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Direito Economico - Luciano Sotero

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DIREITO ECONÔMICO 
Intensivo III 
Prof. Luciano Sotero 
 
2010 
 
 
Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 1 
DIREITO ECONÔMICO 
Luciano Sotero 
 
Bibliografia: 
 
- Princípios Gerais da atividade econômica 
 
- CRFB/1988 - art. dos arts 170 a 192 especial atenção para os arts. 
170; 173; 174; 175; 176; 177; 178; 184; 185 e 186; 192 
 
- Súmulas 645 e 646. 
 
- Súmulas do STF e STJ e do TRF para o qual queira o concurso de 
magistratura. 
 
- Para MPF leitura dos Informativos STF e STJ. 
 
- (constituição e o STF) imprima a CRFB/1988 do art. 170 a 192. 
 
- julgados do STF: ADIs 319; 1959; 3512 e RE 407099 
 
- Entre no site do CADE e imprima a cartilha do CADE da página 01 
a 40 o que interessa embora tenha mais de 200 páginas. 
 
DIREITO ECONÔMICO 
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2010 
 
 
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Livros: 
 
Paula Forgioni, a madrasta do direito comercial: “fundamentos do 
antitruste”. 
 
Sinopse: Lafayette Jossué Petter: Resumo de direito Econômico. 
Melhor obra para a prova do MPF. 
 
Curso de Direito Constitucional Positivo: José Afonso da Silva na 
parte da Ordem Econômica. 
 
 
MPF: 3 questões; direito da concorrência 03 questões; direito do 
consumidor 04 questões. 
 
Na área estadual o direito econômico é cobrado direito do direito 
constitucional, direito administrativo e na legislação extravagante na 
Lei antetruste. 
 
______________________ 
 
Conceito: a idéia de direito econômico esta ligada a uma idéia de 
Estado e de Economia. É o ramo do direito que cuida de regular a 
atividade econômica e esta se dá, em regra no mercado. 
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Intensivo III 
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2010 
 
 
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O mercado se auto regula por meio das instituições financeiras que 
dizem que tarifas vão cobrar e os consumidores por sua vez dizem 
se vão aceitar. 
 
A relação entre o consumidor e as instituições demonstra uma 
vulnerabilidade por parte do consumidor, pois ou estas aceitam os 
ditames das instituições financeiras ou esta fora do mercado. Os 
serviços prestados por instituições financeiras são de relevância 
pública. 
 
As instituições financeiras criam uma série de tarifas bancárias: 
Tarifa de abertura de crédito, tarifa de saque na conta corrente, 
tarifa de manutenção da conta corrente. Isto gerou uma cobrança 
abusiva de uma série de tarifas bancárias impostas ao consumidor 
que ou aceita ou está fora do mercado, demonstrando uma falha na 
auto-regulação do mercado. Para modificar essa desigualdade é 
necessário a presença de um terceiro (Estado) atuando no mercado 
de modo a reequilibrar esta situação no mercado de consumo, 
tutelando o a parte mais fraca que é o consumidor. 
 
O ramo do direito que organiza a atividade econômica é o direito 
econômico. Para tanto, o direito econômico se vale de alguns 
sujeitos: 
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a) empresas (poder privado econômico) 
 
b) consumidor 
 
c) Estado (poder público econômico) 
 
O direito econômico é o ramo do direito que regula a atividade 
econômica para tanto regulando a política do poder privado 
econômico (empresas) e do poder público econômico (Estado). 
 
A regulação feita pelo direito econômico tem como base a 
constituição da república. 
 
Direito econômico é o ramo do direito que organiza a atividade 
econômica, para tanto regula a política econômica do poder público 
e do poder privado econômico em conformidade com a CRFB/1988. 
 
Ideologia Constitucionalmente adotada: o direito econômico ao 
regular a atividade econômica tem que buscar essa regulação a luz 
da CRFB/1988 , notadamente a luz dos arts. 170 e 192 que cuidam 
da ordem econômica. 
 
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As instituições financeiras estavam impondo tarifas abusivas, era 
necessária a presença do Estado na atividade econômica. 
 
As instituições financeiras ao imporem tarifas abusivas ao 
consumidor ferem o CRFB/1988 - art. 192. 
 
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a 
promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos 
interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, 
abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis 
complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do 
capital estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003) 
 
O CRFB/1988 - art. 170 traz como princípio da ordem econômica a 
defesa do consumidor. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados 
os seguintes princípios: 
V - defesa do consumidor; 
 
CRFB/1988 - art. 219: o mercado interno integra o patrimônio 
nacional. 
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Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será 
incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e 
sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia 
tecnológica do País, nos termos de lei federal. 
 
CRFB/1988 - art. 5º, XXXII: “o Estado promoverá, na forma da Lei, a 
defesa do consumidor”. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, 
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor; 
 
BACEN 
 
CRFB/1988 - art. 127: a defesa da ordem jurídica pelo MP inclui a 
defesa a ordem econômica. 
 
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à 
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem 
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jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e 
individuais indisponíveis. 
 
CRFB/1988 - art. 129, II e III: Inciso II: serviços bancários são 
serviços de relevância pública. Incisos III: o MP pode propor ACP 
para a proteção do patrimônio público, incluindo o mercado 
interno. 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de 
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, 
promovendo as medidas necessárias a sua garantia; 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção 
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros 
interesses difusos e coletivos; 
 
Objeto de estudo do direito econômico: 
 
São as normas e Princípios que regulam a política econômica 
 
O CRFB/1988 - art. 24, I, reconhece a autonomia legislativa do 
direito econômico. 
 
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Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e 
urbanístico; 
 
Relação do direito econômico com outrosramos do direito 
 
A doutrina diz que o direito é uno, mas para fins didáticos se 
subdivide em vários ramos. 
 
a) Direito econômico e direito constitucional 
 
CRFB/1988 - art. 170 a 192: fundamentos do direito econômico. O 
direito econômico tem que ser interpretado a luz da CRFB/1988 . 
sendo diferente do direito econômico americano e alemão. 
 
 
b) direito econômico e direito penal 
 
O direito econômico, quando regula a política econômica, muitas 
vezes conta com o direito penal. 
 
Lei 8.137/90: trata também de crimes contra a ordem econômica. 
 
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Lei 7.429/86: crimes contra o Sistema Financeiro. 
 
c) direito econômico e direito administrativo 
 
Ex: agencias reguladoras 
 
As agencias reguladoras, dentre outras coisas, implementam 
políticas econômicas 
 
d) direito econômico e direito tributário 
 
O Estado através do caráter extra fiscal de determinados direitos 
tributários tem por escopo regular políticas econômicas. (AgRg no 
AI 360461). 
 
Interdisciplinaridade Externa do direito econômico 
 
O direito econômico se relaciona com outras ciências dentre elas a 
economia, ciências da administração (planejamento), história, 
sociologia, filosofia. 
 
4. Competência legislativa do direito Econômico 
 
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CRFB/1988 - art. 24, I: a competência para legislar direito econômico 
é concorrente (União, Estado e DF), não comportando os 
Municípios. 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e 
urbanístico; 
 
O art. 24, I traz uma competência legislativa concorrente, pois traz 
uma idéia de descentralização. A união legisla sobre normas gerais, 
e os Estados, Municípios e DF sobre situações mais específicas, 
respeitando suas peculiaridades. 
 
O STF deixa claro que as normas gerais não são exaustivas. A 
legislação não se limita ao art. 24, I. Veja o art. 24, V, VI. Pode se 
legislar sobre consumo, meio ambiente, águas, energia, informativa, 
telecomunicações, sistema monetário, comercio exterior. Todas essas 
matérias fazem parte do direito Econômico. A legislação sobre DE 
não se limita ao art. 24, I, ela também alcança o ar 24, V, VI e alcança 
dispositivos previstos no art. 22 da CRFB/1988. 
 
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O RE 291.188: não obstante o sistema monetário ser matéria da 
esfera do direito econômico, será regulado privativamente pela 
União. (art. 22, VI). 
 
5. Princípio da subsidiariedade 
 
Não compete à União descer a pormenores, pois isto poderia atingir 
ao Município. 
 
O Município pode legislar sobre direito econômico? CRFB/1988 - 
art. 30, I: compete aos Municípios legislar sobre assuntos de 
interesses locais. **O STF (ADI 1950) diz que os Municípios podem 
legislar, pois as normas de ordem pública 
 
Súmula 645 STF: “é competente o Município para fixar o horário de 
funcionamento de estabelecimento comercial”. É um exemplo de 
legislação municipal sobre direito econômico. 
 
