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EDUCAÇÃO CRISTÃ E ENSINO RELIGIOSO

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Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO CRISTÃ 
E ENSINO RELIGIOSO 
PROFESSORA
Dra. Gabriele Greggersen
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/1001
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. GREGGERSEN, Gabriele.
Educação Cristã e Ensino Religioso. 
Gabriele Greggersen.
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. Reimpresso em 2022.
264 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Educação 2. Cristã 3. Religioso. EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Roney de Carvalho Luiz
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Luciana Pinheiro Grandizoli
Design Educacional
Marcus Vinicius A. S. Machado
Revisão Textual
Eloisa Dias 
Ilustração
André Azevedo
Fotos
Shutterstock CDD - 22 ed. 201.9 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-85-459-2076-2
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional 
Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria 
de Pós-graduação, Extensão e Formação Acadêmica Bruno Jorge Head de Produção de Conteúdos Celso 
Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos 
Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão 
de Projetos Especiais Yasminn Zagonel
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de 
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi 
DIREÇÃO UNICESUMAR
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenasde cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Dra. Gabriele Greggersen
Possui graduação em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana (2007) e 
graduação em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (1991). Mestrado em 
História e Filosofia da Educação pela Universidade de São Paulo (1994). Doutora-
do em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (2014) 
e doutorado em História e Filosofia da Educação pela Universidade de São Paulo 
(1998). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia da Edu-
cação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, ética, C.S. Lewis, 
filosofia da educação e imaginação. Também é tradutora experiente dos pares 
inglês-português e alemão-português, com aproximadamente 40 livros traduzidos, 
além de professora da língua alemã.
http://lattes.cnpq.br/0260060318651073
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
EDUCAÇÃO CRISTÃ E ENSINO RELIGIOSO
Caro(a) acadêmico(a), esse livro servirá de base para a disciplina Educação Cristã e Ensino 
Religioso e o acompanhará por todo o curso. Nele você irá ingressar no universo da educação 
e da religião, que são ambos extremamente complexos e abrangentes.
Por isso, não há pretensão nenhuma de abarcar todos os conteúdos e responder a todas as 
perguntas. Talvez, você termine o curso com mais perguntas do que tinha antes ou com mais 
indagações do que respostas. Isso faz parte do processo e é intencional, já que a dúvida nos 
mantém humildes, abertos ao diálogo e em constante pesquisa.
Esse livro é dividido em cinco unidades com três tópicos cada uma. A primeira unidade é 
dedicada aos fundamentos da educação em geral, seus conceitos, origens e campo do saber 
e da educação cristã, se é que podemos estabelecer essa distinção. Discutiremos as bases 
pedagógicas, bíblicas e teológicas da educação, vista pela cosmovisão cristã.
Na segunda unidade, falaremos da educação no meio religioso. Faremos um estudo geral 
e crítico do programa de Educação Cristã, na perspectiva do ensino na Igreja, discutindo o 
que é igreja e qual a sua função nesse mundo, além de suas relações com a educação. Nos 
dedicaremos ainda ao currículo de planejamento pedagógico.
 A unidade três é uma discussão mais teórica sobre as relações entre Estado e igreja, focando 
no papel do Estado e da igreja na educação. Abordaremos alguns filósofos e teólogos que têm 
a contribuir para essa discussão, além da legitimidade e função do ensino religioso frente à lai-
cidade do Estado brasileiro. Falaremos do papel da igreja na educação como Mandato Cultural.
Nem só de filosofia e teologia vive a educação cristã – temos também o ensino religioso. 
Na unidade quatro, conheceremos algumas leis brasileiras e o que elas dizem sobre esse 
importante campo da educação.
Finalmente, na unidade final, faremos uma discussão a respeito da figura do educador cristão, 
Paulo Freire. Também abordaremos algumas problemáticas atuais da Educação Cristã e do 
Ensino Religioso e discutiremos as suas relações.
Então, acharam interessante a proposta? Espero que sim, pois o caminho é longo, mas certa-
mente muito prazeroso. E, se você ainda não é apaixonado pela educação e pela teologia, minha 
expectativa e pretensão é de conquistá-lo para essas áreas tão encantadoras e desafiadoras.
Vamos lá?
ÍCONES
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando Ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
BASES E 
FUNDAMENTOS DA 
EDUCAÇÃO CRISTÃ (EC)
8
EDUCAÇÃO CRISTÃ 
NO MEIO RELIGIOSO58
107
O PAPEL DO
ESTADO E DA IGREJA 
NA EDUCAÇÃO
152
ESTRUTURA E 
FUNCIONAMENTO DO
ENSINO RELIGIOSO
NO BRASIL
204 
PERSPECTIVAS 
CONTEMPORÂNEAS 
DA EDUCAÇÃO 
CRISTÃ E DO ENSINO 
RELIGIOSO
252 
CONCLUSÃO GERAL
1
BASES E
FUNDAMENTOS
da Educação Cristã (EC)
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Fundamentos pedagógicos da Edu-
cação Cristã • Fundamentos teológicos da Educação Cristã • Fundamentos bíblicos da Educação Cristã.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Identificar os principais problemas da Educação Cristã, discutindo o conceito de educação e Educação 
Cristã • Conhecer os fundamentos bíblicos, teológicos e pedagógicos da Educação Cristã • Relacionar 
os conhecimentos bíblico-teológicos com os conhecimentos pedagógicos em Educação Cristã.
PROFESSORA 
Dra. Gabriele Greggersen
INTRODUÇÃO
Nesta unidade discutiremos as bases e os fundamentos da Educação Cris-
tã. O que é educação e quais são os termos correlatos? Se é que existe, 
como se justifica uma Educação distintamente cristã? Qual a sua teo-
logia? O que a Bíblia nos fala sobre educação? Que tipo de exemplo de 
educador temos em Jesus Cristo?
Muitas pessoas passaram na vida por aulas de catequese ou escolas 
dominicais ou tiveram aulas de religião na escola, mas nunca se pergunta-
ram o que justifica isso. Eu, por exemplo, vim de uma família cristã, filha de 
pais missionários, vindos da Europa nos anos de 1960 e tive uma educação 
cristã desde berço. Muitas das coisas que eu aprendi em casa e na igreja, 
entretanto, tive que desaprender como adulta.
Na escola dominical, por exemplo, geralmente, os materiais utilizados 
traziam a seguinte representação: o pastor era sempre branco, engravatado, a 
igreja era em estilo americano sulista e a mulher do pastor vestia sempre uma 
saia comprida e uma blusa bem decente. Cantávamos músicas do tipo: “O que 
você faz, o que você diz, Deus tudo escuta e tudo vê, vê, vê...” Ou “Meu coração 
era sujo, mas Cristo ali já entrou, com seu precioso sangue, tão alvo assim o 
tornou ...”. Ou “Marcha soldadinho de Cristo...”. Aprendíamos com o livro sem 
palavras, no qual havia a parte negra, representando o pecado, e as pessoas 
negras só apareciam nas histórias missionárias ambientadas na África.
Mais tarde, depois de estudar pedagogia, eu observei uma aula de Es-
cola Dominical com crianças de seis a sete anos de idade, em que o assunto 
era o sonho de Jacó. A moral da história: quando estamos com Deus, po-
demos dormir tranquilos, até sobre uma pedra.
Até que ponto esse tipo de coisa é legítima e reflete os ensinamentos cris-
tãos? Que espécie de teologia esse tipo de prática revela? Qual é o preparo 
teológico que têm aqueles que são encarregados na igreja da Educação Cristã?
Se você é educador de algum tipo, seja de seus filhos, sobrinhos, 
afilhados ou mais sistematicamente de escola secular ou religiosa, esse 
material vai interessá-lo.
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FUNDAMENTOS 
PEDAGÓGICOS
da Educação Cristã
Você foi catequizado quando criança? Passou por uma instituição chamada escola 
dominical na igreja? Ou recebeu lições religiosas na casa dos seus pais, parentes 
ou na escola? Pois é, tudo isso se chama Educação Cristã e abarca todo um uni-
verso, no qual pretendemos ingressar neste curso. Antes de falarmos em educação 
propriamente cristã, se é que ela existe, devemos nos perguntar: o que é educação? 
Nesta parte da aula, falaremos dos fundamentos da pedagogia. Do que se 
trata o ensino? E o que é educação? Aposto que você já usou essa palavra para 
se dirigir a uma pessoa, dizendo que ela é “bem-educada”. Com isso, certamente, 
você não quis dizer que ela tinha um PhD em Harvard, não é mesmo? Você estava 
se referindo à atitude dela de etiqueta, bons hábitos e respeito aos outros. 
Neste sentido, uma pessoa com doutorado em Harvard pode ser muito mal-
-educada e tratar mal os outros. Por sua vez, uma pessoa analfabeta pode ser 
bem-educada, tratar os outros com decência e cordialidade.
Para entendermos o que é educação, é necessário consultar, para começo de 
conversa, os antigos, sobre o que compreendiam aqueles que viveram no berço 
da civilização. É preciso considerar que a palavra educação vem do grego paideia, 
que, segundo os gregos, era um conceito muito amplo e universal, o qual tinha um 
significado quase religioso de formação do homem na totalidade de seu ser, pois 
engloba o corpo, a alma e o espírito. Cada uma dessas áreas na sua completude e 
em sua relação com o ideal grego de realidade: a polis ou cidade, que eram os céus 
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Para mais informações sobre o conceito de paideia, leia o livro de Werner Jaeger (1995), 
com o mesmo título, que é um clássico.
Fonte: a autora.
explorando Ideias
na terra para os gregos. Tanto, que a pior pena para eles não era a pena de morte, 
mas sim ser exilado, ser expulso da adorada polis, uma espécie de céu na terra.
Como exemplo disso, o próprio Sócrates que, condenado ao ostracismo, 
que é a expulsão da cidade ou exílio, preferiu ingerir cicuta, um veneno fatal, 
a ser extraditado.
