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Curso Direito Empresarial - 2° ed Revisado 2012

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Direito Empresarial
Universidade Federal de Santa Catarina
Pró-Reitoria de Ensino de Graduação
Departamento de Ensino de Graduação a Distância
Centro Sócio-Econômico
Departamento de Ciências da Administração
2012
2ª edição revisada e atualizada
Professor
Humberto Pereira Vecchio
Copyright  2012. Todos os direitos desta edição reservados ao DEPTO. DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO (CAD/CSE/UFSC).
1ª edição – 2009.
V398d Vecchio, Humberto Pereira
Direito empresarial / Humberto Pereira Vecchio. – 2. ed. rev. atual. –
Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2012.
170p.
Inclui bibliografia
Curso de Graduação em Administração, modalidade a Distância
ISBN: 978-85-7988-156-5
1. Direito empresarial. 2. Propriedade industrial. 3. Sociedades Co-
merciais. 4. Títulos de crédito.5. Recuperação econômica. 6. Educação
a distância. I. Título.
CDU: 347.7
Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071
PRESIDENTA DA REPÚBLICA – Dilma Vana Rousseff
MINISTRO DA EDUCAÇÃO – Aloizio Mercadante
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – Carlos Eduardo Bielschowsky
COORDENADOR DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR – Jorge Almeida Guimarães
DIRETOR DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – João Carlos Teatini de Souza Clímaco
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
REITORA – Roselane Neckel
VICE-REITORA – Lúcia Helena Martins Pacheco
PRÓ-REITORA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO – ?????????
DIRETOR DE GESTÃO E DESENVOLVIMENTO ACADÊMICO – Carlos José de Carvalho Pinto
COORDENADOR UAB – Eleonora Milano Falcão Vieira
CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO
DIRETOR – Ricardo José Araújo Oliveira
VICE-DIRETOR – Alexandre Marino Costa
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO
CHEFE DO DEPARTAMENTO – Gilberto de Oliveira Moritz
SUBCHEFE DO DEPARTAMENTO – Marcos Baptista Lopez Dalmau
COORDENADOR DE CURSO – Rogério da Silva Nunes
SUBCOORDENADOR DE CURSO – Sinésio Stefano Dubiela Ostroski
COMISSÃO DE PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
Alexandre Marino Costa (Presidente)
Gilberto de Oliveira Moritz
Luiz Salgado Klaes
Marcos Baptista Lopez Dalmau
Maurício Fernandes Pereira
Raimundo Nonato de Oliveira Lima
COORDENADOR DE TUTORIA – Marilda Todescat
COORDENADOR DE POLOS – Luiz Salgado Klaes
SUBCOORDENADOR DE POLOS – Allan Augusto Platt
COORDENADOR ACADÊMICO – Irineu Manoel de Souza
COORDENADOR DE APOIO E ASSESSORAMENTO PEDAGÓGICO – Raimundo Nonato de Oliveira Lima
COORDENADOR FINANCEIRO – Alexandre Marino Costa
COORDENADOR DE AMBIENTE VIRTUAL DE ENSINO-APRENDIZAGEM (AVEA) – Mário de Souza Almeida
COORDENADOR EDITORIAL – Luís Moretto Neto
COMISSÃO EDITORIAL E DE REVISÃO – Alessandra de Linhares Jacobsen
Mauricio Roque Serva de Oliveira
Paulo Otolini Garrido
Claudelino Martins Dias Junior
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS – Denise Aparecida Bunn
DESIGN INSTRUCIONAL – Denise Aparecida Bunn
Fabiana Mendes de Carvalho
Patrícia Regina da Costa
PROJETO GRÁFICO E FINALIZAÇÃO – Annye Cristiny Tessaro
DIAGRAMAÇÃO – Rita Castelan
Sergio Meira
REVISÃO DE PORTUGUÊS – Patrícia Regina da Costa
Sergio Meira
ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO – Humberto Pereira Vecchio
POLOS DE APOIO PRESENCIAL
CRUZEIRO DO OESTE – PR
PREFEITO – Zeca Dirceu
COORDENADORA DE POLO – Maria Florinda Santos Risseto
CIDADE GAÚCHA – PR
PREFEITO – Vitor Manoel Alcobia Leitão
COORDENADORA DE POLO – Eliane da Silva Ribeiro
PARANAGUÁ – PR
PREFEITO – José Baka Filho
COORDENADORA DE POLO – Meire A. Xavier Nascimento
HULHA NEGRA – RS
PREFEITO – Carlos Renato Teixeira Machado
COORDENADORA DE POLO – Margarida de Souza Corrêa
JACUIZINHO – RS
PREFEITO – Diniz José Fernandes
COORDENADORA DE POLO – Jaqueline Konzen de Oliveira
TIO HUGO – RS
PREFEITO – Verno Aldair Muller
COORDENADORA DE POLO – Fabiane Kuhn
SEBERI – RS
PREFEITO – Marcelino Galvão Bueno Sobrinho
COORDENADORA DE POLO – Ana Lúcia Rodrigues Guterra
TAPEJARA – RS
PREFEITO – Seger Luiz Menegaz
COORDENADORA DE POLO – Loreci Maria Biasi
SÃO FRANCISCO DE PAULA – RS
PREFEITO – Décio Antônio Colla
COORDENADORA DE POLO – Maria Lúcia da Silva Teixeira
Apresentação
Prezado estudante de Administração,
O estudo da disciplina Direito Empresarial é da máxima im-
portância para a melhor compreensão de várias outras matérias do
curso e para a atuação profissional nas áreas vinculadas às empre-
sas. Afinal, um dos princípios da boa administração mais valorizados
atualmente é o cumprimento da lei. Por isso, o administrador precisa
conhecer aspectos importantes do direito relacionado à atividade
empresarial para poder optar e decidir qual o melhor instrumento jurí-
dico a adotar em cada momento da vida da empresa. Sim, é evidente
que o administrador precisa ter um grau de conhecimento das regras
suficiente para: a) iniciar a empresa, deve escolher o tipo de socieda-
de; b) desenvolver a empresa, precisa escolher o melhor contrato em
certa operação; c) preservar a empresa, deve saber qual responsabili-
dade, quais riscos, quais custos podem ser evitados mediante escolha
da melhor opção legal; e d) extinguir ou recuperar a empresa, necessita
saber se a falência é inevitável, ou deve ser pedida recuperação judici-
al, ou, ainda, se é melhor e possível uma modificação da sociedade.
Tenho certeza que todos os temas examinados nesta disciplina
serão utilizados por você durante o curso! Você logo perceberá vários
aspectos das outras matérias de forma mais clara, auxiliado pela vi-
são geral que será adquirida no decorrer desta disciplina.
Na verdade, o novo Direito Empresarial está estruturado com
base na importância da empresa. Por isso, a Teoria da Empresa, de-
senvolvida principalmente na Itália, foi adotada pelo Código Civil Bra-
sileiro e, assim, ficou bem claro que cabe ao Direito Empresarial a
regulamentação de toda a atividade econômica empresarial. O Direi-
to Empresarial tem essa característica: vai sendo aperfeiçoado à me-
dida que as necessidades da atividade econômica, dos empresários e
dos profissionais da área vão sendo percebidas, exigindo a busca de
soluções no Direito. Surgem discussões das quais participam empresári-
os, estudiosos, políticos, governo que provocam mudanças nas leis.
O Direito Empresarial é dinâmico, vai mudando inclusive por influência
das relações comerciais internacionais.
E você, futuro profissional da área empresarial, fará parte des-
sa constante evolução!
Estudaremos, então, as bases desse conhecimento tão impor-
tante e necessário. Vamos examinar aspectos relativos ao empresário,
à empresa e ao estabelecimento empresarial; às obrigações legais do
empresário; ao nome empresarial; às marcas e patentes; às socieda-
des empresárias, principalmente a limitada (Ltda.) e a anônima (S.A.);
aos títulos de crédito, tão fundamentais para os empresários; e, por
fim, à crise da empresa e sua possível recuperação judicial, ou, sendo
essa inviável, a falência.
Em todas essas matérias, está presente a essencial atividade
do profissional da Administração, decidindo ou fornecendo informa-
ções para decidir, garantindo as melhores opções dentro da legalida-
de, e, assim, evitando perdas. E, com o conhecimento das regras jurí-
dicas relativas à atividade empresarial, você, como profissional da
Administração, poderá dar importante contribuição, não só para o
crescimento econômico das empresas, mas também para o desenvol-
vimento da sociedade brasileira.
