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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6646-9
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 4 6 9
Código Logístico
59446
Ao longo desta obra, são abordadas situações em 
primeiros socorros comuns no ambiente escolar, com 
orientações sobre o modo correto de agir, conforme os 
protocolos para leigos.
Afinal, crianças e jovens costumam pular, correr, sal-
tar etc. Essas atitudes tornam a ocorrência de pequenos 
acidentes algo comum, inclusive no ambiente escolar. Sa-
bendo disso, torna-se imprescindível que os professores e 
demais profissionais presentes nesse espaço estejam pre-
parados para agir em situações que requeiram cuidados 
de prevenção e/ou de atendimento em primeiros socorros.
As práticas esportivas, muito estimuladas no ambien-
te escolar, também podem favorecer o acontecimento de 
situações que precisam do atendimento de primeiros so-
corros, tendo em vista que exploram velocidade, equilíbrio 
e coordenação motora dos alunos, entre outros fatores. 
Torna-se imprescindível, assim, a capacitação em primei-
ros socorros de professores, em prol da prevenção de 
acidentes e de suporte à vida. Em caso de necessidade 
de atendimento de emergência, esse conhecimento pode 
salvar uma vida.
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Prevenção de 
acidentes e socorros 
de urgência no 
ambiente escolar
Thaise Novaes Glaser
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa:Macrovector/ Sylvie Bouchard/Shutterstock
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
G457p
Glaser, Thaise Novaes
Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar/ 
Thaise Novaes Glaser. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
112 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6646-9
1. Primeiros socorros. 2. Emergências médicas. I. Título..
20-64005 CDD: 616.0252
CDU: 616-083.98
Thaise Novaes Glaser Especialista em Urgência e Emergência e MBA em 
Ergonomia pela Faculdade Inspirar. Graduada em 
Fisioterapia pela Faculdade Evangélica Mackenzie do 
Paraná (Fepar). Professora no nível superior, em cursos 
de graduação e de pós-graduação. Fisioterapeuta, 
socorrista, conselheira técnica, empresária, diretora de 
uma empresa de treinamentos de primeiros socorros, 
consultora em ergonomia e palestrante. Associada à 
Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo).
SUMÁRIO
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
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Vídeos
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1 Primeiros socorros no ambiente escolar 9
1.1 Aplicação, diretrizes e legislação 10
1.2 Biossegurança e cinemática do trauma 13
1.3 Avaliação do estado geral da vítima 17
2 Suporte básico de vida 30
2.1 Obstrução de vias aéreas 30
2.2 Parada cardiorrespiratória 39
3 Situações de intervenção em primeiros socorros no ambiente escolar 46
3.1 Emergências clínicas 47
3.2 Ferimentos e hemorragias 67
4 Trauma na prática esportiva 76
4.1 Trauma em cabeça e face 76
4.2 Trauma em coluna cervical 81
4.3 Trauma musculoesquelético 84
5 Prevenção de acidentes no contexto escolar 92
5.1 Acidentes e incidentes 92
5.2 Ações de prevenção de acidentes 99
6 Gabarito 109
Crianças e jovens costumam pular, correr, saltar etc. Parece até que eles 
gostam de correr riscos, não é? Essas atitudes tornam a ocorrência de pequenos 
acidentes algo comum, inclusive no ambiente escolar. Sabendo disso, torna-se 
imprescindível que os professores e demais profissionais presentes nesse 
espaço estejam preparados para agir em situações que requeiram cuidados 
de prevenção e/ou de atendimento em primeiros socorros. 
As práticas esportivas, muito estimuladas no ambiente escolar, também 
podem favorecer o acontecimento de situações que precisam do atendimento 
de primeiros socorros, tendo em vista que exploram velocidade, equilíbrio e 
coordenação motora dos alunos, entre outros fatores. 
Diante disso, é preciso entender a importância da capacitação em 
primeiros socorros de professores em prol da prevenção de acidentes e de 
suporte à vida. Em caso de necessidade de atendimento de emergência, esse 
conhecimento pode representar o grande diferencial para a vida ou morte de 
uma possível vítima. 
Assim, ao longo deste livro, abordaremos situações em primeiros socorros 
comuns no ambiente escolar, orientando o modo correto de agir, conforme 
os protocolos para leigos. 
No capítulo 1, falaremos das aplicações, diretrizes e legislação dos 
primeiros socorros no ambiente escolar, enfatizando, ainda, os cuidados com 
a biossegurança e cinemática do trauma. 
No capítulo 2, o foco está no suporte básico à vida, objetivando identificar 
e agir em situações de asfixia e parada cardiorrespiratória. 
No capítulo 3, enfatizaremos as situações comuns que requerem 
intervenção em primeiros socorros no ambiente escolar, especialmente no 
que se refere a emergências clínicas, ferimentos e hemorragias. 
No capítulo 4, falaremos sobre os tipos de traumas que podem ocorrer 
na prática esportiva, orientando quanto à identificação correta dos tipos de 
trauma, bem como à maneira adequada de agir em cada situação. 
Por fim, no capítulo 5, fecharemos explanando sobre a prevenção de 
acidentes no contexto escolar – entendendo que a aplicação de ações 
preventivas pode fazer toda diferença –, além de priorizar a saúde, segurança 
e integridade dos alunos no ambiente escolar.
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
Primeiros socorros no ambiente escolar 9
1
Primeiros socorros no 
ambiente escolar
A atuação em primeiros socorros pode ser bastante comum 
no ambiente escolar, tendo em vista que, apesar da tentativa de 
cuidado e prevenção de acidentes, a escola acomoda crianças das 
mais diversas idades, com variados graus de maturidade e cons-
tantemente estimula atividades lúdicas e recreativas, além de práti-
cas esportivas, que podem dar origem a acidentes que necessitem 
de intervenção.
Os primeiros socorros envolvem a realização de procedimen-
tos para o atendimento adequado à vítima que necessite de ajuda 
imediata. Seja qual for a situação, existem diretrizes e legislação 
para indicar o que se deve ou não fazer, evitando, assim, o em-
prego de ações defasadas ou que piorem a situação. Diante das 
diversas intercorrências de urgência que podemos encontrar no 
ambiente escolar, saber reconhecer as situações de risco e agir 
diante das necessidades específicas faz toda a diferença na vida da 
vítima, minimizando a ocorrência de possíveis sequelas.
Neste primeiro capítulo, além de conhecer a aplicação dos pri-
meiros socorros no ambiente escolar, suas diretrizes e sua legis-
lação, vamos enfatizar a necessidade de garantir a biossegurança, 
através da cinemática do trauma, e compreender as etapas de uma 
abordagem primária para se conhecer o estado geral da vítima.
10 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar1.1 Aplicação, diretrizes e legislação
Vídeo Os primeiros socorros envolvem ações e atitudes de um socorris-
ta, seja ele leigo ou profissional, que permitam atendimento imedia-
to à pessoa em situação de risco à saúde ou até mesmo risco à vida. 
O objetivo é manter as funções vitais da vítima e evitar circunstâncias 
que agravem a sua condição.
Embora qualquer pessoa possa prestar os primeiros socorros, ao 
iniciá-los, espera-se que o socorrista saiba o que está fazendo, com 
atitudes adequadas para cada caso específico, mesmo que não seja 
um profissional da saúde. As diretrizes da American Heart Association 
(2015) afirmam que a educação e o treinamento em primeiros socorros 
precisam estar universalmente disponíveis, pois podem ser úteis para 
reduzir a mortalidade, seja por lesões ou por doenças.
Diante da demanda do ambiente escolar e das inúmeras possibili-
dades de um aluno sofrer algum tipo de acidente, por mais simples que 
seja, é fundamental que aqueles que atuam nesse ambiente tenham 
acesso a informações sobre as principais ocorrências, como evitá-las e, 
também, o modo de agir frente às situações que exigem cuidados ime-
diatos, visando evitar complicações e garantir a sobrevida da vítima. 
Apesar disso, é preciso sempre priorizar o envolvimento de médicos, 
socorristas e enfermeiros, quando se fizer necessário.
Esse conhecimento é possível somente através da capacitação e do 
treinamento, com temas personalizados e adequados à realidade do 
ambiente escolar e que estejam de acordo com o dia a dia dos profes-
sores junto a seus alunos. Aqui, estamos falando de responsabilidade 
e cuidado de vidas por parte dos professores que prestam o primeiro 
atendimento; portanto, não se enquadram soluções “caseiras”, simpa-
tias, “achômetros”, tampouco a administração de remédios por conta 
própria ou sem receita médica. Logo, precisamos gerar conhecimento e 
qualificação em primeiros socorros adequados para esses profissionais.
Desafio
Se você nunca passou por uma situação de urgência ou emergência, é possível que essa realidade dos primeiros 
socorros pareça muito distante, como se algo desse tipo nunca fosse, de fato, acontecer com você ou à sua volta. 
Para que tenhamos noção da realidade, procure notícias de acidentes no ambiente escolar. Leia-as e identifique 
as causas deles. Procure também em cada notícia se há relato de quem prestou o primeiro atendimento (se 
profissional da saúde ou leigo). Aponte suas conclusões.
Primeiros socorros no ambiente escolar 11
Em função do aperfeiçoamento constante da medicina e da área da 
saúde de modo geral, é preciso que estejamos atentos e atualizados 
quanto às últimas novidades sobre os primeiros socorros realizados 
por leigos. Vele lembrar que as técnicas usadas no futuro poderão ser 
bem diferentes e muito melhores do que os métodos recomendados 
atualmente. Isso exige a necessidade de estudos constantes e busca 
por novas informações e diretrizes.
Ainda que estejamos sempre atualizados, ao realizar um atendimen-
to de primeiros socorros, não teremos nunca o objetivo de substituir o 
atendimento médico necessário. A aplicação dos primeiros socorros no 
ambiente escolar será sempre uma ação imediata, na qual devemos re-
conhecer os limites de nossa capacitação e treinamento. Isso significa 
que vamos fornecer assistência apenas para as situações às quais esta-
mos qualificados, de modo que, na tentativa de ajudar, não venhamos 
a comprometer a saúde da vítima ou agravar a situação com atitudes 
inadequadas, comuns quando não estamos devidamente preparados.
