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DIREITO EMPRESARIAL I

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DIREITO EMPRESARIAL I
1.1 A Origem do Direito Comercial
Embora o conteúdo econômico das relações humanas não possa ser desprezado em qualquer período que se estude, a sofisticação dessas atividades e relações é algo recente na história da humanidade. Bem como, também é relativamente recente, o ramo específico do direito que as estuda.
O crescimento populacional constante, a descoberta de técnicas mais eficientes de produção, a especialização, o desenvolvimento de novos meios de transporte e a intensificação das relações entre os mais diversos povos, dentre outros fatores fizeram com que as atividades de produção e comercialização de bens ganhassem expressividade no contexto social, reclamando, inclusive normas jurídicas próprias.
Antes de prosseguir e para que você compreenda melhor nosso objeto de estudo, acesse a animação disponibilizada em seu AVA. A partir dela você estará se situando historicamente e compreendendo como o processo evolutivo humano se tornou tão complexo no processo de constituição da sociedade em vias de modernização.
Agora que você já está situado histórico e geograficamente, vamos avançar!
No texto base dessa semana, o autor Silvio de Salvo Venosa faz um breve relato sobre o surgimento e a evolução histórica do Direito Comercial ao Direito de Empresa.
Nessa análise histórica, é curioso notar como este ramo jurídico é um produto do seu objeto, mais que qualquer outro ramo, como evidencia Marcelo Bertoldi:
O direito comercial surge, no entanto, como ramo autônomo do direito depois da queda do Império Romano, na Idade Média, com o objetivo de dar maior segurança à atividade mercantil. Naquela época o mundo assistia à desagregação social e política advinda da pulverização do Estado, razão pela qual os próprios comerciantes criaram suas corporações, que tinham como função ditar normas aplicáveis ao comércio e julgar os possíveis conflitos decorrentes desta aplicação, dando origem a um direito singular: o ius mercatorum, emanado de uma classe social, em vez de se originar no Estado (BERTOLDI, 2011, p. 23).
Aliás, esse movimento sócio jurídico pode ser tomado como uma constante: sempre que um grupo social cresce em importância, reivindica poder político e no seu exercício dita normas que garantam sua autopreservação e perpetuação.
Foi o que aconteceu com os comerciantes. Organizados em poderosas corporações burguesas, as Corporações de Ofício, passaram a editar normas que protegiam suas atividades do próprio estado. Com o crescimento da importância da atividade comercial, inclusive para a sustentação política do ente estatal e a credibilidade que suas normas exclusivas ostentavam, os próprios governos da época passaram a adotá-las, surgindo, assim, formalmente, o Direito Comercial.
1.2  A Teoria dos Atos de Comércio – Sistema Francês
Na esteira da Revolução Francesa, forte no ideal de igualdade, o Código comercial francês de 1807 não poderia admitir uma classificação normativa que significasse privilégios de classe.
Por isso, o Direito Comercial, agora codificado, afasta-se do critério subjetivo de identificação de sua incidência e passa a adotar um critério objetivo: o de atos de comércio.
O sentido [...] da adoção da teoria dos atos de comércio como critério de identificação do âmbito de incidência deste ramo da disciplina jurídica, restringe-se à abolição do corporativismo. Em outros termos, [...] qualquer cidadão pode exercer atividade mercantil, e não apenas os aceitos em determinada associação profissional (a corporação de ofício dos comerciantes) (ULHOA, 2013, p. 30).
Segundo essa teoria, estariam submetidas às normas comerciais uma relação de atividades econômicas. Apenas aquelas que estivessem previstas no Código Comercial (por exemplo: compra para revenda, operações bancárias, seguros etc.). Contudo, não havia qualquer critério técnico que justificasse a presença ou a ausência de uma ou outra atividade econômica.
A teoria dos atos de comércio tinha como objetivo apresentar um rol de atividades econômicas que, quando praticadas, indicariam que o sujeito responsável pelo ato seria comerciante. Essas atividades, em grande parte, eram identificadas como de intermediação. Assim, o comerciante não passava de um intermediário, ou seja, comprava para revender como ato de comércio (ou mercancia) (ROCHA, 2016, p. 3). 
Na verdade, em comum, as atividades elencadas tinham apenas o fato de se relacionarem com as atividades profissionais de uma classe social, a burguesia. Portanto, sob a bandeira da igualdade abrigaram-se privilégios classistas.
Esta falha, a falta de identificação de um elemento interno comum que justificasse a união de atividades tão distintas, acabaria por fortalecer o surgimento de outras teorias.
1.2.1     Código Comercial Brasileiro de 1850 – Filiação ao Sistema Francês
Voltemos agora os olhos ao Brasil. Aqui, não por acaso, de início e por muito tempo, adotamos o sistema francês. E a atabalhoada história de formação do estado (formal) brasileiro explica isso.
Com a estratégica retirada da família real portuguesa da metrópole em direção à principal joia da coroa, tem início o processo de formação do moderno estado brasileiro que culminaria com a independência em 1822.
A abertura dos portos às nações amigas inaugura o direito comercial brasileiro e juntamente com outras medidas comerciais que se seguiram contribuiu para o rompimento econômico da dependência colonial da metrópole portuguesa.
Como mais um exemplo daquela constante citada acima, a importância econômica crescente da colônia em relação às demais potências reclamava poder político. No caso, independência.
Independente, e na falta de leis próprias, o Brasil adotou as portuguesas. Dentre elas, uma, a Lei da Boa Razão, de 1769, que dizia que em matéria comercial se observaria as leis vigentes nas “[...] nações cristãs, iluminadas e polidas, que com elas estavam resplandecendo na boa, depurada e sã jurisprudência” (ULHOA, 2013, pp. 37-38).
Assim, o Código Comercial de Napoleão, o português e o espanhol, passaram a regular a atividade comercial no Império brasileiro.
Porém, a pujança econômica tupiniquim exigia uma codificação própria que garantisse mais segurança jurídica. O que veio a ocorrer em 1850 com a edição do Código Comercial Brasileiro, com explícita inspiração no código francês e deixa implícito, ainda que inequívoca, adoção da já tradicional teoria dos atos de comércio.
Embora a inspiração fosse explícita, a expressão “atos de comércio” não foi mencionada nem foram enumeradas quais seriam as atividades abrangidas. Essa enumeração, indispensável em um sistema que adote tal teoria, ficou a cargo do Regulamento 737[1], de 1850, que em seu artigo 19 dizia:
Art. 19. Considera-se mercancia:
§ 1º A compra e venda ou troca de efeitos moveis ou semoventes para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufacturados, ou para alugar o seu uso.
§ 2º As operações de cambio, banco e corretagem.
§ 3° As emprezas de fabricas; de com missões; de depósitos; de expedição, consignação e transporte de mercadorias; de espetáculos públicos (Vide Decreto nº 1.102, de 1903).
§ 4.° Os seguros, fretamentos, risco, e quaesquer contratos relativos ao comércio marítimo.
§ 5. ° A armação e expedição de navios (BRASIL, 1903). 
O Código Comercial Brasileiro está em vigor até o momento, embora tenha sido em boa parte revogado pelo Código Civil de 2002. Permanece a parte relativa ao Direito Marítimo.
1.3  A Teoria da Empresa – Sistema Italiano
Diante da complexidade crescente das atividades econômicas, o rol de atividades listadas como atos de comércio não comportava mais a tarefa de identificar as relações que seriam submetidas ao Direito Comercial.
Diante dessa necessidade de atualização técnica, surge em 1942 com o Codice Civile italiano a Teoria da Empresa. Teoria essa que mais satisfatoriamente, até hoje, conseguiu identificar o elemento interno que conecta as atividades empresariais. Elemento este que esteve o tempo todo diante dos seus olhos!
Atenção: o que será dito agora parecerá óbvio, ou nem tanto, maste fará se sentir meio estupefato.
Não por acaso, só neste guia você já o leu 28 vezes!
A Teoria da Empresa simplesmente identificou que o elemento comum a todas as empresas é a ATIVIDADE! Isso mesmo! Para essa teoria conceitua-se empresa como sendo atividade. Não qualquer atividade, mas as atividades desenvolvidas de uma forma específica com um intuito único. Atividades desenvolvidas de forma organizada e com o intuito lucrativo.
Logo, EMPRESA é a atividade econômica que organiza os fatores de produção para a obtenção de lucros com a oferta de bens ou serviços ao mercado.
Empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Sendo uma atividade, a empresa não tem a natureza jurídica de sujeito de direito nem de coisa. Em outros termos, não se confunde com o empresário (sujeito) nem com o estabelecimento empresarial [coisa] (ULHOA, 2013, p. 35).
Desta forma, a atividade/empresa passa a gozar de um conceito jurídico próprio, descolado, inclusive, da pessoa do empresário ou do objeto explorado.
O estatuto das empresas fica livre, então, para considerar a importância da atividade em razão dos vários interesses envolvidos no seu desenvolvimento, como, por exemplo, dos trabalhadores, dos consumidores, dos investidores, dos sócios etc.
Reflexo evidente disso, por exemplo, é o Princípio da Preservação da Empresa que permeia todo o atual processo falimentar, prezando pela continuidade da empresa, independentemente dos interesses do falido e sem prejuízo de sua responsabilização.
 1.3.1      Código Civil de 2002 – Aproximação do direito brasileiro ao sistema italiano
O Código Civil brasileiro de 2002 completa uma transição que já vinha sendo sentida desde a década de quarenta pela jurisprudência e pela legislação, mais fortemente nos anos 90 com a edição do Código de Defesa do Consumidor, da Lei de Locações e da Lei do Registro do Comércio, que desconsideraram a Teoria dos Atos de Comércio.
Nas palavras de Miguel Reale (1975), supervisor da comissão elaboradora e revisora do código civil, em sua exposição de motivos:
Em linhas gerais, pode dizer-se que a empresa é, consoante acepção dominante na doutrina, “a unidade econômica de produção”, ou “a atividade econômica unitariamente estruturada para a produção ou a circulação de bens ou serviços”. A empresa, desse modo conceituada, abrange, para a consecução de seus fins, um ou mais “estabelecimentos”, os quais são complexos de bens ou “bens coletivos” que se caracterizam por sua unidade de destinação, podendo, de per si, ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos.
Dessarte, o tormentoso e jamais claramente determinado conceito de “ato de comércio”, é substituído pelo de empresa, assim como a categoria de “fundo de comércio” cede lugar à de “estabelecimento”.[2]
Mais claro impossível: “[...] o tormentoso e jamais claramente determinado conceito de ‘ato de comércio’, é substituído pelo de empresa”.
Só mesmo o próprio texto legal poderia ser mais expresso:
CC/2002, Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa (BRASIL, 2002).
Portanto, o Brasil adota a Teoria da Empresa, sobre a qual voltaremos a tratar posteriormente.
Nessa semana falaremos sobre o Direito Empresarial, ramo do direito privado que conjuga normas e princípios que regem a atividade empresarial.
Quando se fala em autonomia no Direito, há que se reconhecer que, às vezes se trata de um mero exercício didático com o intuito de facilitar a compreensão dos institutos, princípios e normas jurídicas de forma compartimenta. Isso porque o Direito é uno, indivisível e pleno, e todos os ramos se relacionam, portanto, não haveria uma autonomia absoluta em qualquer área jurídica.
Contudo, a divisão em ramos (ou disciplinas) e o estudo em apartado destes não é exclusividade da ciência jurídica e é bastante útil. Veja o quadro abaixo:
Vários outros segmentos do direito, não citados no quadro acima, são por seus estudiosos tratados como ramos autônomos, como, por exemplo: Direito Cooperativo, Direito Notarial e Registral, Direito Imobiliário, Direito Digital, Biodireito, Direito Desportivo, Direito Eleitoral, dentre tantos outros.
Mas, o que é necessário para que um determinado ramo possa candidatar a ser e autoproclamar-se autônomo?
2.1 Autonomia: didática, formal e substancial.
A própria delimitação do que seria essa autonomia não é tarefa fácil. Na doutrina jurídica encontramos várias formas de expressão da autonomia de um ramo do direito. Abordaremos três formas: a didática, a formal e a substancial.
Autonomia didática seria o reconhecimento daquele ramo jurídico como uma disciplina acadêmica independente, com conteúdo suficiente a ser investigado de forma apartada das outras disciplinas e com tamanha importância social que justificasse sua presença nas disputadíssimas grades curriculares dos cursos do Direito.
Quanto a esta, o Direito Empresarial é unanimidade. Nos cursos jurídicos do mundo todo e desde os primeiros instalados no Brasil tal cadeira está presente.
Lei de 11 agosto de 1827. (...) Art. 1.º - Crear-se-ão dous Cursos de sciencias jurídicas e sociais, um na cidade de S. Paulo, e outro na de Olinda, e nelles no espaço de cinco annos, e em nove cadeiras, se ensinarão as matérias seguintes: (...) 4.º Anno, 1ª Cadeira. Continuação do direito patrio civil. 2ª Cadeira. Direito mercantil e marítimo.[1]
Autonomia formal diz respeito à existência de diplomas legais próprios que tratem da matéria. No Brasil há, ainda em vigor, o Código Comercial de 1850, embora tenha sido bastante esvaziado pelo Código Civil de 2002. Mas, não só. Há diversos outros textos legais de importância inconteste que tratam de matéria exclusivamente empresarial como é o caso da Lei de Recuperação de Empresas e Falências, Lei de Cheques, Lei das Duplicatas, Lei do Registro Público de Empresas Mercantis, Lei das Sociedades Anônimas entre outras várias legislações especiais 
Ademais, a importância desse critério para a autonomia da disciplina é contestável, tendo em vista que o “endereço” das normas não altera sua natureza.
Autonomia substancial é o critério mais importante.
Pois a matéria de uma dada área do direito é determinada cientificamente mediante a verificação de seu conteúdo particular e original, contendo princípios que justificam a construção do ramo autônomo do direito, trazendo consigo um corpo orgânico capaz de sustentar sua existência (BERTOLDI, 2011, p. 34).
Ou seja, um ramo é autônomo na medida em que contém características, princípios objetos e fontes próprias. É nesta que nos deteremos.
2.2  Principais características
O Direito Empresarial é basicamente cosmopolita, oneroso, informal e fragmentado.
Cosmopolita, pois ele é do mundo! Se há algo que definitivamente une os povos é o comércio e a prática empresarial. Por isso, as normas empresariais tendem a ser universais.
Oneroso, pois a atividade empresarial, objeto desse ramo, caracteriza-se pelo intuito de lucro, logo a onerosidade nas relações empresariais é sempre presumida. Até mesmo quando aparentemente é gratuita como a distribuição de brindes, pois ao final o intuito do empresário é fazer seu produto conhecido do consumidor para gerar mais lucros com o incremento das vendas.
Informal, pois a agilidade e dinamismo são essenciais ao sucesso da atividade empresarial e excesso de formalismo poderia travar as relações comerciais.
Fragmentado, pois “[...] apresenta-se subdividido em diversos ramos, com características peculiares e, na maioria das vezes, independentes umas em relação às outras” (BERTODI, 2011, p. 37).
2.3  Princípios
Um ramo jurídico que se preze tem que ter princípios próprios. E no Direito Empresarial eles abundam.
Para citar alguns, podemos lembrar-nosdos Princípios da Livre Iniciativa, da Liberdade de Concorrência, da Função Social da Empresa, da Preservação da Empresa, entre tantos outros que no Texto de Apoio 03 “Os princípios do Direito Comercial” desta semana o professor Fábio Ulhoa detalha bem.
Não trataremos especificamente de cada um deles aqui, porque eles serão abordados na medida em que se aplicarem aos conteúdos das aulas.
2.4  Objetos
O objeto de estudo exclusivo do Direito Empresarial é a atividade econômica organizada que constitui a própria empresa, bem como todas as estruturas, sujeitos, institutos, instrumentos e atividades que com ela se relacionam.
 2.5  Fontes
As fontes são outro tema importante quando a questão é autonomia. Isso porque é a partir do estudo das fontes que se permite a integração da norma, garantindo a plenitude do direito.
Se um ramo apresenta fontes normativas próprias, exclusivas ou mesmo apenas hierarquicamente organizadas de forma distinta das fontes gerais do direito, isso nos informa que esta matéria tem origem em institutos próprios, o que reforça a ideia de autonomia.
São fontes do Direito Empresarial o próprio Código comercial, as Leis especiais, os tratados internacionais, regulamentos, o Código Civil, os usos e costumes, a jurisprudência, a analogia e os princípios gerais do direito.
2.6  Relações com outros ramos
A interdisciplinaridade decorre justamente da inexistência de autonomia absoluta entre os ramos do direito.
Por vários momentos poderemos notar a relação do Direito Empresarial com os outros ramos jurídicos, como: 
· Com o Direito Civil, uma relação umbilical, tanto que a unificação do direito privado é algo aventado com frequência ao longo da história do ramo empresarial.
· Com o Direito Tributário, a relação se tornará evidente quando falarmos de escrituração contábil e claro quando da incidência tributária nas atividades empresárias que consistirem em fatos geradores de tributos.
· Com o Direito Processual Civil que dá suporte à recuperação e à falência.
· Com o Direito do Trabalho em razão das relações dessa natureza com os prepostos da empresa. 
· Com o Direito Penal quando tipifica os crimes falimentares.
· Com o Direito Administrativo na medida em que integra as normas relativas às sociedades de economia mista. 
· Como o Direito Constitucional enquanto este regula a livre concorrência e a ordem econômica e financeira.
E por aí vai...
Você consegue identificar mais? Tente?!
Após todo seu processo de leitura, você já é capaz de identificar as características, princípios, objetos e fontes que fazem do Direito Empresarial um ramo autônomo, bem como as suas relações com outros ramos do Direito?
Certamente que sim. Mas se ainda paira alguma dúvida ou conceito que não tenha ficado claro ao seu entendimento, não hesite em questionar o seu tutor de disciplina. Ele pode e irá orientar você. 
Nessa semana nos dedicaremos a entender esse fenômeno - a empresa. E, para isso, falaremos da Teoria da Empresa, do conceito de empresa e de sua função social.
Delimitar precisamente o objeto do Direito Empresarial é o nosso principal objetivo.
Vamos lá?
 Unidade 3 –  Moderna Teoria Jurídica da Empresa
3.1 Teoria Jurídica da Empresa no Código Civil de 2002
Como visto na semana passada, o Código Civil brasileiro adotou expressamente a Teoria da Empresa para definir o objeto do Direito Empresarial e com isso conseguiu incluir sob um mesmo “guarda-chuva” inúmeras atividades que não eram contempladas pela teoria dos atos de comércio, mas que há muito já se submetiam a estes regramentos. Inclusive o próprio ato de comércio em sentido estrito: a compra de bens para revenda com o intuito de lucro, ou, simplesmente, a circulação de bens.
Ou seja, o que antes era o objeto principal do ramo, em tese, passou a ser mais uma espécie do gênero empresa. Aquele restrito; este bem mais abrangente.
Mas o que diz exatamente essa tal Teoria da Empresa?
Vamos ver...
 3.2  Conceito de “empresa”
Aspectos Jurídicos da empresa
O Código Civil de 2002 em seu artigo 966 traz o seguinte texto: 
CC/2002, Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa (BRASIL, 2002).
Logo, o que o código nos traz é o conceito de quem seria o empresário: aquele sujeito que exerce empresa. Mas, não nos diz o que é empresa. Contudo, isso já nos permite fazer algumas diferenciações:
Empresa x Empresário. Empresa é diferente de empresário. Empresa é uma atividade exercida de uma forma específica. Empresário é o sujeito que a exerce. Logo, empresa é o objeto e empresário é o sujeito. Aliás, o sujeito pode ser individual (empresário ou Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI) ou coletivo (sociedade empresária).
Empresa x Estabelecimento empresarial[1]. Se empresa é atividade, ela não se confunde com o local no qual a atividade se exerce. Então, dizer “eu estou na empresa” não seria tecnicamente preciso, embora na prática não faça tanta diferença essa distinção.  
O que seria, então, empresa?
Apesar do código não expressar, ele nos dá o caminho: empresa é aquilo que o empresário faz. Se o empresário é quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Logo, podemos admitir como conceito de empresa: a atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
No Texto base 03: “Teoria da empresa”, o autor Gladston Mamede destrincha este conceito explicando o que significaria cada uma das palavras que compõe o conceito trabalhado. Confira!
 
