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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ALIMENTOS E ENGENHARIA QUÍMICA CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS Prática 8: Experimento de Destilação. Disciplina: Laboratório de Fenômenos de Transporte e Operações Unitárias Professor: Fábio Henrique Poliseli Scopel Data da Experiência: 14/06/2022 Data da Entrega: 28/06/2022 Autores: Amanda de Almeida; Danilo Brasiliano; Gabriel Radael; Pâmela Souza JUNHO/2022 SIMBOLOGIA E NOMENCLATURA [ ] Concentração [mol/ml] 𝑋𝐷 Fração molar do destilado [mol] 𝑋𝐴 Fração molar da alimentação [mol] 𝑋𝑅 Fração molar do refluxo [mol] �̇� Vazão volumétrica [ml/s] 𝑉 Volume [ml] 𝑇 Tempo [segundos] 𝑅 Razão de refluxo [adimensional] 𝑄 Calor [J] °Brix Grau brix, unidade de medida. 1. MATERIAIS E MÉTODOS Materiais: - Álcool etílico comercial; - Água filtrada; - Proveta de 100 ml; - Pipeta e Pera de sucção; - Erlenmeyer; - Seringa; - Refratômetro. O equipamento utilizado é formado a partir: - Manta de Aquecimento elétrica; - Módulo Refervedor, e balão de vidro com capacidade de 5 litros; - Controlador de Potência, usado para ter o controle da quantidade de energia elétrica da manta ou refervedor; - Módulos de Coleta, de diâmetro de 5 cm, utilizado para o sistema de coletas de amostras do vapor ascendente e do líquido descendente; - Módulos de Fracionamento, em vidro o diâmetro interno de 5 cm, com um recheio de anéis de Rasching para cada módulo; - Painel elétrico contendo indicadores de temperatura e temporizador para o módulo refluxador; - Módulo de topo, vidro; - Módulo condensador, vidro; - Módulo refluxador, vidro, juntamente com um temporizador; - Módulo graduado para coleta de condensado; - Manômetro Bourdon, usado para o sistema de vácuo/isolamento térmico Procedimento: O experimento foi realizado a partir da mistura binária entre taxas de refluxo 2:1 de etanol e água. A fração molar usada para a diluição de etanol e água: 0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e etanol puro e assim medido o brix para as diluições citadas acima. Primeiramente foi realizada as diluições para o etanol, e a partir disso, para cada diluição foi medido o valor de °Brix utilizando o refratômetro. Os valores foram anotados para que fosse possível o desenvolvimento da curva de calibração. Durante o experimento, a cada 10 minutos foram observados e anotados os valores de temperaturas para cada termopar distribuído na coluna. Estes valores foram utilizados para construir os perfis de temperatura para o experimento. Após o período de 90 minutos de experimento, foram retirados um pequeno volume do etanol das seções de: alimentação, refervedor, módulo 3, 4, 5, 6, 7 e destilado; utilizando a seringa e as agulhas para novamente realizar a leitura do °Brix. A partir dos valores foi realizado a construção do diagrama de McCabe-Thiele, onde pode ser determinado utilizando os valores de frações de etanol para alimentação, refervedor e do destilado. Com isso foi possível identificar as linhas de retificação, alimentação e esgotamento, importantes para encontrar a sua intersecção e assim determinar o numero de pratos teóricos e reais necessários para a destilação. 2. RESULTADOS Para a construção dos resultados, utilizamos os valores obtidos experimentalmente, a partir das concentrações de água e etanol, e os respectivos valores de ° Brix para o etanol. Com isso construímos a curva de calibração utilizando os valores da Tabela 1, que gerou a equação da reta descrita no Gráfico 1. Tabela 1. Concentrações de etanol e água e valores de °Brix. [ ] água [ ] etanol °Brix 1 0 0 0,8 0,2 7,4 0,6 0,4 14,3 0,4 0,6 18,2 0,2 0,8 19,6 0 1 20,2 Gráfico 1. Curva de calibração. Utilizando a equação gerada pelo gráfico, substituindo o valor de °Brix no x da equação, encontramos os valores de fração molar em cada estágio da coluna. A Tabela 2 apresenta esses resultados. y = 1900ralx - 1900ral R² = 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral [] e ta n o l °Brix Curva de