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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

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Seja bem Vindo! 
 
Curso 
ireitoD II Penal Processual 
CursosOnlineSP.com.br 
 Carga horári 60a: hs 
 
http://www.iped.com.br/
 
Conteúdo 
 
 
Parte geral: direito processual penal .................................................................... Pág.6 
Inquérito Policial ................................................................................................... Pág.8 
Ação Penal ........................................................................................................... Pág.12 
Ação Civil ex Delicto............................................................................................. Pág.23 
Jurisdição ............................................................................................................. Pág.24 
Competência ........................................................................................................ Pág.25 
Questões e Processos Incidentes ........................................................................ Pág.31 
Prova .................................................................................................................... Pág.40 
Sujeitos Processuais ............................................................................................ Pág.53 
Prisão, Das Medidas Cautelares e Liberdade Provisória ..................................... Pág.57 
Citações e Intimações .......................................................................................... Pág.69 
Sentença .............................................................................................................. Pág.72 
Procedimentos em Espécie .................................................................................. Pág.76 
Nulidades ............................................................................................................. Pág.98 
Recursos ............................................................................................................... Pág.102 
Juizados Especiais Criminais ................................................................................. Pág.121 
Bibliografia ........................................................................................................... Pág.127 
http://www.iped.com.br/
 
6 
1. Parte geral: direito processual penal 
 
O direito processual penal é ramo do direito público. Sua finalidade é 
a de funcionar como instrumento de aplicação da normal penal. É através do 
processo que o Estado concretiza, em relação ao particular, a previsão 
abstrata de direito material, contida no Código Penal ou em legislação penal 
especial. 
Cometido o fato típico, o Estado só pode exercer seu poder-dever de 
punir mediante o devido processo legal, conforme determinação 
constitucional. Como o direito penal está relacionado à privação ou restrição 
de direitos fundamentais, antes de qualquer medida concreta, deve-se 
conceder ao particular um amplo direito de defesa. 
Sobre a competência legislativa em processo penal, a Constituição da 
República de 1988 conferiu competência privativa à União, nos termos do 
seu artigo 22, inciso I. No entanto, conforme disposição contida no parágrafo 
único do mencionado dispositivo existe a possibilidade de, mediante lei 
complementar, ser conferida autorização para que os Estados possam 
legislarem sobre matéria específica, relacionada ao direito processual penal. 
 
 
1.1 Lei processual no tempo 
 
Assim como ocorre com o processo civil, para o processo penal vige o 
princípio tempus regit actum. Diferentemente do que ocorrem com as regras 
de direito material penal, que podem ser retroativas em benefício do réu, as 
regras processuais aplicam-se imediatamente após o início de sua vigência, 
tragam elas benefício ou prejuízo à situação do réu. 
Portanto, em matéria processual penal não há que se falar em 
retroatividade benéfica da lei, mas tão somente em irretroatividade. 
No entanto, questão peculiar diz respeito às normas híbridas, isto é, 
normas que tem disciplina material e processual. Quando uma lei abordar 
matérias relativas ao direito material penal e também ao direito processual 
penal, entende-se que há possibilidade de retroatividade ou ultratividade dos 
dispositivos que abordem matérias de direito material, o que não ocorre em 
relação aos dispositivos que abordem apenas regras de direito processual. 
Quanto a este assunto, porém, não está pacífico na doutrina. 
 
 
1.2 Lei processual no espaço 
 
O Código de Processo Penal tem vigência em todo o território 
nacional, logo, quaisquer infrações penais aqui cometidas sujeitar-se-ão a 
norma processual penal pátria. Mas o próprio Código de Processo Penal 
apresenta uma ressalva, admitindo que o processo penal que tramite no 
Brasil seja regido por tratados, convenções e regras de direito internacional. 
Dessa forma, do mesmo modo em que ocorre no direito penal, também no 
direito processual vige a regra da territorialidade temperada. 
 
http://www.iped.com.br/
 
7 
1.3 Lei processual em relação às pessoas 
 
A lei processual atinge todas as pessoas, em consagração ao 
princípio da isonomia. Contudo, não viola este princípio a existência de 
imunidades, destinada a determinadas pessoas que ocupam posições que 
exigem essa garantia. Dentre as imunidades, existem: 
 
a) a diplomática; e 
b) a parlamentar. 
 
A imunidade diplomática alcança os embaixadores, todos os 
funcionários da respectiva embaixada e se estende, também, aos familiares 
do embaixador. Essa imunidade se aplica em relação a todos os crimes 
cometidos em território brasileiro. Nesse caso, embora o crime tenha sido 
cometido aqui, será processado e julgado pela lei do país de origem da 
embaixada. Essa imunidade alcança, também, os chefes de Estado 
estrangeiros e membros de organizações de abrangência internacional, 
como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), por exemplo. 
Já a imunidade parlamentar, extremamente mais restrita, tanto em 
relação às pessoas que alcança como em relação aos crimes a que se 
destina, dirige-se aos parlamentares (deputados e senadores) quando no 
exercício de suas funções, em relação aos crimes de opinião. A imunidade 
parlamentar tem início com a diplomação e se encerra na data de término do 
mandato. Essa imunidade impede que os parlamentares sejam presos, salvo 
mediante flagrante-delito, por crime inafiançável. 
A imunidade em relação aos crimes de opinião, que é aquela que 
impede a responsabilização penal do parlamentar que, no exercício de suas 
funções, estiver no exercício de sua liberdade de expressão, é chamada de 
imunidade material. Essa imunidade alcança também os vereadores, no 
âmbito do respectivo Município. 
A imunidade em relação à impossibilidade de prisão, desde a 
diplomação até o término do mandato, salvo por flagrante delito caso o crime 
seja inafiançável, é chamada de imunidade formal. Essa imunidade, 
diferentemente da material, não alcança os vereadores. 
Essas imunidades não beneficiam o parlamentar ou o agente 
diplomático como pessoas, mas destinam-se ao exercício livre e 
desembaraçado das funções inerentes ao cargo que elas ocupam. Dessa 
forma, não é dado ao parlamentar, nem ao agente diplomático a faculdade 
de renunciar as suas imunidades, que, como visto, não são suas, mas do 
cargo que ocupam. 
 
 
1.4 Persecução penal 
 
A persecução penal é o caminho trilhado, desde a fase investigatória 
até a fase processual, de modo a concluir-se pela condenação à absolvição 
do acusado. 
A persecução penal tem início com o inquérito policial, fase em que 
são realizadas as investigações que podem dar ao Ministério Público ou ao 
http://www.iped.com.br/
 
8 
querelante os requisitos necessários ao oferecimento da denúncia ou 
queixa-crime. Como será oportunamente analisado, esses requisitos são: 
prova da materialidade e indícios de autoria. 
Preenchidos os requisitos, nasce para o Ministério Público o dever de 
oferecera denúncia que, se recebida, instaura a ação penal pública, e para 
o ofendido a faculdade de oferecer a queixa-crime que, se recebida, instaura 
a ação penal privada. Com o recebimento da denúncia ou da queixa, tem 
início a segunda fase da persecução penal, que é a fase judicial. 
Após o trâmite da ação penal, com a condenação ou absolvição do 
acusado, tem-se por encerrada a persecução penal. 
 
 
persecução penal extrajudicial persecução penal judicial 
 
Inquérito Policial Ação Penal 
 
 
2. Inquérito Policial 
 
O inquérito policial abre a persecução penal e destina-se à 
investigação da situação criminosa, de modo a obter prova da materialidade 
delitiva e indícios de autoria, requisitos indispensáveis à instauração da ação 
penal pública ou privada. 
Quem realiza as investigações na fase inquisitiva é a autoridade 
policial. Dessa forma, o inquérito policial não resguarda a garantia do 
contraditório, da forma como prescrita na Constituição Federal de 1988, isto 
porque o inquérito policial não se destina a aplicação de punição ao 
acusado, competência restrita ao âmbito judiciário, após a instauração de 
uma ação penal. A finalidade do inquérito policial é a investigação, sendo 
que o resultado dessa investigação é que será ponderado pelo Ministério 
Público como suficiente, ou não, à instauração de uma ação penal. 
Embora não resguarde o direito ao contraditório, o inquérito policial 
pode ser acompanhado pelo advogado do averiguado ou indiciado a todo 
tempo, assunto por sobre o qual o Supremo Tribunal Federal editou a 
súmula vinculante n.º 14, que dispõe: “é direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de 
defesa”. 
É importante frisar, também, que devido a finalidade do inquérito 
policial (obter prova da materialidade delituosa e indícios de autoria), ele é 
dispensável caso o Ministério Público (no caso de ação penal pública) ou o 
querelante (no caso de ação penal privada) já possuam as provas que 
bastem ao oferecimento da denúncia (no caso do Ministério Público) ou da 
queixa-crime (no caso do querelante). 
O inquérito policial também é dispensável no âmbito dos Juizados 
Especiais Criminais, eis que substituído pelo termo circunstanciado, em 
consagração ao princípio da celeridade, que rege os Juizados. 
 
