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Aula 7
Nova terra à vista: a restinga
Breylla Campos Carvalho
Jorge Soares Marques
210
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Meta 
Demonstrar que as restingas resultam de processos marinhos de depo-
sição, sendo locais de grande interesse para ocupação humana e passí-
veis de riscos, em função da ocorrência de mudanças ambientais.
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
1. explicar como se forma uma restinga, identificá-la na paisagem cos-
teira e descrever suas características;
2. descrever como atuam os processos marinhos em relação à evolução 
das restingas;
3. relacionar a restinga com outros tipos de ambiente costeiro;
4. reconhecer quais impactos ambientais podem atingir esses ambien-
tes de restinga e quais são os seus mecanismos de preservação.
211
Geomorfologia Costeira
História e valores para cada forma de relevo
As áreas costeiras são vistas como zonas de transição entre os am-
bientes marinhos e continentais. Ao atuarem, isoladamente ou intera-
gindo entre si, os processos continentais e, particularmente, os mari-
nhos são responsáveis pela existência e características das formas típicas 
de relevo desses ambientes.
Como você viu nas aulas anteriores, a ação das marés, das ondas e 
das correntes na faixa litorânea destroem, mantém ou criam formas de 
relevo por erosão.
Como a erosão é caracterizada por trabalhar na retirada de mate-
riais, necessariamente terá que ocorrer pelo menos um transporte para 
efetivar a execução dessa ação. Ao continuarem em trânsito, em trajetos 
curtos ou mais longos, esses materiais podem se juntar (ou não) a outros 
aportes de sedimentos de origem marinha ou continental, que serão de-
positados, necessariamente, em algum lugar, destruindo, mantendo ou 
criando formas de relevo.
Outro fator importante na esculturação desses relevos são as varia-
ções e oscilações relativas do nível do mar, que deixam suas marcas na 
paisagem. Assim, além das formas de relevo atuais que estão sendo tra-
balhadas nas áreas costeiras, podem existir formas geradas no passa-
do por erosão e deposição que testemunham essas variações e o modo 
como atuaram os processos.
Como também foi visto na última aula, muitas vezes as formas 
erosivas do passado, encontradas no presente, são apenas resíduos ou 
indícios de sua ocorrência. Nesses casos, esses resíduos comprovam 
que houve um processo de erosão. Entretanto, não se pode pensar que 
neles existam, necessariamente, registros capazes de resgatar todas as 
informações necessárias para reconstituir o relevo que antes existia 
e desapareceu, assim como sobre o comportamento do processo que 
atuou sobre ele ao longo do tempo.
Entretanto, quando os ambientes e seus relevos são construídos por 
depósitos sedimentares, tanto os atuais quanto os do passado, há a pos-
sibilidade de, analisando suas camadas, entender como os processos 
atuaram para suas criações e durante suas evoluções, assim como verifi-
car se ocorreram mudanças e como o ambiente se comportou. Utilizan-
do essas análises, é possível reconstituir cenários passados, entender os 
atuais e ajudar a prever panoramas futuros.
212
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
As formas de relevo do ambiente costeiro apresentam uma dinâ-
mica muito rápida se comparada a outros ambientes continentais, ou 
seja, têm uma morfodinâmica em constante mudança. A partir dessa 
informação e de seus conhecimentos prévios sobre as implicações das 
variações do nível no mar, pode-se dizer que, quando estas ocorrem, 
há também mudanças ou reajustes na atuação dos processos marinhos.
As dunas, deltas, estuários, praias e restingas são formas de relevo 
produzidas por deposição de sedimentos, sendo que algumas delas têm 
um domínio maior das ondas e outras das marés, para seus processos 
de criação e em suas evoluções. Constituídas por sedimentos com baixa 
capacidade de coesão, como é o caso das areias, são formas de relevo 
bastante sensíveis a sofrerem efeitos de erosão produzidos por mudan-
ças no comportamento dos processos que atuam sobre elas.
Entre essas formas citadas, as restingas, há muito tempo, têm tido 
sua conceituação e definição bastante discutidas nos meios científicos, 
como é possível notar nos trabalhos realizados por autores brasilei-
ros, como Silva (1936), Lamego (1940), Suguio e Martin (1976, 1978a, 
1978b) e também Suguio e Tessler (1984).
Constituídas por depósitos de sedimentos que surgem nas áreas costei-
ras, as restingas são novas áreas, novas terras ou novos territórios criados 
por processos marinhos. Suas características vêm chamando cada vez mais 
a atenção do homem, despertando interesses diversos e conflitantes entre 
diferentes perspectivas que vão desde sua conservação à sua utilização.
Afinal, quem eu procuro para me 
explicar o que é uma restinga?
Ao longo de algumas décadas, pesquisadores brasileiros vêm se 
reunindo em torno desse tema. A partir de determinadas discus-
sões, surgiram publicações muito interessantes sobre sua concei-
tuação e os termos relacionados às restingas, que são empregados 
no Brasil, em comparação com termos utilizados em outros paí-
ses. E, mais ainda, sobre o estado da arte dos estudos das restin-
gas brasileiras, trazendo a divulgação dos melhores trabalhos, do 
passado até o presente, com avaliações de suas contribuições para 
o estágio atual do conhecimento sobre o assunto.
213
Geomorfologia Costeira
O livro Restingas: origem, estrutura, processos, sempre citado 
como referência, é um compêndio de trabalhos apresentados no 
Simpósio sobre Restingas Brasileiras, que aconteceu em 1984, na 
Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ), com artigos 
que tratam da caracterização do ambiente físico das restingas, 
de sua composição vegetal e até mesmo das ocupações humanas 
pré-históricas desses ambientes.
Até hoje esses conceitos continuam sendo discutidos e levados 
em consideração nas questões ligadas à implementação da legis-
lação ambiental brasileira.
Algumas colocações gerais sobre as restingas
De forma mais ampla, pode-se definir a restinga como um depósito 
arenoso (subaéreo) de baixa altitude, produzido pela dinâmica costeira, 
formando feições alongadas e em geral paralelas (em alguns casos trans-
versais) à linha de costa. Normalmente, sua ocorrência se dá ao lado 
ou fechando desembocaduras de cursos fluviais, criando reentrâncias 
costeiras (baías e enseadas) e depressões no continente, ocupadas por 
lagunas ou terrenos embrejados.
Em restingas atuais são encontradas praias na parte voltada para 
o mar aberto, assim como no reverso, quando este margeia baías ou 
lagunas (Figura 7.1).
Figura 7.1: Restinga da Marambaia, RJ. Foto tirada do alto de uma duna de 5 
metros de altitude, na porção central da restinga, que tem 40km de extensão. 
