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Aula 11- Violência e criminalidade

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SOCIOLOGIA
RICHARD T. SCHAEFER
6a EDIÇÃO
6a 
EDIÇÃO
As aulas de Sociologia, consideradas pelo autor deste livro “o laboratório ideal onde pode-
mos estudar nossa própria sociedade e as dos nossos vizinhos globais”, permitem ao aluno 
desenvolver o pensamento crítico, tornando-o capaz de aplicar as teorias e os conceitos 
sociológicos para avaliar as interações e as instituições humanas e, assim, encontrar expli-
cações sociológicas para os diversos fenômenos que permeiam as relações sociais. 
O aluno inicia estudando o que é Sociologia e o seu objeto de pesquisa para depois entrar em 
contato com temas de interesse imediato e, em sua maior parte, com temas mais abrangentes, que 
lhe permitirão desenvolver o pensamento crítico e a imaginação sociológica. As seções “Use a 
Sua Imaginação Sociológica” e “Pense Nisto”, por exemplo, dão suporte à proposta do autor.
Sociologia aborda temas que vão da educação bilíngüe à existência da escravidão em pleno 
século XXI, incluindo o estudo da imigração, da situação dos moradores de rua, da superpo-
pulação, do processo do envelhecimento das pessoas nas diferentes culturas, até problemas 
mais recentes como os ataques de 11 de setembro de 2001 e suas conseqüências sociais 
– como as pessoas passaram a lidar com a situação depois desse acontecimento e, em espe-
cial, como elas reagem diante das minorias.
Aplicações
Livro-texto para a disciplina Introdução à Sociologia dos cursos de graduação em Socio-
logia, Filosofia, Psicologia, Pedagogia, Administração de Empresas, Economia, História, 
Engenharia, entre outros, bem como dos cursos de pós-graduação (MBA e lato sensu) destas 
mesmas áreas, especialmente de Administração de Empresas.
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Sociologia
www.grupoa.com.br
Sociologia Schaefer.indd 1 24/10/13 09:53
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
S294s Schaefer, Richard T.
 Sociologia [recurso eletrônico] / Richard T. Schaefer ;
 tradução: Eliane Kanner, Maria Helena Ramos Bononi ;
 revisão técnica: Noêmia Lazzareschi, Sérgio José Schirato. –
 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2014.
 Publicado também como livro impresso em 2006.
 ISBN 978-85-8055-316-1
 1. Sociologia. I. Título. 
CDU 316
Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052
Índice para catálogo sistemático:
1. Sociologia 301
Iniciais_eletronica.indd 2 23/10/13 15:15
190 Capítulo 8
Essa teoria ajuda a explicar por que a nossa sociedade 
tem leis contra o jogo, o uso de drogas e a prostituição, 
muitas das quais são transgredidas em grande escala 
(vamos examinar “crimes sem vítimas” adiante, neste 
capítulo). Segundo os teóricos do conflito, o direito penal 
não representa uma aplicação coerente dos valores sociais, 
ao contrário, reflete valores e interesses concorrentes. As-
sim, a maconha é proibida nos Estados Unidos e no Brasil 
porque se diz que faz mal aos usuários, embora os cigarros 
e o álcool sejam vendidos legalmente em quase todos os 
lugares. Da mesma forma, os teóricos do conflito discutem 
que todo o sistema penal dos Estados Unidos trata os sus-
peitos de forma diferenciada com base em sua raça, etnia 
ou classe social (ver Quadro 8-2).
