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DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 1 DIREITO ECONÔMICO Luciano Sotero Bibliografia: - Princípios Gerais da atividade econômica - CRFB/1988 - art. dos arts 170 a 192 especial atenção para os arts. 170; 173; 174; 175; 176; 177; 178; 184; 185 e 186; 192 - Súmulas 645 e 646. - Súmulas do STF e STJ e do TRF para o qual queira o concurso de magistratura. - Para MPF leitura dos Informativos STF e STJ. - (constituição e o STF) imprima a CRFB/1988 do art. 170 a 192. - julgados do STF: ADIs 319; 1959; 3512 e RE 407099 - Entre no site do CADE e imprima a cartilha do CADE da página 01 a 40 o que interessa embora tenha mais de 200 páginas. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 2 Livros: Paula Forgioni, a madrasta do direito comercial: “fundamentos do antitruste”. Sinopse: Lafayette Jossué Petter: Resumo de direito Econômico. Melhor obra para a prova do MPF. Curso de Direito Constitucional Positivo: José Afonso da Silva na parte da Ordem Econômica. MPF: 3 questões; direito da concorrência 03 questões; direito do consumidor 04 questões. Na área estadual o direito econômico é cobrado direito do direito constitucional, direito administrativo e na legislação extravagante na Lei antetruste. ______________________ Conceito: a idéia de direito econômico esta ligada a uma idéia de Estado e de Economia. É o ramo do direito que cuida de regular a atividade econômica e esta se dá, em regra no mercado. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 3 O mercado se auto regula por meio das instituições financeiras que dizem que tarifas vão cobrar e os consumidores por sua vez dizem se vão aceitar. A relação entre o consumidor e as instituições demonstra uma vulnerabilidade por parte do consumidor, pois ou estas aceitam os ditames das instituições financeiras ou esta fora do mercado. Os serviços prestados por instituições financeiras são de relevância pública. As instituições financeiras criam uma série de tarifas bancárias: Tarifa de abertura de crédito, tarifa de saque na conta corrente, tarifa de manutenção da conta corrente. Isto gerou uma cobrança abusiva de uma série de tarifas bancárias impostas ao consumidor que ou aceita ou está fora do mercado, demonstrando uma falha na auto-regulação do mercado. Para modificar essa desigualdade é necessário a presença de um terceiro (Estado) atuando no mercado de modo a reequilibrar esta situação no mercado de consumo, tutelando o a parte mais fraca que é o consumidor. O ramo do direito que organiza a atividade econômica é o direito econômico. Para tanto, o direito econômico se vale de alguns sujeitos: DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 4 a) empresas (poder privado econômico) b) consumidor c) Estado (poder público econômico) O direito econômico é o ramo do direito que regula a atividade econômica para tanto regulando a política do poder privado econômico (empresas) e do poder público econômico (Estado). A regulação feita pelo direito econômico tem como base a constituição da república. Direito econômico é o ramo do direito que organiza a atividade econômica, para tanto regula a política econômica do poder público e do poder privado econômico em conformidade com a CRFB/1988. Ideologia Constitucionalmente adotada: o direito econômico ao regular a atividade econômica tem que buscar essa regulação a luz da CRFB/1988 , notadamente a luz dos arts. 170 e 192 que cuidam da ordem econômica. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 5 As instituições financeiras estavam impondo tarifas abusivas, era necessária a presença do Estado na atividade econômica. As instituições financeiras ao imporem tarifas abusivas ao consumidor ferem o CRFB/1988 - art. 192. Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003) O CRFB/1988 - art. 170 traz como princípio da ordem econômica a defesa do consumidor. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - defesa do consumidor; CRFB/1988 - art. 219: o mercado interno integra o patrimônio nacional. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 6 Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal. CRFB/1988 - art. 5º, XXXII: “o Estado promoverá, na forma da Lei, a defesa do consumidor”. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; BACEN CRFB/1988 - art. 127: a defesa da ordem jurídica pelo MP inclui a defesa a ordem econômica. Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 7 jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. CRFB/1988 - art. 129, II e III: Inciso II: serviços bancários são serviços de relevância pública. Incisos III: o MP pode propor ACP para a proteção do patrimônio público, incluindo o mercado interno. Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; Objeto de estudo do direito econômico: São as normas e Princípios que regulam a política econômica O CRFB/1988 - art. 24, I, reconhece a autonomia legislativa do direito econômico. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 8 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; Relação do direito econômico com outrosramos do direito A doutrina diz que o direito é uno, mas para fins didáticos se subdivide em vários ramos. a) Direito econômico e direito constitucional CRFB/1988 - art. 170 a 192: fundamentos do direito econômico. O direito econômico tem que ser interpretado a luz da CRFB/1988 . sendo diferente do direito econômico americano e alemão. b) direito econômico e direito penal O direito econômico, quando regula a política econômica, muitas vezes conta com o direito penal. Lei 8.137/90: trata também de crimes contra a ordem econômica. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 9 Lei 7.429/86: crimes contra o Sistema Financeiro. c) direito econômico e direito administrativo Ex: agencias reguladoras As agencias reguladoras, dentre outras coisas, implementam políticas econômicas d) direito econômico e direito tributário O Estado através do caráter extra fiscal de determinados direitos tributários tem por escopo regular políticas econômicas. (AgRg no AI 360461). Interdisciplinaridade Externa do direito econômico O direito econômico se relaciona com outras ciências dentre elas a economia, ciências da administração (planejamento), história, sociologia, filosofia. 4. Competência legislativa do direito Econômico DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 10 CRFB/1988 - art. 24, I: a competência para legislar direito econômico é concorrente (União, Estado e DF), não comportando os Municípios. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; O art. 24, I traz uma competência legislativa concorrente, pois traz uma idéia de descentralização. A união legisla sobre normas gerais, e os Estados, Municípios e DF sobre situações mais específicas, respeitando suas peculiaridades. O STF deixa claro que as normas gerais não são exaustivas. A legislação não se limita ao art. 24, I. Veja o art. 24, V, VI. Pode se legislar sobre consumo, meio ambiente, águas, energia, informativa, telecomunicações, sistema monetário, comercio exterior. Todas essas matérias fazem parte do direito Econômico. A legislação sobre DE não se limita ao art. 24, I, ela também alcança o ar 24, V, VI e alcança dispositivos previstos no art. 22 da CRFB/1988. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 11 O RE 291.188: não obstante o sistema monetário ser matéria da esfera do direito econômico, será regulado privativamente pela União. (art. 22, VI). 5. Princípio da subsidiariedade Não compete à União descer a pormenores, pois isto poderia atingir ao Município. O Município pode legislar sobre direito econômico? CRFB/1988 - art. 30, I: compete aos Municípios legislar sobre assuntos de interesses locais. **O STF (ADI 1950) diz que os Municípios podem legislar, pois as normas de ordem pública Súmula 645 STF: “é competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial”. É um exemplo de legislação municipal sobre direito econômico. ADI 2327: cada município deve dispor sobre o plano diretor, pois com base no princípio da subsidiariedade no campo da competência legislativa concorrente o Estado não pode invadir a competência do município quanto a esta matéria. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 12 O STF entende que esta matéria quanto ao tempo de esfera na fila de itens de segurança, portas de banheiros, sanitários é matéria de interesse local, podendo o município legislar sobre este tema, pois estaria legislando sobre matérias de interesse local. RE 432.789 STF: espera na fila não diz respeito a atividade fim de instituições financeiras. AgRG 347717 STF: equipamentos de segurança nas agencias bancárias ou itens de conforto são matérias de interesse local, não cuidam da normatização do sistema financeiro, podendo os municípios legislar sobre estas matérias. Obs.: RE: 121.623: o horário de funcionamento do sistema financeiro nacional tem idéia de interligação para fins de interligação bancária, não podendo os municípios legislar sobre este tema, pois é matéria que atinge a todo o sistema financeiro nacional. A União é que tem competência exclusiva para legislar sobbre esta matéria. Normas de direito Econômico O direito econômico regula o fato econômico, por exemplo ele regula o consumo, a produção, a circulação, ou seja, a atividade econômica que é por natureza mutável, dinâmica, flexível devendo a norma de direito econômico seguir esta natureza para poder regulá-la adequadamente. Ex: aumento ou diminuição da alíquota de importação para regular o mercado interno. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 13 Capacidade Normativa Conjuntural: As normas de direito econômica tem como características serem conjunturais. Uma profunda transformação no direito brasileiro. Transfere-se do legislativo uma capacidade normativa ao executivo para regular de forma célere, pois o legislativo com sua morosidade não poderia fazê-lo. Ex: MPs que deram maiores poderes ao BACEN ante a relevância e urgência da crise econômica. É possível legislar sobre direito econômico por MP? Doutrina diz que sim e STF também, mas há limitações implícitas e explícitas: Limitação explícita: Ex: CRFB/1988 - art. 62, II limitação explícita. Isto foi uma reação ao plano Collor. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 14 CRFB/1988 - art. 237: o Ministério da Fazenda proibiu a importação de determinado produto com base em Instrução Normativa. Tal IN foi questionada sob o argumento de violação à legalidade. O STF entendeu que não havia afronta à legalidade. O art. 237 atribuiu diretamente ao Ministério da Fazenda o poder de controle e fiscalização do comércio exterior. Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda. A crítica que se estabelece a capacidade normativa conjuntural é o défict democrático por não se submeter ao legislativo e se passar ao executivo a capacidade normativo sobre temas de natureza econômica para que o executivo possa tratar de matérias com a urgência necessária. Informativo 565 STF: art. 153, §1º. A Câmara de Comércio Exterior pode alterar alíquotas de II e I E? O STF entendeu, ao examinar o CRFB/1988 - art. 84, IV, que há competência secundária deferida aos Ministros de Estado. É constitucional a regulação do comercio exterior a CMEX (Câmara de Comércio Exterior) ao fundamento de que CRFB/1988 - art. 153, §1º, art.87, II, IV e VI. Quando a constituição atribui competência ao Presidente da República o faz DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 15 expressamente, se estabeleceu competência ao executivo o fez ao Presidente da República e aos Ministros de Estado. STF – INFORMATIVO 565/2009 Imposto de Exportação: Alteração de Alíquota e Competência A competência estabelecida no art. 153, § 1º, da CF (“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: ... § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.”) não é exclusiva do Presidente da República, haja vista ter sido deferida, genericamente, ao Executivo, o que permite que seja exercida por órgão que integre a estrutura deste Poder. Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário contra acórdão do TRF da 4ª Região, que, nessa linha, reconhecera a legitimidade da alteração de alíquotas do imposto de exportação, observados os limites impostos pelo Decreto-Lei 1.578/77, pela Resolução 15/2001 da Câmara de Comércio Exterior - CAMEX, órgão do Poder Executivo. Reportou- se à orientação fixada no julgamento do RE 225655/PB (DJU de 28.4.2000), no sentido de inexistir norma constitucional ou legal que estabeleça ser a faculdade do citado dispositivo constitucional de exercício privativo do Presidente da República. Asseverou-se que o art. 153, § 1º, da CF, ao atribuir, de forma genérica, ao Poder Executivo a faculdade de alterar as alíquotas de determinados DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 16 impostos, atendidos os limites legais, teria aberto a possibilidade da criação de um órgão governamental para se desincumbir dessa atribuição e que, no caso, esse órgão seria a CAMEX, criada pela Medida Provisória 2.123-28/2001. Registrou-se que a atuação da CAMEX teria sido regulamentada, inicialmente, pelo Decreto 3.756/2001, no qual o Presidente da República teria invocado, dentre outros fundamentos, as atribuições que lhe confere o art. 84, IV e VI, da CF, bem como o disposto no Decreto-lei 1.578/77, no parágrafo único do art. 1º da Lei 8.085/90, na Lei 9.019/95 e no art. 28 da Medida Provisória 2.123-28/2001. Observou-se que esse decreto teria sido revogado pelo Decreto 3.981/2001, também revogado, por sua vez, pelo Decreto 4.732/2003, os quais, em seu art. 2º, XIII, previam ser da competência da CAMEX a fixação das alíquotas do imposto de exportação, respeitadas as condições estabelecidas no Decreto-lei 1.578/77. Observou-se, ainda, que o imposto de exportação, dada a sua natureza, apresentaria um caráter nitidamente extrafiscal, constituindo, sobretudo, uma técnica de intervenção estatal, com o escopo de obter um desenvolvimento econômico equilibrado e socialmente justo. Assim, a competência excepcional atribuída ao Poder Executivo da União para alterar as alíquotas do tributo sob análise, dentro das condições e dos limites estabelecidos nas leis e nos regulamentos pertinentes, decorreria, exatamente, de seu caráter regulatório, cuja conformação deveria amoldar-se, com a maior presteza possível, às DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 17 vicissitudes dos mercados nacional e internacional. Vencidos os Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio, que proviam o recurso. RE 570680/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 28.10.2009. (RE- 570680) ____ Recurso repetitivo - STJ Repercussão Geral - STF ___ Para se alcançar a flexibilidade de norma de DE, deve-se legislar com cláusulas gerias para permitir que o interprete integre a norma ao caso concreto. Ex: mercado relevante, segurança nacional, boa-fé objetiva. Essa legislação é interessante, busca eficiência. A Lei 8884/94 é cheia de rol exemplificativo, assim como o CDC . São normas legislativas por meio de cláusulas gerais. O STF teve oportunidade de se manifestar sobre a constitucionalidade da expressão entre outras. O STF disse que se não for usada a técnica legislativa referida, a norma seria ultrapassada pelo fato econômico. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 18 A norma de direito econômico caracteriza-se por dois aspectos: a) sempre terá conteúdo econômico: sempre regulará atividade econômica. + b) regulará a política econômica. A norma de direito econômico tem conteúdo macrojurídico (transindividual). 6. Espécies de normas de direito econômico A norma de direito econômico, além de regular os fatos do passado, tem uma característica de prospectividade, projetando-se para o futuro, abrangendo assim uma idéia de planejamento (CRFB/1988 - art. 174). Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. § 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. § 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 19 § 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. § 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei. Espécies: a) Norma de direção: A norma de conteúdo coercitivo, imperativo, determinante, não dando outra opção se não o cumprimento da norma. A norma tem um conteúdo repressivo. Ex: o Estado promove uma política de controle de preços de ou majoração de tarifas bancárias por um prazo de 06 meses, resultando o não cumprimento em penalidade (CRFB/1988 - art. 174). Estas normas se caracterizam na fiscalização. Agr STF 268.857: o STF entendeu que a Lei delegada 462 foi recepcionada pela CRFB/1988 dando-se poder ao Estado de Fiscalizar a atividade Econômica. FISCALIZAÇÃO. LEI DELEGADA Nº 4/62. RECEPÇÃO PELA DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 20 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. A Lei Delegada nº 4/62 foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, no que revela o instrumento normativo como meio para reprimir o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros - § 4º do artigo 173 - , bem como quanto à atuação fiscalizadora do Estado - artigo 174, ambos da Carta Política em vigor. (Supremo Tribunal Federal STF; AI-AgR 268857; RJ; Segunda Turma; Rel. Min. Marco Aurélio; Julg. 20/02/2001; DJU 04/05/2001; p. 00011) b) Norma de indução O Estado estimula, incentiva, incita que o agente adira a uma dada política econômica. Caracteriza-sepor ser uma sanção premial que tem um conteúdo positivo. ADI 3330 o governo federal quis promover o acesso da população carente a Universidades e como não tem universidade Pública suficiente, se estimulou a redução do valor de cursos superiores por meio de bolsas e uma série de benefícios fiscais para Instituições que venham aderir ao PROUNE, obrigando as Universidades que tenham feito esta adesão ao cumprimento de suas condições. A adesão ao PROUNE é facultativa, uma vez aderindo terá que cumprir suas condições sobe pena de sofre penalidades. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 21 CRFB/1988 - art. 174: incentivo. Relação da Norma de Direito Econômico com o ato jurídico perfeito e o direito adquirido A norma de direito econômico é uma norma de ordem pública. Para muitos doutrinadores a norma de ordem pública tem uma aplicação imediata e retroativa. No Ordenamento Jurídico brasileiro o ato jurídico perfeito, a direito adquirido e a coisa julgada estão previstos na CRFB/1988 - art. 5º, XXXVI. MP que altera índices de reajuste contratual. Para o STF na ADI 493 e RE 211.293 é inconstitucional a norma de direito econômico que retroaja para atingir relações jurídicas consolidadas, sob pena de ofensa ao ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Toda e qualquer norma (pública ou privada), por ter natureza infraconstitucional, devem obedecer às normas constitucionais e estando o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgado no Ordenamento Jurídico brasileiro inseridos no texto constitucional, devem observância a estes. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 22 A Norma de direito econômico: se caracteriza como norma de ordem pública. O objeto do direito econômico assume importância tamanha na sociedade que assume a característica de ordem pública. Contudo, apesar de a norma de direito econômico ter a característica de ser norma de ordem pública, tem aplicação imediata, mas não pode retroagir. Ex: num contrato de trato sucessivo, que tem sua execução diferida, por exemplo um contrato firmado em 2008 tem sua execução prolongada no tempo. Os efeitos do negócio jurídico podem ser submetidos a Lei nova? Retroatividade mínima: os efeitos do negócio jurídico que foi pactuado em data pretérita não podem ser regulados pela Lei nova. CC/2002 art. 2.035: Em sua 1ª parte esta em conformidade com a jurisprudência do STF. Em sua 2ª parte (ADI 493) consagra a teoria que permite a aplicação da Lei nova aos efeitos do negócio jurídico pretérito, ou seja, admite a retroatividade mínima. * O STF não admite a retroatividade mínima (RE 211.293). DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 23 Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código,(1ª parte) obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, (2ª parte) mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos. Na ADI 1.931, houve uma nova composição do STF e o Min. Mauricio Correia adotou a posição já consolidada no STF, ou seja, não se admite a retroatividade mínima. Gilmar Mendes ressalta que a posição do STF ainda não foi alterada. Em razão disso, pode-se concluir que o CC/2002 art. 2.035, 2ª parte é inconstitucional. Ex: plano de saúde que limita prazo de internação. Se Lei de 2010 admite tratamento de doença pré-existente e impõe prazo de internação maior? O STJ tem o entendimento de que a cada renovação surge um novo contrato, podendo sujeitar-se a nova Lei. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 24 Obs.: não seria uma retroatividade por que a cada renovação surge um novo contrato. Ex: financiamento para aquisição de imóvel firmado em 2008. Consumidor perde emprego em 2010 e pede a rescisão do contrato. A construtora incorporadora imobiliária firma contrato onde retém todas as parcelas pagas. Há alguma violação? Sim, viola-se o princípio do enriquecimento sem causa, sendo tal cláusula abusiva, ferindo o princípio do equilíbrio contratual. O ato jurídico perfeito tem duas doutrinas explicativas: 1º) É ato juridicamente consumado. 2º) É ato realizado em conformidade com o Ordenamento Jurídico (melhor doutrina). Se a perda de todas as parcelas pagas viola o princípio do enriquecimento sem causa, então não há ato juridicamente perfeito. Esta é posição isolada do STJ sobre o tema (RESP 45.666- voto do M Rui Rosado). O parágrafo único do art. 2.035 consagra esse entendimento. Não há ainda manifestação do STF sobre o tema. Planos de Estabilização Econômica DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 25 Foram implementados muitas vezes ao arrepio da Lei e da CRFB/1988. uma da mais relevantes questões esta na possibilidade de os contratos serem atingidos pela Lei nova. Ex: contrato firmado em 2008. em 2010 vem Lei que modifica o padrão monetário: (o real passará a ser chamado real dois). Os operadores econômicos terão direito adquirido ao contrato firmado com base no real? Para o STF normas referentes a modificação de padrão monetário poderão ter incidência imediata, mas não dão ensejo a idéia de direito adquirido. ADPF 165 ajuizada pela CONSIF (confederação do sistema financeiro nacional) se for dado aos poupadores o reajuste de 22,35% quebraria o sistema financeiro nacional. Esta tese contraria a jurisprudência firmada no STF. O plano verão previu a incidência da LFT (letras financeiras do tesouro) a partir do dia 15 de certo mês e não pelo IPC. Assim, apesar de a norma ter incidência imediata, não poderia atingir as cadernetas de poupança com data anterior ao dia 15. para a CONSIF não se poderia falar em inconstitucionalidade pois as normas de padrão monetário não podem invocar direito adquirido. Entretanto, o STF entende que os poupadores anteriores ao dia 15 tiveram incorporados ao seu patrimônio de ver a sua poupança corrigida pelo IPC. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 26 RE 273.602: o Min. Sepúlveda Pertence diz que a exceção de alteração dos contratos se dá somente para a mudança de padrão monetário e critérios de correção e não se pode aplicar as normas de reajuste. As normas de padrão monetário têm incidência imediata. 6. Princípios de direito Econômico 1ª característica do princípio: é ser a base do Ordenamento Jurídico A relevância dos Princípios no campo do direito econômico fica evidenciada no campo da interpretação e da integração das normas. A compreensão do universo de normas fica facilitada quando se tem noção dos Princípios de direito Econômico. Para Geraldo Ataliba princípio pode ser comparado a base de um edifício. Para Celso Antonio Bandeira deMelo a maior transgressão que pode haver no Ordenamento Jurídico é a violação de um princípio, pois este é a base do Ordenamento Jurídico. 