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TERAPIAS-DE-CASAL-E-FAMÍLIAS-COM-SITUAÇÕES-ESPECÍFICAS (3)

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 EPISTEMOLOGIA DO PENSAMENTO SISTÊMICO E A TERAPIA 
FAMILIAR SISTÊMICA ............................................................................................... 4 
2.1 A perspectiva do desenvolvimento familiar .......................................... 6 
3 TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA E DE CASAL ....................................... 11 
4 A ESCOLHA DO PARCEIRO ................................................................... 15 
4.1 Aspectos gerais sobre casais ............................................................. 18 
4.2 O significado do casamento ............................................................... 20 
4.3 A conjugalidade e o amor romântico .................................................. 22 
5 A FAMÍLIA DE ACORDO COM A TEORIA SISTÊMICA ........................... 24 
5.1 Funcionamento e dinâmica familiar .................................................... 26 
6 FATORES QUE PROVOCAM RESILIÊNCIA E/OU VULNERABILIDADE 
ÀS FAMÍLIAS ............................................................................................................ 29 
6.1 Conflito no pós-divórcio ...................................................................... 31 
6.2 Coparentalidade em situação de divórcio........................................... 36 
7 O POSICIONAMENTO DO TERAPEUTA E CLIENTE NA VISÃO 
SISTÊMICA ............................................................................................................... 41 
7.1 Características da intervenção da terapia familiar sistêmica .............. 47 
7.2 Terapia Familiar, co-terapia, equipe terapêutica e técnicas de 
intervenção 50 
7.3 Processo de terapia conjugal ............................................................. 52 
8 Bibliografia ................................................................................................ 59 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 EPISTEMOLOGIA DO PENSAMENTO SISTÊMICO E A TERAPIA FAMILIAR 
SISTÊMICA 
 
Fonte: desenvolviver.com 
O pensamento sistêmico originou-se no período pós-Segunda Guerra Mundial 
do século XX como um paradigma alternativo associado à ciência tradicional. 
Segundo Vasconcellos (2002 apud BOING; 2012), o pensamento sistêmico significa 
compreender fenômenos complexos e suas relações no contexto, ao invés de 
encontrar relações simples de causa e efeito entre as partes. É uma série de 
desenvolvimentos teóricos e aplicado a partir de diferentes áreas do conhecimento, 
como denominador comum, o conceito de sistema é entendido como um “todo” cujas 
propriedades surgem da organização das relações entre as partes que o compõem. 
O pensamento sistêmico baseia-se na teoria geral dos sistemas, que se 
originou na biologia e propõe fórmulas gerais sobre a organização e função dos 
sistemas vivos, na cibernética, para compreender a existência de comportamentos 
autorreguladores por meio de feedback negativo e positivo, e estudar o controle e 
comunicação de máquinas e organismos dos seres vivos. Segundo Vasconcelos 
(2002 apud BOING; 2012), os pressupostos básicos do pensamento sistêmico são 
complexidade, instabilidade e intersubjetividade. 
 
 
5 
 
A complexidade sugere a necessidade de contextualizar os fenômenos e 
identificar a causalidade recursiva, contrariando a ideia de explicar os fenômenos pela 
simplificação da causalidade linear. Dado que fenômenos complexos devem ser 
imprevisíveis e incontroláveis, a instabilidade é caracterizada pela compreensão de 
que "o mundo está tomando forma". A intersubjetividade sugere que a realidade 
depende do observador, interfere nos fenômenos observados e participa da 
construção da realidade. Com base nesses pressupostos básicos, pode-se entender 
que a existência de interações ou relacionamentos entre os componentes do sistema 
é essencial para identificar a existência do sistema como uma entidade, distinguindo-
o de simples agregações de partes independentes, BOING; (2012). 
Conforme a epistemologia do pensamento sistêmico sustenta estudos e 
pesquisas em múltiplas áreas do conhecimento e, no campo da psicologia, sustenta 
a abordagem da terapia familiar sistêmica. Segundo Papp (1992 apud BOING; 2012), 
os terapeutas familiares cujo trabalho é baseado no pensamento sistêmico entendem 
que nenhum evento ou parte do comportamento leva a outro evento ou parte do 
comportamento, mas está ligado a muitos outros comportamentos de forma circular. 
Para Minuchin (1982 apud BOING; 2012), a terapia familiar concebe o ser 
humano como um membro ativo e reativo aos outros seres humanos e aos 
grupos sociais, não como um ser isolado. 
Adolfi (1996 apud BOING; 2012) considera os seguintes aspectos relevantes 
para a aplicação da compreensão sistêmica à família e à terapia familiar: a família 
como sistema transformar-se e abrir-se continuamente para atender aos requisitos 
das diferentes etapas do seu ciclo de desenvolvimento, a propensão de equilíbrio 
homeostático e a capacidade transformadora da família, que possibilita a contradição 
dando continuidade para o desenvolvimento do crescimento psicossocial de cada 
membro e de todo o sistema familiar, e também podemos dizer que a família é um 
sistema autorregulado onde as tensões internas ou externas podem causar um 
impacto de tal maneira, que os membros da família precisam se adaptar. 
Nesse sentido, o trabalho do terapeuta relacional com a família torna-se uma 
narração, um tipo de texto que o terapeuta relacional e a família contribuem 
para escrever. Isto consiste em criar um contexto de escuta e acentuar as 
capacidades que os indivíduos têm de dialogar com o objetivo de criar um 
novo enquadramento e gerar uma nova perspectiva (ANDOLFI, 1996, p.13 
apud BOING; 2012). 
 
6 
 
Essa maneira de perceber a família e a terapia familiar, de acordo com uma 
estrutura sistemática, permite que os terapeutas analisem as relações, processos e 
contextos em que as crenças e valores familiares surgem, mantêm e se transformam. 
Dessa forma, a terapia familiar é considerada a prática do cliente e do terapeuta 
trabalhando juntos para construir mudanças a fim de restaurar o funcionamento do 
sistema familiar, BOING; (2012). 
2.1 A perspectiva do desenvolvimento familiar 
A pesquisa que integra o ciclo vital familiar com o desenvolvimento humano 
sempre foi foco de pesquisas na perspectiva do desenvolvimento familiar. Este campo 
da psicologia estuda as famílias ao longo do ciclo de vida familiar, o foco é na estrutura 
e dinâmica familiar, bem como nas funções e tarefas que a família deve desempenhar 
em cada estágio, dependendo do período específico de desenvolvimento como grupo 
e do desenvolvimento individual de seus membros. (Kreppner, 2000; Kreppner & Von 
Eye, 1989; Carter & McGoldrick, 1995; Dessen, 1997;Dessen & Lewis, 1998 apud 
WENDT; 2006). 
A perspectiva do desenvolvimento familiar e a perspectiva bioecológica são 
derivadas da teoria de sistemas e são amplamente utilizadas no campo da terapia 
familiar (Minuchin, 1982; Andolfi, Angelo, Menghi & Nicolo-Corigliano, 1984; Papp, 
1992; Carter e McGoldrick, 1995; Vasconcellos, 2002 apud WENDT; 2006). 
A partir do final da década de 1970, tornou-se comum a necessidade de uma 
perspectiva ecossistêmica para compreender o desenvolvimento humano e as 
interações familiares (Feiring & Lewis, 1978; Belsky & Russell, 1985; Bronfenbrenner, 
1986; Minuchin, 1982; Minuchin, 1985; Minuchin, Colapinto e Minuchin, 1999; Desen, 
1992; Desen e Lewis, 1998; Cowan e Hetherington, 1991; Kreppner, 2000 apud 
WENDT; 2006). 
Para Minuchin (1985 apud WENDT; 2006), a terapia familiar e a psicologia do 
desenvolvimento são semelhantes, pois as duas veem a família como o principal foco 
para a compreensão do comportamento humano e disponibiliza um meio de 
conceituar a relação entre indivíduo e a família. Os autores argumentam que alguns 
princípios da teoria dos sistemas são particularmente consideráveis para as pesquisas 
 
7 
 
de desenvolvimento e resultam em alterações induzindo em mudança na forma 
tradicional de pensar sobre o desenvolvimento humano, incluindo: 
 
 Qualquer sistema é um todo organizado, e elementos 
dentro do sistema são necessariamente interdependentes: 
este princípio sustenta que os dados relacionados aos elementos 
coletados fora da circunstância são fragmentados e inválidos. No 
campo de pesquisa, o contexto está se referindo ao potencial que 
este tem no sentido de dados e na significação, como no 
desenvolvimento de diferentes e possíveis leituras dessa 
dimensão e representação dos mesmos. (Moré e Crepaldi, 2004 
apud WENDT; 2006). Feiring e Lewis (1978 apud WENDT; 2006) 
e Minuchin (1985 apud WENDT; 2006) ressaltam que a família é 
o contexto mais importante para a compreensão do 
funcionamento humano, e suas pesquisas se concentram em 
padrões de relacionamentos que se desenvolvem e se mantêm 
dentro da família ao longo do tempo, enquanto Bronfenbrenner 
(1986 apud WENDT; 2006) se concentra em influências do 
ambiente externo e sobre esses padrões. Esses padrões 
estabelecem o desenvolvimento e o comportamento dos 
membros do sistema familiar, de tal forma que nenhum deles 
podem ser entendidos ou estabelecidos como verdadeiramente 
independente, mas como sujeitos que precisam ser vistos e 
visualizados dentro do contexto. 
 
 Os padrões em um sistema são prioritariamente circulares: 
Do ponto de vista dos sistemas, os modelos de interação 
envolvem um ciclo de feedback recursivo no qual, cada elemento 
influencia um ao outro e é influenciado pelo outro. Assim, as 
interações entre os dois os elementos da família são influenciadas 
por interações envolvendo outros membros da família, WENDT; 
(2006). 
 