Um abraço,
Professor Humberto Pereira Vecchio
Sumário
Unidade 1 – O Direito Empresarial e o Empresário
Introdução ao Direito Empresarial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Direito e Sociedade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Direito Privado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Normas Atuais de Direito Empresarial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Conceito de Direito Empresarial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Direito de Empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Atividades Econômicas Não Empresariais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Empresa – Conceito Econômico e Conceito Jurídico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Empresário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Requisitos para Ser Empresário Individual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Obrigações dos Empresários: registro de empresa e escrituração . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Escrituração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Resumindo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Atividades de aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Unidade 2 – Estabelecimento, Nome Empresarial e Propriedade Industrial
Estabelecimento Empresarial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Conceito de Estabelecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Elementos do Estabelecimento Empresarial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Valor do Estabelecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Aviamento: atributo do estabelecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Clientela. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Alienação do Estabelecimento: o trespasse. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
A Questão da Sucessão: riscos do empresário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
O Ponto Empresarial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Nome Empresarial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Espécies. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Formação do Nome Empresarial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Princípios do Nome Empresarial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Proteção Jurídica do Nome Empresarial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Título de Estabelecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Distinções entre Nome Empresarial, Título de Estabelecimento e Marca. . . . . . 53
Propriedade Industrial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Direito Industrial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Patente de Invenção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Programa de Computador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Segredo de Empresa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Desenho Industrial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
A Propriedade Industrial e o Empresário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Concorrência Desleal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Resumindo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Atividades de aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Unidade 3 – Sociedades – Classificação e Sociedades Limitadas
Sociedades – Classificação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Atividade Econômica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Conceito de Sociedade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Sociedades Não Personificadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Sociedades Personificadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Os Tipos de Sociedades Empresárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Classificação das Sociedades Empresárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Sociedade Limitada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Características. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Constituição da Sociedade Limitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Deveres dos Sócios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Responsabilidade do Sócio por Dívidas da Sociedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Exclusão de Sócio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Os Direitos do Sócio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Órgãos da Limitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Dissolução da Sociedade Limitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Conceito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Resumindo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Atividades de aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Unidade 4 – Sociedade Anônima
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Características da S.A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
Classificação das Sociedades Anônimas – S.A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Mercado de Capitais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Mercado de Balcão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Ação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Outros Valores Mobiliários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
O Acionista. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Acionista Controlador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Acordo de Acionistas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Órgãos Sociais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Deveres dos Administradores. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Modificações na Estrutura das Sociedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Ligações entre Sociedades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Demostrações Financeiras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Resumindo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
Atividades de aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .121
Unidade 5 – Direito Cambiário – Títulos de Créditos
Importância do crédito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Conceito de Título de Crédito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Princípios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Atributos So título de Crédito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Clasificação dos Títulos de Crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Endosso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Aval. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Protesto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Ação Cambial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
Títulos de Crédito Existentes no Direito Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Letra de Câmbio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Nota Promissória. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Exercício de Fixação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Cheque. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Cheque sem Fundos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Exercício de Fixação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
Duplicata. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Protesto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
Exercício de Fixação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Resumindo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
Atividades de aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .147
Unidade 6 – A Empresa em Crise: recuperação ou falência?
O Princípio da Preservação da Empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Crise da Empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Falência e Recuperação Judicial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Quem está Sujeito à Falência e Quem Tem Direito à Recuperação Judicial?. . 153
Recuperação Judicial da Empresa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Microempresários e Empresários de Pequeno Porte – Plano Especial. . . . . . . . 163
Recuperação Extrajudicial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
Resumindo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
Atividades de aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .164
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
Minicurrículo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
Objetivo
Nesta Unidade você conhecerá quais ações e relações,
dentre as que ocorrem na sociedade humana, serão
reguladas pelo Direito Empresarial, pois, atualmente,
é a empresa, com atividade econômica desenvolvida
pelos empresários, que indica os temas a serem
regulados, as características do empresário e as
obrigações básicas que ele deve cumprir. Você
conhecerá, em seguida, as obrigações comuns a todos
os empresários , quais sejam, o registro realizado pela
Junta Comercial e a escrituração de livros empresariais.
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UNIDADEO Direito Empresarial e
o Empresário
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
Introdução ao Direito Empresarial
Olá estudante,
Seja bem-vindo à disciplina Direito empresarial.
Nesta seção vamos tratar das ações e das relações
que existem na sociedade humana e que são regu-
ladas pelo Direito Empresarial, assim como as ca-
racterísticas do empresário e as obrigações bási-
cas que ele deve cumprir.
Então, mãos à obra!
Direito Empresarial ou comercial é parte do direito privado. Suas
normas visam regular a atividade econômica de produção e cir-
culação de bens e serviços para o mercado. A Teoria da Empresa
mostra que o Direito Empresarial regula os atos do empresário que de-
senvolve uma atividade econômica utilizando um conjunto organiza-
do de bens. Essa atividade desenvolvida pelo empresário denomina-
se Empresa. Nesta primeira Unidade, conheceremos conceitos essen-
ciais para uma visão geral desse campo do direito, tão importante
para os profissionais que colaboram ou atuam diretamente nas em-
presas, tendo em vista seu desenvolvimento e sua continuidade para o
cumprimento de sua função social e econômica, e não apenas para a
satisfação do interesse imediato dos empreendedores e investidores.
Direito e Sociedade
Um bom livro de introdução ao direito explica que “não se pode
conceber a vida social sem se pressupor a existência de certo número
de normas reguladoras das relações entre os homens, por estes mes-
mos julgadas obrigatórias” (RODRIGUES, 2002, p. 7). As pessoas
realizam atos relativos à vida particular, às relações com outras pes-
soas e também com empresas e outras organizações ou entidades,
vivendo em uma sociedade organizada politicamente. As instituições
O
v
Leia mais sobre Teoria
da Empresa em:
<http://jus.com.br/re-
vista/texto/2901/o-
novo-codigo-civil-brasi-
leiro-e-a-teoria-da-em-
presa>. Acesso em: 7
maio 2012.
16 Curso de Graduação em Administração, modalidade a distância
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que tornam possível essa sociedade organizada têm base numa Cons-
tituição e num conjunto de leis de direito público e privado. É possível
verificar, portanto, que as relações e os atos das pessoas estão quase
totalmente determinados ou orientados pelo direito que estrutura essa
sociedade.
Vamos imaginar que vivemos em uma determinada sociedade,
em certo país soberano, e nos submetemos a um conjunto de leis, de-
cretos e outras normas porque sabemos que o seu descumprimento
gera uma sanção (multa, obrigação de indenizar, prisão). Podem al-
gumas pessoas achar, porém, que certas normas são injustas, que fa-
vorecem alguns grupos sociais. Outras, no entanto, consideram que
esse conjunto de normas tem por objetivo a justiça. Por isso, ao estu-
dar o direito vigente nessa sociedade podemos nos dedicar apenas
a conhecer como devem ser aplicadas as leis, mas, se nossa preocu-
pação for outra, faremos estudos críticos, para examinar se são justas
as normas.
Podemos perceber que o estudo do Direito pode
ser feito por diversos ângulos. Nesta disciplina,
vamos nos restringir ao estudodo conjunto de nor-
mas que regulam a atividade econômica privada,
que é exercida pelos empresários. Por isso, procu-
raremos conhecer alguns aspectos essenciais des-
sa legislação.
Direito Privado
O Direito Empresarial regula as relações e questões privadas,
das quais participam empresários. Há, no entanto, leis comerciais que
se aplicam também a pessoas comuns. É, portanto, um ramo do Direi-
to Privado, juntamente com o Direito Civil e o Direito do Trabalho.
O Direito Privado regula os direitos e obrigações que surgem
na vida social, mas só quando se tratam de questões de interesse indi-
vidual em relação à família, à sucessão, aos contratos, à propriedade
de bens móveis e imóveis e à atividade empresarial.
Já “o Direito Público é o destinado a disciplinar os interesses
gerais da coletividade” (RODRIGUES, 2002, p. 7). São ramos do
v
Leia mais sobre DireitoDireitoDireitoDireitoDireito
Civi lCivi lCivi lCivi lCivi l em: <http://
j u s 2 . u o l . c o m . b r /
d o u t r i n a /
areas.asp?sub0=14>.
Acesso em: 26 mar.
2012.
Leia mais sobre
Direito do TDireito do TDireito do TDireito do TDireito do Trabalhorabalhorabalhorabalhorabalho
em: <http://
www.pelegrino.com.br/>.
Acesso em: 7 maio
2012.
17Período 4
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1Direito Público, o Direito Constitucional, o Direito Administrativo, oDireito Processual, o Direito Penal e o Direito Econômico, entre outros.
