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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DA REGIÃO SUL - CERES CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOCE LAR - CENTRO HUMANIZADO DE ATENDIMENTO E ACOLHIMENTO AO IDOSO EM BRAÇO DO NORTE/SC SAMARA DA SILVA BORGERT LAGUNA - SC, 2016 SAMARA DA SILVA BORGERT DOCE LAR - CENTRO HUMANIZADO DE ATENDIMENTO E ACOLHIMENTO AO IDOSO EM BRAÇO DO NORTE/SC Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Educação Superior da Região Sul da Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Americo Hiroyuki Hara LAGUNA - SC 2016 SAMARA DA SILVA BORGERT DOCE LAR - CENTRO HUMANIZADO DE ATENDIMENTO E ACOLHIMENTO AO IDOSO EM BRAÇO DO NORTE/SC Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Educação Superior da Região Sul da Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo Banca examinadora Orientador: _________________________________________ Prof. Me. Americo Hiroyuki Hara Universidade do Estado de Santa Catarina Membro: _________________________________________ Titulação, Nome IES de origem Membro: ________________________________________ Titulação, Nome IES de origem Laguna, 14/06/2016 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus que mesmo em silêncio sempre me deu forças para superar as adversidades e aproveitar as oportunidades que surgiam. Aos meus pais, que são meus exemplos de força e determinação, e que juntamente com meu irmão e namorado sempre estiveram ao meu lado me apoiando em todos os momentos dessa jornada e me incentivando a seguir meus sonhos e não desistir perante as dificuldades. Ao professor Americo Hiroyuki Hara que dispôs de seu tempo, paciência e conhecimento durante esse semestre para auxiliar na realização desse trabalho. E à todos os professores da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) que ao longo do curso tanto contribuíram para meu crescimento pessoal e acadêmico. RESUMO BORGERT, Samara da Silva. Doce Lar - Centro Humanizado de Atendimento e Acolhimento ao Idoso em Braço do Norte/SC. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Arquitetura e Urbanismo). Universidade do Estado de Santa Catarina. Laguna, 2013. O envelhecimento da população brasileira e a falta de infraestrutura adequada para atender esse público é hoje, um dos grandes desafios no país. Pois, embora existam algumas instituições de qualidade no país, muitas estão superlotadas ou não possuem os serviços adequados para auxiliar no tratamento dessa faixa da população. Para auxiliar na solução desse problema optou-se pela implantação de uma instituição de longa permanência para idosos na cidade de Braço do Norte/SC. Tendo como principal objetivo propor um ambiente que proporcione o conforto dos usuários e disponha dos serviços necessários para atendê-los de modo que assim, possa contribuir para retardar ou amenizar os efeitos das doenças que aparecem com o envelhecimento. Para isso, será utilizada como método de pesquisa, revisões bibliográficas acerca do tema, saídas de campo e questionários. Sendo assim, no decorrer deste trabalho será realizada primeiramente uma revisão teórico/histórico onde serão analisados o processo do envelhecimento e atividades físicas, e suas influências na qualidade de vida dos idosos, bem como, a evolução das instituições de longa permanência ao longo da história. Em seguida, para auxiliar na compreensão do modo de funcionamento das instituições atuais, será realizado um estudo de caso no Abrigo dos Velhinhos em Tubarão/SC, e dois estudos de correlatos o Lar de Idosos Peter Rosegger e o St. Nikolaus, ambos localizados na Aústria. Como resultado, serão definidas as diretrizes projetuais, o programa de necessidades e o pré-dimensionamento que auxiliarão proposta de um projeto arquitetônico para um centro de acolhimento ao idoso na cidade de Braço do Norte/SC, a ser desenvolvido Trabalho de Conclusão de Curso II. Palavras-chave: Arquitetura. Instituição de Longa Permanência. Idoso. Envelhecimento. Abrigo. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8 1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 8 1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 9 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 9 1.2.2 Objetivo Específico......................................................................................... 9 1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 10 2 ANÁLISE HISTÓRICA/TEÓRICA .................................................................. 11 2.1 O EVELHECIMENTO E A QUALIDADE DE VIDA ........................................... 11 2.1.1 Envelhecimento ............................................................................................ 11 2.1.2 Qualidade De Vida ........................................................................................ 13 2.2 ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE .................................................... 15 2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DESTINADAS À TERCEIRA IDADE ......................... 16 2.4 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA ................................................. 18 2.4.1 Trajetória das Instituições de Longa Permanência ................................... 18 2.4.2 Situação atual no Brasil ............................................................................... 21 2.4.3 Um novo desafio para as ILPIS ................................................................... 23 3 ANÁLISE DE CORRELATOS E ESTUDO DE CASO.................................... 25 3.1 ESTUDO DE CORRELATO – LAR DE IDOSOS PETER ROSEGGER ........... 26 3.1.1 Ficha do produto .......................................................................................... 26 3.1.2 Conceito e Partido do Projeto ..................................................................... 26 3.1.3 Entorno e Acessos ....................................................................................... 26 3.1.4 Setorização .................................................................................................... 26 3.1.5 Infraestrutura ................................................................................................ 26 3.1.6 Estrutura ........................................................................................................ 26 3.1.7 Orientação Solar ........................................................................................... 26 3.2 ESTUDO DE CORRELATO – ST. NIKOLAUS ................................................ 27 3.2.1 Ficha do produto .......................................................................................... 27 3.2.2 Conceito e Partido do Projeto ..................................................................... 27 3.2.3 Entorno e Acessos ....................................................................................... 27 3.2.4 Setorização .................................................................................................... 27 3.2.5 Infraestrutura ................................................................................................ 27 3.2.6 Estrutura ........................................................................................................27 3.2.7 Orientação Solar ........................................................................................... 27 3.3 ESTUDO DE CASO ........................................................................................ 28 3.3.1 Abrigo dos Velhinhos, Tubarão/SC ............................................................. 28 3.3.2 Inserção Urbana ............................................................................................ 29 3.3.3 Visita ao Local ............................................................................................... 30 3.3.4 Aspectos Funcionais .................................................................................... 30 3.3.4.1 Acessos ...................................................................................................... 30 3.3.4.2 Circulação ................................................................................................... 31 3.3.4.3 Análise da Forma ........................................................................................ 31 3.3.4.4 Orientação das aberturas ou janelas .......................................................... 31 3.3.5 Setorização .................................................................................................... 31 3.3.6 Fluxograma ................................................................................................... 31 3.4 SÍNTESE ESTUDOS DE CORRELATO E DE CASO ...................................... 32 4 LEVANTAMENTO DIAGNÓSTICO ................................................................ 33 4.1 MUNICÍPIO ..................................................................................................... 33 4.2 RECORTE DA ÁREA ...................................................................................... 35 4.2.1 Bairro ............................................................................................................. 35 4.2.2 Equipamentos e infra estruturas existentes .............................................. 35 4.2.3 Sistema Viário ............................................................................................... 