Buscar

Temas Contemporâneos em Psicologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autoria: Me. Pablo Mateus dos Santos Jacinto 
Revisão técnica: Ma. Luana Pinto Moraes
TEMAS CONTEMPORÂNEOS EM
PSICOLOGIA
ATUAÇÃO JUNTO ÀS
PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA (PCD) E
TRABALHO VOLTADO
À TEMÁTICA DA
DROGADIÇÃO E
MEDICALIZAÇÃO
Introdução
Durante a graduação, você já se questionou se aquilo que estava sendo
ensinado, de fato, teria aplicação em contextos reais? Refletiu sobre como a
Psicologia deixa os laboratórios e se insere na função de colaboração com o
desenvolvimento social? Indagou sobre demandas contemporâneas que se
reconfiguram com o cenário sócio-histórico e político e como pensar
intervenções nesses cenários?
Provavelmente, a resposta para essas perguntas será “sim”. De fato, conforme
se fortalece como campo científico e profissional, a Psicologia é demandada a
contribuir com temas e campos que se distanciam da perspectiva tradicional de
atuação. Por isso, nesta disciplina, discutiremos uma parcela desses contextos,
questionando, conjuntamente, como construir uma Psicologia implicada com o
desenvolvimento social e a garantia dos Direitos Humanos; conheceremos as
políticas públicas implantadas para buscar efetivar esses direitos e discutiremos
sobre formas de intervenção.
Nesta unidade, abordaremos dois conjuntos de temas fundamentais para o
profissional psicólogo contemporâneo: atuação junto às pessoas com
deficiência (PCD) e trabalho voltado à temática da drogadição e medicalização.
Esperamos que você colabore e adquira saberes sobre esses campos.
Bons estudos!
Tempo estimado de leitura: 47 minutos.
1.1 Atuação da(o) psicóloga(o) em contextos
contemporâneos
Apesar de ter chegado anteriormente ao Brasil, a Psicologia só passa a ser
regulamentada no país em 1962. De lá para cá, tem se demonstrado um campo
científico e profissional extremamente dinâmico, evoluindo conforme o fluxo da
história e trazendo contribuições para diversos temas de interesse social.
Mesmo em contextos de atuação tradicionais, a exemplo da clínica, educação e
organizações, a(o) psicóloga(o) se vê posta(o) a refletir constantemente sobre o
contexto sociocultural em que se insere e seus impactos na realidade de
trabalho. Dentre os temas de importância, inclui-se o debate sobre Direitos
Humanos e suas reverberações na Psicologia.
Você já deve ter observado como a Psicologia é uma profissão dinâmica e em
constante desenvolvimento, não só seguindo o avanço da ciência psicológica,
mas dos contextos de atuação que se complexificam. Agora que você conhece
um pouco sobre a configuração da Psicologia no Brasil, vamos falar sobre
algumas especificidades dessa profissão na contemporaneidade. 
1.2 Noções básicas de Direitos Humanos
Os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) são órgãos autárquicos
que têm como objetivo orientar, disciplinar e fiscalizar a profissão de
psicólogo no Brasil. No site do Conselho Federal de Psicologia (CFP) você
tem acesso ao CRP do seu estado. O Sistema Conselhos (CFP e CRPs)
oferece muitos recursos oficiais e atuais sobre a atuação da Psicologia,
além de eventos e organização de grupos de trabalho voltados a temas
contemporâneos. Que tal procurar o seu CRP e saber sobre as atividades
disponíveis?
https://site.cfp.org.br/cfp/sistema-conselhos/conselhos-pelo-brasil/
(https://site.cfp.org.br/cfp/sistema-conselhos/conselhos-pelo-brasil/)
VOCÊ SABIA?
https://site.cfp.org.br/cfp/sistema-conselhos/conselhos-pelo-brasil/
Os Direitos Humanos são um conjunto de princípios e direitos convencionados
internacionalmente pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
Fortalecida após a Segunda Guerra Mundial, a cultura dos Direitos Humanos
contempla a defesa de direitos universais, indivisíveis interdependentes e inter-
relacionados, atribuídos a toda pessoa humana (SCARANO, 2018).
Figura 1 - Declaração Universal dos Direitos Humanos
Fonte: corgarashu, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
A imagem apresenta uma representação de
documento no qual está escrito “Universal
Declaration of Human Rights” (em português:
“Declaração Universal dos Direitos Humanos”).
No campo jurídico, é identificada uma série de gerações (ou dimensões) dos
direitos fundamentais humanos (DIÓGENES JR., 2012; OLIVEIRA [S. d.]). Observe
como foi necessária uma longa trajetória histórica para um reconhecimento
social minimamente igualitário entre os sujeitos. 
Primeira geração/dimensão 
Refere-se a direitos que precedem o contrato social. Envolvem,
por exemplo, o direito à liberdade, ao voto e demais direitos
civis e políticos. 
Engloba direitos referentes ao chamado bem-estar social:
saúde, educação e trabalho, por exemplo. Fundamenta-se no
ideário da igualdade. 
Baseia-se nos princípios da solidariedade e fraternidade. São
direitos de titularidade coletiva, envolvendo garantias a públicos
específicos (crianças, idosos, deficientes) e contextos comuns,
como o meio ambiente e o direito do consumidor. 
Envolve questões relativas à vida que emergem com a evolução
da genética e das ciências da saúde. Há vertentes que incluem
o direito à democracia, informação e pluralismo nessa geração. 