ADI 2327: cada município deve dispor sobre o plano diretor, pois 
com base no princípio da subsidiariedade no campo da competência 
legislativa concorrente o Estado não pode invadir a competência do 
município quanto a esta matéria. 
 
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O STF entende que esta matéria quanto ao tempo de esfera na fila de 
itens de segurança, portas de banheiros, sanitários é matéria de 
interesse local, podendo o município legislar sobre este tema, pois 
estaria legislando sobre matérias de interesse local. RE 432.789 STF: 
espera na fila não diz respeito a atividade fim de instituições 
financeiras. AgRG 347717 STF: equipamentos de segurança nas 
agencias bancárias ou itens de conforto são matérias de interesse 
local, não cuidam da normatização do sistema financeiro, podendo 
os municípios legislar sobre estas matérias. 
 
Obs.: RE: 121.623: o horário de funcionamento do sistema financeiro 
nacional tem idéia de interligação para fins de interligação bancária, 
não podendo os municípios legislar sobre este tema, pois é matéria 
que atinge a todo o sistema financeiro nacional. A União é que tem 
competência exclusiva para legislar sobbre esta matéria. 
 
Normas de direito Econômico 
 
O direito econômico regula o fato econômico, por exemplo ele 
regula o consumo, a produção, a circulação, ou seja, a atividade 
econômica que é por natureza mutável, dinâmica, flexível devendo 
a norma de direito econômico seguir esta natureza para poder 
regulá-la adequadamente. Ex: aumento ou diminuição da alíquota 
de importação para regular o mercado interno. 
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Capacidade Normativa Conjuntural: As normas de direito 
econômica tem como características serem conjunturais. Uma 
profunda transformação no direito brasileiro. Transfere-se do 
legislativo uma capacidade normativa ao executivo para regular de 
forma célere, pois o legislativo com sua morosidade não poderia 
fazê-lo. Ex: MPs que deram maiores poderes ao BACEN ante a 
relevância e urgência da crise econômica. 
 
É possível legislar sobre direito econômico por MP? Doutrina diz 
que sim e STF também, mas há limitações implícitas e explícitas: 
 
Limitação explícita: Ex: CRFB/1988 - art. 62, II limitação explícita. 
Isto foi uma reação ao plano Collor. 
 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República 
poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo 
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 
II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular 
ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 32, de 2001) 
 
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CRFB/1988 - art. 237: o Ministério da Fazenda proibiu a importação 
de determinado produto com base em Instrução Normativa. Tal IN 
foi questionada sob o argumento de violação à legalidade. O STF 
entendeu que não havia afronta à legalidade. O art. 237 atribuiu 
diretamente ao Ministério da Fazenda o poder de controle e 
fiscalização do comércio exterior. 
 
Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, 
essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão 
exercidos pelo Ministério da Fazenda. 
 
A crítica que se estabelece a capacidade normativa conjuntural é o 
défict democrático por não se submeter ao legislativo e se passar ao 
executivo a capacidade normativo sobre temas de natureza 
econômica para que o executivo possa tratar de matérias com a 
urgência necessária. 
 
Informativo 565 STF: art. 153, §1º. A Câmara de Comércio Exterior 
pode alterar alíquotas de II e I E? O STF entendeu, ao examinar o 
CRFB/1988 - art. 84, IV, que há competência secundária deferida aos 
Ministros de Estado. É constitucional a regulação do comercio 
exterior a CMEX (Câmara de Comércio Exterior) ao fundamento de 
que CRFB/1988 - art. 153, §1º, art.87, II, IV e VI. Quando a 
constituição atribui competência ao Presidente da República o faz 
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expressamente, se estabeleceu competência ao executivo o fez ao 
Presidente da República e aos Ministros de Estado. 
 
STF – INFORMATIVO 565/2009 
Imposto de Exportação: Alteração de Alíquota e Competência 
A competência estabelecida no art. 153, § 1º, da CF (“Art. 153. 
Compete à União instituir impostos sobre: ... § 1º - É facultado ao Poder 
Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar 
as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.”) não é 
exclusiva do Presidente da República, haja vista ter sido deferida, 
genericamente, ao Executivo, o que permite que seja exercida por 
órgão que integre a estrutura deste Poder. Com base nesse 
entendimento, o Tribunal, por maioria, negou provimento a recurso 
extraordinário contra acórdão do TRF da 4ª Região, que, nessa 
linha, reconhecera a legitimidade da alteração de alíquotas do 
imposto de exportação, observados os limites impostos pelo 
Decreto-Lei 1.578/77, pela Resolução 15/2001 da Câmara de 
Comércio Exterior - CAMEX, órgão do Poder Executivo. Reportou-
se à orientação fixada no julgamento do RE 225655/PB (DJU de 
28.4.2000), no sentido de inexistir norma constitucional ou legal que 
estabeleça ser a faculdade do citado dispositivo constitucional de 
exercício privativo do Presidente da República. Asseverou-se que o 
art. 153, § 1º, da CF, ao atribuir, de forma genérica, ao Poder 
Executivo a faculdade de alterar as alíquotas de determinados 
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impostos, atendidos os limites legais, teria aberto a possibilidade da 
criação de um órgão governamental para se desincumbir dessa 
atribuição e que, no caso, esse órgão seria a CAMEX, criada pela 
Medida Provisória 2.123-28/2001. Registrou-se que a atuação da 
CAMEX teria sido regulamentada, inicialmente, pelo Decreto 
3.756/2001, no qual o Presidente da República teria invocado, 
dentre outros fundamentos, as atribuições que lhe confere o art. 84, 
IV e VI, da CF, bem como o disposto no Decreto-lei 1.578/77, no 
parágrafo único do art. 1º da Lei 8.085/90, na Lei 9.019/95 e no art. 
28 da Medida Provisória 2.123-28/2001. Observou-se que esse 
decreto teria sido revogado pelo Decreto 3.981/2001, também 
revogado, por sua vez, pelo Decreto 4.732/2003, os quais, em seu 
art. 2º, XIII, previam ser da competência da CAMEX a fixação das 
alíquotas do imposto de exportação, respeitadas as condições 
estabelecidas no Decreto-lei 1.578/77. Observou-se, ainda, que o 
imposto de exportação, dada a sua natureza, apresentaria um 
caráter nitidamente extrafiscal, constituindo, sobretudo, uma 
técnica de intervenção estatal, com o escopo de obter um 
desenvolvimento econômico equilibrado e socialmente justo. 
Assim, a competência excepcional atribuída ao Poder Executivo da 
União para alterar as alíquotas do tributo sob análise, dentro das 
condições e dos limites estabelecidos nas leis e nos regulamentos 
pertinentes, decorreria, exatamente, de seu caráter regulatório, cuja 
conformação deveria amoldar-se, com a maior presteza possível, às 
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vicissitudes dos mercados nacional e internacional. Vencidos os 
Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio, que proviam o recurso. 
RE 570680/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 28.10.2009. (RE-
570680) 
 
 ____ 
 
Recurso repetitivo - STJ 
Repercussão Geral - STF 
 ___ 
 
Para se alcançar a flexibilidade de norma de DE, deve-se legislar 
com cláusulas gerias para permitir que o interprete integre a norma 
ao caso concreto. Ex: mercado relevante, segurança nacional, boa-fé 
objetiva. Essa legislação é interessante, busca eficiência. 
 
A Lei 8884/94 é cheia de rol exemplificativo, assim como o CDC . 
São normas legislativas por meio de cláusulas gerais. 
 
O STF teve oportunidade de se manifestar sobre a 
constitucionalidade da expressão entre outras. O STF disse que se 
não for usada a técnica legislativa referida, a norma seria 
ultrapassada pelo fato econômico. 
 
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A norma de direito econômico caracteriza-se por dois aspectos: 
a) sempre terá conteúdo econômico: sempre regulará 
atividade econômica. 
+ 
b) regulará a política econômica. A norma de direito 
econômico tem conteúdo macrojurídico 
(transindividual). 
 
6. Espécies de normas de direito econômico 
 
A norma de direito econômico, além de regular os fatos do passado, 
tem uma característica de prospectividade, projetando-se para o 
futuro, abrangendo assim uma idéia de planejamento (CRFB/1988 - 
art. 174). 
 
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade 
econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de 
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para 
o setor público e indicativo para o setor privado. 
§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do 
desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e 
compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. 
§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de 
associativismo. 
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§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em 
cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a 
promoção econômico-social dos garimpeiros. 
§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão 
prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos 
recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam 
atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma 
da lei. 
 