35 4.2.4 Fluxos ............................................................................................................ 35 4.2.5 Uso do solo ................................................................................................... 35 4.2.6 Cheios e Vazios ............................................................................................ 35 4.2.7 Gabarito ......................................................................................................... 35 4.3 ÁREA PROPOSTA ......................................................................................... 36 4.3.1 Análise bioclimática ..................................................................................... 37 4.3.2 Legislação ..................................................................................................... 38 4.4 SÍNTESE LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO ............................................. 40 5 DIRETRIZES .................................................................................................. 41 5.1 DIRETRIZES PROJETUAIS ........................................................................... 41 5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO ................ 41 5.3 ESTUDOS INICIAIS DE PROJETO ................................................................ 46 5.3.1 Conceito e partido ........................................................................................ 46 5.3.2 Implantação ................................................................................................... 46 5.3.3 Fluxograma ................................................................................................... 46 5.3.4 Setorização .................................................................................................... 46 6 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 47 APÊNDICE B – Questionário Abrigo dos Velhinhos, Tubarão/SC ............................ 51 APÊNDICE C – Quadro de funcionários ................................................................... 53 ANEXO A – Diretrizes construtivas para parede segundo NBR 15220-3 para o município de Braço do Norte/SC ............................................................................... 54 ANEXO B - Diretrizes construtivas para cobertura segundo NBR 15220-3 para o município de Braço do Norte/SC ............................................................................... 55 8 1 INTRODUÇÃO Dados apontam que até 2025, o Brasil será o sexto país em número de idosos tendo cerca de 32 milhões (IBGE, 2010). Esse aumento da longevidade da população brasileira é uma conquista obtida através da melhoria da qualidade de vida da população e da diminuição da mortalidade. No entanto, essa conquista traz consigo um grande desafio, a de atender essa população com serviços e infraestrutura de qualidade. Diversos setores apresentam dificuldades para esse atendimento, porém serão abordadas nesse trabalho as instituições de longa permanência para idosos. Tais instituições tem sua origem relacionada aos locais onde viviam pessoas que não tinham família ou que foram abandonadas por seus parentes e, durante muito tempo, essa imagem de abandono e segregação social foi associada aos abrigos para idosos. Atualmente, no Brasil, muitas pessoas ainda associam essa imagem de abandono às instituições de longa permanência. Essa visão negativa dessas instituições é agravada ainda mais porque, embora existam algumas instituições de qualidade, há poucas para atender a demanda crescente de idosos o que acaba ocasionando superlotação dos abrigos existentes. Como forma de tentar mudar esse cenário, diversas políticas públicas foram surgindo, e novas orientações de projeto foram criadas (um exemplo é a RDC 73/2001). Atualmente orienta-se que os abrigos sejam um local que forneça atendimento integral e especializado aos idosos e tenha um ambiente com caráter residencial e aconchegante, onde são consideradas a intimidade e identidade dos seus residentes. Diante do exposto até o momento, este trabalho tem por objetivo o projeto de uma instituição de acolhimento ao idoso onde o espaço arquitetônico não seja um limitador, mas sim, um ambiente que contribui para a diminuição das dificuldades das pessoas com idade acima de 60 anos e estimula a socialização e independência. 1.1 JUSTIFICATIVA A cidade de Braço do Norte/SC tem atualmente 31.765 habitantes, e cerca de 9 10% dessa população é de pessoas com idade acima de 60 anos (IBGE, 2010), mesmo com esse número, a cidade não apresenta nenhuma instituição de longa permanência. Dessa forma, os idosos desta cidade que por algum motivo precisam de abrigo institucional, são obrigados a se deslocar cerca de 35 km até Tubarão/SC. No entanto, essa cidade tem apenas dois abrigos que atendem diversos municípios da região da AMUREL (Associação dos Municípios da Região de Laguna), por esse motivo existem poucas vagas. Dessa forma, se o longevo não encontra vagas nessas instituições se vê obrigado a contratar um cuidador particular ou ainda, para aqueles que não possuem condições, se deslocarem para mais longe de seu local de origem. Por esse motivo, propõe-se este trabalho, um projeto de ILPI para a cidade de Braço do Norte/SC voltado a esses com os serviços de saúde, o conforto e comodidade de um lar. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Definir diretrizes projetuais para uma proposta arquitetônica de um Centro de Acolhimento ao Idoso em Braço do Norte/SC. 1.2.2 Objetivo Específico Fazer levantamentos de informações relacionadas ao tema em estudo; Coletar dados referentes à cidade de Braço do Nortepara amparar a elaboração do projeto; Estudar projetos correlatos e estudo de caso a fim de, conhecer formas de construções e soluções adotadas para esse tipo de construção; Estudar condicionantes bioclimáticas e legislação do local onde o projeto será inserido. 10 1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para auxiliar na elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso I será utilizada a seguinte metodologia: Análise Histórica / Teórica – nessa etapa será realizada uma revisão bibliográfica acerca das instituições de longa permanência para idosos e os fatores que a influenciam como, sua origem, trajetória, políticas públicas destinadas à terceira idade e o processo de envelhecimento e sua interferência na qualidade de vida do longevo; Análise de referenciais – nesse momento serão realizadas pesquisas em sites e livros para estudo de projetos que abrangem a mesma temática analisando aspectos funcionais, estruturais e de conforto ambiental; Estudo de Caso – para essa análise os procedimentos utilizados serão o questionário e a visita a campo em uma ILPI, de modo a conhecer seu funcionamento, aspectos positivos e negativos; Levantamento e diagnóstico – realização de saídas a campo na região do terreno escolhido com o objetivo de analisar aspectos como gabarito, usos, cheios e vazios, sistema viário e insolação, utilizando-se para essas análises fotos, mapas e croquis; Programa de necessidades e pré-dimensionamento – para essa etapa serão utilizadas normas de acessibilidade, leis que definem sobre as instituições de longa permanência além de livros de pré-dimensionamento; Diretrizes projetuais – esse último processo será definido levando-se em consideração todas as informações coletadas com as etapas anteriores. As diretrizes definidas com essa etapa serão fundamentais para elaboração de uma proposta no Trabalho de Conclusão de Curso II. 11 2 ANÁLISE HISTÓRICA/TEÓRICA 2.1 O EVELHECIMENTO E A QUALIDADE DE VIDA 2.1.1 Envelhecimento O envelhecimento é um processo contínuo de modificações mental e física, que acontece de forma diferente entre os indivíduos, dependendo do estilo de vida e genética. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS (BRASIL, 2006) esse processo pode ser definido como: “um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte” (Brasil, 2006, p. 8). Em virtude das mudanças que ocorrem à medida que o ser humano envelhece, Elie Metchnikoff (1903), propôs a criação de uma especialidade da medicina voltada para investigação e estudo do processo de envelhecimento, denominando-a de gerontologia, derivado dos termos gregos géron (velho, ancião) e –logia (estudo). A partir dos estudos realizados ao longo dos anos, a gerontologia evoluiu e atualmente, abrange três grandes ramificações: Gerontologia social – aborda aspectos não orgânicos do envelhecimento investigando as modificações morfológicas, psicológicas, fisiológicas e sociais; Gerontologia biomédica – tem como eixo principal o estudo do envelhecimento e os elementos que podem interferi-lo compreendendo os aspectos antropológicos, psicológicos, legais, sociais, ambientais, econômicos, éticos e políticas de saúde; Geriatria – estuda as doenças que acometem aos idosos, abrigando os aspectos curativos e preventivos da atenção à saúde. Além das modificações mencionadas anteriormente, o processo do envelhecimento pode ocasionar a aparição de doenças, a maioria crônicas (doenças que requerem o acompanhamento constante pois não tem cura) e não 12 transmissíveis, que embora não sejam fatais podem comprometer significativamente a qualidade de vida, podendo dificultar ou até mesmo inibir a realização de atividades diárias de forma independente. Por isso, para o projeto de um espaço voltado para o acolhimento de idosos é necessário levar em consideração as principais doenças que os atingem, e como elas podem influenciar nesse projeto. Entre as principais doenças que acometem as pessoas com mais de 60 anos temos: as doenças cardiovasculares (ataque cardíaco, angina de peito e asteroclerose), diabetes, déficits sensoriais (audição, visão, paladar e olfato) e doenças osteoarticulares (osteoporose, artrite reumatoide e osteoartrose). Apesar dos estudos sobre o envelhecimento terem iniciados no começo do século XX, o assunto ganhou maior visibilidade nos últimos anos, devido ao crescimento da população mundial com idade superior a 60 anos. Segundo estimativa das Nações Unidas, a população idosa alcançará dois bilhões de pessoas até 2050 (CANÇADO et al, 2011). No Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010, havia cerca de 20,5 milhões de pessoas com idade acima de 60 anos e, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) até 2025, o país será o sexto do mundo em número de idosos, com aproximadamente 32 milhões de idosos, a maioria mulheres. Em Braço do Norte, cidade onde se propõe o projeto, a quantidade de idosos é elevada (Figura 1). Segundo o IBGE (2010), cerca de 10% da população é de idosos o que considerando com a população atual que é de 31.765 habitantes, temos cerca de 3.000 pessoas com idade superior a 60 anos. Figura 01: Distribuição da população de Braço do Norte (SC). Fonte: IBGE,2010. 