Calibração Tabela 2. Valores de fração molar de etanol e valores de °Brix, para os estágios determinados. Amostra °Brix Fração molar do vapor (mol etanol) mol/ml Fração molar do etanol (%) Alimentação 11,3 0,41 41% Refervedor 6,2 0,19 19% Módulo 3 18,2 0,72 72% Módulo 4 19,8 0,79 79% Módulo 5 20,7 0,82 82% Módulo 6 21 0,84 84% Módulo 7 21 0,84 84% Destilado 21,8 0,87 87% Foi ainda realizado o cálculo da vazão de refluxo do destilado a partir de um volume de 5 mL em uma média de tempo de 6,5 segundos utilizando a equação a seguir: �̇� = 𝑉 𝑇 �̇� = 5 𝑚𝑙 6,5 𝑠 Onde foi obtido um valor de vazão volumétrica de 0,77 mL/s. Na Tabela 3 estão os valores para as temperaturas observadas nos termopares durante o experimento. Para o valor de tempo em 60 minutos, foi necessário a interpolação, pois os valores de temperaturas para este período não foram anotados. Tabela 3. Valores de temperaturas em °C para os termopares. Tempo (min) 1 (refervedor) 2 3 4 5 6 7 8 9 (vapor topo) 10 (destilado) 0 31,6 16,6 18,3 16,5 16,5 16,7 16,4 16,5 16,5 16,2 10 42,5 17,1 18,5 16,6 16,5 16,8 16,5 16,6 16,5 16,3 20 64,1 18,9 16,8 16,6 16,5 16,5 16,6 16,6 16,7 16,5 30 84 78,4 77,4 76,8 76 74,3 76,5 16,6 16,8 16,6 40 84,2 78,7 77,9 77,2 77,1 76,6 76,7 76 75,4 48,5 50 83 78 77,6 77,2 77,1 76,4 76,6 75,9 74,6 55,2 60 84,8 79,1 78,2 77,6 77,4 76,8 77,0 76,4 74,6 59,4 70 86,5 80,2 78,8 78 77,6 77,2 77,4 76,9 76,1 63,5 80 88,4 80,2 78,6 77,8 77,5 77,3 77,4 76,9 76,2 63,9 90 90,6 81,3 78,9 77,9 77,6 77,1 77,4 76,9 76,2 62,8 94 92,2 82,7 79,4 78 77,6 77,2 77,4 76,9 76,2 62,8 Utilizando os valores da Tabela 3, foram gerados os Gráficos 2 e 3 com os perfis de temperatura. Gráfico 2. Perfis de temperatura para os termopares de refervedor, destilado e vapor topo. Gráfico 3. Perfis de temperatura para os termopares de 2 a 8. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 0 0 TE M P ER A TU R A ° C TEMPO (MIN) PERFIL DE TEMPERATURA Refervedor Destilado Termopar 9 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 0 0 TE M P ER A TU R A ° C TEMPO (MIN) PERFIL DE TEMPERATURA Termo 2 Termo 3 Termo 4 Termo 5 Termo 6 Termo 7 Termo 8 Para o desenvolvimento do diagrama de McCabe-Thiele, foram utilizadas as Equações 1, 2 e 3 do memorial de cálculo e os valores obtidos estão apresentados no Quadro 1 a seguir. Quadro 1. Valores para o Diagrama de McCabe-Thiele. R 2 XD 0,87 XA 0,41 XR 0,19 Alimentação Vapor saturado Q = 0 Linha de retificação (0,87;0,87); (0;0,29); Linha de alimentação (0,41;0,41) Linha de esgotamento (0,19; 0,19) Contagem pratos teóricos 9 Contagem de pratos reais 8 3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A operação unitária de destilação se baseia na separação de componentes de uma solução líquida a partir dos diferentes pontos de vaporização das substâncias presentes na solução (GEANKOPLIS, 2009). Tadini et al. (2016) detalha melhor o conceito de destilação sendo um método de separação ou purificação de componentes de uma mistura com base na diferença de composição que se estabelece entre as fases quando uma fase vapor é gerada pela vaporização parcial de uma mistura em fase líquida. No caso da destilação, todos os componentes estarão presentes em ambas as fases. Neste relatório, analisamos o comportamento de uma mistura binária (etanol + água) azeotrópica, a partir de uma destilação com refluxo utilizando o método de McCabe-Thiele para calcular o número de pratos teóricose reais necessários no experimento. Uma mistura azeotrópica se caracteriza por ter um comportamento particular, onde a temperatura da mistura não se altera até o final da ebulição e a composição da fase vapor formada pela evaporação é exatamente igual à da fase líquida que lhe dá origem (TADINI et al., 2016). As condições térmicas da alimentação determinam qual a quantidade de calor que deve ser suprida pelo refervedor. Como a mistura é composta de duas substâncias de volatilidades diferentes (água e etanol), os componentes mais leves são vaporizados quando o calor é fornecido para a mistura líquida, assim