3.3 Atividade empresarial
Aqui você deve estar se perguntando:
Mas, cada empresário exerce uma atividade diferente? O dono do posto de gasolina não explora a mesma atividade que o dono da padaria ou o industrial? O que há em comum nessas atividades?
Sim. É comum a dúvida. E ela ocorre justamente porque temos o hábito de pensar no segmento explorado pelo empresário como sendo a atividade empresarial. Mas, não é!
Por exemplo: pensamos que o empresário dono do posto de gasolina é quem vende gasolina. Mentira! Quem vende gasolina é o frentista. Ou, que o empresário dono da padaria fabrica pães. Mentira! Quem faz isso é o padeiro. Ou ainda, que o empresário do segmento educacional ensina. Mentira! Esse é o papel do professor.
Ainda que às vezes o empresário “ponha a mão na massa” isso não significa que as atividades se confundem.
A atividade do empresário é a de organizar os fatores de produção para a obtenção de lucro. E em qualquer ramo que ele atue a sua atividade será sempre esta. Por isso, o conceito de empresa como atividade é tão abrangente, pois a atividade empresarial é idêntica em qualquer segmento.
 
3.4 Função Social da empresa
Presença constante na Constituição a função social[2] dos direitos, não só patrimoniais, também se aplica à atividade empresarial. Neste caso, como desdobramento da função da propriedade.
O Brasil, como estado social-democrático, não pode admitir a existência e assumir a defesa de relações jurídicas simplesmente homologando-as. Há que se justificar sua existência e defesa. Trata-se de uma premissa básica: o fundamento.
E o fundamento que justifica a propriedade, e por consequência os fatores de produção (lato sensu), é a função social que tal direito tem. Ou seja, a propriedade existe porque tem um papel social. Quais sejam, resumidamente, o de produzir bens, lazer ou lucros. E na medida em que a sociedade reconhece como legítimos tais fundamentos, legitimado estará o direito.
Lado outro, não se utilizando a propriedade para tais fins, perder-se-á o direito de gozá-la.
O mesmo se aplica à empresa. Ela tem uma função social, uma função que a sociedade espera que ela desempenhe. Basicamente, gerar riquezas, bens e serviços úteis, tributos,empregos etc. Ou seja, anseios justos que legitimem a proteção que a legislação empresarial confere à atividade.
E, lado outro, se a tais anseios não atender ou deturpar, sofrerá os rigores dessa mesma legislação.
Você poderá ler mais sobre esse tema no Texto de Apoio 05: “Função Social da empresa”, da professora Maria Helena Diniz. Apesar de não ser uma leitura obrigatória, você poderá encontrar nas palavras da professora, maiores detalhes e riquezas sobre o assunto aqui abordado.
Ainda sobre a função social da empresa, dentre outros temas importantes, assista à entrevista com o Professor Jean Carlos Fernandes, no Programa Direito Em Foco da Doctum TV Universitária. Esta é mais uma forma de que você interaja com o conhecimento e consolide seus saberes. Lembrando que todos os recursos aqui mencionados se encontram disponíveis em seu AVA.
E para checar se você já dispõe da habilidade de identificar a empresa como atividade; distinguir a atividade empresarial das demais atividades econômicas; definir a função que a atividade cumpre na sociedade, ou seja, sua função social. Faça o questionário disponibilizado e verifique como está seu desenvolvimento. 
Bons estudos!
 Unidade 3 –  Moderna Teoria Jurídica da Empresa (continuação)
 