13 Esses números são reflexos do declínio da fecundidade, aliado à diminuição da mortalidade, além de uma melhora na qualidade de vida o que gerou um aumento na expectativa de vida. Atualmente, no Brasil, a expectativa é de 75,44 anos (IBGE, 2015), número que se aproxima daquele observado em países desenvolvidos. Devido às mudanças no perfil demográfico brasileiro, vários setores devem se adequar para atender a esse novo perfil, dentre eles podemos citar áreas como, a educação, a saúde, o trabalho, a previdência social e a habitação. Dentre as áreas citadas, a área de saúde ganha maior importância, devido à suscetibilidade dos idosos e à necessidade cada vez maior de atendimento de qualidade. No Brasil, esse é um dos setores mais carentes, pois ao contrário dos países desenvolvidos, em que o envelhecimento aconteceu acompanhado pelo crescimento socioeconômico, nas nações em desenvolvimento esse aumento do número de idosos aconteceu sem que estivessem preparados para atendê-los (CANÇADO et al, 2011). Os cuidados com a saúde do idoso exigem além de recursos em espaços físicos, investimento em medicamentos e pessoal capacitado. Face a isso, o desafio para as políticas públicas é contribuir para o aumento de serviços e de benefícios voltados ao cuidado do idoso, fornecendo não só o tratamento e a reabilitação para doenças já identificadas, como também a prevenção, promoção da saúde, de modos de vida saudável, educação, transporte, ambientes adequados além de possibilidade de crescimento individual. Dessa forma, através desses serviços será assegurado as idoso maior qualidade de vida, bem-estar e participação plena em todos os aspectos da sociedade. 2.1.2 Qualidade De Vida A definição sobre qualidade devida mais abrangente foi proposta pelo grupo de especialistas da Organização Mundial de Saúde e pode ser exposta da seguinte forma: “Qualidade de vida é a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, de acordo com o contexto cultural e o sistema de valores com os quais convive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. (CANÇADO et al, 2011, p. 189) 14 Segundo CANÇADO et al (2011), há diversas definições sobre o que é qualidade de vida, porém é consenso entre os pesquisadores que a qualidade de vida é subjetiva,multidimensional e bipolar. Diz-se que a qualidade de vida é subjetiva, pois ela varia conforme o entendimento e julgamento individuais. Multidimensional, porque abriga pelo menos três dimensões: a física (corpo ou elementos que exercem alguma influencia no meio físico), a psicológica (mente) e a social (relações sociais), há ainda alguns estudiosos que incluem a dimensão espiritual (religiosidade). E bipolar, pois o termo possui dois lados o positivo e o negativo. A mutabilidade é outra característica associada à qualidade de vida, pois a avaliação desta muda de acordo com o tempo, pessoa, lugar e contexto cultural. Alterando até para uma mesma pessoa conforme o humor, idade e experiências vividas (CANÇADO et al, 2011). Na velhice, a qualidade de vida é influenciada principalmente por: 1. Fatores ambientais – que abrange o contexto físico, ecológico e o construído pelo homem. Esses itens irão influenciar na forma como idosos se relacionam com o ambiente externo por isso devem oferecer condições adequadas à vida das pessoas; 2. Fatores psicológicos – são influenciados por diferentes itens como meio físico, saúde em que se encontra o indivíduo, nível socioeconômico e relações sociais (essa sendo uma das grandes dificuldades dos idosos, pois em muitos casos eles são segregados da sociedade). Dos fatores que influem na qualidade de vida este é o mais subjetivo, pois sua qualidade ou não, depende muito de pessoa para pessoa. A avaliação de satisfação de vida, poderá ser influenciada também por valores, expectativas (realizadas ou não) e experiências vividas pelo idoso. 3. Fatores sociais – a relação do idoso com a família, parente e com a sociedade podem influenciar positiva ou negativamente na maneira como ele classifica a sua qualidade de vida. 4. Saúde – esse é um fator de importância fundamental, pois a qualidade da saúde na velhice poderá influenciar não só no bem estar, mas também na realização de atividades diárias definindo o grau de dependência. Atualmente, devido ao aumento da longevidade da população o envelhecimento ativo (processo de otimização das oportunidades de saúde, 15 participação e segurança) vem ganhando espaço também nas políticas públicas. O objetivo principal no cuidado ao idoso não é eliminar as doenças, mas atrasar o seu aparecimento, além de auxiliar aqueles que já sofrem de alguma limitação através de melhorias nos espaços físicos (seja públicos ou privados), na saúde e no transporte, fornecendo uma vida de qualidade e ativa para todos os longevos, tornando o idoso apto a ter uma vida longa e saudável (BRASIL, 2005). 2.2 ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE A inatividade física é considerada um fator de risco para as doenças que atingem as pessoas acima de 60 anos. Devido a isso, foram realizados diversos estudos que tratam sobre o benefício que atividades físicas adaptadas para as limitações dos idosos podem provocar no processo de redução da saúde. Essa prática pode, além de retardar o aparecimento de algumas doenças, controlar a progressão para aqueles que possuem alguma patologia ou, em alguns casos, até mesmo a regressão delas. Dentre os principais benefícios da atividade física, tem-se: ITEM BENEFÍCIOS 01 Melhor funcionamento corporal, diminuindo as perdas funcionais favorecendo a preservação da independência; 02 Redução no risco de morte por doenças cardiovasculares; 03 Melhora do controle da pressão arterial; 04 Manutenção da densidade mineral óssea, com ossos e articulações mais saudáveis; 05 Melhora a postura e o equilíbrio; 06 Melhor controle do peso corporal; 07 Melhora o perfil lipídico (conjunto de teste que mostra o risco de doença cardíaca); 08 Melhor utilização da glicose; 09 Melhora a função intestinal; 10 Melhora de dores; 11 Melhora a qualidade do sono; 12 Ampliação do contato social; 13 Correlações favoráveis com redução do tabagismo e abuso de álcool e 16 drogas; 14 Diminuição da ansiedade do estresse, melhora do estado de humor e da autoestima; 15 Maior longevidade; 16 Redução das taxas de morbidade e mortalidade; 17 Redução do número de medicamentos prescritos; 18 Prevenção do declínio cognitivo; Tabela 01: Benefícios da Prática de Atividade Física. Fonte: Envelhecimento e Saúde da pessoa idosa, Brasília (2006) Frente a esses benefícios, nota-se a necessidade de programas de atividades físicas específicas para idosos em diferentes instituições. As atividades mais comuns são: caminhada, ciclismo (ou exercício em bicicleta ergométrica), natação, hidroginástica, dança, ioga, Tai Chi Chuan 1, Lian Gong 2 e exercícios de resistência ou treinamento da força muscular (CANÇADO et. al., 2006). A queda da capacidade funcional nos idosos pode ser gerada também por ambientes que não sejam adequados. Por isso, ao se projetar um centro de acolhimento ao idoso deve-se propor espaços adequados para a realização das mais variadas atividades e adaptados às necessidades das pessoas com restrições físicas, a fim de disponibilizar um local que proporcione saúde, bem estar e segurança. 