Do lado esquerdo, está a baía de Sepetiba e, do lado direito, o oceano Atlân-
tico. Nota-se a existência de praias nos seus dois lados e, ao fundo, a silhueta 
das elevações do maciço da Pedra Branca, com a da pedra de Guaratiba em 
sua extremidade, bem à frente.
Lagunas
Designação dada às lagoas 
costeiras, geralmente 
rasas, que, mesmo de 
forma precária, mantêm 
ligação com o mar, razão 
pela qual possuem águas 
salgadas, que podem 
ser de quase doces a 
hipersalinas.
No litoral brasileiro, 
muitas lagunas, inclusive 
famosas, receberam o 
nome de lagoas, como 
é o caso da Lagoa de 
Araruama (RJ), que possui 
alto nível de salinidade.
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Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Segundo Souza et al. (2008), quando se identifica que uma planície é 
formada pela ocorrência de várias feições de restingas, que se sucedem 
lado a lado (crescimento lateral), atribui-se a ela a designação de planície 
de restinga.
É comum usar o termo feixes de restinga quando se identifica a ocor-
rência de uma sucessão delas. Por suas características ou pelos seus tem-
pos de formação, é possível agrupá-las, formando conjuntos de feixes, 
que representam etapas ou ciclos evolutivosdo processo de deposição, 
como os que são facilmente identificados na Figura 7.2.
Figura 7.2: Restingas existentes à esquerda da foz 
do Rio Paraíba do Sul (RJ). Do mar para o inte-
rior sucedem-se restingas da mais recente para a 
mais antiga. Nesse conjunto, identificam-se quatro 
feixes (as quatro faixas claras) formados, cada um 
deles por inúmeras restingas (visualizadas pelos 
lineamentos no interior de cada feixe), que corres-
pondem aos ciclos evolutivos da planície costeira.
O termo terraço marinho é empregado quando as restingas se apre-
sentam para o interior da área costeira; portanto, não atuais, em po-
sições topográficas mais elevadas do que os depósitos de sedimentos 
marinhos mais recentes.
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Geomorfologia Costeira
Quando você procurar pelo termo restinga, para que não haja dú-
vida, além do significado físico, de natureza geológica-geomor-
fológica, também irá encontrá-lo com significados biológicos, 
biogeográficos e ecológicos.
No campo da biogeografia, restinga se refere ao tipo de vegetação 
da planície costeira, onde comunidades vegetais estão associadas às 
praias, dunas, cordões litorâneos e margens de lagoas.
Além de sua superfície arenosa, também chama a atenção sua ve-
getação típica. A Figura 7.3 mostra uma vegetação muito comum nas 
praias e restingas, a ipomeia (ipomoeacairica). Ela se caracteriza por ser 
uma planta colonizadora (ou invasora), que está sempre avançando, in-
clusive em direção aos terrenos das praias. Ela e outras plantas da flora 
costeira permitem, quase sempre, delimitar onde começa a praia, local 
de atuação frequente dos processos marinhos.
Figura 7.3: Ipomeia - vegetação comum em restingas. Praia de Ju-
rujuba, Niterói (RJ)
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Parque_Nacional_da_Restinga_de_ 
Jurubatiba_34.jpg
Em litorais quentes e chuvosos, os lugares de solos arenosos espessos 
com suas superfícies bem acima do nível do lençol freático podem se 
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Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
tornar muito secos. Isso se deve às suas condições favoráveis de infil-
tração e à evaporação das águas das chuvas, que acabam por facilitar a 
presença e o desenvolvimento de plantas típicas de climas secos, entre 
elas, as cactáceas e as bromélias.
Figura 7.4: Em primeiro plano, há cactáceas, plantas também presentes no 
ambiente de restingas (Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, RJ). Ao 
fundo, há a lagoa do Paulista, onde se pode observar a disponibilidade de 
água no local, que indica, pelo seu nível, a posição da superfície do lençol 
freático que a abastece e está por baixo do terreno seco e arenoso em que 
estão as cactáceas.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_da_Restinga_de_Jurubatiba#media 
viewer/Ficheiro:Jurubatiba_-_Lagoa_do_Paulista.jpg
No Brasil, como acontece em todo o mundo, as áreas costeiras, em 
suas planícies, sempre abrigaram grandes contingentes de população. 
Hoje está acontecendo uma enorme apropriação dessas planícies para 
utilizá-las como espaço urbano, face:
•	 ao grande crescimento das populações das capitais dos esta-
dos litorâneos nas últimas décadas;
•	 à valorização das áreas de praias;
•	 à expansão das atividades de veraneio e turismo.
Isso tem estimulado a ocupação de locais onde existem restingas, pela 
qualidade de seus terrenos para a construção civil, pela visão aberta de 
um amplo horizonte e pela proximidade e facilidade de acesso ao mar.
A utilização desordenada do solo nessas áreas costeiras tem gerado 
inúmeros problemas ambientais, como, entre outros, poluição, aterros 
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or
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Geomorfologia Costeira
de lagoas e construções sobre praias e costões. Atualmente, já se tem 
conhecimento de inúmeros casos de erosão na linha do litoral, que não 
podem ser genericamente relacionados apenas às mudanças ambientais, 
pois causas antrópicas são também identificadas. Por isso, é importante 
entender como se formam e evoluem os ambientes como as restingas, 
para melhor atuar sobre os problemas presentes e se prevenir quanto aos 
do futuro. No planejamento do uso do solo, os cenários projetados de-
vem levar em conta as possíveis variações do nível do mar e suas impli-
cações para os ambientes costeiros já utilizados ou não pela sociedade.
Na Figura 7.5, constata-se como são frequentes os locais do litoral 
brasileiro em que podem ser vistos ambientes que, via de regra, são tra-
tados como restingas e que estão diretamente relacionados a elas.
Figura 7.5: Mapa da dis-
tribuição das áreas costei-
ras que possuem terrenos 
de restingas no Brasil (Or-
ganizado por Breylla Cam-
pos Carvalho, 2014).
Fonte: http://mapas.mma.gov.
br/i3geo/datadowload.htm
http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadowload.htm
http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadowload.htm
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Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Atividade 1
Atende ao objetivo 1
Identifique qual a imagem que possui um ambiente de restinga. Justifi-
que sua resposta.
Figura 7.6
Fonte: https://www.flickr.com/photos/soldon/8245375279/
Figura 7.7
Fonte: http://www.flickr.com/photos/danieljp/5758861506/
Figura 7.8
Fonte: https://www.flickr.com/photos/bgkcram/2437546530/
R
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https://www.flickr.com/photos/soldon/8245375279/
http://www.flickr.com/photos/danieljp/5758861506/
https://www.flickr.com/photos/bgkcram/2437546530/
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Geomorfologia Costeira
Resposta comentada
Como as restingas se caracterizam por serem litorais de baixa altitude, pode-
-se logo eliminar os locais A (Armação de Búzios - RJ) e B (Praia da Pipa, 
Timbau do Sul - RN). Sobra então a foto C (Restinga da Marambaia - RJ), 
que, além de apresentar um litoral de baixa altitude, mostra areias depositadas 
criando uma forma de relevo alongado, tendo praias em seus dois flancos. De 
um lado, praia oceânica e, de outro, uma praia no interior da baía de Sepetiba.