 
8 
 
 Os sistemas têm fatores homeostáticos que mantêm a 
estabilidade de seus padrões: Corrigir comportamentos que 
diferem daqueles esperados pelos padrões familiares por meio de 
feedback corretivo que re-estabiliza o equilíbrio familiar e permite 
relações estáveis entre os membros e entre eles e o meio 
ambiente. Esses processos fazem parte da autorregulação 
familiar e são amplamente adaptativos. O conceito de 
homeostase também afeta os indivíduos quando aplicado aos 
sistemas familiares. Isso porque a regulação de certas 
características pessoais – por exemplo, a autonomia de uma 
criança – pode ser um fator homeostático na família, várias ações 
de diferentes pessoas manterão essas características dentro dos 
limites sem colocar o sistema em risco, protegendo-o de 
mudanças que possam atrapalhar sua organização. 
 
 Evolução e mudança são inerentes aos sistemas abertos: 
Os lares familiares são descritos como sistemas abertos, ou seja, 
sistemas em constante troca com o seu entorno, onde a mudança 
e a reorganização fazem parte do ciclo de vida. Essa mudança é 
caracterizada por uma reorganização na qual, todos os membros 
do sistema participam, porque uma mudança em uma parte do 
sistema pode afetar todas as outras partes e todo o sistema. 
Desta forma, o ciclo de vida pessoal e o ciclo de vida familiar se 
cruzam de maneiras complexas. 
 
 Sistemas complexos são compostos de subsistemas: 
De acordo com Minucia (1985 apud WENDT; 2006), cada sujeito 
pode ser considerado um subsistema. No entanto, a terapia familiar 
tem a sua atenção voltada para as unidades maiores, como por 
exemplo o subsistema parental (mãe-pai), o subsistema da relação 
conjugal (esposo- mulher que, no caso de famílias divorciadas e 
recasadas, podem incluir indivíduos distintos do subsistema 
parental), subsistema feminino, subsistema masculino, subsistema 
 
9 
 
avós-netos e subsistema fraterno (irmãos), subsistema pais-filhos 
(pai e filhos ou mãe e filhos) e outros. De acordo com Feiring e Lewis 
(1978 apud WENDT; 2006), entender os subsistemas não é suficiente 
para entender o funcionamento de todo o sistema, porque a natureza 
das interações dentro dos subsistemas é significativamente diferente 
de quando os participantes dos subsistemas estão sozinhos, de 
quando outro membro da família está presente. Dessen (1992 apud 
WENDT; 2006) enfatizou que os relacionamentos em cada 
subsistema são únicos e é necessário comparar o processo de 
estabelecimento e modificação do esquema relacional em cada 
subsistema. 
 
 Os subsistemas inseridos num sistema mais amplo são separados 
por fronteiras e as interações por meio das fronteiras são 
governadas por regras e padrões implícitos: 
Os subsistemas são metaforicamente separados por limites e fronteiras, 
que se referem ás regras e processos entre os subsistemas em relação 
ao ambiente familiar. As interações humanas com e entre os 
subsistemas são reguladas por padrões repetitivos e estáveis que são 
criados e sustentados por todos os membros participantes e mudam com 
passar do tempo devido a fatores externos ou de desenvolvimento. Além 
do mais, considera-se a família como um sistema que é interligada a 
uma rede social mais ampla, que pode afetar positiva ou negativamente 
o funcionamento dentro da família. 
Nesta pesquisa, adota-se a concepção de família de Andolfi et al (1984, p. 18 
apud WENDT; 2006) que resume os princípios expostos por Minuchin aqui 
apresentados afirmando que a família é um sistema ativo em constante 
transformação, que se altera com o passar do tempo para assegurar a 
continuidade e o crescimento psicossocial de seus membros componentes. 
Esse processo dual de continuidade e crescimento permite o 
desenvolvimento da família como unidade e, ao mesmo tempo, assegura a 
diferenciação de seus membros. A necessidade de diferenciação, entendida 
como a necessidade de autoexpressão de cada indivíduo, funde-se com a 
necessidade de coesão e manutenção da unidade no grupo com o passar do 
tempo. 
 
 
10 
 
Quando transferidos para o campo do desenvolvimento infantil, os seis 
princípios-chaves mencionados acima, provocaram algumas mudanças, 
principalmente no que diz respeito ao conceito de desenvolvimento, à definição de 
unidades de análise, à compreensão dos períodos de transição etc. (Minuchin, 1985 
apud WENDT; 2006). 
Dessa forma, o conceito de desenvolvimento na perspectiva ecossistêmica é 
diferente da perspectiva tradicional, que vê o desenvolvimento como um processo que 
perpassa todo o ciclo de vida, no qual nenhuma etapa é mais crítica ou proeminente 
na geração de mudanças e do desenvolvimento, (Hetherington e Baltes, 1988 apud 
WENDT; 2006). 
De acordo com os autores, durante o processo de desenvolvimento, o ser 
humano vivencia períodos sensíveis em que o organismo é particularmente 
responsivo a determinados tipos de experiências, ou durante os quais a solução de 
um conjunto de tarefas do desenvolvimento se mostra maisadequada e o ajuda a 
enfrentar a necessidade subsequentes demandas do seu desenvolvimento, WENDT; 
(2006). 
 De acordo com Parke (1988 apud WENDT; 2006), múltiplas trajetórias de 
desenvolvimento coexistem nas famílias, e estas precisam ser consideradas em 
conjunto para que possam ser visualizadas as trajetórias afetadas pelas mudanças no 
desenvolvimento infantil e também as que são afetadas pelas mudanças nas 
trajetórias de desenvolvimento do adulto. 
Conforme os autores, respeitar a instituição familiar é considerar como um 
grupo que se desenvolve simultaneamente requer focalizar os indivíduos dentro do 
sistema familiar como um todo e reconhecer as inter-relações entre as subunidades 
dentro do sistema familiar, como as díades e tríades do grupo familiar, WENDT; 
(2006). 
 
11 
 
3 TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA E DE CASAL 
 
Fonte: minutopsicologia.com.br 
A terapia familiar é um método psicoterapêutico utilizado como intervenção em 
terapia combinada com vários elementos do sistema parental. No que diz respeito à 
terapia familiar, Sampaio (1984 apud ARAUJO; 2017) aponta que não se trata de 
psicoterapia para grupos familiares, mas para famílias, ou seja, focando 
principalmente no modo de parentalidade, ao invés de ser para ajustar a família a uma 
definição predeterminada. A terapia de casal pode ser vista como um caso especial 
de psicoterapia familiar. 
Para Lemaire (1982 apud ARAUJO; 2017), as indicações para terapia de casal 
estão relacionadas principalmente quando há um padrão de funcionamento conjugal 
em que a codificação entre os casais se torna mais complexa, e eles funcionam de 
forma simbiótica ou, inversamente, se protegem fortemente de tudo que possa 
ameaçar o comportamento simbiótico. 
Na terapia familiar, o conceito de família é amplamente utilizado e inclui todos 
os elementos importantes do contexto em que se insere a intervenção. Concentra –
se no centro familiar, porque pode intervir na família, mas também porque vê a família 
como uma unidade importante e duradoura que reconhece a importância do indivíduo. 
Devido ao relacionamento, em relação aos aspectos biológicos, emocionais que o 
caracterizam, e por fim as regras específicas que regem seu relacionamento. 
Machado (2012 apud ARAUJO; 2017) afirma que as intervenções da terapia familiar 
 
12 
 
sistêmica são baseadas na família como um sistema, constituído por elementos 
interdependentes e que se reforçam mutuamente. 
Segundo Guntern (1982 apud ARAUJO; 2017), ele pode resumir os princípios 
básicos e fundamentais da terapia familiar sistêmica em Família é um sistema 
aberto, em relação dinâmica com a comunidade circundante. Através de duas 
tendências fundamentais: a tendência para a homeostasia, através da qual 
mantêm o seu equilíbrio; e a propensão para a transformação, pela qual o 
grupo familiar desenvolve processos de adaptação e mudança no decurso 
das suas crises regulares (formação do casal, nascimento dos filhos, 
adolescência e saída de casa destes, velhice, morte, etc.). Existem famílias 
dotadas de grande tendência homeostática e pequena capacidade de 
transformação que justamente não são capazes de modificar seu modo de 
funcionamento e propiciam o terreno frágil para a formação de sintomas 
psicológicos. Os subsistemas dentro da família (por exemplo, o subsistema 
parental) são definidos pelos seus limites e existem regras de funcionamento 
intrafamiliares que decidem as tarefas. 
A família hoje pode ser vista, como um sistema equilibrado, e é o acordo de 
funcionamento familiar que mantém esse equilíbrio. Quando, por algum motivo, esses 
protocolos são quebrados, entram em jogo meta-regras, que são normas previamente 
impostas para restabelecer o equilíbrio perdido. As terapias desenvolvidas a partir 
desta abordagem ressaltam as mudanças no sistema familiar, e se dão principalmente 
por meio da reorganização da comunicação entre os membros da família, 
(GUNTERN,1982 apud ARAUJO; 2017). 
Assim, para Guntern (1982 apud ARAUJO; 2017 apud ARAUJO; 2017), o 
sistema familiar é afetado pela mudança social como parte de um conjunto maior. As 
vitórias das mulheres facilitaram muitas mudanças na estrutura familiar, e essas 
conquistas colocaram em questão a estrutura tradicional em que os homens eram as 
figuras de autoridade, pois, as mulheres lutavam por mais autonomia para tomar suas 
próprias decisões, e é a partir daí, que novos arranjos familiares se tornam possíveis. 
No entanto, na visão de Carneiro (1996 apud ARAUJO; 2017), o passado é 
descartado como questão central, uma vez que o foco está nos padrões de 
comunicação atuais. Quando se considera que a família tem organização e estrutura, 
a unidade de tratamento, passa de duas para três ou mais. O ponto é parte da 
analogia o sistema é relativo a outras partes, então a comunicação analógica é mais 
valorizada do que a comunicação digital. 
 Carneiro também enfatiza que os terapeutas sistêmicos evitam explicações 
porque acreditam que novas experiências – no sentido de novos comportamentos que 
levam a mudanças no sistema familiar – são responsáveis pelas mudanças. Nesta 
 