2ª característica do princípio: auxilia na interpretação e integração nas regras de direito econômico. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 27 Função de interpretação Para Roque Carrazza qualquer problema deve ser interpretado a luz dos Princípios. Ex: condôminos não podem ser expulsos de um condomínio com base em norma que fere a dignidade da pessoa humana. Função de integração: O princípio se caracteriza por ter seu conteúdo aberto, se caracterizando pela idéia de otimização, permitindo que se integre a várias situações que o Ordenamento Jurídico não previu. Ex: Min. Eliana Calmon concedeu a isenção de imposto a portador de doença de gravidade elevada, evocando-se a dignidade da pessoa humana para tanto. Min. Luiz Fux diz que qualquer interpretação que fere princípio esta equivocada, devendo ser realizada a partir dos Princípios. Função coercitiva: os Princípios podem ter aplicação ao caso concreto DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 28 Para os positivistas apenas o que está consagrado de forma expressa e explicita no Ordenamento Jurídico é que poderia ter aplicação, normatividade, coercitividade. A falha do positivismo é não conseguir abarcar as lacunas deixadas ao longo do Ordenamento Jurídico quanto a situações do dia a dia. Os positivistas aceitaram que os Princípios tivessem uma função interpretativa e integrativa. Na CRFB/1988 - art. 37 há uma série de Princípios previstos (moralidade, legalidade, eficiência). Pergunta-se se estes Princípios tem normatividade ou efetividade suficiente para ser aplicada ao caso concreto? Hoje, na fase do neoconstitucionalismo passa-se a admitir que as normas constitucionais sejam dotadas de uma densidade normativa própria que permite aplicação ao caso concreto. Assim, os Princípios, assim como as regras têm uma normatividade e uma coercitividade que permite aplicação ao caso concreto. Assim, os Princípios previstos na CRFB/1988 - art. 37 podem ser aplicados a um caso concreto sem a necessidade de intermediação legislativa. O STF na Ação Declaratória de Constitucionalidade 12, nos votos dos Min. Celso de Melo, Min. Joaquim Barbosa, Min. Cezar Peluzo, Min. Carlos Aires Brito dizem que os princípios cristalizados no texto constitucional de forma explicita ou implícita tem densidade, normatividade suficiente para ser aplicados ao caso concreto independentemente de intermediação legislativa. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 29 O STJ seguindo o mesmo entendimento do STF se firma no RESP 787.101 Min. Luiz Fux: a constituição não é ornamental, não é um mero museu de Princípios, demanda efetividade de seus Princípios, destacando-se o princípio da dignidade da pessoa humana. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO ESTADO. DESCUMPRIMENTO DA DECISÃO JUDICIAL DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. MEDIDA EXECUTIVA. POSSIBILIDADE, IN CASU. PEQUENO VALOR. ART. 461, § 5º, DO CPC. ROL EXEMPLIFICATIVO DE MEDIDAS. PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL À SAÚDE, À VIDA E À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PRIMAZIA SOBRE PRINCÍPIOS DE DIREITO FINANCEIRO E ADMINISTRATIVO. 1. RECURSO DE EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA QUE ENCERRA QUESTÃO REFERENTE À POSSIBILIDADE DE O JULGADOR DETERMINAR, EM AÇÃO QUE TENHA POR OBJETO A OBRIGAÇÃO DE FORNECER MEDICAMENTOS À PESSOA HIPOSSUFICIENTE ACOMETIDA DE OSTEOPOROSE, MEDIDAS EXECUTIVAS ASSECURATÓRIAS AO CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL ANTECIPATÓRIA DOS EFEITOS DA TUTELA PROFERIDA EM DESFAVOR DE DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 30 ENTE ESTATAL, QUE RESULTEM NO BLOQUEIO OU SEQÜESTRO DE VERBAS DESTE DEPOSITADAS EM CONTA CORRENTE. 2. DEPREENDE-SE DO ART. 461, § 5º DO CPC, QUE O LEGISLADOR, AO POSSIBILITAR AO JUIZ, DE OFÍCIO OU A REQUERIMENTO, DETERMINAR AS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS COMO A "IMPOSIÇÃO DE MULTA POR TEMPO DE ATRASO, BUSCA E APREENSÃO, REMOÇÃO DE PESSOAS E COISAS, DESFAZIMENTO DE OBRAS E IMPEDIMENTO DE ATIVIDADE NOCIVA, SE NECESSÁRIO COM REQUISIÇÃO DE FORÇA POLICIAL", NÃO O FEZ DE FORMA TAXATIVA, MAS SIM EXEMPLIFICATIVA, PELO QUE, IN CASU, O SEQÜESTRO OU BLOQUEIO DA VERBA NECESSÁRIA À AQUISIÇÃO DOS MEDICAMENTOS OBJETOS DA TUTELA DEFERIDA, PROVIDÊNCIA EXCEPCIONAL ADOTADA EM FACE DA URGÊNCIA E IMPRESCINDIBILIDADE DA PRESTAÇÃO DOS MESMOS, REVELA-SE MEDIDA LEGÍTIMA, VÁLIDA E RAZOÁVEL (Precedentes: AGRG no AG n.º 738.560/RS, Rel. Min. José Delgado, DJU de 22/05/2006; AGRG no AG n.º 750.966/RS, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 19/05/2006; AGRG no AG n.º 734.806/RS, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJU de 11/05/2006; e AGRG no RESP n.º 795.921/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 03/05/2006). 3. DEVERAS, É LÍCITO AO JULGADOR, À VISTA DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO, AFERIR O MODO MAIS ADEQUADO PARA TORNAR DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 31 EFETIVA A TUTELA, TENDO EM VISTA O FIM DA NORMA E A IMPOSSIBILIDADE DE PREVISÃO LEGAL DE TODAS AS HIPÓTESES FÁTICAS. MÁXIME DIANTE DE SITUAÇÃO FÁTICA, NA QUAL A DESÍDIA DO ENTE ESTATAL, FRENTE AO COMANDO JUDICIAL EMITIDO, PODE RESULTAR EM GRAVE LESÃO À SAÚDE OU MESMO POR EM RISCO A VIDA DO DEMANDANTE. 4. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS À VIDA E À SAÚDE SÃO DIREITOS SUBJETIVOS INALIENÁVEIS, CONSTITUCIONALMENTE CONSAGRADOS, CUJO PRIMADO, EM UM ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO COMO O NOSSO, QUE RESERVA ESPECIAL PROTEÇÃO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, há de superar quaisquer espécies de restrições legais. Não obstante o fundamento constitucional, in casu, merece destaque a Lei Estadual n.º 9.908/93, do Estado do Rio Grande do Sul, que assim dispõe em seu art. 1º: "Art. 1º. O Estado deve fornecer, de forma gratuita, medicamentos excepcionais para pessoas que não puderem prover as despesas com os referidos medicamentos, sem privarem-se dos recurso indispensáveis ao próprio sustento e de sua família. Parágrafo único. Consideram-se medicamentos excepcionais aqueles que devem ser usados com freqüência e de forma permanente, sendo indispensáveis à vida do paciente. " 5. A CONSTITUIÇÃO NÃO É ORNAMENTAL, NÃO SE RESUME A UM MUSEU DE PRINCÍPIOS, NÃO É DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 32 MERAMENTE UM IDEÁRIO; RECLAMA EFETIVIDADE REAL DE SUAS NORMAS. DESTARTE, NA APLICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS, A EXEGESE DEVE PARTIR DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS, PARA OS PRINCÍPIOS SETORIAIS. E, SOB ESSE ÂNGULO, MERECE DESTAQUE O PRINCÍPIO FUNDANTE DA REPÚBLICA QUE DESTINA ESPECIAL PROTEÇÃO A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 6. OUTROSSIM, A TUTELA JURISDICIONAL PARA SER EFETIVA DEVE DAR AO LESADO RESULTADO PRÁTICO EQUIVALENTE AO QUE OBTERIA SE A PRESTAÇÃO FOSSE CUMPRIDA VOLUNTARIAMENTE. O MEIO DE COERÇÃO TEM VALIDADE QUANDO CAPAZ DE SUBJUGAR A RECALCITRÂNCIA DO DEVEDOR. O PODER JUDICIÁRIO NÃO DEVE COMPACTUAR COM O PROCEDER DO ESTADO, QUE CONDENADO PELA URGÊNCIA DA SITUAÇÃOA ENTREGAR MEDICAMENTOS IMPRESCINDÍVEIS PROTEÇÃO DA SAÚDE E DA VIDA DE CIDADÃO NECESSITADO, REVELA-SE INDIFERENTE À TUTELA JUDICIAL DEFERIDA E AOS VALORES FUNDAMENTAIS POR ELE ECLIPSADOS. 7. In casu, a decisão ora hostilizada pelo embargante importa na disponibilização em favor da parte embargada da quantia de R$ 345,00 (trezentos e quarenta e cinco reais), que além de não comprometer as finanças do Estado do Rio Grande do Sul, revela-se indispensável à proteção da saúde do autor da demanda que originou a presente DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 33 controvérsia, mercê de consistir em medida de apoio da decisão judicial em caráter de subrogação. 