O Direito Empresarial começou a se destacar do Direito Civil
na Idade Média, quando os comerciantes passaram a adotar, nas as-
sociações de profissões, denominadas corporações, regras específi-
cas, para agilizar a solução das questões que se repetiam. As mesmas
soluções para casos semelhantes foram fixando costumes que orien-
tavam o comportamento dos comerciantes nos seus negócios.
Normas Atuais de Direito Empresarial
O Código Civil contém normas sobre pes-
soas naturais e jurídicas, sobre obrigações e
contratos e outras, que se aplicam também aos
empresários. Contém, ainda, normas específicas
sobre o “direito de empresa”, regulando os direitos
e as obrigações dos empresários e das sociedades
empresárias ou não empresárias, entre outros as-
suntos. Relacionamos, a seguir, importantes leis
específicas sobre Direito Empresarial:
 Lei das Sociedades Anônimas (lei
n. 6.404/76);
 Lei de Registro de Empresas (lei
n. 8.934/94);
 Lei de Propriedade Industrial (lei
n. 9.279/96);
 Lei de Recuperação Judicial e Falên-
cia (lei n. 11.101/05);
 Lei de Duplicatas (lei n. 5.474/68);
 Lei do Cheque (lei n. 7.357/85); e
 Código de Defesa do Consumidor (lei
n. 8.078/90).
O novo Código Civil, lei n. 10.406, de 10 de ja-
neiro de 2002, que passou a produzir efeitos em
11 de janeiro de 2003, é dividido em parte geral
e parte especial. A parte geral contém as normas
relativas às pessoas naturais e jurídicas, aos bens
e aos fatos jurídicos (abrangendo os negócios ju-
rídicos e os atos jurídicos lícitos e os ilícitos).
A parte especial regula o direito das obrigações
(incluindo os contratos e a responsabilidade ci-
vil), o direito das coisas, o direito de família, o
direito das sucessões e também o direito de em-
presa, que não fazia parte do Código Civil anteri-
or. Assim, o novo Código Civil, nos artigos 966 a
1095, trata do empresário individual e da
sociedade empresária, do estabelecimento empre-
sarial, do registro de empresas, do nome empre-
sarial e dos prepostos do empresário, mas per-
manecem reguladas por diversas leis especiais as
sociedades anônimas, a recuperação judicial e fa-
lência, a propriedade industrial e muitas outras
matérias pertinentes à atividade empresarial. Por-
tanto, o direito de empresa, no novo Código Ci-
vil, apenas “fixa as diretrizes de um novo regime
jurídico empresarial”, conforme ressalta Alfredo
de Assis Gonçalves Neto (2007, p. 65).
Tô a fim de saber
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!
É importante anotar que não há mais um “código co-
mercial” no Brasil. Aquele que vigorava desde 1850
foi quase totalmente revogado pelo Código Civil de
2002, que deixou vigente apenas a parte específica
relativa ao comércio marítimo. Assim, atualmente, os
livros denominados “Código Comercial”, contêm, na
verdade, uma reunião de diversas leis que tratam dos
temas relacionados com a atividade econômica em-
presarial.
Saiba mais...
Para saber mais sobre cada uma das leis específicas sobre Direito Empresarial,
acesse os seguintes endereços:
<http://www.dnrc.gov.br/Legislacao/leis.htm>. Acesso em: 31 maio 2012.
<http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 31 maio 2012.
Conceito de Direito Empresarial
Podemos ver, portanto, que o Direito Empresarial é o conjunto
de normas que regulam a atividade empresarial, abrangendo os con-
tratos e outros atos jurídicos praticados pelo empresário, necessários
para organizar o estabelecimento e desenvolver a empresa, ou relacio-
nados a essa atividade, regulando também as relações entre empresários.
Passaremos a estudar o Direito de Empresa, como ponto de
partida para a compreensão das diversas leis especiais que discipli-
nam áreas específicas da atividade empresarial. Observe que aqui
serão utilizadas as expressões Direito Empresarial e Direito Comerci-
al, tradicionais e ainda usadas internacionalmente, indicando ambas
o mesmo campo do Direito Privado.
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1Direito de Empresa
No Código Civil, há vários institutos relativos à atividade eco-
nômica, reunidos sob o título de “Direito de Empresa”. O que signifi-
ca a inclusão desse direito no Código Civil? Significa que, dentre as
ações humanas na área privada, tendo em vista interesses particula-
res, há duas espécies principais. Há aquelas ações realizadas pelas
pessoas com interesse não econômico, visando a satisfação na vida
familiar, ou a compra de um imóvel para moradia, ou de bens para a
vida diária, seu lazer, sua saúde. Mas as pessoas podem também rea-
lizar ações tendo em vista não essa satisfação imediata, mas a orga-
nização e realização de uma atividade econômica de produção de
bens e serviços e sua negociação no mercado, visando obter ganhos
suficientes para, através deles, adquirir outros bens para satisfação
de suas necessidades pessoais. Em resumo, o Código Civil trata de ati-
vidades não econômicas e também de atividades econômicas.
Atividade Econômica
Mas o que é atividade econômica? Em termos gerais, é econô-
mica a atividade que, reunindo trabalho e recursos, produz algum bem
ou serviço que possa ser avaliado como riqueza ou nova vantagem
econômica criada. Em sentido amplo, os serviços públicos também
são atividade econômica. Em sentido estrito, atividade econômica é a
que não inclui o serviço público. É atividade econômica a que tem
possibilidade de produzir lucros, mesmo que na prática isso não
ocorra, por qualquer motivo.
ATIVIDADE ECONÔMICA  POTENCIALMENTE = LUCROS
A atividade econômica é, conforme o Código Civil, exercida
pelo empresário, que organiza os meios necessários para a produção
ou comercialização de bens e de serviços.
No entanto, o Código Civil determina que algumas atividades
econômicas não são empresariais, como por exemplo, a dos profissio-
nais liberais, que veremos a seguir.
Portanto, de acordo com o Código Civil, a atividade econômi-
ca privada é subdividida em:
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 Empresarial; e
 Não Empresarial.
Atividade Econômica Empresarial
Vejamos o que é atividade econômica empresarial. Será ape-
nas a de produção e comercialização de bens, ou também de servi-
ços? E quais? Há exceções? Não resolveremos essas questões exami-
nando as características das empresas existentes na economia real.
É necessário consultar o Código Civilpara verificar o que, para
o Direito, será considerado como atividade econômica empresarial
e, portanto, regulada pelo direito empresarial. Eis aí uma questão es-
sencial para a prática dos profissionais que atuam junto às empresas,
procurando cumprir as leis. Bem, o Código Civil, no art. 966, define
quem é empresário: “Considera-se empresário quem exerce profissio-
nalmente atividade econômica organizada para a produção ou a cir-
culação de bens ou de serviços” (BRASIL, 2002).
Portanto, nesse artigo, podemos observar o que é atividade
empresarial: é a atividade econômica organizada realizada pelo em-
presário. Em outras palavras, essa atividade é a empresa. Sim, pois o
empresário exerce a empresa.
Ora, verificamos que, para o Código Civil, a atividade econô-
mica empresarial abrange todos os bens e serviços, com apenas algu-
mas exceções que o próprio Código especifica.
O texto completo do art. 966 do Código Civil é o se-
guinte: “Considera-se empresário quem exerce profis-
sionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens e de serviços.
Parágrafo único: Não se considera empresário quem
exerce profissão intelectual, de natureza científica, li-
terária ou artística, ainda com o concurso de auxilia-
res ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento da empresa.”
As exceções são as seguintes:
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 atividade de profissional intelectual – de natureza científi-
ca, artística ou literária;
 produtor rural que não se registrar na Junta Comercial; e
 cooperativas.
Não se preocupe, vamos tratar desse tema mais
adiante!
Elementos da Atividade Empresarial
Verificamos, assim, que o Código Civil incorporou a Teoria da
Empresa, de origem italiana, para caracterizar quais atividades eco-
nômicas privadas serão reguladas pelo Direito Empresarial. Isso sig-
nifica que toda a atividade econômica que tem potencialidade de pro-
duzir lucro está sujeita ao Direito Empresarial, salvo exceções.
Diz o Código Civil que o empresário exerce a atividade econô-
mica. Mas quem é ele? É uma pessoa física ou jurídica que organiza
os fatores de produção (capital, trabalho e bens da natureza) para
desenvolver a atividade empresarial. Tal atividade é, então, a empresa.
São três os elementos da atividade empresarial:
 Economicidade;
 Organização; e
 Profissionalismo.
Economicidade: a atividade deve ser econômica ou não será uma
empresa. Atividade significa que uma série de atos é realizada visando
um determinado fim, que é econômico, ou seja, a produção ou a circula-
ção de bens ou serviços, com potencialidade de lucros no mercado.
