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www.cers.com.br 1 OAB XXVIII Exame de Ordem III Exame de Ordem - Direito Processual Penal Prof. Ana Cristina Mendonça www.cers.com.br 4. AÇÃO PENAL 4.1. Introdução A “ação” é classificada como o direito da tutela jurisdicional para o reconhecimento, duz uma pretensão, provocando o Judiciário concreto. A jurisdição, uma vez provocada O processo penal de conhecimento, natória, declaratória, constitutiva e, ainda, Devemos lembrar que a revisão tação são espécies de ação, porém, em são considerados ações autônomas de equivocadamente, como tal. A revisão criminal é uma ação constitutiva da. Já o habeas corpus e o mandado de reabilitação, muitos a consideram declaratória, Entretanto, quando ouvimos a expressão natureza condenatória, através da qual o Isso mesmo! Devemos sempre dispõe que “toda ação penal é pública, bém por este mesmo motivo a Constituiçã blica, privativamente, ao Ministério Público, penal. Daí falarmos que o Ministério Público juízo, exercendo o direito de ação, deduzindo 4.2. Da legitimidade para a ação penal condenatória Como vimos, o Ministério Público tensão punitiva. Fala-se, neste caso, em Através da leitura do mesmo art. te, o direito de ação é entregue ao ofendido exercício do direito de ação. Legitimidade Ordinária: É do próprio Por isso, podemos dizer que o legitimado que lhe pertence. Legitimidade Extraordinária: Nos gue ao ofendido/vítima, que detém legitimidade punitiva que, em verdade, pertence ao Estado casos de ação penal privada, é a legitimada Substituição Processual: Quando la lei, oferecendo a queixa crime, através dido, com fins de aplicação da sanção penal, ce ao Estado. Assim, a vítima, ao exercer processual do Estado, já que deduz em nome Representante legal: No Processo buscar direito que pertence ao Estado (direito bora a lei tenha conferido a legitimidade que lhe permita exercer o direito de ação. (dezoito) anos - o Processo Penal utiliza rá ela estar representada. A figura do representante hipóteses de ação penal privada como na tação legal, quando se faz necessária, caracteriza dendo ser regularizada até a sentença. Sucessão Processual: Trata o extraordinária, morre ou é declarada ausente, 2 OAB XXVIII Exame de Ordem direito público, subjetivo e abstrato de se pedir ao reconhecimento, manutenção ou defesa de um direito. É através Judiciário para o exercício da jurisdição, visando à provocada por meio da ação, passa a atuar através do processo. conhecimento, dependendo da pretensão deduzida, poderá ainda, para alguns, mandamental. criminal, o habeas corpus, o mandado de segurança, em nenhum deles vislumbramos pretensão condenatória. de impugnação e não recursos, muito embora o constitutiva negativa, na qual se pretende a desconstituição de segurança podem ser declaratórios ou constitutivos. declaratória, outros constitutiva. expressão AÇÃO PENAL, de imediato nos vem o autor pretende a satisfação do direito de punir do lembrar que o direito de punir é estatal, motivo pelo salvo quando a lei expressamente a declara privativa Constituição de 1988, em seu art. 129, I, entregou a titularidade Público, que “personifica” o Estado-sociedade na relação Público presenta (e não representa) o Estado, já que deduzindo sua pretensão punitiva. 2. Da legitimidade para a ação penal condenatória Público “é o próprio Estado” no exercício do direito de em legitimidade ordinária para o exercício do direito art. 100 do CP, percebemos que, em determinados ofendido (vítima), surgindo assim a legitimidade extraordinária próprio Estado, que exerce sua legitimidade através legitimado ordinário é o Ministério Público, que deduz em Nos crimes de ação penal de iniciativa privada, o legitimidade extraordinária para, em seu próprio nome, Estado (já que, como antes dito, o direito de punir legitimada extraordinária. Quando a vítima exerce a legitimidade extraordinária através da qual requer, ao final da petição, o julgamento penal, está deduzindo em juízo pretensão punitiva exercer a legitimidade que lhe foi legalmente deferida, nome próprio pretensão punitiva que pertence a este. Processo Penal, o representante legal é alguém que, (direito de punir). Ou seja, nas hipóteses de ação legitimidade extraordinária à vítima, nem sempre ela detém ação. Nos casos de incapacidade da vítima, seja utiliza este critério cronológico -, seja por outros motivos representante legal supre a ilegitimidade processual na ação penal pública condicionada à representação. caracteriza-se como falta de um pressuposto processual art. 31 do CPP dos sucessores processuais. Quando ausente, a legitimidade para o exercício do direito de III Exame de Ordem - Direito Processual Penal Prof. Ana Cristina Mendonça ao Estado-Juiz a prestação através da ação que se de- aplicação da lei ao caso processo. poderá ser de natureza conde- segurança, e a ação de reabili- condenatória. Estes institutos CPP/1941 as considere, desconstituição da coisa julga- constitutivos. Quanto à ação de à mente a ação penal de do Estado. pelo qual o art. 100 do CP privativa do ofendido”. Tam- titularidade da ação penal pú- relação jurídico-processual que é o próprio Estado em ação, deduzindo sua pre- direito de ação penal. determinados casos, excepcionalmen- extraordinária da vítima para o através do Ministério Público. em juízo pretensão punitiva o direito de ação é entre- nome, deduzir uma pretensão punir é estatal). A vítima, nos que lhe foi concedida pe- julgamento da procedência do pe- punitiva que em verdade perten- deferida, figura como substituta este. que, em nome da vítima, vai ação penal privada, muito em- detém legitimidade processual por ser ela menor de 18 motivos de incapacidade, deve- processual da vítima tanto nas representação. A falta de represen- processual de validade; po- Quando a vítima, legitimada de ação passa ao cônjuge, www.cers.com.br ascendente, descendente ou irmão. Para hoje uma incoerência, não se pode incluir tem a este posicionamento. Além disso, lência na ordem sucessória. Mas o que exercer o direito de queixa, poderá o filho exclusão. Representação Legal Subsidiári motivo incapaz e não possui representante flitantes com os do representado. Nestes Juiz. Este curador especial é o representante Legitimidade Concorrente: Atualmente, Penal. A primeira é a que ocorre na ação inerte, desrespeitando o prazo previsto surge para a vítima legitimidade para a Ministério Público. Entretanto, o prazo do rio Público, mesmo após o prazo, o oferecimento autos à delegacia para a continuidade das subsidiária, ocorre legitimidade concorrente nistério Público), prevalecendo na titularidade no enunciado da Súmula 714 do STF, que do ministério público, condicionada à representação servidor público em razão do exercício de No caso do menor de 18 (dezoito) cadencial já em curso para o seu representante decadencial do representante já estivesse meses para o oferecimento da queixa crime. 4.3. Condições para o regular exercício do direito de ação No Processo Penal, muitos autores, consideram a justa causa como uma quarta autores a encaram como um requisito necessário ções decorrentes da Teoria Geral do Processo, Requisito ou condição, é certo que queixa que tenham chance de recebimento, pela Lei no. 11.719/2008), qual seja: a denúncia pressuposto processual ou condição para penal. Art. 395. A denúncia ou queix I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. Justa Causa é a existência de lastro suficientes de autoria) extraído de peças 4.4. Diferenças entre as Ações Penais Pública e Priva da: princípios regentes A principal distinção entre as ações de para o exercício do direito de ação, que, prio Estado, através do Ministério Público, Da mesma forma, distinguem-se nicial, chamada de denúnciano primeiro devem conter os mesmos requisitos intrínsecos Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâ cias, a qualificação do acusado ou do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 3 OAB XXVIII Exame de Ordem Para a maioria dos autores, o rol do art. 31 é taxativo incluir neste rol a figura do convivente em união estável. disso, devemos estar atentos ao art. 36 do CPP, que que isso significa? Caso o cônjuge, após a morte filho exercê-lo? Sim, pode! Prevalência na ordem Subsidiári a: Muitas vezes o ofendido é menor de 18 (dezoito) representante legal. Ou ainda há casos em que o representante Nestes casos, o art. 33 do CPP prevê a nomeação de representante legal subsidiário. Atualmente, duas são as hipóteses de legitimidade ação penal privada subsidiária da pública: quando no art. 46, caput, do CPP, ofendendo a obrigatoriedade queixa subsidiária, por um prazo de seis meses, do referido art. 46 é impróprio, não preclui, ainda sendo oferecimento da denúncia, a promoção de arquivamento das investigações. Assim, nos casos em que possível concorrente entre o legitimado extraordinário (vítima) e o titularidade da ação aquele que agir primeiro. O segundo que dispõe: “É concorrente a legitimidade do ofendido, representação do ofendido, para a ação penal por de suas funções.” (dezoito) anos vir a completar a maioridade (18) durante representante legal, de acordo com entendimento dominante, estivesse em curso, a vítima, ao completar 18 anos, terá, crime. dições para o regular exercício do direito de ação autores, com amparo no posicionamento do professor quarta condição da ação. O tema é controverso, necessário