Suturas: Escolha do Fio

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Bruna Wink Neves
4° Semestre
Práticas Médicas IV
Suturas
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As suturas constituem na aproximação das bordas de tecidos lesionados ou seccionados.
O objetivo dela é fazer a manutenção de uma correta contiguidade de tecidos, visando orientar e facilitar as fases iniciais do processo de cicatrizes. 
Materiais
Fios
Para que o procedimento de sutura seja bem sucedido é necessário fazer uma boa escolha em relação ao fio utilizado. Essa escolha deve basear-se em critérios objetivos:
· biocompatibilidade
· força tênsil
· elasticidade
· sítio anatômico a ser suturado
· tensão a qual a sutura será submetida 
· idade do paciente
· grau de contaminação de ferida
· etc
Propriedade dos fios:
· Absorção: eles são classificados em absorvíveis e inabsorvíveis
· Absorvíveis: são os que ao passarem por processos de fagocitose, hidrólise ou reações de proteólise, se desintegram e não deixam resíduos no organismo. São fios que perdem rapidamente a sua força tênsil, de modo que se mantém aproximadamente 60 dias sem perder suas características.
· Inabsorvíveis: permanecem um tempo maior em contato com o organismo humano e apresentam maior força tênsil e durabilidade (maior que 60 dias). Ao longo do tempo eles também se desintegram, contudo, quando comparados com os absorvíveis, eles tem uma durabilidade maior.
· Configuração: podem ser monofilamentares ou multifilamentares
· Fios Monofilamentares: são os que possuem apenas um filamento e, por isso, são menos maleáveis e possuem menor memória, essas características dificultam o seu manuseio e diminuem a segurança de seus nós. Sua vantagem é o fato de causarem menos lesões durante a passagem pelos tecidos. 
· Fios Multifilamentares: são os que possuem vários filamentos trançados ou torcidos entre si. Eles possuem uma maior flexibilidade, porém causam maiores traumas ao tecido e possibilitam uma maior adesão bacteriana entre os seus filamentos.
· Origem: eles podem ter origem biológica ou sintética. Os primeiros materiais utilizados nas sínteses cirúrgicas eram de origem biológica, contudo, devido ao seu alto custo de produção e intensa reação inflamatória que pode desencadear, atualmente vem sendo substituído pelos fios sintéticos, eles provocam menores reatividades teciduais e podem ser manipulados de acordo com as necessidades.
· Força Tênsil: é a força necessária para que o fio sofra algum rompimento. Ao se escolher o fio que será usado, é importante escolher um que não tenha essa força maior ou menor do que a do tecido que será utilizado. 
· Elasticidade: capacidade de um fio se alongar quando está sob tensão e retornar ao seu comprimento habitual após o fim dela.
· Memória: capacidade do fio em retornar a sua forma original após ser manipulado, é uma propriedade não desejada nos fios que sutura, uma vez que permite que os nós se desfaçam com mais facilidade.
· Coeficiente de fricção: capacidade que o fio apresenta de deslizar através do tecido e dos nós.
· Segurança de nós
· Reação tecidual: a ocorrência de um processo inflamatório é a fase inicial da cicatrização e determinados tipos de fios de sutura podem induzir a exacerbação dessa resposta. Os fios monofilamentares inabsorvíveis são os que desencadeiam menor resposta inflamatória. Os fios absorvíveis, de origem biológica são os que desencadeiam maior reação tecidual.
· Crescimento bacteriano: os fios multifilamentares permitem maior penetração bacteriana no interior da trama de seus filamentos, além disso os fios absorvíveis, principalmente os de origem biológica, aumentam a adesividade bacteriana.
· Diâmetro/Calibre: eles apresentam números variados, são expressos em números de 0 (2-0, 6-0), quanto maior o número de zeros, mais fino é o fio.
· Visibilidade em campo cirúrgico: é importante que eles tenham uma visibilidade em campo cirúrgico, contendo alguma coloração, com exceção da vermelha. 
Agulhas
Elas são o principal agente traumático nas suturas, tendo como função promover a passagem do fio pelo tecido com o menor trauma possível. 
Podem ser classificadas em traumáticas ou atraumáticas:
· Traumáticas: são as mais antigas, que necessitavam da inserção do fio
· Atraumáticas:são as agulhas que são acopladas ao fio e causam apenas o trauma necessário para a passagem de um fio
Além disso, elas também podem ser classificadas em:
· Cilíndricas
· Triangulares (cortantes): elas facilitam a técnica cirúrgica em tecidos resistentes, como a derme. Porém, em tecidos nobres, como por exemplo a córnea, exigem menos trauma local.
· Espatuladas: indicadas para tecidos mais nobres, como a córnea. 
Quanto ao formato, as agulhas podem ser:
· Retas
· Circulares: têm curvatura relacionada a fração de um círculo. Diferentes curvaturas facilitam determinados movimentos durante a sua utilização
Suturas
Todos os tipos de sutura promovem em maior ou menor grau três efeitos básicos nos tecidos vivos onde são aplicadas. 