13 
 
lógica, o uso de prescrições em sessões de terapia para alterar padrões de 
comunicação e resoluções fora da sessão pretende estimular uma gama de 
comportamento de comunicação em grupos familiares. Há uma relevância de uma 
concentração com o problema atual, mas não é apenas um sintoma, ARAUJO; (2017). 
Quando existe um elemento portador de um sintoma psicológico, deve ser 
considerado no seu contexto familiar e social, como sinal de uma instabilidade 
no sistema. Este elemento é tratado em sessões conjuntas com a sua família 
e/ou elementos significativos do seu universo relacional. Como foi afirmado 
anteriormente não se trata de uma terapia individual perturbada pela 
presença de outras pessoas, porque a epistemologia usada deve ser 
radicalmente diferente; (BLOCH & RAMBO, (1995/1998); NICHOLS & 
SCHWARTZ, 2007 apud ARAUJO; 2017). 
Esses conceitos permanecem uma referência em todas as discussões e 
desenvolvimentos teóricos posteriores em Bloch & Rambo (1995/1998 apud ARAUJO; 
2017). Por este ângulo, vale a pena mencionar uma formulação teórica inicial que teve 
forte influência na interpretação da dinâmica familiar, nomeadamente em função dos 
sintomas. 
Os sintomas presentes nos familiares podem ter a função de estabilizar o 
movimento de mudanças iminentes, restabelecendo assim a homeostase anterior 
(equilíbrio). O comportamento sintomático é visto como uma resposta necessária e 
apropriada ao se envolver em uma comunicação que é psicologicamente prejudicial 
para a família e todo o sistema, (MACHADO, 2012 apud ARAUJO; 2017). 
Assim, o sintoma teria uma função homeostática, que fez com que se 
buscasse olhar o fenômeno muito além da queixa individual. Poderíamos 
dizer que o sintoma beneficiaria a interação familiar (NICHOLS & 
SCHWARTZ, 2007 apud ARAUJO; 2017). Deste modo, Neuburger (1988 
apud ARAUJO; 2017) resumiu essa posição numa sentença: um membro 
familiar tem um sintoma, ele pertence à família. 
Segundo Neuburger (1988 apud ARAUJO; 2017), essa visão conceitual é 
bastante antiga na atualidade, pois entre eles se estabelecem causalidade e 
competição. O aparecimento dos sintomas e suas funções reguladoras podem levar 
a posturas de confronto entre terapeutas e familiares. Os terapeutas hoje estão mais 
preocupados em construir relacionamentos mais colaborativos com o sistema. 
 
 
 
 
14 
 
Neste ponto de vista, o objetivo da Terapia Bowen é reduzir o foco nos sintomas 
e aprofundar a motivação do processo familiar. Um importante efeito terapêutico 
é incentivar os membros da família a valorizar o caminho da autodescoberta. Assim, 
Bowen (1976 apud ARAUJO; 2017) argumenta que as relações interpessoais são 
estimuladas por duas forças equilibradas: a individualidade e a proximidade. 
As dificuldades surgem quando as famílias se polarizam emum desses fatores. 
De acordo com o que foi exposto acima, são analisados e observados tais fatores nos 
processos terapêuticos, fatores esses como: diferenciação do "eu" (revisado acima), 
triângulo emocional, (onde Bowen está muito preocupado e intensificado com o 
terapeuta para não ser triangulado pela família), família nuclear, métodos de projeção 
parental, procedimentos de transmissão multigeracional, posição de nascimento do 
irmão, interrupção do processamento emocional e social, ARAUJO; (2017). 
Na terapia familiar de Bowen, podemos dizer que um de seus principais 
objetivos abrangentes é dar às pessoas a oportunidade de aprender mais sobre si 
mesmas e seus relacionamentos, para que possam assumir a responsabilidade por 
suas ações. Assim sendo, Bowen (1976 apud ARAUJO; 2017) acrescenta que é 
necessária uma atenção redobrada ao processo e à estrutura familiar. Esses 
processos envolvem padrões de respostas emocionais e a estrutura de redes 
triangulares interligadas. 
 Mais especificamente, na terapia de casais, os objetivos principais são 
baseados em aumentar o foco em "eu", reduzindo as respostas emocionais e 
modificar padrões disfuncionais. A terapia familiar de Bowen ajuda os familiares e 
cônjuges a enfrentar suas limitações e possibilidades, avaliá-las por meio de 
perguntas reflexivas e investir em ferramentas tecnológicas, como o uso de mapas 
genéticos. Para Bowen, é uma forma de avaliação na terapia. (Bowen valoriza o 
legado familiar e seu impacto na família.), ARAUJO; (2017). 
 
15 
 
4 A ESCOLHA DO PARCEIRO 
 
Fonte: saudebemestar.pt 
Não existe possibilidade de casar com o outro, se não casarmos antes com 
nós mesmos. Conjugar o verbo amar exige capacidade extremamente 
complexa de, ao legitimar-se na própria singularidade, legitimar a existência 
do outro. (COLOMBO, 2006, p.35 apud BÚRIGO; 2010). 
A paixão é uma das muitas maneiras de iniciar um relacionamento amoroso e, 
uma vez bem-sucedida, pode se transformar em um relacionamento mais sério. As 
pessoas muitas vezes se perguntam o que faz uma pessoa se apaixonar de repente 
ser tão intenso por alguém que você não conhece bem, ou melhor, intimamente. Esta 
escolha, ostensivamente livre e espontânea, compreende-se essencialmente ao longo 
da vida, no quotidiano do casal, BÚRIGO; (2010). 
 Segundo Pincus & Dare (1981, p.36 apud BÚRIGO; 2010), essa seleção de 
parceiros acontece de forma rápida, e por ser "baseada em conhecimento consciente 
relativamente pequeno, à medida que se torna aparente, requer complementaridade 
e ajuste de personalidade". 
Ângelo (1995 apud BÚRIGO; 2010) apontou que essa escolha ocorre com 
"atenção seletiva" ou "desatenção seletiva", dependendo se é importante ou 
não importante para o indivíduo. A escolha do parceiro expressa um jogo 
extremamente sutil e sofisticado, em que a atenção culturalmente induzida 
para perceber elementos específicos de interesse no aspecto ou 
comportamento de determinada pessoa é acompanhada de uma 
“desatenção” igualmente seletiva por todos os elementos de seu caráter e do 
relacionamento com essa pessoa que poderia tornar a relação problemática. 
(p.47). 
 
16 
 
Outro mecanismo identificado como influenciador na escolha do parceiro é o 
chamado mecanismo de projeção, no qual os indivíduos atribuem sentimentos e 
pensamentos internos a pessoas e objetos. Esses processos são normais em todos 
os relacionamentos, principalmente naqueles mais ligados emocionalmente. De 
acordo com R. D. Laing (apud PINCUS & DARE, 1981, p.37 apud BÚRIGO; 2010), 
"Cada parceiro se esforça para encontrar o outro, ou induzir o outro a se tornar 
parceiro e cooperar um com o outro, seja personificação de alguém que precisa de 
cooperação para complementar a identidade que sente obrigado a manter". 
Visto isso, a escolha do parceiro pode ser também motivada pela família de 
origem ou família extensa e seus padrões funcionais. Por várias razões, algumas 
pessoas procuram um parceiro com história, cultura e núcleo familiar semelhantes, 
enquanto outras escolhem alguém com cultura, história de vida e família opostas. 
Essas regras opostas que parecem governar a escolha do parceiro são referidas por 
Miermont (1994 apud BÚRIGO; 2010) como “o semelhante atrai o semelhante” e 
heterogamia “os opostos se atraem”. 
Conforme Eiguer (apud MIERMONT, 1994 apud BÚRIGO; 2010), a escolha do 
parceiro é o organizador da relação familiar. De acordo com isso, Angelo (1995, p.49 
apud BÚRIGO; 2010) defende que "quanto menos elementos de conflito não resolvido 
na família de origem, mais "livre" é a escolha dos parceiros, no sentido de que há 
muito menos necessidade de obrigações, proibições, vincular-se a um tipo 
"específico" de parceiro". 
Existem outras razões pelas quais as pessoas se interessam e escolhem seus 
parceiros. Além da bagagem herdada da família de origem e da própria história, a 
escolha do parceiro também é influenciada por outros fatores, como o momento do 
ciclo vital, o contexto e o momento dos encontros e relacionamentos. Assim, para 
Angelo (1995 apud BÚRIGO; 2010), as estruturas que levam os indivíduos a 
escolherem um parceiro podem mudar ao longo do tempo. 
Muitas variáveis conscientes e inconscientes influenciam o processo de 
escolha de um parceiro, como atração física, projeções, origem familiar, momentos do 
ciclo vital, etc., no entanto, para Bowen (1991 apud BÚRIGO; 2010), os indivíduos 
escolhem parceiros com o mesmo nível de maturidade, ou seja, com o mesmo grau 
de diferenciação que eles próprios. 
 
17 
 
O casamento é, em geral, uma aliança entre dois parceiros que partilham o 
mesmo nível de diferenciação. Quanto mais baixo for o nível, mais fusional 
será o casal e mais a relação correrá o risco de ser patológica. A patologia 
do casal manifesta-se sob a forma de conflitos insolúveis e costuma traduzir-
se pela presença de sintomas em um dos parceiros. (BOWEN apud 
MIERMONT, 1994, p.121 apud BÚRIGO; 2010). 
Pincus & Dare (1981 apud BÚRIGO; 2010) apontaram que, como seu princípio 
abrangente em seu estudo do casamento, assim como na escolha de um parceiro, as 
motivações que levam as pessoas a se casarem são muitas vezes inconscientes. 
Além do mais, eles alegam que, quando se pergunta diretamente a um casal por que 
escolheu essa pessoa para se casar, raramente é possível obter razões convincentes 
para a escolha ou a natureza do casamento. 
Quando duas pessoas escolhem se casar, elas unem vidas de duas culturas, 
crenças e histórias familiares diferentes. Parte do desafio do casamento, no entanto, 
é fazer com que ambos aprendam e vivam com toda a bagagem de seu parceiro e 
construam os valores, crenças e histórias dessa nova família ao longo do 
relacionamento, BÚRIGO; (2010). 
 Fundamentalmente, o casal é capaz de ver essas personalidades e “escolher” 
o que elas podem reutilizar para se tornar parte de nós e o que não combina mais com 
elas. É a isso que Pontes (2006 apud BÚRIGO; 2010) se refere como “a carne do 
casal”, definida por um conjunto de fatores que conectam os cônjuges, ainda que 
ambas as partes consigam manter suas respectivas silhuetas. Para tanto, é muito 
importante que o casal, tenha sua privacidade e seu espaço físico que lhes permita a 
liberdade de se adaptar à nova situação. 
A formação de um casal envolve uma fase de adaptação mútua que inclui "fazer 
regras sobre a intimidade conjugal, padrões de cooperação nas tarefas domésticas, 
frequência das relações sexuais, estabelecimento de limites ou limitações com 
parentes e amigos, etc.". (DUQUE, 1996, p.79 apud BÚRIGO; 2010). 
 Vários autores (MC GOLDRICK, 1995; CERVENY, 1998, etc. apud BÚRIGO; 
2010) defendem que o casamento é um processo natural do ciclo vital familiar em que 
falando pelo lado da teoria, os cônjuges são separados da família de origem para que 
possam seguir seu próprio caminho. Essa é a uma nova situação para ambos, não só 
para os recém-casados, mas tambémpara suas famílias, que precisam se ajustar à 
ideia de que um filho ou filha não faz mais parte do núcleo familiar. 
 
