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Diuréticos - Farmacologia

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Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé 
Diuréticos 
 O rim filtra o volume de líquido extracelular 
(VLEC) por meio dos glomérulos renais, enquanto os 
néfrons renais regulam com precisão o volume de líquido 
do corpo e sua quantidade de eletrólitos por meio dos 
processos de secreção e reabsorção. 
 Os diuréticos aumentam a taxa do fluxo de 
urina e a excreção de Na+ e são usados para corrigir o 
volume ou a composição dos líquidos corporais. Os 
diuréticos clinicamente úteis também aumentam a taxa 
de excreção de Na+ (natriurese) e do ânion que o 
acompanha (geralmente o 𝐶𝑙−). 
Anatomia e fisiologia renal 
 A unidade básica do rim para a formação de 
urina é o néfron. A parte inicial do néfron, o corpúsculo 
renal, consiste em uma cápsula (cápsula de Bowman) e 
em um tufo de capilares (o glomérulo) localizado dentro 
da cápsula. O glomérulo recebe o sangue de uma 
arteríola aferente, e o sangue sai do glomérulo por uma 
arteríola eferente. 
 O ultrafiltrado produzido pelo glomérulo se 
acumula no espaço entre o glomérulo e a cápsula 
(espaço de Bowman) e entra em uma porção tubular 
longa do néfron, onde é reabsorvido e condicionado. 
Visão geral da função do néfron 
 O rim filtra grandes quantidades de plasma, 
reabsorve substâncias que o corpo precisa conservar e 
retira ou secreta substâncias que precisam ser 
eliminadas. 
 Normalmente, cerca de 65% do Na+ filtrado é 
reabsorvido no túbulo proximal e, como essa parte do 
túbulo é muito permeável à água, a reabsorção é 
basicamente isotônica. Entre as faixas externa e interna 
da medula externa, o túbulo modifica abruptamente a 
sua morfologia, passando a constituir o RRD (ramo 
descendente delgado) – que penetra na medula interna e 
dá origem ao RAD (ramo ascendente delgado). Na junção 
entre a medula interna e externa, o túbulo modifica a 
sua morfologia, tornando-se o RAE (ramo ascendente 
espesso). Assim, o túbulo reto proximal e os segmentos 
RDD, RAD e RAE são conhecidos como alça de Henle. 
 O RAE passa entre as arteríolas aferente e 
eferente e estabelece contato com a arteríola 
aferente por meio de um grupo de células epiteliais e 
colunares especializadas conhecido como mácula densa. 
A mácula densa está localizada estrategicamente para 
sentir as concentrações de NaCl que deixam a alça de 
Henle. Se a concentração de NaCl for demasiado elevada, 
a mácula densa emite um sinal químico para a arteríola 
eferente do mesmo néfron, causando a sua constrição, 
com consequente redução da TFG (taxa de filtração 
glomerular). A TFG protege o organismo contra a perda 
de sol e volume. 
 Após a mácula densa, o túbulo modifica mais 
uma vez a sua morfologia, transformando-se no TCD 
(túbulo contorcido distal). 
 O RAE e o TCD são coletivamente denominados 
segmento diluente do néfron, visto que estes 
transportam 𝑁𝑎𝐶𝑙 ativamente e são impermeáveis à 
água, o que confere a capacidade de produzir uma urina 
diluída. 
 O sistema de ductos coletores constitui uma 
área de controle fino da composição e do volume do 
ultrafiltrado. É lá que são feitos os ajustes finais na 
composição de eletrólitos, um processo modulado pela 
aldosterona. A vasopressina (ADH – hormônio 
antidiurético) também modulam a permeabilidade à 
água dessa parte do néfron. Na ausência de ADH, o 
sistema de ductos coletores é impermeável à água, e a 
urina excretada é diluída. Na presença de ADH, o sistema 
de ductos coletores é permeável à água, que é 
reabsorvida. 
Inibidores da anidrase carbônica 
 Existem três inibidores da anidrase carbônica de 
administração oral: acetazolamida, diclorfenamida e 
metazolamida. 
Mecanismo e local de ação 
 A anidrase carbônica, presente em grandes 
quantidades nas células epiteliais do túbulo proximal, tem 
um papel fundamental na reabsorção de NaHCO3 e na 
secreção ácida. 
Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé 
 No espaço intracelular, essa enzima catalisa a 
reação 𝐶𝑂2 + 𝐻2𝑂 ⟺ 𝐻2𝐶𝑂3 . O ácido carbônico 
(𝐻2𝐶𝑂3), por sua vez, se dissocia em 𝐻+ e 𝐻𝐶𝑂3−, e o íon 
hidrogênio é secretado para a luz tubular, em troca pelo 
sódio. Na luz tubular, o 𝐻+ reage com o 𝐻𝐶𝑂3− , resultando 
na formação de 𝐻2𝐶𝑂3 , que se dissocia em 𝐶𝑂2 e 𝐻2𝑂 na 
presença da anidrase carbônica. O 𝐶𝑂2 , por ser lipofílico, 
rapidamente se difunde para o interior da célula, 
reagindo com a água. O resultado final é a reabsorção 
tubular de bicarbonato de sódio e água. 
 Os inibidores da anidrase carbônica inibem 
fortemente tanto a anidrase carbônica ligada à 
membrana como a citoplasmática e podem causar 
abolição quase completa da reabsorção de NaHCO3 no 
túbulo proximal. Dessa forma, ocorrem: 
 Diminuição da produção intracelular de íons de 
hidrogênio disponíveis para a troca com íons de sódio; 
 Inibição da desidratação do ácido carbônico, 
resultando em acidificação do líquido intratubular; 
 Redução da secreção de íons de hidrogênio. 
 A anidrase carbônica está envolvida na 
formação de bicarbonato de sódio no humor aquoso, 
pelos processos ciliares. Assim, a inibição da anidrase 
carbônica reduz a formação do humor aquoso, 
consequentemente reduzindo a pressão intraocular. 
Isso justifica o uso dos IACs no tratamento do 
glaucoma. 
Efeitos na excreção urinária 
 A inibição da anidrase carbônica está associada 
a um rápido aumento na excreção urinária de 𝐻𝐶𝑂3−. 
Isso, em conjunto com a inibição do ácido titulável e a 
secreção de 𝑁𝐻4+ leva a um aumento do pH urinário para 
cerca de 8 e ao desenvolvimento de acidose metabólica. 
 Além disso, ocorre um pequeno aumento na 
excreção de 𝐶𝑙−, sendo o 𝐻𝐶𝑂3− o principal ânion 
excretado junto com os cátions 𝑁𝑎+ e 𝐾+. 
Usos terapêuticos 
 A eficácia dos inibidores da anidrase carbônica 
como agentes isolados é baixa. A combinação de 
acetazolamida com diuréticos que bloqueiam a absorção 
de 𝑁𝑎+ no néfron provoca uma resposta natriurética 
acentuada. Mesmo assim, a utilidade em longo prazo dos 
inibidores da anidrase carbônica é comprometida pelo 
desenvolvimento de acidose metabólica. 
 A principal indicação para os inibidores da 
anidrase carbônica é o glaucoma de ângulo aberto. A 
acetazolamida pode proporcionar alívio sintomático em 
pacientes com doença das grandes altitudes. Também 
podem ser úteis para corrigir a alcalose metabólica, em 
especial a causada pelos aumentos na excreção de 𝐻+ 
induzidos pelos diuréticos. 
Toxicidade, efeitos adversos, contraindicações e 
interações medicamentosas 
 Reações tóxicas graves aos inibidores da 
anidrase carbônica são raras. Entretanto, podem 
provocar depressão da medula óssea, toxicidade 
cutânea, lesões renais e reações alérgicas. Com grandes 
doses, os pacientes podem exibir sonolência e 
parestesias. 
 A maioria dos efeitos adversos, 
contraindicações a interações medicamentosas são 
secundárias à alcalinização da urina ou à acidose 
metabólica, incluindo: 
 Desvio da amônia de origem renal da urina para a 
circulação sistêmica, o que pode induzir ou agravar a 
encefalopatia hepática; 
 Cólica ureteral e formação de cálculos, devido à 
precipitação de sais de fosfato de cálcio na urina alcalina; 
 Agravamento da acidose metabólica ou respiratória; 
 Redução da taxa de excreção urinária de bases 
orgânicas fracas. 