Formação de restingas
Vários termos têm sido criados e usados no Brasil, inclusive como si-
nônimos, para designar depósitos marinhos arenosos que tenham formas 
alongadas, existentes no litoral, como cristas de praia, cordões litorâneos, 
cordões marinhos, cordões arenosos, barreiras e restingas.
Entretanto, é frequente encontrar definições que buscam individuali-
zar cada um desses termos por suas singularidades. Isso, em parte, deve-se 
à existência, entre eles, de características comuns que passam pela origem 
do material constituinte, de similaridades nos mecanismos dos proces-
sos de formação e na própria forma do relevo costeiro. Um exemplo bem 
expressivo refere-se às similaridades e diferenças que poderão ser estabe-
lecidas entre as características das restingas e das praias, que serão vistas 
na próxima aula. Ambas são depósitos de baixa altitude e frequentemente 
arenosos, de formas alongadas, que devem a sua existência e dinâmica, 
principalmente, à ação de ondas e correntes litorâneas.
Para a formação de restingas, quatro condições podem ser evocadas:
•	 fontes de fornecimento de sedimentos;
•	 correntes de deriva litorânea;
•	 variações relativas do nível do mar;
•	 armadilhas para retenção dos sedimentos.
220
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Fontes de fornecimento de sedimentos
Quando se fala em sedimentos, existe uma imensa quantidade de 
significados e informações a eles vinculada. Inclusive, deve-se lembrar 
que o estudo deles faz parte de ramos da Geologia, como a Sedimento-
logia e a Estratigrafia.
É importante relembrar os tipos de sedimentos e entender que suas 
características e comportamentos afetam os trabalhas por processos 
geomorfológicos. 
Os sedimentos podem ser classificados por diversos critérios. Um 
deles é pela sua origem: os alóctones, quando trazidos de outro lugar, ou 
seja, sofreram transporte de sua área de formação até seu ambiente de 
depósito, ou os autóctones, quando são formados dentro do ambiente 
em que se depositam. 
Quanto à sua composição, podem ser clásticos(sedimentos origina-
dos a partir do intemperismo físico das rochas), químicos (produtos da 
precipitação química), biogênicos (gerados pela atividade biológica) e 
vulcanoclásticos (quando sua origem é vulcânica).
Eles podem ser classificados também pela sua granulometria, ou 
seja, pelo tamanho de seus grãos, que podem ser grossos ou finos. Os 
grãos grossos (tamanho superior a 2mm) se subdividem dos maiores 
seixos e cascalhos até os grânulos, e os menores (inferiores a 2mm) são, 
em ordem decrescente de tamanho, areias, siltes e argilas.
A maioria das restingas e das praias no Brasil é composta de areias. 
No entanto, algumas, mundo afora, podem ser constituídas por materiais 
mais grosseiros, como cascalhos (Figura 7.9).
221
Geomorfologia Costeira
Figura 7.9: Praia de cascalho em Chesil Beach, sul da Inglaterra (A). Em (B) é 
possível estimar o tamanho do cascalho dessa praia, tendo o pé como escala 
e, em (C), classificar suas formas quanto à esfericidade e ao arredondamento.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Chesilbeachikenny.jpg, http://en.wikipedia.org/
wiki/File:Shingle_on_Chesil_Beach_at_Chesil_Cove.jpg, http://en.wikipedia.org/wiki/
Chesil_Beach#mediaviewer/File:Chesil_Stones_with_shoe_for_scale.JPG
Para que uma restinga exista, é necessário que estejam disponíveis sedi-
mentos no ambiente costeiro, provenientes das seguintes fontes distintas:
•	 Encostas escarpadas sedimentares próximas às linhas do litoral, con-
tendo material arenoso e submetidas aos processos de erosão. No 
Brasil, o exemplo mais famoso é o das falésias dos tabuleiros costei-
ros, com os seus sedimentos da Formação Barreiras, que se estendem 
do norte do litoral sudeste até ao litoral norte do país (Figura 7.10);
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Figura 7.10: Tabuleiro costeiro no litoral de Marataízes (ES). Essas falésias 
estão sendo submetidas à erosão marinha, que retira delas seus sedimentos.
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Chesilbeachikenny.jpg
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Shingle_on_Chesil_Beach_at_Chesil_Cove.jpg
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Shingle_on_Chesil_Beach_at_Chesil_Cove.jpg
222
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
•	 Rios que desembocam no oceano, trazendo aportes de sedimentos: 
Exemplos bastante conhecidos encontram-se nos locais onde de-
sembocam os rios Paraíba do Sul, Doce, São Francisco;
Figura 7.11: Na imagem (A), podemos localizar o rio Paraíba do Sul (RJ). Próxi-
mo à sua foz, tanto do lado direito quanto do esquerdo, há presença de enorme 
quantidade de restingas (identificadas pelos lineamentos paralelos existentes), 
que foram formadas pela ação do mar a partir dos sedimentos (areias) trazidos 
pelo rio. Em (B), que mostra a foz do rio Doce (ES), e (C), que mostra a foz do 
rio São Francisco (AL/SE), podem-se observar restingas nas duas margens de 
cada rio, pela cor mais clara do terreno e pelos seuslineamentos.
Fonte: (A).Google Earth – Foz do Rio Paraíba do Sul. (B). Google Earth – Foz do Rio Doce 
(ES). (C). Google Earth – Foz do Rio São Francisco (AL/SE).
•	 Escarpas cristalinas de serras e de maciços costeiros: no litoral sul/
sudeste do Brasil, a Serra do Mar e os maciços costeiros isolados, em 
seus contatos mais diretos com o mar, desempenham essa função 
de fornecedores de sedimentos para o ambiente costeiro pela erosão 
marinha e pela ação dos processos continentais (Figura 7.12);
223
Geomorfologia Costeira
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Figura 7.12: Itacuruçá (Mangaratiba – RJ). Aqui temos um exemplo típico 
do litoral sul/sudeste do Brasil, onde as escarpas da Serra do Mar “quase 
tocam” as águas costeiras, sendo fontes de sedimentos para as praias 
adjacentes. Entre as casas na base das encostas e as águas da baía de 
Sepetiba, é possível ver uma fina linha branca, a praia de Itacuruçá.