A perspectiva defendida pelos teóricos do conflito 
e do rótulo cria um grande contraste com a abordagem 
funcionalista do desvio. Os funcionalistas vêem os padrões 
do comportamento desviante como meramente um reflexo 
das normas culturais; os teóricos do conflito e do rótulo 
apontam que os grupos mais poderosos de uma sociedade 
podem moldar leis e padrões para determinar quem será 
(ou não) processado como criminoso. Esses grupos dificil-
mente aplicariam o rótulo de “desviante” ao executivo de 
uma companhia cujas decisões levassem a uma poluição 
ambiental em larga escala. Na opinião dos teóricos do 
conflito, os agentes do controle social e outros grupos po-
derosos podem impor, ao público em geral, definições de 
desvio que atendem a seus objetivos.
perspectiva Feminista
Criminologistas feministas, como Freda Adler e Meda 
Chesney-Lind, sugeriram que muitas das abordagens exis-
tentes do desvio e do crime foram desenvolvidas apenas 
com os homens em mente. Por exemplo, nos Estados Uni-
dos, durante muitos anos, qualquer marido que forçasse 
sua mulher a ter relações sexuais com ele – sem o consen-
timento dela e contra a sua vontade – não seria acusado de 
ter cometido estupro. A lei definia estupro apenas como 
ato forçado em relações sexuais entre pessoas que não 
eram casadas entre si, o que refletia a composição avassa-
ladora de homens da legislatura estadual da época.
Foram necessários muitos protestos das organizações 
feministas para conseguir mudanças no direito penal da 
definição de estupro. A partir de 1996, os maridos em 
todos os cinqüenta estados norte-americanos podem ser 
processados na maioria das circunstâncias por estupro de 
suas esposas. Ainda permanecem exceções alarmantes: 
por exemplo, no Tennessee, um marido poderá usar legal-
mente força ou coerção para manter relações com sua mu-
lher se não utilizar qualquer arma, e não causar “ferimento 
corporal grave”. Apesar de tais exceções, o movimento das 
mulheres levou a mudanças importantes na noção de cri-
minalidade da sociedade. Por exemplo, juízes, legisladores 
e policiais agora consideram o fato de o homem bater em 
sua esposa e outras formas de violência doméstica como 
criMe
Um crime é uma transgressão do direto penal à qual al-
gumas autoridades governamentais aplicam penalidades 
formais. Representa o desvio das normas sociais formais 
administradas pelo Estado. As leis dividem os crimes em 
diversas categorias, dependendo da gravidade da ofensa, 
Capitulo 08.indd 190 23/10/13 15:01
esaito
Retângulo
Desvio e Controle Social 191
da idade dos criminosos, da punição potencial e do tribu-
nal que tem jurisdição sobre o caso.
Mais de 1,4 milhão de crimes violentos foram de-
nunciados nos Estados Unidos em 2000, inclusive mais de 
15.500 homicídios. Os ingredientes-chave na incidência dos 
crimes de rua parecem ter sido o uso de drogas e a presença 
difundida de armas de fogo. Segundo o FBI, 19% de todos 
os ataques graves denunciados, 42% dos roubos informa-
dos e 67% dos assassinatos em 2002 envolveram uma arma 
de fogo. Mesmo com o recente declínio nos crimes mais 
graves nos Estados Unidos, os níveis atuais excedem os da 
década de 1960 (Department of Justice, 2002c, p. 23, 35, 38).
Tipos de Crime
Em vez de se basearem somente nas categorias legais, os 
sociólogos classificam os crimes em termos de como são 
cometidos e como a sociedade vê as ofensas. Nesta seção, 
vamos examinar quatro tipos de crime diferenciados 
pelos sociólogos: crime profissional, crime organizado, 
crime do colarinho branco e crime sem vítimas.
crime profissional
Apesar de o ditado “O crime não compensa” soar fami-
liar, muitas pessoas fazem uma carreira em atividades 
ilegais. Um criminoso profissional (ou que tem carreira 
criminal) é uma pessoa que pratica crimes como sua 
ocupação diária, desenvolvendo técnicas aperfeiçoadas e 
gozando de um determinado status entre outros crimino-
sos. Alguns criminosos profissionais se especializam em 
violações, em arrombar cofres, roubar cargas, bater car-
teiras e furtar objetos em lojas. Essas pessoas adquiriram 
habilidades que reduzem as chances de ser apanhadas, 
condenadas e aprisionadas. Como resultado, elas podem 
ter longas carreiras na “profissão” que escolheram.