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9 
Concluído o inquérito policial, se ele trouxer prova da materialidade 
delitiva e suficientes indícios de autoria, o Ministério Publico ou o querelante 
oferecerão a denúncia ou queixa, respectivamente, e uma vez instaurada a 
ação penal, os autos do inquérito ficarão apensos aos autos do processo 
penal. 
Instaurada a ação penal, o valor das provas produzidas na fase 
inquisitiva adquirem caráter relativo, e em hipótese alguma podem 
fundamentar, com exclusividade, a decisão do juiz pela condenação do 
acusado. Isto ocorre, pois as provas produzidas na fase inquisitiva não 
observam o contraditório e tem por objetivo, apenas, fundamentar a 
instauração da ação penal, mas não a condenação do acusado. Nesse 
sentido é a redação do artigo 15 do Código de Processo Penal: 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da 
prova produzida em contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 
Só há que se falar em condenação do acusado mediante a produção 
de provas em juízo, após o exercício amplo do direito de defesa. As oitivas 
de testemunhas feitas na fase inquisitiva, por exemplo, devem ser todas 
repetidas na fase judicial. 
 
 
2.1 Instauração do Inquérito Policial 
 
O inquérito policial é dirigido pela polícia judiciária, que é exercida 
pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e 
tem por finalidade a apuração das infrações penais e de sua autoria. Essa 
atribuição, no entanto, não exclui a de autoridades administrativas que, por 
lei, tenham a mesma função. No âmbito da polícia judiciária, quem preside o 
inquérito é o delegado de polícia de carreira. 
O inquérito policial tem início: 
 
a) de ofício; 
 
b) mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério 
Público; ou 
 
c) a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para 
representá-lo. 
 
O inquérito policial é instaurado de ofício sempre que a autoridade 
policial tomar conhecimento, diretamente, de alguma prática criminosa. 
Nesse caso, a instauração do inquérito policial se formaliza por meio da 
portaria, que é a peça inaugural do mesmo. 
Tanto o Ministério Público como os juízes possuem autoridade para 
determinar à autoridade policial, a instauração de inquérito. Note-se que a lei 
fala de requisição, em nítido sentido de ordem. Assim, sempre que o 
Ministério Público ou os juízes identificarem alguma prática criminosa, 
devem requerer à autoridade policial que instaure o inquérito policial. Nesse 
 
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10 
caso, a instauração do inquérito policial se formaliza com o próprio 
documento de requisição, seja do Ministério Público ou da autoridade 
judiciária. 
E o ofendido também pode requerer a instauração de inquérito 
policial, assim como seu representante legal. Note-se, contudo, que a lei fala 
em requerimento, no sentido de mera solicitação. Nesse caso, se a 
autoridade policial constatar a necessidade de instauração, o inquérito terá 
como peça de abertura o próprio requerimento do ofendido. Do despacho 
que indeferir o requerimento de abertura de inquérito cabe recurso para o 
chefe de polícia (art. 5º, §2º, do CPP). 
A teor do parágrafo terceiro do artigo 5º, do Código de Processo 
Penal, qualquer pessoa que tiver conhecimento acerca da existência de 
infração penal em que caiba ação pública pode, verbalmente ou por escrito, 
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das 
informações, deve mandar instaurar inquérito. Esse parágrafo trata, pois, da 
notitia criminis. Mas não há que se falar em notitia criminis apenas nos 
moldes descritos, pois a notícia do crime também pode ser obtida de forma 
espontânea, como mera decorrência do trabalho policial, ou de forma 
provocada, como nos casos de requisição para instauração de inquérito pela 
autoridade judiciária ou pelo Ministério Público, ou, ainda, por meio de 
cognição coercitiva, isto é, quando a autoridade policial toma ciência da 
prática criminosa logo após a realização de uma prisão em flagrante. 
Sempre que a ação penal depender de representação (ação penal 
pública condicionada), não poderá ser instaurado inquérito policial sem que 
esta representação tenha sido apresentada. Quando o Ministério Público 
apresenta requisição para instauração de inquérito, e o crime é ensejador de 
ação penal condicionada, essa requisição deve se fazer acompanhar da 
representação, obrigatoriamente. 
E nos casos de ação penal privada, só há que se falar em instauração 
de inquérito policial mediante requerimento daquele que possua legitimidade 
para oferecer a queixa-crime. 
Por derradeiro, conforme prevê ao artigo 6º do Código de Processo 
Penal, assim que a autoridade policial tomar ciência da prática de uma 
infração penal, ela deve: 
 
a) dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado 
e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
 
b) apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após 
liberados pelos peritos criminais; 
 
c) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato 
e suas circunstâncias; 
d) ouvir o ofendido; 
 
e) ouvir o indiciado (com observância, no que for aplicável, das regras 
relativas ao interrogatório do acusado), devendo o respectivo termo ser 
assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
f) procedera reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
 
g) determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito 
e a quaisquer outras perícias; 
 
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11 
h) ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se 
possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
 
i) averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista 
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de 
ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos 
que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 
 
 
2.2 Prazos e conclusão do inquérito policial 
 
O prazo para encerramento do inquérito policial é de 10 (dez) dias, se 
o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou se estiver preso 
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se 
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver 
solto, mediante fiança ou sem ela (art. 10, do CPP). 
Findo o inquérito, a autoridade policial deve elaborar minucioso 
relatório do que tiver sido apurado e enviar os autos ao juiz competente. 
Caso existam testemunhas que não tenham sido inquiridas, a autoridade 
policial deve indicá-las no relatório, mencionando o local em que elas 
possam ser encontradas. 
Em sendo o fato de difícil elucidação, e o indiciado estando solto, a 
autoridade policial pode requerer ao juiz a devolução dos autos para 
ulteriores diligências, que devem então ser realizadas no prazo que o juiz 
fixar (art. 10, §3º, do CPP). 
Devem acompanhar o inquérito, os instrumentos do crime, assim 
como os objetos que interessarem à prova, conforme estipula o artigo 11 do 
Código de Processo Penal. 
O inquérito policial deve sempre acompanhar a denúncia ou a queixa, 
sempre que lhes servir de base, ficando apenso aos autos da ação judicial. 
Conforme redação do artigo 13 do Código de Processo Penal, é 
incumbência da autoridade policial: 
 
a) fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à 
instrução e julgamento dos processos; 
b) realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério 
Público; 
 
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades 
judiciárias; 
d) representar acerca da prisão preventiva. 
 
Quando o ofendido ou seu representante legal, assim como quando o 
indiciado façam requerimento de qualquer diligência, esta pode ou não ser 
realizada, a critério da autoridade policial (art. 14, do CPP). 
Quando o Ministério Público faça a devolução do inquérito à 
autoridade policial, para realização de novas diligências, estas devem ser 
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia, nos termos do artigo 16 do 
Código de Processo Penal. 
 
 
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12 
A autoridade policial não possui legitimidade para mandar arquivar os 
autos de inquérito policial, conforme orientação do artigo 17 do Código de 
Processo Penal. 
E quando o arquivamento tiver sido determinado pela autoridade 
judiciária, por reputar insuficientes as provas que serviriam de base à 
denúncia, a autoridade policial tem legitimidade para proceder a novas 
pesquisas, desde que tenha notícia acerca de outras provas da prática 
criminosa (art. 18 do CPP). 
Nos crimes de ação penal privada, os autos do inquérito policial serão 
remetidos ao juízo competente após a conclusão, onde aguardarão a 
iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao 
requerente, se o pedir, mediante tratado (art. 19, do CPP). 
Por fim, cumpre mencionar que é dever da autoridade policial 
assegurar o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse 
da sociedade. Nos casos em que houver solicitação de atestados de 
antecedentes, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer 
anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, 
exceto no caso de existir condenação anterior (art. 20, parágrafo único, do 
CPP). 
 