•	 Areias da plataforma continental: a plataforma esteve submersa ou 
exposta durante períodos em que os níveis de mar eram mais baixos 
que o atual, passando por vários ciclos de sedimentação. Nela, anti-
gos depósitos sedimentares, ao serem remobilizados em tempos mais 
recentes, serviram de áreas-fonte para as regiões costeiras adjacentes.
Para saber mais sobre os depósitos costeiros formados por cas-
calhos, não deixe de acessar o site http://www.coastalwiki.org/
wiki/Gravel_Beaches. As fotografias e modelos conceituais são 
bastante ilustrativos e de fácil entendimento, mesmo para quem 
não tem grande domínio do idioma inglês.
A ação das correntes de deriva litorânea
Para serem criadas restingas, assim como outras formas de relevo 
por processos de deposição marinha, é necessária a ação de correntes 
http://www.coastalwiki.org/wiki/Gravel_Beaches
http://www.coastalwiki.org/wiki/Gravel_Beaches
224
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
que tragam de áreas-fonte sedimentos, ou seja, dos locais de onde eles 
foram retirados. 
Como foi visto na aula sobre ondas, elas chegam frequentemen-
te atingindo o litoral em ângulo oblíquo. Em função disso, induzem a 
formação de correntes de deriva litorânea (longshore currents), também 
chamadas de correntes litorâneas.
Essas correntes são bem mais desenvolvidas ao longo de linhas de 
costa mais retilíneas, ou seja, em que não existam obstáculos, e são im-
portantes no transporte de sedimentos. Elas também são efetivas em 
litorais com perfis pouco inclinados.
Todavia, em litorais mais íngremes, constituídos por sedimentos are-
nosos, o transporte tende a se tornar mais intenso. Quando a onda se 
projeta sobre ele, há um transporte dos sedimentos pelo “vai-e-vem” 
do fluxo da água (swash-backwash). A corrente deixa apenas de se 
movimentar no sentido longitudinal, passando a fluir em zigue-zague 
(Figura 7.13). Na imagem da Figura 7.14, identifica-se a direção de 
incidência das ondas que produzem uma corrente litorânea.
Figura 7.13: Quando a onda quebra obliquamente à linha de costa, o swash di-
reciona o sedimento para a porção mais acima da praia, em determinado ângulo, 
enquanto o backwash traz o sedimento para a parte mais abaixo da praia, em um 
ângulo reto. Ondas sucessivas movem o sedimento ao longo do litoral com esse 
padrão de zigue-zague, tendo como resultante um transporte paralelo à costa.
Swash
Termo em inglês utilizado 
para designar o modo 
de a onda se projetar, 
como uma lâmina d’água, 
lavando a praia.
Backwash
Termo em inglês utilizado 
para designar o modo 
da onda que se espraiou 
e, ao retornar, como 
uma lâmina d’água, lava 
novamente a praia.
225
Geomorfologia Costeira
Figura 7.14: Praia de Barra da Lagoa, Florianópolis (SC). Na porção esquerda da 
imagem, observam-se os lineamentos das cristas de onda que incidem na costa 
(geradas por ventos vindos de S e SE), produzindo na praia uma deriva litorânea 
para N. Em função dessa corrente, os sedimentos também estão transitando nes-
se sentido.
Fonte: Google Earth
Cabe assinalar que, existindo correntes longitudinais, se ocorrer a 
saída de sedimentos de um local e não chegarem outros para repor, ali 
ocorrerá erosão. E, se o fluxo que leva sedimentos perder forças ou ces-
sar, por obstáculos, haverá deposição no local.
Onde procurar conchas na 
praia? Na linha de deixa.
As águas das ondas são projetadas sobre a praia com certa ener-
gia, trazendo e/ou mobilizando sedimentos. Quando refluem, 
deixam os sedimentos que são mais pesados, levando de volta os 
mais finos e leves. Nesse refluxo, sua energia é menor, porque já 
transferiu uma parte dela por impacto e atrito. Além disso, parte 
da água projetada se infiltra, diminuindo o volume a escoar. Essa 
seleção do material torna mais eficiente o processo de transporte 
das correntes longitudinais, pois tenderá a ter material mais leve 
à disposição para esse trabalho.
226
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Um aspecto interessante a ressaltar é a formação de linhas de 
deixa. Elas são assim chamadas porque os sedimentos mais 
pesados, levados até o limite do alcance das ondas em marés 
cheias, depositam-se formando linhas. Nesseslocais, encon-
tram-se os grãos de minerais maiores e mais pesados, fragmen-
tos orgânicos, como conchas e, infelizmente, detritos diversos 
de diferentes naturezas, classificados como lixo, muitos produ-
zidos pelo homem. Na Figura 7.10, anteriormente vista, você 
pode observar a linha de deixa mostrando os contornos máxi-
mos do espalhamento das ondas.
Se quiser saber um pouco mais sobre as correntes de derivas 
litorâneas, o site do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Uni-
versidade Federal do Paraná (UFPR) possui um material muito 
interessante sobre o assunto e uma página dedicada totalmente 
ao ambiente praial.
http://www.cem.ufpr.br/praia/pagina/pagina.php?menu=correntes
Variações do nível do mar
Os motivos das variações relativas do nível do mar já foram estuda-
dos em aulas anteriores. Em nossa primeira aula e em outras disciplinas, 
você aprendeu que as mudanças climáticas provocam efeitos eustáticos, 
aumentando ou diminuindo o nível do mar. O resultado dessas variações 
relativas é o deslocamento da linha de costa, ora em direção ao oceano, 
quando há queda do nível do mar (regressão marinha), ora em direção ao 
continente, quando o nível do mar se eleva (transgressão marinha).
http://www.cem.ufpr.br/praia/pagina/pagina.php?menu=correntes
227
Geomorfologia Costeira
As mudanças de posição da linha de costa são caracterizadas pela 
regressão e pela transgressão marinha, respectivamente, em fun-
ção do abaixamento e do aumento do nível do mar.
Não confundir com os resultados de ações dos processos de de-
posição (avanço da linha do litoral) e erosão (recuo da linha do 
litoral), que normalmente ocorrem nos litorais e são identificados 
pelos termos:
•	 progradação: avanço da acumulação, por processos de de-
posição, de sedimentos em direção ao mar, criando novos 
terrenos continentais;
•	 retrogradação: avanço da ação de processos de erosão, deslo-
cando a linha do litoral para o interior do continente, ampliando 
os terrenos marinhos. Outra consequência é também poder 
levar para o interior as posições da deposição de sedimentos 
que chegam do continente, como, por exemplo, para os rios: a 
foz muda de posição e, consequentemente, a deposição de se-
dimentos fluviais que ali chegavam tem que mudar de posição, 
recuando ou avançando.