Edwin Sutherland (1973) teve insights pioneiros sobre 
o comportamento de criminosos profissionais e publicou 
um relatório com notas escrito por um ladrão profis-
sional. Diferentemente das pessoas que praticam crimes 
uma vez ou duas, o negócio dos ladrões profissionais é 
roubar. Eles devotam todo o seu tempo de trabalho para 
planejar e executar crimes, e às vezes viajam por todo o 
país para executar seus “deveres profissionais”. Como 
outras pessoas em seu trabalho normal, os ladrões pro-fissionais consultam seus colegas a respeito de demanda 
de “trabalho”, tornando-se parte de uma subcultura de 
indivíduos com o mesmo tipo de ocupação. Eles trocam 
informações sobre lugares para arrombar, receptadores 
de mercadorias roubadas e maneiras de garantir fiança 
se forem presos.
crime Organizado
Em 1978, um relatório do governo dedicou três páginas 
para definir a expressão crime organizado. Para nossos 
objetivos, vamos considerar crime organizado como o 
trabalho de um grupo que regula as relações entre empre-
endimentos criminosos envolvidos em atividades ilegais, 
inclusive prostituição, jogo e contrabando e venda de dro-
gas ilícitas. O crime organizado domina o mundo dos ne-
gócios ilegais da mesma forma que grandes companhias 
dominam o mundo dos negócios convencionais. Nos 
territórios alocados, estabelece preços de mercadorias e 
serviços, e age como um árbitro nas disputas internas. 
Atividade secreta, de conspiração, ela geralmente escapa 
aos agentes da lei. Toma posse de negócios legítimos, 
obtém influência nos sindicatos de trabalhadores, cor-
rompe funcionários públicos, intimida testemunhas em 
processos criminais, e até “cobra taxas” dos comerciantes 
a troco de “proteção” (National Advisory Commission on 
Criminal Justice, 1976).
Anomia Funcionalista Émile Durkheim Adaptação às normas da sociedade 
 Robert Merton
Transmissão cultural/ Interacionista Edwin Sutherland Padrões aprendidos com os outros 
Associação diferencial
Atividades de rotina Interacionista Marcus Felson Impacto do meio social
Rótulo/ Interacionista Howard Becker Resposta da sociedade aos atos 
Construtivismo social
Conflito Conflito Howard Quinney Domínio de agentes autorizados 
 Justiça discricionária
Feminista Conflito/Feminista Freda Adler Papel do sexo 
 Meda Chesney-Lind Mulheres como vítimas e criminosas
abordagem Perspectiva Proponentes Ênfase
r
es
u
m
in
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o
tabela 8-2 abordagens ao desvio
Capitulo 08.indd 191 23/10/13 15:01
192 Capítulo 8
O crime organizado funciona como um meio de 
mobilidade social para grupos de pessoas que lutam para 
escapar da pobreza. O sociólogo Daniel Bell (1953) usava 
a expressão sucessão étnica para descrever a passagem 
seqüencial da liderança dos norte-americanos irlandeses 
no início do século XX para os norte-americanos judeus 
na década de 1920, e depois para os norte-americanos 
italianos no início da década de 1930. Recentemente, a 
sucessão étnica se tornou mais complexa, refletindo a 
diversidade dos últimos imigrantes nos Estados Unidos. 
Imigrantes colombianos, mexicanos, russos, chineses, 
paquistaneses e nigerianos estão entre os que começaram 
a desempenhar um papel importante nas atividades do 
crime organizado (Chin, 1996; Kleinknecht, 1996).
Sempre houve um elemento global no crime organi-
zado. Mas os policiais e legisladores agora reconhecem a 
emergência de uma nova forma de crime organizado que 
tira vantagem dos avanços da comunicação eletrônica. O 
crime organizado transnacional inclui tráfico de drogas e 
armas, lavagem de dinheiro e tráfico de imigrantes ilegais 
e mercadorias roubadas, como automóveis (Lumpe, 2003; 
Office of Justice Programs, 1999).