18 
 
 Essa nova adaptação é necessária para que a família possa respeitar a 
privacidade e o território do casal para que eles não interfiram demais em suas vidas. 
Dessa forma, a identidade conjugal só é possível a partir do momento em que ambas 
as partes superam a apatia e algum grau de separação – individuação. Caso contrário, 
o casal vai continuar mantendo as suas respectivas famílias de origem, apud 
BÚRIGO; (2010). 
4.1 Aspectos gerais sobre casais 
As mudanças aconteceram nas relações familiares e consequentes relações 
conjugais com o passar dos anos. Tendo como exemplo: a entrada da mulher no 
mercado de trabalho, mudanças econômicas, o crescimento dos papéis de gênero, 
possibilidade de constituição de diversidade entre os cônjuges (novas formas 
conjugais), não obrigatoriedade de sindicalização formal, direito ao divórcio e a 
valorização do crescimento pessoal. De acordo com esses e entre outros fatores, 
podem levar a mudança do indivíduo e suas percepções em relação a família e 
casamento, influenciando a qualidade e satisfação conjugal. (COMIN; SANTOS; 
SILVA, 2016; ROSADO, 2014 apud BASTOS; 2018). 
Em termos de papéis de gênero, maridos e esposas tradicionais têm uma 
divisão de trabalho, como por exemplo, o homem responsável pela economia e a 
mulher responsável pelo trabalho doméstico, cuidando dos filhos e sendo submissa 
ao marido, entretanto, já é possível perceber o crescimento de casais de dupla 
carreira, onde ambos os cônjuges têm emprego, renda própria, e até mesmo casais 
que não trabalham, como casais mais velhos e aposentados ou sustentados por pais 
de filhos mais novos. (MONTEIRO, 2001 apud BASTOS; 2018). 
Dados da literatura apontam que já é possível identificar pesquisas e estudos 
que relatem sobre os novos formatos de casais, tais como: homoafetivos 
(gays, lésbicas); casais heterossexuais que não tem filhos; casamentos 
informais (união estável); casais que moram ou não na mesma residência, 
assim como também há casais que moram em cidades distintas (ROSADO, 
2014). Quanto à possibilidade no processo do divórcio, o mesmo poderá 
acarretar sofrimento psíquico para os cônjuges, como para os filhos e as suas 
famílias extensas e irá demandar de todos os envolvidos uma reorganização 
do sistema familiar (ZORDAN; WAGNER; MOSMANN, 2012 apud BASTOS; 
2018). 
 
19 
 
As taxas crescentes de recasamento indicam que os indivíduos estão ansiosos 
para buscar uma união satisfatória, o que pode indicar que, se continuarem seu 
relacionamento sem sucesso, acabaram de trocar de parceiro e podem repetir os 
motivos do término do relacionamento anterior, o que leva à importância de os casais 
desenvolverem um trabalho que os ajude a manter o relacionamento e, assim, a 
satisfação conjugal (ZORDAN; WAGNER; MOSMANN, 2012 apud BASTOS; 2018). 
Uma relação afetiva amorosa pode contribuir para o crescimento pessoal de 
uma pessoa, de acordo com isso, pode proporcionar mais autonomia para o casal, 
maturidade e estabilidade para ambas as partes, da mesma forma que poderá 
também oferecer espaços para os conflitos (COMIN; SANTOS; SILVA, 2016 apud 
BASTOS; 2018). 
 Pesquisas mostram que maior satisfação com um relacionamento está 
associada a maior satisfação com a própria vida; demonstrando que quando os casais 
se unem, conseguem compartilhar ideias e projetos de vida, tomar decisões em 
conjunto, utilizar estratégias de resolução de conflitos e outras atitudes, o que indicou 
um aumento do nível de satisfação conjugal (COSTA; MOSMANN, 2015 apud 
BASTOS; 2018). 
Para Comin e Santos (2010 apud BASTOS; 2018), os casais contemporâneos 
têm que lidar com suas personalidades e o desenvolvimento de seu relacionamento 
conjugal, as particularidades dos cônjuges em conjunto moldam a relação conjugal, 
mas a valorização da personalidade do outro pode enfraquecer ou fortalecer a relação, 
ao contrário o que o indivíduo pode estar fazendo por outro abre mão de sua 
personalidade. No entanto, vale ressaltar que nenhum dos parceiros pode lidar 
facilmente com esses fatores, por isso é importante que os casais mantenham um 
equilíbrio entre esses dois aspectos do relacionamento. 
Os cônjuges entendem que o casamento é pessoal e subjetivo para todos, mas 
também são influenciados pela família de origem, alguns fatores aprendidos sobre o 
casamento, como comida, trabalho, sono, conversas, discussões e sexo. Além dessa 
nova forma de relacionamento conjugal, os dois mantêm suas relações familiares de 
origem, amizades e vida social. (SCHMIDT et al, 2015 apud BASTOS; 2018). 
 
20 
 
4.2 O significado do casamento 
Na maioria das sociedades, falar sobre casamento é algo estabelecido e 
rotineiro ao longo do desenvolvimento de uma pessoa, mas o significado desse evento 
mudou ao longo do tempo. Essa mudança pode estar relacionada às mudanças nos 
papéis das mulheres e à crescente diversidade de nossa cultura. Muitas pessoas 
optam por morar juntas ou viver com vários parceiros sem nenhum compromisso antes 
do casamento, MARTINS; (2016). 
Outros se casam cedo, motivados por diversos motivos, um dos quais pode ser: 
sair de casa ou adiar essa decisão por causa da tensão entre carreira e casamento. 
Além do mais, eles também podem optar por se casar mais tarde, porque, têm um 
exemplo negativo de casamento em casa ou simplesmente porque preferem morar 
sozinhos, MARTINS; (2016). 
Embora seja cada vez mais comum adiar o casamento, muitos 
ainda se casam e têm filhos antes dos 30 anos,(Mcgoldrick, 1995 apud MARTINS; 
2016). McGoldrick (1995 apud MARTINS; 2016) destacou que os casais devem se 
atentar à cerimônia de casamento, mesmo que simples e sem grandes 
comemorações, mesmo aqueles que vivem em juntos por alguns anos. As 
celebrações podem ajudar os casais a fazer a transição e a se ajustar a uma nova 
etapa do ciclo de vida, e também podem ajudá-los a entender melhor as dificuldades 
futuras do casal em relação aos próximos estágios. 
As cerimônias de casamento mudaram um pouco, tradicionais e estáticas, e 
hoje os casais podem criar o que acharem melhor para a situação. Entre algumas 
mudanças, o culto religioso deixou de ser obrigatório, o significado da roupa branca 
mudou, o uso do véu é uma opção, as flores na cabeça deixaram de ser um ritual, 
entre outras coisas. (Mcgoldrick, 1995 apud MARTINS; 2016). Além de tudo, é 
necessário que os casais reconheçam que o casamento é um evento típico e familiar, 
e as questões emocionais dos pais muitas vezes devem ser consideradas, mesmo 
que muitas decisões rituais sejam tomadas pelo próprio casal. 
A repercussão emocional, tende a ser maior quando acontece de a criança ser 
filho (a) único (a), ou pode acontecer também quando o casal possui apenas uma filha 
dentre os outros filhos. De acordo com isso, ainda existem situações em que pais 
repetem as suas histórias no casamento dos filhos, ou seja, como tradição de família 
celebrar com o mesmo formato de cerimônia em que escolheram para eles. Algumas 
 
21 
 
pessoas, porque não tiveram a oportunidade quando eram jovens, dessa forma, os 
pais ficam na expectativa de experimentar isso com seus filhos, mesmo que eles não 
sonhem em organizar uma festa ou uma celebração tradicional, (Mcgoldrick, 1995 
apud MARTINS; 2016). 
A transição de marido e mulher é uma tarefa assustadora, porque está 
acontecendo em meio a uma mudança complexa, mas muitos acreditam que casar 
oficialmente no papel significa menos dificuldade, e que a sensação de solidão 
desaparece. (Mcgoldrick, 1995; Minuchin, 1982; Cruz, 2006 apud MARTINS; 2016). 
Com isso em mente, muitos casais desenvolvem rapport, ou seja, estabelecem uma 
relação fusional, onde um parceiro tem expectativas muito altas do outro, e não 
cumpri-las pode causar dor e sofrimento. No entanto, é preciso ver o casamento como 
umlugar de crescimento pessoal e não moldar os outros à sua vontade, (Cruz, 2006 
apud MARTINS; 2016). 
É importante saber que, não se deve assumir responsabilidade por outra 
pessoa ou se sentir culpado por sentimentos ou falhas que não lhe pertencem, e o 
cônjuge não deve ser culpado por não responder. Visto que, quando se assumi uma 
união é fato que quando há parceria e complementaridade, são evitadas várias áreas 
de tensão e isso leva o casal ter flexibilidade em suas relações, estimulando a 
comunicação, (Mcgoldrick, 1995 apud MARTINS; 2016). 
As pessoas muitas vezes pensam que forneceram afeto suficiente umas às 
outras e reclamam que estão recebendo tão pouco. Para que sejam bem 
compreendidos, é preciso companhia, respeito ao espaço pessoal e evitar que o outro 
conheça a vida, as necessidades, os conflitos e os sentimentos do outro. O desafio 
maior não é o de encontrar o parceiro (a) perfeito (a), mas construir o melhor 
relacionamento possível e saudável com aquele que escolhe amar para sempre, 
(Cruz, 2006 apud MARTINS; 2016). 
 Parece que todos querem encontrar a qualidade de seu relacionamento 
amoroso, mas para isso, o casal deve ser capaz de se distinguir da família de origem 
e entender que seus papéis serão alterados e negociados com os demais membros, 
(Montoro, 2006 apud MARTINS; 2016). 
 