2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DESTINADAS À TERCEIRA IDADE A defesa dos direitos do idoso tomou um âmbito em escala mundial, dessa forma, as políticas públicas voltadas para esse setor atingem quatro esferas. Na esfera internacional, tem-se o Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento firmado por diversos países do mundo, onde são estabelecidas regras que pedem a defesa do direito do idoso, além da promoção de saúde e bem- estar na velhice, e a criação de ambientes propícios às limitações geradas com a idade (BRASIL, 2003). Seguindo esse Plano Internacional, em âmbito nacional, foram criadas 1 Arte marcial chinesa que envolve principalmente respiração, concentração e os preceitos da medicina tradicional chinesa 2 Une medicina tradicional chinesa com moderna medicina ocidental, artes guerreiras e antigos exercícios terapêuticos. Tem como principal objetivo o tratamento e prevenção de dores no corpo 17 diversas políticas de apoio ao idoso sendo elas: Lei 8.842/1994 (Estabelece Política Nacional do Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso) – Esta lei tem por objetivo assegurar os direitos sociais das pessoas com mais de 60 anos e influencia no projeto arquitetônico por exigir propostas que assegurem e promovam a autonomia do idoso além de integração e participação efetiva na sociedade; Portaria 73/2001 (Normas de Funcionamento de Serviços de Atenção ao Idoso no Brasil) – Esta portaria tem como finalidade propiciar aos idosos abrigados em instituições de longa permanência, serviços adequados às suas necessidades e ainda promover o vínculo familiar e integração à comunidade. Dessa forma ela explica sobre as modalidades de atendimento institucional, que varia de acordo com o grau de dependência do idoso, e estabelece (de acordo com cada modalidade) quadro de funcionários, ambientes e mobiliários necessários. Além de tratar sobre orientações gerais para o projeto de áreas externas e internas desse tipo de instituição. Lei 10.741/2003 (Estatuto Do Idoso) – Também conhecida como Estatuto do Idoso, esta lei regula os direitos dos idosos e objetiva assegurar o fornecimento de serviços de saúde, segurança, alimentação, educação (incluindo cursos relativos a computação e demais avanços tecnológicos), cultura, esporte, lazer e habitação. Ela estabelece que as instituições que abrigarem pessoas com mais de 60 anos devem, manter padrões de habitação compatíveis com normas sanitárias e necessidades dos idosos. Além de incentivar o contato entre os familiares através de espaços adequados para visitas. Decreto 5.109/2004 (Conselho Nacional dos Direitos do Idoso) – Esse documento estabelece a composição, estruturação e competências do Conselho Nacional do idoso. E tem como principalobjetivo zelar pela aplicação da lei 8.842/94. Portaria 2.528/2006 (Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa) – A portaria tem como sua principal finalidade é a implantação de programas de saúde para a pessoa idosa e treinamento de profissionais, de modo, a manter e promover a autonomia e independência da população brasileira com idade acima de 60 anos. Segundo essa lei quando se fala na saúde da pessoa idosa está incluída também a saúde mental, dessa forma, obriga-se que instituições para idosos tenham espaços 18 que permitam a promoção da saúde física bem como atividades e ambientes que auxiliem na saúde mental. Em âmbito estadual tem-se a Lei 11.436/00, (Política Estadual do Idoso), que além de mencionar as orientações feitas pelas leis nacionais, tem como princípios, a promoção do direito à cidadania para o idoso, adequação dos espaços públicos para melhoria da qualidade de vida e apoio técnico estadual para instituições asilares que atendem aos idosos em situação de risco e abandono. Em nível municipal, tem-se a Lei Ordinária 2.404/07 (estabelece a Política Municipal dos Direitos do Idoso) que retoma as orientações citadas anteriormente tendo como principais objetivos, integrar as pessoas com idade acima de 60 anos à sociedade em geral, garantir serviço sócio assistencial e atender ao idoso desabrigado e sem família. 2.4 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA Diversos termos são utilizados para denominar as instituições para idosos entre eles tem-se, asilo, abrigo, lar, casa de repouso e clínica geriátrica. Como uma forma de tentar padronizar essa nomenclatura, foi proposto pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) o termo Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), definindo-o como local com serviços especializados com dupla função: fornecer atendimento integral e especializado aos idosos que não possuem condições de residir junto aos familiares e disponibilizar um ambiente com uma atmosfera residencial e aconchegante, onde são preservadas a intimidade e a identidade dos seus residentes. 2.4.1 Trajetória das Instituições de Longa Permanência Segundo QUEVEDO (2002), há poucas informações sobre a origem de abrigo de idosos, sendo um dos primeiros registros datado da Idade Média. Quando os longevos eram abrigados nas enfermarias dos hospitais que atendiam diversos hóspedes e cumpriam as mais variadas funções, como por exemplo, instituição de caridade, orfanato, abrigo para rejeitados, casa de hospedagem para viajantes e pobres. 19 Analisando a organização espacial dessas instituições observa-se que, as enfermarias eram espaços com formas retangulares, em geral, grandes e altos com camas dispostas junto à parede longitudinal em compartimentos semelhantes à alcova e capela situando-se ao fundo da sala (QUEVEDO, 2002). Foi somente na metade do século XV que a configuração dos espaços dos hospitais começou a ser alterada tomando a forma de cruz (Figura 02). Situando-se o altar, no cruzamento dos dois braços, de onde partiam as quatro salas de forma radial. A partir dessa organização, no final do século XVII, teve início os primeiros projetos utilizando esquema de plantas radiais, com mais de quatro raios saindo de um mesmo ponto com o objetivo de abrigar o maior número de camas. Porém, mesmo com esse novo tipo de organização espacial, a planta em forma de cruz seguiu até o século XIX, especialmente nas instituições de acolhimento ao idoso. A partir do século XIX, outros modelos foram surgindo como, por exemplo, as plantas que consistiam na disposição de vários pavilhões a cada lado de um pátio central alongado e com uma grande massa de colunas decorativas, ou ainda a distribuição espacial conhecida como colônia, caracterizada por vários edifícios pequenos em vez de um único. A partir desses modelos é que começou a se pensar na orientação das fachadas como modo de melhora da saúde e conforto dos residentes, implantando-o primeiramente em hospitais e em seguida em instituições de acolhimento ao idoso (QUEVEDO, 2002). Contudo, na metade do século XX, com o avanço dos estudos da geriatria, e de acordo com os cuidados que deveriam ser tomados no tratamento de idosos os espaços tiveram que ser readequados para atender ao novo programa. Isso levou os arquitetos reverem as formas já estabelecidas (Figura 02) e projetar outros modelos que se adequassem às exigências da época (Figura 03), construindo agora vilas mais retiradas, quarto ou apartamento separados para idosos e incluindo no programa de necessidades, ambientes e atividades de cuidado com a saúde e áreas de recreação e lazer. 20 Figura 02: Exemplos de organização em planta de abrigos no Mundo até o século XX. Fonte: QUEVEDO, 2002, Adaptado pela autora. Figura 03 Exemplos de organização em planta de abrigos no Mundo a partir do século XX. Fonte: QUEVEDO, 2002, Adaptado pela autora. Esse processo de readequação das plantas das instituições de longa permanência para idosos está em constante mutação, pois os avanços da medicina, no que tange às melhorias para a saúde do idoso, acabam influenciando diretamente o projeto arquitetônico (QUEVEDO, 2002). 21 2.4.2 Situação atual no Brasil Segundo CANÇADO et al (2011), apesar dos avanços com relação as instituições de acolhimento ao idoso, no Brasil ainda hoje, observa-se que, em geral, há um grande preconceito a respeito desses locais. Como forma de verificar a imagem que as pessoas possuem desse tipo de instituição foi realizada uma pesquisa com 20 pessoas (Apêndice A). O questionário foi encaminhado para um público aleatório, tentando assim abranger opiniões e vivências variadas. No questionário foi apresentada duas questões com alternativas (idade e sexo) e 3 discursivas. Sendo que, das questões discursivas a primeira perguntava sobre a opinião sobre abrigo para idosos, a segunda questionava se moraria em um abrigo e a terceira (que não era obrigatória) sobre o que seria um abrigo ideal. Das respostas cerca de 90% das pessoas tinham idades entre 20 e 59 anos e a maioria eram mulheres (70%). Na primeira questão das 20 pessoas que responderam o questionário, 8 tinham uma visão negativa desse local, associando ele ao sentimento de tristeza e abandono, classificando-os como locais sem conforto e que somente nos particulares é que se teria uma melhor infraestrutura. E 14 pessoas tinham uma imagem boa ligada aos abrigos, no entanto, as justificativas dessa imagem positiva geralmente estavam atreladas ao fato de que é um lugar para se passar o final da vida e principalmente voltado para aqueles que não têm onde ficar ou que a família não tem condições. Porém, apesar de a maioria dos entrevistados dizer ter uma imagem positiva dos abrigos quando perguntadas se morariam em uma ILPI, somente quatro pessoas disseram que morariam, condicionando essa estadia à infraestrutura existente ou se a outra opção, além do abrigo, fosse à rua. O restante respondeu que não moraria, sendo os principais motivos são o sentimento de tristeza e abandono associado a esse local, e o fato de que ficariam longe da família e sem o conforto de um lar. 22 Gráficos 01 e 02: Respostas à pergunta 1 do questionário aplicado. Fonte: Elaborado pela autora. Nota-se que no Brasil essa imagem negativa que a sociedade tem dessas instituições, é agravada pelo fato de que no país a quantidade de ILPIs (públicas e particulares) não é suficiente para atender a