ao exercício do direito de ação e à própria Processo, mas não propriamente como uma condição. que a justa causa se faz necessária ao oferecimento recebimento, o que foi consagrado pela nova redação do denúncia ou queixa será rejeitada quando: for manifestamente para o exercício da ação penal; ou faltar justa causa Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: for manifestamente inepta; faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou para o exercício da ação penal. lastro ou suporte probatório mínimo (prova da existência peças de informação, de forma a se evitar uma acusação 4. Diferenças entre as Ações Penais Pública e Priva da: princípios regentes ações penais de iniciativa pública e privada dá-se que, como já visto, encontra-se, na ação penal pública, Público, e, na ação penal privada, foi entregue extraordinariamente se ação penal pública e privada em razão do nome primeiro caso, e de queixa crime no segundo. Entretanto, intrínsecos para o seu recebimento, conforme se extrai Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâ cias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. III Exame de Ordem - Direito Processual Penal Prof. Ana Cristina Mendonça vo e, muito embora pareça estável. Muitas críticas exis- que indica existir uma preva- morte do ofendido, não queira ordem sucessória não significa (dezoito) anos ou por outro representante tem interesses con- de um curador especial pelo legitimidade concorrente no Processo quando o Ministério Público fica obrigatoriedade da ação penal, meses, contados da inércia do sendo possível ao Ministé- ivamento ou a devolução dos possível a ação penal privada o legitimado ordinário (Mi- segundo caso está consagrado ofendido, mediante queixa, e por crime contra a honra de durante o decurso do prazo de- dominante, embora o prazo terá, a partir desta data, seis professor Afrânio Silva Jardim, controverso, sendo certo que outros própria análise das condi- condição. oferecimento de uma denúncia ou art. 395 do CPP (alterada manifestamente inepta; faltar causa para o exercício da ação faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou existência do crime e indícios acusação temerária. exatamente na legitimida- pública, nas mãos do pró- extraordinariamente à vítima. nome da exordial ou petição i- Entretanto, denúncia e queixa extrai do art. 41 do CPP. Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstân- esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação www.cers.com.br Contudo, a grande distinção entre as regem, conforme se pode observar na Princípios da Ação Penal Pública Oficialidade Obrigatoriedade (ou Legalidade) Indisponibilidade (In)divisibilidade Intranscendência Passamos, então, à análise comparada de tais princípios. 4.4.1. Princípio da Oficialidade O Ministério Público é o órgão oficial do Estado para o exercício da ação penal pública, devendo, ao tomar nhecimento de crime de que seja o titular, deflagrá Este princípio é aplicável apenas às ações penais públicas, pois, para as ações penais privadas é impossível verificar-se, de antemão, quem será o legitima acordo com sua discricionariedade. Para parte da doutrina, o princípio da oficialidade sofre uma mitigação nas hipóteses de ação penal pública condicionada, na qual o MP depende de provocação do casos, melhor seria se considerássemos tal mitigação associada à oficiosidade, e não necessariamente à oficial dade. Vejamos a diferença entre os dois princípios: 1) Quando falamos em oficialidade Estado para o exercício da ação penal. É o próprio Estado em juízo, “presentado” (e não representado) pelo MP. Nas infrações de ação pública condicionada não há, em nosso entendimento, qu na atuação do Ministério Público, que continua sendo o legitimado para a ação penal; 2) já quando falamos em oficiosidade, referimo vocação de quem quer que seja, o que, de certa for principalmente à obrigatoriedade da ação 4.4.2. Princípio da Obrigatoriedade Trata-se de princípio característico da ação penal de iniciativa pública. Decorre do art. 24 do CPP, configurando o próprio pri rio Público o oferecimento da denúncia sempre que presentes as condições da ação. Assim, o MP tem o dever de analisar se os requisitos necessários ao exercício da ação penal estão presentes ou ausentes, formando a opinio delicti, e, se presentes, obrigado está a oferecer a denúncia. Ausentes as cond ções da ação, o MP deve requerer o arquivamento das peças de informação ou devolvê vas diligências. A promoção de arquivamento, port pública. 4.4.3. Princípio da Oportunidade ou Conveniência Princípio característico da ação penal privada, diferenciando 1 O MP não representa o Estado, ele é o próprio Estado 4 OAB XXVIII Exame de Ordem entre as ações penais pública e privada surge na análise na tabela abaixo: Princípios da Ação Penal Pública Princípios da Ação Penal Privada – Obrigatoriedade (ou Legalidade) Oportunidade ou Conveniência (discricion riedade) Disponibilidade Indivisibilidade *** Intranscendência Passamos, então, à análise comparada de tais princípios. O Ministério Público é o órgão oficial do Estado para o exercício da ação penal pública, devendo, ao tomar nhecimento de crime de que seja o titular, deflagrá-la de ofício, independentemente de provocação. Este princípio é aplicável apenas às ações penais públicas, pois, para as ações penais privadas é impossível se, de antemão, quem será o legitimado para exercer a ação penal, que poderá ou não exercê Para parte da doutrina, o princípio da oficialidade sofre uma mitigação nas hipóteses de ação penal pública condicionada, na qual o MP depende de provocação do ofendido através da representação. Na verdade, nestes casos, melhor seria se considerássemos tal mitigação associada à oficiosidade, e não necessariamente à oficial Vejamos a diferença entre os dois princípios: oficialidade , estamos nos referindo ao MinistérioPúblico, enquanto órgão oficial do Estado para o exercício da ação penal. É o próprio Estado em juízo, “presentado” (e não representado) pelo MP. Nas infrações de ação pública condicionada não há, em nosso entendimento, qu na atuação do Ministério Público, que continua sendo o legitimado para a ação penal; já quando falamos em oficiosidade, referimo-nos ao dever de atuar de ofício, independentemente de pr vocação de quem quer que seja, o que, de certa forma, decorre da própria oficialidade, mas vincula principalmente à obrigatoriedade da ação se de princípio característico da ação penal de iniciativa pública. Decorre do art. 24 do CPP, configurando o próprio princípio da legalidade, uma vez que a lei impõe ao Minist rio Público o oferecimento da denúncia sempre que presentes as condições da ação. Assim, o MP tem o dever de analisar se os requisitos necessários ao exercício da ação penal estão presentes s, formando a opinio delicti, e, se presentes, obrigado está a oferecer a denúncia. Ausentes as cond ções da ação, o MP deve requerer o arquivamento das peças de informação ou devolvê vas diligências. A promoção de arquivamento, portanto, não caracteriza violação à obrigatoriedade da ação penal 4.4.3. Princípio da Oportunidade ou Conveniência Princípio característico da ação penal privada, diferenciando-a da ação penal pública. O MP não representa o Estado, ele é o próprio Estado-Sociedade em juízo, buscando a satisfação do seu direito de punir. III Exame de Ordem - Direito Processual Penal Prof. Ana Cristina Mendonça análise dos princípios que Princípios da Ação Penal Privada Oportunidade ou Conveniência (discriciona- O Ministério Público é o órgão oficial do Estado para o exercício da ação penal pública, devendo, ao tomar co- la de ofício, independentemente de provocação. Este princípio é aplicável apenas às ações penais públicas, pois, para as ações penais privadas é impossível do para exercer a ação penal, que poderá ou não exercê-la, de Para parte da doutrina, o princípio da oficialidade sofre uma mitigação nas hipóteses de ação penal pública ofendido através da representação. Na verdade, nestes casos, melhor seria se considerássemos tal mitigação associada à oficiosidade, e não necessariamente à oficiali- amos nos referindo ao Ministério Público, enquanto órgão oficial do Estado para o exercício da ação penal. É o próprio Estado em juízo, “presentado” (e não representado)1 pelo MP. Nas infrações de ação pública condicionada não há, em nosso entendimento, qualquer mitigação na atuação do Ministério Público, que continua sendo o legitimado para a ação penal; nos ao dever de atuar de ofício, independentemente de pro- ma, decorre da própria oficialidade, mas vincula-se ncípio da legalidade, uma vez que a lei impõe ao Ministé- Assim, o MP tem o dever de analisar se os requisitos necessários ao exercício da ação penal estão presentes s, formando a opinio delicti, e, se presentes, obrigado está a oferecer a denúncia. Ausentes as condi- ções da ação, o MP deve requerer o arquivamento das peças de informação ou devolvê-las à Delegacia para no- anto, não caracteriza violação à obrigatoriedade da ação penal a da ação penal pública. Sociedade em juízo, buscando a satisfação do seu direito de punir. www.cers.com.br A vítima, também chamada ofendido, ainda que queixa, fazendo-o apenas se assim pretender, se lhe for oportuno ou conveniente. A existência de crimes de ação penal privada sempre teve como fundamento o fato de que o processo deco rente de determinadas infrações, e em especial sua publicidade ( prejuízos maiores que o próprio fato delituoso. Por tal motivo, o legislador, ao definir determinada conduta como de ação penal privada, entrega à vítima mente escolher entre oferecer queixa ou não. A discricionariedade da vítima deve, entretanto, possuir formas de concretização. Surgem então os institutos da decadência e da renúncia. A vítima pode, assim, deixar correr o prazo decadencial, perdendo o direito de ação dentro de seis meses co tados da data em que soube quem foi o autor do fato (art. 38 do CPP); ou pode, ainda, conhecendo ou não da suposta autoria do delito, renunciar ao di A renúncia ao direito de queixa é ato unilateral, que independe da ciência ou anuência do suposto infrator. Renúncia tácita se caracteriza pela prática de atos da vida que sejam incompatíveis sar criminalmente o agente. Decadência e renúncia ao direito de queixa são causas extintivas da punibilidade, na forma do art. 107 do CP, motivo pelo qual a renúncia, nos crimes de ação penal privada, é irretratável. 