Ao longo do período Quaternário, em seu tempo mais recente, o 
litoral brasileiro esteve sujeito a importantes variações do nível relati-
vo do mar, com três fases de nível marinho mais alto que o atual. Nos 
dois últimos momentos, deixou registros na porção central deste lito-
ral, que puderam ser reconhecidos e datados. De acordo com Suguio 
et al. (1985), o nível relativo do mar esteve a 8±2m (120.000 anos antes 
do presente (A.P.) – Transgressão Cananéia, de idade pleistocênica) e a 
4,5±0,5m (5.100 anos A.P. – Transgressão Santos, de idade holocênica).
Durante a Transgressão Santos, a fase de emersão após a queda do 
nível relativo do mar é um dado essencial para se compreender o pro-
cesso de deposição dos atuais ambientes sedimentares. Em geral, esses 
conhecimentos podem ser utilizados para a análise de outros eventos 
similares ocorridos durante o período Quaternário.
228
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Segundo o trabalho de Suguio e Tessler (1984), pode-se dizer que, com 
o aumento do nível do mar, são estabelecidas novas posições para as ações 
de ondas e marés. Com isso, ganham condições para arrastar sedimentos 
que estão depositados na plataforma continental e na linha do litoral, e 
eles serão carregados e depositados dentro da nova área marinha ou na 
nova posição da linha da costa, formando novas restingas e praias.
Armadilhas para a retenção de sedimentos
Podem ser considerados como armadilhas para retenção de sedi-
mentos quaisquer obstáculos que, ao longo da costa, bloqueiam ou mo-
dificam as condições de trânsito de correntes. Isso quer dizer que, se as 
correntes passam a ter dificuldade de continuar fluindo com a mesma 
intensidade, por ter sua velocidade diminuída pela presença do obs-
táculo, elas perdem força e, parte ou todo, o material que está sendo 
transportado se deposita. A formação dessas armadilhas que causam a 
retenção de sedimentos junto a elas ocorre em função de:
•	 Pontais, como cabos e penínsulas, na linha do litoral
Um exemplo comum ocorre quando da existência de pontais emer-
sos, como cabos e penínsulas. Suas presenças podem funcionar bar-
rando a passagem de sedimentos que foram transportados ao longo 
de linhas do litoral pela ação das correntes. Essa barragem acaba for-
mando restingas e praias. Se houver um fluxo que ultrapasse esses 
pontais, eles também podem funcionar como ancoradouros para os 
sedimentos transportados por essa corrente e também poderão for-
mar restingas e praias.
•	 Formação de esporões
Ao longo de restingas e praias, os sedimentos que transitam podem 
passar a se acumular mais em um determinado ponto do trajeto, 
formando pontais.Vários podem ser os motivos para dar início a 
esse tipo de forma: pontais submersos, influências das direções mais 
constantes de incidência de ondas e correntes, e até mesmo situações 
muito singulares, como um grande tronco de árvore, que encalha em 
uma praia e barra a passagem da corrente litorânea.
A formação desses esporões nos ambientes costeiros acaba subdivi-
dindo praias e restinga.
A partir dessa situação, principalmente em baías e lagoas costeiras 
que se formam no reverso de restingas, os sedimentos tendem a 
229
Geomorfologia Costeira
avançar como pontais para o interior dos corpos líquidos.Tais sedi-
mentos passam a crescer como obstáculos, retendo mais sedimentos. 
Esses pontais (spits), conhecidos como esporões, quando avançam no 
interior de lagoas e baías, aceleram os processos de deposição nesses 
ambientes, além de promoverem a sua subdivisão (compartimentação).
•	 Reentrâncias na linha do litoral, como baías, enseadas e sacos
Normalmente, as reentrâncias que se ampliam para o interior a par-
tir da linha do litoral representam ambientes em que há a possibili-
dade de ondas e de marés dissiparem suas energias, criando condi-
ções favoráveis aos processos de deposição.
•	 Ilhas e áreas de baixa profundidade, como lajes (altos fundos)
Neste caso, a deposição pode ocorrer quando a passagem de correntes 
sofre os efeitos da presença de uma laje ou uma ilha constituída de ro-
chas duras. Os sedimentos que estão sendo transportados podem ser 
depositados transversalmente à linha da costa, unindo a ilha ou a laje 
ao continente, formando um tombolo, como foi visto na aula anterior.
•	 Relevos submersos nas áreas costeiras, como bancos arenosos
A barra é um termo bastante conhecido, principalmente por dar nome 
a inúmeras localidades ao longo do litoral brasileiro, como, por exem-
plo, a Barra da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. Por que esses no-
mes? Porque nesses locais se encontram barras paralelas à linha da 
costa ou na embocadura de rios e canais. Elas são depósitos de sedi-
mentos submersos, que se apresentam como montes (bancos de areia) 
com formatos geralmente alongados, que interagem com as ações de 
marés, ondas e correntes. A presença de barras na zona costeira pode 
também funcionar como um empecilho para chegada e ação direta 
de ondas na linha da costa; daí também a denominação de barreiras. 
•	 Fortes fluxos de vazão na foz dos rios
Esses fluxos, ao se projetarem mar adentro, comportam-se como 
barreiras ao trânsito das correntes ao longo do litoral.
•	 Ações antrópicas
Algumas ações antrópicas criam obstáculos artificiais para induzir 
processos de sedimentação em proveito próprio, meritórios ou não. 
Alguns exemplos desses obstáculos são: molhes, píeres e enrocamen-
tos. Essas estruturas de barreiras geralmente são construídas com 
blocos de rocha de pequenas ou grandes dimensões. Elas são feitas, 
muitas vezes, visando criar soluções de retenção de sedimentos para 
230
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
resolver problemas de erosão ou para facilitar a saída de águasconti-
nentais na foz de rios e canais. De modo clandestino, alguns tipos de 
ações são executados para acelerar o crescimento das terras emersas, 
ou mesmo para criá-las, principalmente nas margens de baías e lagoas, 
a fim de que sejam apropriadas ilegalmente.
Atividade 2
Atende ao objetivo 2
1. Por que os sedimentos transitam ao longo da costa?
2. Qual é o papel das armadilhas que favorecem o aparecimento de 
restingas e como funcionam?
Resposta comentada
1. Porque tanto as marés quanto as ondas geram correntes, que utili-
zam sua força para mobilizar os sedimentos. A primeira gera correntes 
para dentro e para fora das reentrâncias do litoral. Já as ondas geram as 
chamadas correntes longitudinais, uma das principais responsáveis pelo 
desenho da linha do litoral.
2. O papel das armadilhas é o de frear ou parar as correntes. Com isso, 
as correntes diminuem sua velocidade, força, perdendo a capacidade 
de continuar transportando sedimentos, que passam a ser depositados.