demanda da população, o que acaba provocando a superlotação dos abrigos existentes e a má qualidade dos serviços prestados. Apesar de possuir algumas instituições com atendimento de qualidade (sendo a maioria privada), o número daquelas que não atendem a parâmetros básicos de funcionamento ainda é expressivo (ARAÚJO et.al., 2010). Como forma de mitigar essa situação, diversas políticas públicas foram surgindo sendo as mais importantes, para definição de projetos em ILPIs, a RDC 283/2005 e a Portaria 73/2001. Segundo essas leis, as instituições de longa permanência para o idoso podem ser classificadas em categorias (privada sem finalidade lucrativa; privada com finalidade lucrativa e instituições públicas), porte (pequeno: até 15 vagas; médio: 16 a 49 vagas; grande: 50 vagas ou mais) e grau de dependência dos idosos atendidos (modalidade de atendimento). Sendo o grau de dependência um dos norteadores para definição do projeto, pois através da definição da modalidade de atendimento da ILPI é que dependerá a quantidade de idosos que poderão ser abrigados, número de funcionários, ambientes e mobiliário necessário: Modalidade I – idosos independentes para atividades da vida diária, mesmo que requeiram uso de equipamentos de autoajuda (andador, bengala, cadeira de roda). Para essa unidade é recomendada capacidade máxima de 40 pessoas, com 70% de quartos para quatro idosos e 30% para dois idosos; Modalidade II – instituições destinadas a idosos independentes assim como para aqueles que possuem dependência em até três atividades de 20% 55% 25% Qual a sua ideia sobre abrigo de idosos? (Positiva) Bom se não tem onde ficar Bem estar Passar final da vida 20% 55% 25% Qual a sua ideia sobre abrigo de idosos? (Negativa) Longe da família Abandono e tristeza Sem conforto 23 autocuidado para a vida diária (alimentação, mobilidade e higiene) e sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada. É recomendado 22 pessoas, com 50% de quartos para quatro idosos e 50% para dois idosos; Modalidade III – idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo. Sendo a capacidade máxima recomendada de 20 pessoas, com 70% de quartos para quatro idosos e 30% para dois idosos. De acordo com a modalidade de atendimento escolhida, a Portaria 73/2001 estabelece a contratação dos seguintes profissionais. Modalidade I Modalidade II Modalidade III Profissional Quant. Quant. Quant. Responsável técnico com formação em nível superior 1 1 1 Cuidador 1 cuidador para cada 20 idosos, ou fração, com carga horária de 8 horas/dia; 1 cuidador para cada 10 idosos, ou fração, por turno; 1 cuidador para cada 6 idosos, ou fração, por turno. Para atividades de lazer (formação em nível superior) 1 para cada 40 idosos 1 para cada 40 idosos 1 para cada 40 idosos Serviços de limpeza 1 para cada 100m² de área interna 1 para cada 100m² de área interna 1 para cada 100m² de área interna Serviços de alimentação 1 para cada 20 idosos garantindo dois turnos de 8 horas 1 para cada 20 idosos garantindo dois turnos de 8 horas 1 para cada 20 idosos garantindo dois turnos de 8 horas Serviço de lavanderia 1 para cada 30 idosos 1 para cada 30 idosos 1 para cada 30 idosos Médico 0 1 para 4 horas/ dia 8 (e plantão à distância as outras 16 horas) Fisioterapia 0 1 para 8 horas/ dia 1 para 12 horas/dia Fonoaudiologia 0 1 para 6 horas/ dia 1 para 8 horas/ dia Terapia Ocupacional 0 1 para 8 horas/ dia 1 para 12 horas/dia Psicólogo 0 1 para 4 horas/ dia 1 para 6 horas/ dia Pedagogo 1 para 4 horas/ dia 1 para 6 horas/ dia Nutricionista 1 para 1 hora/ dia 1 para 4 horas/ dia 1 para 4 horas/ dia Tabela 02: Quadro de funcionários por modalidade de atendimento. Fonte: Portaria 73/2001. Adaptado pela autora. 2.4.3 Um novo desafio para as ILPIS Com o passar dos anos, as necessidades das pessoas são alteradas por eventos históricos/sociais, costumes e experiências vividas. Dessa forma, atualmente o grande desafio no projeto de ILPIs é a criação de uma moradia 24 especializada que proporcione assistência gerontogeriátrica3 e, ao mesmo tempo, ofereça um ambiente com características domésticas e aconchegante, capaz de preservar a intimidade e individualidade dos seus residentes (CANÇADO et al, 2011). Dentro desse contexto, ambientes adequados às necessidades dos idosos podem representar a diferença entre a independência e a dependência dos mesmos. Pois, um ambiente que contenha barreiras físicas e materiais ou equipamentos inadequados (pisos escorregadios, portas difíceis de abrir, pouca iluminação, falta de corrimão, etc.) aumentam o risco de acidentes e podem provocar o isolamento do idoso fazendo com que eles saiam menos e, assim, estejam mais propensos à depressão, menor preparo físico e maiores problemas de mobilidade (BRASIL, 2005). Ao se projetar ambientes para os idosos é necessário um planejamento que começa com a sua localização. Segundo BRASIL (2005), o local da instalação de uma ILPI deve estar próximo aos centros urbanos, em locais com facilidade de acesso ao transporte público e com o máximo de serviços no entorno, principalmente aqueles voltados para a saúde, possibilitando assim que o idoso fique próximo de seus parentes e amigos e não se sinta isolado do convívio social. 3 Especialidade da enfermagem que cuida do idoso em todos os níveis de prevenção, desde a promoção da saúde até a reabilitação. (CANÇADO et. al, 2011) 25 3 ANÁLISE DE CORRELATOS E ESTUDO DE CASO Para auxiliar na elaboração de um centro humanizado de acolhimento ao idoso na cidade de Braço do Norte foram analisados dois projetos de correlatos, e um de caso. Observando aspectos como: conceito e partido, acessos, setorização, estrutura e materiais utilizados, além de aspectos referentes à orientação solar. Escolheu-se para a análise dos estudos de correlatos, o Lar de Idosos Peter Rosegger localizado na cidade de Graz, Aústria, devido a sua organização espacial e o lar de idosos St. Nikolaus, em Neumarkt em Wallersee, Aústria, por sua forma e materiais utilizados. E para o estudo de caso optou-se pelo Lar dos Velhinhos, localizado em Tubarão/SC, por estar em um contexto regional semelhante à cidade de Braço do Norte/SC. CORRELATO ESTUDO DE CASO Figura 04: Lar de Idosos Peter Rosegger. Fonte: www.archdaily.com.br Figura 05: St. Nikolaus Fonte: www.archdaily.com.br Figura 06: Abrigo dos Velhinhos. Fonte: Google Maps. Local: Graz, Estíria, Aústria Ano do projeto: 2014 Projetistas: Dietger Wissouning Architekten Número de residentes: 108 Observa-se nas figuras 11 e 12 que em ambos os pavimentos os setores de serviços e apoio foram agrupados em torno do átrio o que facilita no atendimento aos residentes ficando em uma distância próxima para todos. Quanto à circulação horizontal e vertical, ambas estão distribuídas pela edificação atendendo assim todos os ambientes. Em se tratando dos demais setores, houve uma distribuição de modo que cada um dos quatro blocos distribuídos ao redor do átrio são formados por dormitórios (para uma ou duas pessoas), jardim de inverno, e áreas compartilhadas (constituída aqui por varandas, cozinha e refeitório para 13 idosos e um enfermeiro). Nesta edificação foi trabalhado com estruturas inteiramente de madeira, exceto pela escada principal e pilares do átrio (nos quais foram trabalhados com metálicos). Houve a utilização de pilares somente no átrio e áreas próximas à ele, no restante da construção foi t rabalhado com madeira laminada cruzada, na parede e teto, formando assim uma estrutura portante. Outro material utilizado somente para fechamento, foi o vidro . O principal objetivo dos projetistas era propiciar um local que atendesse as necessidades dos seus residentes sem ficar com a aparência formal de uma instituição.Construindo a residência de modo que não fosse necessário longas caminhadas para chegar até as áreascompartilhadas. Dessa forma, o edifício é compacto com formato quadrado organizado com quatros blocos ao redor de um pátio central contendo um átrio em cada bloco. Organizado em dois pavimentos, o abrigo está localizado próximo ao Parque Municipal de Gaz em uma área bastante povoado (Figura 08). Apesar disso, no terreno não foi proposto estacionamento e o pedestre é mais valorizado conforme observado na Figura 03. E m r e l a ç ã o à s instalações hidráulicas e elétricas, nota-se, através da análise de fotos da e d i fi c a ç ã o , q u e a s luminárias e interruptores são embutidos nas paredes e tetos. Dessa forma, conc lu i -se que essas instalações seguem por dentro das paredes . Legenda Acesso Principal Acesso ServiçosLegenda Blocos 3.1 Lar de Idosos Peter Rosegger GRAZ / AÚSTRIA ANÁLISE DE CORRELATO 3.1.1 Ficha do projeto 3.1.2 Conceito e Partido do projeto Figura 06: Lar de Idosos Peter Rosegger. Fonte: www.archdaily.com.br Figura 07: Partido do projeto. Fonte: www.archdaily.com.br 3.1.3 Entorno e Acessos Acesso Pedes t res Acesso Veículos Figura 03: Acessos Fonte: Archdaily.com.br 3.1.2 Conceito e Partido do projeto 3.1.4 Setorização Figura 11: Setorização Térreo Fonte: Archdaily.com.br. Adaptado pela autora. Figura 12: Setorização 1º Pavimento Fonte: Archdaily.com.br. Adaptado pela autora. Legenda Áreas compartilhadas Circulação Horizontal Circulação Vertical Dormitórios Jardins Serviços e apoio 3.1.5 Infraestrutura Legenda Lixo Escada Elevador Figura 13: Infraestrutura Fonte: Archdaily.com.br. Adaptado pela autora. 