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Telder Andrade Lage Ana Luisa Coelho Perim, Fabiano Eustáquio Zica Silva Direito Empresarial 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Telder Andrade Lage Ana Luisa Coelho Perim, Fabiano Eustáquio Zica Silva DIREITO EMPRESARIAL Belo Horizonte Novembro de 2015 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 COPYRIGHT © 2015 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Vice Presidência Arthur Sperandeo de Macedo Coordenação de Produção Gislene Garcia Nora de Oliveira Ilustração e Capa Alexandre de Souza Paz Monsserrate Leonardo Antonio Aguiar Equipe EaD 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Conheça o Autor Telder Andrade Lage é mestre em Direito Empresarial pelas Faculdades Milton Campos(2011), especialista em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Geais (2009), especialista em Direito Internacional pelo Centro de Direito Internacional/Faculdades Miltons Campos (2009), graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2008). Professor de Arbitragem no programa de Pós-Graduação em Direito Internacional do CEDIN. Advogado, possui experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Empresarial, Internacional e Constitucional. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Conheça o Autora Ana Luisa Perim é advogada, mestre em Direito Empresarial e graduada pela Faculdade de Direito Milton Campos. É professora do UNI-BH, onde leciona as disciplinas de Direito das Sucessões, Direito Processual Civil e Prática Real, além de ser orientadora no Núcleo de Prática Jurídica. Leciona também na Universidade de Itaúna as disciplinas de Direito Empresarial e Direito Tributário. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Conheça o Autor Fabiano Eustáquio Zica Silva é mestre em Direito Empresarial pela Milton Campos (2013). Graduado em DIREITO pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2003). Especialista em direito constitucional, administrativo e tributário (2008). É sócio e diretor do escritório - FABIANO ZICA e ADVOGADOS ASSOCIADOS. Tem experiência na área de direito, com ênfase em direito imobiliário e educacional e também na área de gestão educacional. Professor de direito constitucional, administrativo, empresarial, tributário, prática civil e filosofia do direito. Foi Membro da comissão de meio ambiente da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais (de 2010 à 2013). Foi assessor da Diretoria do SENAC-MG tendo respondido de forma interina pela Superintendência Educacional (2013/2014). É membro colaborador da comissão de seleção e inscrição da OAB/MG (desde 2013). É presidente da Associação Mineira de Direito e Economia (gestão 2014/2016). É coordenador do projeto de extensão “conhecendo a estrutura jurídica do Brasil”. É cooperador do projeto de extensão “Universidade Aberta à Pessoa Idosa”. É membro do Colegiado do Curso de Direito da Faculdade de Direito Una de Contagem (2014/2015). Autor de diversos artigos científicos. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 O direito empresarial, ramo do direito privado, estuda uma importante parte das relações que serão estabelecidas em decorrência do desenvolvimento da atividade empresarial. Para viabilizar que os alunos adquiram o conhecimento necessário sobre os negócios jurídicos realizados na atividade empresária, serão estudados: conceitos básicos sobre o empresário individual; a empresa individual de responsabilidade limitada; a sociedade empresária; a sociedade simples; os tipos societários; o registro das empresas e consequências da ausência do registro; a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação; o estabelecimento empresarial; a desconsideração da personalidade jurídica; títulos de crédito; falência e recuperação judicial e extrajudicial de empresas. Apresentação da disciplina 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 UNIDADE 1 003 Introdução ao diretiro empresarial 004 Histórico, conceito e características 005 Empresário: caracterização, inscrição, capacidade e impedimentos 007 Estabelecimento empresarial 013 Registro público de empresas mercantis (sociedades empresárias) 015 Capacidade e impedimentos 016 Obrigações legais comuns a todo empresário 018 Revisão 021 UNIDADE 2 024 Direito empresarial I 025 Personalidade jurídica 026 Teoria da desconsideração da personalidade jurídica 026 Empresário 029 Tipos de pessoa jurídica: sociedades e empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI 032 Propriedade intelectual marcas, patentes, modelo de utilização e invenção 040 Nome empresarial: firma, nome fantasia e nome de domínio 042 Revisão 044 UNIDADE 3 046 Direito societário I 047 Teoria geral do direito societário: sociedade entre cônjuges, contrato social, capital social e responsabilidade civil da sociedade 049 Classificação das sociedades: quanto à responsabilidade dos sócios, simples e empresárias, de pessoas e de capitais, personificadas e não personificadas 056 Tipos de sociedade empresárias 060 Sociedade em comum e sociedade em conta de participação 062 Outros tipos societários 064 Revisão 065 UNIDADE 4 067 Direito societário II 068 Sociedade Ltda.: conceito, características, administração, responsabilidade dos sócios, cessão de quotas e sócio remisso 069 Resolução da sociedade em relação a um dos sócios 072 Sociedades anônimas (S.A.): conceito e características 075 Ações: forma, classe, emissão e circulação 077 Administração da sociedade anônima 082 Deveres e responsabilidade dos administradores 083 Dissolução das sociedades anônimas e das sociedades limitadas 084 Revisão 085 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 6645 79 21 5 82 66 45 79 21 5 UNIDADE 5 087 Teoria geral dos títulos de crédito 088 Definição 089 Funções 091 Atributos 092 Classificação dos títulos de crédito 097 Obrigações cambiais 100 Protesto 106 Revisão 109 UNIDADE 6 113 Título de crédito em espécie 114 Letra de câmbio 115 Cheque 119 Duplicata 129 Nota promissória 136 Revisão 139 UNIDADE 7 143 Direito falimentar 144 Teoria geral do direito falimentar 145 Conceito de falência 147 Pedido de falência 149 Recuperação judicial de empresas 155 Recuperação extrajudicial de emrpesas 158 Sustentabilidade empresarial 159 Revisão 161 UNIDADE 8 163 Direito do consumidor e contratos empresariais 164 Introdução ao direito do consumidor 166 Relação jurídica de consumo 167 Definição de consumidor 168 Definição de fornecedor 170 Responsabilidade pelo fato do produto ou serviço 171 Responsabilidade pelo vício do produto 174 Troca de produtos 177 Contratos empresariais 178 Revisão 184 REFERÊNCIAS 189 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Introdução ao direito empresarial • Histórico, conceito e características • Empresário: caracterização, inscrição, capacidade e impedimentos • Estabelecimento empresarial • Registro público de empresas mercantis (sociedades empresárias) • Capacidade e impedimentos • Obrigações legais comuns a todo empresário • Revisão Introdução Esta unidade foi construída para que você possa ter o primeiro contato com o direito empresarial como ramo específico do Direito. O que se estuda no direito empresarial? O que é empresa? Será que todos podem ser empresários? O que é um estabelecimento empresarial? Como ele é registrado? Nessa disciplina você aprenderá as características do empresário como pessoa física ou jurídica, e suas obrigações. Também aprenderá que a lei veda algumas pessoas de exercer essa atividade. Você também irá conhecer as nomenclaturas próprias desta área do Direito, tais como sócio e acionista. As noções e conceitos apresentados nesta unidade servirão para o bom entendimento de todas as demais unidades, servindo como início e pano de fundo para o desenvolvimento do raciocínio ligado ao direito empresarial, mostrando o que esse ramo do Direito possui de diferente dos demais, com foco no que pode ser útil para sua vida, sobretudo para quem não é um advogado. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 005 Histórico, conceito e características Desde as épocas mais remotas da sociedade, sempre houve troca de mercadorias e serviços entre as pessoas. As relações humanas foram sendo reguladas pouco a pouco, no começo pela força física, depois pelo domínio sobre as armas e então pelo conhecimento sobre o que se produz ou os tipos de serviços que são prestados. Curiosamente, ainda é assim que funciona nos locais em que não vemos a presença do Estado (das instituições públicas, como polícia, escolas, postos de saúde e Poder Judiciário), como ocorre no crime organizado. A verdade é que nem todos são fortes o suficiente para permanecerem no mercado ou dominam armas. Onde o mais forte ou mais bem armado é o mais poderoso, não há espaço para que exista concorrência ou mesmo desenvolvimento, pois, morrendo o mais poderoso, o segundo mais poderoso assume o poder e assim indefinidamente. Esse modelo de sociedade não pode existir porque não permite o desenvolvimento de muitos, e assim a sociedade não avança. Ronnie Preuss Duarte (2004, p. 15) diz que a partir do ano de 1300 a.C., os fenícios intermediavam as trocas de produtos entre assírios e babilônios, bem como entre os egípcios e os ocidentais, com um grau de organização muito forte, o que lhes permitiu um desenvolvimento rápido. Dentre os exemplos, o autor informa que eles já possuíam um sistema de peso dos metais preciosos para atribuir um certo valor nas trocas. Esse desenvolvimento nos faz pensar: há algo universal que nós trocamos por mercadorias ou serviços uns dos outros. Sem esse item ainda estaríamos trocando arroz por roupas e roupas por bois. Você já pensou o que é? Trata-se do dinheiro. O Direito, como um dos meios de regular a sociedade (há outros, A verdade é que nem todos são fortes o suficiente para permanecerem no mercado ou dominam armas. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 006 O direito empresarial nasceu como sendo o direito das relações de compra e venda, ou seja, o direito comercial. como a própria força) procura dar forma civilizada de relacionamento entre os componentes da sociedade (pessoas e governo). O Direito também passou a regular a relação específica dos que organizam a compra e venda de mercadorias e serviços. Rubens Requião (2012, p. 32) diz que as primeiras normas surgiram da necessidade de se regular o comércio ainda na Idade Média. As regulações da atividade empresarial surgiram da união dos próprios comerciantes contra as imposições da época, sobretudo religiosas, que viam a obtenção do lucro como algo ligado ao pecado. Essa união entre os comerciantes gerou as chamadas corporações de ofício, que floresceram em Veneza e Gênova, e depois foram se expandindo. Na medida que se expandiram, ficam importantes e conseguiram cada vez mais dinheiro. Com mais dinheiro conseguiram também contratar soldados, e aí começaram a incomodar as estruturas existentes (igreja e o início do que podemos hoje chamar de países), que passaram então a editar normas para regular esse ramo do Direito. O direito empresarial nasceu como sendo o direito das relações de compra e venda, ou seja, o direito comercial. Com a gradativa mudança nas questões de organização dos meios de produção (os comerciantes foram se tornando também industriais), ocorreu uma inevitável necessidade de regulação das atividades comerciais sob outro ponto de vista. A regulação das relações humanas que ocorrem na compra e venda de mercadorias e serviços, aí incluídas todas as etapas como a extração de minério, a industrialização nas siderúrgicas, a produção de veículos e a distribuição deles pelas revendas, por exemplo, é abordada pelo direito empresarial. E qual o limite dessa regulação? O direito empresarial limita-se até a etapa das revendas (também chamadas de concessionárias), porque quando alguém que não vai revender o veículo o adquire para usá-lo, tem-se aí não mais uma relação do direito empresarial, e sim uma relação do direito do consumidor, que será apresentado em outra unidade. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 007 O direito empresarial possui por características,sobretudo, o estudo das atividades lucrativas. No conjunto de normas existentes hoje, temos que o direito empresarial versa sobre a empresa, que é a atividade de organização dos meios de produção, como veremos a seguir. O direito empresarial possui por características, sobretudo, o estudo das atividades lucrativas. A palavra atividades está grifada em virtude do fato de que as pessoas jurídicas que são criadas para exercerem as atividades empresariais ou não, são o objeto de estudo do direito empresarial. Dessa forma, é importante que fique claro que a questão lucrativa é condição sem a qual não é possível identificar o objeto de estudo. O lucro é obtido a partir do objetivo de conseguir sobras de dinheiro para que se possa distribuir entre as pessoas que participaram de alguma forma do sucesso do empreendimento (observe a semelhança da palavra empreendimento com a palavra empresa, da qual a primeira surgiu). Essas pessoas tanto podem ser pessoas físicas quanto pessoas jurídicas, e podem ser denominadas como sócios, acionistas, cotistas, cooperados, comanditados e assim por diante. Empresário: caracterização, inscrição, capacidade e impedimentos Conceitos fundamentais: noção de empresa, empresário, sócio ou acionista e estabelecimento empresarial O histórico brasileiro da figura do empresário na legislação é recente, nasce em 2002 com a entrada em vigor do Código Civil em substituição ao Código Civil de 1916. O direito empresarial era tratado como direito comercial, e não fazia parte do Código Civil revogado; era tratado em legislações iniciadas no ano de 1850. A legislação anterior era baseada 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 008 É importante destacar que empresa não se trata de uma pessoa jurídica ou mesmo uma pessoa física. na teoria dos atos de comércio1, centrada na ideia de comerciante e de ato de comprar e vender mercadorias, não disciplinando de forma sistematizada nem o empresário (pessoa física ou jurídica), nem a empresa (atividade). O conceito de empresário e de empresa, como veremos, é bem mais amplo do que a mera compra e venda de mercadorias, por isso é que o direito foi sendo alterado com o tempo. É importante destacar que empresa não se trata de uma pessoa jurídica ou mesmo uma pessoa física. Empresa é a atividade exercida pelo empresário. Assim, ninguém pode ter uma empresa ou ser sócio de uma empresa. A pessoa jurídica ou física que é empresária exerce a empresa. Ninguém pode ser uma atividade ou mesmo ser sócio de uma. O que existe é um sócio de uma sociedade ou proprietário de cotas de uma sociedade. Dentro da sociedade, vamos chamá-lo administrador, gerente, diretor e assim por diante. Esse administrador é a pessoa física que vai dar ordens e organizar o trabalho dentro da sociedade para o exercício da empresa. É preciso observar que há nomenclaturas distintas para os proprietários de parte das sociedades, conforme o tipo destas. Se o tipo (que será estudado em outro capítulo) for uma sociedade limitada, em comandita simples, em nome coletivo, em conta de participação ou simples pura ele será denominado por sócio. Se o tipo for uma sociedade em comandita por ações ou uma sociedade por ações (também chamada de sociedade anônima), ele será chamado de acionista. Por último, se o tipo societário for uma cooperativa, ele será chamado de cooperado. 