 
3. Ação Penal 
 
É por meio da ação penal que o Estado processa e julga o acusado 
de alguma prática criminosa, ao final absolvendo-o ou condenando-o. Nas 
palavras de Fernando Capez, “é o direito de pedir ao Estado-Juiz a 
aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. É também o direito 
público subjetivo do Estado-Administração, único titular do poder-dever de 
punir, de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a 
consequente satisfação da pretensão punitiva” (2010, p. 153). 
 
 
3.1 Princípios informadores do processo penal 
 
São princípios que regem as relações de direito processual penal: 
 
a) princípio do devido processo legal; 
b) princípio da legalidade; 
c) princípio da oficialidade; 
d) princípio da oficiosidade; 
e) princípio da indisponibilidade; 
f) princípio da publicidade; 
g) princípio do contraditório; 
h) princípio da ampla defesa; 
i) princípio da verdade real; e 
j) princípio da presunção de inocência. 
 
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13 
A seguir, serão sucintamente analisados cada um dos princípios 
supra mencionados. 
 
 
3.1.1 Princípio do devido processo legal 
 
A garantia do devido processo legal consta do inciso LIV do artigo 5º 
da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. 
O princípio do devido processo legal garante a observância da 
marcha processual legalmente prevista, sem atropelos ou inversões 
tumultuárias, de maneira a sempre garantir ao acusado, dentre outros, o 
exercício de seus direitos ao contraditório e a ampla defesa. 
 
 
3.1.2 Princípio da verdade real 
 
No processo penal, diferentemente do processo civil, impera o 
princípio da verdade real, por meio do qual impede-se que o juiz se satisfaça 
com a mera verdade trazida pelas partes aos autos. Para efetivação desse 
princípio garante-se ao juiz ampla liberdade quanto à produção probatória, 
pois objetiva-se que ele busque, a todo momento, identificar o que realmente 
aconteceu no mundo dos fatos. 
Portanto, não há que se falar em inércia do juiz em relação a dilação 
probatória, uma vez que este tem o dever de obter para os autos a verdade 
real em relação ao que se apura. 
 
 
3.1.3 Princípio da oficialidade 
 
Como a ação penal é pública, a persecução penal deve ser manejada 
por órgãos também públicos. É por isso que o inquérito policial é presidido 
pela autoridade policial, e a ação penal pública pelo Ministério Público. 
As exceções ao principio a oficialidade mostram-se no caso da ação 
penal privada e da ação penal popular, da Lei n.º 1.079/50. 
 
 
3.1.4 Princípio da oficiosidade 
 
O princípio da oficiosidade, que não se confunde com o da 
oficialidade, determina que os órgãos públicos incumbidos da persecução 
penal não devem aguardar qualquer provocação para proceder ao que for 
necessário, devendo, pois, atuar de ofício. 
As exceções ocorrem em relação a ação penal privada e a ação penal 
pública condicionada a representação, pois nestas só há que se falar em 
atuação do Estado após a manifestação do ofendido. 
 
 
 
 
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14 
3.1.5 Princípio da indisponibilidade 
 
A persecução penal não está na esfera de disponibilidade da 
autoridade policial e do Ministério Público. Ambos tem o dever de atuar de 
ofício (oficiosidade) e não podem, sem fundamentação, optar pelo 
arquivamento do inquérito (no caso da autoridade policial) ou pela 
desistência da ação (no caso do Ministério Público). 
A repreensão penal é de interesse público, a sociedade tem o direito 
de assistir à punição daqueles que descumprem a lei penal, e os órgãos 
incumbidos dessas atribuições, por não atuarem em nome próprio, não 
podem dispor sobre a persecução penal. 
No entanto, o princípio da indisponibilidade não se aplica em relação 
a ação penal privada, para a qual vigora o princípio da disponibilidade, uma 
vez que cabe ao ofendido decidir pelo ajuizamento ou não da açãopenal. 
 
 
3.1.6 Princípio da publicidade 
 
As audiências, sessões e os atos processuais devem ser, via de 
regra, públicos e devem se realizar nas sedes dos juízos e tribunais, com 
assistência dos escrivãs, do secretário, do oficial de justiça que servir de 
porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados, conforme dispõe 
o artigo 792, caput, do Código de Processo Penal. 
No entanto, se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato 
processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de 
perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, pode, de 
ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o 
ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que 
possam estar presentes (art. 792, §1º, do CPP). 
 
 
3.1.7 Princípio do contraditório e da ampla defesa 
 
É importante salientar que o princípio do contraditório não se 
confunde com o princípio da ampla defesa. São dois princípios tratados 
frequentemente em conjunto por conveniência acadêmica. 
Basicamente, enquanto o contraditório reflete a necessidade de 
entrega de prazo à parte contrária, para que discuta as alegações ou provas 
produzidas pela outra parte, a ampla defesa reflete a impossibilidade de 
vedação no uso dos mais variados métodos de defesa, desde que lícitos, 
evidentemente, ou, em outras palavras, a produção e articulação da defesa 
deve ter a maior magnitude possível, permitindo às partes a exposição fática 
e probatória que mais lhes seja adequada às pretensões que manifestem. 
O princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa estão 
consagrados no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, que 
dispõe: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes”. 
 
 
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15 
3.1.8 Princípio da presunção de inocência 
 
É também mandamento constitucional que “ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória” (art. 5º, LVII, da CRFB/88). 
Conforma expõe Fernando Capez, o princípio da presunção de 
inocência desdobra-se em três aspectos: “a) no momento da instrução 
processual, como presunção legal relativa de não culpabilidade, invertendo-
se o ônus da prova; b) no momento de avaliação da prova, valorando-a em 
favor do acusado quando houver dúvida; c) no curso do processo penal, 
como paradigma de tratamento do imputado, especialmente no que 
concerne à análise da necessidade da prisão processual” (2010, p. 81). 
É pelo princípio da presunção da inocência que se diz que o juiz só 
pode condenar o réu quando possuir plana convicção acerca da autoria 
delitiva, bastando a dúvida a respeito da sua culpa para absolvê-lo. 
 
 
3.2 Elementos, condições e pressupostos da ação penal 
 
Assim como ocorre no processo civil, no processo penal a ação é 
composta de elementos. Os sujeitos processuais (autor, réu e juiz), a causa 
de pedir e o objeto são, pois, os elementos da ação penal. 
Já as condições da ação, em matéria processual penal são as 
seguintes: 
 
a) possibilidade jurídica do pedido; 
b) interesse de agir; 
c) legitimação para agir; e 
d) justa causa. 
 
A possibilidade jurídica do pedido é a exigência de que o fato que é 
imputado ao acusado seja típico, pois se não houver previsão legal para 
puni-lo, não há que se falar possibilidade jurídica. 
O interesse de agir é a necessidade de demonstração, na denúncia 
ou queixa, de prova da materialidade delitiva e de indícios suficientes de 
autoria, sem o que faltará interesse de agir para a ação penal. 
Apenas o Estado é detentor do direito de punir, direito que ele exerce 
por meio do Ministério Público e, em alguns casos, mediante autorização 
dada ao particular, para que este intente a ação penal. 
Já a justa causa é a demonstração clara da fumaça do bom direito 
(fumus boni iuris) para que o juiz possa receber a denúncia ou queixa, 
requisito que se faz presente quando há nítida apresentação da 
materialidade delitiva e dos suficientes indícios de autoria delitiva. Por isso, 
muitos defendem que a justa causa compõe o interesse de agir. 
Os pressupostos processuais em matéria processual penal, por sua 
vez, dividem-se em objetivos e subjetivos. Os pressupostos subjetivos são 
classificados pela doutrina majoritária quanto ao juiz e quanto as partes. Já 
os pressupostos objetivos são classificados em extrínsecos e intrínsecos. 
São pressupostos processuais subjetivos, quanto ao juiz: 
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16 
a) a investidura; 
b) a competência; e 
c) a imparcialidade. 
 
E quanto as partes, são pressupostos processuais subjetivos: 
 
a) capacidade de ser parte; 
b) capacidade processual; e 
c) capacidade postulatória. 
 
Já os pressupostos processuais objetivos extrínsecos são: 
 
a) a existência de fatos impeditivos; 
b) a litispendência; e 
c) a coisa julgada. 
 
E, por derradeiro, é pressuposto processual objetivo intrínseco: 
 
a) a regularidade do procedimento. 
 
 
3.3 Classificação da ação penal 
 
Em matéria processual penal, a ação é classificada, segundo a sua 
titularidade, em pública ou privada. 
A ação penal pública, de titularidade do Ministério Público, pode ser: 
 
a) ação penal pública incondicionada; 
b) ação penal pública condicionada à representação; e 
c) ação penal pública condicionada à requisição. 
 