Na semana passada, tratamos de compreender o fenômeno jurídico da empresa, ou seja, o elemento eleito pelo direito para identificar e agrupar os sujeitos e objetos que estariam inseridos na disciplina empresarial. Porém a empresa é um fenômeno mais complexo.
Nessa semana, procuraremos demonstrar outros elementos que também caracterizam a empresa, como identificou Alberto Asquini (apud DINIZ, 2013), que a concebeu como um fenômeno poliédrico composta por quatro elementos:
a)    O subjetivo, que analisa o sujeito de direito: o empresário;
b)    O objetivo, que abrange o conteúdo patrimonial da empresa: o estabelecimento, as relações contratuais e o patrimônio afetado à atividade;
c)    O funcional, que seria a atividade (da qual já tratamos) e que delimita seu conceito jurídico atual; e
d)    O corporativo, que analisa a empresa como entidade envolvida em um contexto social.
Procure aprofundar o entendimento de cada perfil com a leitura do texto base dessa semana “Empresa como fenômeno complexo”, da Professora Maria Helena Diniz.
E para checar se você já dispõe da habilidade de identificar todos os aspectos da empresa que justificam chamá-la de um fenômeno poliédrico, faça o questionário disponibilizado e verifique como está seu desenvolvimento. 
Na semana passada pudemos notar como a empresa, na verdade, é um fenômeno complexo e que envolve vários perfis e personagens.
Nessa semana, focaremos em um destes perfis - o subjetivo, ou seja, consideraremos a empresa sob o prisma do seu titular, o empresário, e das condições que ele deve satisfazer para realizar juridicamente o empreendimento econômico.
Esperamos que a partir dos recursos didáticos disponibilizados e da discussão que por hora fazemos, você consiga ao final desta aula ser capaz de conceituar os sujeitos (pessoa natural e jurídica) da atividade empresaria e verificar as restrições, as proibições e os requisitos necessários ao exercício da empresa.
Vamos lá?
 3.7 Aspecto subjetivo da empresa
A empresa enquanto atividade é sempre exercida por alguém. Na verdade, a empresa não é algo estanque. Ela é um movimento contínuo e organizado focado no lucro através da exploração da circulação ou produção de bens ou serviços.
Quem se ocupa profissionalmente de manter essa engrenagem em movimento é o empresário. E profissionalismo é algo essencial na caracterização do empresário.
Profissionalismo está ligado a habitualidade e pessoalidade. Isto é, profissional é aquele que pessoalmente e de forma constante exerce determinada atividade categorizada como profissão. Logo, empresário é aquele que exerce profissionalmente a atividade empresarial.
O empresário pode ser uma pessoa natural ou uma pessoa jurídica (Eireli ou sociedade empresária). E, ainda, pode ser individual (pessoa natural ou Eireli) ou coletivo (sociedade empresária). Segundo Maria Helena Diniz:
Para a configuração do empresário individual ou da sociedade empresária é mister a concorrência de três condições: a) exercício de atividade econômica destinada à criação de riqueza, pela produção e circulação de bens ou serviços; b) atividade organizada por meio da coordenação dos fatores de produção (trabalho ou mão de obra, capital, insumos e tecnologia) em medida e proporção variáveis, conforme a natureza e o objeto da “empresa”; c) exercício da atividade empresarial praticado profissionalmente em nome próprio e com animus lucrandi (DINIZ, 2013, p. 61).
Sobre o empresário coletivo falaremos daqui a algumas semanas. Nesta semana vamos estudar apenas o empresário individual como pessoa natural.
3.8 Caracterização do empresário
Quais os requisitos para o exercício da atividade empresarial pela pessoa natural?
CC/2002, Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos (BRASIL, 2002).
Portanto, para ser empresário é necessário ser plenamente capaz para exercer os atos da vida civil, isto é, ter mais de 18 anos, ou estar emancipado e não ser legalmente impedido.
Legalmente impedidos, em linhas gerais, são os funcionários públicos, os militares na ativa (inclusive estaduais), o falido e os auxiliares independentes do empresário (leiloeiros, corretores, despachantes aduaneiros), que, segundo Marcelo Bertoldi (2011, p. 88),
[...] são profissionais autônomos que trabalham por conta própria e atendem a vários comerciantes[1]. Aliás, são eles considerados comerciantes também, só que de uma classe especial, pois exercem um ofício público, gozando de fé e estando impossibilitados de exercer atividades comerciais que não aquelas características de suas funções. Devem estar devidamente matriculados no Registro Público de Empresas Mercantis, nos termos do art. 32, I, da Lei 8.934/94.
Confira mais sobre esse tema no texto base dessa semana “Requisitos para o exercício da atividade empresarial”, por Marcelo Bertoldi. Destaque no texto o conceito do sujeito pessoa natural da atividade empresarial e as restrições, as proibições e os requisitos necessários ao exercício da empresa. Ainda, nele, Marcelo Bertoldi fala sobre o exercício da empresa pelo menor e pelo estrangeiro e das consequências do exercício da empresa pelos proibidos de exercê-la. Confira!
E não se esqueça de nossa atividade de verificação de aprendizagem. Lembre-se!  Fazendo isso você terá um feedback de como tem sido seu desenvolvimento ao longo dos estudos. O que te oportuniza avançar ou retomar os conceitos trabalhados para que não haja prejuízo de conteúdos em sua aprendizagem.  
Unidade 4 - Empresário Individual       
 4.1 Empresário unipessoal: situações transitórias e excepcionais
O Código Civil de 2002, em seu artigo 1º, é taxativo: “[...] toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil” (BRASIL, 2002). E nos seguintes, se ocupa de descrever quem são, de que direitos gozam e como os exercem, como surgem ou se constituem e desaparecem e até mesmo onde se domiciliam essas “pessoas” a quem chamamos de sujeitos de direito. É sempre uma pessoa o titular de relações jurídicas.
Esses sujeitos de direito são de duas naturezas: pessoas naturais (como eu e você) ou pessoas jurídicas (abstrações jurídicas que gozam das mesmas prerrogativas que eu e você). Quanto às naturais, não há dúvidas, somos todos 1 (um). Logo, se exercermos uma atividade empresarial, seremos uma pessoa exercendo empresa, ou seja: um empresário unipessoal.
Já as pessoas jurídicas podem ser constituídas de variadas (embora taxativas) formas. Sejam como entes de natureza pública (União, Estados, Municípios, autarquias, etc.), ou através da reunião da vontade de várias pessoas (como nas associações, nas sociedades, nos partidos políticos etc.), ou a partir da vontade de uma única pessoa (como na Eireli, na sociedade unipessoal de advocacia[1] e nas fundações). E podemser compostas, também, por várias pessoas, por uma só ou até mesmo, por nenhuma, como é o caso das fundações (uma reunião de bens dotada de personalidade jurídica).
Mas, todas elas, enquanto sujeitos de direito, são uma só pessoa e não se confundem com as demais pessoas que eventualmente as compõem.
Por isso, quando falamos, aqui, em exercício unipessoal da empresa, não queremos dizer que a atividade empresarial estaria sendo exercida por um único sujeito de direito (pessoa natural ou jurídica). Pois essa afirmação, se levada ao pé da letra, nos faria concluir que toda atividade empresarial é unipessoal, na medida em que seria exercida por uma única pessoa (sujeito de direito), natural ou jurídica.
O quê, então, nos seria “empresário unipessoal”?
Seria o sujeito de direito no exercício de atividade empresarial composto por uma única pessoa.
Nesta categoria, podemos enquadrar figuras perenes (como a pessoa natural que exerce atividade empresarial, a Eireli e a subsidiária integral) e situações excepcionais e transitórias.
De acordo com a quantidade de sócios, a sociedade pode ser pluripessoal (dois ou mais sócios) ou unipessoal (um sócio apenas).
No direito brasileiro, há, desde a constituição, apenas duas sociedades unipessoais: a subsidiária integral (necessariamente uma sociedade anônima) e a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (necessariamente uma sociedade limitada).
Nos demais tipos societários (nome coletivo e comandita), unipessoalidade só pode ser incidental e temporária (COELHO, 2013, p. 47).
 