4.4.4. Princípio da Indisponibilidade A ação penal pública é regida pelo princípio da obrigatoriedade, sendo consequência óbvia deste a sua indi ponibilidade. O princípio da indisponibilidade que rege as ações penais de iniciativa pública está expresso no art. 42 do CPP: “O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.” Contudo, devemos observar que o MP, além de parte, é também custos legis, e, como tal, poderá, em fase de debates orais, alegações finais ou memoriais, opinar pela absolvição do réu. Neste caso, ape meras críticas doutrinárias, a manifestação do Ministério Público não vinculará o juízo, já que o pedido formulado encontra-se na denúncia e dele o membro do MP não poderá dispor ou desistir, motivo pelo qual o juiz poderá condenar ou absolver o réu, de acordo com seu próprio convencimento. Neste sentido o art. 385 do CPP: Art. 385. “Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ai da que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer vantes, embora nenhuma tenha sido alegada.” 4.4.5. Princípio da Disponibilidade As ações penais privadas, regidas pela oportunidade ou conveniência, são, em consequência, disponíveis, podendo a vítima, a qualquer momento, desistir da pretensão A disponibilidade caraterística da ação penal privada se concretiza através dos institutos do perdão e da p rempção. O perdão pode ser expresso ou tácito. O perdão expresso pode ser judicial (processual) ou extrajudicial (e traprocessual). Caracteriza perdão expresso processual, por exemplo, a oferta do perdão em audiência, ao que o querelado aceita, homologando o juiz o perdão e declarando extinta a punibilidade do agente. Da mesma forma, pode o qu relante peticionar, ofertando expressamente o pe Art. 58. “Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado s rá intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cie tificado de que o seu silêncio importará aceitação.” Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. 5 OAB XXVIII Exame de Ordem A vítima, também chamada ofendido, ainda que presentes as condições da ação, não está obrigada a oferecer o apenas se assim pretender, se lhe for oportuno ou conveniente. A existência de crimes de ação penal privada sempre teve como fundamento o fato de que o processo deco terminadas infrações, e em especial sua publicidade (strepitus fori), poderia acarretar para a vítima prejuízos maiores que o próprio fato delituoso. Por tal motivo, o legislador, ao definir determinada conduta como de ação penal privada, entrega à vítima a discricionariedade sobre o exercício do direito de ação, podendo livr mente escolher entre oferecer queixa ou não. A discricionariedade da vítima deve, entretanto, possuir formas de concretização. Surgem então os institutos vítima pode, assim, deixar correr o prazo decadencial, perdendo o direito de ação dentro de seis meses co tados da data em que soube quem foi o autor do fato (art. 38 do CPP); ou pode, ainda, conhecendo ou não da suposta autoria do delito, renunciar ao direito de queixa, renúncia esta que pode ser expressa ou tácita. A renúncia ao direito de queixa é ato unilateral, que independe da ciência ou anuência do suposto infrator. Renúncia tácita se caracteriza pela prática de atos da vida que sejam incompatíveiscom a vontade de proce Decadência e renúncia ao direito de queixa são causas extintivas da punibilidade, na forma do art. 107 do CP, motivo pelo qual a renúncia, nos crimes de ação penal privada, é irretratável. A ação penal pública é regida pelo princípio da obrigatoriedade, sendo consequência óbvia deste a sua indi O princípio da indisponibilidade que rege as ações penais de iniciativa pública está expresso no art. 42 do “O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.” Contudo, devemos observar que o MP, além de parte, é também custos legis, e, como tal, poderá, em fase de debates orais, alegações finais ou memoriais, opinar pela absolvição do réu. Neste caso, ape meras críticas doutrinárias, a manifestação do Ministério Público não vinculará o juízo, já que o pedido formulado se na denúncia e dele o membro do MP não poderá dispor ou desistir, motivo pelo qual o juiz poderá bsolver o réu, de acordo com seu próprio convencimento. Neste sentido o art. 385 do CPP: Art. 385. “Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ai da que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer vantes, embora nenhuma tenha sido alegada.” As ações penais privadas, regidas pela oportunidade ou conveniência, são, em consequência, disponíveis, podendo a vítima, a qualquer momento, desistir da pretensão deduzida. A disponibilidade caraterística da ação penal privada se concretiza através dos institutos do perdão e da p O perdão pode ser expresso ou tácito. O perdão expresso pode ser judicial (processual) ou extrajudicial (e eriza perdão expresso processual, por exemplo, a oferta do perdão em audiência, ao que o querelado aceita, homologando o juiz o perdão e declarando extinta a punibilidade do agente. Da mesma forma, pode o qu relante peticionar, ofertando expressamente o perdão, hipótese na qual se aplicará o disposto no art. 58 do CPP: Art. 58. “Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado s rá intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cie eu silêncio importará aceitação.” Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. III Exame de Ordem - Direito Processual Penal Prof. Ana Cristina Mendonça presentes as condições da ação, não está obrigada a oferecer A existência de crimes de ação penal privada sempre teve como fundamento o fato de que o processo decor- ), poderia acarretar para a vítima prejuízos maiores que o próprio fato delituoso. Por tal motivo, o legislador, ao definir determinada conduta como a discricionariedade sobre o exercício do direito de ação, podendo livre- A discricionariedade da vítima deve, entretanto, possuir formas de concretização. Surgem então os institutos vítima pode, assim, deixar correr o prazo decadencial, perdendo o direito de ação dentro de seis meses con- tados da data em que soube quem foi o autor do fato (art. 38 do CPP); ou pode, ainda, conhecendo ou não da reito de queixa, renúncia esta que pode ser expressa ou tácita. A renúncia ao direito de queixa é ato unilateral, que independe da ciência ou anuência do suposto infrator. com a vontade de proces- Decadência e renúncia ao direito de queixa são causas extintivas da punibilidade, na forma do art. 107 do A ação penal pública é regida pelo princípio da obrigatoriedade, sendo consequência óbvia deste a sua indis- O princípio da indisponibilidade que rege as ações penais de iniciativa pública está expresso no art. 42 do Contudo, devemos observar que o MP, além de parte, é também custos legis, e, como tal, poderá, em fase de debates orais, alegações finais ou memoriais, opinar pela absolvição do réu. Neste caso, apesar de existirem inú- meras críticas doutrinárias, a manifestação do Ministério Público não vinculará o juízo, já que o pedido formulado se na denúncia e dele o membro do MP não poderá dispor ou desistir, motivo pelo qual o juiz poderá bsolver o réu, de acordo com seu próprio convencimento. Neste sentido o art. 385 do CPP: Art. 385. “Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ain- da que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agra- As ações penais privadas, regidas pela oportunidade ou conveniência, são, em consequência, disponíveis, A disponibilidade caraterística da ação penal privada se concretiza através dos institutos do perdão e da pe- O perdão pode ser expresso ou tácito. O perdão expresso pode ser judicial (processual) ou extrajudicial (ex- eriza perdão expresso processual, por exemplo, a oferta do perdão em audiência, ao que o querelado aceita, homologando o juiz o perdão e declarando extinta a punibilidade do agente. Da mesma forma, pode o que- rdão, hipótese na qual se aplicará o disposto no art. 58 do CPP: Art. 58. “Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado se- rá intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cien- www.cers.com.br Não se pode, entretanto, confundir o art. 58 do CPP com perdão tácito. Para que ocorra perdão tácito, que d corre da prática de atos da vida incompat a oferta seja igualmente tácita. O art. 58, entretanto, indica uma oferta expressa, embora possa o querelado deixar de