Enquanto a ação penal pública incondicionada pode ser ajuizada pelo 
Ministério Público, independentemente da participação de qualquer pessoa, 
o mesmo não ocorre quando a ação depende de representação ou 
requisição. 
A ação penal pública condicionada à representação só pode ser 
ajuizada pelo Ministério Público mediante a feitura do pedido/autorização 
pelo ofendido ou por seu representante legal, e no caso de morte, pelo 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do ofendido. 
Já a ação penal pública condicionada à requisição só pode ser 
ajuizada pelo Ministério Público quando houver requisição do Ministro da 
Justiça. 
Por sua vez, a ação penal privada pode ser: 
 
a) ação penal privada propriamente dita; 
b) ação penal privada personalíssima; e 
c) ação penal privada subsidiária da pública. 
 
Pode ajuizar a ação penal privada propriamente dita, o ofendido ou 
seu representante legal, assim como seu cônjuge, ascendente, descendente 
ou irmão. 
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17 
Já a ação penal privada personalíssima, como é sugestiva a 
expressão, só pode ser ajuizada pelo próprio ofendido. 
Por derradeiro, a ação penal privada subsidiária da pública é aquela 
que pode ser ajuizada pelo ofendido ou seu representante legal, assim como 
pelo seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, no caso de inércia do 
Ministério Público em relação ao oferecimento da denúncia no prazo legal. 
 
 
3.4 Ação penal pública 
 
O caput do artigo 24 do Código de Processo Penal abre o Título que 
trata da “Ação Penal” dispondo que “nos crimes de ação pública, esta será 
promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei 
o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo”. 
No caso de morte do ofendido ou quando este for declarado ausente 
por decisão judicial, o direito de representação passa ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão (art. 24, §1º, do CPP). 
Conforme salienta o artigo 25 do Código de Processo Penal, uma vez 
apresentada a representação, esta é irretratável após o oferecimento da 
denúncia, nada obstando, portanto, a retratação antes desse momento. 
A representação é a autorização do ofendido, ou no caso de sua 
morte ou ausência declarada judicialmente, do cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. Sem essa autorização não pode ter início a 
persecução penal. 
Nos casos em que somente se procede mediante ação penal pública 
condicionada,o Código Penal é expresso, sendo que em relação aos 
demais vige a regra da ação pública incondicionada. 
O prazo para representação, de natureza decadencial, é de 6 (seis) 
meses, contados a partir do conhecimento da autoria do crime. 
O direito de representação pode ser exercido, pessoalmente ou por 
procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, 
feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. A 
representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente 
autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, deve ser 
reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do 
Ministério Público, quando a este houver sido dirigida (art. 39, §1º, do CPP). 
A representação deve conter todas as informações que possam servir 
à apuração do fato e da autoria criminosa. 
Tão logo seja oferecida ou reduzida a termo a representação, a 
autoridade policial deve proceder ao inquérito, ou, se não for competente, 
deve remetê-la à autoridade que o seja. Quando feita ao juiz ou perante a 
este reduzida a termo, a representação deve ser remetida à autoridade 
policial para que este proceda ao inquérito. 
No entanto, admite-se que o Ministério Público dispense o inquérito, 
se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a 
promover a ação penal, caso em que a denúncia deve ser oferecida no 
prazo de 15 (quinze) dias, conforme determina o parágrafo quinto do Código 
de Processo Penal. 
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18 
Estipula o parágrafo segundo do artigo 24 do Código de Processo 
Penal que, seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do 
patrimônio ou interesse da União, Estado, Distrito Federal e Município, a 
ação penal a ser adotada é a pública incondicionada. 
Conforme prevê o artigo 27 do Código de Processo Penal, qualquer 
pessoa do povo pode provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos 
em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre 
o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. 
A partir daí, é dever o Ministério Público proceder ao necessário para 
apuração do fato noticiado. 
Quando o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a 
denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer 
peças de informação, o juiz, caso considere improcedentes as razões 
invocadas, deve remeter os autos do inquérito ou das peças de informação 
ao procurador-geral, que oferecerá a denúncia em substituição ao órgão que 
requereu o arquivamento, ou designará outro órgão do Ministério Público 
para que a ofereça, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então 
estará o juiz obrigado a atender (art. 28, do CPP). 
Como se vê, o juiz não é obrigado a aceitar o pedido de arquivamento 
de um inquérito policial ou de peças informativas do Ministério Público. Se 
ele entender que há indícios suficientes de autoria e materialidade, ou que 
estes podem ser obtidos com novas diligências, ele deve remeter os autos 
ao procurador-geral, que pode adotar três condutas: 
 
a) oferecer a denúncia, imediatamente; 
b) designar outro órgão do Ministério Público para que a ofereça; ou 
 
c) insistir no pedido de arquivamento do inquérito ou das peças 
informativas. 
 
No último caso o juiz estará obrigado a atender o pedido de 
arquivamento, não podendo adotar outra conduta. 
O prazo para oferecimento da denúncia, conforme prevê o artigo 46 
do Código de Processo Penal, estando o réu preso, é de 5 (cinco) dias, 
contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do 
inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto ou afiançado. 
No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial para 
novas diligências, contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério 
Público receber novamente os autos, conforme dispõe o caput do artigo 46 
do Código de Processo Penal. Quando o Ministério Público dispensar o 
inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da 
data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação (art. 
46, §1º, do CPP). 
Antes de oferecer a denúncia, se o Ministério Público julgar 
necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou 
novos elementos de convicção, deve requisitá-los, diretamente, de 
quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los 
(art. 47, do CPP). 
Se não forem respeitados os prazos supra mencionados para 
oferecimento da denúncia, o Código de Processo Penal faculta ao ofendido 
ou a seu representante legal, e no caso de morte, ao cônjuge, ascendente, 
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19 
descendente ou irmão o oferecimento de queixa substitutiva da denúncia 
(ação penal privada subsidiária da pública), como será analisado no tópico 
seguinte, referente às ações penais privadas. 
 
 
3.5 Ação penal privada 
 
Em algumas situações, o Estado autoriza que o particular ocupe o 
pólo ativo da ação penal, situações em que se pode dizer que o interesse do 
ofendido se sobrepõe ao próprio interesse público. Isso não quer dizer, 
naturalmente, que o Estado não exerça com exclusividade a atividade 
punitiva, pois em caso de condenação na ação penal privada, é apenas o 
Estado quem poderá aplicar a punição ao condenado. 
Conforme prevê o artigo 30 do Código de Processo Penal, ao 
ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo cabe intentar a ação 
penal privada. E o artigo 31 completa o raciocínio ao dispor que em caso de 
morte do ofendido ou quando este for declarado ausente por decisão judicial, 
o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão. 
Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, tem 
preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de 
enumeração constante do art. 31 do Código de Processo Penal, podendo, 
entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da 
instância ou a abandone. 
Nos crimes de ação penal privada, o juiz, a requerimento da parte que 
comprovar sua pobreza, deve nomear advogado para promover a ação 
penal. Considera-se pobre a pessoa que não possa prover às despesas do 
processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou 
da família (art. 32, §1º, do CPP). Como prova da pobreza basta o atestado 
da autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendido. 
Para a ação penal privada vige o princípio da disponibilidade, isto é, o 
ofendido tem a faculdade de oferecer a queixa, e não a obrigatoriedade, 
como ocorre com o Ministério Público em relação a ação penal pública 
incondicionada e em relação a ação penal pública condicionada quando o 
ofendido faz a representação. A consagração do mencionado princípio 
resulta: 
 
a) na possibilidade do ofendido renunciar ao direito de queixa; 
b) na possibilidade do ofendido perdoar o agente; 
c) na possibilidade de se verificar perempção; e 
 
d) na possibilidade de se verificar a perda do direito de intentar a ação 
penal privada, pela decadência. 
 