8. POR FIM, SOB O ÂNGULO ANALÓGICO, AS QUANTIAS DE PEQUENO VALOR PODEM SER PAGAS INDEPENDENTEMENTE DE PRECATÓRIO E A FORTIORI SEREM, TAMBÉM, ENTREGUES, POR ATO DE IMPÉRIO DO PODER JUDICIÁRIO. 9. Embargos de divergência desprovidos. (Superior Tribunal de Justiça STJ; EREsp 787101; RS; Primeira Seção; Rel. Min. Luiz Fux; Julg. 28/06/2006; DJU 14/08/2006; Pág. 258) O que importa saber é se o princípio existe e não se esta positivado ou não, tendo o mesmo peso um princípio explicito ou implícito. Há Princípios implícitos no Ordenamento Jurídico como o princípio da moralidade, que o interesse público deve preponderar sobre o interesse privado. O parâmetro para se aferir se uma regra é valida ou invalida perante a CRFB/1988 é dado de acordo com o bloco de constitucionalidade. Duas doutrinas: Bloco de constitucionalidade: normas expressas no texto constitucional DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 34 Bloco de constitucionalidade: se compõe também textos implícitos que integram o texto constitucional. 6.1. princípio da dignidade da pessoa humana Está expresso no art. 1º, III e art. 170, "caput" da CRFB/1988. É usado em diversas situações no direito econômico. Nos primeiros anos da CRFB/1988. O STF tinha poucas decisões invocando a dignidade da pessoa humana, pois a base do Ordenamento Jurídico brasileiro era o CC/1916 . A característica do CC/1916 era ser patrimonial. Uma política econômica que privilegia o capital especulativo, taxa de juros alta que impede o desenvolvimento econômico não encontra respaldo no princípio da dignidade da pessoa humana. Este princípio permite que você afira a validade ou não das políticas públicas. A CRFB/1988 - art. 6º tem como finalidade essencial a assistência aos desamparados. O art. 3º diz que o objetivo da republica federativa do Brasil e a erradicação da pobreza e da marginalidade. A CRFB/1988 – no art. xxx não admite a implementação de uma política pública que privilegie o capital especulativo. O STF na reclamação 4145, não admite que se DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 35 implemente a política pública que compactue com a miséria humana. O STJ no AgR RESP 543.020 diz que não é possível a suspensão de serviço público essencial que ponha em risco a vida, a saúde e a incolumidade física do consumidor, sob o fundamento da dignidade da pessoa humana. O Exercício de toda a atividade econômica diz respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana. STJ HC 14.333: uma consumidora fez financiamento para adquirir veículo no valor de 6 mil reais, passados 18 meses o valor saltou para 90 mil reais, decretada foi a prisão por ser depositária infiel. A consumidora não teria como pagar esse débito. O interprete do direito deve solucionar os problemas a luz de Princípios. O Min. Rui Rosado entendeu por absurdo, pois a cláusula contratual se equipararia a escravidão, violando o princípio da dignidade da pessoa humana cláusula que envolvendo débito de pouca monta o transforme em débito em grande monta. O princípio da dignidade da pessoa humana é de conteúdo amplo, tem densificação normativa no caso concreto, aplicando-se no direito econômico quanto ao controle das políticas econômicas do Estado, podendo ser aplicado quanto as políticas públicas no âmbito do direito privado violadoras da dignidade da pessoa humana. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 36 6.2. Princípio da participação ou da intervenção estatal ou da presença estatal na atividade econômica Este princípio está expresso no texto constitucional. Tenta-se passar a crença de que o mercado é incompatível com o Estado, o que não é verdade. O sistema econômico capitalista só se sustenta em razão da presença do Estado na economia (Ex: BACEN, CVM, agência reguladoras). Estado não é compatível com sistema econômico capitalista. Quais os limites para essa atuação? Quem define isso é o princípio da intervenção estatal. CRFB/1988 - art. 173, consagra a intervenção do Estado na economia. CRFB/1988 - art. 174: Estado como agente normativo e regulador da atividade econômica CRFB/1988 - art. 175 CRFB/1988 - art. 177: constituem monopólio da União. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 37 Não há incompatibilidade entre o sistema econômico capitalista e o Estado. O princípio da participação estatal está expressa no texto constitucional. A idéia de que o Estado é incompatível com o mundo capitalista é incompatível com o mundo atual, pois em qualquer país há a presença do Estado através de agencias reguladoras, Estado auxiliando as instituições financeiras, BACEN forte. 6.3. Princípio da subsidiariedade (CRFB/1988 - art. 173) Delimita a intervenção direta do Estado na Atividade Econômica. Este previsto na CRFB/1988 - art. 173 O primeiro passo para entender este princípio é entender a intervenção direta. Os limites para o Estado empresário. Intervenção direta é o Estado exercendo atividade econômica. Ex: CEF, Petrobras, BB. A CRFB/1988 não quer economia estatizante. O Estado brasileiro produzia até calcinha. O Estado somente poderá atuar como empresário de forma excepcional, nos seguintes casos: imperativo da segurança nacional ou relevante interesse coletivo. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 38 A intervenção indireta está prevista na CRFB/1988 - art. 174. O princípio da subsidiariedade não se aplica a intervenção indireta, mas a intervenção direta. O princípio da subsidiariedade está implícito na CRFB/1988 - art. 173 6.4. Princípio da Segurança Jurídica e econômica É um princípio que vem sendo constantemente trabalhado pelo STF. O Exercício da atividade econômica requer uma margem mínima de previsibilidade. Não confundir o dinamismo da atividade econômica com a idéia de segurança jurídica. A atuação do Estado na regulação da economia deve se pautar na regularidade. Não há espaço para o rompimento da ordem jurídica. A primeira vertente do princípio da segurança jurídica está na respeitabilidade ao ato jurídico perfeito, à coisa julgada e ao direito adquirido. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 39 Quem regula a atividade econômica, muitas vezes, são os economistas.Eles implementam estratégias econômicas e querem viabilizar essas estratégias por leis. E essas leis contrariam a CRFB/1988. O que o Estado Brasileiro tenta fazer para validar essas regras é o denominado “terrorismo econômico”. A idéia é a do Estado de exceção econômica. A idéia do direito penal do inimigo é uma idéia de exceção aos direito fundamentais. Para o inimigo não há que se falar em direitos e garantias. No campo do direito econômico, os economistas dizem que em determinadas situações a CRFB/1988 pode ser relativizada. Nas grandes crises econômicas a CRFB/1988 não poderia impedir o êxito dos planos econômicos. Obs.: essa tese não é valida. STF RE 201176 Min. Celso de Melo: razões de Estado não justificam desrespeito a CRFB/1988. Fundamentos políticos e pragmáticos não podem afastar a CRFB/1988 no caso de planos de estabilização econômica. Estado de exceção econômica e respeito a CRFB/1988 quais os limites? O limite é a CRFB/1988. Resolve-se o Estado de exceção de acordo com a CRFB/1988 e não contra esta. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 40 Em regra, os contratos devem ser respeitados e cumpridos, desde que haja equilíbrio entre as partes e respeitadas as regras de ordem pública. Há necessidade de as tarifas terem valores módicos. O MPF ajuizou ACP questionando reajustes autorizados pela ANATEL e pela ANEEL. A JF de 1ª instância concedeu liminar para suspender o reajuste. O caso chegou como Suspensão de Liminar no STJ. O presidente do STJ deu uma decisão suspendendo as decisões de 1ª instância, para dizer que seria necessário que os contratos fossem mantidos, pois a modificação dos contratos leva a insegurança jurídica. Risco - Brasil é um termo criado por agências de investimento estrangeiro. Não viola o princípio da segurança jurídica a discussão no âmbito do judiciário a validade de clausulas contratuais firmadas entre a administração e o particular. 