É atividade econômica porque visa criar riqueza a gerar lucro,
que é o objetivo da produção e circulação de bens ou da pres-
tação de serviços, ou constituir um instrumento para a conse-
cução de outros fins, caso em que aquele lucro é um meio e
não a finalidade da atividade econômica. (DINIZ, 2009, p. 15).
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Organização: a reunião de capital, natureza e trabalho se con-
cretiza no estabelecimento empresarial, que é o conjunto organizado
de bens para realizar a atividade.
Profissionalismo: a atividade deve ser habitual. O empresário
individual desenvolve a empresa com a intenção de obter lucro para
satisfazer suas necessidades, como meio de vida. A pessoa jurídica
será empresária se desenvolver uma atividade que pode gerar lucros,
mesmo que não seja esse o objetivo final.
É importante observarmos que a organização existe mes-
mo que não seja contratada a mão de obra, pois o
empresário reúne bens de capital para a atividade. Não
é necessário, portanto, que todos os fatores de produ-
ção estejam reunidos para que seja caracterizado um
empresário. O empresário realiza a atividade, em nome
próprio, não como empregado, e corre risco empresarial.
Não é, deste modo, um “trabalhador autônomo". Assim,
não é pelo porte que qualificamos alguém como em-
presário, pois ele pode ser "pequeno empresário”.
Atividades Econômicas Não Empresariais
Trataremos agora das atividades econômicas que não são con-
sideradas empresariais pelo Código Civil:
 Profissional Intelectual é aquele que realiza prestação de
serviços pessoalmente, mesmo que com ajuda de colabo-
radores, nos campos científico, literário ou artístico. As-
sim, um médico não é empresário individual se apenas pres-
ta seus serviços pessoalmente. Se contratar outros médi-
cos para realizar o serviço, passa a ser um empresário que
organiza o trabalho alheio para prestar serviços. Quando
organiza um hospital, também se torna empresário.
Um escultor que produz a obra pessoalmente não é empresá-
rio, porque o Código Civil não considera essa atividade empresarial.
23Período 4
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1Mas se ele contratar operários para a reprodução em série de suasobras, então a sua capacidade artística passa a ser utilizada apenas
como mais um elemento para proporcionar a produção organizada
de forma empresarial, pois surge uma empresa.
 Produtor Rural: o Código Civil permite que, por opção, o
produtor providencie o registro na Junta Comercial, quan-
do passa a ser empresário para todos os fins. Se optar por
não se registrar, então não será considerado empresário,
não fica sujeito às regras relativas aos empresários.
 Cooperativa: o Código Civil estabelece que as cooperativas
devem ser consideradas sociedades simples, ou seja, soci-
edades não empresárias.
 Sociedade de produção rural que optar por registrar-se
em Cartório de Pessoas Jurídicas será sociedade simples.
Porém, se o registro for feito na Junta Comercial, torna-se
sociedade empresária, por opção.
Portanto, todas as demais atividades econômicas são, atual-
mente, empresariais. Por exemplo: uma escola, uma imobiliária.
Empresa – Conceito Econômico e Conceito Jurídico
No sistema capitalista de produção, constatamos facilmente que
há certas organizações, grandes ou pequenas, que produzem e
comercializam os bens e prestam os serviços que circulam no merca-
do. Essa é uma percepção de um fato econômico – o de que existem
organismos que realizam essas atividades e que são chamados em-
presas.
O Direito é chamado para regular as relações entre as pessoas
que realizam ou participam dessas atividades. O Direito não regula,
obviamente, a atividade física de produção e as questões técnicas.
Regula as questões relativas à organização jurídica das sociedades,
para que cumpram sua função de estimular a reunião de pessoas e de
recursos para a produção, bem como as demais obrigações e direitos
dos que atuam nessas atividades econômicas.
v
As sociedades simples
não estão sujeitas ao
regime jurídico empre-
sarial.
v
Antes do novo Código
Civil eram “sociedades
civis”.
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1 A Teoria da Empresa
Ao examinar a empresa como uma organização com função
econômica no sistema capitalista, juristas europeus constataram que
há três elementos a destacar e considerar pelo direito. Assim, confor-
me a Teoria da Empresa, a análise jurídica desse organismo econômi-
co deve distinguir os seguintes perfis da empresa:
 o empresário;
 o estabelecimento; e
 a atividade econômica.
Foi então desenvolvida a Teoria da Empresa para explicar como
esses três elementos deveriam ser tratados e regulados pelo direito.
O empresário é quem exerce a empresa. É o sujeito de direi-
to, ou seja, aquele que exerce um poder sobre os bens destinados à
produção e os organiza de maneira a alcançar a finalidade de lucro,
assumindo a responsabilidade pelos atos necessários para que seja
realizada a atividade. O estabelecimento é o conjunto dos bens
reunidos e organizados para realizar a atividade econômica. A ativi-
dade econômica é o empreendimento queestá sendo realizado e é
denominada, no Direito, EMPRESA.
Portanto, empresa é a atividade econômica desenvolvida pelo
empresário, que, para isso, utiliza-se do estabelecimento. Esse é o con-
ceito jurídico de empresa.
É importante fixar as diferenças: o empresário é pessoa. Ele é
quem desenvolve a empresa. Logo, a “empresa” não compra, não con-
trata. É o empresário quem faz isso. A empresa não é o prédio com os
equipamentos. Esse conjunto de bens é o estabelecimento.
Empresário
O empresário é o sujeito de direito, aquele que assume respon-
sabilidades, obrigações e que adquire direitos pelo exercício da em-
presa. O empresário pode ser:
 Empresário Individual: que é uma pessoa natural; e
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 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI):
que é uma pessoa jurídica.
Atenção: o empresário individual deve registrar-se na
Junta Comercial para ser regular, ou seja, conforme a
lei. Mas jamais se torna uma pessoa jurídica por esse
registro. Somente uma sociedade registrada é que ad-
quire a condição de pessoa jurídica. Ocorre que a le-
gislação do Imposto de Renda equipara o empresário
individual a uma pessoa jurídica. Para efeitos tributá-
rios é feito o cálculo do lucro da empresa, como se
houvesse um patrimônio da pessoa física, e outro, do
empresário individual. Mas não há essa separação no
direito. O patrimônio é um só. Assim, os bens da pes-
soa física podem ser penhorados na justiça para pa-
gar dívidas que ele assumiu como empresário. Se esse
empresário quiser separação entre pessoa física e ju-
rídica, terá de constituir e registrar sociedade com ou-
tra pessoa.
Requisitos para Ser Empresário Individual
Posteriormente, trataremos das sociedades empresárias que,
registradas, tornam-se pessoas jurídicas. Agora vamos examinar as
exigências do Código Civil para que uma pessoa seja considerada
empresário individual.
Será necessário o registro na Junta Comercial? É exigido por
lei, mas para ser considerado regular, vamos ver o que é necessário:
 Empresário individual pode ser regular e irregular;
 Empresário individual regular é a pessoa natural, com ple-
na capacidade jurídica, que não está impedida de exercer
atividade empresarial, que obteve a sua inscrição na Junta
Comercial e que efetivamente exerce a atividade.
vA EIRELI, pre-vista no artigo
980-A, do Códi-
go Civil, é uma
pessoa jurídica e,
portanto, tem patrimônio au-
tônomo, separado do
patrimônio da pessoa física
que é a sua titular. O capi-
tal mínimo integralizado para
inscrição de uma EIRELI na
Junta Comercial é de 100
salários mínimos.
26 Curso de Graduação em Administração, modalidade a distância
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
A seguir você verá “capacidade civil” e “impedidos”...
Empresário individual irregular é a pessoa natural, com plena
capacidade jurídica, que exerce efetivamente uma atividade empre-
sarial, mas sem registro na Junta Comercial.
Assim, o empresário, mesmo irregular, será responsável pelas
obrigações que assumiu perante consumidores, trabalhadores, Esta-
do e demais credores, e sofrerá, ainda, a punição prevista na lei que o
proibia de ser empresário.
Vamos examinar alguns aspectos sobre os requisi-
tos da capacidade civil e do não impedimento de
exercício da atividade empresarial.
Capacidade Civil
De acordo com o Código Civil é plenamente capaz quem tem
18 anos ou foi emancipado. Os absolutamente incapazes, com menos
de 16 anos, e os relativamente incapazes, maiores de 16 e menores de
18 anos, entre outros casos previstos no art. 4º do Código Civil, não
podem ser empresários. No entanto, excepcionalmente, se um pai
empresário falece, o filho menor poderá ser autorizado pelo juiz a
continuar a empresa, sendo representado, se for absolutamente in-
capaz; ou assistido, se for relativamente incapaz.
