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DA HORIZONTALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Graduação em Direito
Beatriz Carneiro Moreira
DA HORIZONTALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Belo Horizonte
2014
Beatriz Carneiro Moreira
DA HORIZONTALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Trabalho apresentado à Disciplina de Teoria da Constituição, da Graduação de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
 Professor: Álvaro Ricardo de Souza Cruz
					
Belo Horizonte
2014
DA HORIZONTALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
HISTORICIDADE
A horizontalização (Drittwirkungstheorie) é considerada desdobramento direto do reconhecimento da perspectiva jurídico-objetiva dos direitos fundamentais. Tal perspectiva, desenvolvida pela jurisprudência e dogmática alemã, significa, em linhas gerais, que os direitos fundamentais não se restringem à perspectiva jurídico-subjetiva de defesa do indivíduo contra atos do Poder Público, mas para, além disso, constituem verdadeiras decisões valorativas de natureza jurídico-objetiva da Constituição, possuindo dimensão axiológica representada pelos valores de toda comunidade, com eficácia em todo o ordenamento jurídico, estipulando diretrizes para os órgãos legislativos, judiciários e executivos.
A Constituição alemã previu, no artigo 1.º, III, que os direitos fundamentais vinculam tão somente os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Somente a partir da paradigmática decisão proferida no caso Lüth, em 1958 pela Corte Federal Constitucional Alemã é que se reconheceu a perspectiva jurídica objetiva dos direitos fundamentais como um reforço da ideia de juridicidade desses direitos, enfatizando sua mais-valia dentro do ordenamento jurídico, na tentativa de suplantar a vinculação dos direitos fundamentais tão somente às relações verticais entre indivíduos-Estado, constatando-se que outras esferas de poder ameaçavam tais direitos, consubstanciando seus vários desdobramentos, ligados, principalmente: 1) a ideia da aplicabilidade desses direitos nas relações entre particulares, 2) ao efeito irradiante dos direitos fundamentais, 3) aos direitos fundamentais como direitos à proteção do indivíduo e deveres de proteção do Estado, além 4) da vinculação positiva do legislador infraconstitucional aos direitos fundamentais.
A formulação da tese de reconhecimento da perspectiva jurídico-objetiva dos direitos fundamentais insere-se no contexto da traumática experiência vivida no período nazista que demonstrou a ineficiência do positivismo jurídico para o restabelecimento de garantias substantivas, e na tentativa de reaproximação da teoria constitucional germânica aos postulados jusnaturalistas.
Embora tal perspectiva tenha nascido na dogmática alemã, sem formulação na jurisprudência e doutrinas pátrias, sem dúvida, é indiscutível a aplicação dessa teoria no Brasil, diante do contexto social de constate afronta aos direitos fundamentais e dos princípios esculpidos na Carta de 1988. Ademais, o reconhecimento dos deveres de proteção está implícito em qualquer discussão acerca da responsabilidade civil do Estado por atos omissivos, já que, sucintamente, só é possível responsabilizar por omissão quem tinha previamente um dever de ação.
Ao se perceber que é possível a ameaça dos direitos fundamentais, não apenas partindo do âmbito vertical, seja este do Estado em detrimento da população, mas num sentido horizontal, ou seja, dos próprios cidadãos uns contra os outros, fez-se necessário uma mudança na concepção de poder. Desse modo, foi necessário a ampliação da defesa desses direitos também na esfera horizontal. Nesse sentido, numa sociedade capitalista globalizada, grandes empresas, grandes indústrias, detentoras de montantes consideravelmente grandes de capital, possuem poder tão grande, que acabam desafiando o próprio poder do Estado.
Esse reconhecimento da necessidade de se ampliar para o âmbito privado a defesa dos direitos fundamentais foi essencial para a inclusão de todos os particulares numa rede maior de proteção contra, não apenas o Estado, mas contra segmentos da esfera privada que são capazes de violar determinados direitos.
O que se questiona, pois, é a forma com que se aplicará esses direitos fundamentais não só no sentido vertical, mas também horizontal, ou seja, nas relações entre os particulares que, teoricamente, nada dizem respeito ao Estado, sem infringir o campo da autonomia privada.
EFICÁCIA HORIZONTAL
O tema da eficácia horizontal dos direitos humanos, também chamados pela doutrina eficácia privada ou externa dos direitos fundamentais, surge como importante contraponto à idéia de eficácia vertical dos direitos fundamentais.
	A aplicação dos direitos fundamentais nas relações entre o particular e o Poder Público não se discute. Por exemplo, o principio da isonomia pode ser utilizado em determinados assuntos do Poder Público, mas no Poder Privado isso não ocorre. Os direitos fundamentais são divididos em Eficácia Vertical (Estado lidando com o Particular) e Eficácia Horizontal, juntamente com a Eficácia Privada e a Eficácia Externa (Particular lidando com o Particular).
	Na Eficácia indireta ou mediata: os direitos fundamentais são aplicados de maneira reflexa, tanto em uma dimensão proibitiva e voltada para o legislador, que não poderá editar lei que viole direitos fundamentais, como, ainda, positiva, voltada para que o legislador implemente os direitos fundamentais, ponderando quais devam aplicar-se às relações privadas;
	Já na Eficácia direta ou imediata: alguns direitos fundamentais podem ser aplicados às relações privadas sem que haja a necessidade de “intermediação legislativa” para a sua concretização.
	Pode-se afirmar que a chamada “eficácia irradiante” é de significativa importância para os direitos fundamentais, conseqüência da dimensão objetiva, seja esta eficácia para o Legislativo na elaboração das leis, ou para a Administração Pública ao “governar”, ou até mesmo para o Judiciário ao resolver eventuais conflitos.