No Brasil as duas maiores facções do crime organi-
zado em São Paulo e no Rio de Janeiro se autodenomi-
nam Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando 
Vermelho (CV), respectivamente, e têm imposto o terror 
nessas duas cidades brasileiras. Ordenam rebeliões em 
presídios, execução de bandidos rivais e de policiais, 
fechamento do comércio e de escolas, incêndios em ôni-
bus, provocando pânico na população constantemente 
ameaçada pelo fogo cruzado da verdadeira guerra entre 
traficantes e entre traficantes e autoridades policiais. Seu 
U m dia típico de Tiffany Zapata-Mancilla a coloca em con-tato com todas as formas de vítimas de crimes – aquelas que sobreviveram a tentativas de homicídio, ata-
ques domésticos, abuso de crianças, roubos e outros 
crimes violentos – bem como com os membros da 
família que testemunharam um crime , uma vez que 
eles são chamados para testemunhar no processo. “Meu 
trabalho é tornar a experiência no tribunal tão confor-
tável quanto possível para eles”, diz ela. Isso significa 
oferecer profissionais para acompanhamento da crise, 
um acompanhante para o tribunal, orientações do 
tribunal, ajuda com declarações de impacto, assistência 
com restituição, serviços de proteção, transporte, cuidado de 
crianças, assistência financeira de emergência, ou apenas um al-
moço quente. Seus 500 casos vêm de quatro a oito tribunais para 
os quais ela é designada no Condado de Cook, Chicago.
“Minha formação de socióloga me ajuda em todas as situ-
ações diariamente”, explica Zapata-Mancilla. Em particular, 
ajuda-a a reconhecer os problemas sociais subjacentes, mesmo 
no que parece ser um horrendo ato individual, e a ajudar as víti-
mas a reconhecer tais problemas também. “Eu não julgo os que 
vêm para o tribunal, eu só posso julgar a sociedade”, afirma ela. 
Segundo Zapata-Mancilla, isto não significa que os indivíduos 
não tenham responsabilidade pessoal pela vida que escolhem. 
Mas auxilia a entender que as pessoas são condicionadas pelo 
ambiente e pela sociedade em que vivem. Um de seus casos 
envolvia um jovem que foi chamado para testemunhar sobre 
uma pessoa que matara seu irmão mais novo em um tiroteio 
de gangue. No período do julgamento, dois anos mais tarde, 
ele negou saber qualquer coisa sobre o assassinato, e depois 
foi comer com o réu. Parece que ofereceram a ele um 
emprego com drogas em troca de não testemunhar. Em 
lugar de tomar uma atitude de acordo com seu próprio 
julgamento, Zapata-Mancilla reconheceu a necessidade 
de sobreviver do jovem. Problemas sociais, como a po-
breza, ditam, até certo ponto, as escolhas que as pessoas 
acreditam que precisam fazer.
Zapata-Mancilla se formou em sociologia na De-
Paul University depois de ser seduzida pelo seu curso 
introdutório. Prosseguiu seus estudos e obteve o mes-
trado em 2001 naquela universidade. “Eu estava muito interes-
sada nos problemas da sociedade, como pobreza, crime, crime 
organizado, envolvimento de gangues, e como eles influenciam 
o estilo de vida e a psicologia dos indivíduos. Para mim, a socio-
logia oferece razões, não desculpas, para os indivíduos agirem e 
reagirem de determinadas maneiras”, afirma. Zapata-Mancilla 
também acha que ganhou maior compreensão de si mesma 
como latina por meio dos estudos.
O seu conselho para os estudantes é: “Mantenha sua mente 
aberta e não julgue os outros.”
Vamos Discutir
1. Você acha que testemunhas e vítimas precisam de atenção 
especial? Por quê?