responder ao que foi intimado, tendo, entretanto, consciência de q Exemplo de perdão tácito ocorreu na seguinte hipótese concreta: rapaz foi injuriado pelo pai da namorada e ofereceu queixa-crime contra ele. Após o oferecimento e recebimento da queixa, entretanto, o querelante con ou a frequentar a casa do querelado, convivendo normalmente com ele. Neste caso, ao entrar no domicílio do querelado para lá conviver ofereceu o perdão tácito e uma vez que o querelado permitiu tranquilamente seu ace so o aceitou. Importante frisar, entretanto, que simples atos de urbanidade (bom dia, boa tarde, boa noite, etc.) não caract rizam perdão tácito. O perdão expresso extraprocessual ocorre quando as partes e seus advogados se reúnem, elaborando termo de oferecimento e aceite do perdão, reconh que não participa da oferta e do aceite somente tomando ciência em momento posterior para atribuir ao perdão seus regulares efeitos. Diferencia-se o perdão da renúncia por ser, esta últi o processo. Da mesma forma, a renúncia é, como vimos, ato unilateral, enquanto o perdão é bilateral, ou seja, uma vez oferecido, somente se concretiza se o querelado (réu) o aceitar. Já a perempção se caracteriza como ato unilateral, uma vez que é possível, para a vítima querelante, nas i frações de ação penal privada, o abandono da causa. Perempção é “a morte do processo” por falta de interesse do autor. Contudo, os três institutos (renúncia, perdão de perempção no Processo Penal estão indicadas no art. 60 do CPP: Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar rempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo d rante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. Importante frisar que o Inciso III do supra mencionado artigo em sua parte final impõe a necessidade de exti ção da punibilidade pela perempção nos casos em que o se manifesta pela absolvição em alegações finais. Pedir a absolvição é deixar de formular o pedido de conden ção, motivo pelo qual não poderá o juiz, neste caso, julgar procedente ou improcedente o pe já desistiu. Deve, portanto, julgar perempta a ação, declarando extinto o processo e a punibilidade do agente. 4.4.6. Princípio da Indivisibilidadena ação penal privada A ação penal privada é, a toda evidência, discricionária. Contu pessoais. Uma vez decidindo pelo oferecimento da queixa, a vítima deverá ajuizar a ação em face de todos os possíveis infratores, hipótese garantida pelo art. 48 do CPP, que dispõe: Art. 48. “A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.” A indivisibilidade da ação penal privada impede a utilização de critérios de vingança pessoal, devendo o Mini tério Público atuar como órgão fiscalizador. 6 OAB XXVIII Exame de Ordem Não se pode, entretanto, confundir o art. 58 do CPP com perdão tácito. Para que ocorra perdão tácito, que d corre da prática de atos da vida incompatíveis com a vontade de processar criminalmente o agente, é preciso que a oferta seja igualmente tácita. O art. 58, entretanto, indica uma oferta expressa, embora possa o querelado deixar de responder ao que foi intimado, tendo, entretanto, consciência de que a sua “não resposta” configura aceite. Exemplo de perdão tácito ocorreu na seguinte hipótese concreta: rapaz foi injuriado pelo pai da namorada e crime contra ele. Após o oferecimento e recebimento da queixa, entretanto, o querelante con ou a frequentar a casa do querelado, convivendo normalmente com ele. Neste caso, ao entrar no domicílio do querelado para lá conviver ofereceu o perdão tácito e uma vez que o querelado permitiu tranquilamente seu ace tretanto, que simples atos de urbanidade (bom dia, boa tarde, boa noite, etc.) não caract O perdão expresso extraprocessual ocorre quando as partes e seus advogados se reúnem, elaborando termo de oferecimento e aceite do perdão, reconhecendo firmas e levando tal termo para ciência e homologação do juiz, que não participa da oferta e do aceite somente tomando ciência em momento posterior para atribuir ao perdão se o perdão da renúncia por ser, esta última, ato pré-processual, enquanto o perdão ocorre durante o processo. Da mesma forma, a renúncia é, como vimos, ato unilateral, enquanto o perdão é bilateral, ou seja, uma vez oferecido, somente se concretiza se o querelado (réu) o aceitar. e caracteriza como ato unilateral, uma vez que é possível, para a vítima querelante, nas i frações de ação penal privada, o abandono da causa. Perempção é “a morte do processo” por falta de interesse Contudo, os três institutos (renúncia, perdão e perempção) são causas extintivas da punibilidade. As hipóteses de perempção no Processo Penal estão indicadas no art. 60 do CPP: Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar a, o querelante deixar de promover o andamento do processo d quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. Importante frisar que o Inciso III do supra mencionado artigo em sua parte final impõe a necessidade de exti ção da punibilidade pela perempção nos casos em que o querelante, em crimes de exclusiva ação penal privada, se manifesta pela absolvição em alegações finais. Pedir a absolvição é deixar de formular o pedido de conden ção, motivo pelo qual não poderá o juiz, neste caso, julgar procedente ou improcedente o pe já desistiu. Deve, portanto, julgar perempta a ação, declarando extinto o processo e a punibilidade do agente. 4.4.6. Princípio da Indivisibilidade na ação penal privada A ação penal privada é, a toda evidência, discricionária. Contudo, esta discricionariedade não alcança critérios pessoais. Uma vez decidindo pelo oferecimento da queixa, a vítima deverá ajuizar a ação em face de todos os possíveis infratores, hipótese garantida pelo art. 48 do CPP, que dispõe: a qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.” A indivisibilidade da ação penal privada impede a utilização de critérios de vingança pessoal, devendo o Mini órgão fiscalizador. III Exame de Ordem - Direito Processual Penal Prof. Ana Cristina Mendonça Não se pode, entretanto, confundir o art. 58 do CPP com perdão tácito. Para que ocorra perdão tácito, que de- íveis com a vontade de processar criminalmente o agente, é preciso que a oferta seja igualmente tácita. O art. 58, entretanto, indica uma oferta expressa, embora possa o querelado deixar ue a sua “não resposta” configura aceite. Exemplo de perdão tácito ocorreu na seguinte hipótese concreta: rapaz foi injuriado pelo pai da namorada e crime contra ele. Após o oferecimento e recebimento da queixa, entretanto, o querelante continu- ou a frequentar a casa do querelado, convivendo normalmente com ele. Neste caso, ao entrar no domicílio do querelado para lá conviver ofereceu o perdão tácito e uma vez que o querelado permitiu tranquilamente seu aces- tretanto, que simples atos de urbanidade (bom dia, boa tarde, boa noite, etc.) não caracte- O perdão expresso extraprocessual ocorre quando as partes e seus advogados se reúnem, elaborando termo ecendo firmas e levando tal termo para ciência e homologação do juiz, que não participa da oferta e do aceite somente tomando ciência em momento posterior para atribuir ao perdão processual, enquanto o perdão ocorre durante o processo. Da mesma forma, a renúncia é, como vimos, ato unilateral, enquanto o perdão é bilateral, ou seja, e caracteriza como ato unilateral, uma vez que é possível, para a vítima querelante, nas in- frações de ação penal privada, o abandono da causa. Perempção é “a morte do processo” por falta de interesse e perempção) são causas extintivas da punibilidade. As hipóteses Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á pe- a, o querelante deixar de promover o andamento do processo du- quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. Importante frisar que o Inciso III do supra mencionado artigo em sua parte final impõe a necessidade de extin- querelante, em crimes de exclusiva ação penal privada, se manifesta pela absolvição em alegações finais. Pedir a absolvição é deixar de formular o pedido de condena- ção, motivo pelo qual não poderá o juiz, neste caso, julgar procedente ou improcedente o pedido, do qual a vítima já desistiu. Deve, portanto, julgar perempta a ação, declarando extinto o processo e a punibilidade do agente. do, esta discricionariedade não alcança critérios pessoais. Uma vez decidindo pelo oferecimento da queixa, a vítima deverá ajuizar a ação em face de todos os a qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e A indivisibilidade da ação penal privada impede a utilização de critérios de vingança pessoal, devendo o Minis- www.cers.com.br Assim, ou a vítima oferece a queixa em face de todos os possíveis infratores ou não oferece contra ninguém, conforme estabelece o art. 49 do CPP: Art. 49. “A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.” Problema surge na definição de como deverá o Ministério Público intervir, para o que surgem correntes doutr nárias distintas. Parte da doutrina sustenta que o MP poderia, oferecida queixa somente contra ‘A’, havendo ind cios também contra ‘B’, como custos legis incluí-lo no polo passivo da ação penal. Referido aditamentodecorre dos arts. 48 c/c 45 do CPP, instaurando processo em face de ambos. Mas este não é, atualmente, o posicionamento majoritário. Para a posição adotada nos últimos anos pela jurisprudência, em face da ausência de legitimidade nos crimes de ação penal privada, o MP não pode aditar a queixa para incluir fatos