As situações transitórias e excepcionais ocorrem quando espécies societárias que têm como requisito a pluripessoalidade (dois ou mais sócios), em razão de uma eventualidade, passam a contar com apenas um sócio. Nesses casos, a lei permite que a sociedade subsista unipessoalmente por um período determinado até recompor a pluripessoalidade ou se transformar em outra espécie que aceite tal condição.
Já a subsidiária integral é uma permissão legal[2] às sociedades brasileiras da espécie Sociedade Anônima (S/A) de subscrever 100% do capital social de outra companhia (outra designação utilizada para identificar as S/A’s).
Esses temas, no entanto, são objeto de estudo do sub-ramo jurídico empresarial Direito Societário, no qual você terá a oportunidade de se aprofundar na disciplina Direito Empresarial II.
Sobre a Eireli, trataremos na próxima aula. Nosso foco nessa semana de estudo é na pessoa natural empresária.
 4.2  Empresário individual
Empresário individual é a pessoa física que exerce profissionalmente a atividade empresarial. Ou, mais detalhadamente, segundo Maria Helena Diniz:
O empresário individual é a pessoa natural que, registrando-se na Junta [Comercial] em nome próprio e empregando capital, natureza e insumos, tecnologia e mão de obra, toma com animus lucrandi a iniciativa de organizar, com profissionalidade, uma atividade econômica para produção ou circulação de bens ou serviços no mercado (DINIZ, 2013, p. 95).
Confira mais sobre esse tema no texto base desta semana: “Firma Individual”. Nele, Gladston Mamede fala ainda sobre a capacidade para empresariar, impedimentos e sobre o empresário casado, além de exemplificar casos concretos em que tais questões foram objeto de debate. Confira!
4.3 Microempreendedor individual  
Microempreendedor individual, ou simplesmente MEI, é na verdade um enquadramento legal privilegiado garantido àquelas pessoas que trabalham por conta própria.  
Trata-se de uma iniciativa pública que visa a formalização de um número expressivo da força de trabalho nacional e para que o trabalhador conhecido como informal possa se tornar um MEI legalizado.
Sem deixar de ser um empresário individual, aquele que se enquadra nos requisitos legais e se inscreve como MEI passa a gozar de condições tributárias especiais, incentivos à contratação de funcionários e benefícios previdenciários, dentre outras vantagens.
Para ser um microempreendedor individual é necessário faturar no máximo até R$ 81.000,00 por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular.
Dada a dimensão reduzida dos empreendimentos dessa natureza, a redução dos custos relacionados à formalização e regularização da atividade é uma necessidade. Em razão disso, todos os procedimentos necessários ao MEI podem ser realizados via Internet pelo site do Portal do Empreendedor – MEI[3].  
Lá você ainda encontra informações sobre formalização, como se inscrever, atividades permitidas, obrigações, benefícios e muito mais.
4.4 EIRELI
A Eireli é uma espécie de pessoa jurídica, de cunho econômico, composta por uma única pessoa natural (ou jurídica?).
Antes de prosseguirmos, abre-se parêntese para a observação de um rico debate doutrinário que pode ser útil para o desenvolvimento de pesquisas científicas, produção de artigos, trabalhos de conclusão de curso etc.: o Código Civil em seu artigo 980-A não especificou que apenas pessoas naturais poderiam constituir EIRELI, o que faz com que alguns doutrinadores considerem a possibilidade de constituição por pessoas jurídicas, como é o caso, por exemplo, do eminente professor Márcio Xavier Coelho (2014, pág. 58):
Nos moldes da já consagrada visão do direito privado, esta única pessoa ou será pessoa natural ou pessoa jurídica, tanto que o art. 980-A, §2º da Lei nº 10.406/2002 [Código Civil] afirma que a pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. Ora, por coerência sistemática e interpretação gramatical a pessoa jurídica também poderá ser titular de uma EIRELI. Aliás, a proibição de titularidade para a pessoa natural, que pode constituir apenas uma entidade deste tipo, não é extensiva à pessoa jurídica.
Vale destacar que a designação do titular, como pessoa jurídica não foi arrolado pelo novo texto legal, disse apenas que será por uma única pessoa. Lembrando o velho brocardo jurídico, “o que não é proibido é permitido”, será, portanto, lícito a qualquer pessoa jurídica constituir uma EIRELI e ser dela seu titular. Neste aspecto, aplicando-se livremente às sociedades, empresárias ou não e até mesmo associações e fundações.
Embora a interpretação do ilustre professor seja sensata, lógica e coerente com o texto legal, o fato é que, atualmente, as instruções normativas que regem o registro da EIRELI (confira no manual de registro da EIRELI disponível no seu AVA) proíbem a constituição por pessoa jurídica. E tal posição, inclusive, foi também adotada na V Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, em seu enunciado 468: “a empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural”.
Portanto, consideraremos apenas a possibilidade de constituição por pessoa natural. Fecha parêntese: a Eireli é uma espécie de pessoa jurídica, de cunho econômico, composta por uma única pessoa natural.
Para entender o que significa a importância dessa inovação legislativa no sistema empresarial brasileiro, precisamos, primeiro, compreender o que significa “limitação da responsabilidade” e para que serve.
No Brasil, vigora o Princípio da Unicidade do Patrimônio, ou seja, para cada pessoa 1 (um) único patrimônio.
Patrimônio é a expressão econômica do sujeito. É o conjunto de relações jurídicas com conteúdo econômico que a pessoa titulariza, sejam positivas (créditos) ou negativas (débitos). Todas as relações econômicas titularizadas por uma pessoa compõem o seu patrimônio.
Assim, compreendem-se no patrimônio tanto os elementos ativos quanto os passivos, isto é, os direitos de ordem privada economicamente apreciáveis e as dívidas. É a atividade econômica de uma pessoa, sobe o seu aspecto jurídico, ou a projeção econômica da personalidade civil (BEVILÁQUA apud GONÇALVES, 2016, p. 233).
O patrimônio da pessoa é o que garante o crédito de seus credores. Logo, qualquer credor tem como garantia a possibilidade de acionar os bens do seu devedor para satisfazer o seu crédito caso este não o faça naturalmente.
A atividade empresarial é, por natureza,uma atividade que envolve risco, e nem sempre calculável. O que desestimularia o investimento. Nesta seara, previsibilidade é a qualidade mais atraente. Como tornar então o risco previsível?
De fato, isso não é possível. Quem poderia prever uma epidemia de cólera, como a ocorrida na década de 1990 no Brasil e que devastou com as empresas de hortifrutigranjeiros. Ou contar com um desastre aéreo, uma mudança de comportamento, uma inovação tecnológica etc. Há inúmeras variáveis impossíveis de se calcular que poderão influir no sucesso ou não de um empreendimento. Logo, o risco não é calculável em sua totalidade.
Porém, a responsabilidade da pessoa é limitada à extensão do seu patrimônio. Simples assim: se o seu vizinho não paga a conta de luz, você não pode ser obrigado a fazê-lo! Ou seja, salvo disposição expressa (voluntária ou legal) ninguém responde pelas obrigações dos outros. E a responsabilidade de cada um está limitada ao seu patrimônio.
Você deve estar se pensando: - Quer dizer que tudo que eu tenho pode ser perdido se eu arriscar em um empreendimento que der errado?
E eu te responderia: - Em linhas gerais, sim.
- Então eu não vou empreender nunca!
- Nunca?
- É!
- Mas, e se outra pessoa pudesse se arriscar por você?
- Como assim?
- É! E se pudesse existir outra pessoa que fosse totalmente submetida à sua vontade e que arriscasse o patrimônio dela no empreendimento?
- Hum... Tipo vodu? Um zumbi, walker... Sinistro!
- Quase... Tipo uma pessoa que só existe no papel. Que você constituiria com a parte dos seus bens que está disposto a arriscar. Que a partir daí ela teria uma “vida” independente da sua e responderia pelo risco da atividade com o patrimônio dela.
- Ah, mas aí eu estaria arriscando meus bens também...
- Sim, mas esse risco estaria limitado ao patrimônio dela.
- Hum... Saquei! Aí talvez sim...
Ou seja, embora o risco não possa ser calculado, pelo menos a responsabilidade da pessoa por ele pode ser limitada. Daí a ideia de “responsabilidade limitada”.
Assim, viabiliza-se o investimento em atividades econômicas de interesse de toda a sociedade.
Porém, justamente em razão daquele princípio citado acima, vigorou por muito tempo, no Brasil, a ideia de que só a união de mais pessoas poderia constituir outra. Ou seja, para se constituir outra pessoa (jurídica) seria necessária, antes, uma sociedade entre dois ou mais indivíduos. É o que se convencionou chamar do requisito da pluralidade (de pessoas). O receio era de que houvesse confusão patrimonial e fraudes.
Essa exigência, não poucas vezes, fez com que os empreendedores constituíssem sociedades limitadas em que um dos sócios detinha 99% do capital social enquanto o outro detinha apenas 1%. Única e exclusivamente para cumprir o requisito da pluralidade. Ou seja, um é sócio de verdade e trabalha enquanto aquele 1% é...
Essa noção foi finalmente superada em janeiro de 2012 quando entrou em vigor a Lei Federal 12.441 que criou a figura da EIRELI, permitindo, assim, que uma pessoa natural constituísse sozinha uma pessoa jurídica de responsabilidade limitada com finalidade lucrativa.
Descubra mais sobre essa figura suis generis acessando o texto base dessa semana “Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI” do autor Marcelo Hugo da Rocha (disponibilizado no AVA) e visitando o site do SEBRAE.
 4.4.1  Desconsideração da personalidade jurídica
Bom, creio que talvez tenha ficado uma dúvida: mas, e o risco de confusão patrimonial e fraudes?  
Esse risco sempre existiu, independente da pessoa jurídica ter sido constituída por uma ou mais pessoas. E para evitar que a pessoa jurídica seja utilizada com essa finalidade é que se desenvolveu a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, presente no nosso ordenamento jurídico no artigo 50 do Código Civil de 2002:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica (BRASIL, 2002).
Assim, quando a pessoa jurídica for utilizada dessa forma, não será o seu fim, mas os seus titulares, temporariamente, não gozarão da limitação de responsabilidade que ela confere.
Há outras hipóteses legais, ainda, que permitem a desconsideração da personalidade jurídica, embora não tão condizentes com a teoria inicial, como é o caso da legislação consumerista[1], ambiental[2], concorrencial[3], entre outras que serão objeto de estudo mais detalhado na disciplina Direito Empresarial II.
 4.5 Transformação de registro
Com o surgimento dessa nova espécie de pessoa jurídica, tornou-se importante também a transformação do registro de empresário individual ou outra espécie societária reduzida à unipessoalidade em EIRELI (e vice-versa) para que a atividade empresarial pudesse continuar de forma regular.
A transformação de registro permite o aproveitamento da inscrição na Junta Comercial e dos cadastros fiscais associados a determinada empresa (atividade econômica) no caso de o empresário individual admitir sócios ou instituir uma EIRELI e vice-versa.
Para saber mais sobre esse procedimento acesse o site da JUCEMG.
Navegue! E descubra novas possibilidades.
E não se esqueça de organizar o seu tempo de leitura e também de realização de sua atividade rotineira. Com esse hábito, você otimiza seu tempo e consegue avaliar como tem sido seu desempenho educacional até o momento. E que nesta aula consistiu em verificar seus conhecimentos quanto à identificação e caracterização da empresa individual de responsabilidade limitada e a como constituí-la ou transformá-la em outra espécie.
Antes de avançar em seus estudos, certifique-se de que estes conhecimentos estejam bem definidos por você.
 Unidade 5. Estabelecimento empresarial:
1. Importância;
2. Conceito e Natureza Jurídica;
3. Elementos;
Quando pensamos em estabelecimento empresarial imaginamos logo uma loja, indústria, escritório, prédio, fábrica ou algo que o valha. Pensamos no estabelecimento empresarial como o local onde se desenvolve a atividade empresarial.
Ok! Em uma conversa informal não estaria errada essa ilustração, mas a definição jurídica de estabelecimento empresarial exige um pouco mais de detalhamento e não seria completamente representada com estes exemplos.
E nós, como técnicos de excelência que pretendemos ser, devemos nos preocupar em usar os termos corretamente e com exatidão, afinal nosso “bisturi” é a palavra e da precisão de seu uso depende a justeza do “corte”.