6.5. princípio da vinculação da política econômica No campo da atividade econômica não há espaço para o arbitramento, ou seja, a política econômica deve obediência ao texto constitucional. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 41 CRFB/1988 - art. 170, V proteção ao consumidor. O agente econômico não pode exercer atividade econômica em desrespeito ao princípio da proteção ao consumidor. O princípio da livre iniciativa ou do livre mercado tem um limite que é o princípio de proteção ao consumidor. O STF consagrou este princípio na ADI 351dizendo que a CRFB/1988 vincula o poder público e o poder privado econômico, não se podendo invocar a livre iniciativa para macular o meio ambiente por exemplo. 6.6. Supremacia do Interesse Público O direito é uno. O direito econômico tem uma relação de interdisciplinaridade com o direito administrativo. O princípio da supremacia do interesse público traduz a idéia de que há que prevalecer o interesse da coletividade em detrimento ao interesse individual (interesse particular). A CRFB/1988 - art. 3º, I: consagra o princípio da solidariedade. ADI 2649 (validade da gratuidade dos transportes públicos para os idosos.) DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 42 Em razão da prevalência do individualismo tenta-se dizer que o princípio da primazia do interesse público não tem mais aplicação, devendo prevalecer o interesse individual. Entretanto, a CRFB/1988 diz que deve prevalecer o interesse público. 1ª idéia: o interesse público deve prevalecer sobre o privado 2ª idéia: O STF e a boa doutrina separam o interesse público primário (interesse público da sociedade) do interesse público secundário (interesse público do Estado). Nem sempre o Estado persegue o direito da sociedade. As agências reguladoras muitas vezes privilegiam interesses privados, sob o argumento de estarem defendendo interesse público (em verdade, defendem interesse público secundário). O que se deve buscar o interesse público primário (interesse da sociedade). 6.7. Princípio da indisponibilidade do interesse público O administrador não pode gerir o Estado desvinculado do interesse público. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 43 Ex: O BNDES concedeu empréstimo de milhões a determinada empresa Americana denominada AES sem garantia, não possibilitando ao BNDES recuperar esses créditos. Isso configura prática de improbidade administrativa (art. 10, VI, Lei 8.429/92). 6.8. Princípio da moralidade administrativa Eticidade na administração pública. Idéia de juridicidade. O princípio da legalidade busca em si uma legitimidade. A doutrina diz que hoje o princípio da legalidade há que se pautar pela juridicidade, ou seja, a Lei deve se pautar também em Princípios, valores. A administração não pode ter uma moralidade distorcida. Muitas vezes a moralidade é pautada em critérios de favorecimento, politicagem etc. O princípio da moralidade administrativa se espraia pela idéia da boa fé objetiva e pelo princípio da confiança. Não pode a Administração contrariar as expectativas legitimas e razoáveis que desperta no cidadão. Ex: relação promíscua do BACEN com o sistema financeiro. Quando se cuida da Administração pública, determinados dados não podem ser passados para terceiros. O BACEN, por dirigentes, nas vésperas das reuniões do COPOM para definir a taxa SELIC, se DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 44 reuniram com banqueiros. Isto é caso de improbidade administrativa (art. 11, III, da Lei 8429/92). Não é correto que instituição financeira conceda linhas de crédito para empresas que pratiquem trabalho escravo. O BNDES com base no princípio da moralidade administrativa tratou de introduzir em seus contratos cláusulas sociais que repudiam trabalho escravo, exploração infantil a bem do princípio da moralidade administrativa. O princípio da moralidade administrativa legitima, pois, a inserção de tais cláusulas. 6.9. Princípio da economicidade (CRFB/1988 - art. 70) Tal princípio exige seriedade, diligência, responsabilidade, cuidado e racionalidade na gestão de recursos públicos, sendo fundamental no campo do direito econômico. Recurso público é recurso escasso, devendo ser gerido de forma eficiente e a evitar o desperdício. O princípio da economicidade permite que o judiciário examine o mérito do ato administrativo. Verificar se a opção da Administração pública foi a melhor. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 45 Ex: Governo tem linha de crédito com a finalidade de gerar postos de emprego. Dois setores da atividade econômica pleiteiam esse recurso: o automotivo e o rural. A cada 10 milhões no setor automotivo se cria 2 mil postos de emprego e no setor rural criam-se 3 mil postos. Com base no princípio da economicidade, o administrador está vinculado a empregar o recurso no setor rural, pois é este setor que gera mais postos de emprego. 6.10. Princípio da Transparência ou da publicidade (CRFB/1988 - art. 37) Um dos maiores problemasno campo da atuação da atividade econômica do mercado é a chamada “assimetria de informações”. Quem tem informação tem poder e quem tem poder não quer compartilhar o poder. É necessário a presença do Estado para assegurar ao consumidor o direito à informação. A transparência assegura o direito básico à informação. STJ, MS 5986: o consumidor possui uma vunerabilidade informativa. O Estado não pode dar a informação a uns em detrimento de outros. O acesso à informação há de ser irrestrito. Assegurando-se a todos Informação, evita-se a prática de atos de corrupção. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 46 Transparência significa informação clara e aberta. CRFB/1988 - art. 5º, XXXIII: consagra a transparência da informação. MS 24.725 STJ MS 10.131, o PR concedeu financiamento para a Reneau. A assembléia do Estado quis ter acesso às informações. O TJ/PR disse que não deveria divulgar, pois poderia comprometer o negocio. O STJ disse que a regra era a transparência e a publicidade, pois não é matéria que envolva segurança do Estado ou da sociedade. É necessária que haja a transparência para que se possa haver o controle externo. Exceção ao princípio da transparência Casos envolvendo determinadas políticas econômicas envolvendo bolsa de valores e sistema financeiro. Não se pode conceder informação privilegiada sob pena de crime. Lei de improbidade administrativa art. 11, VII DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 47 6.11. PRINCÍPIO DO RISCO DA ATIVIDADE ECONÔMICA É princípio implícito no texto constitucional. A primeira função da constituição econômica é a atividade econômica do Estado. O sistema econômico consagrado pela nossa CRFB/1988 é o capitalismo. Assim, o risco é da essência desse sistema econômico. O risco faz parte da atividade econômica. Quanto maior o risco maior o lucro. Se o sistema capitalista se pauta na idéia de lucro, este é subordinado ao risco da atividade econômica que é inerente ao sistema capitalista. Assim, a CRFB/1988 consagra implicitamente o princípio do risco na atividade econômica. É vedada qualquer transferência do risco da atividade econômica para o Estado, sociedade, consumidor, trabalhador. O risco é próprio do agente econômico. É próprio do empreendedor da atividade econômica. O agente econômico quando empreende no mercado, quando obtém lucro, não compartilha este lucro com a sociedade, se apropriando desse lucro de forma privada. Assim, esse risco também a que ser privado. O princípio do risco da atividade econômica proíbe a privatização do lucro e socialização do DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 48 prejuízo. O princípio coíbe que se transfira para a sociedade, consumidor, trabalhador