ela acaba apresentando duas fases (líquido e vapor), onde a fase de vapor é a que apresenta compostos mais voláteis, porém o possível excesso de vapor pode depois ser compensado pelo sistema de controle da torre de destilação (KALID,1999; ÇENGEL, 2013). Para determinar as frações molares de etanol durante o experimento, foi primeiramente gerado uma curva de calibração a partir dos valores das concentrações do componente mais volátil (etanol) e do menos volátil (água), e seus respectivos valores de °Brix. Com isso, a equação da reta obtida a partir da curva de calibração foi então aplicada para os valores de °Brix em função de x, e os valores obtidos em y dessa equação são as frações molares do etanol. Os valores obtidos a partir da curva de calibração foram analisados na Tabela 2, onde pode-se observar que a fração molar do vapor do refervedor é 0,19 e no destilado 0,87. Sabendo que os pontos de ebulição do etanol é 78,37°C e a água 100°C, podemos dizer que os valores apresentados estão de acordo com valores teóricos, pois como o ponto de ebulição do etanol é menor, tem uma maior quantidade do mesmo no destilado, e menor no refervedor que é coberto por uma manta térmica e tem uma maior temperatura (ÇENGEL, 2013; GEANKOPLIS, 2009). Na Tabela 3 está representado os valores de temperaturas para o refervedor, destilado e os termopares durante o período do experimento, com estes valores foram plotados os Gráficos 2 e 3. No Gráfico 2 está representado o perfil de temperatura do refervedor, destilado e termopar 9, que indica a temperatura na seção denominada de vapor de topo. É possível observar na linha que representa o refervedor que o etanol começa a entrar em ebulição próximo do minuto 30, pode-se dizer isso sabendo seu ponto de ebulição, e a partir do mesmo minuto sua temperatura passa a ter comportamento constante, tendo poucas elevações. Ainda observando a linha do refervedor pode-se observar que o aumento da temperatura do mesmo é mais rápido em comparação aos outros termopares, isso se dá devido a manta de aquecimento que cobre o mesmo, fazendo com que ele receba a temperatura diretamente, aquecendo-o rapidamente. Observando as outras linhas do perfil de temperatura, foi possível identificar que dos termopares 2 ao 7 obtiveram um comportamento de regime transiente do processo, sendo que suas temperaturas estavam constantes nos primeiros 20 minutos, o mesmo comportamento ocorre com o termopar 8, 9 e o destilado, porém, isso ocorre nos primeiros 30 minutos e não no minuto 20, como nos outros. Em seguida, todos os termopares indicam uma elevação drástica de temperatura e depois voltam a ser constantes. Acredita-se que essa diferença no tempo se dá pela distância dos pratos em relação ao refervedor, onde a temperatura é mais elevada, fazendo com que a temperatura demore mais para chegar aos termopares mais altos. O método McCabe-Thiele é um método gráfico para projeto de colunas de destilação binária baseado na representação dos balanços de massa na forma de linhas de operação no diagrama x-y (TADINI et al, 2016). Com os dados obtidos no experimento, foi possível desenvolver o diagrama, como pode ser observado no Anexo 1. A curva que relaciona o etanol e água possui regiões muito próximas a linha de referência, desta forma dificultou a análise dos pratos teóricos nas regiões de maior concentração do etanol (Região entre 0,82~0,9 fração de etanol), a alternativa foi iniciar o traçado a partir do ponto mais próximo visível, em torno de 0,8 mol/ml. A alimentação pode entrar na coluna de destilação em cinco condições diferentes: líquido subresfriado, líquido saturado, parcialmente vaporizado, vapor saturado e vapor superaquecido (SEADER et al., 2011). Para analisar a linha de alimentação consideramos que o primeiro modulo é alimentado por etanol e se encontra no estado de vapor saturado, isto porque a composição etanol + água é aquecida no refervedor até uma temperatura de aproximadamente 80°C, nesta temperatura há praticamente uma vaporização completa