O estabelecimento empresarial do comerciante, por exemplo, é a loja (ou ponto comercial) onde vende seus produtos, mas não só. Nele também se incluem o telefone, os contratos de prestação de serviços, de trabalho, de fornecimento de mercadorias, os computadores, as prateleiras, as vitrines etc.
Ou seja, o estabelecimento empresarial é a o conjunto de todos os bens, materiais e imateriais, que o empresário ou sociedade empresária reúne como necessários para a realização da atividade empresarial. 
Note! Nem sempre, dentre esses bens, haverá necessariamente um ponto comercial.
Código Civil de 2002, Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária (BRASIL, 2002).
É, de fato, o que o empresário organiza. É o meio pelo qual a empresa se realiza. É o instrumento através do qual o objetivo econômico é atingido.
Por tudo isso, sua importância é inegável, pois não há empresário, ou empresa, sem um estabelecimento empresarial. Ou, nas palavras de Maria Helena Diniz:
O estabelecimento não é uma mera reunião de bens, pois sua organização pressupõe o exercício da atividade econômica. É ele o instrumento da atividade empresarial, visto que consiste na sua base física.
Trata-se de elemento essencial à “empresa”, pois impossível é qualquer atividade empresarial sem que antesse organize um estabelecimento, que é o centro de suas decisões, pois nele atuam o empresário e a sociedade empresária (DINIZ, 2013, p. 744).
Qual seria, no entanto, a natureza jurídica do estabelecimento empresarial, ou seja, que “animal” seria essa coisa dentro do universo de “seres” da “fauna” jurídica?
Bom, quanto a isso os doutrinadores divergem bastante, inclusive os dois autores dos textos base e complementar dessa semana divergem e ambos são bem taxativos em suas posições nesse debate, como você poderá conferir.
Abstenho-me de tomar partido para que você fique livre para exercer seu senso crítico e filiar-se à corrente que lhe aprouver.
No texto base, o autor também trata dos elementos que compõem o estabelecimento empresarial. Confira!
E para que você possa melhor visualizar o posicionamento de cada um dos autores, estabeleça um quadro comparativo evidenciando as definições de cada um destes, bem como as semelhanças conceituais quanto a importância, o conceito, a natureza jurídica e os elementos que atribuem ao estabelecimento empresarial. Assim, você poderá, a partir de sua análise, inferir posicionamento crítico sobre a temática proposta.
Ah! E se achar pouco a abordagem sobre os elementos imateriais, fique tranquilo, voltaremos a falar sobre eles daqui a algumas semanas.
E não se esqueça de fazer sua atividade da semana. Lembre-se! Certificar-se de que você tem progredido nos estudos é fundamental para que obtenha um bom resultado em sua avaliação da 1ª etapa.
5.4. Trespasse
Trespasse é o negócio jurídico através do qual um empresário aliena a outro o seu estabelecimento empresarial ficando este responsável pelo desenvolvimento da atividade empresarial.
Código Civil de 2002, Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial (BRASIL, 2002).
É importante notar que a venda do estabelecimento empresarial (uma universalidade de bens) não se confunde com alienação individualizada dos bens que o compõe. Ainda que, com relação a cada um deles devam ser observadas a normas atinentes à transmissão. Naquela, aliena-se um conjunto de bens que reunidos valem mais do que a soma de todos eles, inclusive.
E também, que não se confunde com a alienação da sociedade empresária que explora a atividade econômica. Nesta, o que se altera são os titulares da sociedade e não o empresário que continua sendo a sociedade.
No texto base dessa semana, Marcelo Bertoldi dá bons exemplos para esclarecer essas diferenças, além da possibilidade de exclusão de alguns bens, das restrições à realização deste negócio e das responsabilidades do adquirente. 
E após conferir no texto todas as características aqui evidenciadas e que concernem ao trepasse, faça sua atividade da semana e verifique como está seu desempenho educativo.
Unidade 5. Estabelecimento empresarial (continuação)
5.5. Locação empresarial; e,
Ação Renovatória
Ponto comercial é o local onde está situado empresário ou onde ele realiza habitualmente sua atividade empresarial.
Existem empresários para os quais é indiferente o endereço onde se localizam. No entanto, em muitos casos o local exato onde se fixa o empresário e onde ele exerce a atividade empresarial acaba por se traduzir em um elemento fundamental de seu estabelecimento na medida em que interfere diretamente no sucesso do empreendimento.
Uma livraria localizada em frente a uma faculdade, uma farmácia próxima a um hospital, uma lanchonete perto de um ponto de ônibus. Enfim, em todos estes exemplos a posição do ponto incrementa a capacidade de gerar lucro da atividade.
Às vezes, o próprio ponto se torna referência e se valoriza em razão da atividade empresarial que ali é desenvolvida.
Para o direito brasileiro esse incremento é um bem jurídico, um direito incorpóreo que compõe o estabelecimento empresarial, pois determina o aviamento da empresa, titularizado, portanto, pelo empresário.
No entanto, nem todos os empresários são proprietário dos prédios onde exercem suas atividades, na maioria dos casos tais prédios são locados. Porém, embora não sejam donos dos prédios, são titulares do incremento que trouxeram ao ponto.
Justamente por reconhecer a atividade do empresário como o fator que agrega ao local um valor intrínseco é que a legislação confere uma proteção especial à locação empresarial.
No Brasil, a Lei de Locação1 protege este direito abstrato, garantindo ao empresário a renovação de seu contrato de locação, sendo que esta garantia pode ser objeto de tutela jurisdicional através de Ação Renovatória. E caso o direito à renovação do aluguel não seja respeitado, o empresário terá direito a uma indenização pecuniária.
No texto base dessa semana, Fabio Ulhoa detalha os requisitos da locação empresarial necessários à garantia do direito à renovação compulsória e as defesas possíveis por parte do proprietário do imóvel, além de abordar a Ação Renovatória e a indenização do ponto. Confira!
Além do texto disponibilizado para leitura, chamo a atenção para que conheça bem o que dispõe a Lei de Locações, também acessível em seu AVA. Mais especificamente aos arts. 51 a 57 que tratam da locação não residencial e os de 71 a 75, que deliberam sobre a ação renovatória, ambos focos de nosso estudo desta semana.
Fazendo isso você terá melhores subsídios teóricos para realizar sua atividade da semana e conferir se já consegue diferenciar a locação comercial da residencial; bem como identificar os instrumentos de proteção do ponto como elemento da atividade empresarial.
Olá! Bem-vindo à segunda etapa do nosso curso!
Espero que você tenha sido bem-sucedido na semana de avaliações, e esteja animado para retomarmos os estudos.
Bem, nas semanas anteriores à de avaliações falávamos do perfil objetivo da empresa, estabelecimento empresarial e seus elementos. Já estudamos as características e a proteção do ponto comercial e nessa semana continuaremos abordando os elementos que compõem o estabelecimento.
Há algumas semanas o avisei que voltaríamos a falar dos elementos imateriais. Pois bem, esse momento chegou. Vamos estudar agora os bens incorpóreos (ou imateriais) que compõem o estabelecimento empresarial. Mas, o que seriam esses bens? Segundo Maria Helena Diniz são aqueles bens
que não têm existência tangível e são relativos aos direitos que o empresário tem sobre as coisas, sobre produtos industriais ou intelectuais ou contra outra pessoa, apresentando valor econômico, tais como: localização do imóvel (ponto empresarial), [...] nome empresarial e seus acessórios (título do estabelecimento, insígnia e a expressão ou sinal de propaganda); marca; modelo de utilidade; invenção; patente de invenção; desenho industrial; programas de informática; fórmulas; tecnologia (know-how); direito pessoal patrimonial (créditos) ou direito decorrente de contratos; direito a prestação do trabalho dos empregados, auxiliares do empresário [...]; direito à franquia; direitos de personalidade; direitos autorais decorrentes de obras literárias, artísticas ou científicas etc.
Ou seja, qualquer relação jurídica com conteúdo econômico e objeto intangível poderia se enquadrar nessa classe de bens. Não estudaremos todos especificamente, dada a diversidade e a extensão deles, mas os estudaremos por categorias, três basicamente: o ponto, a propriedade industrial e o nome.
Sobre o ponto comercial já tratamos, inclusive, na 10ª semana. A partir dessa semana e nas próximas quatro nos dedicaremos ao estudo das outras duas categorias de elementos.
Comecemos pela propriedade industrial.
Vamos lá?
 Unidade 6. Propriedade industrial
 6.1 Proteção
O exercício da atividade empresarial se dá em um ambiente de concorrência acirrada. Com cada empresário,como se diz no jargão popular, tendo que matar um leão por dia. E nessa batalha cada um usa as armas que tem. Alguns a inventividade, outros o tino, outros a criatividade, a simpatia, a empatia, a origem etc.
Assim, o que um empresário inventa, cria ou desenvolve, seja um produto, um processo ou uma marca, são bens valiosíssimos, caros à atividade e que demandaram muito investimento de tempo e recursos na sua elaboração. Por isso, esses bens são objeto de uma proteção especial.
Os direitos e obrigações relativos à propriedade industrial são regulados pela Lei Federal nº 9.279/96 e segundo Silvio de Salvo Venosa (2010, pág. 73), “são considerados, por ficção legal, bens móveis (art. 5º). São bens complementares que se agregam à empresa para constituir seu patrimônio e conferem ao seu titular o monopólio da exploração juridicamente protegido”.
Nesta lei, a proteção (art. 2º) dos direitos relativos à propriedade industrial, considerando o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante: (I) concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade; (II) concessão de registro de desenho industrial; (III) concessão de registro de marca; (IV) repressão às falsas indicações geográficas; e (V) repressão à concorrência desleal.
 6.2 Propriedade intelectual
Na verdade, os bens que integram a categoria da propriedade industrial são uma espécie do gênero propriedade intelectual do qual também são espécie os direitos autorais.
Ambos têm a mesma natureza, ou seja, são bens imateriais apropriáveis. Chamados “intelectuais” em razão da origem, também idêntica: o talento criativo. Porém, gozam de uma proteção distinta.
Ambos os sistemas de proteção visam garantir uma exploração comercial exclusiva do bem protegido. Contudo, a propriedade industrial protege a exclusividade de exploração da ideia por quem primeiro obteve tal direito administrativamente (registro), já a propriedade intelectual protege apenas uma forma específica como a ideia foi exteriorizada por quem a fez primeiro.
Exemplo de propriedade industrial: certa vez alguém teve a ideia de inventar um utensílio doméstico que servisse para lavar o arroz com o objetivo deste não adentrar a pia e esta entupir. Esse alguém foi a brasileira Therezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich, que patenteou a invenção no ano de 1959. Qualquer um que quisesse comercializar um utensílio doméstico com essas características teria que pedir à dona Therezinha, independentemente da forma que o construísse.
Exemplo de direito autoral: a intraduzível palavra “saudade” é conhecida de todos nós, bem como o sentimento que ela representa, mas explicá-lo é uma tarefa árdua para a qual tomaríamos um dia inteiro e talvez não conseguíssemos chegar a um conceito. Mas, dizer que a saudade é o pior tormento, é pior do que o esquecimento, é pior do que se entrevar, que a saudade é o revés de um parto, a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu, que a saudade dói latejada, é assim como uma fisgada no membro que já perdi, descreve bem o que é este sentimento. Embora, todos saibamos dizer de alguma forma o que é saudade, a forma acima foi descrita primeiro por Chico Buarque, e só ele pode dizer-se autor dessa obra prima.
Uma das diferenças entre o direito industrial e o autoral está relacionada à natureza do registro do objeto, ou da obra. O do primeiro é constitutivo; o da obra se destina apenas à prova da anterioridade.
[...]
A segunda diferença entre o direito industrial e o autoral está relacionada à extensão da tutela jurídica. Enquanto o primeiro protege a própria ideia inventiva, o segundo cuida apenas da forma em que a ideia se exterioriza (ULHOA, 2013, p. 214).
 