22 
 
4.3 A conjugalidade e o amor romântico 
O termo relacionado a relação conjugal ou conjugalidade é definido como uma 
relação entre pessoas que estão unidas com o propósito de viverem juntas, e é 
chamado de cônjuge. Quando se faz a análise da palavra cônjuge, conforme o 
dicionário Aurélio a mesma tem a sua origem do latim, dessa forma, o prefixo con dá-
se a noção de um com o outro e o sufixo juge faz a ligação ou união. Os casamentos 
contemporâneos podem ser estabelecidos de diversas formas, com ampla variedade 
de configurações possíveis do núcleo familiar, MARTINS; (2016). 
 Existem os casais que são do gênero masculinos e femininos, aqueles casais 
do mesmo sexo, outros que são maduros que reorganizaram suas famílias e também 
os casais em que um é adolescente e o outro é um casal de meia-idade. De forma 
geral, as relações conjugais se caracterizam com o mesmo objetivo de vida: 
desenvolver e construir uma vida a dois, objetivos, compartilhar os sonhos, e 
aumentar a familiar com a chegada de um filho (a), (CERVENY, 2010 apud MARTINS; 
2016). 
Nesse caso, o casamento continua sendo o sonho de muitos, seja uma união 
consensual ou um relacionamento firmado em cartório e consagrado em uma igreja. 
Segundo Wagner (2011, p. 11 apud MARTINS; 2016), “as razões para a escolha da 
vida conjugal incluem “a busca pela satisfação dos desejos e atração pessoais, sexo, 
amor, maternidade e a consolidação da identidade como fatores motivacionais para a 
construção do relacionamento conjugal”. 
O amor torna-se um sentimento usualmente presente dentro das relações 
conjugais, e pode ser definido em termos de dicionários ou publicações científicas 
(Goldenson, 1970; Gregory, 1988 apud MARTINS; 2016), como um sentimento de 
cuidar, proteger, preocupar e desejar estar perto de um ente querido. 
O amor romântico permeia nossas vidas desde que nascemos, através de 
histórias, filmes, livros e músicas que muitas vezes colocam esse tema no centro de 
nossa existência. Idealizado no casamento, entende que o casamento é como uma 
solução para a solidão, desamparo, e representa uma mudança de vida onde tudo o 
que se espera é a felicidade levando a uma “ (quase plenitude) ”, sem espaço para as 
últimas dificuldades inerentes a qualquer mudança de vida, MARTINS; (2016). 
 
 
23 
 
As pessoas esperam maior satisfação, e muitas pessoas "apostam todas as 
fichas" no relacionamento, esperando que ele satisfaça quase todas as suas 
necessidades emocionais. Na união de duas pessoas, o acordo é necessário, 
arranjos, a serem decididos pela família de origem antes da união. Desde horários, 
férias, como lidar com o dinheiro até como viver com sua família, MARTINS; (2016). 
A construção da identidade conjugal é influenciada por fatores como a história 
de cada pessoa, parentesco e diferenças culturais. O equilíbrio de relacionamento que 
os novos casais formam, ocorrem quando eles percebem diferenças emocionais de 
suas famílias de origem e diferenças emocionais como indivíduos e como casal, 
(CERVENY, 2010 apud MARTINS; 2016). 
Na visão de Furtado (2008 apud MARTINS; 2016), o amor assumiria diversas 
formas, dentre elas o amor conjugal, definido como entrega apaixonada de 
si, desejo sexual e amizade seletiva. Saarni (1999 apud MACHADO, 2007 
apud MARTINS; 2016), destaca que os seres humanos buscam 
relacionamentos significativos para experimentar sentimentos tais como os 
de amor e intimidade. É nessa busca que o casamento surge como uma 
possibilidade. Esse tipo de união é bastante cultivado em nossa cultura, seja 
pela profundidade e intimidade proporcionadas, seja pela companhia e pela 
autoafirmação advindas da relação estabelecida com o parceiro. Existe 
também uma questão social, que trata a união entre duas pessoas como algo 
esperado, natural e inerente ao desenvolvimento humano. Na sociedade 
existe muitas vezes um “certo estranhamento” em relação a aqueles que 
nunca se uniram, nunca dividiram a vida com um cônjuge. 
De acordo com isso (2007, p. 21 apud MARTINS; 2016) demonstrou que o 
casamento é considerado “o mais forte preditor de felicidade e bem-estar pessoal, e 
o relacionamento mais importante que poderá levar a satisfação de nossas 
necessidades emocionais básicas”. 
 
24 
 
5 A FAMÍLIA DE ACORDO COM A TEORIA SISTÊMICA 
 
Fonte: cienceconempr.com 
A família é um sistema que se desenvolve e é influenciada por um ambiente de 
especificidade social e econômica. É um dos principais contextos de socialização, 
influenciado por mudanças sociais e pressões externas, fazendo com que a família 
realize mudanças para continuar sua função de garantir o crescimento psicossocial 
de seus membros. (Valle, 2009 apud FERNANDES; 2018). 
 É característica da família dois objetivos: acomodação e transmissão 
relacionada a cultura e também a proteção psicossocial, com o objetivo principal de 
apoiar seus membros. Este é um "sistema sociocultural aberto em transição" (S. 
Minuchin, 1982, p. 56 apud FERNANDES; 2018). Seus membros desenvolvem 
padrões de negociação transicionais, criando assim estruturas familiares. As famílias 
precisam criar pertencimento e sua própria individualidade, manter sua continuidade 
e proporcionar o autodesenvolvimento de seus membros. 
 A família é a nossa primeira instituição na qual todos estão inseridos, é a 
"matriz identitária" (S. Minuchin, 1982, p.53 apud FERNANDES; 2018), é o lugar onde 
se adquirem as competências relacionais, e além de ser um sistema aberto de 
transformação, são os sistemas externos que recebem e enviam inputs, para os 
sistemas externos. Segundo Patrícia Minuchin (2011 apud FERNANDES; 2018), uma 
família que tem sua estrutura e desenvolve seu padrão é um tipo especial de sistema. 
De acordo com esta autora, a família é uma “pequena sociedade humana cujo os 
 
25 
 
membros possuem conexões imediatas, vínculos afetivos e uma história 
compartilhada” (p. 15). 
A formação dos padrões existentes da família, passa a se formar através da 
contribuição de cada membro da família, assim como as famílias também tem a 
capacidade de estimular e moldar o comportamento e a personalidade individual. 
Além dos padrões, os limites são estabelecidos dentro da família, dentro de cada 
subsistema e dentro da família como um todo (S. Minuchin, 1982; P. Mnuchin, 2011 
apud FERNANDES; 2018). 
Segundo Salvador Minuchin (1982 apud FERNANDES; 2018), os limites de um 
subsistema são "as regras que definem quem participa e como" (p. 58). Sua função é 
garantir que o sistema seja diferente enquanto se protege. Os limites são uma maneira 
de medir o funcionamento familiare podem se manifestar de três maneiras: difusão e 
emaranhamento, que ocorre quando uma família está um pouco "fechada" aos 
sistemas externos, rigidez, quando os membros carecem de funções de comunicação 
e proteção, levando a desconexões familiares; e clareza, quando cada membro 
entende seu papel dentro do sistema familiar, e também quando há comunicação 
entre os membros. 
Para que aconteça um funcionamento familiar bom e estável, são necessários 
limites claros para que cada membro do sistema aprenda e compreenda o seu papel 
e suas funções. No entanto, não se deve julgar que o emaranhamento ou desconexão 
necessariamente torna o sistema funcional ou disfuncional. De acordo com Osório 
(1996 apud FERNANDES; 2018) apud Pratta e Santos (2007 apud FERNANDES; 
2018), é importante que a família seja responsável pelo desenvolvimento 
biopsicossocial e isso se dá através de três características principais: as funções 
sociais e psicológicas que são relevantes para a sobrevivência do indivíduo e também 
temos as funções biológicas. 
As famílias garantem afeto, suporte e criam ambiente adequado para 
aprendizagem e desenvolvimento. Pratta e Santos (2007 apud FERNANDES; 
2018), citando Romanelli (1997 apud FERNANDES; 2018), afirmam que é no 
interior da família que se desenvolvem os primeiros relacionamentos 
significativos, nos quais ocorrem as trocas emocionais que funcionarão como 
suporte afetivo ao longo da vida do indivíduo. 
 