ou pessoas. Assim, mente contra ‘A’, havendo indícios também contra ‘B’, o MP opina pela renúncia tácita em favor de B, que, na forma do art. 49 do CPP, deve ser estendida a A, extinguindo A discussão entre as correntes acima i a possibilidade do Ministério Público aditar a queixa, ainda quando privativa do ofendido. Realmente, não é possível o aditamento à queixa, por parte do MP, para fins de inclusão de nal privada. Neste sentido, pacífica a doutrina e a jurisprudência. A divergência se relaciona ao aditamento para a inclusão de corréus, sendo certo que o posicionamento majoritário veda o aditamento pelo MP face a ausência de legitimidade do mesmo nas infrações de ação penal privada. Contudo, indiscutível que poderá o parquet realizar aditamentos impróprios, p. ex., para inserir a hora do crime não mencionada pela vítima, para esclarecer a qualificação do agente, melhorar uma redação confusa, g assim o contraditório e a ampla defesa, etc. Todavia, vislumbra-se ainda uma terceira hipótese tério Público, ao analisar a queixa crime oferecida em face de ‘A’, verifique que também há indíc ‘B’, mas sem que se possa auferir se houve real intenção de exclusão do mesmo. Neste caso, poderia o MP, ao invés de opinar diretamente pela renúncia em favor de ‘B’, requerer ao juiz fosse a vítima querelante intimada para que ela própria inclua ‘B’ através do aditamento. Caso o querelante não realize o aditamento ocorrerá, agora sim, renúncia, extensível a ‘A’. Parece-nos que esta seria a posição mais acertada. Entretanto, o leitor deve estar ate to às divergências e às possíveis questões O princípio da indivisibilidade deve ser também observado durante o oferecimento do perdão, uma vez que oferecido em face de um dos querelantes, o perdão se estenderá a todos, não produzindo efeitos, todavia, em face de sua bilateralidade, em relação ao que o recusar (art. 51 do CPP). 2 Vejamos o entendimento do STJ no julgamento do RHC 26752 crimes de calúnia, injúria e difamação por meio de mensagens eletrônicas contra só uma das autoras do delito. Cabe à querelan penal privada obrigatoriamente contra todos os supostos direito de queixa é indivisível; assim, a queixa contra qualquer autor do crime obrigará ao processo de todos os envolvidos ( sequentemente, o ofendido não pode limitar a acusação a este ou aquele autor da conduta tida como delituosa. Esclarece que não observar o princípio da indivisibilidade da ação penal, que torna obrigatória a formulação da queixa contra todos os autores, co me, além de acarretar a renúncia ao direito de queixa a todos, é causa da extinção da punibilidade (art. 107, V, do CP).” 3 Este parece ter sido o posicionamento do STJ no julgamento do RHC 55.142 PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PRIVADA. A não inclusão de eventuais suspeitos na queixa núncia tácita ao direito de queixa. Com efeito, o direito de queixa é indivisível, é dizer, a queixa contra qualquer processo de todos (art. 48 do CPP). Dessarte, o ofendido não pode limitar a este ou aquele autor da conduta tida como delituo accusationis, tanto que o art. 49 do CPP dispõe que a renúncia ao direito d Portanto, o princípio da indivisibilidade da ação penal privada torna obrigatória a formulação da queixa tores e partícipes do injusto penal, sendo que a inobservância de tal princípio acarreta a renúncia ao direito de queixa, que de acordo com o art. 107, V, do CP, é causa de extinção da punibilidade. Contudo, para o reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, e ção de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa Quinta Turma, DJe de 11/12/2014)." (STJ. RHC 55.142 4. HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO CABÍVEL. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. NÃO C NHECIMENTO. 1. A via eleita se revela inadequada para a insurgência dos impetrantes contra o ato apontado como coator, pois o jurídico prevê recurso específico para tal fim, circunstância que impede o seu formal conhecimento. Precedentes. 2. O alegado con ilegal será analisado para a verificação da eventual possibilidade de atuação ex officio, nos termos do artigo 654, § nal. VIOLAÇÃO DE DIREITOS DE AUTOR DE PROGRAMA DE COMPUTADOR. CONCORRÊNCIA DESLEAL. QUEIXA 7 OAB XXVIII Exame de Ordem Assim, ou a vítima oferece a queixa em face de todos os possíveis infratores ou não oferece contra ninguém, Art. 49. “A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do me, a todos se estenderá.” Problema surge na definição de como deverá o Ministério Público intervir, para o que surgem correntes doutr nárias distintas. Parte da doutrina sustenta que o MP poderia, oferecida queixa somente contra ‘A’, havendo ind custos legis e fiscal da indivisibilidade da ação penal privada, aditar a queixa para lo no polo passivo da ação penal. Referido aditamento decorre dos arts. 48 c/c 45 do CPP, instaurando não é, atualmente, o posicionamento majoritário. Para a posição adotada nos últimos anos pela jurisprudência, em face da ausência de legitimidade nos crimes de ação penal privada, o MP não pode aditar a queixa para incluir fatos ou pessoas. Assim, mente contra ‘A’, havendo indícios também contra ‘B’, o MP opina pela renúncia tácita em favor de B, que, na forma do art. 49 do CPP, deve ser estendida a A, extinguindo-se a punibilidade de ambos. A discussão entre as correntes acima indicadas decorre da interpretação do art. 45 do CPP, que dispõe sobre a possibilidade do Ministério Público aditar a queixa, ainda quando privativa do ofendido. Realmente, não é possível o aditamento à queixa, por parte do MP, para fins de inclusão de nal privada. Neste sentido, pacífica a doutrina e a jurisprudência. A divergência se relaciona ao aditamento para a inclusão de corréus, sendo certo que o posicionamento majoritário veda o aditamento pelo MP face a ausência de esmo nas infrações de ação penal privada. Contudo, indiscutível que poderá o parquet realizar aditamentos impróprios, p. ex., para inserir a hora do crime não mencionada pela vítima, para esclarecer a qualificação do agente, melhorar uma redação confusa, g assim o contraditório e a ampla defesa, etc. terceira hipótese , hoje defendida por muitos autores. Imagine que o Mini tério Público, ao analisar a queixa crime oferecida em face de ‘A’, verifique que também há indíc ‘B’, mas sem que se possa auferir se houve real intenção de exclusão do mesmo. Neste caso, poderia o MP, ao invés de opinar diretamente pela renúncia em favor de ‘B’, requerer ao juiz fosse a vítima querelante intimada para inclua ‘B’ através do aditamento. Caso o querelante não realize o aditamento ocorrerá, agora sim, nos que esta seria a posição mais acertada. Entretanto, o leitor deve estar ate to às divergências e às possíveis questões de prova neste sentido.3 O princípio da indivisibilidade deve ser também observado durante o oferecimento do perdão, uma vez que oferecido em face de um dos querelantes, o perdão se estenderá a todos, não produzindo efeitos, todavia, em ralidade, em relação ao que o recusar (art. 51 do CPP).4 Vejamos o entendimento do STJ no julgamento do RHC 26752-MG, de 18/02/2010: “(...) foi oferecida queixa crimes de calúnia, injúria e difamação por meio de mensagens eletrônicas contra só uma das autoras do delito. Cabe à querelan penal privada obrigatoriamente contra todos os supostos coautores do delito que, no caso, são perfeitamente identificáveis. Observa, ainda, que o direito de queixa é indivisível; assim, a queixa contra qualquer autor do crime obrigará ao processo de todos os envolvidos ( ndido não pode limitar a acusação a este ou aqueleautor da conduta tida como delituosa. Esclarece que não observar o princípio da indivisibilidade da ação penal, que torna obrigatória a formulação da queixa contra todos os autores, co me, além de acarretar a renúncia ao direito de queixa a todos, é causa da extinção da punibilidade (art. 107, V, do CP).” Este parece ter sido o posicionamento do STJ no julgamento do RHC 55.142-MG: "DIREITO PROCESSUAL PENAL. LIMITE PARA APLICAÇÃ PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PRIVADA. A não inclusão de eventuais suspeitos na queixa- Com efeito, o direito de queixa é indivisível, é dizer, a queixa contra qualquer processo de todos (art. 48 do CPP). Dessarte, o ofendido não pode limitar a este ou aquele autor da conduta tida como delituo accusationis, tanto que o art. 49 do CPP dispõe que a renúncia ao direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Portanto, o princípio da indivisibilidade da ação penal privada torna obrigatória a formulação da queixa-crime em face de todos os autores, coa que a inobservância de tal princípio acarreta a renúncia ao direito de queixa, que de acordo com o art. 107, V, do CP, é causa de extinção da punibilidade. Contudo, para o reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, e que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma deliberada pelo querelante (HC 186.405 Quinta Turma, DJe de 11/12/2014)." (STJ. RHC 55.142-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/5/2015, DJe 21/5/2015). ABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO CABÍVEL. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. NÃO C NHECIMENTO. 1. A via eleita se revela inadequada para a insurgência dos impetrantes contra o ato apontado como coator, pois o dico prevê recurso específico para tal fim, circunstância que impede o seu formal conhecimento. Precedentes. 