Pode também ser autorizada a continuar a empresa a pessoa
que, embora maior de idade, veio a tornar-se relativamente incapaz,
por ter perdido o discernimento necessário, ou ser declarado pródigo
(sem discernimento para administrar o dinheiro, deixando a família à
míngua por perder a noção real dos valores envolvidos em negócios
completamente desfavoráveis).
Um caso de emancipação é relacionado com a atividade eco-
nômica. Se uma pessoa com menos de 18 anos, mas já com 16, orga-
nizou um estabelecimento empresarial e realiza de fato um negócio,
ou seja, uma atividade econômica, obtendo os resultados necessários
para uma autonomia econômica, poderá ser declarada emancipada,
conforme o artigo 5º, parágrafo único, inciso V do Código Civil.
v
Você pode ler os arti-
gos 3º, 4º, 5º e 1.690
do Código Civil sobre
capacidade, no sítio:
<www.dnrc.gov.br>.
Acesso em: 7 maio
2012.
v
Reveja quais ativida-
des não são considera-
das econômicas em
“Atividades econômi-
cas não empresariais”
27Período 4
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1Impedidos de Exercer Atividade Empresarial
Por outro lado, o Direito prevê os casos em que, mesmo com
plena capacidade jurídica, a pessoa pode ser impedida, total ou par-
cialmente, de praticar certa atividade. Há leis que impedem ou proí-
bem a prática da atividade empresarial, em alguns ou em todos os
ramos, por pessoa física que já exerce outra atividade ou porque está
sendo sancionada (punida). Vejamos algumas situações:
São impedidos ou proibidos:
 funcionário público civil da União (lei n. 8.112/90);
 militares da ativa da União (lei n. 6.880/80);
 policiais militares dos Estados;
 funcionários públicos dos Estados e Municípios, conforme
as respectivas leis;
 juízes;
 falidos, enquanto não forem declaradas extintas suas obri-
gações;
 falidos condenados por crime falimentar, durante o prazo
legal;
 estrangeiros sem visto permanente (lei n. 6.815/80); e
 médicos, quanto à produção e comércio de medicamentos.
É importante observar que o indivíduo impedido de ser empre-
sário individual não está impedido de ser sócio de uma sociedade
limitada ou ser acionista de uma Sociedade Anônima – S.A., porém,
a ele não é permitido administrar.
Se, apesar de impedida, uma pessoa exerce a atividade empre-
sarial, então ela é considerada um empresário e será responsável pe-
las obrigações resultantes, isso quanto ao direito Empresarial, por
determinação legal (Art. 973 do Código Civil). Além disso, tal pessoa
responderá pela prática profissional proibida e será punida adminis-
trativamente, se for funcionária pública, e criminalmente, se previsto na lei.
Por exemplo: como qualificar os atos de um juiz, impedido de
exercer atividade empresarial, que reuniu recursos financeiros e de-
terminou a outra pessoa que adquira peças de computador para re-
venda a certas empresas que conhece, uma vez por mês? Na verdade,
28 Curso de Graduação em Administração, modalidade a distância
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1 organizou capital e trabalho, tornou-se empresário, tenha realizadoregistro na Junta Comercial ou não, e será responsável como explicado.
Há outros impedidos, conforme Instrução Normativa DNRC
n. 97/2003 (Manual de Atos de Registro do Empresário)
Em resumo, para ser qualificada como empresário individual
regular, a pessoa natural (ou física) deve:
 ter plena capacidade jurídica;
 não ser impedida ou proibida por lei quanto ao exercício
da atividade econômica;
 praticar de fato a atividade econômica empresarial, pois só
o registro sem a prática não torna a pessoa um empresá-
rio; e
 registrar-se.
Saiba mais...
Para saber mais sobre a Instrução Normativa DNRC n. 97/2003, acesse:
<http://www.dnrc.gov.br/>. Acesso em: 27 mar. 2012.
vAs Instru-
ç õ e s
Normativas
– IN – são
expedidas pelo Departa-
mento Nacional de Re-
gistro do Comércio e es-
tão disponíveis em:
<www.dnrc.gov.br>.
Acesso em: 7 maio
2012.
29Período 4
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1
Obrigações dos Empresários: registro de
empresa e escrituração
Olá estudante!
Nesta seção você compreenderá porque os empre-
sários têm determinadas obrigações e porque de-
vem cumpri-las. Verá também quais são as vanta-
gens de cumprir e as consequências de não cum-
prir tais obrigações.
Vamos juntos nesta empreitada, pois você sabe que
estamos sempre aqui para auxiliá-lo.
Código Civil determina que todos os que exercem atividade
empresarial têm o dever de:
 registrar-se na Junta Comercial;
 escriturar os livros obrigatórios de acordo com a legislação
comercial; e
 levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado
econômico.
Vamos examinar os aspectos relativos ao registro e à escrituração.
Registro Público de Empresas Mercantis e
Atividades Afins
O Código Civil determina no art. 967: “É obrigatória a inscri-
ção do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da res-
pectiva sede, antes do início de sua atividade” (BRASIL, 2002). A
expressão empresário, neste caso, inclui o individual e a sociedade
empresária. As pessoas naturais e as sociedades que exercerão ativi-
dade empresarial devem se registrar na Junta Comercial. Se a ativida-
O
30 Curso de Graduação em Administração, modalidade a distância
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1
!
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de é econômica, mas não é empresarial, então o registro será no Car-
tório de Registro de Pessoas Jurídicas.
O produtor rural e a sociedade produtora rural que quiserem,
por opção, enquadrar-se na condição legal de empresário devem se
registrar na Junta Comercial, caso contrário não se aplicará a eles a
legislação comercial. As cooperativas devem registrar-se na Junta
Comercial. Sempre que efetuado o registro de uma empresa, ela rece-
berá o Número de Identificação do Registro de Empresas – NIRE.
Como já destacado, a inscrição do empresário in-
dividual não cria uma pessoa jurídica, apenas re-
gulariza sua condição de empresário. Sem a ins-
crição será empresário, embora irregular.
Órgãos Encarregados do Registro
Os órgãos encarregados desse registro público são os seguintes:
 Departamento Nacional do Registro do Comércio – DNRC,
em nível federal. Fixa as diretrizes gerais para a prática
dos atos de registro.
 Juntas Comerciais: é o órgão com a função de executar os
atos do Registro de Empresas. São subordinadas em dois
níveis:
 ao DNRC, quanto aos aspectos técnicos e legais do
Direito Empresarial; e
 ao governo estadual, quanto aos aspectos adminis-
trativos, tais como regime dos servidores.
Em cada Estado há uma Junta Comercial, com sede
na Capital, mas que atende todo o território, instalan-
do repartições em municípios do interior e desenvol-
vendo a prestação de serviços informatizados.
31Período 4
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1Atos de Registro
São três as espécies de atos de registro praticados pela Junta:
 Arquivamento dos documentos relativos à constituição e
alterações apresentados por empresário individual, socie-
dades empresárias e cooperativas; dos atos relativos a con-
sórcio de empresas e grupos de sociedades; das declara-
ções de microempresas, entre outros.
 Autenticação dos livros ou instrumentos de escrituração
contábil.
 Matrícula de leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes
comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns
gerais.
O Código Civil usa a expressão inscrição para o registro que
o empresário realiza. Mas, na Junta, essa inscrição é feita através do
arquivamento dos documentos.
Efeitos de Publicidade
O principal efeito do registro é a publicidade dos atos impor-
tantes do empresário para terceiros. É um registro público e, assim,
qualquer pessoa pode requerer certidões relativas aos documentos
arquivados, pagando o preço pelo serviço.
O empresário deve estar atento ao seguinte: se forem realiza-
das alterações das condições da empresa do empresário individual,
ou da sociedade empresária, tais como: saída de sócio, mudança de
administrador, venda de estabelecimento, neste caso, deve ser provi-
denciado o arquivamento do documento relativo à alteração na Junta
Comercial, para que terceiros (fornecedores, consumidores, credores
em geral) não possam alegar desconhecimento do fato (BRASIL,
2002).
Cabe às Juntas examinar apenas os aspectos formais dos do-
cumentos apresentados para arquivamento, autenticação ou outro ato.
Elas não possuem função judicial, ou seja, de julgar o mérito dos inte-
resses constantes dos documentos, tais como questões e disputas en-
tre sócios.
32 Curso de Graduação em Administração, modalidade a distância
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1 Consequências Danosas do Não Registro
Quais sanções o empresário sofre se não realizar o registro?