Espécies: 
 
a) Norma de direção: 
 
A norma de conteúdo coercitivo, imperativo, determinante, não 
dando outra opção se não o cumprimento da norma. A norma tem 
um conteúdo repressivo. Ex: o Estado promove uma política de 
controle de preços de ou majoração de tarifas bancárias por um 
prazo de 06 meses, resultando o não cumprimento em penalidade 
(CRFB/1988 - art. 174). Estas normas se caracterizam na fiscalização. 
Agr STF 268.857: o STF entendeu que a Lei delegada 462 foi 
recepcionada pela CRFB/1988 dando-se poder ao Estado de 
Fiscalizar a atividade Econômica. 
 
FISCALIZAÇÃO. LEI DELEGADA Nº 4/62. RECEPÇÃO PELA 
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. A Lei Delegada nº 4/62 foi 
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, no que revela o 
instrumento normativo como meio para reprimir o abuso do poder 
econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da 
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros - § 4º do artigo 173 -
, bem como quanto à atuação fiscalizadora do Estado - artigo 174, 
ambos da Carta Política em vigor. (Supremo Tribunal Federal STF; 
AI-AgR 268857; RJ; Segunda Turma; Rel. Min. Marco Aurélio; Julg. 
20/02/2001; DJU 04/05/2001; p. 00011) 
 
b) Norma de indução 
 
O Estado estimula, incentiva, incita que o agente adira a uma dada 
política econômica. Caracteriza-sepor ser uma sanção premial que 
tem um conteúdo positivo. 
 
ADI 3330 o governo federal quis promover o acesso da população 
carente a Universidades e como não tem universidade Pública 
suficiente, se estimulou a redução do valor de cursos superiores por 
meio de bolsas e uma série de benefícios fiscais para Instituições que 
venham aderir ao PROUNE, obrigando as Universidades que 
tenham feito esta adesão ao cumprimento de suas condições. A 
adesão ao PROUNE é facultativa, uma vez aderindo terá que 
cumprir suas condições sobe pena de sofre penalidades. 
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CRFB/1988 - art. 174: incentivo. 
 
Relação da Norma de Direito Econômico com o ato jurídico 
perfeito e o direito adquirido 
 
A norma de direito econômico é uma norma de ordem pública. Para 
muitos doutrinadores a norma de ordem pública tem uma aplicação 
imediata e retroativa. No Ordenamento Jurídico brasileiro o ato 
jurídico perfeito, a direito adquirido e a coisa julgada estão previstos 
na CRFB/1988 - art. 5º, XXXVI. 
 
MP que altera índices de reajuste contratual. 
 
Para o STF na ADI 493 e RE 211.293 é inconstitucional a norma de 
direito econômico que retroaja para atingir relações jurídicas 
consolidadas, sob pena de ofensa ao ato jurídico perfeito, o direito 
adquirido e a coisa julgada. Toda e qualquer norma (pública ou 
privada), por ter natureza infraconstitucional, devem obedecer às 
normas constitucionais e estando o ato jurídico perfeito, o direito 
adquirido e a coisa julgado no Ordenamento Jurídico brasileiro 
inseridos no texto constitucional, devem observância a estes. 
 
 
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A Norma de direito econômico: se caracteriza como norma de 
ordem pública. O objeto do direito econômico assume importância 
tamanha na sociedade que assume a característica de ordem pública. 
Contudo, apesar de a norma de direito econômico ter a característica 
de ser norma de ordem pública, tem aplicação imediata, mas não 
pode retroagir. 
 
Ex: num contrato de trato sucessivo, que tem sua execução diferida, 
por exemplo um contrato firmado em 2008 tem sua execução 
prolongada no tempo. Os efeitos do negócio jurídico podem ser 
submetidos a Lei nova? Retroatividade mínima: os efeitos do 
negócio jurídico que foi pactuado em data pretérita não podem ser 
regulados pela Lei nova. 
 
CC/2002 art. 2.035: 
 
Em sua 1ª parte esta em conformidade com a jurisprudência do STF. 
 
Em sua 2ª parte (ADI 493) consagra a teoria que permite a aplicação 
da Lei nova aos efeitos do negócio jurídico pretérito, ou seja, admite 
a retroatividade mínima. * O STF não admite a retroatividade 
mínima (RE 211.293). 
 
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Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, 
constituídos antes da entrada em vigor deste Código,(1ª parte) 
obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, (2ª 
parte) mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, 
aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista 
pelas partes determinada forma de execução. 
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar 
preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este 
Código para assegurar a função social da propriedade e dos 
contratos. 
 
Na ADI 1.931, houve uma nova composição do STF e o Min. 
Mauricio Correia adotou a posição já consolidada no STF, ou seja, 
não se admite a retroatividade mínima. 
 
Gilmar Mendes ressalta que a posição do STF ainda não foi alterada. 
 
Em razão disso, pode-se concluir que o CC/2002 art. 2.035, 2ª parte é 
inconstitucional. 
 
Ex: plano de saúde que limita prazo de internação. Se Lei de 2010 
admite tratamento de doença pré-existente e impõe prazo de 
internação maior? O STJ tem o entendimento de que a cada 
renovação surge um novo contrato, podendo sujeitar-se a nova Lei. 
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Obs.: não seria uma retroatividade por que a cada renovação surge 
um novo contrato. 
 
Ex: financiamento para aquisição de imóvel firmado em 2008. 
Consumidor perde emprego em 2010 e pede a rescisão do contrato. 
A construtora incorporadora imobiliária firma contrato onde retém 
todas as parcelas pagas. Há alguma violação? Sim, viola-se o 
princípio do enriquecimento sem causa, sendo tal cláusula abusiva, 
ferindo o princípio do equilíbrio contratual. 
 
O ato jurídico perfeito tem duas doutrinas explicativas: 
 
1º) É ato juridicamente consumado. 
 
2º) É ato realizado em conformidade com o Ordenamento Jurídico 
(melhor doutrina). 
 
Se a perda de todas as parcelas pagas viola o princípio do 
enriquecimento sem causa, então não há ato juridicamente perfeito. 
Esta é posição isolada do STJ sobre o tema (RESP 45.666- voto do M 
Rui Rosado). O parágrafo único do art. 2.035 consagra esse 
entendimento. Não há ainda manifestação do STF sobre o tema. 
 
Planos de Estabilização Econômica 
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Foram implementados muitas vezes ao arrepio da Lei e da 
CRFB/1988. uma da mais relevantes questões esta na possibilidade 
de os contratos serem atingidos pela Lei nova. 
 
Ex: contrato firmado em 2008. em 2010 vem Lei que modifica o 
padrão monetário: (o real passará a ser chamado real dois). Os 
operadores econômicos terão direito adquirido ao contrato firmado 
com base no real? Para o STF normas referentes a modificação de 
padrão monetário poderão ter incidência imediata, mas não dão 
ensejo a idéia de direito adquirido. 
 
ADPF 165 ajuizada pela CONSIF (confederação do sistema 
financeiro nacional) se for dado aos poupadores o reajuste de 
22,35% quebraria o sistema financeiro nacional. Esta tese contraria a 
jurisprudência firmada no STF. O plano verão previu a incidência 
da LFT (letras financeiras do tesouro) a partir do dia 15 de certo mês 
e não pelo IPC. Assim, apesar de a norma ter incidência imediata, 
não poderia atingir as cadernetas de poupança com data anterior ao 
dia 15. para a CONSIF não se poderia falar em inconstitucionalidade 
pois as normas de padrão monetário não podem invocar direito 
adquirido. Entretanto, o STF entende que os poupadores anteriores 
ao dia 15 tiveram incorporados ao seu patrimônio de ver a sua 
poupança corrigida pelo IPC. 
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RE 273.602: o Min. Sepúlveda Pertence diz que a exceção de 
alteração dos contratos se dá somente para a mudança de padrão 
monetário e critérios de correção e não se pode aplicar as normas de 
reajuste. As normas de padrão monetário têm incidência imediata. 
 
6. Princípios de direito Econômico 
 
 
1ª característica do princípio: é ser a base do Ordenamento Jurídico 
 
A relevância dos Princípios no campo do direito econômico fica 
evidenciada no campo da interpretação e da integração das normas. 
A compreensão do universo de normas fica facilitada quando se tem 
noção dos Princípios de direito Econômico. Para Geraldo Ataliba 
princípio pode ser comparado a base de um edifício. Para Celso 
Antonio Bandeira deMelo a maior transgressão que pode haver no 
Ordenamento Jurídico é a violação de um princípio, pois este é a 
base do Ordenamento Jurídico. 
 
 
2ª característica do princípio: auxilia na interpretação e integração 
nas regras de direito econômico. 
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Função de interpretação 
 
Para Roque Carrazza qualquer problema deve ser interpretado a luz 
dos Princípios. Ex: condôminos não podem ser expulsos de um 
condomínio com base em norma que fere a dignidade da pessoa 
humana. 
 
