra, são 
executados em sigilo, exatamente para garantir a exequibilidade da investigação.
 De	acordo	com	o	Art.	7º,	Inciso	XIV	da	Lei	nº	8.906/94,	é	direito	do	advogado	“examinar	em	qual-
quer	repartição	policial,	mesmo	sem	procuração,	autos	de	flagrante	e	de	inquérito,	findos	ou	em	andamen-
to,	ainda	que	conclusos	à	autoridade,	podendo	copiar	peças	e	tomar	apontamentos”,	todavia,	a	par	das	
30
divergências	jurisprudenciais	e	doutrinárias,	em	se	tratando	de	procedimento	investigativo	cujo	sigilo	foi	
determinado	por	decisão	judicial,	apenas	com	autorização	judicial	o	advogado	poderá	acessá-lo,	estando	o	
material sigiloso formalmente documentado ou não nos autos.
	 Nesse	sentido,	Tourinho	Filho,	ao	tratar	do	inquérito	policial,	assim	leciona:
 
Além de escrito ele ainda é sigiloso. Se o inquérito policial visa a investigação, a elucidação, a descoberta das 
infrações	penais	e	das	respectivas	autorias,	pouco	ou	quase	nada	valeria	a	ação	da	polícia	judiciária	se	não	
pudesse	ser	guardado	o	necessário	sigilo	durante	a	sua	realização.	O	princípio	da	publicidade,	que	domina	
o	processo,	não	se	harmoniza,	não	se	afina	com	o	inquérito	policial.	Sem	o	necessário	sigilo,	diz	Tornaghi,	o	
inquérito	seria	uma	burla,	um	atentado.	(TOURINHO	FILHO,	2006,	p.	206)	
Para refletir
Já	imaginou	se	a	polícia	anunciar	antecipadamente	as	estratégias	que	irá	aplicar	na	investigação	criminal	de	
delitos	praticados	por	quadrilhas	de	tráfico	de	drogas	ou	por	organizações	criminosas?	
(Inserir	a	imagem	padronizada	para	os	momentos	de	reflexão)
Você deve ter chegado à conclusão de que, desta forma, é pouco provável que consiga produzir 
alguma prova...
2.5. Princípio da eficiência
	 Para	finalizar	a	aula	2	–	Princípios	constitucionais	da	investigação	criminal,	você	irá	conhecer	agora	o	
Princípio	da	eficiência.
	 Por	sua	importância,	é	de	observância	prioritária	e	universal	no	exercício	de	toda	atividade	adminis-
trativa	do	Estado.
	 O	termo	remete	à	acepção	de	boa	administração	e	está	vinculado	à:
 Produtividade;
 Profissionalismo;
 Adequação	técnica	do	exercício	funcional	às	demandas	do	interesse	público.
 
Veja	a	seguir	o	que	diz	Pazzaglini	(2000,	p.32):
 “o administrador público tem o dever jurídico de, ao cuidar de uma situação concreta, escolher e 
aplicar,	entre	as	soluções	previstas	e	autorizadas	pela	lei,	a	medida	eficiente	para	obter	o	resultado	desejado	
pela sociedade”.
	 Isto	significa	que	a	Administração	Pública	e	seus	profissionais,	no	exercício	das	atividades	funcionais,	
deverão aplicar os recursos disponíveis com base na melhor relação custo-benefício, otimizando-os, e em-
pregar	os	critérios	técnicos	e	legais	necessários	para	maior	eficácia	possível	em	benefício	da	boa	qualidade	
de vida do cidadão.
 Nesta aula, você aprendeu que...
A	aplicação	prática	do	princípio	na	investigação	criminal	se	concretiza	com	todos	os	cuidados	necessários	
para	sua	eficácia,	como:
 Planejamento, com a escolha adequada dos meios;
 Cuidados com a proteção aos direitos e garantias fundamentais das pessoas envolvidas no proces-
so;
 Legalidade na coleta dos elementos objetivos e subjetivos.
 
31
Aula 3 - Princípios operacionais da investigação criminal
A operacionalidade da investigação criminal é sustentada pelo tripé formado pelos seguintes princípios:
 Compartimentação Sigilosa;
 Imediatismo;
 Oportunidade.
3.1. Compartimentação sigilosa
 Compartimentar é o mesmo que compartir, ou seja, dividir em compartimentos. Ainda, conforme 
acepções	encontradas	nos	dicionários,	distribuir por vários indivíduos ou lugares. 
	 As	duas	acepções	são	compatíveis	com	o	sentido	posto	ao	princípio	em	análise.
 O sigilo	é	inerente	à	própria	arquitetura	da	investigação	criminal.	Imagine	se	os	dados	e	informações	
colhidos	nesse	processo	pudessem	ser	devassados	por	qualquer	pessoa.	Provavelmente	a	polícia	judiciária	
nunca	obteria	elementos	objetivos	e	subjetivos	capazes	de	reconstituir	o	fato	delituoso	investigado.	Diz	a	lei	
processual penal:
	 […]	Artigo	20	-	A	Autoridade	assegurará

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