2. Que aspecto do estudo sociológico você entende que me-
lhor preparou Zapata-Mancilla para seu trabalho?
tiffany zaPata-Mancilla especialista em testemunhos de vítimas do 
condado de cook, Ministério público estadual
192
levando a sociologia para o trabalho
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Desvio e Controle Social 193
poder de enfrentamento das autoridades ficou demons-
trado nos acontecimentos de maio de 2006, em São Paulo, 
quando foram executados mais de 40 policiais e regis-
trados 293 atentados – (82) contra ônibus, (56) casas de 
policiais, (17) bancos e caixas eletrônicos, (1) estações de 
metrô, a (CET, 1) Companhia de Engenharia de Trânsito 
e (136) outros, além de 73 rebeliões em presídios paulis-
tas, com nove presos mortos, segundo o jornal O Estado 
de S. Paulo de 19 de maio de 2006, Caderno C, p. 9. A 
repressão ao crime organizado é a causa dessa reação das 
facções criminosas.
crimes do colarinho Branco e Baseados na 
Tecnologia
Sonegação de imposto de renda, manipulação de es-
toques, fraude de consumidores, suborno e exigência 
de propinas, desfalques e publicidade enganosa – estes 
são exemplos de crimes do colarinho branco, atos ile-
gais cometidos na execução de atividades comerciais, 
geralmente por pessoas ricas e “respeitáveis”. Edwin 
Sutherland (1949, 1983) equipara esses crimes ao crime 
organizado porque eles comfreqüência são perpetrados 
por meio de papéis ocupacionais.
Um novo tipo de crime do colarinho branco surgiu 
nas últimas décadas: crimes de computador. O uso da alta 
tecnologia permite que os criminosos dêem desfalques 
ou cometam fraudes eletronicamente, em geral deixando 
poucas pistas, ou que ganhem acesso aos estoques de uma 
companhia sem sair de casa. Segundo um estudo de 2002 
feito pelo FBI e pelo Computer Security Institute, 90% 
das companhias que contam com sistemas de computa-
dor detectaram quebras de segurança nos computadores 
no ano anterior, mas apenas 34% informaram os ataques 
às autoridades. Recentemente, uma proporção crescente 
de tais ataques – 65% em 2003 – tem chegado de fora dos 
Estados Unidos (Cha, 2003; R. Power, 2002).
Sutherland (1940) cunhou a expressão crime do co-
larinho branco em 1939 para se referir a atos executados 
por indivíduos, mas ela teve seu significado ampliado 
para incluir crimes cometidos por negócios e corpora-
ções também. Crime corporativo, ou qualquer ato prati-
cado por uma corporação que seja punível pelo governo, 
toma muitas formas e inclui indivíduos, organizações e 
instituições entre suas vítimas. As corporações podem 
ter um comportamento adverso à concorrência, poluir 
o ambiente, sonegar impostos, fraudar e manipular 
ações, fraudar a contabilidade, produzir mercadorias 
não-seguras, subornar e corromper, e cometer infrações 
relacionadas à saúde e à segurança (Hansen, 2002; Jost, 
2002a).
Durante muitos anos, os malfeitores de corporações 
se livraram com penas leves nos tribunais documen-
tando sua longa história de contribuições caritativas e 
concordando em ajudar os policiais a encontrar outros 
criminosos do colarinho branco. Em 2003, nos Estados 
Unidos, dez companhias de investimentos e dois ana-
listas de mercado coletivamente pagaram um acordo de 
US$ 1,4 bilhão por darem informações fraudulentas aos 
investidores. A magnitude da multa ganhou as manche-
tes em toda a nação, mas o que significa isso comparado 
com os milhões de investidores que foram atraídos a 
comprar bilhões de dólares em ações de companhias que 
o acusado sabia que estavam em dificuldade ou à beira do 
colapso? O fato é que ninguém foi preso como parte do 
acordo, e nenhuma companhia perdeu sua licença para 
fazer negócios. Os promotores em outras investigações de 
escândalos corporativos dizem que pedem sentenças de 
prisão para criminosos do colarinho branco, mas até hoje 
a maioria dos réus foi apenas multada (Labaton, 2003; J. 
O’Donnell e Willig, 2003).