Não há penalidade específica. Mas muitas consequências negativas
advirão no curto, médio e longo prazos para aquele que ficar numa
situação irregular. Vejamos algumas:
 O empresário individual permanece na condição de irregu-
lar e fica sujeito à Lei das Falências, se for requerida falên-
cia contra ele. Nesse caso, não terá livros regulares para
comprovar a sua situação, fato que a Lei de Falências qua-
lifica como crime.
 A sociedade não registrada será irregular, e os sócios não
terão responsabilidade limitada. Nesse caso, deverá ser apli-
cada a Lei das Falências, como indicado anteriormente.
 Empresário individual e sociedades irregulares não terão
direito à Recuperação Judicial de Empresas, pois não te-
rão escrituração.
 Não poderá participar de licitação pública.
 Não terá inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídi-
ca nem nos cadastros tributários estaduais e municipais,
ficando sujeito à fiscalização e às sanções tributárias, po-
dendo inclusive ser processado criminalmente. Também não
terá cadastro no INSS, com as mesmas consequências.
 Não poderá enquadrar-se como microempresa ou empresa
de pequeno porte.
Escrituração
 Após conhecermos o Registro de Empresas, vamos examinar
aspectos importantes sobre a Escrituração que, mais do que um de-
ver legal de todos os empresários, constitui-se num conjunto de infor-
mações organizadas sobre os bens, direitos e obrigações relativas ao
exercício da sua atividade, indispensáveis para uma administração
com os melhores resultados no presente e com perspectivas para cres-
cer com segurança.
v
O enquadramento de
microempresa e de
empresa de pequeno
porte é feito na Junta
Comercial, conforme
Instrução Normativa
DNRC n. 103/07.
Mas, antes disso, a
sua inscrição como
empresário individual
ou sociedade empre-
sária deve ser feita.
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1Funções da Escrituração
Determina o Código Civil, no art. 1.179, que:
O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir
um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base
na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência
com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o
balanço patrimonial e o de resultado econômico.
A expressão livro, na verdade, refere-se aos instrumentos para
seguir um sistema de escrituração contábil que pode ser manual, me-
canizado ou eletrônico.
Conforme Rubens Requião, nos séculos XIV e XV, na Itália, foi
desenvolvido o método das “partidas dobradas”, aperfeiçoando a téc-
nica da escrituração e o conhecimento da contabilidade (REQUIÃO,
2003, p. 163).
Três funções principais da escrituração podem ser destacadas,
conforme Coelho (2007, p. 78):
• Função gerencial: instrumento para tomada de decisão pelo
empresário.
• Função documental: instrumento para demonstração da exa-
tidão dos valores de interesse dos sócios, investidores, par-
ceiros empresariais, credores, órgão público.
• Função fiscal: permite que o Fisco, ou seja, o Estado, na sua
função de arrecadar os tributos necessários para satisfação
das despesas públicas, verifique a exatidão das operações
lançadas, dos lucros e do valor dos tributosdevidos. Percebe-
mos, também, que possibilita a divisão justa da carga tributá-
ria, de acordo com quem realiza maior faturamento e lucros.
Espécies de Livros
O empresário deve manter livros exigidos por leis comerciais,
mas também livros exigidos por leis tributárias, trabalhistas ou outras.
Os livros empresariais são os exigidos por leis comerciais, e são clas-
sificados em obrigatórios e facultativos:
34 Curso de Graduação em Administração, modalidade a distância
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1  Obrigatórios: a falta de escrituração ou escrituração irre-gular é a causa de sanções previstas em lei.
Subdividem-se em:
 Comum: obrigatório para todos os empresários. Atu-
almente só o Diário está nessa condição.
 Especiais: exigidos para certo tipo de atividade, por
lei específica.
Exemplos:
 Livro de registro de duplicatas, para empresário que
emite duplicatas.
 Livro de registro de ações nominativas, atas das
assembleias gerais e outros, exigidos pela Lei das So-
ciedades Anônimas.
 Livro de atas da assembleia e livro de atas da admi-
nistração, previstos no Código Civil para as socieda-
des limitadas.
 Facultativos: são escriturados pelo empresário visando o
aperfeiçoamento das informações e do controle. Sua falta
de escrituração não é causa de sanções, pois não são exi-
gidos por lei. São exemplos de facultativos ou auxiliares,
os livros de contas correntes, razão, caixa. Pode ocorrer
que uma lei tributária exija escrituração de um livro auxiliar
e, apenas para efeitos de direito tributário será obrigatório.
Pequeno Empresário
O Código Civil dispensa, no art. 1.179, § 2º, o pequeno empre-
sário das exigências de escrituração. Quem é o pequeno empresário?
A resposta foi finalmente dada pela lei complementar n. 123/2006, no
art. 68: “é o empresário individual caracterizado como microempresa
na forma desta lei complementar que aufira receita bruta anual até o
limite previsto no § 1º do art. 18-A”.
Portanto, o pequeno empresário está dispensado da escritura-
ção contábil, desde que preencha os seguintes requisitos:
 seja empresário individual (não sociedade);
vConforme o § 1º do art.18-A, o limite é de
R$ 60.000,00, conforme
redação determinada pela
Lei Complementar n. 139,
de 10/11/2011.
35Período 4
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 esteja enquadrado como microempresa na lei complemen-
tar n. 123/06; e
 tenha faturamento anual de até R$ 60.000,00.
Atenção: os demais microempresários e empresários
de pequeno porte não estão dispensados da escritura-
ção. Há outros Livros do Empresário além dos livros
empresariais e também há os exigidos pela legislação
tributária, previdenciária e trabalhista, dentre outros.
Regularidade da Escrituração: requisitos
Será regular a escrituração que preencher os seguintes requisitos:
 intrínsecos: referem-se ao conteúdo, isto é, à própria es-
crituração. Conforme o art. 1.183 do Código Civil: “A es-
crituração será feita em idioma e moeda corrente nacio-
nais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia,
mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, bor-
rões, rasuras, emendas ou transportes para as margens”.
 Extrínsecos: referem-se à autenticação do livro ou de outro
meio de escrituração, na Junta Comercial, constando o ter-
mo de encerramento e de abertura, identificando-se o em-
presário e o contador.
Extravio e Perda de Livros
Conforme a Instrução Normativa n. 107/2008, do Departamento
Nacional de Registro do Comércio, devem ser adotadas as seguintes
providências no caso de extravio ou perda de livros:
 publicar aviso em jornal de grande circulação;
 apresentar à Junta Comercial uma comunicação, 48 horas
após a publicação do aviso; e
 efetuar a recomposição da escrituração para obter nova
autenticação.
v
Ver Instrução
Normativa DNRC
n. 107/2008.
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1 Dessa maneira, o empresário, desde que tenha agido sempre deboa fé, sendo reais os fatos e a recomposição, evitará futuras sanções.
Sigilo Contábil e Casos de Exibição da Escrituração
O sigilo, em termos gerais, é preservado, conforme o Código
Civil, art. 1.190,
Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade,
juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou orde-
nar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade
empresária observam, ou não, em seus livros e fichas as for-
malidades prescritas em lei.
Exibição administrativa: face à necessidade de uma fisca-
lização tributária que evite a concorrência desleal dos sonegadores,
diante daqueles que cumprem suas obrigações, a lei impõe aos em-
presários a exibição dos livros aos órgãos administrativos ou aos agen-
tes da fiscalização. Assim, a escrituração passa a ser um importante
elemento para verificar a veracidade dos valores dos tributos pagos.
Exibição judicial: por determinação judicial, a exibição pode ser:
 parcial: quando é extraída apenas a informação necessá-
ria; ou
 total: quando a escrituração é toda examinada, mas so-
mente nos casos permitidos em lei como: liquidação de
sociedade, sucessão por morte de sócio ou por morte de
empresário individual e a pedido de acionistas de S.A. ou
de sócios de Ltda.
Força da Escrituração como Prova
A escrituração valerá como prova:
 contra o empresário: mesmo sendo livro irregular, os dados
provarão contra o empresário que o escriturou. Poderá, con-
tudo, provar que houve apenas um erro em tal escritura-
ção, se for o caso.
37Período 4
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1 a favor do empresário: desde que cumpra os requisitos in-trínsecos e extrínsecos, sendo, portanto, regular a escritu-
ração, valerá como prova, no caso de questão na Justiça
com outro empresário, tendo respaldo em documentos.