Entendendo que no espaço escolar é comum a ocorrência de aciden-
tes, a Lei n. 13.722, sancionada em 2018, determina que os educadores 
e funcionários de escolas tenham preparo, orientação e treinamento 
para tomar providências rápidas e eficazes nos casos de acidentes, 
bem como capacitação para a prevenção desses eventos. Essa lei sur-
giu pela ação incansável de familiares do menino Lucas, de 10 anos, 
que foi vítima de asfixia por obstrução mecânica das vias aéreas, ao se 
engasgar com um lanche servido pela escola. Com a demora no socor-
ro, a fatalidade não pôde ser evitada, resultando na morte da criança. 
Essa tragédia chocou milhares de pessoas e levantou a possibilidade de 
se criar uma lei que tivesse o objetivo de evitar a ocorrência de episó-
dios como esse. De evitar que mais crianças fossem vítimas da falta de 
conhecimento, da falta de capacitação e da falta de treinamento. Afinal, 
quantos Lucas, Marias, Thiagos, Joanas etc. já podem ter perdido suas 
vidas em situações como essas, não é mesmo? 
Embora a Lei n. 13.722/2018 (carinhosamente chamada de Lei Lu-
cas) ainda esteja engatinhando Brasil afora, espera-se que todos to-
mem ciência da importância de sua aplicação, entendendo-a como 
uma responsabilidade social que protege nossas crianças e que, se for 
devidamente aplicada, pode salvar vidas.
Para saber mais sobre a 
história do Lucas, que ge-
rou a Lei n. 13.722/2018, 
e encontrar dicas de pri-
meiros socorros, acesse o 
site Movimento Vai Lucas.
Disponível em: https://vailucas.com.
br/. Acesso em: 17 abr. 2020.
Site
https://vailucas.com.br/
https://vailucas.com.br/
Em suma, a Lei Lucas torna obrigatória a capacitação básica de 
primeiros socorros de professores e demais funcionários de estabe-
lecimentos de ensino de educação básica (públicos ou privados) e de 
estabelecimentos de recreação infantil. Assim, os profissionais dessa 
área saberão identificar e agir preventivamente em situações de emer-
gência e urgência médicas até que o suporte médico especializado 
possa realizar o devido atendimento (BRASIL, 2018). Se devidamente 
aplicados, os procedimentos de socorros em urgência e emergência 
aumentam em 80% a chance de sobrevida de uma vítima.
Ao aplicar os primeiros socorros à realidade e à necessidade de uma 
instituição escolar, os conteúdos programáticos precisam ser desenvol-
vidos com base em diretrizes adequadas para leigos. A American Heart 
Association (2015) determina diretrizes para socorristas leigos no 
que se refere ao suporte básico à vida. Há, ainda, recomendações do 
Ministério da Saúde, pela Portaria n. 2.048, de 5 de novembro de 2002, 
a respeito das condições no atendimento de urgências e emergên-
cias, incluindo o atendimento de assistência primária. Outro material 
que pode ser seguido como recomendação em primeiros socorros é o 
Protocolo de Atendimento ao Trauma (PHTLS), normalmente direciona-
do aos profissionais de saúde, mas que pode ser aplicado por socorris-
tas leigos dentro de suas limitações e qualificações.
Os primeiros socorros são aplicados em qualquer situação em que 
alguém precise de ajuda. Porém, as situações de urgência e/ou emer-
gência sempre precisam de um suporte médico especializado para 
Você também pode acessar a 
Lei n. 13.722/2018 e acom-
panhar os documentos oficiais 
atualizados sobre ela por meio 
do site do planalto.
Disponível em: http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/L13722.htm. Acesso 
em: 17 abr. 2020.
Dica
Figura 1
A capacitação em primeiros 
socorros para professores 
e funcionários de escolas é 
obrigatória por lei.
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12 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
dar continuidade ao atendimento, 
após esse primeiro contato com a 
vítima nos primeiros socorros.
Se considerarmos o cresci-
mento da necessidade de serviços 
nessa área, por conta da quanti-
dade de acidentes, entendemos 
a área da urgência e emergência, 
com atendimento de profissionais 
qualificados, como um importan-
te componente de assistência à 
saúde (BRASIL, 2002).
Primeiros socorros no ambiente escolar 13
Todos devem saber identificar situações de ris-
co, agindo, primeiramente, em favor da prevenção 
de acidentes no ambiente escolar. Ainda assim, se 
um acidente traumático ou uma condição de agravo 
clínico da saúde de um aluno acontecer, o profes-
sor deve assumir o papel de socorrista leigo e iniciaros primeiros socorros. Ele deve colocar em prática 
o conhecimento adquirido no curso oferecido pela 
escola anualmente, obedecendo à legislação. Essa 
ação pode auxiliar na recuperação da criança e na 
estabilidade dos sintomas até que os profissionais 
de saúde a atendam.
Ao se deparar com uma situação mais grave, em 
que você não se sente capaz de ajudar, não se 
intimide. Ajude a vítima entrando em contato 
com os serviços de atendimento especializado, 
seja através do Serviço de Atendimento Móvel de 
Urgência (SAMU), pelo telefone 192, ou do Serviço 
Integrado de Atendimento ao Trauma (SIATE), 
pelo telefone 193. Você, ainda, pode acionar 
empresas particulares que realizem esses tipos 
de atendimento. Caso tenha dúvida sobre qual 
dos serviços públicos de emergência chamar, 
afinal, eles atuam em casos distintos, acesse o site 
da Secretaria de Segurança Pública e conheça as 
ocorrências que cada órgão prioriza.
Disponível em: https://www.pia.pr.gov.br/servicos/Servicos/Apoio-
-ao-turista/Acionar-servicos-de-emergencia-Samu-e-Siate-JGoMv-
N0e. Acesso em: 17 abr. 2020.
Atenção
1.2 Biossegurança e cinemática do trauma 
Vídeo Quando iniciamos um atendimento de primeiros socorros no am-
biente escolar, precisamos ter conhecimento sobre o que estamos 
fazendo e, acima de tudo, optar por ações ou procedimentos segu-
ros, a fim de garantir que, ao tentar ajudar alguém, não sejamos 
mais uma vítima.
Quando falamos em primeiros socorros na escola, onde as víti-
mas podem ser bebês e crianças, precisamos saber que a urgência 
pressupõe agilidade, mas nunca descuido com a biossegurança, mes-
mo diante da necessidade de tomada de decisão de maneira rápida 
e assertiva. O socorrista pode estar exposto a diversos riscos, como 
infecções, contaminações e, inclusive, novos acidentes. Sendo assim, 
a biossegurança nunca deve ficar em segundo plano, mesmo diante 
da rapidez que um atendimento pré-hospitalar pode exigir.
Pode parecer um pouco egoísta garantir primeiro a sua segurança, 
mas de nada adiantaria se jogar em uma piscina funda para salvar al-
guém que está se afogando sem saber nadar, por exemplo; ou tocar 
em uma vítima de choque elétrico sem antes remover a fonte de ener-
gia; ou, ainda, conter uma hemorragia com suas próprias mãos sem 
proteção, com possibilidade de sair contaminado do atendimento.
Isso significa que garantir a segurança do socorrista é essencial, pois ele 
não deve ser o herói que dá a sua vidas pelas vítimas. Em segundo lugar 
vem a segurança da vítima e, então, a segurança dos demais envolvidos.
Quando falamos em biossegurança, referimo-nos ao fato de priori-
zar ações de proteção e de prevenção de novos acidentes na área do 
atendimento pré-hospitalar ou do atendimento de primeiros socorros 
realizado por leigos. Isso significa optar por ações ou medidas que ga-
rantam que a vida do socorrista não seja colocada em risco. Significa, 
ainda, enfrentar a situação de atendimento à vítima, desde que a cena 
ou o ambiente estejam seguros, e que você, como socorrista, esteja 
devidamente protegido. Logo, quando falamos que a primeira preocu-
pação do socorrista deve ser a própria segurança, devemos saber que 
esse item inclui tanto a segurança oferecida pelo ambiente – nesse 
caso, a escola – quanto a segurança pessoal, com uso de Equipamento 
de Proteção Individual (EPI).
Em todos os setores, os profissionais, oriundos ou não da área da 
saúde, devem ser capazes de reconhecer as fontes de infecção e instituir 
medidas protetivas. Uma vez que medidas imprudentes e sem conheci-
mento técnico predispõem um maior risco de contaminação, compro-
metendo todo o atendimento (OLIVEIRA; PAROLIN; TEIXEIRA JR., 2007).
A exposição do socorrista ao sangue e aos fluídos corporais das ví-
timas pode ser muito perigosa, pois é uma porta de entrada para vá-
rias doenças. Dessa forma, os equipamentos de proteção individual dos 
socorristas devem ser compostos, no mínimo, por luvas, 
máscara e óculos. Esses equipamentos devem estar 
disponíveis nos kits de primeiros socorros ofereci-
dos pela escola.
Figura 2
EPI de socorristas
Sherry Yates Young/ Shutterstock
Óculos de 
proteção
Máscara de 
proteção
Luvas 
descartáveis
14 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
Primeiros socorros no ambiente escolar 15
De modo geral e simplificado, esses equipamentos ajudam a pro-
teger os socorristas de um elenco de riscos biológicos, que podem ser 
encontrados até mesmo em atendimentos simples, realizados no am-
biente escolar. As luvas devem ser colocadas antes de tocar a pele da 
vítima, as mucosas ou as áreas que estejam contaminadas com san-
gue ou outros fluídos corporais (vômito, pus, fezes etc.); as máscaras 
são usadas para proteger as mucosas oral e nasal do socorrista, es-
pecialmente quando há exposição a agentes infecciosos; os óculos de 
proteção devem ser utilizados sempre que houver a possibilidade de 
respingo de gotículas de fluidos ou sangue.