O paidagogo era, entre os gregos e romanos, o escravo que conduzia as crianças 
pela mão, não só para a escola, mas para a vida, orientando-as não apenas em 
conteúdo, mas principalmente na arte do bem-viver e do bem-ser.
A palavra educação, no português, vem do latim educere, que é uma combi-
nação de “pôr para fora” e “ser”. É claro que as influências gregas são evidentes. 
Educar nada mais é do que atualizar as potencialidades do educando, fazendo 
com que ele se torne o que ele realmente é, o que tem profundas implicações para 
a prática pedagógica.
De acordo com o Dicionário Online, educação é: 
 “ Ação ou efeito de educar, de aperfeiçoar as capacidades intelectuais e morais de alguém: educação formal; educação infantil. Proces-so em que uma habilidade se desenvolve através de seu exercício 
contínuo: educação musical. Capacitação e/ou formação das novas 
gerações de acordo com os ideais culturais de cada povo. Didática; 
reunião dos métodos e teorias através das quais algo é ensinado ou 
aprendido; relacionado com pedagogia: teoria da educação. Civi-
lidade; conhecimento e prática dos hábitos sociais; boas maneiras. 
Delicadeza; expressão de gentileza, sutileza. Cortesia; amabilidade 
e polidez na maneira com que se trata alguém. Prática de ensinar, 
adestrando animais domésticos para as atividades que por eles de-
vem ser praticadas (DICIO, [2019], on-line)¹. 
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O campo da Pedagogia faz parte das ciências humanas. Ela é uma
Ciência cujo objeto de análise é a educação, seus métodos e prin-
cípios; reunião das teorias sobre educação e sobre o ensino.[...] Re-
união das práticas e métodos que garantem a adequação entre o 
conteúdo didático e as pessoas que se utilizaram dele. Ciência res-
ponsável pela educação e pelo direcionamento de crianças e adoles-
centes com problemas de adaptação escolar; processo de tratamento 
das crianças ou adolescentes que apresentam problemas e dificulda-
des escolares. O ofício do professor ou de quem trabalha com ensino: 
[...]. Característica da pessoa que ensina ou tem prática de ensinar 
(DICIO, [2019], on-line)². 
Quem estuda pedagogia pode dar aulas nas séries iniciais do Ensino Fundamental, na 
Educação Infantil ou no Ensino Médio de formação de professores ou atuar nas empresas 
ou nas ONGs voltadas para a educação.
Fonte: a autora. 
explorando Ideias
Associada à palavra educação está a didática, que é a qualidade que se atribui ao 
bom professor. Quando perguntados sobre as memórias de um bom professor, 
as pessoas costumam falar que ele tinha uma boa “didática”, querendo dizer com 
isso que ele sabia “transmitir” conhecimentos. Será que essa palavra “transmissão” 
é adequada para definir o que acontece em uma aula bem-sucedida? 
No meu entender, o que transmite são ondas de rádio, são arquivos de com-
putador pela internet e doenças contagiosas. Contudo, até que ponto é possível 
transmitirconhecimentos? Será que o bom professor é aquele que diz aos seus 
alunos: “Pessoal! Sintonizem aqui na minha frequência para captarem a minha 
mensagem”? Não. É impossível ensinar assim, pois o ensino é sempre uma ação 
mediada, nunca direta, de uma mente para a outra. 
Aliás, a educação entendida como “transmissão” foi denunciada pelo edu-
cador brasileiro Paulo Freire como sendo uma “educação bancária”, ou seja, que 
pensa que o conhecimento pode ser “passado” adiante como se passa um cheque, 
que o aluno tem que se esforçar para “trocar em miúdos”. Essa é a educação con-
teudista, na qual o educador é um “dador de aula”, que passa o ponto na lousa e 
espera que os alunos reproduzam ipsis literis o que ele despejou, uma verdadeira 
verborreia na mente dos alunos.
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Mas se não é transmissão, o que é didática? A palavra vem do grego didaché, 
que quer dizer “magistério“, “instrução“ ou “ensino“ (“teaching”). Na Roma antiga, 
as crianças em geral e, no sentido pejorativo, também os jovens delinquentes, 
eram chamadas de didicoi. Então, a didática tem a ver com o ensino e com a 
questão do comportamento dos alunos, como eles conduzem a sua vida.
Nesse sentido, na tradição cristã ocidental, o nome é sistematicamente re-
gistrado, pela primeira vez, intitulando um manual de instruções cristão antigo, 
o Didaquê, também conhecido como “O Ensino dos Doze Apóstolos“. Foi, pro-
vavelmente, escrito na Síria do séc. I d.C., embora alguns críticos o atribuam a 
período posterior, o documento só foi descoberto em 1873, publicado em 1883 
pelo grego Philotheos Bryennios.
Didaquê é um compêndio de preceitos morais, de instruções para 
organização de comunidades cristãs e regras para o serviço litúrgico. Contém 
as mais antigas orações e diretrizes eucarísticas (batismo, jejum, oração e do 
ministério de bispos, diáconos e profetas). Os primeiros cristãos o usaram 
como material de apoio à leitura e ensinamento ao Novo Testamento na ins-
trução, principalmente, de novos convertidos.
O documento representa, hoje, uma importante fonte de informações sobre a 
fé e a vida dos primeiros cristãos da história, pois apresenta um resumo dos rituais 
litúrgicos, fala também sobre a organização da igreja, o lugar dos missionários e pro-
fetas, e as regras de hospitalidade e comportamento dos líderes das comunidades.
O sentido do que se entende por didática, no entanto, mudou bastante atual-
mente. De acordo com o Oxford Dictionary, didática é “the science or art of 
teaching” — a “ciência ou arte de ensinar”. É importante notar que o inglês não 
distingue ensino de aprendizagem (learning), apenas as ações de ensinar (teach) 
e aprender (learn). Na sabedoria popular, muitas vezes a didática é reduzida ao 
método e às técnicas, formando uma verdadeira doutrina escolar. 
Como teria se dado esta passagem da educação, entendida como paideia, 
que é mais próxima da arte, para a didática, que tem relação mais íntima com 
uma técnica, de compêndio de conduta cristã, que fomenta a formação de 
hábitos cristãos, ao método pura e simplesmente dito? A educação tem um 
sentido dinâmico, de transformação; e a didática, de conservação e reprodução 
de métodos e técnicas de instrução.
Segundo um dos livros-cabeceira que deveria ser referência de qualquer edu-
cador, de Israel Scheffler (1974), um clássico da área, a educação tem a ver com 
a língua, e a linguagem educacional tem dupla dimensão filosófica: da tradição, 
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Então você me pergunta: é impossível definir o conceito de educação? Será que ela é tão 
ampla e abrangente que nos escapa como água entre os dedos? Ou teria ela uma chance 
de definição, mesmo que aproximativa e bem abrangente? Foi o que Werner Jaeger (1995) 
tentou fazer no livro clássico na área, intitulado Paidéia.
pensando juntos
por um lado, e da transformação, por outro. Ela é, portanto, complexa e dinâmica, 
não podendo ser reduzida a conceituações simplistas ou unilaterais. Ela faz parte 
de todo um universo ou cenário que a compõe.
Neste cenário ou paisagem educacional, Scheffler (1974) situa as ideias funda-
mentais associadas à educação que são “conhecer”, “ensinar”, “aprender”, “pensar”, 
“compreender” e “explicar”, termos consagrados na literatura filosófica, mas tam-
bém psicológica sobre a educação. Outros termos especificamente educacionais 
a estes relacionados são “disciplina mental”, “rendimento”, “currículo”, “desenvol-
vimento do caráter” e “maturidade”.
A pluralidade de conceitos que se observa no campo educacional é reflexo 
direto da complexidade e pluralidade do objeto real, que pede uma ampliação do 
campo de tolerância, entre as definições, e ao mesmo tempo torna essa definição 
mais difícil e intangível.
Calma. Não é bem assim. Pelo menos os conceitos correlatos podem, sim, ser de-
finidos. Podemos, por exemplo, em um sentido amplo, definir “ensinar” como um 
verbo que denota uma atividade voltada para determinado fim, que é a aprendi-
zagem. Nem tudo que ensina gera o aprendizado e nem daquilo que se pretendia 
ensinar. E se o meu aluno não aprendeu? Eu posso dizer que ensinei? E se ele 
aprendeu outra coisa que não é o que eu pretendia ensinar? Será que eu consigo 
prever tudo o que vai acontecer em sala de aula?
Certamente o ensino tem a ver com planejamento. É preciso ter em mente, 
antes do ato de ensinar, o que é que se pretende “transmitir”. Como, entretanto, o 
ensino não é totalmente previsível, é necessário lidar com imprevistos, mas é pre-
ciso minimizá-los, por isso é que se planeja e se tem objetivos claros e explícitos.
Na definição dos objetivos, por exemplo, é preciso se perguntar, no final do 
processo de aprendizado, o que se pretende que o aluno saiba fazer. Nesse sentido, 
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o ensino é, antes de tudo, uma tentativa e um esforço por realizar o aprendizado. 
O cumprimento do ato de ensinar, no entanto, não é suficiente para completar ou 
realizar o ensino. Para se ter garantido o ensino, é preciso que se tenha alcançado 
um aprendizado adequado (certo aprendizado sob certas condições).
Também está embutido na ideia do ensino e principalmente no seu plane-
jamento, o elemento tempo. Cada lição coloca-se em tempos diferentes. Assim, 
a forma de verificar o ensino implica na interferência transformadora da reali-
dade, embora nem sempre inteiramente perceptível. Por exemplo, a intenção do 
professor, ao ensinar geometria, não pode ser vista, e a solução a que chegou o 
aluno não poderá ser confirmada enquanto ele não a provar por algum tipo de 
evidência externa (comportamental).