Sanções pela Falta de Escrituração
A falta de escrituração pode trazer as seguintes sanções:
 No caso de uma ação judicial, em que outro empresário
afirma ao juiz que ele não pagou certa dívida, se o outro
empresário pedir a exibição do livro do acusado para veri-
ficar a existência da dívida, e ele não apresentar, o juiz
poderá considerar verdadeira a afirmação do acu-
sador. Tendo ele escrituração regular, apresentará o livro
e evitará problemas.
 O empresário que, no caso de falência, não possuir escritu-
ração regular, estará sujeito ao art. 178 da Lei de Recupe-
ração e Falência – LRF, que classifica como crime: “Dei-
xar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois
da sentença que decretar a falência, conceder a recupera-
ção judicial ou homologar o plano de recuperação
extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obri-
gatórios. Pena: detenção de um a dois anos e multa, se o
fato não constitui crime mais grave”.
 O empresário sem escrituração regular não poderá obter
o benefício da recuperação judicial, conforme Lei das
Falências, pois não poderá apresentar demonstrações
contábeis sobre sua situação.
Conservação da Escrituração
É uma exigência do art. 1.194 do Código Civil:
O empresário e a sociedade empresária são obrigados a con-
servar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e
mais papéis concernentes a sua atividade enquanto não ocor-
rer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consig-
nados.
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Saiba mais...
Acesse <www.portaldoempreendedor.gov.br>, acesso em: 14 maio 2012. e
conheça a figura jurídica do Microempreendedor Individual (MEI): A Lei
Complementar no. 128, de 19/12/2008 criou um regime jurídico para estimu-
lar o pequeno empresário individual, com faturamento anual até R$
36.000,00, a legalizar-se.
Acesse <www.receita.fazenda.gov.br/Simples Nacional>. Acesso em: 14
maio 2012. Regime Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições
devidos pelas Microempresas e Empresas de PequenoPorte, instituído pela lei
complementar n. 123/2006.
Acesse <www.dnrc.gov.br>, acesso em: 31 maio 2012, sobre
enquadramento de ME e EPP, conforme IN n. 103/2007.
Parabéns, você chegou ao final da Unidade. Verifi-
que se o conteúdo aqui abordado contemplou os
objetivos propostos no início. Caso tenha ficado
alguma dúvida, releia até entender o assunto. É
muito importante que você compreenda o que foi
exposto até agora. Se precisar entre em contato
com o seu tutor para sanar qualquer dúvida.
RRRRResumindoesumindoesumindoesumindoesumindo
Você estudou nesta Unidade que o Direito Empresarial,
como disciplina, estuda o conjunto de normas jurídicas desti-
nadas a regular o exercício da atividade econômica pelos em-
presários, o que envolve o registro, a escrituração e o estabele-
cimento utilizado pelo empresário. Aprendeu que o empresário
individual registra-se na Junta Comercial, mas não se torna
pessoa jurídica. Também aprendeu que há casos de pessoas
impedidas legalmente de desenvolver atividade empresarial,
mas, se a realizarem, responderão pelas dívidas e outras obri-
gações assumidas. Nesta Unidade, você pôde observar como é
importante fixar o conceito de empresário, de empresa e de esta-
belecimento. Agora você pode compreender que, numa socieda-
r
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de empresária, os sócios não são considerados empresários, pois
é a sociedade (pessoa jurídica) que é empresária. E os sócios são
empreendedores ou investidores. Ficou claro que não devemos
confundir o estabelecimento (bens) com a empresa (atividade).
Alertou-se que é interesse do empresário providenciar sua ins-
crição na Junta Comercial e manter escrituração regular.
AAAAAtividades de aprtividades de aprtividades de aprtividades de aprtividades de aprendizagemendizagemendizagemendizagemendizagem
Chegamos ao final da Unidade 1. Este é o momen-
to de você aplicar o que aprendeu respondendo às
atividades de aprendizagem. Verifique se conse-
guiu atingir os objetivos propostos nesta Unidade;
caso não se lembre, volte e releia. É muito impor-
tante que você tenha entendido o assunto aborda-
do até aqui para poder dar continuidade ao seu
estudo.
Lembre-se, estamos aqui para auxiliar você no que
for preciso.
Bom trabalho!
1. Com base na Instrução Normativa DNRC n. 97/2003 relacione os
dados obrigatórios para elaborar um Requerimento de Inscrição de
Empresário Individual.
2. Responda, quanto ao empresário individual, com base na Instrução
Normativa DNRC n. 97/2003, as seguintes questões:
a) É uma pessoa jurídica?
b) O patrimônio da pessoa natural que tem inscrição de em-
presário individual pode ser penhorado se as dívidas rela-
tivas à empresa não forem pagas?
c) Como deve ser feita a descrição do objeto no requerimento?
d) Estrangeiro sem visto permanente pode ser empresário?
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1 3. Com os conhecimentos apreendidos, você pode reforçar o aprendiza-do sobre o conteúdo desta Unidade respondendo às questões do exer-
cício proposto a seguir.
 Assinale a resposta correta:
a) A Teoria da Empresa demonstrou que a empresa:
( ) É um conjunto de bens organizados para a atividade
econômica.
( ) Tem grande poder econômico e político.
( ) É a atividade econômica desenvolvida pelo empresário,
utilizando-se do estabelecimento.
b) Atividades econômicas não empresariais:
( ) São as realizadas sem perspectiva de lucro.
( ) São as realizadas por empresários que organizem esco-
la ou imobiliária.
( ) São apenas aquelas expressamente excluídas pelo Có-
digo Civil.
c) O empresário individual:
( ) É uma pessoa jurídica, após o registro.
( ) Não é uma pessoa jurídica e, mesmo após o registro,
não há um patrimônio do empresário separado da pessoa
física.
d) Se o empresário não providenciar sua inscrição na Junta
Comercial:
( ) Não será considerado empresário, mas trabalhador au-
tônomo.
( ) Será considerado empresário se realizar a atividade em-
presarial, porém, irregular.
e) Os livros obrigatórios comuns:
( ) É o que a lei exige que sejam escriturados por todos os
empresários.
( ) São aqueles exigidos no caso de atividades específicas
dos empresários.
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Objetivo
Nesta Unidade você estudará os seguintes temas:
as características e os elementos do instrumento
utilizado pelo empresário para o exercício da atividade
empresarial: o estabelecimentoo estabelecimentoo estabelecimentoo estabelecimentoo estabelecimento; as características
do nome adotado pelo empresário para sua
identificação nos contratos e demais relações
jurídicas: o nome empresariao nome empresariao nome empresariao nome empresariao nome empresarial; a proteção dos
direitos relat ivos às patentes de invenções
e à tecnologia, bem como às marcas; e a repressão
à concorrência desleal.
2
UNIDADE
Estabelecimento,
Nome Empresarial e
Propriedade Industrial
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43Período 4
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2


Estabelecimento Empresarial
Prezado estudante,
Nesta seção você verá como o empresário organiza
vários bens, móveis e imóveis, registra uma marca,
cria ou adquire tecnologia, constituindo uma uni-
dade organizacional, para conseguir realizar a ati-
vidade econômica em um ambiente de livre con-
corrência, estruturando assim as condições para
alcançar resultados positivos. Pois bem, a esse
conjunto organizado de bens denominamos esta-
belecimento, cujas características serão examina-
das a seguir.
Conceito de Estabelecimento
Inicialmente, vamos recordar que, conforme a Teoria da Em-
presa, o Direito Empresarial regula a atividade econômica de produ-
ção e de circulação de bens e serviços, tratando dos três perfis ou
aspectos das organizações empresariais:
 o empresário: responsável pelo exercício da atividade;
 o estabelecimento: conjunto de bens que ele organiza para
conseguir desenvolver a atividade e alcançar seu objetivo
de lucro; e
 a empresa: a atividade sendo desenvolvida.
Portanto, para o exercício da empresa, o empresá-
rio providenciará a obtenção e organização dos bens
e meios necessários, comprando, alugando ou fir-
mando outro tipo de contrato.
44 Curso de Graduação em Administração, modalidade a distância
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2
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O estabelecimento, constituído pela organização desses bens,
é o instrumento para o exercício da atividade empresarial.
E seu conceito é o que segue, conforme o Código Civil (art.
1.142): é o “complexo de bens organizado, para o exercício da empre-
sa, por empresário ou por sociedade empresária”.
Elementos do Estabelecimento Empresarial
Esse complexo de bens é composto de:
 bens corpóreos: máquinas, utensílios, produtos em esto-
que, veículos, galpões, ou seja, todos os bens móveis e imó-
veis organizados e utilizados na atividade; e
 bens incorpóreos: patente de invenção, desenho industrial,
marca, nome empresarial, título do estabelecimento, ponto
empresarial e outros direitos.