 
 
26 
 
Como caracteriza Pratta e Santos (2007 apud FERNANDES; 2018), “ as trocas 
emocionais com o passar dos anos, ou melhor, ao longo da vida, são imprescindíveis 
para o desenvolvimento individual e aquisição de condições mentais e físicas para 
cada estágio do desenvolvimento mental”. 
5.1 Funcionamento e dinâmica familiar 
É primordial analisar as famílias a partir de sua origem social. Minuchin (1982 
apud SCHÜTZ; 2008) apontou que esse contexto é afetado significativamente em 
relação aos processos internos da mente e é influenciado por ela nas interações em 
ações recíprocas. 
O indivíduo que vive numa família é um membro de um sistema social, ao 
qual deve se adaptar. Suas ações são governadas pelas características do 
sistema e estas características incluem os efeitos de suas próprias ações 
passadas. O indivíduo responde aos estresses em outras partes do sistema, 
às quais se adapta, e pode contribuir significativamente para estressar outros 
membros do sistema. O indivíduo pode ser encarado como um subsistema 
ou como parte do sistema, mas o todo deve ser levando em conta 
(MINUCHIN, 1982, p. 18 apud SCHÜTZ; 2008). 
Contudo, a estrutura familiar está profundamente voltada para o ambiente 
familiar, Cerveny e Berthoud (1997 apud SCHÜTZ; 2008) especificam a estrutura 
familiar como um sistema de dados objetivos com a sua relação direcionada para o 
número de membros e avalia tais itens como: idade, moradia, sexo, ocupação, raça 
etc., que detalha as características de uma família. 
Para Minuchin (1982, p. 57 apud SCHÜTZ; 2008), “estrutura familiar representa 
um conjunto de requisitos funcionais intangíveis que estabelecem a forma como os 
indivíduos da família interagem”. Os autores definem padrões transacionais como o 
modo de funcionamento da família, na qual possuem dois sistemas de inibição, ou 
repressão: um idiossincrásico e outro genérico. 
O sistema de inibição, ou repressão como já mencionado, são relacionados a 
inibição de padrões genéricos transicionais e refere-se a regras sociais que não são 
exclusivas de uma determinada família, porém, são regras compartilhadas por 
inúmeras famílias que estão inseridas em um mesmo contexto e tem como 
característica a universalidade. Já conforme o segundo sistema de repressão, a 
heterogeneidade/idiossincrática, instala a forma típica e particular das relações 
 
27 
 
familiares, revelando a especificidade da relação entre os membros e envolvendo 
expectativas mútuas que se tornam explícitas e implícitas nos acontecimentos 
cotidianos da família, SCHÜTZ; (2008). 
"Transações repetidas estabelecem padrões de como, quando e com quem irá 
se relacionar e esses padrões fortalecem o sistema" (MINUCHIN, 1982, p. 57 apud 
SCHÜTZ; 2008). Funcionam automaticamente, tendo em vista que muitas vezes os 
membros da família não sabem de sua existência. E é uma forma de manter as 
funções da família. 
Nesse contexto, os padrões alternativos de negociação transicionais que 
ultrapassam os limites de tolerância das famílias, são vistos como ameaças ao 
equilíbrio do sistema e despertam mecanismos que podem restaurar a funcionalidade 
anterior. Situações como essas podem deixar os familiares desconfortáveis que 
sentem que os outros membros não estão cumprindo seus "papéis" e demandas por 
causa da lealdade familiar, SCHÜTZ; (2008). 
No dizer de SCHÜTZ; (2008), a saúde da família refere-se à possibilidade de 
flexibilização dos modelos de negociação transicionais, dessa forma desenvolve – se 
a capacidade de os membros mudarem, quando acontecer de mudar as 
circunstâncias. 
A existência continuada de família, como um sistema, depende de uma 
extensão suficiente de padrões, da acessibilidade de padrões transacionais 
alternativos e da flexibilidade para mobilizá-los, quando necessário. Desde 
que a família deve responder às mudanças internas e externas, deve ser 
capaz de transformar-se de maneiras que atendam às novas circunstâncias, 
sem perder a continuidade, que proporciona um esquema de referência para 
seus membros (MINUCHIN, 1982, p. 58 apud SCHÜTZ; 2008). 
Na visão de Minuchin da terapia estrutural, os padrões transacionais, 
conseguem ser compreendidos por meio da análise dos subsistemas familiares. De 
acordo com autor, os subsistemas são caracterizados por díades (cônjuge, mãe e 
filho), e/ou por indivíduos, que podem ser constituídos por características como, 
geração, gênero, funções ou interesses. Cada membro da família participa de 
diferentes subsistemas: filho, pai, marido, tio, sobrinho, etc. Cada subsistema 
apresenta comportamentos diferentes, SCHÜTZ; (2008). 
 
 
 
28 
 
 As relações nos subsistemas são repletas de características complementares, 
por exemplo, é impossível ser pai sem filho. Complementaridade, conceito derivado 
da teoria da comunicação de Bateson, Watzlawick e colaboradores (1976 apud 
MEYNCKENS-FOUREZ, 2000, p.21 apud SCHÜTZ; 2008) isso difere 
significativamente entre os membros da relação. Nesse contexto, para este tipo de 
relação as diferenças entre os membros constituem o complemento um do outro. 
Um outro conceito importante para a compreensão da estrutura e dinâmica 
familiar é a definição de limites. De acordo com Meynckens-Fourez (2000 apud 
SCHÜTZ; 2008), embora as famílias sejam organizadas ao longo das gerações, as 
fronteiras entre as diferentes gerações que acabam por desenvolver alianças 
específicas refletem em grande parte a organização familiar. 
“ De acordo com o tipo de subsistema em que as fronteiras estejam instaladas, 
podemos dizer que elas são regras que determinam quem irá participar e como (...), 
as fronteiras tem o papel de proteger a diferenciação do sistema” (MINUNCHIN, 1982, 
p. 58 apud SCHÜTZ; 2008). 
Existem limites claros para o funcionamento normal, ou seja, cada membro 
deve poder desempenhar seu papel no sistema familiar sem interferência indevida, 
mas ter flexibilidade para se conectar com membros de outros subsistemas. Minuchin 
(1982 apud SCHÜTZ; 2008) propôs os tipos de limites, ou seja, fronteiras que podem 
ser encontrados nas famílias através de um continuum com dois polos: fronteiras 
extremamente rígidas e fronteiras difusas. 
 As fronteiras difusas são atribuídas a famílias como características com alto 
nível de comunicação e preocupação entre os membros e adaptam –se a uma 
proximidade excessiva, levando a vida muitas vezes em torno de si mesmo, o que 
pode levar a uma carga em excesso ao sistema. Em relação ao outro pólo,pode-se 
encontrar fronteiras mais rígidas, com uma sensação de desconexão e 
despreocupação ou descuido, essa forma de fronteira torna a comunicação lesada e 
pode levar ao distanciamento emocional de seus membros, SCHÜTZ; (2008). 
Uma mesma família pode apresentar diferentes tipos de fronteiras entre seus 
subsistemas, ou até entre um mesmo subsistema como, por exemplo, a 
fronteira entre mãe- filho, que pode variar ao longo do ciclo vital da família. 
Existe maior risco de patologia nas fronteiras que se encontram nos pólos 
extremos, salienta Minuchin (1982 apud SCHÜTZ; 2008). 
 
29 
 
O empobrecimento nas relações familiares pode criar possibilidades para 
aparecimentos de sintomas, esse tipo de fronteira chama-se fronteiras emaranhadas 
ou extremamente difusa. Dessa forma, quando for constatado que a patologia está 
voltada pelas fronteiras extremas, os terapeutas geralmente assumem o papel de criar 
limites claros, protegendo os subsistemas e permitindo que eles prosperem, SCHÜTZ; 
(2008). 
6 FATORES QUE PROVOCAM RESILIÊNCIA E/OU VULNERABILIDADE ÀS 
FAMÍLIAS 
 
Fonte: terapiafamiliarsistemica.wordpress.com 
Segundo Walsh (1998 apud OLIVEIRA; 2014), a resiliência é a capacidade de 
suportar crises e adversidades da vida e superá-las. A autora expande sua pesquisa 
no campo da resiliência, antes com foco nos indivíduos, e desenvolve o conceito de 
resiliência relacional (WALSH, 1998 apud OLIVEIRA; 2014), que integra a resiliência 
familiar a partir de uma perspectiva sistêmica e ecológica de desenvolvimento 
(WALSH, 2005 apud OLIVEIRA; 2014). 
Conforma a autora (WALSH, 1998 apud OLIVEIRA; 2014), as famílias podem 
se tornar ainda mais fortalecidas, mesmo tendo que lidar com as situações de crise e 
estresse, independentemente se o estresse é externo ou interno, dessa forma 
possibilita a resiliência a todos os outros membros. 
 
30 
 
Para Yunes (2003 apud OLIVEIRA; 2014), as pesquisas sobre resiliência 
familiar tendem a enfatizar os aspectos falhos e negativos da vida familiar. Para Walsh 
(2005 apud OLIVEIRA; 2014), no entanto, a pesquisa nesta área deve se concentrar 
em compreender as mudanças positivas que advêm do enfrentamento de situações 
estressantes, ao contrário de apenas o processo de coping ou adaptação. 
 Um estudo de Yunes, Garcia e Albuquerque (2007 apud OLIVEIRA; 2014) 
sobre a percepção de agentes comunitários sobre famílias pobres monoparentais 
sugere que esses indivíduos são pessimistas quanto ao seu funcionamento, o que 
contrasta com os fatores indicativos de resiliência, encontrados pelos pesquisadores 
nas histórias familiares. 
Portanto, ao invés de contribuir para a mudança e conscientizar as famílias 
sobre as situações de risco, a crença dos profissionais implica em ações ineficazes e 
apáticas, seu pensamento se concentra em culpar as famílias pela situação de 
pobreza, dificultando as soluções. (VASCONCELOS, YUNES e GARCIA, 2006 apud 
YUNES, GARCIA E ALBUQUERQUE, 2007 apud OLIVEIRA; 2014). Os fatores de 
vulnerabilidade são aqueles que oferecem riscos à vida familiar, e esses processos 
estão frequentemente associados a resultados negativos ou indesejados 
(CECCONELLO, 2003 apud OLIVEIRA; 2014). 
Os riscos não são apenas a ocorrência de eventos negativos para o indivíduo, 
são processos dinâmicos de situações difíceis que envolvem eventos que antecedem 
e precedem as circunstâncias da vida (YUNES, GARCIA & ALBUQUERQUE, 2007 
apud OLIVEIRA; 2014). Ungar (1995 apud LIBÓRIO E UNGAR, 2010 apud OLIVEIRA; 
2014) articula o conceito de resiliência oculta, em que os sujeitos usam estratégias de 
adaptação e enfrentamento para escapar dos estereótipos tradicionais, ocidentais e 
“centrados no adulto” das chamadas estratégias de resiliência saudável. 
Por exemplo, o trabalho infantil pode ser visto como uma vulnerabilidade em 
geral, mas contextualmente, pode ser um fator resiliente que uma família encontra 
para enfrentar as adversidades. Por falta de recursos financeiros, não conseguem 
fornecer condições básicas para a sobrevivência do grupo. Diante dessa 
complexidade contextual-fenomenológica, não apresentaria categorias rígidas de 
fatores hipotéticos que representam risco para as famílias, mas sim como 
determinados fatores que afetam o contexto em que estão inseridos, mais ou menos 
positivo, levando à resiliência ou fragilidade/vulnerabilidade na organização familiar. 
 