3.1.6 Estrutura 1 2 3 1 2 3 Legenda Área de utilização de pilares 4 4 Pilar metálico Pilar de madeira Viga de madeira Vidro Figura 14 e 15: Estrutura Fonte: Archdaily.com.br. Adaptado pela autora. 3.1.7 Orientação Solar Pátio Átrio N Parque Municipal de Graz Local: Graz, Estíria, Aústria Ano do projeto: 2014 Projetistas: Dietger Wissouning Architekten Número de residentes: 108 O principal objetivo dos projetistas era propiciar um local que atendesse as necessidades dos seus residentes sem ficar com a aparência formal de uma instituição.Construindo a residência de modo que não fosse necessário longas caminhadas para chegar até as áreas compartilhadas. Dessa forma, o edifício é compacto com formato quadrado organizado com quatros blocos ao redor de um pátio central contendo um átrio em cada bloco. Organizado em dois pavimentos, o abrigo está localizado próximo ao Parque Municipal de Gaz em uma área bastante povoado (Figura 09). No terreno temos a entrada de serviços localizada ao norte da edificação ao e a principal ao sul. Observa-se nos acessos a valorização do pedestre (Figura 10) . Observa-se na Figura 16 que devido à distribuição dos dormitórios na edificação, há quartos locados em todas as orientações por isso, em cada fachada foi trabalhado com uma estratégia para auxiliar no conforto. Na fachada sul (Figura 17) onde a presença do sol é bem vinda há maior número de aberturas que vão diminuindo a quantidade a medida que se aproximam da parte que pega a insolação do período da tarde (oeste). Já na fachada oeste, foi utilizada vegetação um pouco mais densa para barrar o excesso de sol. Ao contrário, da leste que possui uma vegetação mais esparsa. As paredes externas têm uma espessura maior o que contribui para conforto térmico nos períodos frios, principalmente na fachada norte onde há pouca incidência solar. Legenda Blocos 3.1 Lar de Idosos Peter Rosegger GRAZ / AÚSTRIA ANÁLISE DE CORRELATO 3.1.1 Ficha do projeto 3.1.2 Conceito e Partido do projeto Figura 07: Lar de Idosos Peter Rosegger. Fonte: www.archdaily.com.br Figura 08: Partido do projeto. Fonte: www.archdaily.com.br 3.1.3 Entorno e Acessos Legenda Acesso Principal Acesso Serviços Acesso Pedes t res Acesso Veículos Figura 10: Acessos Fonte: Archdaily.com.br 3.1.2 Conceito e Partido do projeto 3.1.4 Setorização 3.1.5 Infraestrutura Legenda Lixo Escada Elevador 3.1.6 Estrutura 1 2 3 1 2 3 Legenda Área de utilização de pilares 4 4 Pilar metálico Pilar de madeira Viga de madeira Vidro 3.1.7 Orientação Solar Figura 16: Orientação Solar Fonte: Archdaily.com.br. Adaptado pela autora. Pátio Átrio N Parque Municipal de Graz Figura 09: Entorno. Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora N N N N N N N L O S N L O S N L O S N L O S N N Figura 17: Fachada sul. Fonte: Archdaily.com.br 26 Local: Neumarkt am Wallersee, Salzburg, Aústria. Ano do projeto: 2001 Projetistas: Kadawittfeldarchitektur Número de residentes: 60 Nota-se na figuraque os setores de serviços e apoios foram locados próximo à entrada de serviços com apenas um ponto instalado próximo à entrada principal. No 1º pavimento esses setores localizaram- se em torno do pátio central, criando assim uma centralidade e facilitando o atendimento. Quanto à circulação horizontal e vertical, ambas estão distribuídas pela edificação atendendo assim todos os residentes. Porém, uma deficiência encontrada (talvez gerado pela localização de terreno e o programa de necessidades) foi a de falta locais para realização de atividades ao ar livre. Para a estrutura nesta edificação foi utilizado madeira juntamente com metálicas em alguns pontos, com pilares somente no átrio e refeitório onde foi trabalhado com paredes de vidro o que justifica a utilização de pilares. Nas demais áreas f o r a m u t i l i z a d a s m a d e i r a laminada colada, em paredes portantes. O objetivo dos projetistas foi propor uma edificação com traçado linear e ortogonal, que proporcionasse também aos residentes espaços de convivência e permitisse a visibilidade dos espaços públicos. Dessa forma a edificação foi Organizado em dois pavimentos , o St. Nikolaus está localizado próximo ao Lago da cidade, em uma área, rural, com poucas casas e densa vegetação (Figura 20 Inserida em um terreno com topografia plana observa-se na figura 2 1 o m o d o c o m o s e organizam os acessos à essa instituição. Não foi encontrado menção nos documentos pesquisados sobre a infra estrutura das instalações hidráulicas e elétricas. No entanto, acredita-se que essas instalações embutid nas as paredes. Os dormitórios foram distribuídos com aberturas voltadas para as fachadas norte e sul. Dessa forma, observa-se na Figura 28, que na fachada sul onde a presença do sol é bem vinda foram locados além dos quartos, o refeitório com fechamento em vidro e estrutura metálica para aproveitar a insolação, como na região as temperaturas não chegam a ficar muito altas (média anual de 7,9º C), o sol da tarde não gera um grande problema. Embora na fachada norte não tenha muita insolação, através da análise da carta solar no terreno verifica-se que durante algumas horas no período da manhã há a presença do sol o que auxilia no conforto térmico dos ambientes locados nessa fachada. Legenda 3.1 St. Nikolaus NEUMARKT AM WALLERSEE / AÚSTRIA ANÁLISE DE CORRELATO 3.1.1 Ficha do projeto 3.1.2 Conceito e Partido do projeto Hall Figura 18: St. Nikolaus Fonte: Archdaily.com.br Figura 19: Partido do projeto Fonte: Archdaily.com.br 3.1.3 Entorno e Acessos Legenda Acesso Principal Acesso Serviços Acesso Pedestres Acesso Veículos Figura 21: Acessos. Fonte: Archdaily.com.br 3.1.2 Conceito e Partido do projeto 3.1.4 Setorização Figura 22: Setorização Térreo Fonte: Archdaily.com.br. Adaptado pela autora. Figura 23: Setorização 1º Pavimento Fonte: Archdaily.com.br. Adaptado pela autora. Legenda Áreas compartilhadas Circulação Horizontal Circulação Vertical Dormitórios Jardins Serviços e apoio 3.1.5 Infraestrutura Legenda Escada Elevador Figura 24: Infraestrutura Fonte: Archdaily.com.br. Adaptado pela autora. 3.1.6 Estrutura 1 2 Legenda Área de utilização de pilares 3Estrutura metálica Estruturade madeira Vidro Figura 25, 26 e 27: Estrutura Fonte: Archdaily.com.br. Adaptado pela autora. 3.1.7 Orientação Solar Figura 28: Orientação Solar Fonte: Archdaily.com.br. Adaptado pela autora. Volumes dividida em 4 volumes retangulares que se interligam através dos corredores. Nos quartos foi utilizada grandes janelas (com vidro espelhado) que se destacam na fachada e possibilitam a visibilidade do espaço público sem prejudicar a privacidade do morador. Além disso, a cada dois quartos, foi criado um hall externo ao dormitório, onde os residentes podem se reunir. N N N N 1 3 2 N N L O S N L O S N L O S N L O S N Figura 20 Entorno Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora 27 28 3.3 ESTUDO DE CASO Conforme mencionado o Abrigo dos Velhinhos, localizado na cidade de Tubarão/SC foi escolhido devido à proximidade com a cidade de Braço do Norte, fazendo parte assim de um contexto regional semelhante, além de atender atualmente residentes de toda região de Tubarão. Para observação das instalações do abrigo foi acordado com a coordenadora da instituição uma visita e em um posterior momento, o envio de um questionário (Apêndice B). Além de sua inserção urbana serão analisados a planta-baixa, a configuração espacial e fluxos de acessos com o objetivo de identificar as potencialidades e as deficiências e utilizar essas informações para um melhor projeto. 3.3.1 Abrigo dos Velhinhos, Tubarão/SC O Abrigo dos Velhinhos foi fundado em 5 de setembro de 1962, com o objetivo de abrigar os idosos carentes de Tubarão e região. Mantido pelo Clube das Ladies (Organização da Sociedade Civil [fundada em 1959] formado por um grupo de senhoras de Tubarão), o abrigo recebe o apoio ainda de empresas da região além de doações da própria comunidade. Figura 29: Abrigo dos Velhinhos (década de 60) Fonte: http://diariodosul.com.br/SITE2015/tunel_do_tempo/1228/Abrigo-dos-Velhinhos-de-Tubarao--.html A instituição recebe idosos de diversas cidades da AMUREL4 (como Grão- Pará, Braço do Norte, Gravatal, Jaguaruna, entre outros) e conta com internação em 4 Associação dos Municípios da Região de Laguna http://diariodosul.com.br/SITE2015/tunel_do_tempo/1228/Abrigo-dos-Velhinhos-de-Tubarao--.html 29 regime de longa permanência. Tendo em seu quadro de funcionários 22 pessoas, entre assistente social, nutricionista, enfermeira, técnico em enfermagem, auxiliar de serviços gerais e motorista. Em parceria com a comunidade, o abrigo fornece aos idosos serviços de lazer (música, canto, dança, leitura de histórias e poesias, bingo e passeios) e de saúde (médico, manicure, cabelereira, atividade física, cão terapia5 e reiki6). Além dessas atividades, dentro do abrigo existe uma loja de artigos, onde são vendidas roupas confeccionadas pelos residentes, além das doações que não foram utilizadas. Dessa forma, o montante arrecadado com as vendas é revertido na manutenção do abrigo. 