Função de integração: 
 
O princípio se caracteriza por ter seu conteúdo aberto, se 
caracterizando pela idéia de otimização, permitindo que se integre a 
várias situações que o Ordenamento Jurídico não previu. 
 
Ex: Min. Eliana Calmon concedeu a isenção de imposto a portador 
de doença de gravidade elevada, evocando-se a dignidade da 
pessoa humana para tanto. Min. Luiz Fux diz que qualquer 
interpretação que fere princípio esta equivocada, devendo ser 
realizada a partir dos Princípios. 
 
Função coercitiva: os Princípios podem ter aplicação ao caso 
concreto 
 
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Para os positivistas apenas o que está consagrado de forma expressa 
e explicita no Ordenamento Jurídico é que poderia ter aplicação, 
normatividade, coercitividade. A falha do positivismo é não 
conseguir abarcar as lacunas deixadas ao longo do Ordenamento 
Jurídico quanto a situações do dia a dia. Os positivistas aceitaram 
que os Princípios tivessem uma função interpretativa e integrativa. 
Na CRFB/1988 - art. 37 há uma série de Princípios previstos 
(moralidade, legalidade, eficiência). Pergunta-se se estes Princípios 
tem normatividade ou efetividade suficiente para ser aplicada ao 
caso concreto? Hoje, na fase do neoconstitucionalismo passa-se a 
admitir que as normas constitucionais sejam dotadas de uma 
densidade normativa própria que permite aplicação ao caso 
concreto. Assim, os Princípios, assim como as regras têm uma 
normatividade e uma coercitividade que permite aplicação ao caso 
concreto. Assim, os Princípios previstos na CRFB/1988 - art. 37 
podem ser aplicados a um caso concreto sem a necessidade de 
intermediação legislativa. 
 
O STF na Ação Declaratória de Constitucionalidade 12, nos votos 
dos Min. Celso de Melo, Min. Joaquim Barbosa, Min. Cezar Peluzo, 
Min. Carlos Aires Brito dizem que os princípios cristalizados no 
texto constitucional de forma explicita ou implícita tem densidade, 
normatividade suficiente para ser aplicados ao caso concreto 
independentemente de intermediação legislativa. 
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O STJ seguindo o mesmo entendimento do STF se firma no RESP 
787.101 Min. Luiz Fux: a constituição não é ornamental, não é um 
mero museu de Princípios, demanda efetividade de seus Princípios, 
destacando-se o princípio da dignidade da pessoa humana. 
 
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM 
RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS 
PELO ESTADO. DESCUMPRIMENTO DA DECISÃO JUDICIAL 
DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. BLOQUEIO DE VERBAS 
PÚBLICAS. MEDIDA EXECUTIVA. POSSIBILIDADE, IN CASU. 
PEQUENO VALOR. ART. 461, § 5º, DO CPC. ROL 
EXEMPLIFICATIVO DE MEDIDAS. PROTEÇÃO 
CONSTITUCIONAL À SAÚDE, À VIDA E À DIGNIDADE DA 
PESSOA HUMANA. PRIMAZIA SOBRE PRINCÍPIOS DE DIREITO 
FINANCEIRO E ADMINISTRATIVO. 1. RECURSO DE 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA QUE ENCERRA QUESTÃO 
REFERENTE À POSSIBILIDADE DE O JULGADOR 
DETERMINAR, EM AÇÃO QUE TENHA POR OBJETO A 
OBRIGAÇÃO DE FORNECER MEDICAMENTOS À PESSOA 
HIPOSSUFICIENTE ACOMETIDA DE OSTEOPOROSE, 
MEDIDAS EXECUTIVAS ASSECURATÓRIAS AO 
CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL ANTECIPATÓRIA 
DOS EFEITOS DA TUTELA PROFERIDA EM DESFAVOR DE 
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ENTE ESTATAL, QUE RESULTEM NO BLOQUEIO OU 
SEQÜESTRO DE VERBAS DESTE DEPOSITADAS EM CONTA 
CORRENTE. 2. DEPREENDE-SE DO ART. 461, § 5º DO CPC, 
QUE O LEGISLADOR, AO POSSIBILITAR AO JUIZ, DE 
OFÍCIO OU A REQUERIMENTO, DETERMINAR AS MEDIDAS 
ASSECURATÓRIAS COMO A "IMPOSIÇÃO DE MULTA POR 
TEMPO DE ATRASO, BUSCA E APREENSÃO, REMOÇÃO DE 
PESSOAS E COISAS, DESFAZIMENTO DE OBRAS E 
IMPEDIMENTO DE ATIVIDADE NOCIVA, SE NECESSÁRIO 
COM REQUISIÇÃO DE FORÇA POLICIAL", NÃO O FEZ DE 
FORMA TAXATIVA, MAS SIM EXEMPLIFICATIVA, PELO 
QUE, IN CASU, O SEQÜESTRO OU BLOQUEIO DA VERBA 
NECESSÁRIA À AQUISIÇÃO DOS MEDICAMENTOS 
OBJETOS DA TUTELA DEFERIDA, PROVIDÊNCIA 
EXCEPCIONAL ADOTADA EM FACE DA URGÊNCIA E 
IMPRESCINDIBILIDADE DA PRESTAÇÃO DOS MESMOS, 
REVELA-SE MEDIDA LEGÍTIMA, VÁLIDA E RAZOÁVEL 
(Precedentes: AGRG no AG n.º 738.560/RS, Rel. Min. José Delgado, 
DJU de 22/05/2006; AGRG no AG n.º 750.966/RS, Rel. Min. Castro 
Meira, DJU de 19/05/2006; AGRG no AG n.º 734.806/RS, Rel. Min. 
Francisco Peçanha Martins, DJU de 11/05/2006; e AGRG no RESP 
n.º 795.921/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 
DJU de 03/05/2006). 3. DEVERAS, É LÍCITO AO JULGADOR, À 
VISTA DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO, 
AFERIR O MODO MAIS ADEQUADO PARA TORNAR 
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EFETIVA A TUTELA, TENDO EM VISTA O FIM DA NORMA E 
A IMPOSSIBILIDADE DE PREVISÃO LEGAL DE TODAS AS 
HIPÓTESES FÁTICAS. MÁXIME DIANTE DE SITUAÇÃO 
FÁTICA, NA QUAL A DESÍDIA DO ENTE ESTATAL, FRENTE 
AO COMANDO JUDICIAL EMITIDO, PODE RESULTAR EM 
GRAVE LESÃO À SAÚDE OU MESMO POR EM RISCO A 
VIDA DO DEMANDANTE. 4. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
À VIDA E À SAÚDE SÃO DIREITOS SUBJETIVOS 
INALIENÁVEIS, CONSTITUCIONALMENTE 
CONSAGRADOS, CUJO PRIMADO, EM UM ESTADO 
DEMOCRÁTICO DE DIREITO COMO O NOSSO, QUE 
RESERVA ESPECIAL PROTEÇÃO À DIGNIDADE DA PESSOA 
HUMANA, há de superar quaisquer espécies de restrições legais. 
Não obstante o fundamento constitucional, in casu, merece 
destaque a Lei Estadual n.º 9.908/93, do Estado do Rio Grande do 
Sul, que assim dispõe em seu art. 1º: "Art. 1º. O Estado deve 
fornecer, de forma gratuita, medicamentos excepcionais para 
pessoas que não puderem prover as despesas com os referidos 
medicamentos, sem privarem-se dos recurso indispensáveis ao 
próprio sustento e de sua família. Parágrafo único. Consideram-se 
medicamentos excepcionais aqueles que devem ser usados com 
freqüência e de forma permanente, sendo indispensáveis à vida do 
paciente. " 5. A CONSTITUIÇÃO NÃO É ORNAMENTAL, NÃO 
SE RESUME A UM MUSEU DE PRINCÍPIOS, NÃO É 
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MERAMENTE UM IDEÁRIO; RECLAMA EFETIVIDADE REAL 
DE SUAS NORMAS. DESTARTE, NA APLICAÇÃO DAS 
NORMAS CONSTITUCIONAIS, A EXEGESE DEVE PARTIR 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS, PARA OS PRINCÍPIOS 
SETORIAIS. E, SOB ESSE ÂNGULO, MERECE DESTAQUE O 
PRINCÍPIO FUNDANTE DA REPÚBLICA QUE DESTINA 
ESPECIAL PROTEÇÃO A DIGNIDADE DA PESSOA 
HUMANA. 6. OUTROSSIM, A TUTELA JURISDICIONAL 
PARA SER EFETIVA DEVE DAR AO LESADO RESULTADO 
PRÁTICO EQUIVALENTE AO QUE OBTERIA SE A 
PRESTAÇÃO FOSSE CUMPRIDA VOLUNTARIAMENTE. O 
MEIO DE COERÇÃO TEM VALIDADE QUANDO CAPAZ DE 
SUBJUGAR A RECALCITRÂNCIA DO DEVEDOR. O PODER 
JUDICIÁRIO NÃO DEVE COMPACTUAR COM O PROCEDER 
DO ESTADO, QUE CONDENADO PELA URGÊNCIA DA 
SITUAÇÃOA ENTREGAR MEDICAMENTOS 
IMPRESCINDÍVEIS PROTEÇÃO DA SAÚDE E DA VIDA DE 
CIDADÃO NECESSITADO, REVELA-SE INDIFERENTE À 
TUTELA JUDICIAL DEFERIDA E AOS VALORES 
FUNDAMENTAIS POR ELE ECLIPSADOS. 7. In casu, a decisão 
ora hostilizada pelo embargante importa na disponibilização em 
favor da parte embargada da quantia de R$ 345,00 (trezentos e 
quarenta e cinco reais), que além de não comprometer as finanças 
do Estado do Rio Grande do Sul, revela-se indispensável à proteção 
da saúde do autor da demanda que originou a presente 
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controvérsia, mercê de consistir em medida de apoio da decisão 
judicial em caráter de subrogação. 8. POR FIM, SOB O ÂNGULO 
ANALÓGICO, AS QUANTIAS DE PEQUENO VALOR PODEM 
SER PAGAS INDEPENDENTEMENTE DE PRECATÓRIO E A 
FORTIORI SEREM, TAMBÉM, ENTREGUES, POR ATO DE 
IMPÉRIO DO PODER JUDICIÁRIO. 9. Embargos de divergência 
desprovidos. (Superior Tribunal de Justiça STJ; EREsp 787101; RS; 
Primeira Seção; Rel. Min. Luiz Fux; Julg. 28/06/2006; DJU 
14/08/2006; Pág. 258) 
 