Segunda geração/dimensão 
Terceira geração/dimensão 
Quarta geração/dimensão 
Quinta geração/dimensão 
Ao longo do século XX, o Brasil se tornou signatário de diversos tratados e
convenções que reforçam o compromisso da nação para com os Direitos
Humanos. Esse cenário se reflete no ordenamento jurídico brasileiro,
favorecendo a promulgação de algumas leis.
Essas, dentre outras legislações, impactam de modo direto ou indireto em
diversos contextos de trabalho da Psicologia. Por isso, ao longo da disciplina,
conheceremos algumas dessas reverberações.
Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988).
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança
e do Adolescente (BRASIL, 1990).
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, conhecida como
Lei Orgânica da Saúde (BRASIL, 1990).
Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, conhecida como
Lei Orgânica da Assistência Social (BRASIL, 1993).
Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, o Estatuto do
Idoso (BRASIL, 2003).
Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, o Estatuto da
Igualdade Racial (BRASIL, 2010).
Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, o Estatuto da Pessoa
com Deficiência (BRASIL, 2015).
Ainda não propriamente consensual, essa geração envolve,
dentre outros, os direitos relacionados à vivência em contexto
virtual e as implicações da alta tecnologia na vida humana. Em
outra vertente, essa geração tem como centralidade o direito à
paz. 
Dentre as comissões permanentes do Conselho Federal de
Psicologia e Conselhos Regionais de Psicologia, destaca-se a
Comissão de Direitos Humanos (CDH). Criada em agosto de
1997 e regionalizada em 1998, a CDH possui os seguintes
objetivos, dentre outros: 
- incentivar a reflexão e o debate sobre os direitos humanos
inerentes à formação, à prática profissional e à pesquisa em
Psicologia;
- intervir em situações concretas, em que existam violações dos
direitos humanos que estejam produzindo sofrimento mental;
- estudar os múltiplos processos de exclusão como fonte de
produção de sofrimento mental, evidenciando não apenas seu
modo de produção socioeconômico como também os efeitos
psicológicos que constituem sua vertente subjetiva.
Fonte: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). O que é a
Comissão de Direitos Humanos. Brasília [S. d.]. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/cfp/comissao-de-direitos-humanos/
(https://site.cfp.org.br/cfp/comissao-de-direitos-humanos/).
 
(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)
TESTE SEUS CONHECIMENTOS
https://site.cfp.org.br/cfp/comissao-de-direitos-humanos/
Mais de vinte anos depois, é possível refletir sobre as ações
dessa comissão ao orientar interesses do CFP perante
contextos contemporâneos de atuação nesse período. Tomando
por base essa possível reverberação, assinale a opção correta.
a) É evidente o compromisso institucional da Psicologia com os
Direitos Humanos ao se observar o Código de Ética Profissional
do Psicólogo, no qual os artigos refletem sobre a Psicologia
como orientada ao cuidado da pessoa humana e aocombate a
opressões e violações de direitos.
b) O Sistema Conselhos de Psicologia é desvinculado dos
Direitos Humanos como instância legal, já que compreende a
Declaração Universal dos Direitos Humanos como campo do
Direito, e não da Psicologia.
c) Apesar da ligação com os Direitos Humanos, é observado no
Código de Ética Profissional do Psicólogo que as escolhas
profissionais são soberanas, por isso, esse profissional deve
determinar quais são as melhores formas de atuação.
d) O compromisso com os Direitos Humanos é fundamental na
atuação em políticas públicas, por serem orientadas
constitucionalmente. Entretanto, o fazer clínico desobriga o
profissional de acatar esse posicionamento.
e) Seguindo a Declaração Universal de Direitos Humanos, a
Psicologia se compromete com atuação que respeite os
públicos vulnerabilizados, exceto aqueles que cometeram atos
que ocasionaram a privação de liberdade.
VERIFICAR
1.2.1 Ética em Psicologia alinhada aos Direitos Humanos
Além de manter um compromisso político com a defesa dos Direitos Humanos,
como você pôde observar, essa categoria de direitos é base para a condução de
diversas políticas públicas nas quais a Psicologia se insere. A própria
Constituição Federal de 1988 assimila princípios da DUDH ao determinar direitos
fundamentais que foram operacionalizados com leis conseguintes. Desse modo,
não é possível pensar uma prática psicológica apartada dessa base.
Fortalecido na década de 1980, um movimento interno da Psicologia se firmou
no espaço acadêmico e político da profissão: a defesa do compromisso social.
Isso porque pensar no compromisso social da Psicologia envolve delinear uma
prática que não seja imparcial frente a situações de violações de direitos. Bock
et al. (2007) ressaltam que, para além de uma defesa política, discutir e praticar
o compromisso social da Psicologia se pauta em evidências históricas e teórico-
metodológicas que revelam a relação dialética entre a concretude do mundo
social vivido pelos sujeitos e a construção da subjetividade humana.
De fato, o debate aqui apresentado reflete também nas regulamentações
internas da Psicologia como profissão no Brasil. Você já teve a oportunidade de
ler o Código de Ética Profissional do Psicólogo (CFP, 2005)? Essa resolução
magna, que embasa as demais normativas a serem seguidas por todos os
psicólogos, explicita seu compromisso com os Direitos Humanos e a análise
crítica do cenário sociocultural como orientação à prática psicológica
independentemente da área de atuação. 
