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Devemos Prevenir ou remediar? A redução da maioridade penal no Brasil. Diego de Paula Cirera. A redução da maioridade penal está em voga no território brasileiro, passamos por um período que muito se discute sobre as vantagens e desvantagens da redução para a idade de 16 anos. A população pede em massa a redução da maioridade penal uma vez que estão fartos de tanta impunidade, coisa recorrente em nosso sistema penal. Haja vista que nossos presídios não têm capacidade para abrigar a todos os condenados, assim, inúmeros mandados de prisão estão em aberto, esperando o surgimento de novas vagas para a reclusão desses criminosos – especificamente cerca de 437 mil mandados de prisão estão em aberto em todo o território nacional de acordo com a pesquisa realizada pelo jornal O Globo em 27 de fevereiro de 2015. Para tanto, se faz necessário a construção de inúmeros presídios para que possam atender de forma digna a todos aqueles que cometem um crime. É aqui que estamos pecando, há um desejo enorme de punir aos que comentem um delito, mas não há aspiração alguma em ajudar a estes a não o fazerem. Destarte, a sociedade brasileira como um todo, se preocupa mais em tentar achar uma forma de punir, do que de educar. Claro, é muito mais difícil prevenir do que remediar. Não há dúvidas que se trata de uma lógica inversa, tendo vista que é muito mais barato, em parâmetros financeiros a construção de escolas, ao invés de presídios. Ao construirmos escolas, principalmente aquelas de tempo integral, daremos ocupação para nossos adolescentes, evitando o tempo ocioso, este o maior vilão para aqueles que não têm uma ocupação, ficando de forma marginal a sociedade. Ao invés da redução da maioridade, os legisladores poderiam propor projetos com a intenção de uma maior inclusão de menores no ambiente de trabalho, hoje, menores podem trabalhar como aprendizes desde os 14 anos, no entanto necessitam de uma entidade que faça o acompanhamento e a qualificação deste menor, como as unidades do Senai e Senac que promovem a integração desses menores com a empresa. Contudo, essas escolas de aprendizagem não estão presentes em todo o país. Existem inúmeras cidades pequenas que sequer possuem uma unidade de ensino regular, quem dirá uma unidade de aprendizagem. Deste modo podemos evidenciar que existem outras formas menos gravosas para controlar a criminalidade na adolescência, não é a falta de recursos que poderá ser utilizada como saída para a não implementação de projetos como o citado, em razão de que o custo com a carceragem desses menores será bem superior. Hoje o Estado gasta cerca de 200 mil/mês para manter um preso recluso, de acordo com João Estevam da Silva; Promotor de Justiça – SP. É devido evidenciar que uma das finalidades da pena é a ressocialização, mas é fácil compreender que esta finalidade na realidade não passa de uma meta fictícia dado que aqueles que ficam aprisionados ao saírem da cadeia cometem crimes ainda mais severos, afirmando a taxa de reincidência para crimes praticados – cerca de 70% como afirmou recentemente o então presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ceza Peluso. Outro dado alarmante é com relação ao Brasil ser o quarto País que mais encarcera no mundo, fica atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Rússia – segundo Relatório de pesquisa de reincidência criminal no Brasil realizado pelo Ipea em 2015. Isso serve para reafirmar que a melhor solução não é a prisão dos menores infratores, uma vez que ao saírem da cadeia serão cidadãos criticamente propensos a prática de um novo delito. Destaco ainda que o menor de dezoito anos não possui a formação completa do cérebro, a ultima parte a ser formada é o córtex pré-frontal – segundo a neurociência, é responsável pela tomada de decisões, pelo controle das emoções e pelo planejamento de ações futuras. Sua formação completa ocorre geralmente aos vinte anos de idade, podendo ser superior. Deste modo, propicia que esses menores ajam por impulso, sujeitando-se a fortes emoções e a baixa capacidade de analisar as consequências de suas ações a um longo prazo. Portanto, mesmo que o adolescente eventualmente seja capaz de identificar o caráter ilícito do fato, não é inteiramente capaz de determinar-se de acordo com esse entendimento, por agir de acordo com estímulos, gerando comportamentos impulsivos. Em virtude desses aspectos apresentados, entre outros não abordados pelo presente trabalho, coaduno com a ideia de que a maioridade penal se mantenha aos dezoito anos de idade. Bibliografia: CASTRO, Juliana. Brasil tem ‘fila’ de 437 mil mandados de prisão. Disponível em <http://oglobo.globo.com/brasil/brasil-tem-fila-de-437-milmandados- de-prisao-15452442#ixzz3ijESgn4s>. Acesso em: 13/08/2015. DA SILVA, João Estevam. Reduzir a menoridade penal só agravará o sistema de aplicação e execução da lei. Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/23526/reduzir_menoridade_ penal_agravara.pdf?sequence=1> Acesso em: 14/08/2015. IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Reincidência Criminal no Brasil: Relatório de Pesquisa. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/150611_r elatorio_reincidencia_criminal.pdf > Acesso em: 14/08/2015. JAPIASSU, Eduardo Adriano. A discussão em torno da redução da maioridade penal: Um debate entre políticas públicas, simbolismos e neurociência. Disponível em: <http://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/rdc/article/view/16989> Acesso: 15/08/2015.
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