6.3 Patenteabilidade e 6.4 Registrabilidade
Os bens imateriais, para gozarem de proteção, e consequentemente o empresário gozar da exclusividade na sua exploração comercial, precisam ser administrativamente reconhecidos, ou conhecidos, e os atos que garantem o atributo de publicidade à titularidade de tais bens são a patente e o registro.
A patente se aplica à invenção e ao modelo de utilidade, já o registro se aplica ao desenho industrial e à marca.
O texto base dessa semana define bem esses dois atos e quais os requisitos que os bens devem cumprir para fazerem jus a tais proteções. Confira!
Quero também lembrar que o questionário desta semana traz como fundamento para sua resolução a consulta e pesquisa junto ao site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Esteja atento aos prazos estabelecidos e não deixe de cumprir com sua atividade semanal, pois esta é avaliativa.
 Nessa semana continuaremos a falar desse assunto, porém de forma mais específica. Aprenderemos agora sobre invenção, modelo de utilidade e desenhos industriais.
Segundo a Lei de Propriedade Industrial (Lei Federal nº 9.279/1996), é patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial (art. 8º).
A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica (art. 13).
Ou seja, a invenção é algo novo, desconhecido pelos técnicos e cientistas, desenvolvido originalmente pelo seu inventor e que possa ser utilizada ou produzida em qualquer tipo de indústria.
Já o modelo de utilidade é o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação (art. 9º).
Ou seja, “é uma inovação introduzida em um objeto já conhecido, aplicável à indústria, com finalidade prática ou produtiva” (DINIZ, 2013, pág. 764).
Desenho industrial é a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial (art. 95). É uma nova “cara” para o produto.
Para compreender melhor esses conceitos trouxemos um texto complementar ao texto base que já vimos utilizando desde semana passada. Nele Maria Helena Diniz apresenta as diferenças de forma bastante clara. Confira!
Ah, e no site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI você poderá tirar dúvidas comuns sobre esses temas além de consultar patentes e registros em processamento e já processados, ou até mesmo registrar uma invenção, um modelo de utilidade ou um desing.
Unidade 6. Propriedade industrial (continuação)
 6.8. Marcas
Segundo a Lei de Propriedade Industrial, marcar são os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais (art. 122). Portanto, não há que se falar em marcas sonoras, olfativas ou gustativas.
As marcas ainda podem ser divididas em:
a) Marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa:
b) Marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada:
c) Marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade.
As marcas são divididas, e registradas, em ramos de atividade dentro das quais o produto, entidade ou serviço gozará de proteção. Por exemplo, se alguma outra instituição de ensino quiser fazer uso da marca Doctum Avançado, não poderá. Mas, se uma lanchonete quiser chamar um de seus lanches de Doctum Avançado não haverá problema pois são segmentos distintos.
Porém, às vezes a marca alcança tamanho prestígio e notoriedade que gozará, depois de registrada no Brasil, de proteção em qualquer segmento. São as chamadas Marcas de Alto Renome. Como, por exemplo: Ferrari, Coca-Cola, McDonalds. Nesses casos, nenhuma outra empresa poderá usar tais marcas para qualquer finalidade sem autorização, pois estaria ludibriando os consumidores ao usurpar oprestígio da marca.
Há, ainda, as Marcas Notoriamente Conhecidas:
Art. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art. 6º bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil.
 6.9. Indicações geográficas
Indicações geográficas são indicações de procedência ou as denominações de origem. Ou seja, ao longo do tempo uma determinada região pode ganhar notoriedade em razão da qualidade dos produtos ou serviços provenientes dali, ainda que não sejam exclusivos, assim, a indicação da origem pode agregar valor ao produto ou serviço.
Por exemplo, Minas Gerais, que sempre foi o mais tradicional produtor de laticínios do país, é conhecida pela paixão por queijos e produz um tipo específico de queijo que ficou conhecido nacionalmente: o queijo minas frescal (aquele branquinho, molhadinho e salgadinho. Bão demais da conta né!).
Ainda que essa variedade de queijo possa ser reproduzida em outra região do Brasil (ousadia pura!), apenas os produzidos em terras mineiras poderão ostentar o nome “Queijo Minas”, os demais deverão utilizar a alcunha de “tipo”, e se contentarem em fazer o cover do “ídolo”.
Para compreender melhor esses conceitos trouxemos como texto complementar ao texto base que já vimos utilizando, a 2ª parte do texto de Maria Helena Diniz, no qual ela apresenta as diferenças claramente. Confira!
Ah! Continue navegando no site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI para tirar dúvidas comuns sobre esses temas e consultar marcas e indicações geográficas em processamento ou já processadas.
Visite e navegue! E aproveite para realizar sua pesquisa e responder a seu questionário da semana.
6.10 Patentes
Na semana passada vimos especificamente as figuras da marca e da indicação geográfica. Nessa semana falaremos sobre patentes.
A patente é o título emitido pelo Poder Público, que concede a titularidade de direitos ao inventor e ao criador do modelo de utilidade, servindo de comprovante do direito de uso de exploração exclusiva da invenção ou do modelo de utilidade. O titular da patente tem o direito de impedir que qualquer pessoa, sem sua autorização, produza, use, coloque à venda, venda ou venha a importar o produto objeto de patente, o processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado. Ao titular da patente é assegurado, ainda, o direito de impedir que terceiro contribua para que outros pratiquem os atos acima arrolados (DINIZ, 2013, p. 781).
 