os riscos da atividade econômica. Se lucro é privado o prejuízo há que ser privado. Alguns julgados: RESP 152.360 um grupo de investidores que atuava em um mercado de alto risco imputaram a quebra à omissão de fiscalização do BACEN. O Caso chegou ao STJ e este decidiu que não se haveria de responsabilizar a União, pois a eventual falha do BACEN não foi determinante à quebra. RESP 1.060.604: tentou-se responsabilizar civilmente a União em razão da mudança da política cambial. O STJ entende que a União não pode ser transformada em seguradora universal. Min. Gilmar Mendes: enquanto AGU publicou artigo “A União como seguradora Universal”. A União tinha prestado serviço de transporte fluvial (transporte deficitário). Portanto, resolveu paralisar o serviço. O princípio do risco econômico é aplicado em casos de improbidade administrativa e para eximir a União de responsabilidade quanto a atividade econômica, pois é possível ao Governo alterar metas inflacionárias, banda cambial etc. quando esta política preventiva do DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 49 governo extrapolar o razoável é que poderá haver sua responsabilização. Hoje há processos em tramitação no STF que podem gerar uma responsabilidade para a União em mais de 100 bilhões de reais, daí a necessidade de se observar este princípio. Súmula 302 STJ Súmula: 302 - É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado. A CRFB/1988, com base no art. 199, diz que, apesar de público, a saúde é um serviço que pode ser prestado por agente econômico privado. Os planos de saúde devem suportar o prejuízo de alguns tratamentos quanto a certas doenças, pois assumiram os riscos de sua atividade. ADI 1931: discutiu a questão do ressarcimento dos planos de saúde ao SUS, quando um paciente assegurado pelo plano é atendido pelo SUS. STF: não considerou a norma inconstitucional. Isto é um exemplo de aplicação do risco de atividade econômica que protege o Estado e o consumidor. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 50 Os planos de saúde limitam o prazo de internação em UTI a 15 dias por ano. Onde fica o risco da atividade econômica? O plano de saúde quando insere estas cláusulas limitativas busca transferir os riscos de sua atividade ao consumidor. O STJ rebateu com a Súmula 302 STJ: Súmula 302 - É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado. RESP 268.661 (caso da variação cambial): o STJ não admitiu a transferência do risco da atividade quando da mudança da banda cambial envolvendo financiamentos. 6.12. Princípio da lucratividade na CRFB/1988 Tem duas vertentes: a) o lucro é da essência do sistema econômico capitalista. A motivação do agente econômico é o proveito econômico de sua atividade. Isto é da essência do sistema econômico capitalista em que os meios de produção são da iniciativa privada. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 51 O princípio da lucratividade coíbe que o Estado ao intervir na atividade econômica (notadamente controle de preços) retire a possibilidade de obtenção do direito ao lucro. No podendo impedir ou inviabilizar que o agente econômico obtenha lucro. Este princípio assegura a possibilidade de o agente econômico obtenha lucro. Não se pode atingir a livre iniciativa como direito fundamental ou princípio geral da atividade econômica STJ MS 6166. Na região norte do país o Ministério fixou o valor da gasolina, estipulando valor inferior ao custo. O Ministro causou prejuízo as empresas que resultou falência de algumas empresas. ** o princípio da lucratividade, quando violado, enseja a responsabilização civil do Estado. RE 422941: a União tinha uma política de preços mínimos. O setor de comercialização da cana-de- açúcar tinha um preço mínimo. A União fixou preço mínimo em descompasso com os índices oficiais. O STF assentou a responsabilidade civil do Estado. b) o lucro, quando arbitrário/exagerado, em detrimento da sociedade e do próprio consumidor, quando o Estado limita a margem de lucros a partir de políticas econômicas, está agindo em nome do princípio da dignidade da pessoa humana, da funçãosocial da propriedade para evitar abusividade. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 52 O princípio da lucratividade valida a intervenção do Estado na atividade econômica para possibilitar políticas econômicas de controle de preços. O STF na ADI: entendeu que é constitucional uma política econômica de controle de preços. CRFB/1988 - art. 197 Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. CRFB/1988 - art. 129, II serviços de relevância pública é conceito aberto devendo ser demonstrada essa relevância pública e assim pode abarcar saúde, educação etc. Suspensão de Liminar 3532 (TRF5) é possível que o Judiciário controle os índices definidos pelas agencias reguladoras, quando a tarifa não observa o princípio da modicidade. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 53 RESP 327.724. Limitação da taxa de juros porque abusiva. O Poder Judiciário pode limitar desde que seja abusiva. Será abusiva a taxa de juros que extrapolar a taxa média de mercado, que é fixada pelas próprias instituições financeiras. 6.12. Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade 1a CORRENTE: tal princípio é decorrência do próprio Estado democrático de direito. 2a. CORRENTE: diz que decorre dos direitos fundamentais, envolvendo direitos humanos, individuais, e sociais, envolvendo direitos de 2 3 4 e 5 geração 3a CORRENTE: decorre do próprio texto constitucional (Min. Gilmar Mendes). O STF diz que o CRFB/1988 - art. 5º, LIV não é o devido processo procedimental, mas o devido processo material, substantivo. Para o STJ e STF razoabilidade e proporcionalidade são sinônimos. Contudo há diferença. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 54 Razoabilidade Proporcionalidade Origem: EUA Origem: direito Alemão Analisa os meios e os fins. Verifica se há adequação entre o motivo, o meio e o fim. Tem uma estrutura mais complexa, pois se estrutura em adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito Para o Min. Eros Roberto Grau não existe princípio da razoabilidade e nem proporcionalidade, pois são apenas pautas para a interpretação. Razoabilidade Para Ricasens Sisches, há determinados Princípios que são mais fáceis de serem compreendidos do que serem explicados. O princípio da razoabilidade é aferido concretamente, pois se uma norma proíbe entrada de um leão no trem e se apresenta um Urso este também é proibido em face desse princípio. Se é apresentado um peixe assassino num aquário vedado, em face de uma norma que proíbe a entrada de qualquer animal, então é logicamente possível o ingresso do animal no trem. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 55 A razoabilidade tenta verificar se a intervenção do Estado é plausível. Para Min. Eros Roberto Grau Não compete ao STF afirmar com base na razoabilidade e na proporcionalidade dizer que o legislativo excedeu ao poder de legislar. Para Min. Gilmar Mendes e Min. Cezar Peluzo o princípio da razoabilidade e proporcionalidade são sim limitações o exercício do poder legislativo. Para Luiz Roberto Barroso a razoabilidade se pauta primeiro por um critério de: a) razoabilidade interna: se há uma adequação direta, adequada e racional entre o motivo, o meio e o fim. Ex: aumento injustificado de preços que prejudiquem os consumidores. O Estado pode exercer política e controle de preços. Motivo: aumento injustificado de preços. Meio controle de preços. Fim: proteção do consumidor. b) razoabilidade externa: aferir se a norma encontra amparo no texto constitucional. Ex: ADI 1931: afastou a alegação de inconstitucionalidade material por força da CRFB/1988 - art. 197. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 56 cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Para a Min. Cármen Lúcia, cada norma tem sua razão de ser, tem sua finalidade. A razoabilidade afasta a norma injustificada, irracional. Art. 5º, XXXII: o Estado assegurará a defesa do consumidor. A CRFB/1988 impõe ao Estado o dever de tutelar o consumidor. A Lei 10.962/04 (facultatividade da fixação dos preços nos produtos) viola o devido processo legal, por falta de razoabilidade. Proporcionalidade O fim da proporcionalidade é evitar restrições a direitos fundamentais desproporcionais. STF: o princípio da proporcionalidade se baseia na idéia de restringir a restrição. 1ª característica do princípio da proporcionalidade é a proibição do excesso. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 57 Subprincípios do princípio da proporcionalidade na idéia de proibição do excesso: a) adequação Para restringir um direito fundamental é necessário uma Lei. Essa Lei tem que ser proporcional. Medida adequada é aquela que quando implementada seja idônea a alcançar o fim desejado. Ex: política econômica de controle de preços de medicamentos: livre iniciativa e propriedade privada estão sendo restringidas. Critério da adequação: Verifique se a medida é adequada, não precisa ser uma medida certeira para acabar com o problema, mas uma medida hábil a diminuição do problema, ou seja, reajuste abusivo de medicamentos. b) Necessidade: Dentre as formas adequadas, deve-se adotar que menos atinja direitos fundamentais c) proporcionalidade em sentido estrito DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 58 Ponderação ente direitos fundamentais Obs.: somente se chega a proporcionalidade em sentido estrito se a medida primeiramente for adequada e necessária. STF nas ADIs 319 e 1931 entende assim. STF RE 148.260 e 183.882 considerou constitucional Lei que proibia a comercialização de bebida alcoólica na beira de estrada. STF ADI 855. Proporcionalidade como forma de evitar restrição a direito fundamental. Estado do Paraná teve problema quanto a comercialização de gás com peso diferente do divulgado para comercialização. O governo do Paraná obrigou a colocação de balança de precisão nos caminhões para aferir o peso dos botijões e cilindros. O STF entendeu que havia violação ao princípio da proporcionalidade, pois o IMETRO reconheceu que a colocação da balança era um fim inidôneo para aferir a pesagem correta pois a balança seria descalibrada no transporte pelos caminhões. Proporcionalidade: proibição da insuficiência. Tradicionalmente, trabalha-se com a proporcionalidade como proibição do excesso. Na Alemanha,trabalha-se também como proibição da insuficiência. O DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 59 STF tem alguns julgados nesse sentido. Muitas vezes a tutela jurídica dada a um direito fundamental é insuficiente para o fim proposto. O que se quer evitar é a falta, a insuficiência de proteção. A partir do momento em que não se tutela um direito fundamental de forma adequada, esse direito passa a ser lesionado. Não confundir ausência de normas com a proibição da insuficiência. A EC64 assegura o direito social a alimentação. Se não houver norma que proteja o direito à alimentação não há violação quanto à proibição de insuficiência, mas omissão do legislativo. A proteção da insuficiência é aplicada quando a normatização não é suficiente. No campo do direito penal econômico, o CRFB/1988 - art. 6º assegura uma série de direitos sociais. Esses direitos impõe ao Estado a efetivação de políticas de cunho social. Se o Estado precisa de arrecadação, precisa arrecadar de forma eficiente. Os crimes contra a ordem tributária atingem bens jurídicos fundamentais. Quando o Estado cria formas de parcelamento em que concede benefícios a sonegadores contumazes, dá proteção jurídica suficiente à ordem tributária? Não. Sanções administrativas não seriam suficientes. As políticas de parcelamento, portanto, violam o princípio da proporcionalidade no tocante à proteção da insuficiência. 7. Constituição Econômica DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 60 Conjunto de regras, Princípios e valores relativos à economia. É a constituição econômica que organiza a atividade econômica de um Estado. Para alguns, a constituição econômica surgiu apenas com o Estado de direito na constituição de Weimar de 1919 que tem um capitulo completo que consagra a ordem econômica, até então a Constituição Econômica tinha textos esparsos na constituição. 7.2. Classificação Constituição Econômica: a) Formal: é o conjunto de regras e Princípios que incluídas no texto constitucional versam sobre a economia. Ex: CRFB/1988 – 170, V: consagra a proteção ao consumidor; CRFB/1988 art. 219 – mercado interno integra o patrimônio nacional. b) Material: abrange todas as normas que versam sobre a econômica, estejam ou não inseridas no texto constitucional. Ex: CDC; Lei 8884/94; Lei 7492 etc. Em caso de conflito entre a Constituição Econômica formal e a material, prevalecerá a formal. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 61 Ordem Econômica: a) ordem econômica formal É um capítulo a parte na CRFB/1988 que versa sobre economia. CRFB/1988 - art. 170 a 192. b) ordem econômica material São todas as normas que versam sobre a economia, mas que estão fora dos arts. 170 a 192. Ex: art. 219, art. 222, §1º. 7.3. Constituição Econômica Brasileira A Constituição Econômica apresenta duas características a) Estatutária: caracteriza certa e determinada forma econômica. Diz o que pode e o que não pode ser feito. b) Programática ou Diretiva: Estabelece uma ordem econômica, mas cria meios de modificar o cenário econômico. A CRFB/1988 é tanto estatutária quanto programática. _______________ DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 62 Pilares de sustentação do capitalismo Livre iniciativa, livre concorrência, propriedade privada, soberania do consumidor ________________ A constituição econômica ao estruturar a atividade econômica de um Estado estabelece a segurança jurídica e econômica. Dois modelos econômicos: a) Capitalismo: livre iniciativa, livre concorrência, propriedade privada, proteção ao consumidor. Livre iniciativa: a regra é a liberdade econômica. Livre concorrência: A fixação de preços não decorre de atos estatais, mas da concorrência entre os vários agentes econômicos. Propriedade privada: em regra, os meios de produção pertencem ao agente econômico privado. Soberania do consumidor: o fornecedor atua em razão da demanda buscada pelo consumidor. Esse modelo de economia é denominado de “economia descentralizada” ou “economia de mercado”. Descentralizado: não há uma entidade central que define o que, como, quando ou de que forma será produzido. Essa autonomia gera um dinamismo constante no mercado. O aspecto negativo é que muitas vezes essa liberdade é exercida contra o consumidor e contra o mercado. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 63 b) socialismo: propriedade coletiva dos meios de produção. A propriedade pertence ao Estado. O Estado é o único produtor (monopólio estatal). Não há necessidade de concorrência. É uma economia centralizada (planificação da economia). Vantagem: permite maior igualdade entre as pessoas. Desvantagem: burocratização. Esses dois modelos são teóricos. Hoje há mais modelos mistos. “Economia Social de Mercado”. O art. 173 permite a presença do Estado na economia, como exceção (princípio da presença estatal). A CRFB/1988 - art. 173, 174, 175 e 177 prevê a intervenção do Estado na Economia. Assim, nossa Constituição, com a presença do Estado na economia, serve para efetivar o modelo econômico capitalista social. Na ADI 319 o STF definiu que a nossa CRFB/1988 consagra um Estado Social. TÍTULO VII Da Ordem Econômica e Financeira CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 64 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. DIREITO ECONÔMICO Intensivo III Prof. Luciano Sotero 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 65 Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 26, de 2000) Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
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