O processo de garantir a nossa biossegurança enquanto socorris-
tas inicia ao observarmos o ambiente do acidente, o que chamamos 
de cinemática do trauma. Nessa ação, buscamos, em um primeiro mo-
mento, entender a gravidade da ocorrência e reconhecer as formas de 
garantir a segurança do socorrista. Significa, basicamente, observar a 
cena, a vítima e os sinais do ambiente que mostram como tudo acon-
teceu. Quando o socorrista avalia a cena, antes de iniciar qualquer pro-
cedimento, compreende o cenário e garante que o local esteja seguro 
para realizar a abordagem inicial, assim como o atendimento.
Ao trabalhar com o conceito da tríade epidemiológica, na década 
de 1960, o Dr. Willian Haddon Jr., reconhecido como o pai da ciência de 
prevenção ao trauma, constatou que um trauma pode ser dividido em 
três fases temporais: pré-evento, evento e pós-evento (NAEMT, 2017). 
O pré-evento envolve as circunstâncias e os motivos que levaram à le-
são traumática; o evento diz respeito ao momento do trauma real; o 
pós-evento compreende o desfecho do evento traumático.
Na prática, o pré-evento seria você dizendo para o aluno: “não corra 
com os braços presos por dentro da blusa, pois se você se desequili-
brar e cair não terá como apoiar suas mãos”. O evento seria, de fato, 
o aluno caindo e batendo com o rosto no chão, justamente por não 
conseguir apoiar as mãos para se proteger do impacto. O pós-evento 
seria você, professor, indo socorrer o aluno que está machucado, sem 
poder dizer “eu avisei”.
É na primeira fase que está a prevenção do trauma. O evento per-
mite que as ações realizadas nesse momento influenciem diretamente 
16 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
o resultado do atendimento ao trauma. Na fase do pós-evento, as reais 
consequências do evento traumático são conhecidas.
O componente inicial para se obter o histórico de um trauma é a 
avaliação do que ocorreu na fase do evento. Nesse caso, a energia que 
foi trocada pode ser estimada e uma suposição das condições resul-
tantes do trauma pode ser feita. Quando o socorrista não compreen-
de os mecanismos envolvidos, muitas lesões, possivelmente, passam 
despercebidas.
O nível de suspeita aumenta quando se conhece os mecanismos de 
lesão, já que o padrão e o local dela se relacionam com a avaliação do 
local da ocorrência. Sendo assim, a integração dos princípios da cine-
mática do trauma à avaliação da vítima é algo fundamental para des-
cobrir possíveis lesões graves ou até mesmo fatais. Segundo Oliveira, 
Parolin e Teixeira Jr. (2007), mais de 90% das lesões de vítimas de aci-
dentes podem ser percebidas e sinalizadas ao observar e interpretar os 
mecanismos que as produziram.
Para ajudar uma vítima que precisa de atendimento de primeiros 
socorros, após garantir a biossegurança e realizar a análise da cena por 
meio da cinemática do trauma, é preciso realizar uma avaliação rápida 
das lesões ou alterações clínicas encontradas e instituir medidas ade-
quadas de suporteà vida. Isso pode ser feito pela abordagem primária 
ou inicial. Assim, o conhecimento de anatomia é importante para que 
se entenda sobre os órgãos e estruturas do corpo humano, o que facili-
ta a identificação de fatores de anormalidade no corpo, seja uma vítima 
de urgência decorrente de trauma ou de alterações clínicas.
Desafio
Na cinemática do trauma, fazemos uma análise da cena, buscando entender o que aconteceu ou o que ocasionou 
o acidente. Analisamos os efeitos desse acidente sobre o organismo da vítima para avaliar a gravidade e as pos-
síveis consequências, além de pontuar as prioridades no atendimento. Pesquise uma fonte estatística que revele 
a lista de causas de óbitos em crianças de 0 a 12 anos no Brasil. Diante dos números e das causas que encontrar, 
responda: qual é a importância do trabalho de prevenção de acidentes com crianças nas escolas?
A educação física é incen-
tivadora do movimento 
e do desenvolvimento 
motor. Sendo assim, 
nessa prática, existem 
situações ou acidentes 
que demandam a ação 
em primeiros socorros. 
O livro Manual de primei-
ros socorros da educação 
física aos esportes: o papel 
do educador físico no aten-
dimento de socorro tem 
um direcionamento es-
pecífico para o educador 
físico, focando, inclusive, 
nas principais ocorrências 
desse meio.
SANTOS, E. F. dos. Rio de Janeiro: 
Galenus, 2014.
Livro
Primeiros socorros no ambiente escolar 17
1.3 Avaliação do estado geral da vítima 
Vídeo O primeiro objetivo em uma avaliação inicial (também chamada de 
abordagem inicial ou abordagem primária) é realizar a análise do seu sis-
tema geral, ajudando, também, a definir as decisões de atendimento e 
transporte, assim como o conhecimento das condições básicas do seu 
sistema respiratório, circulatório e neurológico (NAEMT, 2018). As condi-
ções que podem ameaçar a vida da vítima são identificadas nessa abor-
dagem, assim, as intervenções de urgência podem ser aplicadas.
Durante o atendimento à vítima, na abordagem primária, é preciso 
verificar em cada etapa as suas condições gerais. Isso é feito por meio 
da avaliação dos sinais vitais, os quais mostram o equilíbrio ou o dese-
quilíbrio do organismo.
Os sinais vitais revelam o funcionamento de quatro funções bási-
cas do corpo: pulso (frequência cardíaca), respiração (frequência res-
piratória), pressão arterial e temperatura. A verificação desses sinais é 
fundamental para a avaliação da vítima, pois eles guiam o diagnóstico 
primário e auxiliam os profissionais no acompanhamento do quadro 
clínico (OLIVEIRA; PAROLIN; TEIXEIRA JR., 2007).
Pressão arterial
A pressão arterial é a força exercida pelo sangue no interior das arté-
rias. Quando a pressão sanguínea é aferida (verificada), obtém-se uma 
pressão sistólica e uma pressão diastólica.
A pressão sistólica, ou pressão no sistema arterial quando o coração 
contrai, é maior que a diastólica, que é a pressão no sistema arterial 
quando o coração relaxa e enche-se de sangue.
O valor limítrofe da pressão arterial, seja durante a sístole ou diásto-
le, é, respectivamente, 130-139 mmHg e 85-89 mmHg.
Em relação à terminologia, tem-se:
 • Normotensão: pressão normal.
 • Hipertensão: pressão arterial maior que 140 x 90 mmHg.
 • Hipotensão: pressão arterial menor que 100 x 60 mmHg.
Fatores como idade, prática de atividades físicas, emoções, tempe-
ratura corporal, dores, uso de drogas e volume de sangue podem afe-
tar diretamente o resultado da pressão arterial.
18 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
Pulso
O pulso é uma impressão ondular que pode ser sentida em uma das 
artérias periféricas, utilizando a ponta dos dedos. O valor de pulsação 
esperado em um adulto é de 60 a 100 bpm (batimentos por minuto).
Em relação à terminologia, tem-se:
 • Normocardia: frequência de pulsação dentro dos valores de 
normalidade.
 • Taquicardia: frequência de pulsação dos adultos acima de 100 bpm.
 • Bradicardia: frequência de pulsação dos adultos abaixo de 60 bpm.
Igualmente à pressão arterial, os fatores como idade, prática de ati-
vidades físicas, emoções, temperatura corporal, dores, uso de drogas e 
volume de sangue podem afetar diretamente seu resultado.
Respiração
A respiração é o processo no qual ocorre a troca de gases, ou seja, 
inspira-se oxigênio e expira-se gás carbônico. Se o ar está entrando 
(inspiração) e saindo (expiração) dos pulmões, podemos dizer que a 
pessoa está ventilando. A quantidade de vezes que o ar entra e sai dos 
pulmões por minuto é chamada frequência respiratória. Em adultos, o 
valor esperado é de 12 a 20 movimentos respiratórios por minuto.
Em relação à terminologia, tem-se:
 • Eupneia: frequência respiratória em adultos dentro do valor de 
normalidade.
 • Taquipneia: frequência respiratória em adultos acima de 20 mo-
vimentos por minuto.
 • Bradipneia: frequência respiratória em adultos abaixo de 12 mo-
vimentos por minuto.
 • Apneia: Ausência de respiração.
Assim como a pressão e a pulsação, fatores como idade, prática de 
atividades físicas, emoções, temperatura corporal, dores, uso de dro-
gas e volume de sangue podem afetar diretamente o resultado.
Primeiros socorros no ambiente escolar 19
Temperatura
A temperatura está relacionada com a produção e com a perda de 
calor do corpo. A idade e as atividades físicas podem alterar os valores 
da temperatura corporal.
Seu controle é chamado de termorregulação; isso significa que o 
próprio organismo está buscando mecanismos de compensação para 
manter o corpo em temperatura adequada. Ela pode variar conforme 
a faixa etária ou o momento do dia, mas a média, em humanos, é de 
36,8 °C.
Em relação à terminologia, tem-se:
 • Normotermia ou eutermia: temperatura dentro dos valores de 
normalidade.
 • Hipotermia: temperatura corporal abaixo de 35 ºC.
 • Hipertermia: temperatura corporal acima de 40 ºC.
Enquanto o metabolismo de crianças é mais acelerado, o de ido-
sos é mais lento. Desse modo, os sinais vitais desse grupo apresentam 
valores de referência inferiores aos valores de normalidade dos adul-
tos. É importante que você conheça, mesmo não sendo profissional da 
área, os parâmetros de adultos e saiba diferenciar as particularidades 
de sinais vitais de crianças e de idosos, considerando as diferenças de 
metabolismo entre as faixas etárias.
Para atingir nossos objetivos no atendimento do trauma, precisa-
mos identificar o problema, tratar a situação encontrada e reavaliar o 
paciente para saber se o que estamos fazendo está obtendo resultado.