Em qualquer desses casos, opera-se a extinção da punibilidade do 
agente, todos melhor abordados no tópico seguinte. 
Outro aspecto importante acerca da ação penal privada é a 
indivisibilidade, ou seja, o ofendido não pode optar por oferecer a queixa em 
relação a apenas um ou alguns, dentre os autores do crime contra ele 
cometido. O artigo 48 do Código de Processo Penal prevê que a queixa 
 
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20 
contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o 
Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. Nesse sentido, o artigo 49 
do Código de Processo Penal dispõe que a renúncia ao exercício do direito 
de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estende. E 
mais, dispõe o artigo 51 do Código de Processo Penal que o perdão 
concedido a um dos querelados aproveita a todos, salvo emrelação àquele 
que o recusar. 
Quanto ao prazo, salvo disposição em contrário, o ofendido ou seu 
representante legal tem 6 (seis) meses, contados do dia em que se tomar 
ciência de quem é o autor do crime, para o oferecimento da queixa-crime, 
sob pena de decadência, com o que estará extinta a punibilidade do autor do 
crime. No caso da ação penal privada subsidiária da pública, esse prazo de 
6 (seis) meses tem início no dia em que se esgotar o prazo para o 
oferecimento da denúncia, pelo Ministério Público. 
Por derradeiro, há que se mencionar que dentre as espécies da ação 
em estudo, a regra é a utilização da ação penal privada propriamente dita, 
que pode ser ajuizada pelo ofendido ou por seu representante legal, e no 
caso de morte, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. A ação 
penal privada personalíssima, atualmente, tem apenas uma hipótese de 
utilização, que é no crime de induzimento a erro essencial e ocultação de 
impedimento, do artigo 236 do Código Penal. Quanto ao assunto, veja-se a 
transcrição do referido tipo penal: 
 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro 
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe 
impedimento que não seja casamento anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do 
contraente enganado e não pode ser intentada senão 
depois de transitar em julgado a sentença que, por 
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
 
Por fim, a ação penal privada subsidiária da pública é passível de ser 
utilizada quando o Ministério Público não observar os prazos legais para 
oferecimento da denúncia, caso em que o ofendido pode oferecer a queixa-
crime, substitutiva da denúncia. Nesse caso, a ação penal não perde seu 
caráter público, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e 
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, 
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de 
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal, conforme 
previsão legal do artigo 29 do Código de Processo Penal. Essa ação, é 
importante frisar, possui previsão constitucional, no artigo 5º, inciso LIX, que 
dispõe: “será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não 
for intentada no prazo legal”. 
 
 
3.5.1 Causas extintivas da punibilidade nas ações penais privadas 
 
Como mencionado, a consagração do princípio da disponibilidade em 
sede das ações penais privadas resulta: 
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21 
a) na possibilidade do ofendido renunciar ao direito de queixa; 
b) na possibilidade do ofendido perdoar o agente; 
c) na possibilidade de se verificar perempção; e 
 
d) na possibilidade de se verificar a perda do direito de intentar a ação 
penal privada, pela decadência. 
 
Em todos esses casos, há extinção da punibilidade do agente. 
Contudo, frise-se que essas hipóteses extintivas da punibilidade não 
alcançam a ação penal privada subsidiária da pública, pois como 
mencionado, essa ação não perde seu caráter público, logo, não se submete 
ao princípio da disponibilidade e às consequências dele resultantes. 
 
3.5.1.1 Renúncia ao direito de queixa 
 
A renúncia ao direito de queixa pode ser tácita ou expressa. Será 
tácita quando o ofendido deixar transcorrer o prazo in albis para o 
oferecimento da queixa (decadência), assim como quando praticar ato 
incompatível com ela. E será expressa quando constar de declaração 
assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com 
poderes especiais. 
Portanto, a renúncia é ato anterior ao oferecimento da queixa, e uma 
vez operada em relação a um dos autores do crime, a todos se estende. 
 
3.5.1.2 Perdão do ofendido 
 
Enquanto a renúncia ao direito de queixa provoca a extinção da 
punibilidade do agente, antes do início da ação penal, o perdão do ofendido 
destina-se a extinguir a punibilidade daquele quando a ação já estiver em 
curso, desde que ainda não tenha transitado em julgado a decisão 
condenatória. 
O perdão do ofendido só produz efeitos em relação ao querelado que 
o aceitar, sem o que não há que se falar em extinção da punibilidade. 
O perdão concedido a um dos querelados aproveita a todos, exceto 
em relação ao que o recusar (art. 51, do CPP). 
Conforme prevê o artigo 55 do Código de Processo Penal, o perdão 
só pode ser aceito por procurador quando a este tiverem sido conferido 
poderes especiais. 
Tanto nos casos de renúncia tácita quando nos de perdão tácito, 
admitem-se todos os meios de prova (art. 57, do CPP). 
Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o 
querelado deve ser intimado a dizer, dentro de 3 (três) dias, se o aceita, 
devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará 
aceitação (art. 58, caput, do CPP). Aceito o perdão, está extinta a 
punibilidade. 
Por derradeiro, conforme dispõe o artigo 59 do Código de Processo 
Penal, a aceitação do perdão fora do processo deve constar, 
obrigatoriamente, de declaração assinada pelo querelado, por seu 
representante legal ou procurador com poderes especiais. 
 
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22 
3.5.1.3 Perempção 
 
Nos casos em que se procede somente mediante queixa-crime, 
considera-se perempta a ação penal: 
 
a) quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o 
andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos; 
 
b) quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, 
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 
60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado 
o disposto no art. 36 do Código de Processo Penal; 
 
c) quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, 
a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular 
o pedido de condenação nas alegações finais; 
 
d) quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem 
deixar sucessor. 
 
Caso a ação penal privada seja personalíssima e ocorra a morte do 
querelante, ela será extinta pela perempção e o querelado terá extinta sua 
punibilidade. 
No caso de ação penal privada subsidiária da pública, a inércia do 
querelante nada mais causa que a retomada da titularidade da ação penal 
pelo Ministério Público. 
 
3.5.1.4 Decadência 
 
A decadência é a perda do direito de oferecimento da queixa-crime, 
em razão da inércia do ofendido. 
Via de regra, o prazo para oferecimento da queixa é de 6 (seis) 
meses, contados: 
 
a) da data em que o ofendido tomou ciência sobre quem seja o autor 
do crime; ou 
 
b) da data em que venceu o prazo legal para o Ministério Público 
oferecer denúncia em relação a um crime de ação penal pública. 
 
Nesse último caso, no entanto, o que ocorre é apenas a perda do 
direito do ofendido oferecer queixa substitutiva da denúncia, mas não o 
direito do Ministério Público oferecer denúncia. Tão menos há que se falar, 
quanto a esta hipótese, de extinção da punibilidade, uma vez que essa só 
ocorre (pela inércia do ofendido) em relação a crimes que sejam exclusivos 
de ação penal privada, e não em relação a crimes de ação penal pública. 
 
 
3.6 Denúncia e queixa-crime 
 
A denúncia, se recebida, é a peça processual que instaura a ação 
penal pública, ao passo que a queixa-crime, se recebida, é a peça 
processual que instaura a ação penal privada. 
 
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23 
Conforme previsão legal do artigo 41 do Código de Processo Penal, 
são requisitos da denúncia, assim como da queixa-crime: 
 
a) a descrição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias; 
 
b) a qualificação do acusado ou o fornecimento de elementos que 
permitam identificá-lo; 
c) a classificação do crime; e 
d) se necessário, o rol de testemunhas. 
 
Ausente qualquer desses requisitos, considera-se inepta a denúncia 
ou queixa (art. 395, I, do CPP). 
No caso da queixa-crime, alguns requisitos devem ser acrescidos, 
conforme determinação do artigo 44 do Códigode Processo Penal, que 
exige poderes especiais do procurador que oferecer a queixa-crime, 
devendo constar do mandato o nome do querelante e a menção do fato 
criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências 
que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. 
Admite-se que a queixa, ainda quando a ação penal for privativa do 
ofendido, seja aditada pelo Ministério Público, salvo para imputar ao 
querelado novos crimes ou para nela incluir novos ofensores (art. 45, do 
CPP). 
As hipótese de rejeição da denúncia ou queixa, antes descritas no 
artigo 43 do Código de Processo Penal, passaram a ser descritas no artigo 
395 do mesmo Códex, após a reforma processual operada pela Lei n.º 
11.719/08. 
Dessa forma, a denúncia ou queixa deve ser rejeitada quando: 
 
a) for manifestamente inepta; 
b) faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação 
penal; ou 
c) faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
 