É inegável que, na história da Psicologia, características que fugissem à norma
social esperada foram tratadas como foco de intervenção. Quando falamos
sobre deficiências, fica evidente um alinhamento dessa ciência com paradigmas
médicos que associavam as deficiências a patologias e posições de
desvantagem com base na consideração de fatores orgânicos.
1.3 Psicologia e atuação com pessoas com
deficiência
Acesse o Código de Ética Profissional do
Psicólogo e a Declaração Universal de Direitos
Humanos. Marque, no Código de Ética, quais
artigos você identifica como intimamente
associados à DUDH. Confira você mesmo(a)
esse compromisso estabelecido na nossa
profissão!
https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-
psicologia.pdf (https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-
psicologia.pdf)
VAMOS PRATICAR?
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf
Marchesi (2007) revela que foi na área da educação que se passou a questionar
com maior veemência o modo como as ciências concebiam as deficiências.
Paulatinamente, foram sendo deslocadas as críticas, revelando que os
obstáculos vivenciados pelas PCD são resultados de uma interseção entre as
peculiaridades de cada indivíduo e aspectos sociais e institucionais. Esses, sim,
determinantes no modo como as PCD vivenciam o mundo.
Figura 2 - Representação sobre inclusão
Fonte: Vikky Mir, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na imagem, é apresentada uma representação
do Planeta Terra sob várias silhuetas de pessoas,
em cores diversas, compostas por homens e
mulheres. Dentre eles, há um cadeirante.
Vamos, na sequência, discutir sobre alguns conceitos que orientaram essa
crítica e compreender como a Psicologia se propõe a analisar o fenômeno das
deficiências, bem como pautar ações inclusivas. 
Em 2015, foi promulgado o Estatuto da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015),
o qual firma um compromisso da sociedade para com as PCD e reafirma direitos
que devem ser garantidos para que essa relação seja realmente igualitária.
1.3.1 Psicologia e inclusão 
Dentre os diversos avanços apresentados pela lei, há a definição das barreiras
que devem ser rompidas para que sejam alcançados seus objetivos. De acordo
com o documento, barreiras são:
O Estatuto da Pessoa com Deficiência explicita sete tipos de barreiras:
Embora a Psicologia possa contribuir com a redução de todas essas barreiras,
especialmente quando inserida nos espaços de planejamento e gestão, é
importante enfatizar as barreiras atitudinais, as quais consistem em “[...]
urbanísticas;
arquitetônicas;
nos transportes;
nas comunicações;
na informação;
atitudinais;
tecnológicas.
[...] qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que
limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o
gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à
liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao
acesso à informação, à compreensão, à circulação com
segurança, entre outros. (BRASIL, 2015).
atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social
da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as
demais pessoas” (BRASIL, 2015). Já parou para pensar como, em qualquer
espaço de trabalho da Psicologia, podemos perceber de que modo as barreiras
atitudinais podem ser empecilhos para uma vivência comunitária saudável? O
desconhecimento e a aversão às pessoas com deficiência podem ser
observados nas escolas, organizações, comunidades e, até mesmo, em espaços
de saúde. A Psicologia que pensa a inclusão busca quebrar essas barreiras.
Entretanto, nem sempre essa ciência atuou colaborando com a inclusão das
PCD. Ao contrário, Marchesi (2007) revela como a Psicologia foi alinhada ao
saber médico no início do século XX buscando fortalecer o diagnóstico das
deficiências que justificasse práticas segregacionistas, como a criação de
instituições especializadas voltadas para as PCD, de modo que outras
instituições não se comprometessem com mudanças internas que garantissem
a inclusão.
Um exemplo caricato é observado na educação. O boom de escolas “especiais”,
paulatinamente, perde força quando a ciência e os movimentos sociais revelam
que seus resultados não são promissores, além de estes desobrigarem as
escolas regulares a atuar em uma perspectiva inclusiva (MARCHESI, 2007).
Como, então, orientar uma prática psicológica que não seja excludente? Em
2009, o Conselho Federal de Psicologia publicou o livro “Educação Inclusiva:
experiências Profissionais em Psicologia” (CFP, 2009). No texto, apresenta uma
série de práticas exitosas nesse campo. Apesar de enfatizar a educação, o
material demonstra como, em qualquer instância de atuação, a Psicologia pode
reproduzir ações excludentes e construir rupturas para essas ações. Orienta-se
pensar as diferenças como parte da natureza humana, sem, com isso,
negligenciar as particularidades de cada sujeito. É evidente que as adaptações
arquitetônica, atitudinal, regimental e institucional são necessárias para dar
conta de cada especificidade. Acresce-se aqui a necessidade de pensar ações
que não sejam exclusivamente voltadas às PCD, sem envolver a comunidade e
as instituições em que a pessoa transita.
Mariana tem 15 anos e possui diagnóstico de Síndrome de Down. Estuda
em uma escola regular e, atualmente, está no nono ano do Ensino
Fundamental. Particularmente neste ano, ela tem apresentado muitas
dificuldades em cumprir as demandas da escola, comohorários e
quantitativo de atividades. A diretora acionou a psicóloga da instituição
para saber quais propostas poderiam ser aplicadas nessa situação, de
modo a garantir uma experiência escolar adequada para a adolescente.