Por outro lado, a exibição de provas não é suficiente para comprovar a apren-
dizagem, da mesma forma como não se pode reduzir o ensino a uma estrutura 
de movimentos previamente determinados ou programados. Sempre que se em-
preendem esforços para ensinar, por mais que possamos prever o procedimento 
mais favorável à aprendizagem, temos que nos expor, correndo o risco e contando 
com a possibilidade do fracasso. Isso nos leva já à questão da avaliação. Como 
saber se meu aluno aprendeu, se o aprendizado é algo interno, que só pode ser 
verificado pela manifestação externa?
A didática pode maximizar a eficácia do ato de ensinar, mas não impede total-
mente o fracasso. Nessa perspectiva, a arte do ensino é comparável à da culinária, 
que depende do talento do mestre-cuca, mas também de um preparo técnico. Por 
isso, não basta passar receitas é preciso saber usá-las e aplicá-las.
Além de bom na arte de criar o sabor, o bom professor é um bom pesquisa-
dor, ele observa e registra as experiências suas e dos alunos e inventa formas de 
intervir na prática para melhoria dos resultados.
Não basta, por exemplo, passar o conteúdo na lousa e dar a aula como um 
“dador de aula”, simplesmente entregando o saber ao aluno tipo “magister dixit” 
o “mestre falou” e disse, é preciso ter criatividade e distinguir entre “ensinar” e 
“dizer”. Falar por si só não depende do êxito do ensino ou captação e muito menos 
a retençãoda mensagem para ser considerado verdadeiro.
A falácia do verbalismo faz, no entanto, os professores acharem que basta 
“dizer” as coisas para se dar o ensino. Dizer, principalmente, quando se trata de 
valores, nem sequer é necessário. É preciso mexer com os brios do sujeito para 
ele mudar de conduta. Por isso, levar uma lição de moral pode sair pela culatra, 
quando a mensagem é apenas registrada verbal ou intelectualmente:
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 “ [...]a apreensão intelectual de princípios morais e o seu reconhecimen-to intelectual podem ocorrer juntamente com uma rejeição desses princípios ao nível da conduta; um dos pontos de vista, porém, des-
creve esse caso como um malogro do ensino, ao passo que o outro o 
descreve como um malogro da vontade (SCHEFFLER, 1974, p. 103).
 Ninguém gosta de lições de moral ou dos famosos “sermões”. Normalmente, eles 
caem em ouvidos surdos e muitas vezes surtem o efeito contrário, a resistência e 
rebeldia, principalmente quando são impostos.
O aprendizado, que não é mera reprodução de condutas externas, só estará 
realmente ocorrendo se atingir o esquema geral de ação do sujeito. Não basta en-
sinar um sujeito a fazer algo, é preciso que ele creia que essa seja de fato a melhor 
atitude. A aprendizagem moral envolve, então, a crítica reflexiva e dialógica por 
parte do sujeito, que pode vir a questionar o modelo proposto pelo professor. Ela 
envolve, assim, uma transformação (no sentido de metanoia) da postura do su-
jeito diante das coisas, isso abre o paradoxo da possibilidade de ensino da moral.
Nesse âmbito, o melhor que o professor pode fazer não é impor imperativos 
ou regras de conduta, mas usar “vários outros meios, através dos quais emergem e 
florescem a estima, a fruição e a compreensão” (SCHEFFLER, 1974, p. 116). Para 
exemplificar isso, o autor cita o caso do ensino do que se entende por cidadania:
 “ Por exemplo, falamos de ‘cidadania’ como se se tratasse de um con-junto de habilidades, ao passo que o nosso objetivo educacional consiste, na realidade, não simplesmente em ensinar aos alunos 
como ser bons cidadãos, mas, em especial, em ensinar-lhes a ser 
bons cidadãos; não simplesmente como fazer para votar (sic) mas 
a votar (SCHEFFLER, 1974, p. 118).
A grande vantagem de permanecer no limite das habilidades é que reduz a carga 
de responsabilidade do professor. Também, o ensino de esquemas de ação não 
esgota o sentido da aprendizagem moral. A diferença entre o saber como e o 
saber que não se resolve, atribuindo o segundo campo à subjetividade e abstra-
ção, mas apelando para a ação e transformação efetiva da atitude do indivíduo.
Isso ocorre também com relação a outras áreas, como o agir científico. Afinal, 
o que é mais importante ensinar: como se pensa cientificamente, na teoria, ou a 
pensar de forma científica na prática?
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Muitos educadores chamam essa preocupação com o “ensinar a” para além 
de “ensinar como”, de práxis educativa. Para além da prática, essa palavra denota 
um agir transformador da sociedade para algo melhor.
Um dos autores preocupados com a práxis é Zabatiero (2009), quando fala 
das bases pedagógicas da educação cristã. Ele denuncia o individualismo e alie-
nação da pedagogia de hoje e a educação cristã não foge disso. Como antídoto 
para isso, ele sugere a leitura de Pedagogia da Esperança, de Paulo Freire. 
Com certeza a esperança é uma das virtudes teologais mais importantes do 
educador cristão, já que vivemos uma realidade de espera. Esperança é a quali-
dade de quem espera. Mas o que se espera? Muitas coisas: a gente espera se dar 
bem profissionalmente; espera ter um relacionamento saudável com alguém e 
formar uma família; espera ter amigos que o entendam e compartilhem dos seus 
momentos mais importantes. Em última instância, no entanto, esperamos que a 
maior certeza que se tem na vida de que um dia se irá morrer, não se realize ou 
que tenhamos mais vida após a morte.
No entender de Paulo Freire, a educação nunca se pode reduzir à sala de aula, 
mas deve ser concebida em sua totalidade e integralidade, que vai além de si mesma.
Citando o educador luterano Danilo Streck, Zabatiero (2009) fala da 
educação como práxis, ou seja, como inalienavelmente ligada a uma prática 
pedagógica transformadora:
 “ 1. “O critério da práxis faz com que a relação pedagógica seja orien-tada no diálogo entre educadores e educandos, numa relação hori-zontal, uma vez que ambos são sujeitos do processo educacional”; 
2. “O critério da práxis não permite que se viva na e da 
certeza de dogmas, mas requer que se mantenha uma pre-
sença curiosa diante da realidade que se deseja transformar”; 
3. “O critério da práxis faz com que a educação deixe de ocorrer em 
espaços ideologicamente ascéticos (como se isso fosse possível), e 
conviva com as alegrias e frustrações da criação do mundo novo” 
(STRECK apud ZABATIERO, 2009, p. 14).
Quanto aos aspectos didáticos, Zabatiero (2009) reforça que uma Educação 
Cristã tem que ser voltada para uma práxis comunitária, que visa o crescimento 
espiritual da igreja. Ela envolve o discipulado, que, segundo Groome, citado por 
Zabatiero, envolve cinco passos metodológicos:
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1. Ação presente – Deve-se sempre partir da experiência do aluno, daquilo 
que ele sente e com o que se identifica. Não precisa ser no começo da aula, 
de acordo com Zabatiero, mas eu acredito que tem que ser, sim. Pode ser 
uma dinâmica de grupo, um caso, uma poesia, uma música.
2. Reflexão Crítica – nunca se deve fazer uma dinâmica sem que haja uma 
reflexão avaliativa da mesma, apontando para a “moral da história”.
3. Diálogo – é a parte mais teórica da aula, em que entra em jogo o conteúdo, 
mas nunca de uma forma meramente expositiva, mas sempre dialogada.
4. Caso – Vejamos como Zabatiero resume esse momento:
 “ É quando relacionamos o tema estudado com a nossa vida pessoal e comunitária. É a aplicação do que estamos estudando à luz de todo o conjunto de nossa fé e da tradição, de modo a percebermos a ação 
de Deus na realidade. É a hora em que avaliamos nossas convicções 
e práticas, a fim de que – se necessário – haja transformações ou 
aperfeiçoamentos. Esse momento é muito semelhante ao da 
reflexão crítica. A diferença é que sempre ocorre depois do estudo 
da lição do dia. Popularmente, podemos chamá-lo de “fechamento” 
da discussão didática: a hora em que juntamos as pontas soltas e 
atribuímos um contorno bem definido ao conteúdo apresentado e 
debatido (ZABATIERO, 2009, p. 15).
5. Visão – É o momento final da metodologia proposta por Groome, em 
que se parte para um projeto de ação transformadora.
É claro que ao falarmos de fundamentos pedagógicos da Educação Cristã e parti-
cularmente de sua didática, que é a reflexão filosófica sobre a práxis educacional, 
também temos que nos referir aos métodos. Assim, a didática que um educador 
emprega revela a sua intencionalidade, ou seja, a sua visão filosófica ou ideolo-
gia. Não é a técnica aplicada que vai revelar isso, pois há professores que usam 
técnicas de última geração, como o Datashow, mas que transmite, com esse meio, 
conteúdos completamente conservadores e retrógrados, além de reproduzirem a 
verborreia do ensino tradicional. Por outro lado, uma aula expositiva tradicional 
pode ser usada para veicular conteúdos completamente inovadores e transfor-
madores, sendo totalmente dialogada e interativa.
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Você já parou para pensar sobre o que é método? Certamente ele é uma parte importante 
da didática, que por sua vez, é parte da filosofia da educação.
É importante lembrar, nesse contexto, que a palavra método vem de methodos no grego, 
que significa caminho. Trata-se da direção geral das técnicas empregadas para se alcançar 
o(s) objetivo(s) que se queira atingir.
pensando juntos
Para usar uma metáfora, podemos imaginar uma viagem. Para viajar é preciso que 
se decida que meio se vai usar: o terrestre, o aéreo, o marítimo etc. Essa é a imagem 
do métodoem educação. Estabelecido o meio terrestre, por exemplo, é preciso esco-
lher como se pretende viajar: de carro, de ônibus, de trem etc. Essas são as técnicas.