1- Ato de comércio – A legislação anterior definia que seriam os atos de comércio a compra, venda ou troca de efeitos móveis ou animais para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso; as operações de câmbio, banco e corretagem; as indústrias; de comissões; de depósitos; de expedição, consignação e transporte de mercadorias; de espetáculos públicos, os seguros, fretamentos, risco e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo; armação e expedição de navios. Ou seja, não interessa a forma como se exerce, o que interessa é se o ato é definido ou não como um ato de comércio. Se não está definido, então não se trata de um comerciante e a lei comercial não se aplica a ele. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 009 Empresário é a soma de quatro elementos que devem, obrigatoriamente, ser observados em conjunto. No Código Civil, já no livro II da Parte Especial, que regulamenta o inovador (ao menos no Direito brasileiro) direito de empresa, está a figura do empresário, definida no art. 966, como sendo: Art. 966. “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.” (BRASIL, art. 966 - Código Civil) O código também se refere especificamente ao empresário nos artigos 971 e 982 a seguir. Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. (BRASIL, art. 971 - Código Civil) Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro; e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. (BRASIL, art. 982 - Código Civil) Baseado no que escreveu André Ramos (2008, p. 63), podemos dizer que empresário é a soma de quatro elementos que devem, obrigatoriamente, ser observados em conjunto. 1- Profissionalismo: o empresário exerce suas atividades de forma profissional. Isso é o antônimo de amador (o que faz por amor), que faz sem retorno financeiro próprio. Podemos afirmar que só pode ser considerado empresário a pessoa natural ou jurídica, que exerce de maneira frequente, em nome próprio, uma atividade da qual retira as condições necessárias para se estabelecer e se desenvolver, mesmo sendo essas condições bilionárias (como no caso de uma grande multinacional) ou como no caso de um simples carrinho de pipoca. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 010 Atividade econômica: é a intenção de obter lucro bastando realmente a intenção. 2 - Atividade econômica: é a intenção de obter lucro bastando realmente a intenção, pois há negócios que existem mesmo não conseguindo obter lucro. É bem possível que fechem rápido, mas a intenção do lucro sempre existe. 3 - Organização: o empresário organiza os fatores de produção (que são todo o material necessário para o exercício da atividade), o trabalho (não necessariamente de outras pessoas, pode ser o seu próprio trabalho) e a atividade, consistente na forma em que vai exercer a empresa. 4 - Produção ou circulação de bens ou de serviços: o empresário organiza todos os fatores citados em conjunto. O empresário pode ser pessoa física ou jurídica, e a divisão que foi feita no Código Civil quanto à sua abordagem sobre o assunto é a seguinte: LivroII Do Direito de Empresa – (artigos 966 a 1.195) Título I Do Empresário (pessoa física ou jurídica) Título I-A -Da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - Art. 980-A Título II Da Sociedade Título III Do Estabelecimento Título IV Dos Institutos Complementares 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 011 A diferenciação entre a sociedade simples e a empresária, portanto, está no objetivo da pessoa jurídica e não nos lucros ou na complexidade da atividade. A EIRELI – empresa individual de responsabilidade limitada (art. 980- a), é uma pessoa jurídica. É importante também dizer que a maior parte das sociedades são pessoas jurídicas; as exceções são a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação. O artigo 966 do Código Civil, além de definir quem é o empresário, também exclui desse enunciado no seu parágrafo único as pessoas que se dedicam à profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que conte com o concurso de auxiliares ou colaboradores. Essas pessoas não exercem atividade empresarial. WALD (2012) salienta que é importante ainda verificar que a construção das leis em torno da atividade empresária passa também pelo entendimento do que não vem a ser a atividade empresária, assim, excluindo algumas atividades do que vem a ser ou não empresário. O Livro II, da Parte Especial do novo Código Civil, intitulado “Do Direito de Empresa”, não trata apenas da atividade empresária e do empresário, mas também da atividade não empresária. (...) Aliás, há que se observar que o título original do referido Livro no texto do Anteprojeto do novo Código Civil era “Da Atividade Negocial. (WALD, 2012), p. 199 A definição não é das mais óbvias e claras, mas está aí – as pessoas que se dedicam à profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda que contem com o concurso de auxiliares ou colaboradores, exercem a atividade simples. A diferenciação entre a sociedade simples e a empresária, portanto, está no objetivo da pessoa jurídica e não nos lucros ou na complexidade da atividade, vez que a lei trata exclusivamente de quais são as atividades que são, por simples exclusão, sociedades simples. Assim, um artista como Romero Britto, por exemplo, que se utiliza de centenas de colaboradores no mundo inteiro, expõe suas obras, vende sua marca para inúmeros atravessadores e 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 012 Área meio é a que dá suporte para que o empresário desempenhe sua área fim. arrecada mais de 100 milhões de dólares por ano, jamais será um empresário no exercício de sua atividade, pois, o que interessa, do início ao fim, é o seu trabalho artístico. De outra forma, mesmo que uma grande construtora tenha vários engenheiros, arquitetos, químicos, geólogos e geógrafos que fazem parte intelectual de sua equipe, ela jamais será uma sociedade simples, pois o que interessa é o que ela entrega, ou seja, a construção. Portanto, o artista (por exemplo) sempre exerce atividade simples, enquanto a construtora (também por exemplo) sempre exerce atividade empresária. Elementos de empresa Vejamos novamente o parágrafo único do art. 966 do Código Civil. “Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.” (BRASIL, art. 966 - Código Civil). Ora, o legislador fez inserir uma exceção dentro da própria exceção que ele já tinha realizado. Para esclarecer, há a necessidade de distinguir a área meio da área fim. Área meio é a que dá suporte para que o empresário desempenhe sua área fim. A área fim é o objeto social da sociedade empresária ou da atividade do empresário individual. Quando se fala do trabalho intelectual como objeto de empresa, diz- se que a área intelectual é meio, porque se for área fim não há que se falar em atividade empresária. Toda atividade empresarial tem, por trás de sua atividade, alguma espécie de trabalho intelectual. Como exemplo, observa-se que a atividade intelectual em uma editora é para a criação dos livros. O que é vendido é o produto, e não os direitos autorais (intelectuais). 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 013 O estabelecimento empresarial é todo o conjunto de bens necessários para que seja exercida a atividade empresarial. Assim, o trabalho intelectual de produção de livros é o elemento da empresa de atividade da editora. Há situações em que atividades não intelectuais são exercidas como fomento da própria atividade intelectual. Por exemplo, um grupo de teatro que realize venda de brindes para angariar recursos para suas peças teatrais não deixa de ser considerado uma atividade simples, pois sua finalidade continua sendo a prestação de serviços artísticos, no caso, a execução e produção de peças teatrais. Com base no que explicamos em relação ao conceito de empresário e do não empresário, chegamos à seguinte definição, que entendemos ser uma unificação dos conceitos apresentados. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, mesmo que se utilize de atividades intelectuais, de natureza científica, literária ou artística, como meio para atingir sua finalidade empresarial (teoria do ato único). Também serão consideradas empresárias as sociedades anônimas (por ações) e as sociedades em comandita por ações independente de seu objeto. Estabelecimento empresarial O estabelecimento empresarial é todo o conjunto de bens necessários para que seja exercida a atividade empresarial. Não se trata apenas do local físico em que está a atividade (endereço). Vai muito além disso. O estoque, os veículos, as máquinas, computadores, imóveis, patentes, nome do estabelecimento empresarial, site na internet, clientes, enfim, tudo que é utilizado no exercício da empresa com exceção dos empregados que prestam serviços são parte do estabelecimento empresarial. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 014 É obrigatório que o empresário (pessoa física ou jurídica) se registre como empresário antes de iniciar a atividade. Por que se estudar isso? Porque o estabelecimento empresarial é parte da atividade empresarial, mas com ela não se confunde, portanto, é possível que ocorra a venda do estabelecimento empresarial sem que ocorra a venda da totalidade das cotas (ou ações) da pessoa jurídica. O estabelecimento empresarial é o plural dos bens da empresa, sendo que cada um dos bens o é em forma singular. Inscrição É obrigatório que o empresário (pessoa física ou jurídica) se registre como empresário antes de iniciar a atividade. A nomenclaturacorreta é justamente essa – realizar a inscrição, mas é comum dizer também (e são formas erradas de dizer) “abrir uma empresa” ou mesmo “abrir uma firma”. Quem regulamenta o registro empresarial? Uma instituição denominada por Departamento de Registro Empresarial e Integração - DREI, que é ligado ao ministério das Micro e Pequenas Empresas. Este órgão gerencia as juntas comerciais dos estados. São atribuições do DREI supervisionar, orientar e coordenar, em todo território nacional, as autoridades e órgãos públicos responsáveis pelo registro dos empresários e das sociedades empresárias. O registro de empresa é providenciado mediante inscrição nas juntas comerciais de cada estado. Quem exerce a atividade rural, para exercer sua atividade de forma empresarial, deve requerer seu registro como os demais. Ocorre que a lei permite que o ruralista exerça sua atividade sem registro como empresário. Registrar-se ou não é uma decisão de quem exerce a atividade rural. As sociedades de prestação de serviços intelectuais, chamadas de sociedades simples como já vimos, devem ser registradas perante os cartórios de registro civil das pessoas jurídicas. Esses cartórios não possuem jurisdição estadual (ao contrário das juntas comerciais, que possuem postos de atendimento em várias cidades 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 015 Como já dissemos, o registro do empresário – reitera, pessoa física ou jurídica – antes de iniciar sua atividade é determinação da legislação. mas são estaduais, com sede na capital de cada um dos estados). Cada cartório possui uma área de abrangência (atuação). A legislação também determina que as cooperativas, embora sejam consideradas sociedades simples, devem ser registradas nas juntas comerciais. Registro público de empresas mercantis (sociedades empresárias) Como já dissemos, o registro do empresário – reitera, pessoa física ou jurídica – antes de iniciar sua atividade é determinação da legislação. Aqui cabe um aparte – precisamos diferenciar o empresário pessoa física da pessoa jurídica empresária. No Brasil não importa como se exerce a atividade, qualquer que seja ela, uma igreja, uma associação de bairro, uma comissão de formatura ou uma fábrica de pães de queijo, só ganham personalidade jurídica (ver a estrutura didática da unidade 1) se registradas na forma da legislação. Assim, podemos dizer que a lei diz quem é pessoa jurídica. Se não está informado na lei, não é pessoa jurídica e pronto, mesmo que tenha inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). Para que se adquira personalidade jurídica é imprescindível que os detentores de suas quotas/ações registrem seus atos constitutivos (contrato social, estatuto, etc.) perante ao órgão responsável. Como já dissemos, as sociedades empresárias devem ser registradas nas juntas comerciais e as simples nos cartórios do registro civil de pessoas jurídicas. São exemplos de pessoas jurídicas: empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI, sociedade simples, sociedade 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 016 Também importa dizer que as juntas comerciais efetuam a matrícula de algumas funções que são auxiliares às empresas. limitada, sociedade anônima, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações, organizações religiosas, associações, fundações e partidos políticos (em negrito as empresariais). São exemplos de atividades exercidas com inscrição no CNPJ e sem personalidade jurídica: empresário individual MEI – micro empreendedor individual, prestador de serviços autônomo (advogado, engenheiro, contador, etc.), sociedade em conta de participação, sociedade em comum, condomínios de edifícios, filiais das sociedades e fundos de investimento. Embora o registro de empresário antes de iniciar suas atividades (como já vimos) seja uma obrigação legal, temos ainda que o registro permite vantagens ao empresário ou sociedade. Algumas delas são a garantia de existência, personalidade jurídica (nos casos em que é possível), publicidade dos atos empresariais, segurança e eficácia dos negócios jurídicos realizados entre os sócios e com a sociedade, cadastro de empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no Brasil e baixa (extinção, finalização) da sociedade ou da atividade do empresário individual. Também importa dizer que as juntas comerciais efetuam a matrícula de algumas funções que são auxiliares às empresas. Essas funções são as de leiloeiros, tradutores, intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns gerais. Esses auxiliares da atividade empresarial somente atuam com regularidade se inscritos nas juntas comerciais dos estados em que atuam. Capacidade e impedimentos Existem pessoas que não podem realizar a atividade empresarial. Quem são elas? 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 017 Incapaz é a pessoa que não pode responder por seus atos em virtude de alguma questão de saúde (incluindo vícios) e que não saiba lidar com dinheiro . • Os menores de 18 anos, não emancipados. Emancipado é o menor que possua entre 16 e 18 anos cujos pais (ou responsáveis) declarem em um cartório que o sujeito é responsável civilmente pelos seus atos; o menor que se casar; o menor que exercer um emprego público efetivo; o menor que colar grau em ensino superior; o menor que possua entre 16 e 18 anos e que se dedique à atividade empresária ou emprego que o sustente. A emancipação só possui efeitos no direito civil, não interferindo no direito de trânsito (maioridade aos 18 anos), no direito eleitoral (maioridade aos 16 anos), nem no direito penal (maioridade aos 18 anos). Isso está no Código Civil, no art. 5º. O incapaz não pode exercer a atividade empresarial mas pode ser sócio de uma sociedade desde que não a administre. • Os incapazes. Incapaz é a pessoa que não pode responder por seus atos em virtude de alguma questão de saúde (incluindo vícios) e que não saiba lidar com dinheiro (que não demonstre ser sadio em relação aos recursos financeiros, assinando cheques à qualquer um, por exemplo). O incapaz só pode ser considerado assim por meio de um processo judicial. Até que exista um processo judicial basta que o sujeito tenha 18 anos para ser considerado completamente capaz. Isso está no Código Civil, no art. 1.767. Ele não pode exercer a atividade empresarial mas pode ser sócio de uma sociedade. • Os falidos, enquanto não tiverem suas obrigações extintas. • Leiloeiros. • Corretores de bolsas de valores. • Servidores públicos enquanto exercem a atividade pública. • Estrangeiros (pessoas físicas ou jurídicas) são impedidos de exercer atividade empresarial jornalística ou de radiodifusão enquanto não possuírem sede no Brasil. • Devedores do INSS (para o início da atividade empresária). 