Diante da situação, a psicóloga realizou um exame psicométrico,
identificando que os índices de atenção, inteligência e memória de
Mariana são condizentes com a média da turma. Isso demonstra que as
intervenções realizadas devem envolver toda a comunidade escolar, e não
serem centradas no estudante. Em seu parecer, sugere: ampliação dos
prazos especificamente para a adolescente, tolerância maior nos atrasos,
ampliação da realização de trabalhos em grupo e adaptação das
avaliações, de modo a dar conta das especificidades da estudante.
ESTUDO DE CASO
Partindo desses princípios, pode-se mencionar as seguintes atividades
executadas nesse contexto:
atendimentos individuais e grupais;
avaliação psicológica;
realização de grupos operativos;
apoio às famílias;
mediação das demandas da PCD com a instituição;
realização de oficinas;
promoção de palestras e grupos de discussão voltados à
instituição e comunidade;
adaptação de materiais (como recursos educacionais, por
exemplo);
supervisão às equipes profissionais que atuam com as
PCD (médicos, professores, dentre outros) (CRP-03, 2008).
Muitos estudantes de Psicologia conhecem a obra de Lev Vigotski sobre
infância, especialmente sua compreensão sobre a relação entre cultura e
desenvolvimento. Menos conhecida, mas ainda fundamental, é a trajetória
da(o) psicóloga(o) nos estudos sobre deficiência. Vigotski escreveu sobre
esse tema, demarcando como a deficiência é uma expressão das
limitações sociais e abordando como essa condição modifica a relação
da pessoa com o mundo físico e relacional.
VOCÊ O CONHECE?
Um alerta aos estudantes! As atividades mencionadas devem ser elencadas por
cada profissional conforme o contexto demande. Não há receita pronta para
essa atuação e a avaliação técnica é soberana. Por outro lado, de posse dessas
informações, você saberá de onde partir caso haja tal demanda.
Uma temática que vem sido trabalhada, puxada principalmente por PCD na
ciência, são as discussões sobre capacitismo. Esse termo se refere não apenas
à aversão social às PCD, mas à manutenção e estereótipos de incapacidade ou
heroísmo que, segundo Dias (2013), tem base nos discursos eugenistas
propagados a partir do século XX, bem como nos ideais de normalidade
estabelecidos em cada sociedade.
Nesse sentido, Vendramin (2019) critica as práticas sociais que demandam
ações físicas e seus moldes pensados para um ideal de corpo, limitando a
participação de sujeitos que se distanciam desse ideal por alguma deficiência.
Quando pensamos nos pontos de interseção com a Psicologia, podemos ainda
incluir nessa análise os espaços sociais que excluem pessoas que não se
encaixam no padrão típico de funcionamento mental/cognitivo.
Poucos estudos no Brasil têm se voltado à compreensão e mensuração dos
impactos do capacitismo na trajetória desenvolvimental das PCD. Apesar disso,
nota-se um crescimento do interesse na área, sendo o tema trabalhado em
campanhas adotadas pelo Conselho Federal de Psicologia, conforme a figura
seguinte.
1.3.2 Psicologia e capacitismo 
Figura 3 - Campanha do Conselho Federal de Psicologia em alusão ao Dia Internacional das Pessoas com
Deficiência
Fonte: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2020.
#PraCegoVer
Na imagem, são apresentadas onze pessoas de
distintas etnias, algumas com e outras,
aparentemente, sem deficiência. Possui como
título “Lutar porque é preciso. Incluir porque é
Direito!” e o lema “nada sobre nós sem nós”.
Informa que dia 3 de dezembro é o dia
internacional das pessoas com deficiência e
encerra com o logotipo do Conselho Federal de
Psicologia.
Muito dos efeitos do capacitismo retroalimentam as associações entre
deficiência e suas explicações biomédicas, desconsiderando as barreiras
institucionais e sociais que, de fato, prejudicam a vivência comunitária de todos.
A Psicologia pode adentrar nesse cenário expondo tais barreiras e
desenvolvendo linhas de ação voltadas a toda a comunidade, de modo a
contribuir com a quebra de estereótipos negativos associados às PCD. 
O uso de drogas acompanha a história da humanidade. Sem abandonar o
cenário cultural, esse comportamento paulatinamente se firma como área de
interesse das ciências da saúde, tomando como base a utilização de
substâncias para fins medicinais e pesquisas associadas a essa prática. No
último século, também sob influência das ciências humanas e sociais, temas
como reações adversas, abusos e padrões de uso de substâncias psicoativas
ganham fôlego no cenário acadêmico.
1.4 Uso de drogas lícitas e ilícitas na sociedadecontemporânea
Figura 4 - Proibição do álcool nos Estados Unidos, em 1922
Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na imagem, é apresentada uma fotografia tirada
nos Estados Unidos, em 1922, com várias caixas
contendo bebidas alcoólicas sendo descartadas
por sete homens, após a proibição do consumo
de álcool em alguns estados do país.
Nesse intervalo, observa-se mundialmente uma tendência à regulamentação da
produção e uso de drogas, sendo algumas enquadradas como lícitas, e outras,
proibidas. Estudos apontam que as decisões dos estados sobre o processo de
regulamentação das drogas envolvem contextos políticos e sociais por vezes
discriminatórios e pouco aderentes às contribuições da ciência (TRAD, 2009). 
No Brasil, a lei mais recente e incisiva que orienta a intervenção estatal perante
as drogas ilícitas é a Lei nº 11.343, de 2006 (BRASIL, 2006). Ainda que em um
cenário com políticas públicas bem estabelecidas na área da saúde voltadas
especificamente a essa questão (a exemplo dos Centros de Atenção
Psicossocial Álcool e Outras Drogas – CAPSad – e os Consultórios na Rua –
CnaR), a promulgação da Lei das Drogas (conforme é conhecida) demarca um
posicionamento do Estado brasileiro em enquadrar essa questão na seara da
segurança pública e da justiça.