231
Geomorfologia Costeira
Gênese e evolução das restingas
Existem vários estudos abordando teorias e hipóteses sobre a origem 
das restingas. Antes de apresentá-las, convém lembrar que existem, nas 
áreas costeiras brasileiras, restingas mais interiorizadas, que indicam 
antigas posições da linha da costa. Na atual linha da costa, além das res-
tingas recentes, podem ser também encontradas restingas mais antigas.
Emersão de barras submarinas 
por crescimento vertical
Em 1967, um pesquisador chamado J. B. Hoyt sugeriu que os cordões 
arenosos na área costeira são submersos, de modo parcial, em um evento 
de transgressão, sendo posteriormente os núcleos de desenvolvimento 
de futuras restingas. Porém essa primeira hipótese de formação é consi-
derada insignificante, por ocorrer apenas de maneira bastante restrita.
Crescimento lateral de pontais arenosos
Para alguns pesquisadores, os pontais arenosos seriam característi-
cos de áreas de alto relevo e submetidos à rápida transgressão marinha, 
enquanto áreas com relevo mais plano seriam mais favoráveis ao isola-
mento de praias em um evento transgressivo. Como a maioria das res-
tingas se desenvolve em áreas planas e de pequeno gradiente, o processo 
de isolamento seria o mais importante para a formação delas.
Migração dos cordões litorâneos 
com a elevação do nível do mar
De acordo com Neves e Muehe (2008), a ocorrência de alinhamentos 
submersos de arenitos – areias consolidadas da base de antigas praias – 
encontrados em alguns locais do litoral brasileiro indica a posição de 
antigas linhas de costa. Isso sugere que os sedimentos dos cordões lito-
râneos (das antigas praias) migraram para as posições atuais, juntamen-
te com a elevação no nível do mar. 
232
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
As ações de ondas e marés
Diversos autores, como Dias e Silva (1984), sugerem a formação de 
restingas de acordo com as forças atuantes no seu modelado: ondas e 
marés (Figura 7.15).
Figura 7.15: Ações de marés e ondas na formação de 
restingas com sedimentos arenosos à frente de reen- 
trâncias costeiras que, por sua vez, criam lagunas.
Fonte: Adaptado de Dias e Silva (1984).
•	 Laguna aberta e fechada tipo estuarina: representadas na Figura 
7.15(A), as restingas não evoluem por conta da força das correntes 
de maré perpendiculares à linha de costa entre o mar e as lagunas. 
Os autores colocam a existência de dois tipos de laguna: uma aberta 
à direita e outra fechada à esquerda. Em função também do tipo de 
reentrância costeira, uma é mais fechada do que a outra. Quanto à 
formação da restinga, eles apontam que é na aberta que se encontra 
sua presença, por estar em paralelo à linha da costa. Consideram que, 
por estarem dispostas transversalmente à linha da costa, não evoluirão 
como restingas (Figura 7.15 (A) à direita). Daí, dos quatro exemplos 
apresentados, devem-se considerar apenas três como tipos de forma-
ção de restinga.
233
Geomorfologia Costeira
•	 Laguna parcialmente fechada: a Figura 7.15 (B) à esquerda mostra o de-
senvolvimento de ilhas-barreiras, paralelas à linha da costa. A influência 
das ondas é maior que no caso da formação de lagunas abertas, porém 
não é suficiente para fechar os canais de comunicação da laguna com o 
mar, que se mantêm abertos pelas correntes de maré e fluxos fluviais.
Ilha-barreira é uma feição alongada e estreita, de baixa topogra-
fia, que permanece acima do nível de maré alta, podendo ser ve-
getada ou não. Neste último caso, favorece à formação, sobre elas, 
de dunas pelo vento. 
São bancos de sedimentos que, se continuam crescendo, podem-
-se unir, formando restingas.
As hipóteses mais difundidas para sua formação são a emersão de 
barras de costa afora e o retrabalhamento de depósitos de frente 
deltaica ou topografias preexistentes, geradas durante a queda do 
nível do mar.
•	 Laguna fechada: mostrada na Figura 7.15 (B) à direita. Nesse tipo 
de laguna, o predomínio é das ondas, que trabalham como agentes 
modeladores da restinga, fechando os canais de comunicação através 
da deposição dos sedimentos oriundos das correntes de deriva lito-
rânea. Quando a vazão do interior da laguna/baía não é suficiente 
para manter o canal de comunicação aberto com o mar, a restinga, 
submetida à ação das ondas, fecha-se completamente, como é visível 
no último tipo (laguna fechada).
Ao se observarem os quatro exemplos da Figura 7.15, percebe-se 
a existência de reentrâncias na linha do litoral, que são descritas como 
lagunas por terem águas salgadas ou salobras. As baías também são re-
entrâncias no litoral, com águas salobras, que se mantêm abertas pela 
força do fluxo das águas continentais. Dessa forma, o exemplo em (A), à 
direita, poderia ser considerado uma baía. O mesmo ocorre no exemplo 
em (B), à esquerda, ao permanecer como parcialmente fechada.
234
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Os rios e as restingas
Cabe ainda reforçar a importância dos rios também na formação de 
restingas. Independente do que ocorre a cada variação do nível do mar, 
eles trazem constantemente para o mar enormes volumes de sedimen-
tos, que vão sendo trabalhados permanentemente pela ação das ondas, 
ao longo tempo, formando novas e sucessivas restingas. Na Figura 7.2, 
das restingas ao lado do Paraíba do Sul, mostrada no início desta aula, 
sucessivas restingas a partir da linha do litoral foram formadas com o 
nível do mar atual.
Atividade 3
Atende ao objetivo 2
1. Observe a imagem a seguir. Pode-se observar que o molhe colocado 
nas margens dessa desembocadura (Barra do Furado), conhecida como 
Canal das Flechas, que liga a Lagoa Feia ao mar, no limite entre Quissa-
mã e Campos dos Goytacazes, foi construída com o intuito de manter 
o canal sempre aberto, permitindo a navegação e dando saída às águas 
vindas da Lagoa Feia.
Levando em consideração as informações dadas acima e o que você já 
aprendeu sobre correntes de deriva litorânea, faça uma análise dessas 
correntes e seus resultados (deposição sedimentar) para a localidade de 
Barra do Furado, em Quissamã - RJ, vista em três momentos distintos, 
apresentados nas imagens a seguir.
 
235
Geomorfologia Costeira
Figura 7.16
Fonte: Google Earth
2. De que forma as ondas e marés interferem em uma restinga já for-
mada? Cite situações que você conheça.