2. O alegado con ilegal será analisado para a verificação da eventual possibilidade de atuação ex officio, nos termos do artigo 654, § nal. VIOLAÇÃO DE DIREITOS DE AUTOR DE PROGRAMA DE COMPUTADOR. CONCORRÊNCIA DESLEAL. QUEIXA III Exame de Ordem - Direito Processual Penal Prof. Ana Cristina Mendonça Assim, ou a vítima oferece a queixa em face de todos os possíveis infratores ou não oferece contra ninguém, Art. 49. “A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do Problema surge na definição de como deverá o Ministério Público intervir, para o que surgem correntes doutri- nárias distintas. Parte da doutrina sustenta que o MP poderia, oferecida queixa somente contra ‘A’, havendo indí- e fiscal da indivisibilidade da ação penal privada, aditar a queixa para lo no polo passivo da ação penal. Referido aditamento decorre dos arts. 48 c/c 45 do CPP, instaurando-se o Para a posição adotada nos últimos anos pela jurisprudência, em face da ausência de legitimidade nos crimes de ação penal privada, o MP não pode aditar a queixa para incluir fatos ou pessoas. Assim, oferecida queixa so- mente contra ‘A’, havendo indícios também contra ‘B’, o MP opina pela renúncia tácita em favor de B, que, na se a punibilidade de ambos.2 ndicadas decorre da interpretação do art. 45 do CPP, que dispõe sobre Realmente, não é possível o aditamento à queixa, por parte do MP, para fins de inclusão de fatos de ação pe- nal privada. Neste sentido, pacífica a doutrina e a jurisprudência. A divergência se relaciona ao aditamento para a inclusão de corréus, sendo certo que o posicionamento majoritário veda o aditamento pelo MP face a ausência de Contudo, indiscutível que poderá o parquet realizar aditamentos impróprios, p. ex., para inserir a hora do crime não mencionada pela vítima, para esclarecer a qualificação do agente, melhorar uma redação confusa, garantido , hoje defendida por muitos autores. Imagine que o Minis- tério Público, ao analisar a queixa crime oferecida em face de ‘A’, verifique que também há indícios em relação a ‘B’, mas sem que se possa auferir se houve real intenção de exclusão do mesmo. Neste caso, poderia o MP, ao invés de opinar diretamente pela renúncia em favor de ‘B’, requerer ao juiz fosse a vítima querelante intimada para inclua ‘B’ através do aditamento. Caso o querelante não realize o aditamento ocorrerá, agora sim, nos que esta seria a posição mais acertada. Entretanto, o leitor deve estar aten- O princípio da indivisibilidade deve ser também observado durante o oferecimento do perdão, uma vez que oferecido em face de um dos querelantes, o perdão se estenderá a todos, não produzindo efeitos, todavia, em “(...) foi oferecida queixa-crime pela suposta prática dos crimes de calúnia, injúria e difamação por meio de mensagens eletrônicas contra só uma das autoras do delito. Cabe à querelante propor a ação coautores do delito que, no caso, são perfeitamente identificáveis. Observa, ainda, que o direito de queixa é indivisível; assim, a queixa contra qualquer autor do crime obrigará ao processo de todos os envolvidos (art. 48 do CPP). Con- ndido não pode limitar a acusação a este ou aquele autor da conduta tida como delituosa. Esclarece que não observar o princípio da indivisibilidade da ação penal, que torna obrigatória a formulação da queixa contra todos os autores, co-autores e partícipes do cri- me, além de acarretar a renúncia ao direito de queixa a todos, é causa da extinção da punibilidade (art. 107, V, do CP).” MG: "DIREITO PROCESSUAL PENAL. LIMITE PARA APLICAÇÃO DO -crime não configura, por si só, re- Com efeito, o direito de queixa é indivisível, é dizer, a queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos (art. 48 do CPP). Dessarte, o ofendido não pode limitar a este ou aquele autor da conduta tida como delituosa o exercício do jus e queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. crime em face de todos os autores, coau- que a inobservância de tal princípio acarreta a renúncia ao direito de queixa, que de acordo com o art. 107, V, do CP, é causa de extinção da punibilidade. Contudo, para o reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, exige-se a demonstra- crime se deu de forma deliberada pelo querelante (HC 186.405-RJ, MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/5/2015, DJe 21/5/2015). ABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO CABÍVEL. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. NÃO CO- NHECIMENTO. 1. A via eleita se revela inadequada para a insurgência dos impetrantes contra o ato apontado como coator, pois o ordenamento dico prevê recurso específico para tal fim, circunstância que impede o seu formal conhecimento. Precedentes. 2. O alegado constrangimento ilegal será analisado para a verificação da eventual possibilidade de atuação ex officio, nos termos do artigo 654, § 2º, do Código de Processo Pe- nal. VIOLAÇÃO DE DIREITOS DE AUTOR DE PROGRAMA DE COMPUTADOR. CONCORRÊNCIA DESLEAL. QUEIXA-CRIME. NÃO INCLUSÃO DE OU- www.cers.com.br ***A indivisibilidade da ação penal Ministério Público atuar como órgão fiscalizador. Problema surge na definição de doutrinárias distintas. Sintetizando as correntes doutrinárias... 1ª. corrente: atualmente minoritária Inquérito Queixa Ministério Público Indícios de autoria em face de ‘A’ e ‘B’ Oferecida so- mente em face de ‘A’ Diante dos indícios de autoria em face de ‘B’, o MP, como custos†legis† e fiscal da indivisibilidade da ação penal priv da, deve aditar a queixa para incluir o mesmo no polo passivo Referido aditamento decorre dos arts. 48 c/c 45 do CPP. 2ª. corrente: Até pouco tempo considerada MAJORITÁRIA Inquérito Queixa Ministério Público Indícios de autoria em face de ‘A’ e ‘B’ Oferecida so- mente em face de ‘A’ Verificando que existem indícios sufic entes de autoria também em face de ‘B’, sem que a vítima querelante o tenha incluído na queixa crime, o MP opina pela renúncia tácita em favor na forma do art. 49 do CPP, deve ser estendida a A. 3ª. corrente: Cada vez mais adotada, e recentemente utilizada pelo STJno julgamento do HC 186.405/RJ Inquérito Queixa Ministério Público Indícios de autoria em face de ‘A’ e ‘B’ Oferecida so- mente em face de ‘A’ Não havendo como verificar se a excl são de B teria ocorrido de forma delib rada, o MP deverá requerer seja a pr pria vítima querelante intimada para promove pena de renúncia. 4.4.7. Indivisibilidade na ação penal pública Grande parte da doutrina entende que, nas ações penais públicas, a indivisibilidade seria uma consequência lógica do princípio da obrigatoriedade. Para esses autores, desnecessário um dispositivo específico sobre o tema, já que o Ministério Público estaria obrigado a denunciar tod tes de autoria. Muitos defendem ainda que o princípio da indivisibilidade estaria implícito no Código, em disposit vos como os arts. 77 e 580 do CPP. TRAS PESSOAS SUPOSTAMENTE ENVOLVIDAS NOS DELITOS. INDIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PRIVADA. RENÚNCIA TÁCITA. INOCO CIA. DESCRIÇÃO CIRCUNSTANCIADA DOS FATOS. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1. O reconhecimento da renúncia tácita ao direi de queixa exige a demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa querelante. Precedente. 2. Na hipótese, a incoativa não selecionou determinados autores ou partícipes quando da formação do p ação penal privada, mas apenas narrou os fatos tidos por delituosos de forma pormenorizada, contextua de terceiras pessoas sem atribuir-lhes a prática de qualquer conduta criminosa, como, aliás, exige o artigo 41 do Código de Processo Penal. 3. ventual associação dolosa de terceiras pessoas na suposta conduta delituo denamento jurídico, apurável mediante ação penal pública incondicionada, para a qual a querelante não é legitimada. 4. Habeas nhecido. (STJ. HC 186.405/RJ, Rel. Ministro JORG 8 OAB XXVIII Exame de Ordem penal privada impede a utilização de critérios de vingança fiscalizador. de como deverá o Ministério Público intervir, para Sintetizando as correntes doutrinárias... Ministério Público Juiz Diante dos indícios de autoria em face de ‘B’, o MP, como custos†legis† e fiscal da indivisibilidade da ação penal priva- da, deve aditar a queixa para incluir o mesmo no polo passivo da ação penal. Referido aditamento decorre dos arts. 48 c/c 45 do CPP. Recebe a queixa e o aditamento, insta rando-se o processo em face de ‘A’ e ‘B’. 2ª. corrente: Até pouco tempo considerada MAJORITÁRIA Ministério Público Juiz Verificando que existem indícios sufici- entes de autoria também em face de ‘B’, sem que a vítima querelante o tenha incluído na queixa crime, o MP opina pela renúncia tácita em favor de B, que, na forma do art. 49 do CPP, deve ser estendida a A. Declara extinta a p nibilidade de A e B pela renúncia tácita. 3ª. corrente: Cada vez mais adotada, e recentemente utilizada pelo STJ no julgamento do HC Ministério Público Juiz Não havendo como verificar se a exclu- são de B teria ocorrido de forma delibe- rada, o MP deverá requerer seja a pró- pria vítima querelante intimada para promover o aditamento da queixa, sob pena de renúncia. Intima a vítima para que, dentro de 3 (três) dias, promova o ad tamento da queixa, para fins de inclusão de B, sob pena de renúncia. 