Como psicólogas(os), de que forma podemos observar essa situação avaliando
a complexidade do fenômeno das drogas sem, com isso, contribuir com a
perpetuação de estigmas que cristalizam e dificultam a atuação profissional?
Como pensar, a partir de uma posição de profissionais preocupados com a
saúde, a manutenção dos vínculos sociais e comunitários e a garantia de
direitos fundamentais à população que, em alguma medida, sofre as
consequências do uso de substâncias psicoativas (seja pelo efeito da
substância, padrão de uso ou reação institucional)?
Em 2017, foi publicado o III Levantamento Nacional sobre o uso de drogas pela
população brasileira, contemplando 351 municípios de todos os estados do país
(BASTOS et al., 2017). A tabela seguinte sintetiza o percentual total de uso de
substâncias nos 12 meses.
Tabela 1 - Percentual da população que consumiu alguma droga nos 12 meses anteriores à pesquisa
Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em BASTOS et al., 2017.
#PraCegoVer
Na tabela, são apresentados os percentuais de
usuários de drogas, nos últimos 12 meses: álcool
= 43,1; tabaco = 15,4; medicamentos não
prescritos = 3; maconha = 2,5; cocaína = 0,9 e
crack = 0,3.
O documento revela que 3,5% da população que consumiu álcool no último ano
de referência relatou dependência. Já os respondentes que consumiram alguma
droga que não álcool ou tabaco nos 12 meses anteriores à coleta e relataram
dependência somam 0,8%. Você provavelmente se surpreendeu com os
números apresentados. De fato, toda pesquisa que envolve informações sobre
padrões de uso de drogas apresentam um viés decorrente da desejabilidade
1.4.1 Medicalização da sociedade e da vida
social, já que temas tabus nem sempre são encarados como confortáveis de
serem dialogados. Porém, o rigor metodológico permite revelar um panorama
satisfatoriamente preciso.  
Um aspecto fundamental dessa discussão se refere a considerar que nem todos
os usuários de drogas, lícitas ou ilícitas, apresentam padrões de consumoque
prejudique significativamente sua saúde física, psicológica e social. Muito da
percepção do senso comum sobre essa parcela da população é impregnada de
estereótipos que, conforme apontaremos, não contribuem positivamente para a
atuação psicológica. De acordo com as Referências Técnicas para atuação de
psicólogas(os) em Políticas Públicas de Álcool e Outras Drogas (CFP, 2019), isso
não se resume a apresentar posicionamentos favoráveis (ou contrários) ao
consumo de substâncias psicoativas, mas pautar avaliações e intervenções em
saberes cientificamente construídos e eticamente embasados.
Por isso, é imprescindível pensar sobre as formas de atuação em relação à
questão das drogas desde que se conheça os padrões de uso e os
condicionantes socioculturais que os envolvem. Quebrar o senso comum é
desconfortável, mas a Psicologia é ciência e deve ser seguida como tal, ainda
que a temática trabalhada se configure um tabu.
Apesar de relevantes para a formulação de estratégias de Estado no sentido de
lidar com a questão das drogas no país, os dados de padrão de uso não
explicitam algumas respostas necessárias ao profissional de Psicologia.
1.4.2 Drogadição e políticas públicas
O documentário “Dirijo: a maconha antes da proibição”, produzido pela
Organização dos Professores Indígenas Mura (Opim) e Raoni Valle,
apresenta o relato de uma comunidade tradicional e sua relação com o
uso da Cannabis Sativa. A narrativa permite conhecer o padrão de uso da
droga naquela comunidade e os seus efeitos no contexto pré e pós-
proibição.
Acesse (https://www.youtube.com/watch?v=QgMIbL_NZXI&t=2s)
VOCÊ QUER VER?
https://www.youtube.com/watch?v=QgMIbL_NZXI&t=2s
Vamos por partes. Um modelo comum que pode ser utilizado por profissionais
para entender a experiência do usuário de drogas (lícitas ou ilícitas),
identificando os efeitos da substância, engloba a consideração de três
elementos: propriedades farmacológicas da droga, pessoa usuária e contexto de
uso (BRASIL, 2014). 
Em que se sustentam esses padrões?
Por que pessoas diferentes sofrem distintas reações ao
consumirem a mesma substância?
Por que a mesma pessoa reage de modo diferente em
cada ocasião de uso?
Como identificar, acolher e, se preciso, encaminhar casos
que envolvam queixas referentes ao uso ou abuso de
drogas?
Figura 5 - Componentes de análise do efeito do uso de uma droga
Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em BRASIL, 2014.
#PraCegoVer
Esquema composto de três quadros contendo os
elementos que interferem na análise do efeito
do uso de uma droga. Abaixo de cada elemento,
há exemplos que se enquadram nas categorias.
Propriedades farmacológicas: depressora,
estimulante, alucinógena. Pessoa usuária:
condição física, psicológica e experiência com a
substância. Contexto: companhias, ambiente e
percepção social sobre a droga.
Como todo fenômeno, é papel da(o) psicóloga(o) analisar de maneira crítica e
contextualizada histórico-socialmente o uso de drogas. O acolhimento deverá
ser prioridade, e qualquer trabalho diagnóstico deverá ter como pressuposto a
garantia de uma continuidade de atuação visando ao melhor benefício à pessoa.