Atenção: esse conjunto de bens faz parte do patrimônio
do empresário ou da sociedade empresária. Outros
bens, como um imóvel que não é utilizado na ativida-
de econômica, também fazem parte do patrimônio do
empresário, mas não do estabelecimentoestabelecimentoestabelecimentoestabelecimentoestabelecimento.
Valor do Estabelecimento
O estabelecimento organizado pode ser vendido ou arrendado
pelo empresário, como uma unidade, por um valor global. Ao ser feita
a avaliação, percebemos que o valor do estabelecimento é superior,
e até muito superior ao da soma dos bens individualmente considerados.
Exemplo bem simples é o de uma panificadora. A soma do va-
lor dos equipamentos, veículos, mercadoriasem estoque, ponto, po-
deria chegar a R$ 50.000,00, mas, no entanto, a venda será feita pelo
dobro. Por quê? Muitos aspectos podem ser considerados. A clientela,
45Período 4
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2a organização, a perspectiva de lucros, a linha de produtos está comboa perspectiva de aceitação etc. Essas questões foram tratadas pelo
direito italiano, que demonstrou a existência do AVIAMENTO.
Aviamento: atributo do estabelecimento
A organização dos bens deverá ser realizada de tal modo que
seja possível desenvolver a empresa com a perspectiva de lucro. Des-
sa organização resulta que o estabelecimento, assim como a terra tem
sua fertilidade, terá então uma qualidade específica que é a aptidão
para produzir lucros.
Essa qualidade ou atributo do estabelecimento é denominada
aviamento. Em inglês é usada a expressão good will, que significa
ativo intangível.
O valor de um estabelecimento, portanto, deve ser acrescido de
um valor a mais que é gerado pelo aviamento.
Clientela
A clientela ligada de fato ao estabelecimento é um fator do avi-
amento. Quando diminui, reduz-se também o valor do aviamento. Por
sua vez, quanto mais organizado o estabelecimento, maior a clientela.
A clientela resulta, portanto, da atividade do empresário. Mas ele não
é seu “dono”. A livre concorrência é garantida pela Constituição, no
interesse da Economia e dos consumidores.
Então, o concorrente pode captar a clientela de outro empresá-
rio para o seu estabelecimento? Sim, desde que o faça dentro de um
“jogo legal”, isto é, sem práticas desonestas, desleais e ilegais, caso
em que praticaria “concorrência desleal”. Em certos casos, a prática
é classificada como crime, conforme a lei n. 9.279/96, art. 195 (um
exemplo é a espionagem industrial). Portanto, o empresário tem prote-
ção legal contra os atos de concorrência desleal: ele pode apresentar
queixa-crime, e requerer que tal prática seja interrompida.
AviamentoAviamentoAviamentoAviamentoAviamento – é a qualida-
de do estabelecimento or-
ganizado e dirigido pelo
empresário. Origina-se do
italiano “avviamento”: ação
de aviar-se, início numa arte
ou trabalho. Assim, “bottega
avviata” é um negócio que
realiza boa venda. Fonte:
Amendola (1990).
46 Curso de Graduação em Administração, modalidade a distância
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2 Alienação do Estabelecimento: o trespasse
A venda do estabelecimento, para que outro empresário conti-
nue a atividade, chama-se trespasse. Essa operação é regulada pelo
Direito Empresarial, visando à proteção do alienante, do adquirente e
dos credores do alienante. Vamos examinar alguns pontos.
O que é trespasse? Já dissemos que é a venda do estabeleci-
mento. Mas é necessário distinguir alienação do estabelecimento de
cessão de quotas da sociedade. Assim, se os sócios da Sociedade “A”
transmitem suas quotas para outras pessoas, continuará a Sociedade
“A” sendo a mesma pessoa jurídica que é a titular do estabelecimento
explorado economicamente. Não houve trespasse, apenas ingressa-
ram novos sócios em substituição aos anteriores. Também não há tres-
passe se um empresário vende certos equipamentos, mas o estabele-
cimento continua organizado e em operação, embora menor ou com
novas características.
A questão da Sucessão: riscos do empresário
Vamos imaginar que certo empresário quer adquirir um esta-
belecimento, uma fábrica de calçados. Nesse momento é importante
saber que o adquirente de um estabelecimento passa a ser sucessor
das dívidas a ele relacionadas. Quais? Em que condições? Qual o
risco que o adquirente corre? É indispensável que seja feita uma audi-
toria, um levantamento de quais dívidas existem, qual o passivo do
alienante, para que seja calculado o preço correto do estabelecimento
e para evitar problemas posteriores ao adquirente. Relacionamos a
seguir algumas questões que surgem no trespasse.
 A responsabilidade do adquirente é:
 Pelas dívidas registradas no diário do alienante (o
alienante permanece também responsável por um
ano). Mas o adquirente não é responsável pelas dívi-
das ocultas.
 Pelas dívidas trabalhistas.
AlienanteAlienanteAlienanteAlienanteAlienante – que ou aque-
le que aliena ou transfere
para outrem o domínio ou a
propriedade de; alienador.
Fonte: Houaiss (2009).
Adqui renteAdqui renteAdqui renteAdqui renteAdqui rente – que ou
aquele que se torna propri-
etário de um bem, móvel ou
imóvel, através de venda,
troca, herança, doação ou
qualquer outro meio legal.
Fonte: Houaiss (2009).
47Período 4
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2 Pelas dívidas tributárias, se o alienante não desen-volver outra atividade, com outro estabelecimento.
 O direito do adquirente é:
 Proibição de restabelecimento do alienante. O
alienante fica proibido, por cinco anos, de recuperar
a clientela vinculada ao estabelecimento que vendeu.
Ele tem a obrigação da não-concorrência, por isso
não pode iniciar uma empresa que prejudique o
adquirente. O adquirente pagou o valor do estabele-
cimento no trespasse, incluindo o valor do aviamen-
to, a capacidade do estabelecimento gerar lucro. Não
pode, portanto, o alienante retirar essa perspectiva
de lucros.
 Risco de Ineficácia: se o alienante deve para muitos
fornecedores, surge um risco para o adquirente. A
venda do estabelecimento sem o alienante ficar com
recursos para pagar tais dívidas ou sem providenciar
a prévia autorização desses fornecedores e credores,
não é vista com bons olhos pela lei. Os credores per-
cebem que poderão nada mais receber. Poderão en-
tão requerer a falência do alienante, caso em que a
venda do estabelecimento perde sua eficácia, fican-
do vinculada ao processo de falência. Aí está um
grande risco para o comprador do estabelecimento.
Por isso deve ser feita auditoria antes da compra. E, se as dívi-
das não serão pagas pelo alienante, então o adquirente deve exigir a
redução do valor total do estabelecimento e a anuência dos credores à
alienação do mesmo.
O Ponto Empresarial
Em certos ramos de atividade, o local onde esta se desenvolve
é fundamental para uma melhor perspectiva de lucros e, por isso, agrega
valor ao estabelecimento. Surge, então, a necessidade de proteção ju-
rídica ao direito do empresário ao ponto. Quando o empresário é o
48 Curso de Graduação em Administração, modalidade a distância
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2 proprietário do imóvel, então seu direito ao ponto já está assegurado.Surge um problema quando o estabelecimento está localizado em um
imóvel locado. O empresário é locatário. A lei das locações tratou da
questão para evitar abusos do proprietário, que poderia afastá-lo sem-
pre que percebesse que o ponto ficou valorizado, ou exigir pagamen-
tos extras para renovar o contrato de locação.
De acordo com a lei, se o locatário provar que o contrato de
locação é de cinco anos e que há no mínimo três anos desenvolve a
mesma atividade no local, terá direito à renovação do contrato.
O proprietário, por sua vez, pode deixar de renová-lo, mas somente
nos casos previstos em lei. Assim, por exemplo, no caso de preferir
contratar com outro empresário que propôs um aluguel maior, terá de
indenizar o empresário que teve de deixar o imóvel.
Outra situação é a de um empresário que é locatário e preten-
de vender o estabelecimento instalado no imóvel. Deverá providenciar
a autorização do proprietário do imóvel para que o adquirente do
estabelecimento possa continuar como locatário.
v
Essas e outras ques-
tões são reguladas
pela lei n. 8.245/91,
artigos 51 e 52.
49Período 4
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
Nome Empresarial
Caro estudante,
Nesta seção você aprenderá que o empresário in-
dividual e a sociedade empresária precisam adotar
um nome, registrado na Junta Comercial, para
utilizá-lo nos contratos e em qualquer outro ato
jurídico. O nome empresarial do empresário indivi-
dual será uma firma individual. Já as sociedades,

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