4. Ação Civil ex Delicto 
 
A ação civil ex delicto é aquela destina a ressarcir o ofendido ou seus 
familiares pelos prejuízos materiais ou imateriais que sofreram em razão da 
prática de um crime. 
Proferida sentença penal condenatória, possuem legitimidade para 
requerer a reparação de danos: o ofendido, seu representante legal, ou seus 
herdeiros. A sentença em questão é título executivo judicial, e a execução 
segue rito processual próprio, autônomo, perante o juízo cível. 
A ação civil ex delicto, portanto, é a ação executiva destinada a 
entregar ao ofendido ou familiares os valores ressarcitórios devidos em 
razão da prática criminosa. 
A ação civil ex delicto pode ser ajuizada contra o autor do crime, e, se 
for o caso, contra o responsável civil (art. 64, do CPP). 
Ao proferir sentença penal condenatória, o juiz deve fixar o valor 
mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, considerando 
 
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24 
os prejuízos sofridos pelo ofendido, sem prejuízo da liquidação para 
apuração do dano efetivamente sofrido. 
A sentença penal que reconhece ter sido o ato praticado em estado 
de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal 
ou no exercício regular de direito faz coisa julgada também na órbita civil 
(art. 65, do CPP). 
Inobstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil 
poderá ser ajuizada quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a 
inexistência do fato, conforme orienta o artigo 66 do Código de Processo 
Penal. 
Por fim, há que se mencionar que não impedem, igualmente a 
propositura da ação civil: 
 
a) o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de 
informação; 
b) a decisão que julgar extinta a punibilidade; e 
 
c) a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não 
constitui crime. 
 
 
5. Jurisdição 
 
O Estado é o legítimo detentor da atividade jurisdicional. É dele a 
função de solucionar os conflitos após ser provocado pelas partes nele 
envolvidas. 
A jurisdição penal é exercida pelos juízes e tribunais, que atuam em 
nome do Estado nessa atividade. A divisão desses juízes e tribunais, de 
modo que a cada um seja dada uma parcela de atribuições em relação à 
atividade jurisdicional, ocorre mediante a delimitação das regras de 
competência, regras estas objeto de estudo no próximo capítulo. 
A jurisdição rege-se por princípios, quais sejam: 
 
a) investidura; 
b) indelegabilidade; 
c) inevitabilidade; 
d) inafastabilidade; 
e) juiz natural; 
f) inércia; e 
g) correlação. 
 
O princípio da investidura fixa a regra de que só pode exercer uma 
parcela de jurisdição aquele que estiver regularmente investido no cargo de 
juiz. 
Por meio do princípio da indelegabilidade, veda-se que qualquer 
órgão do Poder Judiciário delegue suas atribuições. No entanto, há que se 
fazer ressalva quanto às cartas precatórias, rogatórias e cartas de ordem. 
O princípio da inevitabilidade dá às partes a condição de pura 
sujeição perante o Estado-juiz, já que elas não podem evitar, nem recusar a 
 
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25 
atividade jurisdicional por ele exercida. Ressalva seja feita em relação aos 
casos de impedimento, suspeição e incompetência. 
Está constitucionalmente garantido que a lei não pode excluir da 
apreciação do poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV), 
consagrando, pois o princípio da inafastabilidade. Por ele, o juiz está 
obrigado a prestar a tutela jurisdicional ainda que haja lacuna na lei. 
O princípio do juiz natural garante a inexistência de juízos ou tribunais 
de exceção, isto é, juízos ou tribunais criados após a ocorrência de 
determinada infração criminal com o propósito exclusivo de julgá-la, 
conforme prevê o artigo 5º, inciso XXXVII da Constituição Federal de 1988. 
E esse princípio se forma completamente com a aglutinação da regra 
contida no artigo 5º, inciso LIII, também da Constituição Federal, que 
consagra que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente”. 
O princípio da inércia garante que só haverá instauração de ações 
penais mediante provocação de quem seja legitimado. Dessa forma, veda-se 
a instauração de ações ex officio. Esse princípio, frise-se, aplica-se a fase 
inicial do processo penal, isto é, em relação a instauração do mesmo, mas 
não na dilação probatória, quando o juiz pode e deve atuar de ofício, 
pretendendo o maior número de provas que lhe permitam encontrar a 
verdade real. 
Por derradeiro, o princípio da correlação impede o julgamento fora 
dos limites pré-determinados na peça acusatória. Com o pedido apresentado 
pelo Ministério Público ou pelo querelante, o juiz fica a ele restrito, não 
podendo proferir sentença ultra, extra ou infra petita. 
 
 
6. Competência 
 
Determina a competência jurisdicional, conforme estipulação do artigo 
69 do Código de Processo Penal: 
 
a) o lugar da infração: 
b) o domicílio ou residência do réu; 
c) a natureza da infração; 
d) a distribuição; 
e) a conexão ou continência; 
f) a prevenção; 
g) a prerrogativa de função. 
 
 
6.1 Competência pelo lugar da infração 
 
Via de regra, a competência para a ação penal é determinada pelo 
lugar em que se consuma a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em 
que foi praticado o último ato de execução (art. 70, caput, do CPP). 
Se a execução do crime tiver início no Brasil e se consumar fora dele, 
a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no 
 
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Brasil, o último ato de execução, conforme determina o parágrafo primeiro, 
do artigo 70 do Código de Processo Penal. 
Quando o último ato de execução for praticado fora do território 
nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora 
parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado (art. 70, §2º, 
do CPP). 
Se incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando 
incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas 
de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção (art. 
70, §3º, do CPP). 
Por fim. tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada 
em território de duas ou mais jurisdições, a competência também firmar-se-á 
pela prevenção (art. 71 do CPP). 
 
 
6.2 Competência pelo domicílio ou residência do réu 
 
Se não for conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á 
pelo domicílio ou residência do réu, conforme determina o caput do artigo 72 
do Código Penal. Caso o réu tenha mais de uma residência, a competência 
firmar-se-á pela prevenção. Mas se o réu não tiver residência certa ou for 
ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar 
conhecimento do fato (art. 72, §2º, do CPP). 
Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante pode preferir o 
foro do domicílio ou da residência do réu, ainda que conhecido o lugar da 
infração, conforme orienta a hipótese excepcional do artigo 73 do Código deProcesso Penal. 
 
 
6.3 Competência pela natureza da infração 
 
A competência para a ação penal também pode ser firmada pela 
natureza da infração. Nesses casos, a competência será firmada pelas leis 
de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri. 
Conforme orienta o artigo 74, parágrafo primeiro do Código de 
Processo Penal, é competente o Tribunal do Júri para o julgamento dos 
seguintes crimes (todos dolosos, contra a vida): 
 
a) homicídio simples, privilegiado ou qualificado (art. 121, §§1º e 2º, 
do CP); 
 
b) induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (art. 122, parágrafo 
único, do CP); 
c) infanticídio (art. 123, do CP); 
 
d) aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 
124, do CP); 
e) aborto provocado por terceiro (arts. 125, 126 e 127 do CP). 
 
Em qualquer caso, serão julgados perante o Tribunal do Júri os 
crimes supra mencionados, sejam eles consumados ou tentados. 
 
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27 
Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para 
infração da competência de outro, a este deve ser remetido o processo, 
salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá 
sua competência prorrogada (art. 74, §2º, do CPP). 
Se o juiz da pronúncia, que é o juiz da primeira fase do procedimento 
do júri, desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz 
singular, a ele deve remeter os autos, observando o artigo 419 do Código de 
Processo Civil; mas se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do 
Júri, a seu presidente caberá proferir sentença (art. 492, §1º, do CPP). 
 
 
6.4 Competência por distribuição 
 
A competência para ação penal também pode ser fixada pela 
distribuição. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na 
mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente 
competente (art. 75, caput, do CPP). 
A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da 
decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à 
denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal, conforme disposição do 
parágrafo único do artigo 75 do Código de Processo Penal. 
 
 
6.5 Competência por conexão ou continência 
 
A competência é determinada pela conexão: 
 
a) se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, 
ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em 
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas 
contra as outras; 
 
b) se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar 
ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação 
a qualquer delas; 
 
c) quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas 
circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. 
 
Conforme a lição de Fernando Capez, “conexão é o vínculo, o liame, 
o nexo que se estabelece entre dois ou mais fatos, que os torna 
entrelaçados por algum motivo, sugerindo a sua reunião no mesmo 
processo, a fim de que sejam julgados pelo mesmo juiz, diante do mesmo 
compêndio probatório e com isso se evitem decisões contraditórias”. 
Por sua vez, a competência é determinada pela continência quando: 
 
a) duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
 
b) no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 70, 
primeira parte, do Código Penal (concurso formal), 73, parte final, do Código 
Penal (aberratio ictus) e 74, parte final, também do Código Penal (aberratio 
criminis). 
 