Encarar o uso de drogas a partir de um olhar estigmatizante não traz qualquer
benefício ao usuário (BRASIL, 2014). 
As políticas públicas de saúde ainda são as principais vias de cuidado para
pessoas usuárias de drogas no Brasil. Atualmente, é evidente o paradigma dual
de intervenção em situações de uso de drogas. Por um lado, há estratégias
centradas na institucionalização, inclusive compulsória, que têm como dinâmica
o uso de hospitais e comunidades terapêuticas voltados às pessoas
dependentes. Por outro, despontam as estratégias centradas na educação e
convivência comunitária, que visam romper os estigmas que envolvem o uso de
drogas e garantir uma assistência à saúde que não se confunda com uma
intervenção policialesca. Os serviços mais capilarizados que se baseiam nessa
vertente são os CAPSad e os Consultórios na Rua (CnaR), os quais
potencializaram a estratégia de redução de danos como forma de cuidado.
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2019), a atuação com
usuários de drogas é desenvolvida em uma rede de atenção psicossocial que
deve buscar garantir a integralidade do cuidado. Desse modo, mesmo que o foco
seja no fenômeno da drogadição, não é possível desvincular esse
comportamento de um contexto de saúde geral, o que demanda trabalho
multiprofissional, interdisciplinar e em rede. Ademais, especialmente quando
inserido nas políticas públicas voltadas à atenção a esses sujeitos, a(o)
psicóloga(o) deve realizar algumas atividades. Conheça-as!
Atividades individuais e grupais com base na lógica da
clínica ampliada.
Realização de oficinas terapêuticas.
Visitas e atendimentos domiciliares e às famílias.
Atividades de fortalecimento comunitário.
Atendimentos de desintoxicação.
Abordagem na rua orientada pela estratégia de redução de
danos.
Essas atividades devem ser orientadas pelos princípios dos Direitos Humanos e
estar alinhadas aos compromissos éticos da Psicologia (CFP, 2019).
Considerando que o uso de drogas pode vir a ser um fator de risco pessoal para
outros comportamentos (ABREU; EISEINSTEIN; ESTEFENON, 2013), é
imprescindível que, estando o sujeito usuário em atendimento psicológico,
exista uma atuação em conjunto com uma equipe multiprofissional que abarque
distintas linhas de cuidado com vistas a uma integralidade.
É provável que você já tenha conhecido algum adulto que depende de
medicações para executar funções básicas na sua vida. É também provável que
você conheça alguma criança que recebe medicações sob a argumentação da
busca de um melhor aproveitamento na escola, principalmente no combate ao
chamado Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Buscamos
introduzir brevemente esse tema porque uma faceta correlata à questão da
drogadição se refere ao uso de ferramentas médicas na intervenção perante a
questões comportamentais. Mais do que isso, estudiosos da área
demonstraram haver uma transposição da explicação de lógica médica a
fenômenos originalmente não visualizados por essa perspectiva (CFP, 2015).
Os debates sobre medicalização se intensificaram na Psicologia, no campo da
educação. Estudos dessa área passaram a verificar que, paulatinamente, as
demandas de ordem escolar ganharam interesse e explicações médicas,
demonstrando nos manuais uma evolução na nosologia de cada diagnóstico
que buscava explicar o porquê de crianças (em sua maioria) não aprenderem os
conteúdos formais.
No contexto da educação, o principal diagnóstico que atualmente insere
crianças e adolescentes no consumo de medicamentos controlados é o TDAH.
Silva et al. (2012) apresentaram um estudo revelando o aumento do consumo da
Ritalina, principal medicamento ministrado nesses casos, tendo crescido sua
produção em 400% entre 2002 e 2006. Para as autoras, essa patologia se baseia
em um caráter descritivo de sintomas extremamente abrangentes que, além de
englobarem grande parte do comportamento de uma extensa população de
crianças, alinha-se a anseios de escolas, pais e professores que acreditam que
um comportamento mais contido revela um maior aproveitamento escolar. 
Inserção do usuário na rede socioassistencial.
1.4.3 Medicalização da educação e da sociedade
Figura 6 - Intervenção medicamentosa para pessoas com TDAH
Fonte: tomertu, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na imagem, é apresentada a sigla ADHD (TDAH,
em inglês) e uma descrição da patologia em
papel impresso. Sobre o papel, há duas cartelas
de comprimidos, representando a intervenção
medicamentosa.
No entanto, Moysés e Collares (1992) chamam atenção para a construção
histórica da definição desse transtorno. As autoras comprovam que as bases
para sua elaboração vieram de estudos com pouca fundamentação científica,
muitas vezes, pautando-se em consensos médicos que, em tese, não são
suficientes para provar uma condição patológica. 
A Psicologia escolar crítica se opõe veementemente à inserção da lógica
medicalizante nas práticaspsicológicas no contexto da educação. Isso porque
essas práticas se baseiam em uma compreensão de que os dificultadores da
aquisição do conhecimento escolar se encerram no estudante, visto com polo
do insucesso, o qual só é resolvido com intervenções diretamente associadas a
ele, como o uso do medicamento. Desse modo, comumente, são apartadas as
reflexões sobre o papel da escola, das políticas públicas e os condicionantes
sócio-históricos que envolvem as situações de aprendizagem.