3.3.2 Inserção Urbana Com uma economia bastante diversificada com serviços (hospital, por exemplo), comércios, industrias e instituições educacionais, a cidade de Tubarão (local em que está localizado o abrigo dos Velhinhos), possui segundo o IBGE (2010) uma população de 97.235 habitantes e é considerada uma cidade pólo da microrregião de Tubarão. O abrigo está localizado em uma área afastada do centro, em uma região predominantemente residencial, que possui algumas empresas, localizadas principalmente próximas à Rua José Alberto Nunes, rua esta que margeia a BR 101. Figura 30: Localização Abrigo dos Velhinhos – Tubarão/SC. Fonte: Google Maps. Adaptado pela autora 5 Uma terapia que utiliza o contato com cachorros como modo de tratamento 6 Prática de massagem criada em 1922 pelo monge budista japonês Mikao Usui. Tem por base a crença na existência da energia vital universal "Ki" que é manipulável através da imposição de mãos. 3.3.3 Visita ao local A visita ao Abrigo dos Velhinhos foi realizada no dia 25 de março de 2016 no horário de visitas disponibilizado pela coordenadora, sendo o acesso feito por uma via local sem calçamento, lateral ao abrigo. Como a visita foi realizada no final de semana, a coordenadora não se encontrava para auxiliar e mostrar os cômodos. Dessa forma, foi conversado com uma funcionária que se disponibilizou a guiar a visita serviu de guia. No entanto, como o local tinha muitas pessoas visitando, a visita foi realizada rapidamente sendo que, muitas salas não foram abertas para que se pudesse observar atentamente, como também não foi possível registrar fotos do local. A Figura 30 abaixo, apresenta uma planta esquemática com o percurso realizado no dia da visita e organização dos ambientes (Tabela 04). 1 2 3 10 11 10 12 13 16 14 10 14 27 14 19 21 17 26 24 25 23 10 22 21 15 20 18 19 21 14 21 6 9 85 4 7 15 1419 Figura 31: Planta esquemática com percurso da visita e organização dos ambientes. Fonte: Acervo pessoal. Nº CÔMODO CARACTERÍSTICAS 01 Depósito Cômodo utilizado para guardar móveis que não estão sendo utilizados atualmente ou que porventura tenham estragado. 02 Garagem Cômodo não acessado, mas imagina-se que seja para guarda dos carros dos funcionários ou do próprio abrigo. 03 Pomar O local é agradável, porém não é acessível e devido a existência de muitos idosos com baixa mobilidade aparentemente acaba não sendo utilizado pelos residentes. 04 Caixa d'aguaTorre da caixa d'agua onde tem-se uma caixa de 10 mil litros. 05 Área para secagem de roupa Área externa para secagem da roupa. O local está fora do alcance da visão das pessoas que chegam ao abrigo, e próximo à lavanderia. Não foi identificada área coberta para secagem de roupa. 06 Lavanderia Cômodo estava fechado. 07 Secretaria Cômodo estava fechado. 08 Brechó Cômodo estava fechado. 09 Sala de Costura Cômodo estava fechado. 10 Guarda Volume Área destinada à guarda de produtos não perecíveis, como roupas e fraudas. 11 Área de Lazer Área aberta destinada ao lazer dos idosos. No entanto observou-se que no local não possuía muitos itens que poderiam ser utilizados, apenas uma televisão e uma mesa com algumas cadeiras. 12 Jardim Os jardins são bem cuidados, no entanto não são acessíveis para o idoso. 13 Circulação Apesar de ter dois andares somente o térreo é utilizado. Dessa forma fez-se uma análise somente da circulação horizontal. Nesses locais verificou-se que a largura estava acessível (NBR 9050), no entanto poucos corredores possuíam corrimão, alguns contavam com pisos soltos e ainda alguns objetos como cadeiras de rodas espalhado nesses lugares. 14 Banheiros Cômodos próximos aos quartos dos residentes estavam fechados. O único que estava aberto acredita-se que seja para funcionários pois ele era pequeno para que possa ser utilizado por idosos. 15 Depósito Cômodo estava fechado. Foi informado que esse cômodo é utilizado como despensa da instituição. 16 Cozinha Cômodo tem um espaço razoável. É utilizado apenas por funcionários e possui duas bancadas para servir aos idosos uma voltada para a Área de convivência e outra para o Refeitório. 17 Área de convivência Esse cômodo foi reformado recentemente, no entanto o espaço é pequeno para abrigar todos os idosos. No dia da visita tinha voluntários que estavam cantando nesse local, no entanto não havia lugar suficiente todos os idosos, fazendo com que alguns ficasse em pé próximo e outros sentassem no refeitório. 18 Refeitório Área tem um tamanho razoável com cadeiras com suporte para os braços e diversas mesas com 4 lugares cada. 19 Quarto individual Cômodo estava fechado. Na instituição há quatro quartos individuais dois para mulheres e dois para homens. Como estava fechado não foi possível observar se estes estavam de acordo com regras de acessibilidadeprevistas. 20 Espaço ecumênico Cômodo estava fechado. 21 Quartos coletivos Esses são os cômodos que apresentam maior problema, pois há uma quantidade significativa de idosos por quarto e embora tenha espaço para circulação entre as camas não foi possível observar nenhum espaço para que os idosos possam manter seus objetos pessoais próximos a cama. Sendo as camas organizadas uma ao lado da outra em fileiras que colocam cabeceira com cabeceira. 22 Sala de visitas e Hall de entrada No dia da visita observou-se que os idosos e seus familiares concentravam-se entre a sala de convivência, refeitório ou até mesmo sentados nas camas nos quartos, mas na sala de visitas não havia ninguém. 23 Administração Cômodo estava fechado 24 Administração Cômodo utilizado para consultas realizadas por um médico voluntário que vem até o abrigo em alguns dias da semana. 25 Sala de curativo Cômodo estava fechado 26 Pátio Interno Espaço agradável, porém, no dia da visita observou-se que ele estava sendo utilizado. 27 Vestiário Cômodo possui alguns armários, acredita-se que ele seja utilizado somente pelos funcionários, pois ele é muito estreito o que poderia acarretar acidentes caso um idoso tentasse se movimentar nesse local. Tabela 03: Espaços internos e externos do abrigo e suas características. Fonte: Acervo pessoal. A entrada principal do abrigo (Figura 04) acontece através da Rua São João, nesse acesso observou-se a presença de uma passagem para veículos, porém nenhuma para pedestres. Há ainda uma entrada lateral (Figura 05) que, em um primeiro momento era utilizada como entrada de serviços, porém atualmente ela é utilizada também como acesso dos visitantes, provavelmente devido a sua proximidade com as áreas de convivência (Figura33) e também para evitar que os visitantes passem pela área intima para chegarem aos espaços públicos. 3.3.4 Aspectos funcionais 3.3.4.1 Acessos Figura 32: Acesso principal. Fonte: GoogleMaps Figura 33: Acesso lateral. Fonte: Google Maps Legenda Acesso Principal Acesso Lateral Figura 34: Planta esquemática com marcação de acessos. Fonte: Acervo pessoal Legenda Percurso 30 A circulação do edifício é formada por corredores que em momentos passam ao lado dos ambientes, situação mais frequente, que permite o acesso ao mesmo sem prejudicar a privacidade e em outros passam por dentro do ambiente (quartos femininos, refeitório, sala de visitas e enfermaria) o que segundo Ching (2008) pode acabar interferindo no descanso dos usuários e movimento dentro do ambiente. 10 Figura 35: Esquema de circulação. Fonte: Elaborado pela autora. 3.3.4.2 Circulação Legenda Circulação que passa ao lado do ambiente Circulação que passa dentro do ambiente 3.3.4.3 Análise da Forma Quanto ao volume o edifício é dividido em três partes todas apresentam formas retilíneas e retangulares. Figura 36 Volume Abrigo Fonte: Elaborado pela autora Separado do resto da edificação tem-se a parte de garagem e depósito, em seguida (da esquerda para direita) é possível observar a construção que comporta a parte de serviços e apoio, conectada através de um corredor ao volume maior. Este, apresenta algumas subtrações (Figura 38), na lateral e no seu centro (pátio interno). Analisando-se as fachadas, observa-se a hierarquia na fachada nordeste (Figura 39), que acontece devido à presença de um segundo pavimento e de uma área coberta que marca a entrada ao edifício. Figura 38: Subtrações da forma. Fonte: Elaborado pela autora Legenda Área construída Subtrações Figura 39: Hierarquia na fachada Nordeste. Fonte: Google Earth Figura 37: Abrigo dos Velhinhos. Fonte: Google Earth. 3.3.4.4 Orientação das aberturas / janelas N N NN N N N N Analisando a Figura 40, observa-se as seguintes ocasiões: · Os quartos individuais femininos e um dos coletivos possuem aberturas locadas na fachada noroeste, dessa forma, esses ambientes recebem insolação durante todo o ano, o que gera um problema no verão, quando provavelmente o quarto se torna muito quente; · Os demais quartos coletivos femininos localizam-se na fachada nordeste, considerada a melhor insolação, por receber o sol no período da manhã quando este não é tão quente, trazendo com isso somente os seus benefícios; · Quartos masculinos: tanto os quartos individuais quanto o coletivo sofrem com a orientação, pois um dos quartos individuais não recebe nenhum sol por não haver janelas e o demais quartos estão locados na fachada sul, que também não recebe o que pode deixar o local úmido e ocasionar alguns problemas respiratórios. Vento Sul Vento Nordeste Figura 40: Análise bioclimática. Fonte: Elaborado pela autora 3.3.5 Setorização Figura 41: Setorização. Fonte: Elaborado pela autora. Legenda Administração Áreas compartilhadas Áreas verdes Circulação Dormitórios Serviços e apoio · Administração – a instituição tem duas salas separadas para o setor administrativo uma em cada acesso ao edifício. Observou-se que a entrada lateral, embora não seja a principal, acaba sendo a mais utilizada. Dessa forma, conclui-se que uma sala da administração foi locada próxima a essa entrada lateral de forma a controlar o acesso. · Áreas compartilhadas – nesse setor o problema