Bancos e empresas envolvidos nos escândalos de cor-
rupção que abalaram o Brasil em 2005/2006 continuam a 
desenvolver suas atividades e ninguém foi preso. E o par-
tido político no poder – Partido dos Trabalhadores –, réu 
confesso de praticar caixa dois, isto é, receber dinheiro 
não-contabilizado, também não foi punido, tendo apenas 
procedido à expulsão de seu tesoureiro, Delúbio Soares.
A condenação por crime corporativo em geral não 
fere a reputação e as aspirações de carreira de uma pes-
soa, como uma condenação por crimes de rua. Aparente-
mente, o rótulo de “criminosos do colarinho branco” não 
carrega o estigma do rótulo “condenado por um crime 
violento”. Os teóricos do conflito não consideram que tal 
diferença de tratamento seja uma surpresa. Dizem que o 
Capitulo 08.indd 193 23/10/13 15:01
194 Capítulo 8
sistema penal não leva a sério os crimes cometidos pelos 
ricos e focalizam apenas nos crimes cometidos pelos 
pobres. Em geral, se um réu tem status e influência, seu 
crime é tratado como menos sério do que os cometidos 
por outros, e a sanção é muito mais suave.
Como editor de um jornal, você trataria as reportagens 
sobre crime corporativo de forma diferente daquelas sobre 
crimes violentos?
crimes sem Vítimas
Os crimes do colarinho branco e de rua põem em risco 
o bem-estar pessoal e econômico das pessoas contra a 
sua vontade (ou sem o seu conhecimento direto). Ao 
contrário, os sociólogos usam a expressão crimes sem 
vítimas para descrever a troca consciente, entre adultos, 
de mercadorias e serviços desejados, mas ilegais, como a 
prostituição (Schur, 1965, 1985).
Alguns ativistas estão trabalhando para descrimi-
nalizar muitas dessas práticas ilegais. Os que apóiam a 
descriminalização estão atrapalhados com a tentativa de 
legislar um código moral para adultos. Na visão deles, a 
prostituição, o abuso de drogas, o jogo e outros crimes 
sem vítimas são impossíveis de se evitar. O sistema penal 
já sobrecarregado deveria, ao contrário, dedicar seus 
recursos para os “crimes de rua” e outras ofensas com 
vítimas óbvias.
Apesar do amplo uso da expressão crimes sem ví-
timas, entretanto, muitas pessoas rejeitam a noção de 
que não existe uma vítima a não ser o próprio indivíduo 
que cometeu tais crimes. Beber em excesso, jogar com-
pulsivamente e usar drogas ilícitas contribuem para um 
enorme número de danos pessoais e à propriedade. Um 
homem em estado de embriaguez pode bater em sua 
esposa ou filhos. Um jogador compulsivo ou usuário de 
drogas pode furtar para satisfazer sua obsessão. E as so-
ciólogas feministas dizem que a prostituição, bem como 
os aspectos mais perturbadores da pornografia, reforçam 
o conceito errado de que as mulheres são “brinquedos” e 
podem ser tratadas como objetos e não como pessoas. De 
acordo com os críticos da descriminalização, a sociedade 
não pode dar sua aprovação tácita a condutas que têm 
conseqüências tão danosas (Flavin, 1998; Jolin, 1994; Na-
tional Advisory Commission on Criminal Justice, 1976; 
Schur 1968, 1985).
A controvérsia sobre a descriminalização nos lembra 
importantes insights dos teóricos do rótulo e do conflito 
apresentados anteriormente. Subjacentes a esse debate há 
duas perguntas: quem tem o poder de definir o jogo, a 
prostituição e a bebedeira em público como “crimes”? E 
quem tem o poder de rotular tais comportamentos como 
“sem vítimas”? A resposta é: em geral os legisladores esta-
duais e, em alguns casos, a polícia e os tribunais.