Para oferecer um atendimento organizado, que priorize as necessi-
dades, é importante que o socorrista siga uma série de seis etapas. Es-
sas etapas, segundo a versão do protocolo de trauma (NAEMT, 2018), 
são sempre sequenciadas por ordem de gravidade ou agravante para 
a saúde da vítima, e são representadas por seis letras: X, A, B, C, D, E.
A seguir, apresentamos os significados do atendimento XABCDE.
Nas crianças, os sinais vitais 
possuem valores de normalidade 
diferenciados se comparados aos 
dos adultos. De modo geral, o 
metabolismo delas é mais acele-
rado, o que faz com que os sinais 
vitais apresentem valores de 
referência superiores aos valores 
de normalidade dos adultos. 
Acompanhe sempre os números 
limítrofes conforme atualizações 
das diretrizes em pediatria.
Importante
20 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
X Controle de hemorragias graves (exsanguinante).
A Atendimento das vias aéreas e controle da coluna cervical.
B Ventilação.
C Circulação (hemorragia e perfusão).
D Disfunção neurológica.
E Exposição e ambiente.
A ordem das etapas mostra a hierarquia no atendimento primário 
em situações de risco iminente de morte. As hemorragias mais graves 
e de difícil controle (representadas na letra X) são prioridade diante das 
demais etapas do atendimento. Amputações, lacerações e outros san-
gramentos importantes requerem prioridade de contenção, para evitar 
que a vítima tenha complicações devido à perda sanguínea.Posterior-
mente, as demais etapas (A, B, C, D e E) são verificadas uma a uma.
Os socorristas profissionais, no atendimento pré-hospitalar, se-
guem essas etapas da abordagem primária como protocolo, agindo 
com experiência e utilizando equipamentos pré-hospitalares específi-
cos em cada uma das fases (cânula de Guedel, máscara de oxigênio, 
lanterna ocular, colar cervical etc.).
Já o socorrista leigo pode nunca ter ouvido falar delas, mas é impor-
tante que saiba que elas existem e a sua relevância na identificação de 
fatores de risco para a vítima. Mesmo que não tenha experiência na 
realização de uma abordagem primária, ou, ainda, um conhecimento 
profundo dos equipamentos pré-hospitalares, conhecer suas etapas e 
saber aplicá-las pode contribuir muito quando os profissionais chega-
rem para dar sequência ao atendimento da vítima. No entanto, para 
os socorristas leigos (professores e funcionários da escola) essas seis 
etapas de atendimento surgem como uma orientação do que fazer 
até o socorro chegar, e não como um protocolo (como no caso dos 
socorristas profissionais).
Na prática, funciona assim: um aluno o chamou porque dois colegas 
colidiram, batendo suas cabeças durante uma prática esportiva. Você 
entra em ação. Depois de realizar a análise da cinemática do trauma 
(entender o que aconteceu, verificar como as cabeças se bateram e a 
parte do corpo afetada, se há outras estruturas envolvidas, qual foi o 
impacto/a força dessa batida etc.) e garantir a segurança do socorrista 
Primeiros socorros no ambiente escolar 21
(ambiente seguro, uso de EPI etc.), além da segurança das vítimas e dos 
demais presentes, e, ainda, após o acionamento dos serviços neces-
sários, inicia-se, então, cada uma das etapas da abordagem primária 
enquanto o socorro não chega.
1.3.1 Etapa X – Controle de hemorragias graves ou 
exsanguinantes
Essa etapa se refere ao controle de hemorragias graves (exsangui-
nantes), que devem ser contidas antes de realizar o passo A. Já é com-
provado que o que mais leva à morte no trauma é a hemorragia, ainda 
que a obstrução das vias aéreas (que corresponde ao passo A) seja a que 
mata mais rápido.
Quando a pressão direta com o curativo compressivo não se 
mostrar uma forma eficaz de controle em lesões graves, principal-
mente de extremidades, a técnica mais indicada para controle do 
sangramento é o uso de torniquete, desde que de forma correta e 
com cuidado ao tempo de aplicação.
O que fazer?
De modo geral, o que se espera do socorrista leigo na etapa X da abordagem primária é:
• localizar, após acionar o serviço de emergência e garantir sua segurança com 
equipamentos de proteção individual, materiais limpos que permitam o con-
trole das hemorragias graves e evidentes;
• fazer pressão sobre o sangramento, tentando estancá-lo;
• fazer uso de torniquete improvisado quando a perda de sangue for muito in-
tensa, como nos casos de amputação;
• conversar com a vítima sempre, tentando acalmá-la.
O rápido controle da hemorragia e da perda sanguínea é um dos 
objetivos mais significativos para o atendimento de uma pessoa que 
sofreu um trauma. A avaliação primária só pode prosseguir após 
esse controle.
22 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
1.3.2 Etapa A – Vias aéreas e controle da coluna 
cervical
Inicialmente, é importante que o socorrista fale com a vítima, inde-
pendentemente do seu nível de consciência, informando seu nome, 
sua função e seu objetivo durante o atendimento.
Depois desse contato inicial, a via aérea da vítima é, então, 
checada para garantir que esteja permeável, ou seja, aber-
ta e limpa, e que não exista perigo de obstrução causa-
da por qualquer tipo de objeto ou até mesmo pelo 
relaxamento da língua (em vítimas inconscientes).
Para socorristas leigos, o indicado é abrir a boca 
da vítima tracionando sua mandíbula (puxando-a 
para frente), sem movimentar a região cervical (pes-
coço), principalmente se for uma vítima de trauma 
na cabeça, na face ou no pescoço. Se houver algo 
(objeto, aparelho móvel etc.) nas vias áreas, é im-
portante removê-lo com os dedos em forma de pin-
ça ou gancho.
Figura 4
Movimento de gancho
Figura 5
Movimento de pinça
wa
tc
ha
ra
 p
ho
ch
ar
eu
ng
/ S
hu
tte
rs
to
ck
A via aérea é fácil de ser avaliada em vítimas conscientes. Se ela está 
falando e comunicando-se, significa que a via aérea está livre. Porém, 
na vítima inconsciente, a língua fica mole e relaxada, como os demais 
Figura 3
Manobra de tração da 
mandíbula
Primeiros socorros no ambiente escolar 23
músculos do corpo. Dessa forma, ela desliza para a parte posterior das 
vias aéreas, obstruindo a hipofaringe 1 e, consequentemente, a passa-
gem de ar. A principal causa de obstrução de vias aéreas em pessoas 
inconscientes é o relaxamento da língua. Precisamos ficar atentos à 
via aérea, observando se ela está livre, mas é possível que a vítima in-
consciente fique caída já com a cabeça para o lado, o que faz com que 
a língua também fique lateralizada e não obstrua a passagem do ar.
Controle da coluna cervical
Sempre que há uma vítima de trauma, deve-se suspeitar de lesões 
na região da coluna cervical. Na situação hipotética que colocamos, de 
dois colegas que colidem a cabeça, já haveria a necessidade dessa sus-
peita. Até excluí-la totalmente, após avaliar e concluir que não há lesão 
na coluna cervical e na medula espinhal, a vítima deve ter essa região 
imobilizada.
Sendo assim, enquanto se realiza a avaliação das vias aéreas, de-
ve-se, também, manter a coluna cervical em posição neutra, a fim de 
evitar lesões. Isso pode ser feito com o socorrista mantendo a mão 
posicionada na cabeça da vítima, sempre no sentido gravitacional.
O que fazer?
De modo geral, o que se espera do socorrista 
leigo na etapa A da abordagem primária é:
• realizar, após efetuar a etapa X, o controle 
da coluna cervical da vítima, colocando 
a mão na sua cabeça/testa (sempre no 
sentido gravitacional), principalmente em 
vítimas de trauma ou em vítimas clínicas 
que possivelmente tenham batido a cabe-
ça ou o pescoço;
• abrir a boca da vítima tracionando leve-
mente a mandíbula e evitando, ao máxi-
mo, a movimentação do pescoço;
• verificar, ao abrir a boca da vítima, se há 
algo obstruindo as vias aéreas (objetos ou 
alimentos podem ser removidos manual-
mente quando o acesso for fácil).
Figura 6
Controle da coluna cervical
Região na parte inferior da 
faringe.
1
24 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
1.3.3 Etapa B – Ventilação/respiração
Nessa avaliação, o objetivo é saber se a vítima está ventilando (en-
trada e saída de ar dos pulmões). Caso esteja, consequentemente sa-
bemos que a respiração também está acontecendo. É nessa fase que 
observamos o sinal vital da frequência respiratória, lembrando que o 
valor esperado de normalidade em um adulto é de 12 a 20 movimentos 
respiratórios por minuto.
É realizada, então, uma avaliação rápida, buscando ver a expansão 
e movimentação da caixa torácica, a fim de saber se é superficial ou 
profunda, além de ouvir possíveis ruídos. O objetivo é verificar se a 
ventilação é ruidosa ou silenciosa e sentir sua temperatura, ou seja, se 
é fria ou quente.
O que fazer?
De modo geral, o que se espera do socorrista leigo na etapa B da abordagem primária é:
• verificar, após a realização da etapa A, se a vítima está respirando – isso pode ser feito observando a 
expansão da caixa torácica, ouvindo a respiração e seus ruídos ou sentindo a temperatura do ar exalado 
pela vítima;
• verificar a frequência respiratória por minuto, um dado importante a ser passado aos socorristas quando 
chegarem para dar continuidade ao atendimento.
Figura 7
Ver
Figura 8
Ouvir
Figura 9
Sentir
Primeiros socorros no ambiente escolar 25
1.3.4 Etapa C – Circulação
Ainda fazendo parte da abordagem inicial ou primária, o próximo 
passo, após a verificação das vias aéreas, do controle cervical e da ven-
tilação e respiração, é a etapa de verificação dacirculação.
Na etapa C, em que a circulação sanguínea da vítima é verificada, 
além de buscar a presença ou ausência de pulsação em pontos especí-
ficos, é o momento ideal para se fazer o controle de demais hemorra-
gias e ferimentos que não foram contidos na etapa X.
Nesse item da abordagem inicial, é avaliada a capacidade do orga-
nismo em manter as funções do sistema circulatório, observando as 
características da pulsação e a perfusão periférica.