Zabatiero (2009) estabelece quatro métodos: o dedutivo, que é o mais usado, 
que vai do todo para a parte, usando a técnica da análise e da exposição; o indu-
tivo, que é o contrário e vai da parte, da experiência, para o todo; o interativo ou 
dialético, que mistura essas duas metodologias; e o divergente, que eu chamaria 
de interdisciplinar, em que se apela para várias áreas do conhecimento a fim de se 
chegar a um saber novo, que nenhum dos saberes em jogo poderia alcançar sozinho.
Apelando mais uma vez à metáfora, poderíamos dizer que a multidiscipli-
naridade ou pluridisciplinaridade é como a mistura de substâncias na química, 
em que ou elas se misturam de forma homogênea ou de forma heterogênea, mas 
nunca perdendo as suas características individuais. Por sua vez, a interdiscipli-
naridade é o que acontece na reação química, em que dois ou mais reagentes 
trocam de moléculas e átomos entre si, com gasto ou produção de energia, 
formando produtos novos, que nenhuma das duas substâncias seria capaz de 
gerar sozinha. Assim, uma metodologia interdisciplinar revela um conceito de 
conhecimento complexo e revolucionário.
A transdisciplinaridade é um passo além, quando se usa a metodologia com 
o intuito de transcender o aqui e agora, buscando uma práxis transformadora. 
Em relação às técnicas, Zabatiero (2009) cita algumas como as dinâmicas de 
grupo, dramatizações, recursos audiovisuais etc. O fato é que as técnicas têm que 
ser empregadas com responsabilidade e consciência de objetivos, ou seja, como 
parte de uma metodologia e de uma didática.
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Figura 1 – Relação entre Filosofia da Educação, metodologia e técnica / Fonte: a autora. 
Quanto às dinâmicas de grupo é preciso sempre ter o cuidado de revelar os ob-
jetivos antes de usá-las, para que as pessoas envolvidas não se sintam usadas ou 
abusadas. E no final, é importante o feedback do que se pode aprender com a 
técnica, para que ela não valha por si mesma, só para preencher o tempo.
Zabatiero (2009) fecha essa parte da didática da Educação Cristã com 
conselhos muito úteis. Vejamos:
 “ A autenticidade e a transparência são fundamentais no trabalho educacional, especialmente no ensino cristão. Sempre que você ex-perimentar alguma dúvida, angústia ou sensação de limite, saiba 
compartilhar esses sentimentos com sua classe, para que você tam-
bém seja edificado por seus alunos. Além disso, não há chance de 
sermos bons professores se não formos bons aprendizes. Valorize a 
dúvida e a curiosidade: são o ponto de partida para o conhecimento 
(ZABATIERO, 2009, p. 20) 
Gostou dessas dicas? Na aula seguinte mencionaremos mais algumas falando das 
bases teológicas da Educação Cristã.
EDUCAÇÃO
DIDÁTICA
METODOLOGIA
TÉCNICA
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FUNDAMENTOS 
TEOLÓGICOS
da Educação Cristã
Como vimos na aula anterior, muitos de nós passamos por uma educação cristã de 
bases teológicas no mínimo questionáveis, sem termos tido a chance de questioná-las.
Antes de falarmos em fundamentos teológicos, porém, é preciso situar a 
Educação Cristã no tempo e contextualizá-la historicamente. Para isso, vamos 
usar o livro de Claudionor Andrade (2002) que, apesar de algumas abordagens 
demasiadamente fundamentalistas, apresenta um histórico interessante. Também 
utilizaremos os estudos de Armstrong (1994), em seu clássico Bases da Educação 
Cristã. Ao final da aula, vamos nos debruçar sobre Zabatiero (2009), que traz uma 
abordagem mais contextualizada e atual da Educação Cristã.
No caso de Andrade (2002), vamos nos restringir a essa parte histórica e bíblica, 
pois o autor trata, de resto, de questões como a evangelização de povos não alcan-
çados com uma crítica contundente àqueles preocupados com o lado humanitário 
da coisa. A nosso ver, a abordagem é ingênua, dizendo que a autoridade e missão de 
educar e evangelizar vem de Deus e não de homens, pelo que ele atribui aos cristãos 
um papel de superioridade, apesar de ele afirmar que não existe povo melhor ou 
pior. O fato é que ele coloca o cristão/missionário/educador como o árbitro para 
julgar o que esses povos devem ou não fazer ou como eles devem viver.
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Senti ainda um certo desprezo pela filosofia, tão cara ao próprio Jesus, 
quando ele defende, aparentemente com base na Bíblia, de que ela seja inútil. 
Também a religião e a educação secular são declaradas inúteis e a religião cristã 
posta como a única verdadeira.
Pelo menos Andrade (2002) é honesto a ponto de se assumir como funda-
mentalista e de expressar certa preocupação não só com o papel evangelístico e 
profético, mas também com o de assistência social da parte dos educadores cris-
tãos e da igreja. Para ele, a Educação Cristã se entende no contexto do mandato 
cultural deixado por Cristo para a sua igreja. E nesse ponto ele concorda com 
Sherron (1993), que defende que a igreja é por natureza “ensinadora”. A igreja que 
é igreja ensina, e o ensino que é legítimo serve à igreja.
Andrade (2002) também lembra que educar vem de educere, no latim, que 
significa extrair, pôr para fora alguma coisa. Na verdade, trata-se de atualizar os 
potenciais do educando, extraindo nada mais, nada menos, do que o ser, ou seja, 
o eu essencial, o self da pessoa. Ele também faz um apanhado do que chama de 
Filosofias da Educação (Naturalismo, Nacionalismo, Comunismo e Relativismo 
Moral) e trata com igual desaprovação o Nacionalismo Capitalista e o Comunis-
mo Socialista. Ao invés de dizer que ambos tiveram influências nefastas sobre a 
história do Brasil, prefere falar apenas do comunismo, dedicando, inclusive, uma 
seção inteira a defender o quanto ele é contrário às Escrituras e ao cristianismo.
Em todos os casos, podemos aproveitar o histórico traçado por Andrade no 
qual diz que nos tempos do Antigo Testamento, a educação era assumida pelos 
patriarcas, que eram multifuncionais no clã.
 “ Eram estes considerados não apenas os chefes de suas famílias como também o profeta, o sacerdote e o professor do lar. Eles detinham um poder irresistivelmente monárquico: ditavam as normas, arran-
javam casamentos, comandavam pequenos exércitos, negociavam a 
paz, estabeleciam tratados e alianças com outros clãs e orientavam 
a vida econômica de seus descendentes. O que mais os caracteriza-
va, porém, era a sua responsabilidade espiritual e pedagógica. Sua 
missão era educar os filhos nos caminhos do Senhor, para que o 
conhecimento divino não viesse a perder-se entre a gente idólatra 
de Canaã e do Egito (ANDRADE, 2002, p.22).
 
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Esse era um ensino assistemático, não institucionalizado e organizado. Quando 
começou a educação mais formal? Ela começou na época da libertação do povo 
judeu dos egípcios por Moisés e sua peregrinação pelo deserto. Foi a educação 
que receberam que fez com que o povo tomasse a iniciativa de sair da condição de 
escravos e buscar a liberdade. Depois terem optado pela monarquia, os príncipes 
passaram a se encarregar do ensino da Palavra e da Lei de Moisés.
Uma das figuras destacadas por Andrade (2002) no ensino formal do povo 
hebreu foi Esdras, que além de ter sido escriba e Doutor da Lei, ajudou a deter-
minar o Cânon do Antigo Testamento e a conduzir a construção de sinagogas 
na Babilônia. Ele também encabeçou um retorno às suas terras de origem para 
a reconstrução do templo de Jerusalém. O autor afirma que a Escola Dominical 
de hoje tem muitos traços ainda dessas antigas sinagogas, em que o povo se con-
gregava para ler e estudar a lei mosaica. 
No tempo de Jesus, ele era considerado o Mestre dos Mestres ou, como o 
chamava Clemente de Alexandria, “Educador por antonomásia”, ou seja, ele era 
praticamente sinônimo de educação, considerado educador por excelência.
 “ Era o Senhor admirado por todos, pois a todos ensinava como quem tem autoridade e não como os escribase fariseus (Mt 7, 29). Em pelo menos 60 ocasiões, é o Senhor Jesus chama-
do de Mestre nos evangelhos. Pode haver maior distinção 
que esta? Isto, porém, era insuportável aos escribas e rabinos 
por não terem condições de competir com o Filho de Deus. 
Jesus não se limitava a ensinar nas sinagogas. Ei-lo nas ca-
sas, nas mais esquecidas aldeias, à beira mar, num monte e 
até mesmo no Santo Templo. Sempre encontrava ocasião e 
oportunidade para espalhar as boas novas do Reino de Deus. 
Ele curava os enfermos, realizava sinais e maravilhas e operava 
singulares prodígios. Mas, por maiores que fossem suas obras, ja-
mais comprometia o ministério do ensino. Antes de ascender aos 
céus, onde se acha à destra de Deus a interceder por todos nós, 
deixou com os apóstolos estas instruções mais que explícitas: 
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em 
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a obser-
var todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou 
convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28,19-
20) (ANDRADE, 2002, p. 27).
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A instituição da tradição se deu junto com a formação da Igreja Católica, ao longo 
da Idade Média, em que tomaram vulto os Pais da Igreja e sua teologia funda-
mental, que girava em torno dos Credos Apostólico e Niceno. O já mencionado 
Didaquê funcionava como uma espécie de livro didático ou manual para a arte 
de se bem viver enquanto cristão nesse mundo.
Com a Reforma, os reformadores e também, principalmente, Wesley, o fun-
dador da igreja metodista, defendia que ao lado de cada Igreja fosse fundada uma 
escola. A Academia de Genebra de Calvino e o sistema de ensino público de Lu-
tero são provas da visão, muitas vezes, não explicitada, que esses homens tinham 
da educação e de como eles a valorizavam. A concepção que se tinha de educação 
cristã era, antes de tudo, da educação como um todo, não especificamente cristã. 