Portanto, para obter uma patente é necessário requerer tal título junto ao órgão público competente.
Este órgão é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI, criado em 1970, o INPI é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, responsável pelo aperfeiçoamento, disseminação e gestão do sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade intelectual para a indústria.
 
Para fazer jus ao título o requerente deve provar em um processo administrativo com quatro fases: depósito, publicação, exame e decisão.
O depósito é o protocolo do pedido. A partir dele contam-se os prazos de duração da patente. A publicação é o ato de tornar público o pedido para que todos os interessados possam tomar conhecimento e defender eventuais interesses. Esse ato (ou atributo da publicidade), necessário a todo ato administrativo faz com que alguns empresários decidam não patentear suas invenções, preferindo o investir no sigilo. O exame é a fase na qual o corpo técnico do órgão investiga os requisitos de patenteabilidade. Decisão é a manifestação de órgão deferindo ou não o pedido. Se deferido, será expedida a carta-patente que é “o único documento comprobatório da existência do direito industrial sobre invenção ou modelo de utilidade” (ULHOA, 2013, p. 235).
Na fase de exame o requerente deverá comprovar que a invenção ou modelo de utilidade atende aos requisitos da patenteabilidade: novidade, atividade inventiva e industriabilidade, antes de obter a patente.
 
Novidade!
Segundo o texto Lei de Propriedade Industrial a invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não compreendidos no estado da técnica (Art. 11).
Estado da técnica significa já conhecido do mundo científico. Se a invenção ou modelo de utilidade não é conhecida pelos cientistas e pesquisadores da área afim ela é nova.
 
Atividade inventiva
Segundo o texto Lei de Propriedade Industrial, a invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica (Art. 13), e o modelo de utilidade é dotado de ato inventivo sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica.
Ou seja, a inventividade é o atributo da engenhosidade ou genialidade contido na invenção ou no modelo de utilidade. Não haverá esse atributo quando um especialista considerar a ideia uma decorrência óbvia ou evidente do estado da técnica.
 