Pulso
Inicialmente, é verificada, na vítima, a presença de pulsação (varia-
ção de pressão sanguínea durante os movimentos de expansão e rela-
xamento da artéria). Para isso, existem artérias específicas superficiais 
(artéria radial, ulnar, braquial, femoral, carótida etc.) que revelam 
quantas pulsações por minuto essa vítima possui. A palpação é um 
excelente parâmetro para verificar o sistema cardiocirculatório.
Indica-se utilizar o pulso carotídeo (onde passa a artéria carótida) 
para verificar a pulsação em vítimas que estejam inconscientes, o 
pulso radial (onde passa a artéria radial), ou ulnar, para verificar 
a pulsação em vítimas conscientes e o pulso braquial (onde 
passa a artéria braquial) para verificar a pulsação de crianças.
Por meio da palpação do pulso, o socorrista é capaz de 
avaliar a frequência, o ritmo e o volume circulatório. O valor 
esperado em um adulto (valor de normalidade) é uma fre-
quência cardíaca de 60 a 100 batimentos por minuto.
Perfusão periférica
A perfusão periférica (tempo de enchimen-
to capilar) apresenta indícios essenciais para o 
acompanhamento da situação hemodinâmica da 
vítima. É definida como a oxigenação periférica dos 
Figura 10
Verificação do pulso
Na imagem, para melhor visualização, a avaliação está 
sendo feita do lado oposto ao que a socorrista está, porém, 
o ato sempre deve ser feito do mesmo lado, evitando-se 
passar o braço por cima da vítima.
26 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
tecidos, a qual deve se apresentar normocorada em tempo menor do 
que dois segundos após a compressão da extremidade. Quando o tem-
po de enchimento capilar (verificado normalmente apertando o dedo 
ou a unha da vítima) é maior do que dois segundos, isso indica que os 
leitos capilares não receberam perfusão adequada.
O que fazer?
De modo geral, o que se espera do socorrista 
leigo na etapa C da abordagem primária é:
• averiguar, após a realização da etapa B (na 
qual se verificou a respiração), por meio da 
verificação de pontos de pulso periféricos, 
se a vítima tem pulsação;
• observar a frequência cardíaca por minuto, 
que é um dado importante a ser passado 
aos socorristas quando chegarem para dar 
continuidade ao atendimento;
• verificar a perfusão periférica, apertando a 
ponta dos dedos da vítima;
• conter as demais hemorragias e cuidar de 
ferimentos.
Figura 11
Perfusão periférica
1.3.5 Etapa D – Estado neurológico
A etapa que corresponde à avaliação do estado neurológico, ou às 
disfunções neurológicas, é a etapa D. Após as etapas A, B e C, é o mo-
mento de fazer a avaliação da função cerebral, com o objetivo de deter-
minar o nível de consciência da vítima.
Os socorristas profissionais seguem escalas com escores, para defi-
nir o nível de consciência do indivíduo. Para os socorristas leigos, basta 
tentar conversar com a pessoa acidentada e avaliar a coerência de suas 
respostas. Essas informações podem ser repassadas ao socorro de ur-
gência, que vai dar continuidade ao atendimento. Como exemplo, usa-
remos novamente a situação dos colegas que colidiram, batendo suas 
cabeças. Após verificar as etapas X, A, B e C, você irá para a etapa D, que 
compreende os seguintes passos: conversar com a vítima, avaliar se 
normocorada: coloração 
normal.
Glossário
Primeiros socorros no ambiente escolar 27
ela está orientada no tempo e no espaço e se não está confusa ou com 
dificuldade de obedecer a comandos, verificar se está com a memória 
aparentemente preservada etc. Todas essas informações também de-
vem ser repassadas ao atendimento de emergência especializado.
Análise das pupilas
A observação da resposta pupilar é muito importante na avaliação 
do estado neurológico, podendo ser, inclusive, um fator indicativo de 
lesão neurológica na vítima. Quando a pupila é analisada, deve-se bus-
car a igualdade de resposta e tamanho. As pupilas apresentam reação 
à luz por meio da dilatação e contração.
Elas podem ser encontradas das seguintes maneiras:
 • Pupilas isocóricas (normais, iguais).
 • Pupilas em midríase (aumentadas).
 • Pupilas em miose (diminuídas).
 • Pupilas anisocóricas (desiguais).
A presença de pupilas assimétricas leva à suspeita de lesão cerebral.
O que fazer?
De modo geral, o que se espera do socorrista 
leigo na etapa D da abordagem primária é:
• averiguar, após a realização da etapa C (na 
qual foi verificada a circulação), se a vítima 
responde a estímulos;
• conversar com a vítima, buscando enten-
der se ela está consciente, orientada, com 
a memória aparentemente preservada etc. 
Essa informação pode ser passada aos so-
corristas que chegarão para dar continui-
dade ao atendimento;
• verificar as pupilas, a fim de se observar 
se são de tamanho igual e reagentes à luz. 
Essa informação também pode ser passa-
da aos socorristas que chegarão para dar 
continuidade ao atendimento.
Figura 12
Análise das pupilas
28 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
1.3.6 Etapa E – Exposição e ambiente
A última etapa da avaliação inicial corresponde à exposição, em que 
são retiradas as roupas da vítima das partes em que há suspeita de 
lesão, indicada pelos sinais e sintomas ou pela cinemática do trauma.
Em caso de sangramentos ou hemorragias, por exemplo, é pos-
sível que a roupa absorva o sangue, podendo esse quadro passar 
despercebido.
O que fazer?
De modo geral, o que se espera do socorrista leigo na etapa E da abordagem primária é:
• retirar as roupas da vítima das partes em que há suspeita de lesão, preservando 
seu pudor e não a deixando exposta (especialmente as partes íntimas) na frente 
de outras pessoas.
Lesões potencialmente letais podem não ser percebidas se o doen-
te não for totalmente examinado. Assim, é importante tomar cuidado 
ao realizar a retirada das roupas, dando atenção aos locais que devem 
ser analisados, mas evitando expor a vítima.
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS 
Neste capítulo, pudemos compreender a importância da realização 
de primeiros socorros no ambiente escolar, que pode ser foco dos mais 
diversos tipos de acidentes. O atendimento pode ser para questões de 
origem clínica ou traumática, tendo em vista que, conforme a gravidade 
da situação, o atendimento realizado pelo leigo/professor, muitas vezes, é 
primordial para a sobrevida da criança, já que o atendimento especializa-
do pode demorar alguns minutos para chegar.
O objetivo sempre será cumprir a legislação, capacitando os profissio-
nais em primeiros socorros, e atualizando constantemente as diretrizes 
e os protocolos a fim de que as crianças e os adolescentes recebam o 
atendimento primário de forma adequada, todavia, sem substituir o aten-
dimento especializado.
Primeiros socorros no ambiente escolar 29
ATIVIDADES
1. Qual é a importância de o leigo ter conhecimento em primeiros 
socorros? Como isso pode implicar na vida ou na morte da vítima?
2. Descreva as seis etapas da abordagem primária e o que é verificado 
em cada uma delas.
3. Cite quais são os quatro sinais vitais.
REFERÊNCIAS
AHA - American Heart Association. Highlights of the 2015 American Heart Association 
Guidelines Update for CPR and ECC. Dallas: American Heart Association, 2015. Disponível 
em: https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-
Highlights-English.pdf. Acesso em: 17 abr. 2020.
BRASIL. Lei Federal n. 13.722, de 4 de outubro de 2018. Diário Oficial da União, Poder 
Executivo, Brasília, DF, 5 de outubro de 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm.Acesso em: 17 abr. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n. 2.048, de 5 de novembro de 
2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 nov. 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002.html. Acesso em: 17 abr. 2020.
NAEMT - Associação Nacional dos Técnicos em Emergências Médicas. PHTLS: atendimento 
pré-hospitalar ao traumatizado. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
NAEMT - Associação Nacional dos Técnicos em Emergências Médicas. PHTLS: atendimento 
pré-hospitalar ao traumatizado. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.
OLIVEIRA, B. F. M.; PAROLIN, M. K. F.; TEIXEIRA JR., E. V. Trauma: atendimento pré-hospitalar. 
2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Highlights-English.pdf
https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Highlights-English.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002.html.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002.html.
30 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
2
Suporte básico de vida
Se fosse preciso selecionar um único assunto para ser traba-
lhado no tema de primeiros socorros no ambiente escolar, o su-
porte básico de vida seria o escolhido. Não para desmerecer os 
outros temas, mas para exaltar a importância desse assunto, que 
é comum para qualquer faixa etária e que, para ser realizado, ne-
cessita do conhecimento das técnicas adequadas. Aqui, estamos 
falando de situações que dependem de um atendimento imediato, 
em uma luta contra o tempo pela sobrevivência da vítima.
Neste capítulo, abordaremos a asfixia, o engasgamento e as 
manobras de desobstrução de vias aéreas, além da parada car-
diorrespiratória e da massagem cardíaca (manobras de reanima-
ção). Consideraremos as diretrizes para atendimento realizado 
por leigos e enfatizaremos a importância da qualidade e eficiên-
cia desse atendimento primário até a chegada dos profissionais 
especializados.
2.1 Obstrução de vias aéreas 
Vídeo As vias aéreas são responsáveis pela passagem de ar no nosso orga-
nismo. No entanto, as passagens do aparelho digestório e do aparelho 
respiratório são comuns e envolvem a cavidade oral (boca), a orofarin-
ge e a hipofaringe; ou seja, o mesmo caminho que leva o ar também 
leva o alimento até chegar ao que chamamos de epiglote. A epiglote 
funciona como uma “porta”, que se eleva ou se abaixa conforme o caso, 
para direcionar o ar aos pulmões ou a comida ao estômago.