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28 
A continência, quando verificada, não possibilita que haja mais de um 
processo, pois a causa de um está contida noutro. Isso ocorre quando duas 
ou mais pessoas são acusadas pela mesma prática criminosa, ou quando se 
está diante de hipóteses de concurso formal de crimes, aberratio ictus ou 
aberratio criminis. 
Para a determinação da competência por conexão ou continência, 
devem ser observadas as seguintes regras: 
 
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da 
jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri; 
 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a 
pena mais grave; 
 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número 
de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; 
 
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a 
de maior graduação; 
 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá 
esta. 
 
Conforme disposição do artigo 79 do Código de Processo Civil, tanto 
a conexão como a continência importam em unidade de processo e 
julgamento, exceto: 
 
a) no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
 
b) no concurso entre a jurisdição comum e a da infância e juventude. 
Nesse caso, há regras próprias no Estatuto da Criança e do Adolescente, 
em relação aos atos infracionais praticados por adolescentes. 
 
Se sobrevir doença mental a algum co-réu, o processo deve 
permanecer suspenso em relação a ele, e deve prosseguir quanto aos 
demais, cessando, obrigatoriamente, a unidade do processo, seja ela 
decorrente de conexão ou continência. 
A unidade do processo não importa na unidade de julgamento, 
quando houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, bem 
como na hipótese do artigo 469 do Código de Processo Civil, que trata da 
recusa de jurados para a composição do Tribunal do Júri, quando forem dois 
ou mais os acusados. Nesses casos, também é obrigatória a separação dos 
processos. 
Em contrapartida, é facultativa a separação dos processos: 
 
a) quando as infrações tiverem sido cometidas em circunstâncias de 
tempo ou de lugar diferentes; 
b) quando houver excessivo número de acusados; 
c) para não prolongar a prisão provisória de nenhum dos réus; ou 
d) por outro motivo relevante. 
 
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29 
Reconhecida inicialmente ao Tribunal do Júri a competência por 
conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração, 
impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua essa 
competência, deverá remeter o processo ao juízo competente (art. 81, 
parágrafo único, do CPP). 
Se, inobstante a conexão ou continência, forem instaurados 
processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deve avocar os 
processos que corram perante os outros juízes, exceto se já estiverem com 
sentença definitiva, caso em que a unidade dos processos só se dará, 
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas (art. 82 do 
CPP). 
 
 
6.6 Competência por prevenção 
 
A determinação da competência pela prevenção ocorre toda vez que, 
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição 
cumulativa, um deles tiver antecedido ao outro na prática de algum ato do 
processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento 
da denúncia ou da queixa. 
 
 
6.7 Competência pela prerrogativa de função 
 
A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal 
Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e 
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às 
pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de 
responsabilidade. 
É importante frisar que a competência por prerrogativa de função não 
prevale sobre a competência do Tribunal do Júri quando a primeira tiver sido 
fixada, com exclusividade, por Constituição Estadual, entendimento 
sumulado pelo Supremo Tribunal Federal (súmula n.º 721). 
Ao Supremo Tribunal Federal compete processar e julgar, 
originariamente: 
 
a) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o 
Procurador-Geral da República; e 
 
b) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os 
Ministros de Estadoe os Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, da CRFB/88, os membros 
dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de 
missão diplomática de caráter permanente. 
 
Ao Superior Tribunal de Justiça compete processar e julgar, 
originariamente: 
 
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito 
Federal; e 
 
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30 
b) nos crimes comuns e nos de responsabilidade, os 
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito 
Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais 
Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas 
dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante 
tribunais. 
 
Os Tribunais Regionais Federais, por sua vez, tem competência para 
processar e julgar, originariamente: 
 
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça 
Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e 
os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da 
Justiça Eleitoral. 
 
Por derradeiro, compete aos Tribunais de Justiça dos Estados 
processar e julgar: 
 
a) os Prefeitos Municipais, os Juízes de Direito, os Juízes Auditores 
da Justiça Militar e os membros do Ministério Público. 
 
É importante, frise-se, não esquecer que o Senado Federal também 
possui competência para processar e julgar: 
 
a) o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de 
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da 
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza 
conexos com aqueles; e 
 
b) os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do 
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, 
o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes 
de responsabilidade. 
 
Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes 
as pessoas que a Constituição Federal sujeita à jurisdição do Supremo 
Tribunal Federal e dos Tribunais de Justiça, àquele ou a estes caberá o 
julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade, conforme 
redação legal do artigo 85 do Código de Processo Penal, redação que trata 
de questão prejudicial ao julgamento de mérito. 
Por derradeiro, o artigo 86 do Código de Processo Penal dispõe que 
compete, privativamente, ao Supremo Tribunal Federal, processar e julgar: 
 
a) os seus ministros, nos crimes comuns; 
 
b) os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do 
Presidente da República; 
 
c) o procurador-geral da República, os desembargadores dos 
Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os 
embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de 
responsabilidade. 
 
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31 
6.8 Modificação da competência 
 
Fala-se em modificação da competência para a ação penal sob as 
seguintes modalidades: 
 
a) prorrogação; 
b) delegação; e 
c) desaforamento. 
 
A prorrogação da competência ocorre quando há substituição de um 
juízo por outro. Assim como ocorre no processo civil, se a ação penal for 
ajuizada em foro relativamente incompetente e não for oposta exceção de 
incompetência no prazo previsto, o foro que era incompetente torna-se 
competente por prorrogação. Também há prorrogação nos casos de 
conexão e continência. 
A delegação, em verdade, é de atribuições relativas a ação penal e 
não da competência. Diz-se que há delegação interna quando um juiz 
pratica, no lugar de outro, atos relativos à ação penal, como o faz o juiz 
substituto durante as férias do juiz titular. E diz-se que há delegação externa 
quando há solicitação da prática de atos relativos à ação penal a outro juízo, 
como ocorre nas cartas precatórias e rogatórias. 
O desaforamento ocorre nos crimes de competência do Tribunal do 
Júri, quando se altera a comarca de julgamento. O desaforamento ocorrerá: 
 
a) quando houver interesse de ordem pública; 
b) quando houver dúvida sobre a imparcialidade do júri; 
c) quando necessário à segurança do acusado; ou 
 
d) quando houver excesso de serviço, situação em que deve ser 
ouvido o juiz presidente e a parte contrária, desde que o julgamento não 
possa ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em 
julgado da pronúncia. 
 
O pedido para realização do julgamento em outra comarca pode ser 
feito mediante requerimento, pelo Ministério Público, pelo assistente ou pelo 
querelante ou mediante representação, pelo próprio juiz. O pedido de 
desaforamento deve ser dirigido ao Tribunal de Justiça. 
Enquanto a competência territorial (ratione loci) pode sofrer 
modificação, a competência em razão da matéria (ratione materiae), assim 
como a competência por prerrogativa de função (ratione personae) não o 
podem, já que as últimas traduzem causas de ordem pública. 
 
 
7. Questões e Processos Incidentes 
 
As questões e os processos incidentes traduzem a previsão legal de 
situações excepcionais que podem surgir durante o trâmite da ação penal e 
que lhe prejudicam a análise meritória. Fernando Capez escreve que, “em 
sentido jurídico, as questões e os processos incidentes são soluções dadas 
pela lei processual para as variadas eventualidades que podem ocorrer no 
 
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32 
processo e que devem ser resolvidas pelo juiz antes da solução da causa 
principal” (2010, p. 454). 
 
 
7.1 Questões prejudiciais 
 
Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de 
controvérsia, que o juiz repute série e fundada sobre o estado civil das 
pessoas, o curso da ação penal deve permanecer suspenso até que no juízo 
cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem 
prejuízo, no entanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de 
natureza urgente (art. 92 do CPP). 
Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de 
decisão sobre questão diversa da supra mencionada, da competência do 
juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, ao juiz 
criminal é conferida a faculdade, desde que essa questão seja de difícil 
solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o 
curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das 
outras provas de natureza urgente (art. 93, caput, do CPP). 
Nesse caso, o juiz deve marcar o prazo da suspensão, que pode ser 
razoavelmente prorrogado, desde que a demora não seja imputável à parte. 
Expirado o prazo sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal 
deve fazer prosseguir o processo, retomando sua competência para 
resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa (art. 
93, §1º, do CPP). 
Conforme disposição do parágrafo segundo do artigo 93 do Código de 
Processo Penal, é irrecorrível o despacho que denega a suspensão do 
processo. 
Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, 
incumbe ao Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o 
fim de promover-lhe o rápido andamento (art. 93, §3º, do CPP). 
A suspensão do curso da ação penal, nas hipóteses supra 
mencionadas, deve ser decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das 
partes (art. 94 do CPP). 
 