O que importa saber é se o princípio existe e não se esta positivado 
ou não, tendo o mesmo peso um princípio explicito ou implícito. Há 
Princípios implícitos no Ordenamento Jurídico como o princípio da 
moralidade, que o interesse público deve preponderar sobre o 
interesse privado. 
 
O parâmetro para se aferir se uma regra é valida ou invalida perante 
a CRFB/1988 é dado de acordo com o bloco de constitucionalidade. 
 
Duas doutrinas: 
 
Bloco de constitucionalidade: normas expressas no texto 
constitucional 
 
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Bloco de constitucionalidade: se compõe também textos implícitos 
que integram o texto constitucional. 
 
6.1. princípio da dignidade da pessoa humana 
 
Está expresso no art. 1º, III e art. 170, "caput" da CRFB/1988. 
 
É usado em diversas situações no direito econômico. 
 
Nos primeiros anos da CRFB/1988. O STF tinha poucas decisões 
invocando a dignidade da pessoa humana, pois a base do 
Ordenamento Jurídico brasileiro era o CC/1916 . A característica do 
CC/1916 era ser patrimonial. 
 
Uma política econômica que privilegia o capital especulativo, taxa 
de juros alta que impede o desenvolvimento econômico não 
encontra respaldo no princípio da dignidade da pessoa humana. 
Este princípio permite que você afira a validade ou não das políticas 
públicas. A CRFB/1988 - art. 6º tem como finalidade essencial a 
assistência aos desamparados. O art. 3º diz que o objetivo da 
republica federativa do Brasil e a erradicação da pobreza e da 
marginalidade. A CRFB/1988 – no art. xxx não admite a 
implementação de uma política pública que privilegie o capital 
especulativo. O STF na reclamação 4145, não admite que se 
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implemente a política pública que compactue com a miséria 
humana. O STJ no AgR RESP 543.020 diz que não é possível a 
suspensão de serviço público essencial que ponha em risco a vida, a 
saúde e a incolumidade física do consumidor, sob o fundamento da 
dignidade da pessoa humana. O Exercício de toda a atividade 
econômica diz respeito ao princípio da dignidade da pessoa 
humana. 
 
STJ HC 14.333: uma consumidora fez financiamento para adquirir 
veículo no valor de 6 mil reais, passados 18 meses o valor saltou 
para 90 mil reais, decretada foi a prisão por ser depositária infiel. A 
consumidora não teria como pagar esse débito. O interprete do 
direito deve solucionar os problemas a luz de Princípios. O Min. Rui 
Rosado entendeu por absurdo, pois a cláusula contratual se 
equipararia a escravidão, violando o princípio da dignidade da 
pessoa humana cláusula que envolvendo débito de pouca monta o 
transforme em débito em grande monta. 
 
O princípio da dignidade da pessoa humana é de conteúdo amplo, 
tem densificação normativa no caso concreto, aplicando-se no 
direito econômico quanto ao controle das políticas econômicas do 
Estado, podendo ser aplicado quanto as políticas públicas no âmbito 
do direito privado violadoras da dignidade da pessoa humana. 
 
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6.2. Princípio da participação ou da intervenção estatal ou da 
presença estatal na atividade econômica 
 
Este princípio está expresso no texto constitucional. Tenta-se passar 
a crença de que o mercado é incompatível com o Estado, o que não é 
verdade. O sistema econômico capitalista só se sustenta em razão da 
presença do Estado na economia (Ex: BACEN, CVM, agência 
reguladoras). 
 
Estado não é compatível com sistema econômico capitalista. Quais 
os limites para essa atuação? Quem define isso é o princípio da 
intervenção estatal. 
 
CRFB/1988 - art. 173, consagra a intervenção do Estado na 
economia. 
 
CRFB/1988 - art. 174: Estado como agente normativo e regulador da 
atividade econômica 
 
CRFB/1988 - art. 175 
 
CRFB/1988 - art. 177: constituem monopólio da União. 
 
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Não há incompatibilidade entre o sistema econômico capitalista e o 
Estado. O princípio da participação estatal está expressa no texto 
constitucional. A idéia de que o Estado é incompatível com o mundo 
capitalista é incompatível com o mundo atual, pois em qualquer 
país há a presença do Estado através de agencias reguladoras, 
Estado auxiliando as instituições financeiras, BACEN forte. 
 
6.3. Princípio da subsidiariedade (CRFB/1988 - art. 173) 
 
Delimita a intervenção direta do Estado na Atividade Econômica. 
 
Este previsto na CRFB/1988 - art. 173 
 
O primeiro passo para entender este princípio é entender a 
intervenção direta. Os limites para o Estado empresário. 
 
Intervenção direta é o Estado exercendo atividade econômica. Ex: 
CEF, Petrobras, BB. 
 
A CRFB/1988 não quer economia estatizante. O Estado brasileiro 
produzia até calcinha. O Estado somente poderá atuar como 
empresário de forma excepcional, nos seguintes casos: imperativo 
da segurança nacional ou relevante interesse coletivo. 
 
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A intervenção indireta está prevista na CRFB/1988 - art. 174. 
 
O princípio da subsidiariedade não se aplica a intervenção indireta, 
mas a intervenção direta. 
 
O princípio da subsidiariedade está implícito na CRFB/1988 - art. 
173 
 
6.4. Princípio da Segurança Jurídica e econômica 
 
É um princípio que vem sendo constantemente trabalhado pelo STF. 
 
O Exercício da atividade econômica requer uma margem mínima de 
previsibilidade. Não confundir o dinamismo da atividade 
econômica com a idéia de segurança jurídica. 
 
A atuação do Estado na regulação da economia deve se pautar na 
regularidade. Não há espaço para o rompimento da ordem jurídica. 
 
A primeira vertente do princípio da segurança jurídica está na 
respeitabilidade ao ato jurídico perfeito, à coisa julgada e ao direito 
adquirido. 
 
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Quem regula a atividade econômica, muitas vezes, são os 
economistas.Eles implementam estratégias econômicas e querem 
viabilizar essas estratégias por leis. E essas leis contrariam a 
CRFB/1988. O que o Estado Brasileiro tenta fazer para validar essas 
regras é o denominado “terrorismo econômico”. A idéia é a do 
Estado de exceção econômica. 
 
A idéia do direito penal do inimigo é uma idéia de exceção aos 
direito fundamentais. Para o inimigo não há que se falar em direitos 
e garantias. 
 