Adotava-se um currículo que era, ao mesmo tempo, secular.
Para isso, era inspirado nas Artes Liberais, que são o Trivium (lógica, gramática 
e retórica), e o Quadrivium (aritmética, música, geometria, astronomia), as disci-
plinas que eram oferecidas nas escolas gregas para ensinar os ofícios aos alunos. 
Eram denominadas artes, porque a ideia que se tinha de profissional era a de um 
artesão, mais do que um técnico. O trabalho era mais artístico e artesanal, portanto 
para preparar o aluno para o trabalho, era necessário que ele dominasse as artes.
O Trivium era considerado o ferramental básico de que o aluno se valia para 
trabalhar as demais disciplinas. Tratava-se do que hoje se denomina como ha-
bilidades básicas da aprendizagem e que serviam para que os conteúdos fossem 
dotados de significado ao aluno. Com o tempo, o Quadrivium foi se sofisticando, 
até se tornar o currículo que temos hoje, e o Trivium ou foi esquecido ou então 
absorvido pelo Quadrivium.
E os primeiros cristãos, como educavam? Para Andrade (2002), a Igreja Primitiva 
provou por “a” mais “b” que, sem o magistério do Evangelho, inexistiria a Igreja de 
Cristo. O segredo do sucesso da expansão do cristianismo nesses primórdios foi pre-
cisamente a educação que se praticava nas pequenas comunidades cristãs primitivas.
Como que essa tradição foi preservada depois que as primeiras gerações após Cristo se 
foram? Veja, a igreja ainda não havia se estruturado como instituição. Então, a educação 
foi fundamental nesse começo.
pensando juntos
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Então, nos seus primórdios a educação cristã era secularizada, preocupando-
-se com a formação geral do educando. O mesmo, aliás, aconteceu com a Escola 
Dominical. Na próxima unidade, dedicada à educação mais voltada para a Igreja, 
vamos falar das origens da Escola Dominical, que se deram nesse contexto.
Armstrong (1994) fala da educação hebraica baseada em três centros 
e três objetivos:
LAR
• TRANSMITIR A HERANÇA HISTÓRICA
TEMPLO
• INSTRUIR NA CONDUTA ÉTICA
ESCOLA DE PROFETAS
• ASSEGURAR A PRESENÇA DE DEUS E SUA ADORAÇÃO
Figura 2 – Educação hebraica / Fonte: adaptada de Armstrong (1994).
O currículo era formado por elementos do folclore e da religiosidade como o 
simbolismo, os rituais e as festas; a lei mosaica; as atividades cotidianas; e a li-
teratura de sabedoria, como os Salmos e os Provérbios. Quanto à metodologia, 
empregava-se o ensino oral, procedimentos normativos e aplicavam-se parábolas 
para a instrução moral.
Aliás, Jesus é bem bíblico e respeitoso da tradição judaica na sua pedagogia, 
ao usar privilegiadamente as parábolas em seus ensinamentos. E quais são os 
princípios educacionais que norteiam a educação hebraica? Um deles certamente 
é a concepção de que a educação é um mandamento vindo diretamente de Deus. 
Essa educação também é teocrática, já que Deus é o modelo de onde emana toda 
a autoridade e sanção que devem permear o ensino.
Outro princípio básico da educação judaica é o da disciplina, que é indis-
pensável para o bom andamento das aulas. Nesse sentido, algumas práticas 
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atuais de educação, como a não-diretiva, em que o aluno impõe todas as regras, 
seria impensável para os judeus.
Além disso, a profissão de professor era considerada sagrada, já que ele se ins-
pirava diretamente em Deus nos seus ensinos, que começavam desde a mais tenra 
idade, e se davam de forma gradual, indo do mais simples para o mais complexo.
Mais tarde, quando se formou o povo judeu, além da educação no lar, deno-
minada Mezuzá, ou seja, educação na lei e na tradição (Dt 6, 4-9 e 11, 13-21) e na 
sinagoga, criou-se a educação primária que era pública e usava como metodolo-
gia a instrução oral e como material didático o Talmude e a Torá. A aprendizagem 
se dava pela repetição e memorização.
Na era de Cristo, é preciso considerar que o mestre foi educado na sinagoga 
e se destacou ensinando aos fariseus. Aliás, há um livro bem interessante sobre 
a Pedagogia de Jesus, de Price (1980), assim intitulado, que eu recomendo bas-
tante. Não é para menos que até as religiões e pessoas que não acreditam em 
Cristo, como Messias e Deus, o têm como um dos maiores mestres de toda a 
humanidade. Ele, como educador, tinha grande conhecimento da literatura, das 
leis e tradições, da cultura local e da natureza humana. E, como já mencionamos 
antes, ele ensinava com autoridade que lhe era dada por Deus. Sua pedagogia 
era experiencial, pois ele encarnava e praticava todas as verdades que ensinava.
Além disso, ele não fazia acepção das pessoas a quem ensinava, inclusiva-
mente: ricos, pobres; letrados, analfabetos; homens, crianças e mulheres; pessoas 
mais ou menos inteligentes etc. Em relação às estratégias de ensino, ele ensinava 
ora individualmente ora para as multidões, e se valia de todas as oportunidades 
e recursos, principalmente os práticos para ensinar.
Ora, mas será que ele também planejava os seus ensinos, ou era tudo espon-
tâneo? Com certeza, ele demonstra pelo menos ter em mente certos objetivos 
que ficam visíveis na sua prática pedagógica, tais como:
 ■ A mudança de vida do indivíduo, além de intelecto e emoções.
 ■ Converter os alunos a Deus.
 ■ Desenvolver a harmonia entre as pessoas e delas com Deus.
 ■ Verificar e reforçar crenças e convicções.
 ■ Questionar/ fazer refletir (método da pergunta).
 ■ Capacitar os discípulos para fazerem coisas maiores do que ele.
 ■ Ajudar as pessoas, por exemplo, pelos milagres de cura, multiplicação de 
pães e ressurreição.
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Outros métodos usados por Jesus eram de prender a atenção do ouvinte com 
histórias, usar um estilo simples, mas profundo. Seus ensinos eram diretos e indi-
retos usando de simbologia e histórias como meios de ilustrar o que estava sendo 
dito. Ele partia do conhecido para o desconhecido, nunca vice-versa, ou seja, ele 
usava uma estratégia indutiva, da parte para o todo e não dedutiva, do todo para 
a parte e empírica, pois partia da experiência do aluno. Ele também se valia de 
meiosconcretos para o ensino, nunca ensinando abstrações puras e simples.
E ele empregava alguma técnica específica nos seus ensinos? Com certeza, 
várias! Entre as técnicas de que ele se valia podemos citar as perguntas, como 
quando ele pergunta aos discípulos quem as pessoas diziam que ele era e indaga-
ções; as parábolas; o discurso ou conferência, como no sermão do monte; projetos 
ou atividades voltadas ao ensinar, como o lançamento de redes dos discípulos 
para ensinar-lhes a pescar homens; o uso de recursos visuais, como os pães e os 
peixes na multiplicação dos pães e, principalmente, o testemunho e exemplo vivo, 
como na cura de doentes e na sua morte e ressurreição.
E depois que ele morreu, incumbindo os seus discípulos da Grande Comis-
são, como eles passaram a educar? De acordo com o já mencionado Didaquê, ou 
manual de instruções para novos convertidos, a educação tinha foco na conduta 
e vida diferenciada das outras pessoas. Era necessário que os cristãos se destacas-
sem de alguma forma e deixassem a sua marca registrada. Então, a educação era 
muito voltada para a ética e lições de como andar pelo caminho do cristianismo 
e viver uma vida autenticamente cristã.
Outro foco era o evangelismo, já que o cristianismo estava se expandindo 
juntamente com a educação na comunidade, por meio do culto e do exercício 
da comunhão e da fraternidade. A eucaristia era um rito que muitas vezes se 
confundia com a prática de refeições conjuntas.
O ofício de mestre e a prática do ensino eram caracterizados por Paulo, como 
dons do Espírito e, portanto, mantiveram o cunho de coisa sagrada que tinham 
para os judeus. E uma das funções da educação era culminar no batismo e na 
instauração de outros sacramentos constitutivos de uma nova tradição, que pre-
tendia se difundir pelo mundo.
No período subsequente, na era dos apóstolos, a educação se dava basica-
mente pela literatura. As epístolas eram usadas para o ensino individual e cole-
tivo, principalmente no que diz respeito ao manejo correto da Palavra inspirada. 
(2Tm 2,14-15; 3,16-17). O ensino também era necessário para afirmar a fé (1Tm 
4, 6-11-16; 6, 3-5; 2Tm 4, 3). Ele formava a base para o estabelecimento de lares 
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Armstrong (1994) esquece que foi nesse período que surgiram as universidades mais im-
portantes da Europa e se desenvolveu uma metodologia toda dialética e dialógica, que foi 
a escolástica medieval. Ela partia de uma questio disputata, que era uma questão teoló-
gica a ser discutida e que geralmente vinha do povo. Depois de apresentada a questão se 
arrolavam todos os argumentos a favor e contra a mesma, para no final se chegar a uma 
conclusão que servia de inspiração para a próxima questão a ser discutida.
Fonte: a autora.
explorando Ideias
harmoniosos (1Tm 6,1-2). Assim, a habilidade e capacidade de ensinar era uma 
das exigências que se tinha para os líderes das comunidades, particularmente 
para os pastores (1Tm 3, 2; 2Tm 2, 24). No entanto, infelizmente, hoje são raros 
os pastores dotados de uma visão autenticamente educacional.
Além disso, o ensino era tido como uma consequência essencial da própria 
prática de leitura da Bíblia e também da exortação e da pregação (1Tm 4, 13; 2Tm 
4, 2). Paulo apresenta, em 2Tm 2, 2, o ensino ainda como algo que é indispensável 
à perpetuação da fé: “E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas tes-
temunhas, confie a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar a outros”.