4.4.7. Indivisibilidade na ação penal pública entende que, nas ações penais públicas, a indivisibilidade seria uma consequência lógica do princípio da obrigatoriedade. Para esses autores, desnecessário um dispositivo específico sobre o tema, já que o Ministério Público estaria obrigado a denunciar todos contra quem estivessem presentes indícios suficie tes de autoria. Muitos defendem ainda que o princípio da indivisibilidade estaria implícito no Código, em disposit TRAS PESSOAS SUPOSTAMENTE ENVOLVIDAS NOS DELITOS. INDIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PRIVADA. RENÚNCIA TÁCITA. INOCO CIA. DESCRIÇÃO CIRCUNSTANCIADA DOS FATOS. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1. O reconhecimento da renúncia tácita ao direi de queixa exige a demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma d querelante. Precedente. 2. Na hipótese, a incoativa não selecionou determinados autores ou partícipes quando da formação do p ação penal privada, mas apenas narrou os fatos tidos por delituosos de forma pormenorizada, contextualizando lhes a prática de qualquer conduta criminosa, como, aliás, exige o artigo 41 do Código de Processo Penal. 3. ventual associação dolosa de terceiras pessoas na suposta conduta delituosa dos querelados é tipificação formal de outro delito previsto no o denamento jurídico, apurável mediante ação penal pública incondicionada, para a qual a querelante não é legitimada. 4. Habeas nhecido. (STJ. HC 186.405/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 02/12/2014, DJe 11/12/2014). III Exame de Ordem - Direito Processual Penal Prof. Ana Cristina Mendonça vingança pessoal, devendo o para o que surgem correntes Recebe a queixa e o aditamento, instau- se o processo em face de ‘A’ e ‘B’. Declara extinta a pu- nibilidade de A e B pela renúncia tácita. 3ª. corrente: Cada vez mais adotada, e recentemente utilizada pelo STJ no julgamento do HC Intima a vítima para que, dentro de 3 (três) dias, promova o adi- tamento da queixa, para fins de inclusão de B, sob pena de renúncia. entende que, nas ações penais públicas, a indivisibilidade seria uma consequência lógica do princípio da obrigatoriedade. Para esses autores, desnecessário um dispositivo específico sobre o tema, os contra quem estivessem presentes indícios suficien- tes de autoria. Muitos defendem ainda que o princípio da indivisibilidade estaria implícito no Código, em dispositi- TRAS PESSOAS SUPOSTAMENTE ENVOLVIDAS NOS DELITOS. INDIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PRIVADA. RENÚNCIA TÁCITA. INOCORRÊN- CIA. DESCRIÇÃO CIRCUNSTANCIADA DOS FATOS. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1. O reconhecimento da renúncia tácita ao direito crime se deu de forma deliberada pelo querelante. Precedente. 2. Na hipótese, a incoativa não selecionou determinados autores ou partícipes quando da formação do pólo passivo da lizando-os mediante a citação de nomes lhes a prática de qualquer conduta criminosa, como, aliás, exige o artigo 41 do Código de Processo Penal. 3. E- sa dos querelados é tipificação formal de outro delito previsto no or- denamento jurídico, apurável mediante ação penal pública incondicionada, para a qual a querelante não é legitimada. 4. Habeas corpus não co- E MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 02/12/2014, DJe 11/12/2014). www.cers.com.br Todavia, o tema é polêmico, havendo quem defenda ser MP oferecer a denúncia em face de um dos possíveis autores da infração e requerer o arquivamento em face de outro. Para o STF, a ação penal pública não se sujeita ao princípio da indivisibilidade, ape que já seria autossuficiente, restando a indivisibilidade como princípio característico apenas das infrações de ação penal privada.5 4.4.8. Intranscendência Princípio presente tanto nas ações penais públicas como nas ações penais do at. 5º. da CRFB/1988: XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de rep rar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 4.5. Ação Penal Privada Subsidiária da Pública A Constituição de 1988, como vimos, pública. Entretanto, foi o mesmo texto ação penal privada subsidiária da pública, ação privada nos crimes de ação pública, Quando o membro do Ministério surge para a vítima legitimidade extraordinária, após o prazo, poderá oferecer denúncia, se de hipótese de legitimidade concorrente, Quando a vítima oferecequeixa recebimento, o juiz ouvirá o Ministério Público, sórcio, em que o MP passa a figurar como dições da ação, denúncia substitutiva, ou os termos do processo, podendo, ainda, que também é legitimado. Contudo, uma vez oferecida e recebida subsidiária da pública, no qual vigora o princípio pública. Assim, não se aplicam à hipótese da vítima, ensejando a retomada da titularidade negligência do querelante, retomar a ação Devemos considerar que, na hipótese penal pública, aplicando-se o art. 385 do 4.6. Natureza jurídica da representação e da requisiç ão nos crimes de ação penal pública condicionada. Nas infrações de ação penal pública cia se presente, além das condições genéricas na representação do ofendido (ação penal Justiça (ação penal pública condicionada Assim, representação do ofendido cedibilidade. A representação do ofendido nada de maiores formalidades, podendo ser extraída, cial. A representação, da mesma forma prazo decadencial de 6 meses previsto no vier a saber quem foi o autor do fato. 5 Neste sentido decidiu o STF na AP 560, de 25/08/2015, DJe 9 OAB XXVIII Exame de Ordem Todavia, o tema é polêmico, havendo quem defenda ser a ação penal pública divisível, face a possibilidade do MP oferecer a denúncia em face de um dos possíveis autores da infração e requerer o arquivamento em face de Para o STF, a ação penal pública não se sujeita ao princípio da indivisibilidade, apenas ao da obrigatoriedade, que já seria autossuficiente, restando a indivisibilidade como princípio característico apenas das infrações de ação Princípio presente tanto nas ações penais públicas como nas ações penais privadas, decorrente do inciso XLV nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de rep rar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 5. Ação Penal Privada Subsidiária da Pública vimos, entregou ao Ministério Público a titularidade constitucional que garantiu a permanência, no pública, já que o art. 5º., inciso LIX, da Constituição pública, se esta não for intentada no prazo legal”. Ministério Público fica inerte, desrespeitando o prazo previsto extraordinária, sem que desapareça a legitimidade ordinária denúncia, devolver os autos para a delegacia, ou requerer concorrente, prevalecendo quem agir primeiro. subsidiária, aplica-se o art. 29 do CPP, e, antes Público, que poderá aditar a queixa (hipótese na qual como assistente litisconsorcial), repudiá-la oferecendo, ou ainda opinar por seu recebimento, hipótese na ainda, propor prova. O MP poderá ainda recorrer de decisões recebida a queixa subsidiária, instaura-se processo princípio da indisponibilidade, já que o crime é, em hipótese os institutos do perdão e da perempção, que titularidade da ação por parte do Ministério Público ( ação como parte principal). hipótese de retomada do polo ativo pelo MP, o processo do CPP. 6. Natureza jurídica da representação e da requisiç ão nos crimes de ação penal pública condicionada. pública condicionada, o Ministério Público somente genéricas para o exercício do direito de ação, mais penal pública condicionada à representação) ou na condicionada à requisição). ofendido e requisição do Ministro da Justiça são condições nada mais é que uma manifestação inequívoca de extraída, por exemplo, de um simples depoimento forma que a queixa crime nas infrações de ação penal no art. 38 do CPP, que deve ser contado a partir Neste sentido decidiu o STF na AP 560, de 25/08/2015, DJe-180 11/09/2015. III Exame de Ordem - Direito Processual Penal Prof. Ana Cristina Mendonça a ação penal pública divisível, face a possibilidade do MP oferecer a denúncia em face de um dos possíveis autores da infração e requerer o arquivamento em face de nas ao da obrigatoriedade, que já seria autossuficiente, restando a indivisibilidade como princípio característico apenas das infrações de ação privadas, decorrente do inciso XLV nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de repa- rar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; titularidade privativa da ação penal ordenamento jurídico, da assegura: “será admitida previsto no art. 46 do CPP, ordinária do MP que, mesmo requerer o arquivamento. Trata- antes de decidir acerca do seu qual se forma um litiscon- oferecendo, se presentes as con- na qual irá intervir em todos decisões interlocutórias, já processo de ação penal privada em verdade, de ação penal configurariam negligência (a todo tempo, no caso de processo volta a ser de ação 6. Natureza jurídica da representação e da requisiç ão nos crimes de ação penal pública condicionada. poderá oferecer a denún- mais um requisito, consistente requisição do Ministro da condições específicas de pro- de vontade, que independe depoimento da vítima em sede poli- penal privada, sujeita-se ao partir da data em que a vítima www.cers.com.br A representação é retratável até tação, desde que dentro do prazo decadencial tencial ofensivo. Exceção ocorre no caso de crimes Neste caso, em sendo o crime de ação ção é possível até o recebimento da denúncia, fim, a requerimento da ofendida (art. 16, Ressalte-se ainda que, nos crimes sentação (art. 25 do CPP) equivale à renúncia direito de queixa (art. 107, V, do CP), não