Há um efeito de síntese (aproximação), em que a tensão da sutura terá o efeito de propiciar a cicatrização primária da ferida. 
Secundariamente, ocorre um recobrimento da sutura, em planos anatômicos abaixo dessa, estejam eles adequadamente tratados ou não. 
E existe, também, o efeito hemostático da sutura, decorrente da tensão dos pontos, aproximação dos tecidos e recobrimento dos planos.
A interação apropriada desses efeitos, resultando em tratamento adequado das feridas, dependerá do material a ser utilizado e da correta técnica cirúrgica a ser empregada.
As suturas podem ser classificadas quanto:
1. Permanência: absorvíveis ou inabsorvíveis 
2. Técnica: sutura descontínua ou sutura contínua 
3. Planos: separados ou conjuntos
4. 
4. Posição das bordas: coaptante, eversante ou ineversante
Condições para uma boa sutura: 
· Lavagem do tecido com solução salina para retirada dos corpos estranhos
· Antissepsia ao redor da lesão, evitando deiscência da sutura 
· Apresentação adequada das bordas da ferida para falta de irregularidades
· Hemostasia prévia, diminuindo a possibilidade de infecção e infiltração do tecido, além de evitar a perda de sutura por formação de hematomas
· Ausência de tensão entre as bordas, para evitar deiscências por erro técnico e melhores cicatrizes
· Remoção de corpos estranhos do tecido
· Anestesia local para diminuir a dor
· Escolha do material adequado
Técnica de sutura
Existem cinco pré requisitos que devem ser respeitados para que se tenha uma sutura ideal:
1. Realizar uma tração adequada
2. Não permitir que as bordas fiquem sob tensão
3. Simetria entre um ponto e outro e entre o ponto e a borda da ferida
4. Evitar nós sobre a ferida
5. Fios e agulhas adequados
Suturas Descontínuas
Ponto simples separado: é a técnica mais utilizada, pois é mais fácil e mais rápida. 
É o ponto ideal para uma aproximação correta das bordas e de uma ferida. 
Utiliza-se uma agulha curva, portanto sua introdução na pele deve acompanhar seu círculo. 
Ponto Donati: permite aproximação uniforme das bordas mesmo quando for uma incisão incorreta ou quando as bordas forem irregulares, apesar de ter uma execução mais trabalhosa. 
Ele começa de uma forma semelhante ao ponto simples, porém uma vez completado o ponto simples a agulha é voltada para o início do ponto, pegando uma pequena porção de derme e epiderme, dos dois lados da ferida, de tal forma que, quando o nó é atado, as bordas serão suspensas. 
Ponto em X: utilizada em regiões com grandes resistências submetidas à tensão. O fio é passado em um lado da incisão e, após, a um nível abaixo nas duas bordas, iniciando pela borda contraria a inicial, em borda oposta. 
Ponto em U horizontal: na sutura em U horizontal, ou ponto de Gillies, a agulha penetraa pele de forma intradérmica na fase inicial, em uma das bordas. Na borda contralateral a passagem do fio é totalmente intradérmica, de forma horizontal, em U. 
O fio não é exteriorizado nesta borda. Após a confecção do U horizontal intradérmico, a agulha retorna verticalmente e ao lado de sua entrada, também intradérmica. 
Suturas Contínuas
Esse tipo de sutura tem maior indicação nos casos em que há grandes extensões para suturar e é necessário ganhar tempo, porém seus resultados deixam a “desejar”.
Ponto Simples Contínuo: consiste na confecção de pontos simples, seriados e sem interrupção. 
O nó é realizado no início e no final da sutura. 
Possui técnica rápida e de fácil execução.
Ponto Contínuo Ancorado: realizado da mesma forma que a sutura simples contínua, porém com o cruzamento do fio entre os nós. 
É utilizado, principalmente, nas suturas longas, conferindo maior fixação dos lábios da sutura. 
Ponto em U Horizontal Contínuo: sutura realizada em U, horizontalmente, transfixando a pele em suas bordas. 
A entrada e saída dos fios são realizadas lado a lado, de forma contínua.
Sutura Intradérmica: é realizada por passagem do fio de forma horizontal, em plano mais superficial possível. 
A passagem do fio contralateral deve ser realizada no mesmo nível do término da passagem anterior. 
O fio deve ser cruzado. Ele pode ser exteriorizado, com ou sem nó externo, nas duas extremidades. 
Tem excelente confrontamento anatômico e efeito estético. 
Nós cirúrgicos:
Os nós cirúrgicos têm extrema importância durante o ato cirúrgico para a hemostasia e síntese.
Eles podem ser feitos manualmente, com o auxílio de um porta-agulhas ou serem usados ambos. 
O nó verdadeiro da sutura é dado com 3 seminós: 1° contenção; 2° fixação e 3° segurança.