Orientação à Queixa Escolar
Autor: Beatriz de Paula Souza (org.).
Editora: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP)
Ano: 2020
Comentário: A obra apresenta um método de atuação não medicalizante
desenvolvido pela professora Beatriz Souza e sua equipe de
pesquisadoras. O método foi desenvolvido a partir da experiência do
grupo no serviço de Psicologia da Universidade de São Paulo e auxilia
profissionais dessa área, mesmo em contexto clínico, a lidarem de modo
crítico e efetivo sobre demandas de queixa escolar. 
Acesse (https://orientacaoaqueixaescolar.ip.usp.br/wp-
content/uploads/sites/462/2020/10/Livro-OQE.pdf)
VOCÊ QUER LER?
(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)
TESTE SEUS CONHECIMENTOS
https://orientacaoaqueixaescolar.ip.usp.br/wp-content/uploads/sites/462/2020/10/Livro-OQE.pdf
“Nas escolas, segundo Moysés (1997), há uma construção falsa
entre doença e não aprendizado, essa construção corresponde a
um modelo positivista de ciência e tal modelo leva em conta
apenas o ponto de vista biológico. Um ponto de vista que
desconsidera completamente o âmbito social no qual o
indivíduo está inserido, tornando o social algo secundário e
abstrato. A autora ressalta que são esses fatores, não
explanados, não somente do âmbito social, mas também do
político, econômico e cultural, que têm gerado um crescimento
dessa forma de olhar o ser humano, sob a ótica da biologização,
o que intensifica o processo de medicalização da sociedade”. 
Fonte: BENEDETTI, M. D. et al. Medicalização e educação:
análise de processos de atendimento em queixa escolar. Psicol.
Esc. Educ., Maringá,  v. 22, n. 1, p. 73-81,  abr.  2018. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1413-
85572018000100073&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 3 maio
2021.
 
O trecho apresentado reflete sobre a argumentação utilizada no
cenário educacional atual acerca das possíveis causas de um
baixo aproveitamento escolar de crianças e adolescentes, bem
como possíveis formas de intervenção. Com base no material
estudado e considerando o fenômeno da medicalização da
educação e da sociedade, analise as afirmativas a seguir.
 
I. A resposta/intervenção de ordem médica a diagnósticos
escolares se relaciona com a chamada biologização das
demandas escolares.
II. Por ser base componente do saber médico, a Psicologia
como ciência deve se alinhar à medicalização e desconsiderar
os condicionantes sociais do fracasso escolar.
III. Apesar de as explicações médicas que frequentemente
associam a patologias comportamentos outrora observados
como normais (como a agitação em crianças), não se observa
um aumento de uso de medicamentos buscados a sanar essas
questões.
IV. A Psicologia escolar crítica compreende a medicalização
como uma reafirmação dos problemas observados na escola
como originados no indivíduo supostamente doente, portanto,
opõe-se a esse discurso.
 
Está correto o que se afirma em: 
a) I, II e III.
b) I e III.
c) II, III e IV.
d) I e IV.
e) I, III e IV.
VERIFICAR
CONCLUSÃO
Nesta unidade, iniciamos o estudo sobre os temas contemporâneos que
abarcam a atuação da(o) psicóloga(o). Nas unidades seguintes, serão
apresentados novos temas que complementam esse saber, todos demonstrando
a íntima relação entre a Psicologia e os Direitos Humanos. 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
conhecer as relações entre Psicologia e Direitos Humanos;
relembrar dos fundamentos éticos da profissão de
psicólogo no Brasil;
identificar como a Psicologia atua perante as Pessoas
com Deficiência;
desenvolver saberes sobre o uso de drogas no Brasil,
identificando padrões de consumo, políticas públicas e
formas de intervenção psicológica nesse contexto;
conhecer os debates sobre medicalização que permeiam
a atuação crítica da Psicologia.
Clique para baixar conteúdo deste tema.
ABREU, C.; EISEINSTEIN, E.; ESTEFENON, S. Vivendo esse Mundo Digital
Impactos na Saúde, na Educação e nos Comportamentos Sociais. Porto
Alegre: Artmed, 2013.  
Referências
BASTOS, F. I. P. M. et al. (orgs.). III Levantamento Nacional sobre o uso
de drogas pela população brasileira. Rio de Janeiro: Fiocruz/ICICT, 2017.
528 p.
BOCK, A. M. B. et al. Sílvia Lane e o projeto do "Compromisso Social da
Psicologia". Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 19, n. spe. 2, p. 46-56, 2007.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0102-71822007000500018&lng=en&nrm=iso
(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
71822007000500018&lng=en&nrm=iso). Acesso em: 21 abr. 2021.
BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema
Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas
para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários
e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção
não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras
providências. Brasília: DOU, 2006.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência). Brasília: DOU, 2015.
BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Políticas sobre
Drogas. Sistema para detecção do uso abusivo e dependência de
substâncias psicoativas: encaminhamento, intervenção breve, reinserção
social e acompanhamento. Módulo 1: o uso de substâncias psicoativas
no Brasil. Brasília: SENAD, 2014.
BENEDETTI, M. D. et al. Medicalização e educação: análise de processos
de atendimento em queixa escolar. Psicol. Esc. Educ., Maringá, v. 22, n. 1,
p. 73-81, abr. 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1413-85572018000100073&lng=en&nrm=iso.
Acesso em: 3 maio 2021.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Conselhos pelo Brasil.