Suporte básico de vida 31
Quando realizamos os movimentos de inspiração 
e expiração durante a respiração, a epiglote se eleva, 
abrindo a laringe para a passagem do ar e direcio-
nando-o para as vias respiratórias. Quando realizamos 
a deglutição, ao nos alimentarmos ou para deglutir, a 
epiglote se abaixa e fecha a laringe, direcionando o ali-
mento para o esôfago e para as vias digestivas. Por 
isso não conseguimos respirar e deglutir ao mesmo 
tempo; a epiglote não deixa. Organizadamente, ela 
vai tentar direcionar o alimento para um lugar e 
o ar para outro. Mas, em alguns momentos, pode 
haver a obstrução das vias aéreas por um corpo 
estranho, antes mesmo que esse seja direcionado 
pela epiglote.
O que acontece quando respiramos é que, o tem-
po todo, o organismo está fazendo trocas gasosas por 
meio do conjunto de inspirações (inalando o ar) e expira-
ções (exalando o ar). Com esses movimentos, ocorre a venti-
lação, ou seja, o corpo pega oxigênio do ambiente e solta gás 
carbônico. É dentro dos alvéolos pulmonares que essa troca gasosa 
é feita, em um processo chamado de hematose. Quando uma vítima 
está asfixiada ou sufocando, não havendo ventilação adequada, temos, 
como consequência, uma insuficiência ou ausência de oxigênio no or-
ganismo, que, quando prolongada, pode levar à morte.
Essa privação de oxigênio pode acontecer de diversas formas – com 
ausência total ou parcial de oxigênio, de maneira rápida ou lenta, com 
origem externa ou interna – e pode ter como causa tanto a falta de 
oxigênio no ambiente (locais pequenos ou fechados sem oxigênio, 
por exemplo) como a obstrução mecânica das vias respiratórias 
(como nos casos de engasgamento), ou, ainda, a impossibilidade 
de realizar a  inspiração  e a  expiração (casos de alergias com 
edema de glote, por exemplo).
Pensando no foco de primeiros socorros, quando falamos 
em asfixia ou sufocação, vamos agir, principalmente, na cau-
sa que envolve a obstrução mecânica das vias respiratórias, o 
que chamamos de engasgamento. Isso porque, diante de uma 
situação como essa, o socorrista pode e deve realizar as técni-
Figura 1
Setor de condução compartilhado pelos sistemas 
respiratório e digestório.
cavidade oral
orofaringe
hipofaringe
faringe
epiglote
Luciano Cosm
o/ Shutterstock
As
ie
r R
om
er
o/
 S
hu
tte
rs
to
ck
Figura 2
A sufocação, ou asfixia, 
pode acontecer quando 
falta ar para os pulmões 
devido a algum bloqueio 
nas vias respiratórias.
cas adequadas de desobstrução de vias, além de acionar o serviço de 
atendimento especializado, para que a vítima volte a respirar o quan-
to antes e não tenha sequelas pela falta ou insuficiência de oxigênio 
no organismo.
Esse tipo de ocorrência pode ser comum em qualquer faixa etária, 
mas costuma ser mais preocupante em bebês e crianças, que estão se 
adaptando às fases de alimentação e ainda não possuem maturidade 
suficiente para mastigação e/ou deglutição. Logo, no ambiente escolar, 
onde a criança sempre se alimenta, o cuidado precisa ser redobrado.
A melhor coisa a se fazer é agir na prevenção – por exemplo, orien-
tando pais e responsáveis de que os alimentos enviados de casa para 
a hora do lanche devem ter tamanho preventivamente pequenos, em 
especial aqueles mais sólidos. Crianças maiores podem, também, ser 
orientadas quanto à importância de se sentar para comer, evitando 
correr, pular, gritar, rir ou falar enquanto se alimentam, pois, acidental-
mente, essas atitudes podem favorecer o engasgo. Ainda, podem ser 
orientadas sobre a importância de comer devagar, mastigando bem o 
alimento antes de deglutir.
Quando falamos de asfixia por falta de oxigênio no ambiente, signi-
fica que a vítima ficou exposta a um espaço confinado, com restrição 
de oxigênio. Por vezes, orientamos as crianças: “não coloque o saco 
plástico na cabeça”, por entendermos que essa atitude pode fazer com 
que a criança se sufoque, pois o ar de dentro de um saco é escasso. O 
mesmo mecanismo acontece com bebês, quando os posicionamos no 
Em caso de obstrução total de 
vias aéreas por corpo estranho, a 
criança para de respirar. O oxigê-
nio não entra, o sangue não fica 
oxigenado e o cérebro começa a 
trabalhar somente com a reserva 
de oxigênio existente, que dura 
aproximadamente quatro 
minutos. Após esse tempo, os 
danos no cérebro são prováveis. 
Suponha que você passou uma 
atividade em que as crianças 
vão assistir a um filme e comer 
pipoca durante a aula. Em um 
dado momento, uma criança se 
engasga com o alimento. Qual 
a importância de ter professores 
e funcionários capacitados 
em primeiros socorros nessa 
situação?
Para refletir
Figura 3
A escola deve adotar 
medidas preventivas 
contra o engasgo durante 
as refeições dos alunos
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32 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
Suporte básico de vida 33
berço. O cuidado do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tec-
nologia (Inmetro) em aprovar berços seguros vem ao encontro desse 
fator, incluindo, ainda, a recomendação de não deixar protetores de 
berço, brinquedos de pelúcia ou tecidos com muitos babados próxi-
mos ao bebê, pois, caso ele caia com o rosto próximo a esses objetos, o 
ar pode ser abafado e a criança entrar em asfixia por falta de oxigênio.Já a impossibilidade de realizar a inspiração e expiração apresenta 
um mecanismo semelhante ao enforcamento. Há notícias de crianças, 
em berçários, que ficaram enforcadas pelas alças de mochilas presas em 
ganchos na parede da escola. Há outras que sofreram asfixia por brincar 
com a faixa do traje de artes marciais, enrolando-a no pescoço. Com a 
obstrução aqui exemplificada, o ar não entra e não sai, gerando asfixia.
Ainda, podemos encontrar esse tipo de situação de maneira intrín-
seca, como nos casos de crianças alérgicas. Se a criança tem, por exem-
plo, alergia à picada de abelha e, ao ser exposta a esse fator de risco, 
for picada pelo inseto, pode apresentar diversos sinais alérgicos, in-
cluindo o edema de glote, o mais grave de todos, quando há um incha-
ço na região da garganta suficiente para ocluir a passagem de ar.
Para asfixia por obstrução mecânica de vias aéreas, o socorrista lei-
go pode agir com as manobras de desobstrução adequadas para cada 
idade. Já nas causas que envolvem a asfixia por falta de oxigênio no 
ambiente ou pela impossibilidade de realizar a inspiração e a expira-
ção, não há muito o que o socorrista leigo possa fazer para reverter a 
situação. Nesses casos, não há uma manobra específica para tentar 
ajudar a vítima a voltar a respirar; somente chamamos o socorro 
e observamos os sinais vitais da vítima, para ver se ela evoluirá 
para uma parada cardiorrespiratória.
Na definição da medicina,  o engasgo é, também, denomi-
nado obstrução de vias aéreas por corpo estranho – definido pela 
sigla OVACE –, sendo caracterizado por um bloqueio parcial ou 
completo das vias aéreas, que impede a ventilação/respiração 
normal do indivíduo.
Na prática, significa, por exemplo, que uma criança estava 
em uma atividade na escola comendo uma bala quando, de 
modo inesperado, se percebe engasgada com esse doce, que 
está impedindo a passagem de ar. Ela tosse, leva as mãos à 
garganta e tenta fazer esforço para respirar. Essa é uma vítima 
ocluir: fechar um conduto ou 
uma abertura natural.
Glossário
Figura 4
Mesmo diante do mesmo 
alérgeno, por exemplo, pica-
da de abelha, a evolção do 
processo alérgico pode ser 
diferente em cada criança
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ck
34 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
de OVACE, pois está passando por uma obstrução de vias aéreas por 
corpo estranho. Nesse exemplo, o corpo estranho foi uma bala, mas, 
em outras situações, poderia ser qualquer tipo de alimento ou objeto.
Todos os dias nos alimentamos e corremos o risco de sermos víti-
mas do engasgo, independentemente da nossa idade. Em nosso grupo 
de amigos e familiares, se perguntarmos quem já se engasgou alguma 
vez, a resposta de que já passaram por uma situação assim será prati-
camente unânime.
É claro que bebês e crianças demandam maior cuidado e ações pre-
ventivas, tais como: fazer com que o bebê arrote após mamar; cuidar 
do posicionamento dele no berço; e cortar alimentos em fragmentos 
pequenos para que não se engasgue. Porém, apesar de todo o cuidado, 
as crianças são as mais acometidas por esses acidentes, tanto pela sua 
imaturidade em mastigar e deglutir quanto pelo tamanho diminuído de 
suas vias respiratórias.
Nos adultos e idosos essas situações também acontecem, mas por 
darem risada enquanto comem, por comerem rápido demais, por te-
rem uma falha na deglutição, pelo comprimido do remédio ser muito 
grande, pelo pedaço de alimento ser graúdo e assim por diante. Fato 
é que, independentemente da idade, todos estamos sujeitos e precisa-
mos ser orientados sobre como agir diante de uma situação como 
essa, que pode evoluir de uma crise de tosse para uma parada 
cardiorrespiratória e óbito em questão de minutos.
Diante disso, o engasgo é considerado uma prioridade e 
uma emergência médica, pois, em casos severos, leva a vítima 
à inconsciência (o corpo reage assim para tentar poupar ener-
gia), podendo acarretar em lesões e danos cerebrais (devido ao 
tempo que o cérebro fica sem oxigênio) ou, até mesmo, à 
morte. É muito importante que, nessas situações, o socor-
ro venha a agir de maneira rápida e precisa para evitar 
complicações. E quem é esse “socorro”? Somos nós, 
não importando se somos leigos ou profissionais 
da saúde. Todos devemos conhecer as manobras 
de desobstrução de vias aéreas adequadas para 
cada idade e agir, de modo eficaz, para tentar sal-
var a vida da vítima.
Figura 5
O engasgo é uma situação 
comum e pode ocorrer com 
pessoas de todas as idades.