 Assim, os IACs são contraindicados para 
pacientes com cirrose hepática, com acidose 
hiperclorêmica ou doença pulmonar obstrutiva crônica 
grave. 
Diuréticos osmóticos 
 Os diuréticos osmóticos são livremente 
filtrados no glomérulo, sofrem reabsorção limitada pelo 
túbulo renal e são relativamente inertes do ponto de 
vista farmacológico. Eles são administrados em doses 
altas o suficiente para aumentar significativamente a 
osmolalidade do plasma e do líquido tubular. 
 
 
 
Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé 
Mecanismoe local de ação 
 Os diuréticos osmóticos atuam tanto no túbulo 
proximal quanto na alça de Henle, sendo esta última o 
principal local de ação. 
No túbulo proximal, os diuréticos osmóticos 
atuam como solutos não reabsorvíveis que limitam a 
osmose da água no espaço intersticial e, portanto, 
reduzem a concentração luminal de 𝑁𝑎+ a ponto de 
cessar a sua reabsorção efetiva. Ao extrair água dos 
compartimentos intracelulares, os diuréticos osmóticos 
expandem o VLEC, reduzem a viscosidade do sangue e 
inibem a liberação de renina. Esses efeitos aumentam o 
fluxo sanguíneo renal, enquanto o aumento no fluxo 
sanguíneo da medula renal remove o 𝑁𝑎𝐶𝑙 e a ureia da 
medula, reduzindo a tonicidade medular. A redução na 
tonicidade medular produz uma redução na extração de 
água do RDD (ramo descendente delgado), que, por sua 
vez, limita a concentração de 𝑁𝑎𝐶𝑙 no líquido tubular que 
entra no RAD (ramo ascendente delgado). Este último 
efeito reduz a reabsorção passiva de 𝑁𝑎𝐶𝑙 no RAD. Além 
disso, os diuréticos osmóticos inibem a reabsorção de 
𝑀𝑔2+ no RAE (ramo ascendente espesso). 
Efeitos na excreção urinária 
 Os diuréticos osmóticos aumentam a excreção 
urinária de quase todos os eletrólitos, incluindo 𝑁𝑎+, 𝐾+, 
𝐶𝑎2+, 𝑀𝑔2+, 𝐶𝑙−, 𝐻𝐶𝑂3− e fosfato. 
Usos terapêuticos 
 Todos os diuréticos osmóticos são usados para 
controlar a pressão intraocular durante ataques 
agudos de glaucoma e para reduções rápidas na pressão 
intraocular. Além disso, o manitol é usado para reduzir o 
edema cerebral e a massa encefálica, sendo utilizado 
também no tratamento ou prevenção de lesão renal 
aguda. 
Toxicidade, efeitos adversos, contraindicações e 
interações medicamentosas 
 A extração da água pode provocar 
hiponatremia, o que causa os efeitos adversos comum, 
que incluem cefaleia, náuseas e vômitos. Em 
contrapartida, uma perda de água maior que a de 
eletrólitos pode causar hipernatremia e desidratação. 
Além disso, a glicerina é metabolizada e pode provocar 
hiperglicemia. 
 Os diuréticos osmóticos são contraindicados 
para pacientes que estão anúricos por causa de doença 
renal grave. O extravasamento de ureia pode provocar 
trombose ou dor e ela não deve ser administrada a 
pacientes com função hepática comprometida, por 
causa do risco de elevação dos níveis sanguíneos de 
amônia. Tanto o manitol quanto a ureia estão 
contraindicados para pacientes com sangramento 
craniano ativo. 
Diuréticos de alça (inibidores do simporte de 
Na+-K+-2Cl-) 
 Os diuréticos de alça inibem a atividade do 
simportador de 𝑁𝑎+-𝐾+-2𝐶𝑙− no RAE da alça de Henle. 
 Esses inibidores são altamente eficazes, visto 
que: 
 Cerca de 25% da carga filtrada de 𝑁𝑎+ normalmente 
é reabsorvida pelo RAE; 
 Os segmentos do néfron depois do RAE não possuem 
a capacidade de reabsorção para recuperar o fluxo de 
material que saiu do RAE. 
 Entre esses inibidores, apenas a furosemida, a 
bumetanida, o ácido etacrínico e a torasemida estão 
disponíveis nos Estados Unidos. 