Como Armstrong (1994) trata a Idade Média? Ele a retrata como movimento 
pré-reforma, que se caracteriza pela crise do Império Romano e o fortalecimento da 
igreja com Constantino, decretando o cristianismo como religião oficial do Estado.
A partir daí a Educação Cristã se incrementou pela fundação de mosteiros 
onde os monges se dedicavam à tradução de documentos antigos e ao ensino. 
Imperava o intelectualismo e houve influência entre os intelectuais do conceito 
grego de Paideia. Era a época dos apologistas e da proliferação de heresias que 
dividiam as igrejas, mas que, apesar disso, se desenvolviam e organizavam. Os 
debates surgiam sobre a autoridade do clero e sucessão apostólica.
Formaram-se, nessa época, ainda, as escolas de catecúmenos, que são os novos 
cristãos, as escolas catequéticas e as escolas catedrais ligadas às catedrais e epis-
copais, ligadas aos bispos. Surgem os movimentos e ordens monásticas, como a 
ordem beneditina e franciscana.
De uma maneira geral, Armstrong (1994) coloca essa época como Idade das 
Trevas e da ignorância, em que se tinha muita educação religiosa e pouca educação 
efetivamente cristã, fazendo coro com a maioria dos estudiosos historiadores, que 
não reconhecem a Idade Média como berço da civilização ocidental moderna.
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 ■ A Idade Média também gerou os maiores pensadores da filosofia cristã, 
como Santo Agostinho e S. Tomás de Aquino, além dos pais da Igreja.
Entre os Padres da Igreja podemos citar:
 ■ Justino Mártir (100-165): nascido na Samaria, ele teve uma educação 
bastante boa em literatura, retórica e história, mas acabou se dedicando 
à filosofia, principalmente ao platonismo e estoicismo. Ele se converteu 
através de pessoas que lhe falaram de Cristo como sendo aquele que cum-
priu as antigas profecias do judaísmo. Depois disso, ele se engajou ativa-
mente na defesa da fé (apologia), escrevendo livros na área, e na expansão 
do Cristianismo. Tanto, que acabou sendo martirizado.
 ■ Irineu (130-202): bispo grego, nascido provavelmente em Esmirna, atual 
Turquia, foi considerado um dos principais teólogos a se opor às heresias 
de sua época, principalmente ao gnosticismo, que era uma seita intelectual.
 ■ Clemente de Alexandria (150-215): outro teólogo, escritor, apologista cris-
tão que combatia as heresias, particularmente também o gnosticismo. Nas-
ceu em Atenas e é considerado o mais erudito de todos os Padres da Igreja.
 ■ Tertuliano (160-220): nascido em Cartago, foi um escritor e apologista 
do cristianismo, que combatia as heresias e foi o primeiro a escrever toda 
a sua obra em latim. Também ficou famoso por introduzir e teologizar 
sobre o conceito de trindade.
 ■ Orígenes (185-253): teólogo e filósofo neoplatônico, foi um dos mais 
eruditos e eminentes membros da patrística, como também era conhecida 
a teologia dos Padres da Igreja. Escreveu mais de 600 obras entre homilias, 
livros de teologia e comentários bíblicos.
 ■ Jerônimo (347-420): foi sacerdote, nomeado Doutor da Igreja pela Igreja 
Católica, historiador, tradutor e teólogo, nascido na cidade de Estridão. 
Sua maior e mais memorável obra foi a tradução da Bíblia do grego para 
o latim, a chamada Vulgata.
 ■ Agostinho (354-430): bispo de Hipona procurava conciliar a filosofia 
com a teologia. Escreveu várias obras sobre instrução cristã. Para ele, o 
mestre deve sempre ser modelo e exemplo. Em Confissões, uma de suas 
obras mais famosas, ele fala do mestre interior, que Armstrong (1994) 
esquece de mencionar. Ele é aquele que ensina dentro de nós, como reflexo 
da imagem de Deus, impressa no ser humano.
 ■ Alcuíno (735-804): considerado patrono das universidades, que eram 
todas cristãs, nasceu na Nortúmbria (Grã-Bretanha), tornando-se monge e 
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abade. Fundou universidades e introduziu o ensino do Trivium e Quadri-
vium nelas. Também teve um papel importante na Renascença Carolingia 
e contribuiu, na matemática, para a análise combinatória.
 ■ Tomás de Aquino (1225-1274): foi frade dominicano que foi canonizado 
e recebeu o título de Doutor Angélico pela Igreja Católica, o que significa 
que seus princípios, explicitados em sua obra magna, Summa Teológica, 
serviram de base a toda a doutrina da Igreja. O escolasticismo de Tomás e 
outros medievais é mal compreendido (Armstrong não é exceção à regra), 
sendo confundido com o escolasticismo jesuíta, do Ratio Studiorum, que 
eram regras disciplinares rígidas, incluindo a lista de livros proibidos, de 
que trata o filme, baseado no livro deUmberto Eco, O Nome da Rosa, e 
que pouco ou nada tinha que ver com esse modelo metodológico.
Na fase histórica seguinte, o Renascimento que envolveu a Reforma, há uma 
ruptura da visão de mundo medieval, essencialmente hierarquizada, aberta à 
transcendência e teocrática, começa a ideia de separação entre Estado e Igreja e 
inicia-se a dualidade entre o mundo secular e o religioso.
Cada vez mais se forma um ambiente propício ao espírito moderno e aos 
novos ares de secularismo, advindos do resgate da arte e da cultura grega e do 
florescimento da filosofia iluminista. Assim, ocorre uma renovação cultural com 
o predomínio do humanismo.
Com a ascensão da burguesia e a formação dos Estados Republicanos, devido à 
desintegração do feudalismo e a formação de novas carreiras profissionais, que são 
os ofícios de artes, há um florescimento do individualismo e do espírito burguês.
Surgem figuras, como Gerardo Groote (1340-1384), pregador, teólogo, huma-
nista e místico, fundador dos Irmãos da Vida Comum, na Holanda, que defen-
diam a leitura individual da Bíblia. Até então, ela era lida apenas pelos religiosos 
que dominavam o latim, única tradução existente, além das línguas originais, 
e aulas em vernáculo, em vez do tradicional latim. Ele teve a iniciativa de em-
preender uma tradução da Bíblia para o holandês. Foi nessa época, também, que 
emergiram os movimentos em prol da educação secular.
Quais foram algumas figuras que influenciaram a educação cristã nessa época? 
Podemos citar os seguintes:
 ■ Erasmo de Roterdã (1466-1536): teólogo neerlandês foi uma peça-chave 
na fundação e divulgação do humanismo cristão. Apesar de ter aderido 
à vida monástica, ele era um crítico ferrenho do monasticismo e da 
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Igreja Católica. Vivia uma vida de livre pensador, independente de 
escola, religião e laços políticos ou territoriais, dando aulas e dedi-
cando-se à sua obra literária.
 ■ Os Valdenses: movimento fundado por um rico comerciante, Pedro Val-
do, na França, que deu tudo aos pobres e fez voto de pobreza. Os valdenses, 
que logo se espalharam pela Itália e Suíça, seguiam uma filosofia rígida 
e ascética, sendo declarados heréticos pela Igreja Católica, pelo que seus 
seguidores foram intensamente perseguidos. O movimento aderiu à re-
forma, sendo que se afiliou aos calvinistas.
 ■ John Wycliffe (1328-1384): foi teólogo e reformador da Inglaterra, ten-
do traduzido a Bíblia para o inglês, que até hoje é chamada de Bíblia de 
Wycliffe. Foi professor da Universidade de Oxford.
 ■ Jan ou João Hus (1369-1415): da Boêmia, considerado precursor da 
Reforma, sendo seguidor das ideias de Wycliffe e tendo sido morto quei-
mado por isso. Ele introduziu acentos na língua tcheca e tem uma estátua 
dedicada a ele em Praga.
 ■ Girolamo Savonarola (1452-1498): da Itália, foi padre dominicano, além 
de pregador, que defendia a reforma da Igreja. Ele queimou imagens e 
obras de arte seculares, sendo precursor da iconoclastia praticada pelos 
reformadores posteriores. Ele incomodou muito Roma, pois denunciava a 
peito aberto a corrupção da igreja, uma vez que se considerava um profeta 
cheio de visões. Junto com outros dois frades companheiros de batalha, ele 
acabou sendo preso e condenado à forca e queimado em praça pública.
Na Reforma propriamente dita, temos vários educadores, sendo o mais famoso deles: 
 ■ Martinho Lutero (1483-1546): nascido em Eisleben, na Alemanha, era 
professor de teologia e monge agostiniano que, como Erasmo, não dese-
java criar uma igreja nova, mas promover uma reforma interna na Igreja.
Ele denunciou os abusos da igreja, principalmente a venda de indulgências, que 
são passagens para o céu, vendidas a um determinado preço monetário. Contra 
essas práticas, ele estabeleceu 95 teses e as afixou na Porta de Igreja do Castelo de 
Wittenberg, onde ele lecionava, na Universidade de Wittenberg. Suas ideias foram 
fortemente condenadas pela Igreja, que o excomungou e fez com que tivesse que 
se exilar. Ele também escreveu vários hinos, sendo o mais conhecido intitulado 
“Castelo Forte” e fez uma tradução da Bíblia para o alemão, que é a mais usada até 
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os dias de hoje. Na filosofia da educação dele, só a teologia era mais importante 
do que a música. Na sua pedagogia, ele defendia uma mescla de estudos clássicos 
com a Bíblia, defendia a educação pública universal obrigatória e confessional e 
propunha um currículo que incluía estudos bíblicos, línguas, gramática, retórica, 
lógica, literatura, poesia, história, música, matemática, educação física e estudos da 
natureza. Para ele, o ensino é uma arte tão importante quanto a pregação. Quanto 
à disciplina, ela deve ser dada com amor e não de forma violenta ou drástica.