236
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Resposta comentada
1. Na imagem de 2004, a praia ao sul do canal (no lado esquerdo da ima-
gem) tem mais sedimentos depositados que a praia ao norte (lado direito 
da imagem). Ela ainda mostra a direção de avanço das ondas que fazem 
a corrente de deriva litorânea ir para o norte. Com os molhes impedin-
do o transporte dos sedimentos ao longo da linha de costa, eles acabam 
se depositando nessa porção sul. Como não chegam sedimentos para a 
porção que está ao norte, as ondas acabam erodindo o depósito que ali 
se encontra. Além disso, é visível a formação de um banco de areia den-
tro do canal; certamente, areia depositada pela corrente longitudinal. Naimagem de 2010, o canal é fechado por um banco de areia transversal ao 
canal, e a linha de costa ao norte do molhe se encontra mais estreita que 
na imagem anterior. Na imagem de 2013, a desembocadura do canal se 
mantém quase totalmente fechada por um banco de areia, e a linha de 
costa ao norte continua a ser erodida. Informações locais dão conta de 
que dragagens são necessárias para manter o canal aberto.
2. A característica das marés influencia no desenho da linha de costa: 
a entrada e a saída dos fluxos de maré geram canais transversais à linha 
de costa, dando um aspecto recortado ao relevo litorâneo. A forma de 
incidência e o vai e vem das ondas mobilizam sedimentos que, levados 
pelas correntes ao longo da linha de costa, vão definir se as lagunas e 
baías terão canais de comunicação com o mar. Isso é feito pela interação 
entre o aporte sedimentar e as ações de retrabalhamento desse material 
pelas ondas e correntes.
237
Geomorfologia Costeira
A imagem a seguir mostra o canal de Sernambetiba, na Baixada de Jaca-
repaguá, no Rio de Janeiro, que exemplifica a situação descrita, em que 
as marés e ondas acabam acumulando sedimentos na embocadura do 
canal, dificultando e até fechando a saída de água do interior da Baixada.
Fonte: Google Earth
Outro exemplo é o canal do Jardim de Alah, no Rio de Janeiro, que liga 
a conhecida Lagoa Rodrigo de Freitas (local também muito conhecido 
pela montagem, todo ano, de uma gigantesca árvore de Natal) ao mar, 
a partir da praia do Leblon. Ele fica permanentemente fechado, pois se 
forma um banco de areia no seu interior, próximo à sua foz na praia. 
Esse banco existe e cresce porque as areias que transitam na praia pela 
ação de correntes são empurradas pela maré e pelas ondas para dentro 
do canal. Frequentemente, as areias são retiradas e o canal dragado, para 
que o fluxo de águas entre o mar e a lagoa continue a ocorrer.
Na imagem a seguir, pode-se observar o canal, que está fechado. Diante 
dele, há um grande banco de areia que provavelmente apareceu após 
um evento de ressaca. Após esse evento, as areias desse banco devem ter 
voltado para a linha do litoral (praia emersa) devido à ação das ondas. 
238
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Relações com outros ambientes costeiros
Nas áreas costeiras, existem muitos encadeamentos entre os proces-
sos que ali atuam, interligando ambientes e, muitas vezes, estabelecendo 
relações de dependência entre eles.
É importante assinalar que os ambientes citados a seguir serão 
vistos nas próximas aulas. Isso permitirá que você entenda me-
lhor suas características, seus processos e suas relações com os 
demais ambientes, como a restinga, que é o objeto desta aula.
As restingas e também as praias são formas de relevo sedimentar 
que, quando surgem no litoral, criam barragem para o escoamento de 
águas superficiais do continente para o mar. Com elas, criam-se depres-
sões que acumulam águas, sob a forma de lagunas, lagoas ou terrenos 
embrejados. Essas águas podem ficar retidas ou sair, dependendo da 
pressão que exerçam sobre os sedimentos das praias e restingas ou, até 
mesmo, da ação marinha, principalmente das ondas, que podem rom-
pê-los por erosão.
Desse modo, fica clara a influência das restingas para a drenagem 
de todos os terrenos baixos das planícies que estão em sua retaguarda, 
tanto das águas superficiais quanto das águas dos lençóis freáticos.
No caso da presença de baías e lagoas no reverso de restingas, além 
de sobre elas se constituírem praias, delas poderão ser mobilizados se-
dimentos que irão contribuir para ampliar o nível de sedimentação no 
interior desses corpos aquosos. Assim como as praias, as restingas são 
áreas fontes de sedimentos para a ação do vento e, com eles, formam as 
dunas e as fazem crescer.
Outro ambiente que se associa e cria dependências com as restingas-
são os mangues. A abertura ou o fechamento de canais que atravessem 
as restingas com águas salgadas resultam, respectivamente, em criar 
mangues ou destruí-los.
239
Geomorfologia Costeira
Ao saber que há interações entre processos, fica bem evidente que 
modificações em um dos ambientes implicarão possíveis alterações em 
outros. Isso reforça o que você já aprendeu: que as áreas costeiras são 
muito sensíveis às mudanças na dinâmica ambiental. E acrescenta pre-
ocupações com os resultados das crescentes intervenções antrópicas 
nesses locais.
Explorando o planeta pelo Google Earth
Já reparou que muitas das fotos utilizadas nas aulas são prove-
nientes do Google Earth?
Para explorar ou visualizar melhor todas essas imagens, você 
pode baixar gratuitamente o programa ou o aplicativo para IOS 
ou Android. Ele poderá ajudar muito nas aulas e nos exercícios.
Atividade 4 
Atende ao objetivo 3
Observe a imagem a seguir e descreva as feições e os ambientes asso-
ciados a essa restinga. Se quiser mais imagens para ajudar a formular 
sua resposta, entre no Google Earth e digite “Baía Formosa – RJ”. Lá, 
você pode ampliar a imagem e clicar nos pontos azuis para visualizar as 
informações e fotografias do local.
240
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Figura 7.17
Fonte: Google Earth
Resposta comentada
A imagem mostra uma restinga tendo, de um lado, a praia e, em sua 
retaguarda, uma ampla área arenosa contendo dunas. Estas se dispõem 
em duas posições: uma mais próxima da praia atual e outra mais distan-
te, no limite mais interior da restinga.
Impactos ambientais e formas de 
preservação das restingas
As restingas são ambientes frágeis e estão expostas a grandes impac-
tos ambientais devido ao incremento da expansão das ocupações para 
habitação, das atividades econômicas e turísticas nas áreas costeiras nos 
últimos anos. O aumento na erosão costeira é apenas um dos problemas 
mais visíveis nessa região.
No século passado, levando-se em conta aspectos como saneamento 
de grandes áreas embrejadas nas planícies costeiras e a melhoria de sua 
drenagem, foram realizadas grandes intervenções no litoral brasileiro. No 
estado do Rio de Janeiro, restingas foram cortadas para a construção de 
241
Geomorfologia Costeira
canais permanentes, que escoam as águas continentais, o que fez com que 
as lagoas costeiras voltassem a receber águas salgadas do mar. Como con-
sequência, foram ampliadas as áreas nas planícies, passíveis de utilização 
pelo homem. Com a ocupação de suas áreas, houve um crescente aumen-
to da poluição das lagoas e das praias, onde esses canais desembocam. 