Mecanismo e local de ação 
 Esses agentes atuam principalmente no RAE, 
onde o fluxo de 𝑁𝑎+, 𝐾+ e 𝐶𝑙− do lúmen para dentro das 
células epiteliais é mediado por um simportador. Os 
inibidores desse simportador bloqueiam a sua função, 
praticamente paralisando o transporte de sal nesse 
segmento do néfron. Esses inibidores também inibem a 
reabsorção de 𝐶𝑎2+ e 𝑀𝑔2+ no RAE, anulando a diferença 
de potencial transepitelial que constitui a força 
propulsora dominante para a reabsorção desses 
cátions. 
Efeitos na excreção urinária 
 Os diuréticos de alça aumentam 
acentuadamente a excreção urinária de 𝑁𝑎+ e 𝐶𝑙−, bem 
como a excreção de 𝐶𝑎2+, 𝑀𝑔2+, 𝐾+ e ácido titulável. 
A furosemida possui atividade inibidora fraca da 
anidrase carbônica e, portanto, aumenta a excreção 
urinária de 𝐻𝐶𝑂3− e fosfato. 
 Quando usados de forma aguda, os diuréticos de 
alça aumentam a excreção de ácido úrico, enquanto a 
Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé 
sua administração crônica resulta em excreção 
diminuída desse ácido. 
Usos terapêuticos 
 O uso principal dos diuréticos de alça é no 
tratamento do edema pulmonar agudo. Um rápido 
aumento na capacidade venosa junto com uma rápida 
natriurese reduz as pressões de enchimento do 
ventrículo esquerdo e, portanto, alivia rapidamente o 
edema pulmonar. Também são usados amplamente 
para o tratamento da ICC crônica, quando é desejável 
obter uma diminuição do VLEC para minimizar a 
congestão venosa e pulmonar. 
 Em pacientes com TFG baixa ou hipertensão 
resistente, os diuréticos de alça são os diuréticos de 
escolha. Entretanto, são menos eficazes que os 
tiazídicos. 
 Em pacientes com superdosagem de um 
fármaco, os diuréticos de alça podem ser usados para 
induzir diurese forçada e facilitar a eliminação renal. 
Além disso, combinados com a administração de soro 
fisiológico isotônico, os diuréticos de alça são utilizados 
para tratar hipercalcemia. Também são usados no 
tratamento do edema associado à doença renal crônica, 
onde é exigido doses mais altas do diurético de alça. 
Toxicidade, efeitos adversos, contraindicações e 
interações medicamentosas 
 A maioria dos efeitos adversos ocorre graças a 
anormalidades no equilíbrio hidroeletrolítico. O uso 
exagerado desse diurético pode provocar grave 
depleção do 𝑁𝑎+ total do corpo, o que pode se 
manifestar como hiponatremia ou depleção do volume 
líquido extracelular associado a hipotensão. 
 O aumento da liberação de 𝑁𝑎+ no túbulo distal 
leva a um aumento da excreção urinária de 𝐾+ e 𝐻+, 
provocando alcalose hipoclorêmica. 
 Se a captação dietética de 𝐾+ não for 
suficiente, pode surgir hipopotassemia. O aumento da 
excreção de 𝑀𝑔2+ e 𝐶𝑎2+ pode provocar 
hipomagnesemia e hipocalcemia. 
 Os diuréticos de alça devem ser evitados em 
mulheres com osteopenia na pós-menopausa, nas quais 
a excreção aumentada de 𝐶𝑎2+ pode ter efeitos 
deletérios sobre o metabolismo ósseo. 
 Podem provocar ototoxicidade, o que ocorre 
com mais frequência com a administração intravenosa 
rápida e com menor frequência com a administração 
oral. Para evitar a ototoxicidade, a velocidade de infusão 
da furosemida não deve passar 4 mg/min. 
 As contraindicações incluem depleção grave de 
𝑁𝑎+ e de volume, hipersensibilidade às sulfonamidas e 
anúria não responsiva a uma dose de teste do diurético 
de alça. 