31 
 
Como sugeriu Brofenbrenner, o contexto pode estar mais próximo ou mais distante 
(2011 apud OLIVEIRA; 2014). O contexto mais aproximado é o do microssistema, 
partindo para o mesossistema, exossistema, e, por último, o macrossistema. Em cada 
caso, o risco de inserção em um momento específico do ciclo de vida, pode levar a 
uma maior vulnerabilidade. 
Portanto, o termo "vulnerabilidade" será usado com mais destaque do que 
"risco" porque está intimamente relacionado a um indivíduo e sua tendência a reagir 
negativamente ou às consequências de uma maneira particular, considerando que o 
termo "risco" se refere a grupos e probabilidades estatísticas que existem dentro de 
uma população (CECCONELLO, 2003 apud OLIVEIRA; 2014), dependendo da 
gravidade, duração, frequência ou intensidade desses comportamentos, sendo 
comportamentos inesperados que podem ser desencadeados evento de estresse (DE 
ANTONI, BARONE e KOLLER, 2007 apud OLIVEIRA; 2014). 
 Portanto, se o sistema familiar torna-se disfuncional diante de um evento de 
risco, a família pode ser considerada vulnerável nesse momento. (GARMEZY, 1996; 
RUTTER, 1987 apud DE ANTONI, BARONE e KOLLER, 2007 apud OLIVEIRA; 2014). 
6.1 Conflito no pós-divórcio 
A maior ruptura dentro do sistema familiar é o divórcio, levando a uma série de 
mudanças no ambiente familiar, pois afeta a estrutura familiar básica e em todos os 
seus relacionamentos. O divórcio exige uma grande mudança na forma como essas 
famílias operam em muitas áreas e uma nova definição de vida familiar normal (Carter 
& McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). 
Hackner, Wagner e Grzybowski (2006 apud NEVES; 2016) alegam que o 
processo de concordância sobre a renegociação do relacionamento entre os ex-
cônjuge após a separação é demorado e pode envolver dificuldades na definição da 
permeabilidade dos limites/fronteiras, o que, por sua vez, pode gerar conflitos. De 
acordo com apanhado é importante compreender que no divórcio, estão circundados 
como o modo em que o casal está ligado um ao outro e a forma como ocorre a 
negociação entre os cônjuges e o lugar do filho na relação familiar. Se, nestas fases 
do ciclo de vida familiar, algumas coisas não são resolvidas, pode ser que o processo 
 
32 
 
de divórcio seja dificultado e o acordo implícito estabelecido no casamento, em última 
análise, podem acabar estruturando os conflitos para o divórcio. 
Segundo Lamela (2009 apud NEVES; 2016), ao longo das últimas décadas, 
a literatura é rica em enunciar e descrever o quão disruptivo e nocivo pode 
ser o divórcio. A maioria dos estudos conclui que as pessoas divorciadas 
experienciam pior bem-estar psicológico, piores níveis de felicidade e maiores 
índices de depressão e outras psicopatologias, quando comparadas às 
pessoas que permanecem casadas. Para o mesmo autor, os adultos 
divorciados reportam índices superiores de estresse psicológico, pior saúde 
física e menor esperança média de vida, com probabilidade de suicídio, 
perdas severas na segurança financeira e econômica, alterações 
depreciativas das percepções do self e desestabilização emocional esses 
estressores psicossociais têm um impacto acentuado na pessoa divorciada 
que lhe diminuem os níveis reais de qualidade de vida, diminuição similar à 
encontrada nas pessoas viúvas. 
O divórcio é muitas vezes um momento de perda e dor para a própria família, 
pois, as identidades familiares podem mudar drasticamente com essa perda. Além 
dessa sensação de perda e mudanças nas identidades familiares, há outras coisasassociadas à separação, bem como à separação de outros membros que constituem 
a família: os filhos, (Sousa, 2012 apud NEVES; 2016). 
No Direito de Família, o conceito antiquado ajuda a manter a prestação de 
contas a quem deseja se divorciar e estimula cada vez mais a culpabilidade de ambos 
pelas posições de “vencedor” e “perdedor”. Dessa forma, posturas litigiosas mais 
intensas passaram por decisões judiciais e, por conseguinte, acontece a interferência 
na vida familiar durante e após o divórcio. Enfrentando um estímulo de alguma forma 
no processo de divórcio, a origem familiar só pode inicialmente estar associada à 
ruptura da relação conjugal, mas acaba por ser exacerbada pela orientação 
contencioso das partes no processo de divórcio, NEVES; (2016). 
Mesmo durante o divórcio, onde os problemas entre marido e mulher parecem 
ser definidos legalmente, a convivência após a separação gera inúmeras brigas, e 
muitas relacionadas a consequência da desigualdade na criação concedida pelo 
sistema de guarda única, no que concerne sobre a visitas, pensões alimentícias, 
agravando os conflitos parentais e as dificuldades na vida familiar (Martins, 1999 apud 
NEVES; 2016). 
Para Carter e McGoldrick (1995 apud NEVES; 2016), o processo pós-divórcio 
inclui três etapas distintas, as consequenciais, o reajuste e a estabilidade. O primeiro 
estágio, chamado de consequência, é o primeiro ano do divórcio e pode ser 
considerado tão devastador quanto qualquer desastre natural. 
 
33 
 
A família ficou abalada e, em sua confusão e perplexidade, poucos conseguem 
expressar suas experiências nesta fase. As famílias querem acreditar que o divórcio 
legal acompanha o divórcio emocional, e os casais costumam usar um processo de 
negociação através dos advogados, sem perceber que ter uma outra pessoa, não 
descarta a necessidade de um processo de resolução. Um divórcio legal pode ou não 
ajudar a solução do divórcio emocional. Um divórcio emocional completo nunca 
acontecerá, especialmente se eles tiverem filhos. (Carter & McGoldrick, 1995 apud 
NEVES; 2016). 
Além das mudanças na relação familiar nuclear, as famílias extensas também 
passam por transformações. O ex-cônjuge, enfrenta o desafio de manter uma relação 
familiar do ex-cônjuge. Embora difícil, manter um sistema de relacionamento aberto é 
importante porque as famílias extensas geralmente protegem seus membros e 
querem culpar o outro pelo divórcio. Permitir que as crianças vejam os entes queridos 
requer compreensão e disposição, se possível, para incluí-los nas celebrações 
familiares (Carter & McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). 
Nesse processo, o relacionamento com a própria família também muda, 
dependendo da força do relacionamento com os pais e da frequência de divórcios na 
família. Em famílias com divórcios mais frequentes, os membros da família estão mais 
dispostos a negociar questões de divórcio, por outro lado, famílias que nunca 
vivenciaram o divórcio é muitas vezes mais doloroso. O divórcio pode transformar 
alguns relacionamentos em mais positivos para casamentos considerados 
"desfavoráveis" à família (Carter & McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). 
No decorrer da etapa seguinte, as famílias passam da crise para a transição, 
que pode durar de dois a três anos, e essa etapa é considerada a fase do 
realinhamento, à medida que certos pontos da vida se acalmam, há momentos de 
euforia e depressão. Este foi um período marcado por mudanças econômicas e 
sociais, na busca de novos relacionamentos, incluindo amizade e amor (Carter & 
McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). 
Segundo Carter e McGoldrick (1995 apud NEVES; 2016), é esperado que no 
final desta fase o casamento termine emocionalmente. Apesar de muitas 
vezes o divórcio ser uma boa resolução, esse gera tristeza e muitas pessoas 
tentam escapar desse sentimento preenchendo com outras pessoas e 
preocupações. Assim, é possível passar por todo o processo dessas três 
fases e até casar-se novamente, sem lidar com o sofrimento que o divórcio 
causou. 
 
34 
 
Muitas vezes, um ex-cônjuge que teve várias brigas e envolveu filhos no conflito 
pode não ser capaz de resolver os problemas emocionais do divórcio. Alguns também 
continuam envolvidos no relacionamento, compartilhando questões pessoais e se 
envolvendo com os problemas do dia-a-dia um do outro. Inúmeras vezes, esses ex-
cônjuges não pedem o divórcio e permanecem marido e mulher, mas como não 
casados, causando confusão tanto para eles quanto para seus filhos. Portanto, 
qualquer movimento em direção às relações sociais é considerado uma ameaça, 
(Carter & McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). 
O divórcio emocional é um processo doloroso e difícil que exige enfrentar e 
aceitar os próprios erros no casamento e o conhecimento emocional do que 
poderia ou não fazer o casamento funcionar. Se os ex-cônjuges conseguirem 
responder e resolver, o que o divórcio solucionou ou não para si, as 
capacidades de enfrentar as preocupações da família são ampliadas (Carter 
& McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). O divórcio pode significar uma 
mudança na maneira que cada progenitor se relaciona com os filhos. É 
possível que alguns filhos se ajustem ao novo arranjo da família, enquanto 
outros podem não se ajustar e sentir um desconforto em relação a esses 
arranjos. A maior necessidade dos filhos é poder ter um contato constante 
com os pais e sentir o apoio de cada um, sem que isso ameaça a sua lealdade 
ao outro (Carter & McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). 
À medida que os pais começam a sair e construir relacionamentos amorosos, 
as crianças precisam se ajustar ao novo ambiente. Para as crianças, isso pode 
significar que não há mais um relacionamento romântico entre os pais e que não é 
mais possível que os pais se tornem marido e mulher novamente porque estão saindo 
com outras pessoas. Quando os pais iniciam outro relacionamento, os filhos 
costumam apresentar reações negativas, tentando se desvincular desses novos 
relacionamentos, sendo desobedientes ou desagradáveis, NEVES; (2016). 
 Além disso, podem comparar o novo parceiro ao pai ou à mãe, criticando a 
aparência, os maneirismos e outras características da outra pessoa (Carter & 
McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). Já na terceira etapa a que chamamos de 
estabilização, algumas famílias descobrem que chegam a esse estágio sem negociar 
e lidar com o processo de se tornarem pais solteiros. 
Muitas vezes, o novo casamento pode produzir estabilidade, mas sem abordar 
questões financeiras, autoridade ou uma rede social viável, os aspectos do processo 
que devem ser resolvidos/concluídos podem trazer problemas antigos que 
permanecem e não resolvidos (Carter & McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). 
 