encontrado seria o fato de estar disperso pelo abrigo. Essa dispersão acaba provocando situações como a encontrada no dia da visita, onde não havia espaço suficiente para as pessoas aproveitarem a música e ainda, a proximidade aos dormitórios prejudicava o sossego dos idosos que permanecem em seus quartos. · Circulação – observou-se que, embora a circulação tenha os problemas citados anteriormente ela atende quase todos os cômodos. Com exceção de um dos quartos coletivos femininos, onde o acesso a ele acontece somente através dos outros quartos. · Dormitórios – observa-se nesse setor que ele está muito próximo das áreas compartilhadas o que dificulta a privacidade e conforto dos idosos. · Serviços e apoio – está distribuído por toda instituição o que ajuda no apoio aos idosos. O único problema é o tamanho de alguns dos setores (banheiro e vestiário) que não são suficiente para atender aos residentes. Acesso 1 Sala de visitas e Hall C i r c u l a ç ã o 1 Administrativo Enfermaria Quarto coletivo Homens Quartos individuais Homens Banheiro Vestiário Sala de Curativos Jardim Interno Quarto coletivo Mulheres 1 Quarto coletivo Mulheres 2 Quarto coletivo Mulheres 3 C i r c u l a ç ã o 2 Quartos individuais Mulheres Banheiro Igreja Áreas Externas Refeitório Sala de convivência Circu- lação 2 Cozinha Depósito Banheiro Circulação 2 Lavanderia Secretaria Brechó Sala de Costura Guarda Volume Área de lazer Guarda Volume Acesso 2 Área para secagem de roupa Áreas externas Pomar Garagem Caixa d’ água Depósito 3.3.6 Fluxograma Acesso Administração Áreas compartilhadas Áreas verdes Circulação Dormitórios Serviços e apoio Figura 42: Fluxograma. Fonte: Elaborado pela autora. 31 32 3.4 SÍNTESE ESTUDOS DE CORRELATO E DE CASO A tabela 4 apresenta os principais itens analisados: Potencialidades Deficiências Estudo de Correlato 1: * Organização espacial; * Conjunto de edificações; * Átrio central; * Materiais utilizados: madeira, vidro e estruturas metálicas. Estudo de Correlato 2: * Criação de nichos para encontro a cada 2 quartos; * Materiais utilizados: madeira, vidro e estruturas metálicas; * Áreas de convivência locadas próximas umas às outras. * Falta de locais para realização de atividades ao ar livre. Estudo de Caso: Abrigo de Velhinhos Tubarão/SC * Existência de uma sala de costura e lojinha de artigos novos e usados * Presença de bastante área verde, jardim interno e Pomar; * Agendamentode visitas de grupo que realizam atividades com os idosos como música, dança, reike, atividade física, bingo e leitura de histórias. * Jardins e pomar não acessíveis; * Sala de visitas pequena e não integrada com área de convivência; * Pátio interno isolado e sem acesso a outras áreas. Tabela 04: Resumo Estudo de Caso e Estudos de Correlatos 33 4 LEVANTAMENTO DIAGNÓSTICO 4.1 MUNICÍPIO Localizado entre a serra e o mar, ao sul do estado de Santa Catarina e distante cerca de 170 km (quilômetros) da capital Florianópolis, a cidade de Braço do Norte tem seu acesso feito através das SC-108, (que corta a cidade vinda de São Ludgero e seguindo para Rio Fortuna) e a SC-370, (que passa pela cidade de Gravatal corta Braço do Norte e segue para Grão Pará). Figura 43: Localização de Braço do Norte. Fonte: IBGE, adaptado pela autora Figura 44: Principais acessos à Braço do Norte. Fonte: Google Earth, adaptado pela autora O povoamento da cidade de Braço do Norte teve início em 1862, com a vinda de Tomaz Pinto acompanhado por, Manoel Nazário Corrêa, José Marculino Rosa, Leandro Demétrio e suas famílias. Porém, somente a partir de 1870, com a influência de colonos alemães conduzidos à região pelo Padre Guilherme Roher, teve início o desenvolvimento na cidade. A partir dessa época começaram a vir imigrantes de outros países chegando em 1875, os italianos e, em 1876, os portugueses. Braço do Norte era um distrito de Tubarão até 1955, ano de sua emancipação. A partir de Braço do Norte, alguns anos mais tarde se emanciparam ainda as cidades de Rio Fortuna e São Ludgero. Atualmente, Braço do Norte pertence à microrregião do vale de Tubarão e faz parte da Associação dos Municípios da Região de Laguna – AMUREL, tendo na cidade sua própria SDR (Secretaria de desenvolvimento regional). Sua economia é baseada principalmente no setor industrial, sendo este setor bastante diversificado na cidade, produzindo diversos produtos alimentícios como 34 doces, geleias, bebidas e derivados do leite. Além da produção de máquinas e equipamentos, produtos de uso doméstico (esmaltado, higiene e limpeza), confecções, plásticos e molduras. Outros setores que também estão presente na região são os de criação de gado de corte e de gado leiteiro, suinocultura, piscicultura, avicultura e agricultura. R O D O V IA S C 4 3 8 H O JE S C 3 7 0 R U A M A R C IO C R E M A A L B E R T O N RUA ANTO NIO LINO LESSA R U A JO SÉ A N TÔ N IO S O M BR IO RUA ELPIDIO M ARCILIO RUA VERG ILIO ULIANO R U A AV EL IN O N AZ ÁR IO RUA JO RG E M ANO EL M ARTINS R U A JO ÃO C AR D O SO R U A D AD IA N E D A SI LV A M AT O S RU A BR AZ A NT O NI O D A SI LV A RUA ANA ALICE DA SILVA R U A N ER EU B EZ AR U A BA LD U IN O J O ÃO M O N TE IR O 10,558,04 10,40 5,00 5,20 7,95 5,20 5,09 15,10 18,30 15,10 18,30 6,45 4,00 5,00 11,00 5,00 6,45 7,00 20,15 11,90 20,15 11,90 7,00 5,50 7,00 5,50 1,50 19,90 24,15 19,10 25,65 8,00 9,20 9,20 2,05 4,90 32,22 14,80 4,50 14,80 4,50 1,90 4,05 3,50 13,65 3,50 1,90 9,60 9,50 3,30 2,50 6,05 7,00 9,35 3,80 7,50 3,80 7,50 A=125,34 A=276,33 A=100,15 A=239,78 A=38,50 A=1.156,10 A=66,60 A=66,01 A=73,70 A=28,50 6,10 3,73 18,04 0,92 4,23 1,60 1,50 7,00 0,000,00 0,000,00 5,88 0,00 1,20 0,30 4,00 6,22 0,000,00 0,000,00 19,90 0,00 19,10 0,00 2,00 0,00 9,60 6,80 9,60 6,80 11,25 5,10 1,18 5,77 1,20 3,65 6,80 4,15 14,52 3,00 5,75 7,05 1,20 10,056,95 7,05 5,753,00 4,50 6,55 1,15 3,45 9,10 3,10 3,55 1,37 5,06 4,47 8,61 7,00 5,10 7,00 5,10 1,90 6,90 1,90 6,90 3,55 1,37 5,06 4,10 0,50 5,14 9,02 10,61 11,20 4,80 11,20 4,80 9,60 5,00 4,80 4,40 4,80 9,60 9,40 4,15 7,00 2,80 11,00 6,95 4,00 3,00 7,45 3,00 7,45 6,80 7,40 3,00 4,15 7,00 2,80 3,20 14,36 A=65,28 A=154,29 A=29,31 A=81,51 A=33,62 A=35,70 A=13,11 A=86,51 A=53,76 A=111,36 A=47,40 A=22,35 A=101,70 0,000,00 2,802,00 0,000,00 4,104,30 0,000,00 0,000,00 1,00 0,00 3,21 1,50 0,000,00 1,00 0,00 0,000,00 0,000,00 22,11 9,24 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,000,000,00 4,10 12,05 4,10 11,95 5,30 2,60 5,30 2,60 7,055,30 2,602,70 9,65 8,00 9,60 2,60 1,00 2,380,50 7,24 3,10 0,50 7,243,10 4,60 3,45 11,75 2,42 2,00 3,76 2,00 2,25 7,40 0,65 3,50 8,90 10,90 3,23 8,90 3,23 8,90 7,20 4,10 7,20 4,10 5,60 2,20 5,60 2,20 12,00 7,50 12,00 7,50 5,90 4,35 5,904,35 3,50 5,90 3,50 5,90 8,00 12,00 8,04 3,05 0,75 5,09 0,75 3,86 7,00 15,00 7,00 15,00 4,00 5,00 4,00 5,00 6,00 10,00 6,00 10,00 7,00 11,50 7,00 11,50 3,10 7,00 7,50 3,50 10,60 10,50 3,50 2,40 3,50 2,40 3,30 12,42 24,55 7,00 21,25 5,42 10,00 7,90 10,00 7,90 5,80 7,90 5,80 7,90 5,50 12,40 5,50 12,40 13,85 8,00 13,85 8,00 13,85 8,00 13,85 8,00 A=49,19 A=13,78 A=63,42 A=30,98 A=19,02 A=100,70 A=28,75 A=29,52 A=12,32 A=90,00 A=25,66 A=20,65 A=100,22 A=105,00 A=20,00 A=60,00 A=80,50 A=58,80 A=8,40 A=189,72 A=79,00 A=45,82 A=68,18 A=110,80A=110,80 0,260,24 4,20 4,10 0,000,00 0,000,00 6,35 3,60 0,000,00 0,000,00 0,000,00 13,50 1,00 0,000,00 0,000,00 4,00 2,20 6,00 0,70 0,000,00 8,80 4,00 3,75 3,50 0,000,00 0,000,00 1,600,00 3,00 0,00 0,000,00 13,75 1,30 1,06 0,03 0,000,00 0,000,00 0,001,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,71 0,02 11,00 5,00 11,40 5,02 6,70 5,00 2,30 2,50 4,40 2,50 2,50 5,00 2,50 5,00 10,50 10,10 10,50 10,10 8,00 6,00 8,00 6,00 6,003,00 6,00 3,00 10,00 12,4010,00 12,40 6,10 11,00 6,10 11,00 7,00 9,00 7,00 9,00 6,00 11,50 6,00 11,50 14,10 14,04 14,10 13,78 4,00 13,95 4,00 13,90 5,40 13,90 5,40 14,12 1,15 13,78 1,15 13,78 15,00 13,90 7,50 6,60 13,78 6,60 13,88 7,50 A=56,00 A=22,50 A=12,50 A=106,05 A=48,00 A=18,00 A=124,00 A=67,10 A=63,00 A=69,00 A=188,53 A=53,51 A=71,80 A=15,86 A=100,74 A=87,78 2,00 7,00 0,000,00 1,50 0,00 2,801,00 0,001,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 6,00 1,70 0,000,00 5,00 1,30 2,501,50 7,00 1,50 3,00 1,50 15,07 0,00 0,500,68 3,50 0,00 6,60 0,00 6,60 0,00 1,20 0,00 0,000,00 0,00 1,20 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 8,00 7,00 3,00 4,00 11,00 11,00 3,00 7,00 3,00 7,00 7,00 8,00 3,60 1,90 3,40 9,90 7,00 11,10 7,00 11,10 10,40 14,60 7,40 9,30 3,00 5,30 4,70 11,90 4,70 11,90 A=100,00 A=21,00 A=62,46 A=77,70 A=123,94 A=55,93 4,70 3,90 0,000,00 5,40 1,00 5,00 3,00 9,40 1,36 0,000,00 3,15 11,30 3,15 11,30 6,35 11,30 6,35 11,30 3,20 12,00 3,50 12,00 7,00 12,00 7,00 12,00 8,06 4,00 2,20 14,70 7,00 10,75 1,29 7,95 5,10 6,10 5,10 6,10 2,67 9,05 2,67 9,05 7,07 9,05 0,30 6,10 1,70 2,60 5,00 12,55 12,80 9,55 3,85 1,49 8,95 8,06 9,50 6,00 9,50 6,00 3,40 1,00 3,50 8,55 3,50 3,10 3,15 1,20 1,85 1,15 3,15 4,60 0,50 5,70 1,55 4,41 3,95 1,15 4,25 1,35 1,80 3,35 1,70 7,30 8,25 10,85 14,35 5,50 14,35 5,50 34,90 14,00 34,90 14,00 15,00 34,90 15,00 34,90 6,50 4,45 6,50 4,45 2,50 1,50 5,20 7,00 5,20 2,50 8,50 9,00 13,00 9,00 13,00 8,00 6,95 8,00 6,95 11,90 25,24 11,90 25,24 6,95 8,00 4,70 14,50 2,15 22,50 4,40 5,30 4,40 5,30 14,60 7,00 14,60 7,00 8,00 14,00 8,00 14,00 4,50 4,00 4,50 2,70 4,40 8,00 4,40 1,30 9,75 8,00 9,75 8,00 4,85 1,70 2,00 2,80 3,50 4,30 6,15 3,20 6,15 3,50 2,00 4,85 3,00 8,05 12,05 8,05 12,05 9,00
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