No campo do direito econômico, os economistas dizem que em 
determinadas situações a CRFB/1988 pode ser relativizada. Nas 
grandes crises econômicas a CRFB/1988 não poderia impedir o êxito 
dos planos econômicos. Obs.: essa tese não é valida. 
 
STF RE 201176 Min. Celso de Melo: razões de Estado não justificam 
desrespeito a CRFB/1988. Fundamentos políticos e pragmáticos não 
podem afastar a CRFB/1988 no caso de planos de estabilização 
econômica. 
 
Estado de exceção econômica e respeito a CRFB/1988 quais os 
limites? O limite é a CRFB/1988. Resolve-se o Estado de exceção de 
acordo com a CRFB/1988 e não contra esta. 
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Em regra, os contratos devem ser respeitados e cumpridos, desde 
que haja equilíbrio entre as partes e respeitadas as regras de ordem 
pública. Há necessidade de as tarifas terem valores módicos. O MPF 
ajuizou ACP questionando reajustes autorizados pela ANATEL e 
pela ANEEL. A JF de 1ª instância concedeu liminar para suspender 
o reajuste. O caso chegou como Suspensão de Liminar no STJ. O 
presidente do STJ deu uma decisão suspendendo as decisões de 1ª 
instância, para dizer que seria necessário que os contratos fossem 
mantidos, pois a modificação dos contratos leva a insegurança 
jurídica. Risco - Brasil é um termo criado por agências de 
investimento estrangeiro. 
 
Não viola o princípio da segurança jurídica a discussão no âmbito 
do judiciário a validade de clausulas contratuais firmadas entre a 
administração e o particular. 
 
6.5. princípio da vinculação da política econômica 
 
No campo da atividade econômica não há espaço para o 
arbitramento, ou seja, a política econômica deve obediência ao texto 
constitucional. 
 
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CRFB/1988 - art. 170, V proteção ao consumidor. O agente 
econômico não pode exercer atividade econômica em desrespeito ao 
princípio da proteção ao consumidor. 
 
O princípio da livre iniciativa ou do livre mercado tem um limite 
que é o princípio de proteção ao consumidor. 
 
O STF consagrou este princípio na ADI 351dizendo que a 
CRFB/1988 vincula o poder público e o poder privado econômico, 
não se podendo invocar a livre iniciativa para macular o meio 
ambiente por exemplo. 
 
6.6. Supremacia do Interesse Público 
 
O direito é uno. O direito econômico tem uma relação de 
interdisciplinaridade com o direito administrativo. O princípio da 
supremacia do interesse público traduz a idéia de que há que 
prevalecer o interesse da coletividade em detrimento ao interesse 
individual (interesse particular). 
 
A CRFB/1988 - art. 3º, I: consagra o princípio da solidariedade. ADI 
2649 (validade da gratuidade dos transportes públicos para os 
idosos.) 
 
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Em razão da prevalência do individualismo tenta-se dizer que o 
princípio da primazia do interesse público não tem mais aplicação, 
devendo prevalecer o interesse individual. Entretanto, a CRFB/1988 
diz que deve prevalecer o interesse público. 
 
1ª idéia: o interesse público deve prevalecer sobre o privado 
 
2ª idéia: O STF e a boa doutrina separam o interesse público 
primário (interesse público da sociedade) do interesse público 
secundário (interesse público do Estado). Nem sempre o Estado 
persegue o direito da sociedade. As agências reguladoras muitas 
vezes privilegiam interesses privados, sob o argumento de estarem 
defendendo interesse público (em verdade, defendem interesse 
público secundário). 
 
O que se deve buscar o interesse público primário (interesse da 
sociedade). 
 
 
6.7. Princípio da indisponibilidade do interesse público 
 
O administrador não pode gerir o Estado desvinculado do interesse 
público. 
 
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Ex: O BNDES concedeu empréstimo de milhões a determinada 
empresa Americana denominada AES sem garantia, não 
possibilitando ao BNDES recuperar esses créditos. Isso configura 
prática de improbidade administrativa (art. 10, VI, Lei 8.429/92). 
 
6.8. Princípio da moralidade administrativa 
 
Eticidade na administração pública. Idéia de juridicidade. O 
princípio da legalidade busca em si uma legitimidade. A doutrina 
diz que hoje o princípio da legalidade há que se pautar pela 
juridicidade, ou seja, a Lei deve se pautar também em Princípios, 
valores. A administração não pode ter uma moralidade distorcida. 
Muitas vezes a moralidade é pautada em critérios de favorecimento, 
politicagem etc. 
 
O princípio da moralidade administrativa se espraia pela idéia da 
boa fé objetiva e pelo princípio da confiança. Não pode a 
Administração contrariar as expectativas legitimas e razoáveis que 
desperta no cidadão. Ex: relação promíscua do BACEN com o 
sistema financeiro. 
 
Quando se cuida da Administração pública, determinados dados 
não podem ser passados para terceiros. O BACEN, por dirigentes, 
nas vésperas das reuniões do COPOM para definir a taxa SELIC, se 
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reuniram com banqueiros. Isto é caso de improbidade 
administrativa (art. 11, III, da Lei 8429/92). 
 
Não é correto que instituição financeira conceda linhas de crédito 
para empresas que pratiquem trabalho escravo. O BNDES com base 
no princípio da moralidade administrativa tratou de introduzir em 
seus contratos cláusulas sociais que repudiam trabalho escravo, 
exploração infantil a bem do princípio da moralidade 
administrativa. O princípio da moralidade administrativa legitima, 
pois, a inserção de tais cláusulas. 
 
6.9. Princípio da economicidade (CRFB/1988 - art. 70) 
 
Tal princípio exige seriedade, diligência, responsabilidade, cuidado 
e racionalidade na gestão de recursos públicos, sendo fundamental 
no campo do direito econômico. 
 
Recurso público é recurso escasso, devendo ser gerido de forma 
eficiente e a evitar o desperdício. 
 
O princípio da economicidade permite que o judiciário examine o 
mérito do ato administrativo. Verificar se a opção da Administração 
pública foi a melhor. 
 
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Ex: Governo tem linha de crédito com a finalidade de gerar postos 
de emprego. Dois setores da atividade econômica pleiteiam esse 
recurso: o automotivo e o rural. A cada 10 milhões no setor 
automotivo se cria 2 mil postos de emprego e no setor rural criam-se 
3 mil postos. Com base no princípio da economicidade, o 
administrador está vinculado a empregar o recurso no setor rural, 
pois é este setor que gera mais postos de emprego. 
 
6.10. Princípio da Transparência ou da publicidade (CRFB/1988 - 
art. 37) 
 
Um dos maiores problemasno campo da atuação da atividade 
econômica do mercado é a chamada “assimetria de informações”. 
Quem tem informação tem poder e quem tem poder não quer 
compartilhar o poder. É necessário a presença do Estado para 
assegurar ao consumidor o direito à informação. A transparência 
assegura o direito básico à informação. 
 
STJ, MS 5986: o consumidor possui uma vunerabilidade 
informativa. 
 
O Estado não pode dar a informação a uns em detrimento de outros. 
O acesso à informação há de ser irrestrito. Assegurando-se a todos 
Informação, evita-se a prática de atos de corrupção. 
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Transparência significa informação clara e aberta. 
 
CRFB/1988 - art. 5º, XXXIII: consagra a transparência da 
informação. 
 
MS 24.725 
 
STJ MS 10.131, o PR concedeu financiamento para a Reneau. A 
assembléia do Estado quis ter acesso às informações. O TJ/PR disse 
que não deveria divulgar, pois poderia comprometer o negocio. O 
STJ disse que a regra era a transparência e a publicidade, pois não é 
matéria que envolva segurança do Estado ou da sociedade. É 
necessária que haja a transparência para que se possa haver o 
controle externo. 
 
Exceção ao princípio da transparência 
 
Casos envolvendo determinadas políticas econômicas envolvendo 
bolsa de valores e sistema financeiro. Não se pode conceder 
informação privilegiada sob pena de crime. 
 
Lei de improbidade administrativa art. 11, VII 
 
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6.11. PRINCÍPIO DO RISCO DA ATIVIDADE ECONÔMICA 
 
É princípio implícito no texto constitucional. 
 
A primeira função da constituição econômica é a atividade 
econômica do Estado. O sistema econômico consagrado pela nossa 
CRFB/1988 é o capitalismo. Assim, o risco é da essência desse 
sistema econômico. O risco faz parte da atividade econômica. 
Quanto maior o risco maior o lucro. Se o sistema capitalista se pauta 
na idéia de lucro, este é subordinado ao risco da atividade 
econômica que é inerente ao sistema capitalista. Assim, a 
CRFB/1988 consagra implicitamente o princípio do risco na 
atividade econômica. 
 