DECISÕES DO STF
	Em 11 de outubro de 2005, foi proferida decisão pelo STF determinando a reintegração de associado excluído no quadro da sociedade civil da União Brasileira de Compositores. O voto do Ministro Gilmar Mendes, adotando a tese da aplicabilidade direta ou imediata dos direitos fundamentais às relações privadas, consubstanciou-se em análise minuciosa sobre diversos aspectos concernentes ao tema da horizontalização dos direitos fundamentais e, sem desconsiderar decisões anteriores, que abordaram o assunto, pode ser vista como um marco de fortalecimento das discussões na doutrina brasileira.
	O Ministro Gilmar Ferreira Mendes, no RE 201.819-8, em seu voto-vista, diz o seguinte:
“Entendo que as associações privadas têm liberdade para se organizar e estabelecer normas de funcionamento e de relacionamento entre os sócios, desde que respeitem a legislação em vigor. Cada indivíduo, ao ingressar numa sociedade, conhece suas regras e seus objetivos, aderindo a eles. A controvérsia envolvendo a exclusão de um sócio de entidade privada resolve-se a partir das regras do estatuto social e da legislação civil em vigor.”
“O estabelecimento de vínculos contratuais com base na autonomia privada relaciona-se, pois, com o exercício de direitos fundamentais. Exatamente na assunção de obrigações contratuais reside uma forma de exercício de direitos fundamentais que limita a liberdade para o futuro. A livre escolha de profissão e o seu livre exercício são concretizados dessa forma. O livre exercício do direito de propriedade consiste também em empregar a propriedade para fins livremente escolhidos. A livre manifestação de opinião e a liberdade de imprensa, a liberdade religião e a liberdade artística não são realizáveis sem a possibilidade de livre assunção de obrigações por parte dos cidadãos. Até mesmo a liberdade de consciência não está isenta de vinculações contratuais.Também o postulado de igualdade provoca problemas na esfera negocial. O Estado, que, com os direitos fundamentais, assegura a liberdade do cidadão, não pode retirar essa liberdade com a simples aplicação do princípio da igualdade (...)”.
CONCLUSÃO
	“São incontáveis as alternativas de se confirmar a teoria dos direitos fundamentais. Reconhece-se, também que a superabundância na efetivação destes direitos pode gerar uma democracia tirana, desconsiderando minúcias de determinados grupos que a ela se oponham. É inquestionável, porém, reconhecer que os direitos fundamentais vêm evoluindo extraordinariamente, abrindo espaços para sua aplicação tanto no universo da coletividade quanto da individualidade. Neste sentido, as cinco gerações dos direitos fundamentais vêm a demonstrar como o ordenamento jurídico deve irradiar seu conteúdo tanto para as relações verticais como horizontais, uma vez que os particulares, não só têm o poder de agredir esses direitos dos cidadãos desamparados, como têm o direito de se refugiar quando estes forem afetados. Neste sentido, essa nova eficácia que se procura atingir no sentido da abertura da segurança dos direitos fundamentais também para o âmbito privado, mostra-se presente, inclusive, na Constituição de 1988, que não apenas disciplina relações entre Estado e povo, mas entre os próprios cidadãos e suas relações interpessoais. Como se sabe, o Código Civil, essencialmente ligado ao direito do particular, necessitou de uma readequação para que todo o entendimento precário previamente ligado ao Estado Liberal se ajustasse às novas demandas da população. Nesse sentido, fez-se necessário um deslocamento do eixo do Direito Privado para a própria Lei Maior, passando esta a tratar dos direitos universais que dizem respeito a dignidade da pessoa humana; assunto este, que é de interesse Estatal como uma de suas principais funções de resguardo. Nesse sentido, cabe ao estado, tanto a não violação dos direitos fundamentais do cidadão, mas também a proteção dos mesmos no que se refere às relações privadas.”
REFERENCIAS
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
AYRES, Flávia de Morais e BRASILEIRO, Silva. Estudo do RE 201819/RJ: aplicação de direitos fundamentais no âmbito das relações privadas. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11381/estudo-do-re-201819-rj-aplicacao-de-direitos-fundamentais-no-ambito-das-relacoes-privadas>. Acesso: em 04 set. 2014.
Supremo Tribunal Federal Diário da Justiça de 27/10/2006. RE 201.819-8 – Sbdp. Disponível em: <http://www.sbdp.org.br/arquivos/material/246_Caso%20UBC%20-%20RE_201819.pdf>. Acesso: em 04 set. 2014
MORAIS, Clarisse Paiva. HORIZONTALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: uma abordagem analítica do tema no ordenamento jurídico brasileiro. Disponível em: <http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Direito_MoraisCP_1.pdf>. Acesso em: 04 set. 2014.
HORIZONTALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988: Pretensão de proteção pública ou privada? . Disponível em: <http://www.pdsc.com.br/publicacoes/horizontalizacao-dos-direitos-fundamentais-individuais-na-constituicao-de-1988-pretensao-de-protecao-publica-ou-privada>. Acesso em: 04 set. 2014.
MAIA, Renato. Da Horizontalização dos Direitos Fundamentais. Disponível em: <http://www.fdsm.edu.br/Revista/VolumeEspecial_8.asp>. Acesso em: 04 set. 2014.
MARCO, Helena de. Horizontalização dos Direitos Fundamentais. Disponível em: <http://diariodedireitoeletras.blogspot.com.br/2014/01/horizontalizacao-dos-direitos.html>.

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