do etanol, desta forma temos que os pratos são alimentados apenas pelo vapor contendo este composto. Para cada módulo foi possível verificar uma concentração maior de etanol, ou seja, uma substância de maior pureza em relação a este composto. Uma das características principais do método de McCabe - Thiele é haver um refluxo no topo da coluna, este refluxo nada mais é do que retornar uma parcela do composto já destilado de volta para ser “re-destilado” assim tornando o produto mais puro, o processo de refluxo pode ser realizado quantas vezes forem necessários, dependendo apenas da concentração final desejada. Neste experimento trabalhamos com uma parcela de refluxo 2:1, ou seja, do composto destilado, duas partes voltava para a coluna de destilação e uma parte era armazenado como produto final, o volume de refluxo foi de 5 ml, em uma vazão de 0,77 ml/s. O número de pratos teóricos não é determinado a partir das dimensões da coluna, sendo que em uma mistura de dois líquidos, o número de pratos teóricos necessários para separar esta mistura depende da diferença entre o ponto de ebulição desses dois líquidos. É considerado que quanto menor o valor da diferença entre o ponto de ebulição, maior será o número de pratos necessários (COSTA et al, 2016) Os resultados obtidos permitiram visualizar a divergência entre os pratos teóricos e os pratos reais necessários para obtenção de um produto com a fração de álcool de 87%. O cálculo dos pratos teóricos nos deu um total de 9 pratos, enquanto os pratos reais foram 8 estágios. A determinação dos pratos reais se deu pela intersecção entre as linhas de retificação, alimentação e esgotamento. Em um experimento utilizando água – ácido acético, à diferentes condições de operação, Costa et al (2016) obteve valores diferentes de pratos teóricos e pratos reais, neste caso 10 e 4, respectivamente. 4. CONCLUSÃO O experimento obteve resultados importantes para a comparação com os valores de literatura, mesmo que ao decorrer da prática alguns dados e resultados observados não foram como os esperados, dentro desses estão os valores de °Brix da solução, onde foi observado um valor alto em relação as suas frações molares. Em relação aos módulos e termopares de cada prato foi possível observar um aumento na pureza do etanol, ou seja, uma maior fração molar em relação a água. Foi possível determinar a partir do método de McCabe-Thiele o número de pratos necessários para que a destilação seja eficiente, onde obteve-se um valor de 9 pratos teóricos e 8 pratos reais, podemos concluir que, os valores para pratos estão próximos ao que é observado na coluna, porém comparado com a literatura os valores de pratos necessários estão divergentes. BIBLIOGRAFIA ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 7. ed. Porto Alegre: Editora Amgh, 2013. 1035 p. ÇENGEL, Y. A.; GHAJAR, A. J. Transferência de calor e massa: uma abordagem prática. Grupo A, 2009. 9788580551280. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580551280/. Acesso em: 15 jun. 2022. COSTA, A.C.G.S.; GONÇALVES, B.S.; COSTA, G.S; CRUZ, N.C.; CAMPOS,R.C.; BATISTA, M.S. Destilação em processo contínuo de mistura água-ácido acético. COBEB – XXI Congresso brasileiro de engenharia química. Fortaleza, 2016 GEANKOPLIS, C. J. Transport process and separation process principle: includes unit operation. 4ª ed., New Jersey, 2009. 577 p. KALID, R. A. Apostila do Curso de Controle de Processos. Publicação do Departamento de Engenharia Química da UFBA, Salvador, Bahia, 1999. Disponível em: http://www.lacoi.ufba.br. Acesso em: 24 jun. 2022. SEADER, J. D.; HENLEY, E. J.; ROPER, D. K. Separation process principles: chemical and biochemical operations. 3ª Ed.; Hoboken: John Wiley & Sons, 2011. TADINI, C. C.; TELIS, V. R. N.; MEIRELLES, A. J.; et al. Operações Unitárias na Indústria de Alimentos - Vol. 2. Rio de Janeiro: LTC, 2016. 9788521632689. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521632689/. Acesso em: 26 jun. 2022.
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