35 
 
Originalmente, nesta etapa, os membros da família devem ser capazes de lidar 
com as tarefas de co-desenvolvimento do ciclo de vida familiar. Este é um período, 
geralmente, de tranquilidade e calma, onde as respostas a inúmeras perguntas ao 
longo do processo são vivenciadas e vividas. As crianças podem deslocar-se entre as 
casas dos pais com tranquilidade, NEVES; (2016). 
O ex-cônjuge, pode se sentir à vontade um com o outro e estabelecer novos 
relacionamentos (Carter & McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). Na grande maioria, 
os casais que se separam, se casa novamente, identificando a tarefa de acrescentar 
ao problema do padrasto, da madrasta e dos irmãos. Porém, o novo 
casamento/recasamento requer ajuste familiar. No entanto, quando o processo de 
divórcio é consagrado e finalizado, esperara – se que as famílias incorporem essas 
mudanças e desempenhem tarefas normativas para os estágios futuros do ciclo de 
vida (Carter & McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). 
Para Carter e McGoldrick (1995 apud NEVES; 2016), frequentemente os pais 
que pagam pensão regularmente veem mais os filhos e tem a sensação de 
que esse dinheiro faça com que as chances de ter o filho usado contra si, seja 
menor.Muitos homens ainda lidam como opção a participação da 
paternidade, mas o papel dos pais vem mudando na sociedade e faz com que 
haja um aumento daqueles que querem guarda compartilhada. Já as 
mulheres raramente consideram o afastamento dos filhos como opção e as 
que fazem, correm um enorme risco de opinião negativa por parte da 
sociedade. 
Se os pais acharem difícil manter contato com seus filhos, eles podem se retirar 
completamente da vida de seus filhos. Isso pode acontecer, devido a um novo 
emprego em outro estado, ou simplesmente, não fazer as visitas habituais. Dessa 
maneira, é mais provável de ocorrer em famílias onde o conflito conjugal permanece 
extremamente alto. A ex- esposa pode decidir afastar o filho do pai, assim como o pai 
pode se sentir incapaz de lidar com a ex-esposa, possivelmente para remover a 
necessidade de conexão, pois o ex-casal não conseguiu resolver um divórcio 
emocional, gerando um mal-estar e fazendo com que os pais tenham um sentimento 
de impotência (Carter & McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). 
Quando se trata de relacionamentos sociais, os homens muitas vezes olham 
para as mulheres como amigas e buscam conforto emocional. Logo após o divórcio, 
é comprovado que os homens se casam mais cedo do que as mulheres e geralmente 
são pessoas mais jovens do que seus parceiros. Os homens podem cometer 
prematuramente devido à perda de uma família, NEVES; (2016). 
 
36 
 
No entanto, fazê-lo não abordar questões relacionadas ao divórcio, muitas 
vezes agrava ou pode acentuar o problema. Porém, já para outros o foco está em ter 
relações sexual, desses novos relacionamentos, evitando completamente a 
intimidade de um relacionamento duradouro, pois se caso aconteça um envolvimento 
a mais nesses relacionamentos, essas pessoas tendem a procurar uma outra relação, 
ou seja, indo de uma relação para outra sem apegar emocionalmente (Carter & 
McGoldrick, 1995 apud NEVES; 2016). 
6.2 Coparentalidade em situação de divórcio 
Como construto psicológico, o surgimento da coparentalidade está relacionado 
principalmente ao estudo das relações familiares pós-divórcio. Frizzo et al. (2005 apud 
NEVES; 2016) enfatiza a prevalência inicial da pesquisa sobre coparentalidade em 
situações de divórcio, à medida que as relações de coparentalidade se tornam 
aparentes nessas situações, na maioria das vezes, essa é a única área em que os 
pais ainda continuam a se relacionar após a separação. 
O divórcio ou separação presume –se o fim da relação conjugal, no entanto, 
irracionalmente, após a separação, os pais esperam conseguir promover uma relação 
de cooperação entre eles: uma relação de co-parentalidade, muitas vezes difícil de 
exercer, especialmente, após a separação, onde a relação afetiva entre os cônjuges 
é cercada de mágoa e ressentimento, dificultando a distinção entre ex-casamento e 
relações parentais, ou seja, onde a separação põe fim sobre a relação conjugal, mas 
não à função parental. Por consequência, neste momento de crise, é fundamental 
distinguir ex-cônjuge, de pai/mãe, pois não é justificável que os ex-cônjuges passem 
a ser também ex-pai/mãe (Grzybowski, 2007 apud NEVES; 2016). 
Como caracteriza os autores Hackner, Wagner e Grzybowski (2006 apud 
NEVES; 2016), uma das maiores dificuldades no divórcio é a separação da relação 
conjugal e da paternidade/parentalidade. Redefinir o engajamento emocional dos dois 
envolvidos é um processo demorado que cria lacunas e ausências nas margens dos 
relacionamentos, especialmente no conflito pós-divórcio. Os papéis e regras dos pais 
precisam ser (re) definidos porque têm um impacto direto na relação de co-
parentalidade. A co-parentalidade exige muitas responsabilidades básicas e 
essenciais para as crianças, tais como: garantir que as necessidades financeiras e 
 
37 
 
materiais sejam atendidas, fornecer orientação e direção, exercer autoridade, 
promover a comunicação emocional e o compartilhamento de experiências cotidianas 
(Grzybowski & Wagner, 2010 apud NEVES; 2016). 
Os autores Lamela, Figueiredo e Bastos (2010 apud NEVES; 2016) 
identificaram variações da função coparental entre as díades parentais 
divorciadas, são elas: a coparentalidade cooperativa, a conflituosa e a 
descomprometida. A coparentalidade cooperativa é adquirida por meio de 
interações de qualidade entre os pais, pautadas por uma comunicação 
regular sobre os filhos, caracterizada por níveis mínimos de conflito e 
ausência de estratégias de ataques das interações que cada pai mantém 
individualmente com os filhos. A coparentalidade conflituosa é também 
marcada pela regularidade da comunicação entre os pais, no entanto, esta 
comunicação contém elevados níveis de conflito, hostilidade, criticismo e 
competição que, devido a esta postura de adversários, provoca um curto-
circuito nas tentativas de um trabalho coparental eficaz. Por último, na 
coparentalidade descomprometida, mais frequente em díades parentais 
divorciadas, existe um envolvimento de cada pai na vida da criança, mas este 
envolvimento não é conjunto, e os pais praticam uma parentalidade paralela, 
pautada por uma comunicação mútua rudimentar em torno das questões 
educacionais dos filhos. 
Nos primeiros dois anos após o divórcio, as relações co-parentais são 
frequentemente caracterizadas por altos níveis de conflito ou baixos níveis de 
compromisso relacionado a educação recíproca para os seus filhos, NEVES;(2016). 
Esta condição leva a uma situação de conflito e desengajamento, parece 
traduzir-se em práticas parentais paralelas e levam a perder a sintonia, que acaba 
colaborando para o enfraquecimento da percepção dos filhos sobre as alianças 
parentais e incita o conflito parental e a disfunção familiar (Nunes-Costa, Lamela, & 
Figueiredo, 2009 apud NEVES; 2016). 
Ainda de acordo com Grzybowski e Wagner (2010 apud NEVES; 2016), foram 
encontrados os seguintes fatores positivos para uma boa relação parental conjunta 
após o divórcio: guarda conjunta, menor hostilidade sobre os divórcios, satisfação com 
o apoio financeiro e baixos níveis de conflito entre ex-cônjuges. 
Além desses aspectos, há outros aspectos igualmente importantes, como: 
filhos pequenos e acordos de visitação; novos relacionamentos amorosos que 
auxiliam nas tarefas educacionais ou permitem que os parceiros passem mais tempo 
com os filhos; preocupação com o ex-cônjuge e nível de amizade; relação entre a 
comunicação do ex-cônjuge; percepções de habilidades parentais do ex-cônjuge; 
idade dos filhos e o gênero dos progenitores, NEVES; (2016). 
 
38 
 
Em contrapartida, Margolin, Gordis e John (2001 apud NEVES; 2016) alegaram 
que um dos ex-cônjuges se casou novamente e ainda mantém uma forte intensidade 
emocional em relação ao outro, exceto os desacordos sobre a educação dos filhos 
antes do divórcio mostram os danos e as complicações da co-parentalidade. 
O fato de não haver guarda também tem sido apontado como fonte de 
hostilidade dos ex-cônjuges, fazendo com que muitos se comuniquem apenas por 
meio dos filhos e evitem participar das decisões relacionadas aos filhos que não estão 
sob sua proteção. Brito (2002 apud NEVES; 2016) observou que para compreender o 
comportamento e as expectativas dos pais divorciados, uma pesquisa realizada sobre 
questões envolvendo a guarda dos filhos, foi que muitos pais relataram o quão difícil 
era separar as questões relacionadas ao âmbito conjugal, com a guarda dos filhos, 
em relação ao ex-casamento, no contexto do divórcio. 
Raiva, mágoa, desprezo ou mal-entendido por um ex-cônjuge sobre a 
separação podem levar ao distanciamento dos filhos. Na maioria das vezes, esses 
pais não conseguem discernir o que é certo para o casal. No que diz respeito à 
parentalidade, pode ser que a própria legislação tenha criado essa confusão há muito 
tempo, e essas questões impedem que as relações de co-parentalidade funcionem 
adequadamente, NEVES; (2016). 
Brito (2002 apud

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