É vedada qualquer transferência do risco da atividade econômica 
para o Estado, sociedade, consumidor, trabalhador. O risco é 
próprio do agente econômico. É próprio do empreendedor da 
atividade econômica. O agente econômico quando empreende no 
mercado, quando obtém lucro, não compartilha este lucro com a 
sociedade, se apropriando desse lucro de forma privada. Assim, esse 
risco também a que ser privado. O princípio do risco da atividade 
econômica proíbe a privatização do lucro e socialização do 
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prejuízo. O princípio coíbe que se transfira para a sociedade, 
consumidor, trabalhador os riscos da atividade econômica. Se lucro 
é privado o prejuízo há que ser privado. 
 
Alguns julgados: RESP 152.360 um grupo de investidores que 
atuava em um mercado de alto risco imputaram a quebra à omissão 
de fiscalização do BACEN. O Caso chegou ao STJ e este decidiu que 
não se haveria de responsabilizar a União, pois a eventual falha do 
BACEN não foi determinante à quebra. 
 
RESP 1.060.604: tentou-se responsabilizar civilmente a União em 
razão da mudança da política cambial. O STJ entende que a União 
não pode ser transformada em seguradora universal. 
 
Min. Gilmar Mendes: enquanto AGU publicou artigo “A União 
como seguradora Universal”. A União tinha prestado serviço de 
transporte fluvial (transporte deficitário). Portanto, resolveu 
paralisar o serviço. 
 
O princípio do risco econômico é aplicado em casos de improbidade 
administrativa e para eximir a União de responsabilidade quanto a 
atividade econômica, pois é possível ao Governo alterar metas 
inflacionárias, banda cambial etc. quando esta política preventiva do 
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governo extrapolar o razoável é que poderá haver sua 
responsabilização. 
 
Hoje há processos em tramitação no STF que podem gerar uma 
responsabilidade para a União em mais de 100 bilhões de reais, daí a 
necessidade de se observar este princípio. 
 
Súmula 302 STJ 
 
Súmula: 302 - É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que 
limita no tempo a internação hospitalar do segurado. 
 
A CRFB/1988, com base no art. 199, diz que, apesar de público, a 
saúde é um serviço que pode ser prestado por agente econômico 
privado. Os planos de saúde devem suportar o prejuízo de alguns 
tratamentos quanto a certas doenças, pois assumiram os riscos de 
sua atividade. 
 
ADI 1931: discutiu a questão do ressarcimento dos planos de saúde 
ao SUS, quando um paciente assegurado pelo plano é atendido pelo 
SUS. STF: não considerou a norma inconstitucional. Isto é um 
exemplo de aplicação do risco de atividade econômica que protege o 
Estado e o consumidor. 
 
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Os planos de saúde limitam o prazo de internação em UTI a 15 dias 
por ano. Onde fica o risco da atividade econômica? O plano de 
saúde quando insere estas cláusulas limitativas busca transferir os 
riscos de sua atividade ao consumidor. O STJ rebateu com a Súmula 
302 STJ: 
 
Súmula 302 - É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita 
no tempo a internação hospitalar do segurado. 
 
RESP 268.661 (caso da variação cambial): o STJ não admitiu a 
transferência do risco da atividade quando da mudança da banda 
cambial envolvendo financiamentos. 
 
6.12. Princípio da lucratividade na CRFB/1988 
 
Tem duas vertentes: 
 
a) o lucro é da essência do sistema econômico capitalista. 
 
A motivação do agente econômico é o proveito econômico de sua 
atividade. Isto é da essência do sistema econômico capitalista em 
que os meios de produção são da iniciativa privada. 
 
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O princípio da lucratividade coíbe que o Estado ao intervir na 
atividade econômica (notadamente controle de preços) retire a 
possibilidade de obtenção do direito ao lucro. No podendo impedir 
ou inviabilizar que o agente econômico obtenha lucro. Este princípio 
assegura a possibilidade de o agente econômico obtenha lucro. Não 
se pode atingir a livre iniciativa como direito fundamental ou 
princípio geral da atividade econômica 
 
STJ MS 6166. Na região norte do país o Ministério fixou o valor da 
gasolina, estipulando valor inferior ao custo. O Ministro causou 
prejuízo as empresas que resultou falência de algumas empresas. 
 
** o princípio da lucratividade, quando violado, enseja a 
responsabilização civil do Estado. RE 422941: a União tinha uma 
política de preços mínimos. O setor de comercialização da cana-de-
açúcar tinha um preço mínimo. A União fixou preço mínimo em 
descompasso com os índices oficiais. O STF assentou a 
responsabilidade civil do Estado. 
 
b) o lucro, quando arbitrário/exagerado, em detrimento da 
sociedade e do próprio consumidor, quando o Estado limita a 
margem de lucros a partir de políticas econômicas, está agindo em 
nome do princípio da dignidade da pessoa humana, da funçãosocial da propriedade para evitar abusividade. 
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O princípio da lucratividade valida a intervenção do Estado na 
atividade econômica para possibilitar políticas econômicas de 
controle de preços. 
 
O STF na ADI: entendeu que é constitucional uma política 
econômica de controle de preços. 
 
CRFB/1988 - art. 197 
 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, 
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua 
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser 
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa 
física ou jurídica de direito privado. 
 
CRFB/1988 - art. 129, II serviços de relevância pública é conceito 
aberto devendo ser demonstrada essa relevância pública e assim 
pode abarcar saúde, educação etc. 
 
Suspensão de Liminar 3532 (TRF5) é possível que o Judiciário 
controle os índices definidos pelas agencias reguladoras, quando a 
tarifa não observa o princípio da modicidade. 
 
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RESP 327.724. Limitação da taxa de juros porque abusiva. O Poder 
Judiciário pode limitar desde que seja abusiva. Será abusiva a taxa 
de juros que extrapolar a taxa média de mercado, que é fixada pelas 
próprias instituições financeiras. 
 
6.12. Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade 
 
1a CORRENTE: tal princípio é decorrência do próprio Estado 
democrático de direito. 
 
2a. CORRENTE: diz que decorre dos direitos fundamentais, 
envolvendo direitos humanos, individuais, e sociais, envolvendo 
direitos de 2 3 4 e 5 geração 
 
3a CORRENTE: decorre do próprio texto constitucional (Min. 
Gilmar Mendes). 
 
O STF diz que o CRFB/1988 - art. 5º, LIV não é o devido processo 
procedimental, mas o devido processo material, substantivo. 
 
Para o STJ e STF razoabilidade e proporcionalidade são sinônimos. 
 
Contudo há diferença. 
 
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Razoabilidade Proporcionalidade 
Origem: EUA Origem: direito Alemão 
Analisa os meios e os fins. 
Verifica se há adequação entre o 
motivo, o meio e o fim. 
Tem uma estrutura mais 
complexa, pois se estrutura em 
adequação, necessidade e 
proporcionalidade em sentido 
estrito 
 
Para o Min. Eros Roberto Grau não existe princípio da razoabilidade 
e nem proporcionalidade, pois são apenas pautas para a 
interpretação. 
 
Razoabilidade 
 
Para Ricasens Sisches, há determinados Princípios que são mais 
fáceis de serem compreendidos do que serem explicados. 
 
O princípio da razoabilidade é aferido concretamente, pois se uma 
norma proíbe entrada de um leão no trem e se apresenta um Urso 
este também é proibido em face desse princípio. Se é apresentado 
um peixe assassino num aquário vedado, em face de uma norma 
que proíbe a entrada de qualquer animal, então é logicamente 
possível o ingresso do animal no trem. 
 
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A razoabilidade tenta verificar se a intervenção do Estado é 
plausível. 
 
Para Min. Eros Roberto Grau Não compete ao STF afirmar com base 
na razoabilidade e na proporcionalidade dizer que o legislativo 
excedeu ao poder de legislar. 
 
Para Min. Gilmar Mendes e Min. Cezar Peluzo o princípio da 
razoabilidade e proporcionalidade são sim limitações o exercício do 
poder legislativo. 
 
Para Luiz Roberto Barroso a razoabilidade se pauta primeiro por um 
critério de: 
 
a) razoabilidade interna: se há uma adequação direta, adequada e 
racional entre o motivo, o meio e o fim. Ex: aumento injustificado 
de preços que prejudiquem os consumidores. O Estado pode exercer 
política e controle de preços. Motivo: aumento injustificado de 
preços. Meio controle de preços. Fim: proteção do consumidor. 
 
b) razoabilidade externa: aferir se a norma encontra amparo no 
texto constitucional. Ex: ADI 1931: afastou a alegação de 
inconstitucionalidade material por força da CRFB/1988 - art. 197. 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, 
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cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua 
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser 
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa 
física ou jurídica de direito privado. 
 
