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REVISÃO ANATÔMICA: Couro Cabeludo: Em razão da sua irrigação abundante, a laceração do couro cabeludo pode levar a perdas sanguíneas significativas, choque hemorrágico e mesmo morte. Isso é particularmente verdadeiro em doentes com tempo muito longo de transporte. Crânio: A base do crânio é irregular, possibilitando a ocorrência de lesões quando o cérebro se desloca e desliza no interior do crânio, em decorrência de movimentos de aceleração e desaceleração. A fossa anterior aloja os lobos frontais, a fossa média aloja os lobos temporais e a fossa posterior aloja a porção inferior do tronco cerebral e o cerebelo. Meninges: As meninges revestem o cérebro e se consistem de três camadas: a dura-máter, a aracnóide e a piamáter. A dura-máter é uma membrana resistente e fibrosa que adere firmemente à superfície interna do crânio. Em locais específicos, a dura-máter divide-se em duas superfícies que envolvem grandes seios venosos que permitem a maior parte da drenagem venosa cerebral. O seio sagital na linha média superior drena para os seios bilaterais transverso e sigmóide, que são frequentemente maiores no lado direito. A laceração desses seios venosos pode resultar em hemorragia maciça. As artérias meníngeas correm entre a dura-máter e a superfície interna do crânio (espaço epidural). Fraturas cranianas acima dessas artérias podem lacerá-las e resultar em HEMATOMA EPIDURAL. A artéria meníngea média, que se encontra localizada sobre a fossa temporal, é o vaso meníngeo lesado com maior frequência. Um hematoma em expansão, provocado pela laceração arterial nessa localização pode causar deterioração rápida e morte. Os hematomas epidurais também podem resultar de lesões dos seios durais e de fraturas do crânio, que tendem a expandir mais lentamente, e provocam menor pressão sobre o cérebro subjacente. → Entretanto, a maioria dos hematomas epidurais representam uma emergência com risco de morte, devendo ser avaliados por um neurocirurgião tão logo quanto possível. Abaixo da dura-máter situa-se a segunda meninge, a membrana aracnóide, que é fina e transparente. Como a dura-máter não está aderida à aracnóide subjacente, existe um espaço potencial (o espaço subdural) no qual podem ocorrer hemorragias. No trauma craniencefálico as veias que vão da superfície do cérebro para os seios venosos, no interior da dura (veias em ponte), podem romper-se levando à formação de HEMATOMA SUBDURAL. A terceira meninge, a pia-máter, está firmemente aderida à superfície do cérebro. O líquido cefalorraquidiano (LCR) preenche o espaço entre a aracnóide impermeável e a pia-máter (o espaço subaracnóideo), acolchoando o cérebro e a medula espinhal. Hemorragia para dentro desse espaço preenchido de líquido (HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA) é frequentemente causada por contusão cerebral ou trauma de grandes vasos na base do encéfalo. ENCÉFALO O encéfalo compreende cérebro, cerebelo e tronco cerebral. O cérebro é composto pelos hemisférios direito e esquerdo, separados pela foice. O hemisfério esquerdo contém os centros da linguagem em virtualmente todos os indivíduos destros e em mais de 85% dos indivíduos canhotos. → O lobo frontal controla as funções de execução, as emoções, as funções motoras e, no lado dominante, a expressão da fala (área motora da fala). → O lobo parietal dirige a função sensorial e a orientação espacial. → O lobo temporal regula certas funções da memória. → O lobo occipital é responsável pela visão. O tronco cerebral é constituído pelo mesencéfalo, ponte e bulbo. O mesencéfalo e a parte superior da ponte contêm o sistema ativador da formação reticular responsável pelo estado de alerta. No bulbo, que continua para formar a medula espinhal, alojam-se centros cardiorrespiratórios vitais. → OBS.: Mesmo pequenas lesões no tronco cerebral podem ser acompanhadas de défice neurológico grave. O cerebelo, responsável principalmente pela coordenação e pelo equilíbrio. SISTEMA VENTRICULAR Os ventrículos são um sistema de espaços e aquedutos preenchidos de LCR, localizados no