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Suporte básico de vida 35
Entre as principais causas de engasgamento, citam-se comidas, lí-
quidos (especialmente o leite para os bebês) e pequenos objetos. Após 
o engasgamento, a vítima pode apresentar alguns sinais e sintomas 
característicos da asfixia (insuficiência da respiração).
Quando estamos engasgados, significa que o fluxo de oxigênio no 
organismo foi cessado ou reduzido consideravelmente. Assim, se não 
há entrada suficiente de oxigênio, não há troca gasosa; com isso, co-
meça a acontecer o acúmulo de gás carbônico. Sem troca gasosa, ao 
chegar nos órgãos, o sangue rico em gás carbônico provoca a morte 
celular devido à falta de oxigênio. É basicamente isso que acontece no 
nosso cérebro nessa situação: as áreas sem oxigênio sofrem danos, ne-
crosam, morrem e podem gerar sequelas irreversíveis de acordo com o 
tempo sem oxigenação.
A consequência disso é o corpo reagir com compressão de artérias 
periféricas para garantir que o restante de sangue oxigenado percorra, 
principalmente, o coração e os pulmões – o que leva a pessoa engasga-
da a ficar com as extremidades roxas ou azuladas, reação chamada de 
cianose –, e, após alguns minutos, também reagir com o desmaio, para 
poupar energia da vítima.
O detalhe interessante de todo esse processo é que, durante o en-
gasgo e, consequentemente, a ausência de oxigênio, nosso corpo utiliza 
a reserva de oxigênio presente no organismo. Essa reserva dura aproxi-
madamente quatro minutos, sendo esse o tempo que temos para identi-
ficar o engasgo, aplicar a manobra de desobstrução e reverter a situação, 
fazendo com que a vítima volte a respirar, sem apresentar sequelas.
Portanto, chamar o socorro é fundamental, sim; mas chamar o 
socorro e ficar de braços cruzados, esperando-o chegar, não adianta 
nada e pode ser fatal. Afinal, precisamos reverter a situação em quatro 
minutos, mas quanto tempo o socorro especializado demora para che-
gar? Será que demoram cinco minutos? Ou dez minutos? Não sabemos 
precisamente, contudo tenha certeza de uma coisa: o socorro não che-
gará antes de quatro minutos. A responsabilidade de agir dentro desse 
tempo será sua, como socorrista leigo.
Os primeiros socorros, em caso de engasgamento, devem ser ini-
ciados o mais rápido possível, para tentar desobstruir as vias aéreas 
e permitir que a vítima volte a ter uma ventilação normal, evitando as 
Socorristas não são heróis, são 
profissionais treinados e capa-
citados para agir em diversas 
situações. Heróis, ao nosso 
ver, são aqueles que, ainda 
que leigos e dentro de suas limi-
tações técnicas, estão prontos 
e agem corretamente quando 
necessário, independentemente 
de sua profissão. O herói aqui 
pode ser você.
Lembre-se
36 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
complicações e consequências da asfixia. Reconhecer precocemente 
essa obstrução é fundamental para um resultado satisfatório.
Mesmo que as manobras feitas pelo socorrista leigo estejam aju-
dando na desobstrução, é imprescindível que os serviços de urgência 
e emergência sejam acionados, a fim de que a vítima passe por aten-
dimento e avaliação. Se, por algum motivo, o quadro piorar ou o so-
corrista leigo não conseguir ter sucesso, sabe-se que esses serviços 
especializados podem chegar a qualquer momento para assumir a si-
tuação e garantir a sobrevida da vítima.
Nos bebês engasgados pode-se observar choro fraco, dificuldade 
para respirar, tosse fraca e cianose.Já nas crianças maiores, jovens e 
adultos engasgados podem ser observados ataque de tosse, sinais de 
pânico (agitando as mãos), impossibilidade de fala e, principalmente, 
movimento de levar a mão até a garganta (sinal universal de engasgo).
Imediatamente após a identificação e observação dos fatores rela-
cionados ao engasgamento, deve-se saber que as primeiras medidas a 
serem tomadas envolvem manobras de desobstrução de vias aéreas. 
Os primeiros socorros, nesse caso, podem ser iniciados por qualquer 
pessoa, seja leiga ou profissional da saúde.
A manobra utilizada para alívio do engasgo chama-se Heimlich, sen-
do a mesma manobra tanto para adultos quanto para crianças a partir 
de um ano. Já para bebês (lactentes com menos de um ano), a manobra 
é diferenciada.
Figura 6
Manobra de Heimlich
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Você sabia que, em casos de 
engasgo em bebês, a atitude 
de assoprar o rosto do bebê 
não é indicada? Isso porque ele 
apresenta um reflexo de prender 
a respiração ao receber o “vento” 
no rosto, piorando, ainda mais, 
seu quadro respiratório.
Curiosidade
Suporte básico de vida 37
Quando há uma obstrução parcial das vias aéreas, a vítima pode 
tossir muito e apresentar alguns ruídos ou chiados entre as tossidas. 
Nesse caso, devemos estimular a vítima a continuar tossindo. Esse estí-
mulo é verbal, sem dar tapas nas costas.
Quando há uma obstrução total ou completa, a vítima pode levar as 
mãos à garganta, demonstrando o sinal universal de engasgo. Além dis-
so, às vezes, apresenta tosse muito fraca ou ausência de tosse, troca de ar 
insuficiente ou inexistente e uma crescente dificuldade respiratória, que 
pode gerar cianose em alguns instantes. Nesse caso, devemos iniciar as 
manobras de Heimlich e acionar o serviço médico de emergência. As ten-
tativas devem continuar até que o atendimento especializado chegue ou 
a vítima volte a respirar. Caso o engasgo evolua para uma parada cardior-
respiratória, o leigo deve iniciar as compressões torácicas.
É importante destacar que é possível abrir a boca da vítima para 
tentar localizar o objeto. Desde que esteja bem visível e seja fácil de 
ser removido, podemos fazer o que chamamos de remoção digital, pu-
xando o corpo estranho com os dedos. O que não se deve fazer é uma 
varredura com os dedos, caracterizando uma busca às cegas do corpo 
estranho nas vias aéreas da vítima, pois isso pode empurrá-lo ainda 
mais para dentro da via aérea, provocando uma obstrução maior ou, 
até mesmo, uma lesão.
O que fazer?
De acordo com o manual do profissional da American Heart Association (AHA, 2016), 
ao identificar sinais de obstrução mecânica em vias aéreas em adultos, jovens ou 
crianças de um ano ou mais, deve-se seguir os seguintes procedimentos, fazendo o 
que chamamos de manobra de Heimlich:
1. Fique em pé ou de joelhos por trás da vítima e coloque os braços em torno da 
cintura dela.
2. Cerre uma das mãos.
3. Coloque o polegar da mão cerrada contra o abdômen da vítima, na linha média, 
ligeiramente acima do umbigo.
4. Segure e cubra o punho com a outra mão e pres-
sione o abdômen da vítima com uma compressão 
rápida, vigorosa e em sentido ascendente.
5. Repita as compressões até que o objeto seja expelido 
da via aérea ou a vítima pare de respirar.
6. Administre cada nova compressão com um movi-
mento isolado e distinto para desobstruir.
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busca às cegas: quando não 
se vê o objeto e é preciso tentar 
localizá-lo e removê-lo usando 
os dedos.
Glossário
As recomendações e dire-
trizes para suporte básico 
da vida são da American 
Heart Association (AHA), 
que emite pareceres 
e atualizações a cada 
quatro anos. Portanto, 
fique atento a essas 
atualizações e novidades 
nas diretrizes para leigos 
no site da instituição, 
disponibilizado em vários 
idiomas.
Disponível em: https://international.
heart.org/pt. Acesso em: 3 mar. 2020.
Saiba mais
https://international.heart.org/pt
https://international.heart.org/pt
38 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
Caso a vítima seja gestante, obedeça à altura uterina e faça as com-
pressões acima dela (não em cima). A técnica, nesse caso, não envol-
ve a compressão do abdômen, mas, sim, uma compressão torácica. 
O mesmo acontece com pessoas obesas.
Já nos casos de engasgo em lactentes (bebês menores de um ano), 
não devemos usar as compressões abdominais. Para essa faixa etária, 
utilizamos pancadas nas costas e compressões torácicas.
O que fazer?
De acordo com o manual do profissional da AHA (2016), ao identificar sinais de obs-
trução mecânica em vias aéreas em bebês, deve-se seguir os seguintes procedimentos: 
1. Sente-se ou ajoelhe-se com o lactente que está asfixiado.
2. Se for fácil, remova a roupa que está cobrindo o tórax dele.
3. Segure-o de barriga para baixo, apoiado em seu antebraço, com a cabeça leve-
mente mais abaixada do que o tórax. Sustente a cabeça e a mandíbula do lactente 
com a mão. Tome cuidado para não comprimir o tecido mole da garganta dele. 
Coloque o antebraço sobre o colo ou a coxa para segurá-lo.
4. Administre cinco pancadas firmes nas costas do lactente usando a base da mão. 
Execute cada pancada com força suficiente para tentar expelir o corpo estranho.
5. Depois de administrar as cinco pancadas nas costas, coloque a mão que está livre 
sobre as costas do lactente, apoiando a cabeça dele com a palma da sua mão. 
Assim, o lactente ficará adequadamente preso entre seus dois antebraços, com a 
palma de uma das mãos apoiando a face e a mandíbula e a palma da outra mão 
apoiando as costas e a cabeça dele.
6. Vire o corpo do lactente apoiando a cabeça e o pescoço. Segure-o de barriga para 
cima, mantendo o antebraço sobre sua coxa. Mantenha a cabeça do lactente em 
posição mais baixa do que o tronco.
7. Administre até cinco compressões torácicas rápidas no meio do tórax (sobre a me-
tade inferior do osso esterno). Execute uma compressão torácica por segundo, com 
a intenção de criar força suficiente para expelir o corpo estranho.
8. Repita a sequência de cinco pancadas nas costas e cinco compressões torácicas até 
que o objeto seja removido ou o lactente deixe de responder.