motivo, mesmo tendo renunciado ao direito ridade policial, o Ministério Público, ou mesmo sentação, desde que o faça dentro dos 6 autor do fato (art. 38 do CPP). A requisição do Ministro da Justiça, forme entendimento doutrinário dominante. Outrossim, devemos lembrar que nem a representação, nem a requisição do Ministro da Justiça vinculam o Ministério Público, que formará a opinio delicti 4.7. Ação penal nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Muito se discute sobre a natureza da ação penal nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Contudo, devemos nos lembrar que a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) não alterou a natureza da ação penal das infrações praticadas no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher, aplicando delas a natureza da ação penal normalmente prevista em lei. As únicas infrações que, por força do disposto no art. 41 da Lei 11.340/2006 (declarado constitucional pelo STF no julgamento da ADC 19), sofrem alteração na natureza da ação penal aplicável são os crimes de lesões corporais leves e culposas, os quais, em face da inaplicabilidade da Lei 9.099/95 aos casos de violência domést ca contra a mulher, passam a infrações de ação públic De fato, foi a Lei 9.099/95 que, em seu art. 88, passou a exigir a representação para os crimes de lesão leve e culposa; mas a Lei 11.340/2006, no supra mencionado art. 41, dispõe: Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e pendentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n 1995. Ressalte-se que o STF, no julgamento da ADC 19, declarou a constitucionalidade do referido artigo, e, na mesma ocasião, julgou a ADI 4427, que questionava os artigos 12, inciso I, e 16 da Lei Maria da Penha. Vejamos de que tratam estes últimos dispositivos: Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o r gistro da ocorrência, deverá a autoridade polic cedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; Art. 16. Nas ações penais públicas condi trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. Neste caso, entendeu o STF por dar interpretação conforme aos dois artigos, ou seja, nos casos em que a i fraçãopraticada contra a mulher no âmbito da violência doméstica e familiar for de ação pública condicionada à representação, a autoridade policial deverá tomar a t inciso I do art. 12, mas não será necessário fazê 10 OAB XXVIII Exame de Ordem até o oferecimento da denúncia, sendo ainda possível decadencial de 6 meses, ressalvadas as hipóteses de crimes praticados no âmbito da violência doméstica e penal pública condicionada à representação, a denúncia, na presença do juiz, em audiência especialmente da Lei 11.340/2006). crimes de ação pública condicionada à representação, renúncia ao direito de representação, a qual, diferentemente não se caracteriza como causa extintiva da punibilidade. direito de representação, a vítima, mudando de ideia, mesmo comparecer em juízo, indicando que deseja 6 (seis) meses decadenciais contados da data em Justiça, no entanto, é irretratável e não se sujeita a dominante. Outrossim, devemos lembrar que nem a representação, nem a requisição do Ministro da Justiça vinculam opinio delicti em razão da presença ou ausências das condições da ação. 4.7. Ação penal nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Muito se discute sobre a natureza da ação penal nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Contudo, devemos nos lembrar que a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) não alterou a natureza da ação penal violência doméstica e familiar contra a mulher, aplicando delas a natureza da ação penal normalmente prevista em lei. As únicas infrações que, por força do disposto no art. 41 da Lei 11.340/2006 (declarado constitucional pelo o da ADC 19), sofrem alteração na natureza da ação penal aplicável são os crimes de lesões corporais leves e culposas, os quais, em face da inaplicabilidade da Lei 9.099/95 aos casos de violência domést ca contra a mulher, passam a infrações de ação pública incondicionada. De fato, foi a Lei 9.099/95 que, em seu art. 88, passou a exigir a representação para os crimes de lesão leve e culposa; mas a Lei 11.340/2006, no supra mencionado art. 41, dispõe: Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, ind pendentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de se que o STF, no julgamento da ADC 19, declarou a constitucionalidade do referido artigo, e, na , que questionava os artigos 12, inciso I, e 16 da Lei Maria da Penha. Vejamos de que tratam estes últimos dispositivos: Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o r gistro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes pr cedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido endeu o STF por dar interpretação conforme aos dois artigos, ou seja, nos casos em que a i fração praticada contra a mulher no âmbito da violência doméstica e familiar for de ação pública condicionada à representação, a autoridade policial deverá tomar a termo a representação ofertada, nos termos da parte final do inciso I do art. 12, mas não será necessário fazê-lo se a infração for de ação pública incondicionada. III Exame de Ordem - Direito Processual Penal Prof. Ana Cristina Mendonça possível a retratação da retra- de infrações de menor po- e familiar contra a mulher. retratação da representa- especialmente realizada para tal representação, a retratação da repre- diferentemente da renúncia ao punibilidade. Exatamente por tal ideia, poderá procurar a auto- deseja apresentar sua repre- em que soube quem era o a prazo decadencial, con- Outrossim, devemos lembrar que nem a representação, nem a requisição do Ministro da Justiça vinculam em razão da presença ou ausências das condições da ação. Muito se discute sobre a natureza da ação penal nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Contudo, devemos nos lembrar que a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) não alterou a natureza da ação penal violência doméstica e familiar contra a mulher, aplicando-se a cada uma As únicas infrações que, por força do disposto no art. 41 da Lei 11.340/2006 (declarado constitucional pelo o da ADC 19), sofrem alteração na natureza da ação penal aplicável são os crimes de lesões corporais leves e culposas, os quais, em face da inaplicabilidade da Lei 9.099/95 aos casos de violência domésti- De fato, foi a Lei 9.099/95 que, em seu art. 88, passou a exigir a representação para os crimes de lesão leve e familiar contra a mulher, inde- 9.099, de 26 de setembro de se que o STF, no julgamento da ADC 19, declarou a constitucionalidade do referido artigo, e, na , que questionava os artigos 12, inciso I, e 16 da Lei Maria da Penha. Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o re- ial adotar, de imediato, os seguintes pro- cedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se cionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido endeu o STF por dar interpretação conforme aos dois artigos, ou seja, nos casos em que a in- fração praticada contra a mulher no âmbito da violência doméstica e familiar for de ação pública condicionada à ermo a representação ofertada, nos termos da parte final do lo se a infração for de ação pública incondicionada. www.cers.com.br Da mesma forma, quanto ao art. 16, será aplicável quando a infração for de ação pública condi presentação, destacando-se que a retratação da representação é possível até o recebimento da denúncia, na presença do juiz, em audiência especialmente realizada para tal fim, a requerimento da ofendida. Neste sentido: “PENAL E PROCESSO PENAL. R 147 DO CÓDIGO PENAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. LEI MARIA DA PENHA. RETR TAÇÃO DA VÍTIMA APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. INVIABILIDADE. NÃO PROVIMENTO. 1. Esta Corte firmou entendimento no sentido de que a audiência de r tratação, prevista no art. 16 da Lei n.° 11.340/06, apenas será designada no caso de manifestação da vítima, antes do recebimento da denúncia. (Precedentes). 2. Recurso ordinário a que se nega provimento. (STJ, RHC 41.545/PB, Rel. Ministra MARIA TH REZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 04/09/2014, DJe 16/09/2014) Assim, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher do crime praticado. Lembrando que as hipóteses acima indicadas são apenas alguns dos exemplos possíveis, e sempre levam em consideração que o crime foi praticado contra a vítima mulher no âmbito da violência doméstica e familiar, motivo pelo qual aplicáveis as medidas protetivas da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006). Ressalte-se ainda a Súmula 542 do STJ, que estabelece: Súmula 542 do STJ - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de vi lência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. Além da Súmula 542, acima indicada, o STJ editou novas súmulas sobre violência doméstica e familiar contra a mulher. São elas: Súmula 588 do STJ - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com v olência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibili privativa de liberdade por restritiva de direitos. Súmula 589 do STJ - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contr venções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. Súmula 600 do STJ - Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria
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