 Interações medicamentosas: 
 Aminoglicosídeos, carboplatina, paclitaxel e outros 
(sinergismo de ototoxicidade); 
 Anticoagulantes (aumento da atividade 
anticoagulante); 
 Glicosídeos digitálicos (aumento de arritmias induzidas 
por digitálicos); 
 Lítio (aumento dos níveis plasmáticos de 𝐿𝑖+); 
 Propranolol (aumento dos níveis plasmáticos de 
propranolol); 
 Sulfonilureias (hiperglicemia); 
 Cisplatina (risco aumentado de ototoxicidade induzida 
por diuréticos); 
 AINE (resposta diurética atenuada e toxicidade do 
salicilato com altas doses de salicilatos); 
 Probenecida (resposta diurética reduzida); 
 Diuréticos tiazídicos (sinergismo da atividade diurética 
de ambos os fármacos, levando a profunda diurese); 
 Anfotericina B (aumento do potencial de 
nefrotoxicidade e intensificação do desequilíbrio 
eletrolítico). 
Diuréticos tiazídicos (inibidores do simporte 
Na+-Cl-) 
 Essa classe inclui diuréticos derivados da 
benzotiadiazina (diuréticos tiazídicos), como a 
bendroflumetiaida, clorotiazida, hidroclorotiazida e 
meticlotiazida, e agentes farmacologicamente 
semelhantes aos diuréticos tiazídicos, mas que diferem 
estruturalmente (diuréticos semelhantes às tiazidas), 
como a clortalidona, indapamida e metolazona. 
Mecanismo e local de ação 
 Os diuréticos tiazídicos inibem o transporte de 
𝑁𝑎𝐶𝑙 no TCD e o túbulo proximal pode representar um 
local de ação secundário. 
Thaís Lopes Valente– Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé 
 O transporte é impulsionado por uma bomba de 
𝑁𝑎+ na membrana basolateral. A energia livre no 
gradiente eletroquímico do 𝑁𝑎+ é aproveitada por um 
simportador de 𝑁𝑎+-𝐶𝑙− na membrana luminal que 
desloca, contra o seu gradiente eletroquímico, o 𝐶𝑙− 
para a célula epitelial. O 𝐶𝑙−, então, sai de forma passiva 
pela membrana basolateral por um canal de 𝐶𝑙−. Os 
diuréticos tiazídicos inibem o simportador de 𝑁𝑎+-𝐶𝑙−, 
que é expresso predominantemente no rim e localizado 
na membrana apical das células epiteliais do TCD. A 
expressão desse simportador é regulada pela 
aldosterona. 
Efeitos na excreção urinária 
 Esses inibidores aumentam a excreção de 𝑁𝑎+ e 
𝐶𝑙−. Entretanto, as tiazidas são apenas moderadamente 
eficazes, já que cerca de 90% da carga filtrada de 𝑁𝑎+ 
é reabsorvida antes de alcançar o TCD. Além disso, 
também aumentam o 𝐾+ e a excreção de ácido titulável. 
 Alguns diuréticos tiazídicos também são 
inibidores fracos da anidrase carbônica, um efeito que 
aumenta a excreção de 𝐻𝐶𝑂3− e fosfato e 
provavelmente é responsável pelos seus efeitos fracos 
no túbulo proximal. 
 A administração aguda de tiazida aumenta a 
excreção de ácido úrico, mas essa excreção é reduzida 
após a administração crônica. 
 Como os inibidores do simporte de 𝑁𝑎+-𝐶𝑙− 
inibem o transporte no segmento diluente cortical, esses 
diuréticos atenuam a capacidade do rim em excretar 
urina diluída durante a diurese da água. 
Usos terapêuticos 
 São usados no tratamento do edema associado 
a doenças cardíacas, doença hepática e doença renal. 
 A maioria dos diuréticos tiazídicos é ineficaz 
quando a TFG for inferior a 40 mL/min. 
 Esses diuréticos reduzem a pressão arterial em 
pacientes hipertensos e são amplamente usados no 
tratamento da hipertensão em associação com outros 
agentes anti-hipertensivos. 
 Os diuréticos tiazídicos que reduzem a excreção 
urinária de 𝐶𝑎2+ às vezes são empregados para tratar 
a nefrolitíase por 𝐶𝑎2+ e podem ser uteis para tratar a 
osteoporose. 