Novamente, podemos ver que o direito penal não é 
simplesmente um padrão universal de comportamento 
combinado por todos os membros da sociedade. Ao 
contrário, ela reflete uma luta entre indivíduos e grupos 
concorrentes para ganhar o apoio governamental para os 
seus valores morais e sociais. Por exemplo, organizações 
como Mães Contra Dirigir Alcoolizado (Mothers Agains 
Drunk Driving – MADD) e Estudantes Contra Dirigir 
Alcoolizado (Students Against Drunk Driving – SADD) 
conseguiram modificar, nos últimos anos, as atitudes 
públicas em relação à bebida. Em vez de ser visto como 
um crime sem vítima, a embriaguez está sendo associada 
cada vez mais a perigos potenciais advindos do dirigir 
alcoolizado. Como resultado, os meios de comunicação 
de massa estão dando mais atenção (e fazendo mais críti-
cas) às pessoas que são consideradas culpadas por dirigir 
depois de beber, e muitos estados já instituíram multas 
pesadas e períodos de prisão para uma ampla variedade 
de ofensas praticadas em estado de embriaguez.
Estatísticas Criminais
As estatísticas sobre crimes não detêm tanta precisão 
quanto os cientistas sociais gostariam. Entretanto, uma 
vez que elas lidam com um assunto que preocupa muito 
as pessoas em geral, são citadas como se fossem confiá-
veis. Tais dados realmente servem como uma indicação 
do nível de certos crimes. No entanto, seria um erro in-
terpretá-los como uma representação exata da incidência 
dos crimes.
compreendendo as Estatísticas criminais
Os crimes denunciados são muitos nos Estados Unidos, 
e o público os vê como um importante problema social. 
Entretanto, depois de muitos anos de aumento, há um de-
clínio significativo nos crimes violentos em toda a nação. 
Existem diversas explicações para isso, entre outras:
•	 	Economia	florescente	e	a	queda	das	taxas	de	
desemprego durante a maior parte da década de 
1990.
•	 	Programas	de	políticas	orientados	para	a	
comunidade e de prevenção de crime.
•	 	Novas	leis	de	controle	dearmas.
•	 	Aumento	significativo	da	população	prisional,	
que pelo menos evita que os criminosos cometam 
crimes fora da prisão.
Resta ainda saber se esse padrão vai continuar, mas 
mesmo com as quedas atuais, o número de crimes de-
nunciados permanece bem acima do de outras nações, 
e excede as taxas informadas nos Estados Unidos de 
apenas 20 anos antes. Estudiosas feministas chamam a 
nossa atenção para uma variação importante: a proporção 
de crimes graves cometidos pelas mulheres aumentou. 
Em um período de dez anos (1993–2002), as prisões de 
Use a Sua Imaginação Sociológica
Capitulo 08.indd 194 23/10/13 15:01
Desvio e Controle Social 195
mulheres por crimes graves denunciados aumentaram 
14%, contra um decréscimo de 6% de prisões de homens 
(Department of Justice, 2002c, p. 232).
Os sociólogos têm vários modos de medir o crime. 
Historicamente, eles se baseavam nos dados da polícia, 
mas a falta de denúncia sempre foi um problema para 
as medidas. Como os membros dos grupos de minorias 
étnicas e raciais sempre desconfiaram da polícia, podem 
não chamá-la. As sociólogas feministas e outros soció-
logos notaram que muitas mulheres não denunciam o 
estupro ou quando apanham do marido com medo de 
serem consideradas culpadas pelo crime.
Em parte por causa dessas deficiências nas estatísti-
cas oficiais, o National Crime Victimization Survey (Le-
vantamento Nacional de Vitimação do Crime) começou 
a ser feito em 1972. O Bureau de Estatísticas da Justiça, 
ao compilar esse relatório anual, busca informações da 
polícia, mas também entrevista membros de mais de 42 
mil lares e pergunta se foram vítimas de um conjunto 
específico de crimes durante o ano anterior. Em geral, 
aqueles que realizam os levantamentos de vitimação 
fazem perguntas às pessoas comuns, não a policiais, para 
determinar se elas foram vítimas de um crime.