Brasília [S. d.]. Disponível em: https://site.cfp.org.br/cfp/sistema-
conselhos/conselhos-pelo-brasil/. Acesso em: 27 maio 2021. 
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Comissão de Direitos
Humanos. Brasília [S. d.]. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/cfp/comissao-de-direitos-humanos/. Acesso em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822007000500018&lng=en&nrm=iso
27 maio 2021.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Boletim: Comissão de
Direitos Humanos. v. 1, n. 5, Brasília: CFP, 2020.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Código de Ética
Profissional do Psicólogo. Brasília: CFP, 2005. Disponível em:
(https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-
psicologia.pdf)https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf
(https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-
psicologia.pdf). Acesso em: 1º maio 2021.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Recomendações de
práticas não medicalizantes para profissionais e serviços de educação e
saúde. Brasília: CFP, 2015.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Referências técnicas para
atuação de psicólogas(os) em políticas públicas de álcool e outras
drogas. 2. ed. Brasília: CFP, 2019.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA 3ª REGIÃO – BAHIA [CRP-03].
Minuta CREPOP: Pesquisa com Psicólogos que atuam na Educação
Inclusiva. Bahia: CRP-03, 2008. Disponível em:
(https://www.crp03.org.br/crepop/producoes-regionais/minutas-de-
pesquisa/)https://www.crp03.org.br/crepop/producoes-
regionais/minutas-de-pesquisa/
(https://www.crp03.org.br/crepop/producoes-regionais/minutas-de-
pesquisa/). Acesso em: 1º maio 2021.
DIAS, A. Por uma genealogia do capacitismo: da eugenia estatal a
narrativa capacitista social. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS
SOBREA DEFICIÊNCIA – SEDPcD/ Diversitas/USP Legal, 1., 2013. Anais
[...]. São Paulo, USP, junho de 2013.
DIÓGENES JR., J. E. N. Gerações ou dimensões de direitos
fundamentais? Âmbito Jurídico, Rio Grande, v. 15, n. 100, maio 2012.
Disponível em:
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/29835/geracoes-
ou-dimensoes-dos-direitos-
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf
https://www.crp03.org.br/crepop/producoes-regionais/minutas-de-pesquisa/
https://www.crp03.org.br/crepop/producoes-regionais/minutas-de-pesquisa/
fundamentais#:~:text=3.-,Os%20direitos%20de%20primeira%20gera%C3
%A7%C3%A3o%20ou%20dimens%C3%A3o,os%20direitos%20civis%20e%
20pol%C3%ADticos. Acesso em: 27 maio 2021.
DIRIJO. [S. l.: s. n.], 2014. 1 vídeo, 11:57 min. Publicado pelo canal
Telephonecolorido. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=QgMIbL_NZXI&t=2s. Acesso em: 27 maio 2021.
MARCHESI, Á. Da linguagem da deficiência às escolas inclusivas. In:
COLL, C.; MARCHESI, Á.; PALACIOS, J. (orgs.). Desenvolvimento
psicológico e educação: Transtornos de desenvolvimento e
necessidades educativas especiais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
MOYSÉS, M. A. A. Fracasso escolar: uma questão médica? Toda criança
é capaz de aprender? Psicologia USP, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 63-89, 1997.
Disponível em: file:///C:/Users/josi_/Downloads/107579-
Texto%20do%20artigo-191018-2-10-20151125.pdf. Acesso em: 27 maio
2021.
MOYSÉS, M. A. A.; COLLARES, C. A. L. A história não contada dos
distúrbios de aprendizagem. Cadernos CEDES, São Paulo, n. 28. p. 31-48,
1992.
OLIVEIRA, S. A. M. de. A teoria geracional dos direitos do homem. [S. d.].
Disponível em:
http://www.theoria.com.br/edicao0310/a_teoria_geracional_dos_direitos_
do_homem.pdf. Acesso em: 27 maio 2021.
SCARANO, R. C. V. Direitos humanos e diversidade. Porto Alegre: Sagah,
2018.
SILVA, A. C. P. da. et al. A explosão do consumo de Ritalina. Revista de
Psicologia da UNESP, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 44-57, 2012. Disponível
em:
(http://hdl.handle.net/11449/127245)http://hdl.handle.net/11449/12724
5 (http://hdl.handle.net/11449/127245). Acesso em: 1º maio 2021.
SOUZA, B. P. (org.). Orientação à queixa escolar. São Paulo: Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo, 2020.
http://hdl.handle.net/11449/127245
http://hdl.handle.net/11449/127245
TRAD, S. Controle do uso de drogas e prevenção no Brasil: revisitando
sua trajetória para entender os desafios atuais. In: NERY FILHO, A. et al.
(orgs.). Toxicomanias: incidências clínicas e socioantropológicas.
Salvador: EDUFBA; Salvador: CETAD, 2009. 
VENDRAMIN, C. Repensando Mitos Contemporâneos: o capacitismo. In:
SEMINÁRIO INTERNACIONAL REPENSANDO MITOS
CONTEMPORÂNEOS: Sofia: Entre o saber e o não saber nos processos
artísticos e culturais. Memória, experiência e invenção. 3., 2019. Anais
[...]. Campinas: UNICAMP, 2019. Disponível em:
(https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/simpac/article/view/4
389)https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/simpac/article/vie
w/4389
(https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/simpac/article/view/4
389). Acesso em: 27 maio 2021.
https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/simpac/article/view/4389
https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/simpac/article/view/4389

Continue navegando