interior do encéfalo. O LCR é produzido constantemente nos ventrículos e é absorvido sobre a superfície do encéfalo. Importante: A presença de sangue no LCR pode prejudicar a reabsorção do LCR, produzindo aumento da pressão intracraniana. TOP: O edema e as lesões de massa (por exemplo, hematomas), podem provocar obliteração ou desvio dos ventrículos que usualmente são simétricos. Tais alterações podem ser facilmente identificadas na TC de crânio. COMPARTIM ENTOS INTRACRANIANOS O nervo óculo motor (III nervo craniano) passa ao longo da margem da tenda do cerebelo, podendo ser comprimido contra ela durante uma herniação do lobo temporal. Importante: Fibras parassimpáticas, que são constritoras das pupilas, repousam sobre a superfície do III nervo craniano. OBS.: A compressão dessas fibras durante a herniação causa dilatação pupilar devida à atividade simpática sem oposição, frequentemente chamada de pupila dilatada A região do cérebro que habitualmente hernia através da incisura tentorial é a parte mediai do lobo temporal, conhecida como uncus. IMPORTANTE: Herniação do uncus também causa compressão do trato córtico- espinhal (piramidal) do mesencéfalo. O trato motor cruza para o lado oposto do forame magno, e a sua compressão resulta em défice motor do lado oposto do corpo (hemiplegia contralateral). A dilatação da pupila ipsilateral associada à hemiplegia contralateral é a síndrome clássica de herniação do uncus. Raramente, a lesão de massa pode empurrar o lado oposto do mesencéfalo contra a margem da tenda do cerebelo, provocando hemiplegia e dilatação da pupila no mesmo lado do hematoma. EPIDEMIOLOGIA: → O traumatismo cranioencefálico é a principal causa de morte e incapacidade por traumatismo → A maioria das lesões cerebrais traumáticas é decorrente de quedas, acidentes de veículo a motor e agressões. → A maioria dos pacientes com lesões traumáticas cerebrais e da medula espinal é de homens adultos jovens. As lesões craniencefálicas encontram-se entre os tipos de trauma mais frequentemente vistos nos Serviços de Emergência. Muitos doentes com lesões cerebrais graves morrem antes de chegar ao hospital, e quase 90% das mortes pré-hospitalares relacionadas ao trauma envolvem lesão cerebral. Aproximadamente 75% dos doentes com trauma craniencefálico que recebem cuidados médicos podem ser classificados como vítimas de trauma leve, 15% como vítimas de trauma moderado e 10% como vítimas de trauma grave. As vítimas sobreviventes de TCE frequentemente apresentam dano neurofisiológico que resulta em invalidez, comprometendo o trabalho e as atividades sociais. O objetivo principal do tratamento dos doentes com suspeita de trauma craniencefálico (TCE) grave é prevenir a lesão cerebral secundária. → Fornecer oxigenação adequada e manutenção de pressão arterial suficiente para garantir a perfusão do cérebro são as maneiras mais importantes para limitar dano cerebralsecundário e assim melhorar o resultado do doente. Após a aplicação dos ABCDE é crucial que se identifiquem lesões de massa que necessitam de intervenção cirúrgica A triagem do doente portador de trauma craniencefálico depende da gravidade da lesão e dos recursos disponíveis na comunidade em questão. FISIOPATO CECIL: A lesão traumática do SNC tem duas fases. A FASE DA LESÃO PRIMÁRIA: é imediata, e o seu dano, que pode causar a morte quase instantaneamente, muitas vezes já está completo no momento em que o tratamento médico pode ser instituído. Como as estruturas neuronais residem em um compartimento cheio de líquido, estas estruturas muitas vezes se atrasam em relação à estrutura óssea quando ela se move durante a parada súbita do corpo em movimento. → Assim, as estruturasvão colidir anterior e posteriormente contra a tábua óssea interna, resultando em uma lesão de contragolpe. → Se estiver presente um componente rotacional, as estruturas vão se torcer e cisalhar, causando lesão axonal difusa. → Acidentes de veículo a motor são particularmente lesivos por causa da desaceleração súbita Com lesões penetrantes, o projétil em movimento vai lacerar estruturas neurais, vasculares e de