Industriabilidade
Segundo o texto Lei de Propriedade Industrial, a invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria (Art. 15).
Trata-se da utilidade comercial do invento ou modelo. Não faz sentido conceder um título de exploração comercial exclusiva em relação a um produto que não tem valor comercial ou não possa ser reproduzido em escala comerciável.
Fabio Ulhoa ainda identifica o desimpedimento como o derradeiro requisito da patenteabilidade. Segundo o autor, “há invenções que, embora novas, inventivas e industrializáveis, não podem receber a proteção da patente, por razões de ordem pública” (2013, p. 223). A própria Lei de Propriedade Industrial enumera tais impedimentos:
 
Art. 18. Não são patenteáveis:
I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;
II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais.
 
Para compreender melhor esses conceitos trouxemos como texto complementar ao texto base que já vimos utilizando, a 3ª parte do texto de Maria Helena Diniz, no qual ela disserta sobre patentes. Confira!
Ah, e continue navegando no site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI para tirar dúvidas comuns sobre esses temas e consultar patentes em processamento ou já processadas e aproveite para cumprir com sua atividade avaliativa desta semana.
Até a semana passada falamos sobre os bens imateriais classificados na categoria de propriedade industrial.
Nessa semana, ainda tratando sobre bens imateriais que compõem o estabelecimento empresarial falaremos do nome empresarial.
Vamos lá?
 Nome empresarial
Toda pessoa tem um nome. Nome é aquilo que o identifica e individualiza em meio a outros seres da mesma natureza. O nome empresarial é isso. É a designação que identifica e individualiza o empresário ou sociedade empresária no meio empresarial e que atua.
 
7.1  Conceito
Segundo a Instrução Normativa DREI[1] nº 15 de 2013, que dispõe sobre a formação do nome empresarial, sua proteção, entre outras providências, o nome empresarial é aquele sob o qual o empresário individual, empresa individual de responsabilidade limitada – Eireli, as sociedadesempresárias, as cooperativas exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes (Art. 1º).
 
7.2  Natureza jurídica
Embora haja discussões a respeito da natureza jurídica do nome empresarial, filiamo-nos à corrente que o entende como um direito da personalidade. Entendemos que o nome empresarial é uma espécie do gênero nome (direito da personalidade – do qual também faz parte o nome civil da pessoa natural) e obedece ao mesmo regramento jurídico, gozando das mesmas proteções.
Vários dispositivos legais corroboram tal entendimento, dentre os quais destaco os artigos 11, 16, 52 e 1.164 do Código Civil:  
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
[...]
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
[...]
da personalidade.
[...]
Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.
Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor.
 
A leitura desses artigos permite concluir a opção do Código Civil por esse pensamento. O que nos parece acertado, tendo em vista que a importância do nome empresarial é maior do que eventual conteúdo pseudo-patrimonial que ele poderia eventualmente ostentar. Não se pode confundir nome com marca. Ainda que, às vezes, eles coincidam.
Discordamos de Fábio Ulhoa, com todo respeito que o eminente professor faz jus, quando ele afirma que,  
[...] ora, se há quem, em determinadas circunstâncias, paga pela utilização do nome empresarial criado pelo exercente de atividade econômica, então negar-lhe a condição de bem do patrimônio desse último pode ser uma solução legal dissociada da realidade. Se o direito não reconhecer a natureza patrimonial do nome adotado pelo empresário, os conflitos eventualmente ligados à sua negociação não poderão ser convenientemente equacionados, na medida em que a própria juridicidade do negócio é questionável (ULHOA, 2013, pp. 248-249).
 
Pois, se assim for, também teria juridicidade questionável o negócio jurídico através do qual a pessoa natural empresta seu nome a uma propaganda comercial. O nome da pessoa natural pode ser utilizado com finalidades comerciais sem que isso desnature a sua característica extrapatrimonial.
 
Nesse ponto, seguimos Maria Helena Diniz:
É direito personalíssimo e com tal é absoluto, extrapatrimonial, intransmissível, indisponível, irrenunciável, impenhorável e imprescritível. Consequentemente, o nome empresarial: não consta do ativo do balanço; é insuscetível de penhora em execução; é inalienável; não entra na falência; não pode ser desapropriado; não pode constituir quota social (DINIZ, 2013, p. 853).
 
Apesar dessa pontual divergência, o texto base dessa semana é de Fábio Ulhoa, e nele o autor trata ainda das funções do nome empresarial, dos princípios que o regem, das espécies (firma e denominação), da sua formação e outras questões relevantes conforme proposto por nossos conteúdos de estudo desta semana, quais sejam:
 
7.3.     Funções
7.4.     Princípio da veracidade
7.5.     Princípio da novidade
7.6.     Espécies
7.7.     Formação
7.8.     Proteção
7.9.     Alteração
7.10.   Exclusividade
7.11.   Inalienabilidade
7.12.   Cancelamento
7.13.   Diferenças entre nome empresarial, marca e título de estabelecimento
 
Confira!
 
E para não confundir nome com marca, trouxemos um texto de apoio de autoria de Maria Helena Diniz bastante esclarecedor, não fique sem lê-lo. E aproveite para realizar sua atividade semanal como forma de consolidar e verificar o seu desenvolvimento com relação aos estudos desta semana.
 
OBRIGAÇÕES BÁSICAS NO CÓDIGO CIVIL DE 2002
São obrigações básicas dos empresários, de acordo com o Código Civil:
a) seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva (Art.1179);
b) levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico (Art.1179);
c) fazer registrar no Registro Público de Empresas Mercantis todos os documentos cujo registro for expressamente exigido por lei, dentro de 30 dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento (Art.1181 e Lei 8934/94- Lei do Registro Público de Empresas Mercantis, Art.36);
d) conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados (Art. 1.194).
 
8.1 Escrituração
A escrituração é um processo metódico e sistemático que traduz o retrato contábil da empresa e serve para o Estado fiscalizar e cobrar tributos, bem como para auxiliar o empresário na condução da atividade, para posicionar os sócios a respeito do andamento dos negócios da sociedade, além de servirem, os livros autenticados, de prova perante o Poder Judiciário a respeito da atividade empresarial.
 
8.2 Requisitos da escrituração
Para garantir os atributos que a legislação confere à escrituração é necessário que ela atenda a determinados requisitos intrínsecos e extrínsecos.
Os requisitos extrínsecos estão relacionados à fé pública conferida aos livros pelo Registro Público de Empresas Mercantis através da autenticação, enquanto que os requisitos intrínsecos dizem respeito à confiabilidade no modo como os dados são lançados nos livros (Art. 1.183, CC/2002).
 
8.3 Demonstrações contábeis periódicas
Dada a importância da escrituração para o exercício da atividade empresarial e sua fiscalização, o Código Civil impõe a obrigação de se manter um sistema contábil uniforme e confiável, e ainda determina o levantamento anual de balanços patrimoniais e de resultado econômico (Art. 1.179, CC/2002).
 
8.4 Eficácia probatória
Os livros e fichas dos empresários e sociedades são dotados de eficácia probatória, ou seja, constituem prova contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor (Art. 226, CC/2002), desde que escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco.
 
8.5 Livros empresariais
Várias espécies de livros podem ser adotadas no dia a dia da atividade empresarial, de acordo com o interesse do empresário, com a especificidade da atividade ou a necessidade do fisco.
O Livro Diário é o livro obrigatório comum a todos os empresários, ou seja, qualquer empresário é obrigado a escriturá-lo.
Porém, faculta-se a adoção de sistema de fichas de lançamentos, por processo mecânico ou eletrônico, permitindo, assim, a substituição daquele pelo Livro Balancetes Diários e Balanço, desde que observadas as formalidades extrínsecas exigidas para aquele (Art. 1.185, CC/2002). 
Segundo Maria Helena Diniz, essas formalidades são: “organização ordenada ou encadernação das fichas; lavratura do termo de abertura e encerramento e autenticação pelo Registro Público de Empresas Mercantis” (2013, p. 945). 
Confira outras espécies de livros no texto base dessa semana.
 
8.6 Responsabilidade, guarda e conservação
A obrigação de escriturar de nada valeria se não se impusesse a obrigação de guardar e conservar os livros empresariais. Mas até quando? Ora, até o momento em que eles servirem para comprovar o cumprimento de obrigações ainda exigíveis, ou seja, até a ocorrência da prescrição ou da decadência. O que enseja, por parte do responsável (empresário e a sociedade empresária), a necessidade de uma análise detalhada de cada obrigação consignada nos livros, como também das eventuais incidências de causas suspensivas ou interruptivas (Art. 1.194, CC/2002).
 
8.7 Sigilo da escrituração e exibição dos livros empresariais
Em razão da importância, para a empresa, das informações contidas em seus livros, a obrigatoriedade de sua exibição é restrita, prevalecendo o Princípio do Sigilo dos Livros Escriturais (Art. 1.190, CC/2002), corolário da proteção aos direitos da personalidade, notadamente, a intimidade da pessoa (natural ou jurídica).
Porém,

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