Outros educadores da Reforma foram:
 ■ Philipp Melanchthon (1497-1560): foi o braço direito de Lutero, sendo 
astrólogo, astrônomo e educador e a principal referência do luteranismo 
depois de Lutero. Ele escreveu a Confissão de Augsburgo (1530) e cuidou 
da parte prática da instauração do sistema escolar público alemão, inclu-
sive teve forte influência sobre o ensino superior na Alemanha.
 ■ Ulrico Zwínglio (1484-1531): foi teólogo, encabeçando a Reforma na 
Suíça. Embora ele não tivesse inaugurado uma igreja, como Lutero, seus 
pensamentos são muito semelhantes aos do Reformador Alemão, mesmo 
não tendo tido contato com ele, influenciaram muito as igrejas calvinistas.
 ■ João Calvino (1509-1564): formado em direito e teologia, esse reforma-
dor francês exilado na Suíça foi o fundador do calvinismo, embora ele 
mesmo não gostasse do termo. A Igreja Presbiteriana de hoje e todas as 
igrejas reformadas devem muito a ele, principalmente à sua obra magna, 
as Institutas. Ele foi também o criador da Academia de Genebra, uma 
Universidade que se destacava pelo ensino das Artes Liberais, além da 
teologia e que era visitada por pessoas de toda a Europa.
 ■ John Knox (1514-1572): foi teólogo e padre escocês que liderou a re-
forma na Escócia, seguindo a linha do calvinismo. Os seguidores dele 
são chamados de Puritanos. Os puritanos imigraram para colonizar os 
Estados Unidos, fundando as igrejas presbiterianas de lá. Por suas ideias 
calvinistas, Knox foi perseguido e exilado na Inglaterra.
 ■ Os anabatistas: são considerados anabatistas todos aqueles conversos 
da Reforma, de diferentes convicções religiosas e linhas doutrinárias que 
negavam o batismo de criança dos católicos, luteranos e anglicanos e 
pregavam que essas pessoas tinham que ser rebatizadas quando adultas, 
já que o batismo é um ato simbólico que pressupõe que a pessoa esteja 
consciente de seus atos.
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No período pós-reforma, destacam-se alguns pensadores fundamentais para a 
Educação Cristã, citados por Armstrong (1994).
 ■ João Amós Comênio (1592-1670): considerado fundador da didática 
moderna, esse bispo tcheco da Igreja dos Irmãos Morávios tinha uma 
formação eclética de cientista. Além de educador, era escritor. Ele viveu e 
estudou na Polônia e na Alemanha. Foi autor do clássico Didática Magna, 
e desenvolveu ideias inovadoras sobre a educação, como a introdução das 
ciências no currículo e do uso de figuras e ilustrações nos livros didáticos. 
Concebeu ainda uma filosofia da educação chamada Pansofia, que signi-
ficava que tudo deveria ser ensinado a todos. Nesse sentido universalista, 
ele foi precursor do direito internacional e de seus órgãos, como a ONU 
e a UNICEF. Foi o primeiro a escrever um livro didático ilustrado e era a 
favor da introdução das ciências no currículo escolar. Escreveu ainda as 
obras Schola Ludus, Labirinto do Mundo e Mundo Ilustrado.
 ■ Pietismo: movimento que emergiu do luteranismo, negando a sua ex-
trema dependência de confissões frias e pregando a valorização da espi-
ritualidade e da experiência pessoal da conversão. Outros valores são os 
da abnegação e da comunhão entre os cristãos. O pietismo influenciou a 
igreja metodista, os evangelicais e pentecostais, bem como movimentoscarismáticos, além de pensadores ilustres, como Schleiermacher e Imma-
nuel Kant. O movimento teve o seu ápice de 1650 até 1800.
 ■ Philipp Jacob Spener (1635-1705): foi o pai do pietismo. Teólogo alemão 
de linha luterana, ele defendia que a Reforma ainda não havia chegado ao 
seu cumprimento total, que era preciso avivar o movimento, tirando os cris-
tãos do marasmo e do esfriamento espiritual. Instituiu a prática da leitura 
da Bíblia em pequenos grupos e rodas nas casas dos membros da igreja.
 ■ August Hermann Francke (1663-1727): alemão, amigo de Spener, que 
também era teólogo e professor universitário e, além disso, tinha visão para 
a educação, pois começou uma escola na sua igreja para crianças de rua.
 ■ Nikolaus Ludwig Von Zinzendorf (1700-1760) – nascido na Alema-
nha, ele foi reformador na Morávia da linha do pietismo. Foi um teólogo 
que defendia a “religião do coração”, que era uma abordagem menos fria 
do cristianismo e mais atenta às emoções, mas também ao intelecto. Ele 
tinha uma pregação cristocêntrica e valorizava muito o que em alemão 
se chama de Gemeinde, que significa igreja, mas tem a mesma raiz que 
gemeinsam, que é comum, comunhão ou comunidade.
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Será que a Educação Cristã só existiu na Europa? Não, Armstrong (1994) dedica 
várias páginas à Educação Cristã nas Américas, afirmando que os colonizadores 
não distinguiam educação confessional de secular. E estabelece uma distinção 
entre as colônias do Norte, as Centrais e as do Sul.
A Educação Cristã no Norte (Nova Inglaterra) seguiu o puritanismo calvi-
nista: o ensino acontecia no lar, seguindo o sistema da relação aprendiz-e-mestre. 
Havia ainda as Escolas de Dama; Escolas de gramática (antecessoras das escolas 
secundárias); e o Ensino Superior. Em 1636, foi fundada a Universidade de Har-
vard. As Escolas de Dama eram grupos de crianças que se reuniam sob a liderança 
de uma moça solteira, que se dispunha a lhes dar aulas por um pequeno salário. 
Primeiro elas eram informais e depois se tornaram oficiais, sendo que cada po-
voado com x número de crianças tinha que ter uma dessas escolas.
Nas colônias centrais, a Educação Cristã seguia um espírito ecumênico, em que 
predominava a diversidade religiosa. Nessas regiões, o ensino não era tão organiza-
do quanto nas demais. Em 1746, foi fundada a Universidade (presbiteriana) de Prin-
ceton e, em 1755, surgiu a primeira universidade não confessional, na Pensilvânia.
Nos Estados do Sul, quem dominava era a Igreja Anglicana. Não se tinha 
tanta preocupação com a liberdade religiosa quanto com a exploração das ri-
quezas naturais do local. Em 1693, é fundada a Universidade de William e 
Mary, em Williamsburg, Virgínia.
Com o tempo, nos séculos XVII e XVIII, há uma onda de secularismo com a 
Revolução Industrial e Científica, e o avanço da ciência tira o foco da educação so-
bre o cristianismo e faz a igreja perder gradativamente o controle sobre a educação. 
Assim, a Educação Cristã é relegada cada vez mais ao âmbito das igrejas 
e vai se transformando cada vez mais em Escola Dominical, a qual falaremos 
na próxima unidade. 
Desde o século XVIII, as revoluções industrial e científica questionam as 
bases da fé, que são cada vez mais postas em cheque no mundo moderno e 
pós-moderno. A educação secular é tirada da responsabilidade do lar e da igreja 
e é passada para a iniciativa privada e para o governo.
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Aspectos sociais e culturais da educação cristã
A Educação Cristã não é um fenômeno isolado. Ela se insere numa determinada 
sociedade e em uma cultura. Mas o que é sociedade e cultura? Podemos dizer, 
resumidamente, e de acordo com Armstrong (1994), que sociedade é o estado de 
homens e animais que vivem debaixo das mesmas regras.
De acordo com o Dicionário Online, sociedade é:
 “ Reunião de homens e/ou animais que vivem em grupos organizados; corpo social. Conjunto de membros de uma coletividade subordina-dos às mesmas leis ou preceitos. Cada um dos diversos períodos cor-
respondes (sic) à evolução da espécie humana: sociedade primitiva, 
feudal, capitalista. União de várias pessoas que acatam um estatuto ou 
regulamento comum: sociedade cultural (DICIO,[2019], on-line)³.
Portanto, toda sociedade tem uma cultura, que, por sua vez, são “os hábitos, cren-
ças, sistemas de valor e formas de pensamento de determinado povo em dado 
período de tempo” (ARMSTRONG, 1994, p. 83).
E a Educação Cristã, está também inserida na sociedade e na cultura ou é algo 
à parte? O que você acha? De acordo com Armstrong (1994), a Educação Cristã 
deve ser vista como parte do contexto sociocultural. O autor cita o exemplo das 
sociedades latino-americanas, cuja realidade é marcada pelo populismo, crise 
econômica e violência revolucionária, dualismos, síndrome da dependência, cato-
licismo sincrético e falta de planejamento. Uma educação em um contexto como 
esse é bem diferente da educação no contexto europeu ou americano.
Assim, a educação como um todo e também a cristã é condicionada pela cul-
tura e, por seu turno, também pode influenciar a mesma. Nesse contexto, a igreja, 
que é a mantenedora da Educação Cristã, tem o dever de aculturar-se e se tornar 
agente de mudança, principalmente, mas não só, pela evangelização. Será que a 
educação é o melhor instrumento evangelístico? Ou, reformulando a pergunta, será 
que o evangelismo é a principal finalidade de uma educação que se queira cristã? O 
que podemos aprender do mundo secular na nossa pedagogia cristã? Certamente 
muitas coisas, principalmente, as que nos vêm das ciências. Sem entrarmos aqui na 
psicologia da educação, abordada pelo autor, interessa-nos a filosofia.