Infelizmente, a poluição desses locais persiste até nossos dias.
São exemplos de lagoas do estado do Rio de Janeiro que voltaram 
a viver como lagunas: Saquarema, Maricá, Itaipu, Piratininga, Tijuca, 
Camorim, Jacarepaguá e Marapendi.
Na lagoa Rodrigo de Freitas, na cidade do Rio de Janeiro, várias inter-
venções com grandes obras, que tentaram ligá-la ao mar de modo mais 
permanente, são bem mais antigas, tendo sido iniciadas por volta de 1850.
De maneira a diminuir os impactos ambientais nesse ambiente, fo-
ram criados mecanismos legais, a fim de proteger as restingas. De acordo 
com a Resolução 303 do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambien-
te), ela é uma área de preservação permanente. A restinga, considerada 
local de preservação, deve ter uma faixa mínima de 300 metros, medidos 
a partir da linha máxima de maré alta, em qualquer localização, quando 
coberta por vegetação fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues.
A necessidade de se preservarem as restingas deve-se em muito à 
sua diversidade biológica e sua importância no relevo litorâneo. Elas 
apresentam alto grau de conectividade com os demais ambientes, con-
tribuindo na manutenção dos processos geomorfológicos e ecológicos 
das planícies costeiras. Além disso, nos locais onde ocupam uma larga 
faixa na linha do litoral, elas também podem fornecer proteção para o 
interior do continente contra os efeitos de ações de erosão marinha.
Como exemplos de áreas de preservação de restingas, temos o Par-
que Nacional da Restinga de Jurubatiba ea Reserva Ecológica da Ju-
atinga, no RJ; a Restinga Ponta das Canas e Ponta do Sambaqui, em 
SC, e o Santuário de Proteção e Recuperação da Restinga do Distrito de 
Caravelas, na BA.
Conclusão
As restingas são novas terras emersas, criadas por processos mari-
nhos. Como foi visto ao longo desta aula, elas ocupam grandes espaços 
nas áreas costeiras, sendo atualmente muito valorizadas em suas posi-
ções mais próximas do litoral, principalmente por nelas existirem praias.
242
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
Pelo fato de muitas restingas terem sido formadas em função de mu-
danças no nível do mar, é importante conhecê-las melhor, para nos preve-
nirmos dos efeitos de novas mudanças que possam redesenhar os litorais.
Além disso, reconhecer o seu papel nos ambientes costeiros, os re-
cursos que podem oferecer e as limitações que possam existir para sua 
ocupação é uma iniciativa necessária para a manutenção da qualidade 
de vida nesses locais.
Atividade final
Atende ao objetivo 4
A baixada de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, é a grande área plana na 
qual tem ocorrido, nas últimas décadas, a expansão da cidade. Em 2010, 
ela já abrigava mais de um milhão e meio de habitantes. Esse local pos-
sui várias lagoas, como a de Marapendi, da Tijuca, de Jacarepaguá e de 
Camorim. Além disso, recebe as águas de rios que nascem nas áreas 
elevadas do maciço da Tijuca e do maciço da Pedra Branca.
As lagoas são poluídas por receberem esgotos de toda a baixada de Jaca-
repaguá e dos maciços, via drenagem. Apenas mais recentemente, elas 
começaram a obter maiores atenções e ações por parte dos governos, 
para a resolução desse grande problema de saneamento.
Utilizando o link a seguir, transite pela imagem da linha do litoral. Siga 
toda a restinga da Barra da Tijuca para a direita e para a esquerda, ul-
trapassando o tômbolo de Sernambetiba até o final da praia do Recreio.
Após observar o local, responda às perguntas a seguir.
http://www.agrogemeos.com.br/bairro_rio_janeiro_barra_da_tijuca.html
Você encontrou quantas saídas de água continental para o mar? Onde 
elas se localizam? Qual a diferença entre elas? Que águas saem por elas? 
Elas podem afetar a balneabilidade das praias? Por quê?
http://www.agrogemeos.com.br/bairro_rio_janeiro_barra_da_tijuca.html
243
Geomorfologia Costeira
Resposta comentada
Existem apenas duas saídas (nos quase 20km de restinga). Localizam-se 
ao lado de pontais rochosos que limitam a baixada e o trânsito de cor-
rentes longitudinais. No da direita (Canal da Joatinga), existe um píer 
construído, e a saída de água é livre da ação de correntes longitudinais. 
No da esquerda (Canal de Sernambetiba), existe muita areia depositada, 
dificultando a saída das águas, e não há nenhum enrocamento. Por elas, 
saem as águas do interior da baixada, que ali chegaram pelas chuvas, 
pelos rios, pela entrada de águas das marés e pelos esgotos (grande parte 
não tratada). As ondas e as correntes litorâneas participam da distribui-
ção dessas águas ao longo da praia, tornando trechos da praia muitas ve-
zes impróprios para o banho de mar, como ao lado da saída dos canais.
Resumo
Foi aprendido que:
•	 as restingas são feições do relevo costeiro, formadas a partir de uma 
fonte de sedimentos de material arenoso, transportados a partir de 
correntes de deriva litorâneas;
•	 Existem restingas formadas a partir do retrabalhamento de sedimen-
tos antigos durante variações relativas do nível do mar, os quais fo-
ram depositados nas reentrâncias da linha de costa;
•	 as restingas se formam sobre relevos suaves e, uma vez formadas, são 
retrabalhadas pelas ondas e correntes;
•	 na formação de restingas, pelo menos 4 condições devem ser desta-
cadas como importantes: a fonte dos sedimentos, a atuação das cor-
rentes, as variações do nível do mar e a existência de armadilhas ao 
longo do trânsito de sedimentos;
•	 a atuação de correntes litorâneas, derivadas das ações de marés e 
ondas, levando-se em conta as interações desses processos com as 
condicionantes locais e gerais, implica entender que a formação de 
244
Aula 7 • Novaterra à vista: a restinga
restingas e sua evolução podem se realizar de diversos modos, geran-
do complexas teorias e hipóteses, que tentam sistematizar e definir 
suas diversas origens e formas;
•	 as restingas são lugares sensíveis às mudanças e se associam com 
outros ambientes;
•	 atualmente, as restingas das áreas costeiras brasileiras estão sujeitas a 
muitos impactos ambientais. 
Informação sobre a próxima aula
O conteúdo da próxima aula será relativo às praias.
Referências
DIAS, G. T. M. & SILVA, C. G. 1984. Geologia de depósitos arenosos cos-
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