 
7.2 Exceções 
 
Segundo o artigo 95 do Código de Processo Penal, podem ser 
opostas exceções de: 
 
a) suspeição; 
b) incompetência de juízo; 
c) litispendência; 
d) ilegitimidade de parte; 
e) coisa julgada 
 
 
 
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33 
7.2.1 Suspeição 
 
A arguição de suspeição precede a qualquer outra, salvo quando 
fundada em motivo superveniente (art. 96 do CPP). 
Quando o juiz afirmar espontaneamente a suspeição, deve fazê-lo por 
escrito, oportunidade em que deve declarar o motivo legal e remeter 
imediatamente o processo ao seu substituto, intimando as partes (art. 97, do 
CPP). 
Sempreque uma das partes pretender recusar o juiz, deve fazê-lo em 
petição assinada por ela própria ou por procurador com poderes especiais, 
aduzindo as suas razões acompanhadas de prova documental ou do rol de 
testemunhas. 
Nesse caso, se o juiz reconhecer a suspeição, deve sustar a marcha 
processual, mandando juntar aos autos a petição do recusante com os 
documentos que a instruam, e por despacho deve declarar-se suspeito, 
ordenando a remessa dos autos ao substituto. Em contrapartida, se não 
aceitar a suspeição, o juiz deve mandar autuar em apartado a petição, 
dando resposta em 3 (três) dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, 
para, em seguida determinar a remessa dos autos, em 24 (vinte e quatro) 
horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento, conforme dispõe o 
caput do artigo 100 do Código de Processo Penal. 
Uma vez reconhecida, preliminarmente, a relevância da arguição, o 
juiz ou o tribunal, com citação das partes, deve marcar dia e hora para a 
inquirição das testemunhas, seguindo-se o julgamento, independentemente 
de mais alegações (art. 100, §1º, do CPP). 
Em contrapartida, se a suspeição for de manifesta improcedência, o 
juiz ou relator deve rejeitá-la liminarmente (art. 100, §2º, do CPP). 
Se a exceção de suspeição for julgada procedente, ficarão nulos os 
atos do processo principal, sendo o pagamento das custas de incumbência 
do juiz, no caso de erro inescusável. Mas, se a exceção for rejeitada, 
evidenciando-se a malícia do excipiente, a este será imposta multa. 
Na hipótese da parte contrária reconhecer a procedência da arguição, 
a seu requerimento, o processo principal pode ser suspenso até que se 
julgue o incidente da suspeição (art. 102, do CPP). 
Se arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois 
de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de 
provas no prazo de 3 (três) dias (art. 104, do CPP). 
As parte também podem arguir como suspeitos os peritos, os 
intérpretes e os serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de 
plano, em decisão irrecorrível, à vista da matéria alegada e prova imediata 
(art. 105, do CPP). 
Em se tratando da suspeição de jurados, ela deverá ser arguida 
oralmente, decidindo de plano o presidente do Tribunal do Júri, que a 
rejeitará se, negada pelo recusado, não for imediatamente comprovada, o 
que tudo deve constar da ata (art. 106, do CPP). 
Em relação as autoridades policiais, quanto aos atos do inquérito, não 
poderá ser oposta suspeição, mas elas tem o dever de declarar-se 
suspeitas, sempre que ocorrer algum motivo legal (art. 107, do CPP). 
 
 
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34 
7.2.2 Incompetência 
 
A exceção de incompetência do juízo pode ser oposta de forma verbal 
ou escrita, mas apenas no prazo para defesa, sob pena de preclusão e 
prorrogação do foro relativamente incompetente. 
Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a exceção declinatória de 
competência, o feito deve ser remetido ao juízo competente, onde, 
ratificados os atos anteriores, o processo terá seu normal prosseguimento 
(art. 108, §1º, do CPP). 
Em contrapartida, se a exceção de incompetência for recusada, o juiz 
continuará no feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se ela tiver sido 
formulada de forma verbal. 
Conforme disposição do artigo 109 do Código de Processo Penal, se 
em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne 
incompetente, deve declará-lo nos autos, haja ou não alegação da parte 
nesse sentido. 
 
 
7.2.3 Litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada 
 
Consabido, litispendência é o ajuizamento de ação que apresenta as 
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo objeto, em relação a 
outra ação que já está em curso perante o mesmo ou em juízo diverso. A 
litispendência, consabido, é um pressuposto processual negativo, isto é, se 
verificado dá causa à extinção do processo posterior sem julgamento de 
mérito. 
A coisa julgada, de maneira semelhante, também é um pressuposto 
processual negativo que, uma vez identificado, dá causa à extinção do 
processo sem julgamento de mérito. A coisa julgada é o ajuizamento de 
ação, com as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo objeto, 
em relação a um processo já definitivamente julgado. Conforme orienta o 
parágrafo segundo do artigo 110, do Código de Processo Penal, a exceção 
de coisa julgada somente poderá ser oposta em relação ao fato principal, 
que tiver sido objeto da sentença. 
Já a ilegitimidade de parte, é uma condição da ação, sem a qual 
haverá extinção do processo sem julgamento de mérito. Há ilegitimidade de 
parte, por exemplo, quando o Ministério Público ajuíza ação penal em face 
de pessoa errada, não relacionada à prática criminosa objeto do processo 
penal. 
Nas exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada, 
observa-se, no que pertinente for, o disposto sobre a exceção de 
incompetência do juízo (art. 110, do CPP). 
Sempre que a parte tenha de ajuizar mais de uma exceção, ela deve 
fazê-lo em apenas uma petição ou articulado, conforme determina o 
parágrafo primeiro do artigo 110 do Código de Processo Penal. 
Em todos os casos, as exceções devem ser processadas em autos 
apartados e, via de regra, não suspendem o andamento da ação penal. 
 
 
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35 
7.2.4 Incompatibilidades e impedimentos 
 
O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários 
de justiça e os peritos ou intérpretes tem o dever de abster-se de servir no 
processo, sempre que houver incompatibilidade ou impedimento legal, que 
deve ser declarado nos autos. 
Se a abstenção não ocorrer, a incompatibilidade ou impedimento 
poderá ser arguido pelas partes, seguindo-se o mesmo procedimento 
estabelecido para a exceção de suspeição. 
 
 
7.3 Conflito de jurisdição 
 
Além da exceção, as questões atinentes à competência podem ser 
resolvidas pelo conflito positivo ou negativo de juridição (art. 113, do CPP). 
O conflito de jurisdição é positivo quando duas ou mais autoridades 
judiciárias se considerarem competentes para conhecer do mesmo fato 
criminoso. 
E será negativo o conflito de jurisdição quando duas ou mais 
autoridades judiciárias se considerarem incompetentes para conhecer do 
mesmo fato criminoso. 
Conforme disposição do artigo 115 do Código de Processo Penal, o 
conflito pode ser suscitado: 
 
a) pela parte interessada; 
b) pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em 
dissídio; 
c) por qualquer dos juízes ou tribunais em causa. 
 
Os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a parte 
interessada, mediante requerimento, devem dar forma escrita e 
circunstanciada do conflito, perante o tribunal competente, expondo os 
fundamentos e juntando os documentos comprobatórios. Se o conflito for 
negativo, os juízes e tribunais podem suscitá-los nos próprios autos do 
processo. No entanto, distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator 
poderá determinar imediatamente que se suspenda o andamento do 
processo. 
Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator deve requisitar 
informações às autoridades em conflito, remetendo-lhes cópias do 
requerimento ou representação. Essas informações devem ser prestadas no 
prazo que o relator assinalar. Recebidas as informações, e depois de ouvido 
o procurador-geral, o conflito será decidido na primeira sessão, salvo se a 
instrução do feito depender da realização de alguma diligência. 
Proferida a decisão, as cópias necessárias devem ser remetidas, para 
a sua execução, às autoridades contra as quais tiver sido levantado o 
conflito ou que o houverem suscitado. 
 
 
 
 
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7.4 Restituição das coisas apreendidas 
 
Orienta o artigo 118 do Código de Processo Penal, que antes de 
transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser 
restituídas enquanto interessarem ao processo. 
Alguns objetos, no entanto, mesmo depois do

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