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Aspectos filosóficos da educação cristã
Armstrong (1994) menciona três filosofias clássicas e várias contemporâneas:
Idealismo: o idealismo é a filosofia que tem o foco no subjetivismo. O mundo 
das ideias é o que determina todas as coisas. Então, o que importa é o mundo 
interior e perceptivo da pessoa, ao invés da realidade externa. Um dos pensadores 
que inspirou o idealismo foi Platão, para quem o mundo das ideias é o mundo 
real, enquanto o mundo objetivo não passa de ilusão. Para se ser bom, é necessário 
e suficiente entender a ideia de bem. Para o idealista, se está havendo um incêndio 
na Amazônia e ninguém viu, ele não existe.
De acordo com Armstrong (1994), essa é a escola mais antiga de que se tem 
notícia. Ela não nega a realidade material, mas a considera inconstante e instável, 
ao contrário das ideias. Cada objeto físico corresponde a uma ideia, que é consi-
derada mais real que aquele.
Realismo: é o oposto do idealismo. O que determina todas as coisas é a 
realidade objetiva. Ela é dada de fora do ser humano. Para essa corrente, a 
realidade independe da percepção, crenças e pontos de vista do ser humano.
Pragmatismo: o pragmatismo valoriza a utilidade das coisas em seus des-
dobramentos práticos. Costumamos dizer que uma pessoa é pragmática quando 
ela é prática e pensa em termos utilitaristas.
As conclusões que se pode tirar do livro de Armstrong (1994) e para além 
dele é que a Educação Cristã não é reservada à escola dominical e à educação 
teológica. Essa redução tem se intensificado através dos séculos até os nossos dias. 
Questões como o ensino da sexualidade e das teorias da origem do homem tem 
dividido cada vez mais o ensino de base cristã do ensino secular.
A educação cristã é cada vez mais convidada a participar do diálogo mais 
amplo com a educação religiosa, para garantir a liberdade religiosa e a luta contra 
os preconceitos e conflitos inter-religiosos.
Outra abordagem bem distinta dos fundamentos teológicos da Educação Cristã 
é apresentada por Zabatiero (2009). Ele lembra, nesse sentido, do que Moltman 
dizia sobre a cidadania, de que como igreja somos chamados a lutar pelos direitos 
dos excluídos e das minorias. Esse é o verdadeiro compromisso do educador cris-
tão, que faz coro com as ideias de Paulo Freire, as quais nos dedicaremos emoutro 
momento e que, por mais que tenha sido rejeitado pela ala mais conservadora da 
igreja, tem bases inegavelmente cristãs para o que disse sobre a educação.
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Não é curioso que cristãos se opõem justo àquelas filosofias que são cópia dos seus 
princípios? Ao mundo secular só resta imitar o cristão. Então, é preciso deixar de ficar 
na defensiva e partir para a separação do joio e do trigo do que os seculares dizem sobre 
temas relevantes como a educação.
pensando juntos
Foi o cristianismo que chamou a atenção para esse elemento da cultura e ele não 
vai perder a sua posição só porque há imitações realmente baratas para o que a 
Bíblia já diz há séculos!
E a cidadania é um valor secular que tem raízes bíblicas e teológicas profundas 
no conceito de liberdade, como nos faz lembrar Zabatiero (2009, p. 7):
 “ Viver a cidadania é viver de forma responsável a liberdade, pois cidadão é quem participa ativa e decisivamente da polis, do seu mun-do. Cabe, portanto, repensar a concepção de liberdade que anima a 
cidadania. Liberdade não pode ser apenas a liberdade individual de 
fazer o que se deseja, nem a liberdade política da comunidade civil na 
democracia e no mercado. Ainda conforme Moltmann, “liberdade é a 
paixão criativa pelo possível. Liberdade não é apenas voltada para as 
coisas como elas são, como na dominação. Nem é direcionada apenas 
à comunidade de pessoas como elas são, como na solidariedade. Ela 
se direciona para o futuro, pois o futuro é o campo desconhecido das 
possibilidades, enquanto o presente e o passado representam esferas 
familiares de realidades. [...] Assim, como Martin Luther King, temos 
visões e sonhos de outra vida, uma vida curada, justa e boa. Explora-
mos as possibilidades do futuro a fim de realizar esses sonhos, visões e 
projetos. Todas as inovações culturais e sociais pertencem a essa esfera 
de liberdade para o futuro. [...] Até agora temos entendido a liberdade 
ou como um domínio – a relação de um sujeito com objetos – ou 
como comunidade, na relação de sujeito a sujeito. Mas em relação a 
projetos, liberdade é um movimento criativo. Qualquer pessoa que em 
pensamento, palavra e ação transcenda o presente na direção do futuro 
é verdadeiramente livre. O futuro é o livre espaço da liberdade criati-
va. [...] Liberdade, como um transcender em direção às possibilidades 
do futuro, é uma função criativa. [...] É um acontecer. Somente temos 
nossa liberdade criativa no processo de libertação. Nunca somos livres 
de uma vez por todas, mas continuamente nos tornamos livres. 
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Além da questão da liberdade e da cidadania, outra base teológica da educação 
cristã é a identidade. A educação sempre foi uma fomentadora da identidade do 
sujeito e de sua assunção como ser diferenciado dos demais. Quem é meu alu-
no? Que aluno eu quero formar? É a pergunta que o educando é chamado a se 
fazer por todo o processo de educação. E essa pergunta o remete a se perguntar 
também, em última instância: que tipo de educador sou eu? Ou quem sou eu? O 
educador que não se fizer, constantemente, essa pergunta (eu não diria que ela 
seja respondida definitivamente, pois ninguém se conhece plenamente e todos 
mudam com o passar do tempo), também não vai poder ajudar o seu aluno a 
formar a sua própria identidade.
Qual seria a identidade distintamente cristã? É essa identidade que o educador 
cristão tem a missão de construir. E isso exige algumas características do educador:
 “ Construir a identidade cristã no processo educacional da igreja de-manda edificar pessoas que sejam: (a) fiéis a Deus em seu projeto para a criação; (b) solidárias com as vítimas do progresso e do desen-
volvimento econômico e tecnológico de nossos dias; (c) capazes de 
exercer discernimento crítico em relação à sua própria comunidade 
e denominação, não se deixando submeter ao ensimesmamento ins-
titucional a que estão entregues (ZABATIERO, 2009, p. 8).
Outro aspecto teológico da educação cristã abordado por Zabatiero (2009) é o da 
vitalidade. Somos a favor da vida, acima de tudo. Jesus negou a morte e dizia que 
temos vida, a partir da negação dessa mesma vida. O que é educar para a vida? 
Não é ser positivo e buscar as coisas que motivam e predispõe à experiência e à 
vivência? Nossa prática educativa deve ser viva e vivificante, no sentido de ser 
dinâmica e tocada pelo elán vital.
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A ecologicidade é, também, outro valor teológico atribuído por Zabatiero 
(2009) à educação cristã. Não devemos pensar na natureza como dominadores 
antropocêntricos, mas como colaboradores:
 “ Educar para a ecologia demanda das comunidades cris-tãs que se abram à integralidade do agir recriador de Deus, que ultrapassem as fronteiras do antropocentrismo mo-
derno e derrubem as fortalezas da morte que se escon-
dem sob o manto do desenvolvimento e da livre-iniciativa. 
Que tal você desenvolver essas ideias, formulando projetos bem 
concretos de como vivenciar as novas metáforas da educação cristã 
– metáforas, de fato, do que significa ser cristão no mundo de hoje 
(ZABATIERO, 2009, p. 10). 
Para finalizar esse tópico, proponho que leia o seguinte trecho da proposta de 
Educação Cristã da Convenção Batista Brasileira e reflita sobre as bases teológicas 
para se traçar o perfil do educador cristão e de seu egresso.
 “ Um acurado estudo das virtudes cristãs como, por exemplo, as bem-a-venturanças (Mt 5.1-12); fruto do espírito (Gl 5.22,23); matéria-prima do pensamento (Fp 4.8) indicará o perfil que aspiramos formar em 
nossos alunos: humildes de espírito, sensíveis (os que choram), man-
sos, têm fome e sede de justiça (retidão), misericordiosos, limpos de 
coração, pacificadores, corajosos a ponto de serem perseguidos por 
causa da justiça, amorosos, alegres, benignos, bondosos, fiéis, autocon-
trolados, amantes da verdade, respeitáveis, justos, possuidores de boa 
fama, virtuosos, louvadores etc. Enfim, a educação deverá, não apenas 
dar INformação ao aluno sobre a Bíblia, mas oferecer FORmação de 
seu caráter e de sua vida na igreja e no mundo, bem como promover 
uma TRANSformação do que precisa ser redimido pelo evangelho 
em sua vida total (CBB, [2019], on-line, p. 5)4. 
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FUNDAMENTOS 
BÍBLICOS
da Educação Cristã
De acordo com Armstrong (1994, p. 108), as três passagens que mais importam 
à Educação Cristã são:
1. Deuteronômio 6, 4-9
 “ Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu cora-ção, de toda a sua alma e de todas as suas forças. 
Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. 
Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre 
elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andan-
do pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar.
Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. 
Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões. 
Essa espécie de Credo dos judeus, o chamado Shemá, é considerada um dos tex-
tos mais importantes para os judeus e incita à interiorização da palavra de Deus 
através da educação. Essa inculcação acontece principalmente no lar, com os pais, 
mas também através de símbolos e rituais como o Mezuzá e no contexto da vida.
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 “ Em resumo, o Shemá ensina que a instrução do povo de Deus nas verdades divinas se faz de três maneiras principais: com um modelo ou exemplo, com relações interpessoais, e dentro do contexto da 
vida. (ARMSTRONG, 1994, p. 109)
1. Lucas 6.40
“O discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem prepa-
rado será como o seu mestre”.
O texto parece desconexo do restante que fala das bem-aventuranças no ser-
mão da planície de Lucas, que tem paralelos com o sermão do monte de Mateus. 
Veja a explicação dada por Armstrong (1994, p. 110), que aplica a passagem à 
Educação Cristã:
 “ A passagem nos passa três lições que nos aju-dam em nossa busca de uma teologia da educação: 1. Aquele que segue a Cristo

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