Infelizmente, como outras informações sobre crimes, 
esses levantamentos têm seus próprios limites, pois exi-
gem que as vítimas entendam o que aconteceu com elas 
e desejem revelar tais informações aos entrevistadores. 
Fraude, sonegação de imposto de renda e chantagem são 
exemplos de crimes que provavelmente não serão infor-
mados em estudos de vitimação. Mesmo assim, 92% dos 
domicílios desejam cooperar com os investigadores do 
National Crime Victimization Survey. Como mostrado 
na Figura 8-3, as informações dessas pesquisas revelam 
uma taxa de crime flutuante com quedas significativas 
tanto na década de 1980 quando na de 1990 (Rennison 
e Rand, 2003).
Taxas Internacionais de crimes
Se obter informações confiáveis sobre crimes é difícil 
nos Estados Unidos, fazer comparações úteis interna-
mente, no país, é ainda mais difícil. Mesmo assim, com 
algum cuidado, é possível oferecer conclusões prelimi-
nares sobre como as taxas de crimes diferem em todo o 
mundo.
Durante as décadas de 1980 e 1990, crimes violentos 
eram muito mais comuns nos Estados Unidos do que na 
Europa Ocidental. Assassinatos, estupros e roubos eram 
denunciados à polícia em taxas muito mais altas nesse país. 
Mas a incidência de certos tipos de crime parece ser mais 
alta em outros lugares. Por exemplo, na Inglaterra, Itália, 
Austrália e Nova Zelândia há taxas mais altas de roubos 
de carros do que nos Estados Unidos. Países em desenvol-
vimento têm taxas altas de homicídios denunciados em 
conflitos civis e conflitos políticos entre civis (International 
Crime Victim Survey, 2004; World Bank, 2003a).
Por que as taxas de crimes violentos são tão mais 
altas nos Estados Unidos do que na Europa Ocidental? O 
sociólogo Elliot Currie (1985, 1998) sugeriu que a socie-
dade norte-americana coloca mais ênfase nas realizações 
econômicas individuais do que as outras sociedades. Ao 
mesmo tempo, muitos observadores notaram que a cul-
tura norte-americana tolera, ou até apóia, certas formas 
de violência. Somados às diferenças drásticas, entre os ci-
dadãos ricos e os pobres, alta taxa de desemprego, excesso 
de uso de álcool e de drogas, esses fatores combinam-se 
para produzir um clima que conduz ao crime.
Esses são também os fatores apontados pelo Núcleo 
de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo 
para explicar o aumento da violência no Brasil. Em 2006, 
são 140 mil os presos só no estado de São Paulo, o mais 
rico do país, mas onde o crime organizado é poderoso.
Entretanto, aumentos perturbadores nos crimes vio-
lentos são evidentes em outras sociedades ocidentais. 
Por exemplo, o crime aumentou muito na Rússia desde a 
queda, em 1991, do Partido Comunista (com seus contro-
les rigorosos de armas e criminosos). Em 1998, ocorreram 
menos de 260 homicídios em Moscou, mas hoje são mais 
de 1.000 por ano. O crime organizado preencheu um 
vácuo de poder em Moscou desde o final do comunismo; 
um dos resultados é que os tiroteios entre gangues e “as-
sassinatos por encomenda” se tornaram comuns. Alguns 
políticos reformistas importantes também já foram alvos. 
A Rússia é a única nação no mundo que prende uma pro-
porção mais alta de pessoas do que os Estados Unidos. O 
país prende 580 de cada 100 mil adultos em um dia típico, 
comparados com 550 nos Estados Unidos, menos de 100 
no México ou Reino Unido, e apenas 16 na Grécia (Currie, 
1998; Shinkai e Zvekic, 1999).
0
1973 2002 19901980
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40
FIgura 8-3
Taxas de Vitimação, 1973–2002
Fonte: rennison, 2003, p. 1.
Taxas de vitimação 
atingiram o pico em 
1981 – 121% mais alta 
do que em 2002.
Capitulo 08.indd 195 23/10/13 15:01
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esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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