Toxicidade, efeitos adversos, contraindicações e 
interações medicamentosas 
 Os diuréticos tiazídicos raramente provocam 
distúrbios GI, hematológicos, dermatológicos ou no SNC. 
A incidência de disfunção erétil é maior do que com 
vários outros agentes anti-hipertensivos. Os efeitos 
adversos mais graves estão relacionados a 
anormalidades no equilíbrio de líquidos e eletrólitos. Esses 
efeitos adversos incluem depleção do volume 
extracelular, hipotensão, hipopotassemia, hipocalcemia e 
hiperuricemia. 
Diuréticos poupadores de K+ (inibidores dos 
canais de Na+ do epitélio renal) 
 O triantereno e a amilorida são os únicos 
fármacos dessa classe que estão em uso clínico. Ambos 
os fármacos provocam pequenos aumentos na 
excreção de 𝑁𝑎𝐶𝑙 e geralmente são usados por causa 
de suas ações anticaliuréticas, para compensar os 
efeitos de outros diuréticos que aumentam a excreção 
de 𝐾+. 
Mecanismo e local de ação 
 A amilorida e o triantereno bloqueiam os canais 
epiteliais de sódio na membrana luminal das células 
principais na parte final dos túbulos distais e nos duetos 
coletores ao se ligarem a um local no poro do canal. 
Efeitos na excreção urinária 
 A porção final do túbulo distal e o ducto coletor 
possuem capacidade limitada de reabsorção de solutos, 
portanto o bloqueio do canal de 𝑁𝑎+ nessa parte do 
néfron aumenta apenas levemente as taxas de 
excreção de 𝑁𝑎+ e 𝐶𝑙− 
O bloqueio dos canais de 𝑁𝑎+ hiperpolariza a 
membrana luminal, reduzindo a voltagem transepitelial 
negativa do lúmen. Como a diferença de potencial 
negativa do lúmen geralmente se opõe à reabsorção de 
cátions e facilita a secreção de cátions, a atenuação da 
voltagem negativa do lúmen reduz as taxas de excreção 
de 𝐾+, 𝐻+, 𝐶𝑎2+ e 𝑀𝑔2+. 
A administração crônica pode reduzir a excreção 
de ácido úrico. 
Usos terapêuticos 
 Em razão da leve natriurese induzida pelos 
inibidores dos canais de 𝑁𝑎+, esses fármacos raramente 
Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé 
são usados como agentes isolados no tratamento de 
edema ou hipertensão. A coadministração desses 
aumenta a resposta diurética e anti-hipertensiva dos 
diuréticos tiazídicos e de alça. Além disso, a capacidade 
dos inibidores dos canais de 𝑁𝑎+ de reduzir a excreção 
de 𝐾+ tende a contrabalançar os efeitos caliuréticos 
dos diuréticos tiazídicos e de alça e resultar em valores 
plasmáticos normais de 𝐾+. 
Toxicidade, efeitos adversos, contraindicações e 
interações medicamentosas 
 O efeito adverso mais perigoso dos inibidores 
dos canais de 𝑁𝑎+ renais é a hiperpotassemia. Dessa 
forma, o monitoramento rotineiro do nível sérico de 𝐾+ 
é essencial em pacientes que recebem diuréticos 
poupadores de 𝐾+. 
 Os efeitos adversos mais comuns da amilorida 
são náuseas, vômitos, diarreia e cefaleia e os do 
triantereno são náuseas, vômitos, cãibras nas pernas e 
tontura. 
Diuréticos poupadores de K+ (antagonistas da 
aldosterona) 
 Os mineralocorticoides causam retenção de sal 
e água e aumentam a excreção de 𝐾+ e 𝐻+ por meio de 
sua ligação a receptores de mineralocorticoides 
específicos. Dois desses diuréticos são a espironolactona 
e eplerenona. 
Mecanismo e local de ação 
 As células epiteliais na porção final do túbulo 
distal e no ducto coletor contêm receptores de 
mineralocorticoides (MR) citosólicos com alta afinidade 
pela aldosterona. Quando a aldosterona se liga aos MR, o 
complexo MR-aldosterona sofre translocação para o 
núcleo, onde regula a expressão de diversos produtos 
gênicos, denominados AIP (proteína induzida por 
aldosterona). As AIPs afetam a produção, a destruição, 
a localização e a ativação de diversos componentes do 
sistema que medeia a reabsorção de 𝑁𝑎+ na porção 
final dos túbulos distais e nos ductos coletores. 