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 582 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 018 O fato de ser empresário (pessoa física) ou administrador/ gerente/diretor de uma sociedade empresária traz obrigações. • Médicos são impedidos de exercerem a atividade empresarial de farmácia. • Marido e mulher que sejam casados em comunhão total ou separação total de bens, dentro de uma mesma sociedade. Obrigações legais comuns a todo empresário O fato de ser empresário (pessoa física) ou administrador/gerente/ diretor de uma sociedade empresária traz obrigações. O Direito regula tais condições para que exista alguma transparência na relação da busca do lucro (objetivo do empresário) com a sociedade que irá lhe permitir esse lucro. Em relação à essa condição, é importante observarmos alguns dispositivos do Código Civil, na parte que ele regula a atuação do empresário, e também de outras normas. Vejamos: Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. (BRASIL, Art. 966 – Código Civil) O art. 1.179 do Código Civil expressa que o empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Esse dispositivo obriga que os empresários possuam escrituração (registros) contábeis regulares e sejam capazes de dar credibilidade e transparência ao regular andamento de sua atividade empresarial. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 019 Poucos são os que prestam atenção nas obrigatoriedades até que venha uma fiscalização, uma necessidade de financiamento ou mesmo a inadimplência de suas obrigações. Poucos são os que prestam atenção nas obrigatoriedades até que venha uma fiscalização, uma necessidade de financiamento ou mesmo a inadimplência de suas obrigações. Quando há dinheiro no bolso dos empreendedores e não há fiscalização, é comum que não haja cumprimento das obrigações legais. Isso fará imensa falta em caso das dificuldades citadas aparecerem, daí, possivelmente o dano já será maior que a possibilidade de corrigi-lo. Assim, observemos quais outras obrigações possuem os empresários perante à legislação. a) Fazer arquivar nas juntas comerciais todos os documentos que a lei determina (exemplos: alterações contratuais, alterações de endereços, de sócios, de capital social) no prazo máximo de 30 dias após a confecção deles. b) Manter um livro razão (diário) que contenha, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. A escrituração resumida do diário é permitida, com totais que não excedam o período de 30 dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado e conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação. O empresário também deve lançar no diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por profissional contábil legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. c) Conservar de forma que possa ser apresentado a qualquer pessoa em qualquer tempo a escrituração contábil, a correspondência e documentos relativos às suas atividades (inclusive relativos aos trabalhadores), enquanto não estiverem prescritas as ações a que se referem os documentos. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 020 d) Levantar anualmente um balanço patrimonial e de resultados econômicos que demonstre o que efetivamente teve de receitas e de despesas, quais os tributos foram pagos, quais os funcionários foram pagos, qual é a margem de lucro e assim por diante. Essas são as obrigações legais comuns aos empresários que quando não cumpridas acarretam a inúmeras responsabilidades. Por enquanto você viu o que é correto fazer, contudo, pouco a pouco você terá contato com as penalidades que podem ser enfrentadas por quem as descumpre. Quero abrir minha empresa Empreendedorismo é o ato de criar e gerenciar um negócio, assumindo riscos em busca de lucro. Saiba que o primeiro passo desse projeto é conhecer as suas características empreendedoras e verificar quais habilidades você precisa desenvolver ou melhorar. O empreendedor deve reunir algumas das características descritas a seguir. • Estar sempre em busca de oportunidades. • Ter iniciativa. • Ter persistência. • Ter comprometimento. • Exigir qualidade e eficiência. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 1 021 • Correr riscos calculados. • Saber estabelecer metas. • Buscar informações. • Planejar e monitorar sistematicamente. • Ter capacidade de persuasão e de formar rede de contatos. • Possuir independência e autoconfiança. Dificilmente uma pessoa reunirá todas essas características em perfeito equilíbrio, mas é importante estar consciente de quais são suas qualidades e deficiências. Para isso, faça o teste “Você é empreendedor?”. Fonte: QUERO abrir minha empresa. In: Site “Sebrae”. Disponível em: <http://goo. gl/Fh6PAz>. Acesso em: 05 dez. 2014. Revisão Nessa unidade foi estudado o histórico do direito empresarial, focando na necessidade de regulação da atividade, seu conceito e suas principais características de forma a distinguir seu objeto em relação aos outros ramos do Direito. Com foco no conceito de empresário, estudou-se sua caracterização por meio da forma com que organiza os meios de produção para o exercício de sua atividade, como deve se inscrever como pessoa jurídica e como pessoa física e ainda quem pode e quem não pode ser empresário. Foram apresentados os conceitos fundamentais do direito empresarial: a noção de empresa (que é a atividade empresarial), quem é o empresário e quem, mesmo exercendo atividade econômica com finalidade lucrativa, não é empresário. Também apresentou-se a nomenclatura própria de cada área, definindo quem é o acionista, o sócio e o administrador. O estabelecimento comercial, que vai muito além do local onde é exercida a atividade empresária, também foi apresentado 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 http://goo.gl/Fh6PAz http://goo.gl/Fh6PAz DIREITO EMRESARIAL unidade 1 022 juntamente com as obrigações legais de todo empresário e o que é o registro público das sociedades empresárias e dos empresários. Filmes: O mercador de Veneza (2004), Sony Pictures Classics. Baseado no livro homônimo de Willian Shakespeare, o filme se passa na Veneza do início do século XVI. Há discussões sobre as legalidadesde empréstimos e de contratos, assim como de financiamentos para compra e venda de mercadorias. Retrata o início das tratativas legais e a intervenção dos tribunais, relacionadas ao direito empresarial. O MERCADOR de Veneza. Direção: Michael Radford. Produção: Cary Brokaw, Michael Cowan, Barry Navidi e Jason Piette. 2004. (138 min.). son. color. Inglês. CAPITALISMO. Direção: Michael Moore. EUA, 2009, 120min. (Tema: Documentário dirigido pelo polêmico cineasta americano, que mostra aspectos do capitalismo geralmente camuflados). Outros filmes PROJETO PASÁRGADA. Direito e cinema – 29 filmes para estudantes e profissionais do Direito – Nação Jurídica – 03.06.13. 06 jun. 2013. Disponível em: <http://www.olibat.com.br/direito-e-cinema-29-filmes-para- estudantes-e-profissionais-do-direito-nacao-juridica-03-06-13/>. Acesso em: 04 dez. 2014. Série de TV – Gigantes da indústria – History Channel. GIGANTES DA INDÚSTRIA – O maior desafio. In: History. (3 min. 41 seg.): son. color. Port. Disponível em: <http://www.seuhistory.com/videos/ gigantes-da-industria-o-maior-desafio>. Acesso em: 04 dez. 2014. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 http://www.olibat.com.br/direito-e-cinema-29-filmes-para-estudantes-e-profissionais-do-direito-nacao-juridica-03-06-13/ http://www.olibat.com.br/direito-e-cinema-29-filmes-para-estudantes-e-profissionais-do-direito-nacao-juridica-03-06-13/ http://www.seuhistory.com/videos/gigantes-da-industria-o-maior-desafio http://www.seuhistory.com/videos/gigantes-da-industria-o-maior-desafio DIREITO EMRESARIAL unidade 1 023 Sites: Instituto Brasileiro de Direito Empresarial Site “Instituto Brasileiro de Direito Empresarial – IBRADEMP”. Traz informações sobre o órgão, sobre fomento e as melhores práticas do desenvolvimento do direito empresarial. Disponível em: <http://www. ibrademp.org.br/>. Acesso em: 04 dez. 2014. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 http://www.ibrademp.org.br/ http://www.ibrademp.org.br/ 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Direito Empresarial I • Personalidade jurídica • Teoria da desconsideração da personalidade jurídica • Empresário • Tipos de pessoa jurídica: sociedades e empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI • Propriedade intelectual marcas, patentes, modelo de utilização e invenção • Nome empresarial: firma, nome fantasia e nome de domínio • Revisão Introdução Esta unidade irá lhe apresentar o direito empresarial pela perspectiva de seus agentes econômicos. Você irá conhecer quem é o empresário individual, a definição de personalidade jurídica, quem é o empresário rural e quais são os tipos de pessoas jurídicas estudadas no direito empresarial. Você também irá aprender sobre a propriedade intelectual que é protegida pelo direito, e que chamamos também de marcas e patentes. Dentro do tema será abordado ainda o modelo de utilidade e o modelo de invenção. Além disso, apresentaremos os conceitos de firma, denominação, nome fantasia, nome de domínio, registro e a proteção legal destes institutos. Bons estudos! 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 026 A personalidade jurídica advém da separação do patrimônio destinado ao exercício da atividade em relação a todas as demais pessoas que estão a ela ligadas. Personalidade jurídica O tema personalidade jurídica, é uma das questões centrais no desenvolvimento da nossa sociedade como ela é hoje, pois permite a captação de recursos especificamente para um negócio e a proteção do patrimônio dos sócios, acionistas ou administradores das atividades empresariais. Vamos relembrar? A personalidade jurídica advém da separação do patrimônio destinado ao exercício da atividade em relação a todas as demais pessoas que estão a ela ligadas. Portanto, é um elemento de desenvolvimento econômico na medida em que possibilita um menor risco patrimonial ao exercício das atividades. Iniciamos essa unidade tratando da personalidade jurídica em virtude do fato de que trataremos também de sua desconsideração e de sujeitos do direito empresarial que não possuem personalidade jurídica, portanto, não podem tê-la desconsiderada. Teoria da desconsideração da personalidade jurídica Como a personalidade jurídica serve de proteção, ela é como um escudo que impede que bens não pertencentes à pessoa jurídica sejam afetados por questões relacionadas exclusivamente à atividade exercida pela própria pessoa jurídica. Contudo, como toda e qualquer proteção patrimonial, há a possibilidade que ela seja usada indevidamente causando prejuízos a outras pessoas. Não é qualquer caso de inadimplência ou prejuízo que leva à desconsideração da personalidade jurídica. O que leva à desconsideração da personalidade jurídica são requisitos 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 027 Considerando em termos didáticos, a desconsideração acontece se houver fraude ou abuso de direito. descritos na lei. Vejamos: o Código Civil trouxe os seguintes dizeres no Artigo 50: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. (BRASIL, 2002). Em virtude do teor do texto legal, vemos que deve ser comprovado que o descumprimento da obrigação decorre do uso indevido da pessoa jurídica; que haja desvio da finalidade ou mesmo a confusão patrimonial (sócios/sociedade), pois a regra é que deve prevalecer a autonomia patrimonial da pessoa jurídica. Não há, portanto, previsão de aplicação da desconsideração por má administração ou por mera inadimplência. A desconsideração, assim, é exceção. Considerando em termos didáticos, a desconsideração acontece se houver fraude ou abuso de direito. A fraude, para os casos de desconsideração da personalidade jurídica, pode ser conceituada como a conduta maliciosa, o ardil de que se vale alguém para prejudicar direitos ou interesses de terceiros. Haverá fraude quando a autonomia patrimonial da pessoa jurídica for usada pelos sócios para escapar ao cumprimento de obrigações. Vale destacar que apenas a existência da fraude não basta para a desconsideração da personalidade, devendo haver relação com o uso da pessoa jurídica, relativamente à sua autonomia patrimonial e à má-fé dos sócios em prejudicar terceiros, que acarrete no seu desvio de finalidade conforme previsto no art. 50 do Código Civil.Há casos em que a pessoa, ainda que no exercício de seu direito, acaba por extrapolar limites e com isso gera danos a outros. Esse excesso do exercício no âmbito do direito em alguns casos caracteriza o ato contrário à lei. Cavalin cita como 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 028 No abuso de direito, o ato praticado pela pessoa jurídica é lícito “sob a máscara de ato legítimo esconde-se uma ilegalidade. exemplos deste excesso a constituição de sociedades fictícias; operações societárias com fins dissimulados; celebração de negócios jurídicos espúrios; promiscuidade entre o patrimônio da sociedade e o dos sócios. No abuso de direito, o ato praticado pela pessoa jurídica é lícito “sob a máscara de ato legítimo esconde-se uma ilegalidade. Trata-se de ato jurídico aparentemente lícito, mas que, levado a efeito sem a devida regularidade, ocasiona resultado tido como ilícito.” (VENOSA, 2005). Atos desta natureza praticados demasiadamente pelos sócios ou administradores da sociedade, capazes de lesar terceiros e caracterizados pelo abuso do direito pressupõem a utilização da pessoa jurídica com fim diverso para a qual fora criada, causando assim a aplicação da desconsideração da sua personalidade jurídica com fundamento diverso da fraude. É relevante destacar que na fraude existe a intenção de lesar terceiros, ao passo que no abuso de direito existe o mau uso da pessoa jurídica que resulta em prejuízo a outra. Se por um lado o desvio de finalidade tem seu conceito amparado pela fraude ou pelo abuso de direito, a confusão patrimonial também não deixa muita dúvida sobre o seu conceito, que refere- se aos sócios ou administradores misturarem seu patrimônio com o da pessoa jurídica. De qualquer forma, é importante apontar que a desconsideração da personalidade jurídica não dá-se de forma geral, ou seja, não há possibilidade no direito de ignorarmos completamente a existência da pessoa jurídica para todo e qualquer ato. A desconsideração ocorre em caso a caso, analisando se há, no caso em que se pretende a desconsideração, a existência de algum dos fundamentos necessários trazidos pelo artigo 50 do Código Civil, já vistos acima. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 029 Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços Empresário É importante aprender que sempre que se for estudar uma norma deve-se ter em mente qual o núcleo da norma, qual seu principal tema e qual a forma com que todos os artigos da norma se relacionam. Ao fazer isso você irá encontrar a lógica da norma, porque ela existe e como ela opera. No caso da disciplina de direito empresarial, o núcleo da norma é o empresário. Já vimos na unidade anterior que ele é descrito no artigo 966 do Código Civil, da seguinte forma: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.” Também vimos que o empresário rural é o único que pode ou não se inscrever como empresário, a disposto do que está escrito no artigo 971 do Código Civil, no qual encontramos o seguinte texto: O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. (BRASIL, 2002) Você também aprendeu na unidade anterior que o empresário pode ser tanto uma pessoa física quanto uma pessoa jurídica. Esses conceitos são importantes para que você compreenda as definições de empresário individual, empresário rural e microempreendedor individual. Para começar, observe a Lei Complementar nº 123 e suas posteriores alterações. O artigo 3º da Lei faz expressa menção ao artigo 966 do Código Civil, que diz: 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 030 O empresário individual é o empreendedor que se registra como empresário sem constituir uma pessoa jurídica. “Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei n º 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:(...)” Então, qual empresário que pode ser enquadrado com empresário individual, qual pode ser enquadrado como MEI e qual pode ser enquadrado como empresário rural? O artigo 966 do Código Civil não trata especificamente de um único tipo de empresário. O empresário individual é o empreendedor que se registra como empresário sem constituir uma pessoa jurídica. Esse registro é muito simples e lhe dá a regularidade e um CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). Ele é considerado empresário individual mesmo se exercer atividades intelectuais, pois os cartórios de registro civil das pessoas jurídicas só registram pessoas jurídicas e o empresário individual, vale a pena repetir, não é uma pessoa jurídica. Como exemplo podemos citar o pipoqueiro, o comerciante de qualquer ramo, o fabricante de qualquer produto que podem se regularizar como empresários se registrando como empresários individuais. Não há um limite máximo nem mínimo de faturamento para o registro como empresário individual. O empresário rural é o que dedica-se à agricultura (plantio e colheita de qualquer tipo de planta) ou pecuária (criação de qualquer tipo de animal). A permissão do registro e não a sua obrigação tem estreita relação com a história do nosso próprio país. Vimos que o empresário deve se registrar como tal para ter sua atividade regularizada, contudo, nos mais longínquos 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 031 Foi pensando nestas dificuldades que o legislador permitiu ao empresário rural se inscrever ou não como empresário nos órgãos públicos de registro. e inóspitos locais do país, haverá sempre alguém que tira seu sustento do trato com animais ou com a terra. Como exigir deste empreendedor a obrigatoriedade de se regularizar se muitas vezes ele está há dias de um cartório? Foi pensando nestas dificuldades que o legislador permitiu ao empresário rural se inscrever ou não como empresário nos órgãos públicos de registro. Importa dizer que não há diferenciação no recolhimento dos tributos do empresário rural quer ele tenha se registrado, quer não tenha. Os tributos das atividades que não são rurais são diferenciados entre quem possui registro como empresário(CNPJ) e quem não possui esse registro. Assim, podemos concluir que o empresário rural formalizado (registrado como empresário) é um empresário individual que exerce a atividade empresária. E quem é o microempreendedor individual (o MEI)? Trata-se do empresário individual que se formaliza para exercer algumas atividades específicas (não são todas as atividades empresárias que o MEI pode exercer) para obter o faturamento máximo de R$60.000,00 por ano. Se ultrapassar esse faturamento ele não deixa de ser um empresário individual, mas o que muda é a forma de tributação. Seu registro também é simplificado e deve ser feito pela internet. O CNPJ sai na hora e ele já fica regular. Embora exista a vantagem do registro simplificado, do ponto de vista do direito empresarial o MEI não possui nenhuma diferença do empresário individual. As diferenças relevantes estão ligadas à contabilidade e ao recolhimento de tributos. Esses sim são muito diferentes entre o MEI e as demais atividades existentes e registradas. Agora que você conheceu a definição do termo empresário, que é a figura central das normas do direito empresarial, é muito importante que você reflita sobre o conteúdo aprendido até agora e sua implicação no cotidiano. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 032 Vimos que para exercer regularmente a atividade empresarial, não é obrigatória a instituição de uma pessoa jurídica. Tipos de pessoa jurídica: sociedades e empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI Vimos que para exercer regularmente a atividade empresarial, não é obrigatória a instituição de uma pessoa jurídica. Também vimos que nem sempre quem tem um CNPJ é uma pessoa jurídica e que nem sempre quem se chama empresário exerce atividade empresária. Também aprendemos que exercer a atividade empresária utilizando-se adequadamente de uma pessoa jurídica é uma grande proteção da lei. Agora iremos aprender sobre as pessoas jurídicas que fazem parte do direito empresarial. Sociedades simples A primeira das pessoas jurídicas que vamos estudar é uma sociedade descrita no direito empresarial mas que, embora exerça atividade econômica, embora possua sócios e tenha CNPJ, não é uma sociedade empresária. Trata-se da sociedade simples, também abordada na unidade anterior. Vejamos, portanto, os dispositivos legais que versam sobre a sociedade de prestação de serviços intelectuais (que é a própria sociedade simples). Leia o que diz o Código Civil, sobretudo no artigo e parágrafo único a seguir: “Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 033 A sociedade cooperativa é descrita no Código Civil no artigo em apenas três artigos. e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.” A sociedade simples difere-se não somente por ser um tipo possível de sociedade mas, sobretudo, por que dedica-se à atividade intelectual como já vimos. Em virtude da determinação legal contida no citado parágrafo único, precisamos entender qual é a sociedade cooperativa, que conforme dito na norma independe de seu objetivo de criação. Ou seja, qualquer que seja a atividade para qual a cooperativa foi criada (quer seja de crédito, agropecuária, de reciclagem, de pintura, etc.), ela será sempre uma sociedade simples. Por isso vale a pena tratar dela aqui neste tópico. A sociedade cooperativa é descrita no Código Civil no artigo em apenas três artigos. O artigo 1096 também trata da sociedade cooperativa mas apenas diz que em caso de omissão quanto às suas regras deve-se aplicar as regras da sociedade simples. Vejamos os poucos artigos que remetem à cooperativa: “ Art. 1.093. A sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial. Art. 1094. São características da sociedade cooperativa: I - variabilidade, ou dispensa do capital social; II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; III - limitação do valor da soma de quotas do capital social 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 034 A legislação especial referida no artigo 1093 é a lei que instituiu o regime jurídico das cooperativas, Lei 5.764/71. que cada sócio poderá tomar; IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança; V - quórum, para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado; VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. Art. 1095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. 1º É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. § 2º É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.” A legislação especial referida no artigo 1093 é a lei que instituiu o regime jurídico das cooperativas, Lei 5.764/71. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 035 Os três tipos de sociedades personificadas que iniciam a exposição são raros no Brasil mas ainda constam na nossa legislação. Sociedades empresárias O art. 983 do Código Civil informa que as sociedades empresárias só podem existir dentro dos tipos existentes entre os artigos 1.039 a 1.092 do próprio código. São as chamadas sociedades empresárias personificadas (assim chamadas porque possuem personalidade jurídica própria, ou seja, são pessoas jurídicas). Embora o próprio código faça menção e regule brevemente a sociedade em conta de participação, não adentraremos ao seu estudo neste espaço justamente porque a sociedade em conta de participação não é um tipo de sociedade personificada. Está descrita entre os artigos 991 a 996 do Código Civil. Um dos vídeos desta unidade trata sobre ela. Os três tipos de sociedades personificadas que iniciam a exposição são raros no Brasil mas ainda constam na nossa legislação. Os demais são comuns. Sociedade em nomecoletivo: está descrita nos art. 1.039 a 1.044 do Código Civil. Esse tipo societário permite como sócios apenas as pessoas físicas e todos os sócios possuem responsabilidade solidária e ilimitada, pelas obrigações sociais. Em relação ao nome empresarial utilizado, é admitida apenas a forma de firma comercial, ou seja, essa sociedade deve conter em seu nome o nome dos sócios seguido da expressão “& Companhia” ou “& Cia.” Essa sociedade não pode ser administrada por pessoas que não sejam sócias. O sócio que eventualmente usar a firma social (o nome da sociedade) com abuso, deverá responder em ação de perdas e danos, tanto em relação aos sócios como em relação a terceiros. Se houver fraude ele ainda poderá ser responsabilizado criminalmente. Essa modalidade societária permite que os sócios entrem na sociedade apenas com o trabalho, não necessariamente entrando com dinheiro. Sociedade em comandita simples: regulada entre os artigos 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 036 Trata-se assim, de um tipo de sociedade mista, em que parte dos sócios possui responsabilidade limitada e parte possui responsabilidade ilimitada. 1.045 a 1.051 do Código Civil. Neste tipo de sociedade há sócios de duas categorias: os comanditados, sempre pessoas físicas que ficam responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade; e os comanditários, que em relação às obrigações da sociedade respondem apenas pelo valor de sua quota. Trata- se assim, de um tipo de sociedade mista, em que parte dos sócios possui responsabilidade limitada e parte possui responsabilidade ilimitada. Para tomar parte neste tipo de sociedade como um sócio, os demais sócios têm que aprovar a entrada. Nem todos os sócios podem ser administradores, a administração da sociedade só pode ocorrer por algum dos sócios comanditados. Sociedade em comandita por ações: regulada dos artigos 1.090 a 1.092 do Código Civil. Embora o nome seja próximo ao da sociedade descrita no tópico anterior, tratam-se de sociedades muito distintas. Esse tipo de sociedade tem seu capital social dividido por ações (e não por quotas, como os dois anteriores e como a sociedade limitada) e suas regras são mais próximas das sociedades anônimas que das sociedades em comandita simples. Nela temos dois tipos de acionistas (como seu capital é dividido em ações e não em quotas, o correto é chamar de acionistas e não sócios). Há acionistas que exercem cargos de administração e acionistas que não exercem funções na sociedade. Os administradores possuem responsabilidade solidária e ilimitada pelo total das obrigações assumidas em nome da sociedade. Os acionistas que não possuem cargos de gestão só respondem pela integralização (pagamento à sociedade) das suas ações. Quanto ao nome, ela pode usar firma (nome dos fundadores) ou denominação social, contudo, em qualquer das hipóteses deve vir seguida da expressão “comandita por ações”. As regras são muito próximas às das sociedades anônimas, contudo, existem algumas diferenças. • Só os acionistas podem ser administradores e são nomeados no próprio estatuto (neste ponto, assemelhando- se à sociedade limitada). 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 037 Responsabilidade dos sócios restrita ao valor de suas quotas, desde que haja a integralidade de todo o capital social. • Os administradores só podem ser destituídos se sua destituição for aprovada pelo mínimo de 2/3 dos acionistas. • Se o administrador for destituído, ele fica responsável por sua gestão pelo período de dois anos e os administradores sempre respondem ilimitadamente pelas obrigações da sociedade. Sociedade limitada: art. 1.052 a 1.087 do Código Civil. Nos dias atuais, é o tipo societário mais comum, identificado pela sigla LTDA ou pela denominação Limitada, após a firma ou denominação da sociedade. Neste tipo de sociedade, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas definidas no contrato social. Todos os sócios, indiferente de já haver ou não colocado todos os seus recursos prometidos na sociedade, respondem solidariamente pela integralização do capital social. Assim, o capital social subscrito (prometido) e não integralizado (pago) é risco de trazer ilimitada responsabilidade dos sócios da sociedade limitada. Embora prevista, essa hipótese é muito incomum. Na legislação anterior era chamada de sociedade por quotas de reponsabilidade limitada, contudo, no Código Civil vigente passou a denominar-se apenas como sociedade limitada. Veja suas principais características. • Responsabilidade dos sócios restrita ao valor de suas quotas, desde que haja a integralidade de todo o capital social. • Pode adotar regras do tipo societário denominado por sociedade simples, ou pelas da sociedade anônima se assim o contrato social determinar. É possível até que tenha um conselho fiscal. • Seu capital social é dividido em quotas que podem ser iguais, desiguais, proporcionais ou desproporcionais em relação ao dinheiro que representa (por exemplo, uma quota pode valer um real ou pode valer 47 centavos). 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO EMRESARIAL unidade 2 038 Ela precisa possuir o mínimo de dois acionistas, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas. • Não pode ter seu capital integralizado por serviços, apenas por bens ou dinheiro. • Pode ser administrada por quem não seja sócio da sociedade e esse administrador pode ser nomeado em ato separado, mas, para que seja nomeado, tem que ser nomeado por quem o contrato social indicou como responsável. • É necessário que exista vontade de ser sócio entre os quotistas, pois a sociedade limitada é considerada uma sociedade de pessoas, mesmo que sejam pessoas jurídicas. Sociedade anônima: no Código Civil ela é abordada apenas nos artigos 1.088 e 1.089, contudo, é um tipo societário que possui regulamentação própria (assim como as cooperativas) e a Lei 6.404/76, que regula as sociedades anônimas, também chamadas de sociedades por ações. Esse tipo societário também é facilmente identificável pelo nome com o qual exerce a atividade empresária (já vimos que a sociedade anônima é sempre empresária), pois após o nome vem a sigla S.A., o nome Sociedade Anônima, ou é precedida da palavra Companhia ou sua sigla, Cia. Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das suas ações, ou seja, é um tipo de sociedade cuja responsabilidade do administrador é maior que a do acionista. Ela precisa possuir o mínimo de dois acionistas, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas. Nesse tipo de sociedade não importa o interesse de ser sócio existente entre os sócios e é considerada uma sociedade de capital (dinheiro) e não de pessoas. Ela possui o capital dividido em ações (e não em quotas) e pode ser aberta, com ações negociadas livremente à quem possa interessar 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82
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