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Suporte básico de vida 39
As manobras de desobstrução, independentemente da faixa etária, 
devem ser realizadas constantemente até que a vítima desengasgue 
ou que haja uma piora do seu quadro. Caso o objeto ou alimento cau-
sador da obstrução de vias aéreas não seja removido, é possível que 
a vítima evolua para uma parada respiratória e, posteriormente, para 
uma parada cardiorrespiratória. Nesse momento, a vítima vai perder a 
consciência e apresentar ausência de respiração e de pulsação, deven-
do ser cuidadosamente posicionada para que se inicie o conjunto de 
procedimentos e ações que objetivam dar um suporte de vida para a 
vítima, denominado suporte básico de vida (SBV).
O artigo O leigo e o suporte básico de vida, das autoras Aline Maino Pergola e 
Izilda Esmenia Muglia Araujo, publicado na Revista da Escola de Enfermagem 
da USP (2009), mostra a importância do conhecimento em suporte básico de 
vida para a sobrevivência de vítimas de parada cardiorrespiratória quando 
realizado por socorristas leigos.
Acesso em: 8 abr. 2020. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342009000200012
Artigo
Desafio
Pergunte para 10 pessoas do seu círculo familiar ou de amigos se elas já socorreram al-
guém que estava engasgado. Por curiosidade, pergunte qual o motivo do engasgo e como 
foi que tentaram desengasgá-lo, ou seja, quais foram as manobras e técnicas utilizadas 
ou as atitudes imediatas tomadas no momento. Avalie as respostas, comparando-as com 
as técnicas adequadas conforme cada faixa etária. Aproveite a oportunidade para orien-
tá-las quanto à técnica correta, que pode ser muito mais eficaz para salvar vidas.
2.2 Parada cardiorrespiratória 
Vídeo Segundo a National Association of Emergency Medical Technicians 
(NAEMT, 2017),o sistema circulatório deve funcionar de modo ade-
quado – para que o oxigênio seja fornecido para cada célula do orga-
nismo –, o coração deve bombear o sangue de modo eficaz, os vasos 
sanguíneos devem estar intactos e deve haver quantidade suficiente de 
sangue, dentro do sistema vascular, para chegar em cada órgão. Quan-
do uma dessas condições não é atendida, pode ocorrer uma parada 
cardiorrespiratória.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342009000200012
40 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
A parada cardiorrespiratória (PCR), ou cessação dos batimentos car-
díacos e movimentos respiratórios, é uma emergência relativamente fre-
quente em qualquer serviço de atendimento pré-hospitalar. Em muitas 
situações em que o coração para de bater, ainda há boas condições de 
recuperar seu funcionamento caso receba um atendimento de emergên-
cia eficaz nos primeiros minutos (OLIVEIRA; PAROLIN; TEIXEIRA JR., 2007).
Figura 7
Treinamento para parada cardiorrespiratória
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A parada respiratória é, basicamente, a ausência de respiração/
ventilação. Ela pode ser isolada ou acompanhada de parada cardíaca; 
daí se origina a parada cardiorrespiratória. A parada cardíaca é carac-
terizada pela ausência dos batimentos cardíacos, o que faz com que 
o sangue deixe de ser bombeado para todo o organismo, levando à 
falta de oxigenação nos tecidos. A parada cardiorrespiratória ocorre 
de maneira brusca, sendo caracterizada pela inconsciência e ausência 
da circulação sistêmica e da ventilação/respiração e podendo ter as 
mais diversas causas.
Quando nos deparamos com uma vítima inconsciente, sempre 
suspeitamos de parada cardiorrespiratória. É ao abordá-la e realizar 
as etapas do atendimento primário que conseguimos verificar se ela 
respira e se possui pulsação (batimentos cardíacos). Em uma avalia-
ção feita por leigos, quando percebemos que a vítima está incons-
ciente, porém com os sinais vitais presentes, descartamos a parada 
cardiorrespiratória.
Suporte básico de vida 41
No entanto, se encontramos uma vítima inconsciente, com ausência 
de respiração e de pulsação, já entendemos que ela precisa de mano-
bras que possibilitem uma ressuscitação cardiopulmonar. Nesse caso, 
após identificar a ausência dos sinais vitais, a primeira coisa a se fazer 
é acionar o serviço de atendimento especializado e, posteriormente, 
iniciar o protocolo de massagem cardíaca realizada por socorristas lei-
gos, seguindo as orientações das diretrizes mais atualizadas da AHA no 
suporte básico de vida.
Vítimas de parada cardiorrespiratória ainda apresentam oxigênio 
nos pulmões e na corrente sanguínea nos primeiros quatro minutos 
após a parada; porém, se ultrapassado esse tempo de interrupção da 
circulação e da respiração, as chances de lesão cerebral são maiores. 
Logo, o tempo é um fator bastante crítico em uma PCR e, por isso, a 
massagem cardíaca precisa ser iniciada imediatamente.
A massagem cardíaca faz uma compressão direta sobre o coração 
apertando-o, o que permite que o sangue circule pelo corpo, levando 
algum oxigênio aos órgãos enquanto a pessoa não é atendida por mé-
dicos com equipamentos específicos. As compressões torácicas, rea-
lizadas por meio da massagem cardíaca, ajudam o sangue a circular 
porque desempenham a função de elevar a pressão na cavidade to-
rácica, fazendo o coração bombear. Essa medida é muito importante 
durante os primeiros socorros, pois pode evitar lesões cerebrais.
Existem atualizações constantes na área da saúde e, se tratando 
de um ponto tão importante, como é a ressuscitação cardiopulmonar 
(RCP) por meio da massagem cardíaca, deve-se saber que há, também, 
modificações nas diretrizes de suporte básico de vida.
A American Heart Association apresentou, em 2015, as diretrizes 
para ressuscitação cardiopulmonar com algumas modificações, as 
quais tiveram como objetivo: simplificar o treinamento de socorristas 
leigos; enfatizar a necessidade de aplicação das compressões torácicas, 
o quanto antes, em vítimas de parada cardiorrespiratória; e qualificar 
as técnicas de RCP, buscando eficiência.
Diante disso, de acordo com a AHA (2015), socorristas leigos ou pes-
soas que não têm treinamento específico devem aplicar RCP somente 
com as mãos e sem a realização de insuflações (respiração boca a boca), 
o que simplifica bastante o suporte básico de vida. O socorrista leigo não 
treinado deverá fazer as compressões até a chegada do atendimento 
especializado ou de um desfibrilador elétrico automático (DEA).
A cada minuto em parada car-
diorrespiratória a vítima perde 
10% da sua capacidade de vida. 
Sendo assim, as compressões 
precisam ser imediatamente 
iniciadas após a constatação 
de parada.
Importante
42 Prevenção de acidentes e socorros de urgência no ambiente escolar
É importante enfatizar que as compressões torácicas realizadas 
com eficiência já podem ajudar a favorecer o quadro da vítima, mesmo 
sem as insuflações. A parte de ventilação artificial deve entrar com au-
xílio de socorristas da área da saúde treinados e qualificados para esse 
procedimento.
Mas por qual motivo as respirações boca a boca ou insuflações te-
riam sido removidas das diretrizes para leigos? A AHA (2015) explica que 
a RCP somente com compressões é mais fácil de ser executada por um 
socorrista não treinado e pode, ainda, ser prontamente orientada por 
telefone pelos atendentes. Basicamente, não se perde tempo tentan-
do colocar oxigênio para dentro da vítima (especialmente por falarmos 
de socorristas leigos e não treinados), enfatizando a necessidade de 
compressões de qualidade para otimizar a circulação sanguínea com 
a reserva de oxigênio existente no corpo da vítima. Desse modo, além 
de simplificar o atendimento, gera mais qualidade ao procedimento.
De acordo com a AHA (2015), a ordem de prioridade é, nesse mo-
mento, CAB, em que avalia-se primeiro as compressões (C), depois as 
vias aéreas (A) e, por último, a respiração (B), diferentemente da abor-
dagem primária tradicional no trauma, em que seguimos a sequência 
de XABCDE.
Estando a cena segura para o atendimento (garantindo a biossegu-
rança na cinemática do trauma), podemos abordar a vítima. A princípio, 
verificamos a responsividade dela, tentando chamá-la e perguntando 
se pode nos ouvir, a fim de atestar se está consciente. Depois, checa-
mos o pulso carotídeo e, na ausência dele, imediatamente acionamos 
o serviço de atendimento médico especializado.
Segundo o Manual do Profissional de Suporte Básico de Vida 
(AHA, 2016), após a constatação de parada cardiorrespiratória, inicia-
-se a ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Os socorristas profissionais 
e treinados ainda realizam as insuflações, sendo duas insuflações para 
cada 30 massagens cardíacas. Porém, para socorristas leigos não trei-
nados, sugere-se apenas as compressões torácicas.
Suporte básico de vida 43
O que fazer?
Para a realização de RCP realizada por um so-
corrista leigo, os procedimentos, segundo a 
AHA (2015), são:
1. Chame ajuda/serviços de urgência e 
emergência.
2. Para as compressões torácicas externas, a ví-
tima deve estar deitada com as costas sobre 
uma superfície plana e firme.
3. Ajoelhe-se perto dos ombros da vítima; a 
distância entre seus joelhos deve ser a mes-
ma daquela entre seus ombros.
4. Coloque as mãos na extremidade inferior 
do osso esterno (centro do tórax); para isso, 
imagine uma linha entre os mamilos. Para 
as compressões torácicas, sua mão deve 
ficar exatamente no ponto médio da linha.
5. Apoie o “calcanhar” de uma mão no esterno 
e a outra mão por cima, mantendo os dedos, 
entrelaçados ou estendidos, apontados para 
a direção contrária à sua e afastados do tórax 
da vítima.
6. Mantenha os cotovelos estendidos e use a 
alavanca do tronco para realizar as compres-
sões no osso esterno.
CHAMAR A 
EMERGÊNCIA
De acordo com as diretrizes da AHA (2015), é importante, durante a 
massagem cardíaca, iniciar

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