Consequentemente, o transporte transepitelial de 𝑁𝑎𝐶𝑙 
é potencializado e a voltagem transepitelial negativa do 
lúmen é aumentada. Esse último efeito aumenta a força 
motriz para secreção de 𝐾+ e 𝐻+ dentro do lúmen 
tubular. 
 Fármacos como a espironolactona e a 
eplerenona inibem de forma competitiva a ligação da 
aldosterona ao MR. Assim, o complexo MR-fármaco não 
é capaz de induzir a síntese das AIPs. 
Efeitos na excreção urinária 
 Os efeitos sobre a excreção urinária se 
assemelham aos induzidos pelos inibidores dos CENa 
renal. Entretanto, quanto maior o nível endógeno de 
aldosterona, maiores os efeitos desses fármacos sobre 
a excreção urinária. 
Toxicidade, efeitos adversos, contraindicações e 
interações medicamentosas 
 A espironolactona tem alguma afinidade pelos 
receptores de progesterona e de androgênio e, 
portanto, induz efeitos colaterais como ginecomastia, 
impotência e irregularidades menstruais. 
 A hiperpotassemia é o principal risco desses 
fármacos, que também podem induzir cirrose 
metabólica em pacientes com cirrose. 
 A espironolactona também pode induzir diarreia, 
gastrite, sangramento gástrico e úlceras pépticas. Os 
efeitos adversos no SNC incluem sonolência, letargia, 
ataxia, confusão e cefaleia. 
Peptídeos natriuréticos (inibidores não-
específicos de canais de cátions) 
 Quatro NP são importantes para a fisiologia 
humana: o ANP, o BNP, o CNP e a urodilatina. O ducto 
coletor medular interno (DCMI) constitui o principal local 
de ação dos NP. 
 O ANP e o BNP são produzidos pelo coração em 
resposta ao estiramento da parede; o CNP é originado a 
partir de células endoteliais e renais; e a urodilatina é 
encontrada no rim e na urina. 
Mecanismo e local de ação 
 O DCMI é o último local ao longo do néfron onde 
o 𝑁𝑎+ é reabsorvido (até 5% da carga filtrada). Os 
efeitos dos NP são mediados por meio dos efeitos do 
GMPc sobre os transportadores de 𝑁𝑎+. 
Dois tipos de canais de 𝑁𝑎+ são expressos no 
DCMI. O primeiro é um CNGCc,não seletivo de alta 
condutância. Esse canal é inibido pelo GMPc intracelular e 
pelos NP em virtude de sua capacidade de estimular a 
atividade da guanililciclase ligada à membrana e de elevar 
Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé 
o GMPc. O segundo tipo de canal de 𝑁𝑎+ expresso no 
DCMI é o CENa, um canal de Na+ altamente seletivo de 
baixa condutância. A maior parte da reabsorção de Na+ 
no DCMI é mediada pelo CNGCc. 
Efeitos sobre a excreção urinária 
A excreção urinária de 𝑁𝑎+ aumenta com a 
nesiritida, mas o efeito pode ser atenuado pela 
suprarregulação da reabsorção de 𝑁𝑎+ nos segmentos 
superiores do néfron. A TFG aumenta em resposta à 
nesiritida em indivíduos normais, porém, em pacientes 
com ICC tratados, a TFG pode aumentar, diminuir ou 
permanecer inalterada. 
Outros efeitos 
A administração de nesiritida reduz as 
resistências sistêmica e pulmonar e a pressão de 
enchimento do ventrículo esquerdo, ao mesmo tempo 
em que induz um aumento secundário no débito 
cardíaco. 
Usos terapêuticos 
O ANP (carperitida, disponível apenas no Japão) 
e o BNP (nesiritida) recombinantes humanos são os 
agentes terapêuticos disponíveis dessa classe de 
fármacos. A nesiritida está indicada para o tratamento 
da ICC agudamente descompensada. 
Toxicidade, efeitos adversos, contraindicações e 
interações medicamentosas 
 A nesiritida pode provocar hipertensão e existe 
uma preocupação quanto a efeitos renais adversos.

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