Para a Min. Cármen Lúcia, cada norma tem sua razão de ser, tem 
sua finalidade. A razoabilidade afasta a norma injustificada, 
irracional. Art. 5º, XXXII: o Estado assegurará a defesa do 
consumidor. A CRFB/1988 impõe ao Estado o dever de tutelar o 
consumidor. 
 
A Lei 10.962/04 (facultatividade da fixação dos preços nos 
produtos) viola o devido processo legal, por falta de razoabilidade. 
 
Proporcionalidade 
 
O fim da proporcionalidade é evitar restrições a direitos 
fundamentais desproporcionais. 
 
STF: o princípio da proporcionalidade se baseia na idéia de 
restringir a restrição. 
 
1ª característica do princípio da proporcionalidade é a proibição do 
excesso. 
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Subprincípios do princípio da proporcionalidade na idéia de 
proibição do excesso: 
 
a) adequação 
 
Para restringir um direito fundamental é necessário uma Lei. Essa 
Lei tem que ser proporcional. Medida adequada é aquela que 
quando implementada seja idônea a alcançar o fim desejado. 
 
Ex: política econômica de controle de preços de medicamentos: livre 
iniciativa e propriedade privada estão sendo restringidas. 
 
Critério da adequação: Verifique se a medida é adequada, não 
precisa ser uma medida certeira para acabar com o problema, mas 
uma medida hábil a diminuição do problema, ou seja, reajuste 
abusivo de medicamentos. 
 
b) Necessidade: 
 
Dentre as formas adequadas, deve-se adotar que menos atinja 
direitos fundamentais 
 
c) proporcionalidade em sentido estrito 
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Ponderação ente direitos fundamentais 
 
Obs.: somente se chega a proporcionalidade em sentido estrito se a 
medida primeiramente for adequada e necessária. 
 
STF nas ADIs 319 e 1931 entende assim. 
 
STF RE 148.260 e 183.882 considerou constitucional Lei que proibia a 
comercialização de bebida alcoólica na beira de estrada. 
 
STF ADI 855. Proporcionalidade como forma de evitar restrição a 
direito fundamental. Estado do Paraná teve problema quanto a 
comercialização de gás com peso diferente do divulgado para 
comercialização. O governo do Paraná obrigou a colocação de 
balança de precisão nos caminhões para aferir o peso dos botijões e 
cilindros. O STF entendeu que havia violação ao princípio da 
proporcionalidade, pois o IMETRO reconheceu que a colocação da 
balança era um fim inidôneo para aferir a pesagem correta pois a 
balança seria descalibrada no transporte pelos caminhões. 
 
Proporcionalidade: proibição da insuficiência. Tradicionalmente, 
trabalha-se com a proporcionalidade como proibição do excesso. Na 
Alemanha,trabalha-se também como proibição da insuficiência. O 
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STF tem alguns julgados nesse sentido. Muitas vezes a tutela 
jurídica dada a um direito fundamental é insuficiente para o fim 
proposto. O que se quer evitar é a falta, a insuficiência de proteção. 
A partir do momento em que não se tutela um direito fundamental 
de forma adequada, esse direito passa a ser lesionado. Não 
confundir ausência de normas com a proibição da insuficiência. A 
EC64 assegura o direito social a alimentação. Se não houver norma 
que proteja o direito à alimentação não há violação quanto à 
proibição de insuficiência, mas omissão do legislativo. A proteção 
da insuficiência é aplicada quando a normatização não é suficiente. 
 
No campo do direito penal econômico, o CRFB/1988 - art. 6º 
assegura uma série de direitos sociais. Esses direitos impõe ao 
Estado a efetivação de políticas de cunho social. Se o Estado precisa 
de arrecadação, precisa arrecadar de forma eficiente. Os crimes 
contra a ordem tributária atingem bens jurídicos fundamentais. 
Quando o Estado cria formas de parcelamento em que concede 
benefícios a sonegadores contumazes, dá proteção jurídica suficiente 
à ordem tributária? Não. Sanções administrativas não seriam 
suficientes. As políticas de parcelamento, portanto, violam o 
princípio da proporcionalidade no tocante à proteção da 
insuficiência. 
 
7. Constituição Econômica 
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Conjunto de regras, Princípios e valores relativos à economia. É a 
constituição econômica que organiza a atividade econômica de um 
Estado. Para alguns, a constituição econômica surgiu apenas com o 
Estado de direito na constituição de Weimar de 1919 que tem um 
capitulo completo que consagra a ordem econômica, até então a 
Constituição Econômica tinha textos esparsos na constituição. 
 
7.2. Classificação 
 
Constituição Econômica: 
 
a) Formal: é o conjunto de regras e Princípios que incluídas no texto 
constitucional versam sobre a economia. Ex: CRFB/1988 – 170, V: 
consagra a proteção ao consumidor; CRFB/1988 art. 219 – mercado 
interno integra o patrimônio nacional. 
 
b) Material: abrange todas as normas que versam sobre a econômica, 
estejam ou não inseridas no texto constitucional. Ex: CDC; Lei 
8884/94; Lei 7492 etc. 
 
Em caso de conflito entre a Constituição Econômica formal e a 
material, prevalecerá a formal. 
 
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Ordem Econômica: 
 
a) ordem econômica formal 
 
É um capítulo a parte na CRFB/1988 que versa sobre economia. 
CRFB/1988 - art. 170 a 192. 
 
b) ordem econômica material 
 
São todas as normas que versam sobre a economia, mas que estão 
fora dos arts. 170 a 192. Ex: art. 219, art. 222, §1º. 
 
7.3. Constituição Econômica Brasileira 
 
A Constituição Econômica apresenta duas características 
 
a) Estatutária: caracteriza certa e determinada forma econômica. Diz 
o que pode e o que não pode ser feito. 
 
b) Programática ou Diretiva: Estabelece uma ordem econômica, mas 
cria meios de modificar o cenário econômico. 
 
A CRFB/1988 é tanto estatutária quanto programática. 
 _______________ 
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Pilares de sustentação do capitalismo Livre iniciativa, livre 
concorrência, propriedade privada, soberania do consumidor 
 ________________ 
 
A constituição econômica ao estruturar a atividade econômica de 
um Estado estabelece a segurança jurídica e econômica. 
 
Dois modelos econômicos: 
 
a) Capitalismo: livre iniciativa, livre concorrência, propriedade 
privada, proteção ao consumidor. Livre iniciativa: a regra é a 
liberdade econômica. Livre concorrência: A fixação de preços não 
decorre de atos estatais, mas da concorrência entre os vários agentes 
econômicos. Propriedade privada: em regra, os meios de produção 
pertencem ao agente econômico privado. Soberania do consumidor: 
o fornecedor atua em razão da demanda buscada pelo consumidor. 
 
Esse modelo de economia é denominado de “economia 
descentralizada” ou “economia de mercado”. Descentralizado: não 
há uma entidade central que define o que, como, quando ou de que 
forma será produzido. Essa autonomia gera um dinamismo 
constante no mercado. O aspecto negativo é que muitas vezes essa 
liberdade é exercida contra o consumidor e contra o mercado. 
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b) socialismo: propriedade coletiva dos meios de produção. A 
propriedade pertence ao Estado. O Estado é o único produtor 
(monopólio estatal). Não há necessidade de concorrência. É uma 
economia centralizada (planificação da economia). Vantagem: 
permite maior igualdade entre as pessoas. Desvantagem: 
burocratização. 
 
Esses dois modelos são teóricos. Hoje há mais modelos mistos. 
“Economia Social de Mercado”. O art. 173 permite a presença do 
Estado na economia, como exceção (princípio da presença estatal). 
 
A CRFB/1988 - art. 173, 174, 175 e 177 prevê a intervenção do Estado 
na Economia. Assim, nossa Constituição, com a presença do Estado 
na economia, serve para efetivar o modelo econômico capitalista 
social. 
 
Na ADI 319 o STF definiu que a nossa CRFB/1988 consagra um 
Estado Social. 
 
TÍTULO VII 
Da Ordem Econômica e Financeira 
CAPÍTULO I 
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA 
DIREITO ECONÔMICO 
Intensivo III 
Prof. Luciano Sotero 
 
2010 
 
 
Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 64 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados 
os seguintes princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços 
e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte 
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e 
administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 6, de 1995) 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer 
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
 
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Intensivo III 
Prof. Luciano Sotero 
 
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Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e 
como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. 
 
Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a 
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
26, de 2000) 
 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união

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