suporte ao atravessar o encéfalo ou a medula espinal. Se o projétil estiver se movendo com alta velocidade, como uma bala, o vácuo criado na sua esteira dará origem a cavitação tecidual. A FASE SECUNDÁRIA: tardia da lesão começa rapidamente depois da fase primária e pode continuar por um período prolongado, compromete os neurônios e glia. A maior parte da lesão neurológica é considerada relacionada com esta lesão secundária, quando a apoptose é causada. O cérebro lesionado é mais suscetível a estados hipóxico-isquêmicos. As áreas mais comumente afetadas são o hipocampo e as áreas de irrigação sanguínea crítica. OBS.: A lesão axonal difusa, que consiste no cisalhamento dos axônios na substância branca cerebral, causa déficits neurológicos como encefalopatia não focal. As consequências deste tipo de lesão podem ser retardadas em até 12 horas após o traumatismo inicial. FISIOLOGIA: Os conceitos fisiológicos relacionados ao trauma craniencefálico incluem a pressão intracraniana, a doutrina de Monro-Kellie e o fluxo sanguíneo cerebral. PRESSÃO INTRACRANIANA A pressão intracraniana elevada pode reduzir a perfusão cerebral e causar ou exacerbar a isquemia. A PIC normal (repouso) é aproximadamente 10 mm Hg. DOUTRINA DE MONRO-KELLIE A doutrina de Monro-Kellie é um conceito simples, mas de vital importância para a compreensão da dinâmica da PIC. Ela afirma que o volume total do conteúdo intracraniano deve permanecer constante, já que o crânio é uma caixa fechada. O sangue venoso e o LCR podem ser comprimidos para fora do recipiente dando algum grau de compensação à pressão. IMPORTANTE: Assim, na fase inicial após o trauma, uma massa pode aumentar e a PIC permanecer normal. Entretanto, uma vez atingido o limite de deslocamento do LCR e do sangue intravascular, a PIC aumenta rapidamente. FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL A lesão cerebral suficientemente grave para produzir coma pode causar redução importante do FSC durante as primeiras horas após o trauma. Habitualmente aumenta nos próximos 2 a 3 dias, mas nos doentes que permanecem em coma, o FSC permanece abaixo do normal por dias ou semanas após o trauma. Há evidências crescentes que tais níveis baixos de FSC são inadequados para satisfazer a demanda metabólica do cérebro precocemente após o trauma. Os vasos cerebrais pré-capilares têm normalmente a capacidade de contrair ou dilatar reflexamente em resposta a mudanças na PAM. Para efeitos clínicos, a pressão de perfusão cerebral (PPC) é definida como pressão sanguínea arterial média (PAM) menos a pressão intracraniana (PPC = PAM - PIC). A PAM entre 50 e 150 mm Hg é "autoregulada" para manter o FSC constante (auto- regulação pressórica). Assim, se a PAM for muito baixa pode ocorrer isquemia e infarto e se a PAM for muito alta pode ocorrer inchaço com aumento da PIC. OBS.: O vasos cerebrais também normalmente se contraem ou dilatam em resposta a alterações na pressão parcial de oxigênio (Pa02) ou na pressão parcial de dióxido de carbono (PaC02) do sangue (auto-regulação química) Importante: Portanto, deve ser feito todo esforço para aumentar perfusão e fluxo sanguíneo cerebrais pela redução da pressão intracraniana elevada, mantendo o volume intravascular normal, mantendo a PAM normal e restaurando a oxigenação normal e a normocapnia. Hematomas e outras lesões que aumentam o volume intracraniano devem ser precocemente evacuados MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: variam com a sua gravidade → Branda: experimentam muitas vezes cefaleia, dificuldade de concentração, ansiedade e sono perturbado; a avaliação neuropsicológica detalhada pode revelar anormalidades cognitivas brandas. → Moderado: os pacientes podem ter comprometimento cognitivo, comprometimentos motor e sensitivo, e fala prejudicada; os resultados do exame neurológico serão anormais. → Grave, os pacientes estão em coma. Lesões focais causam déficits neurológicos relacionados com o local do impacto. Os lobos orbitofrontais e temporais anteriores são mais comumente afetados. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES CRANIENCEFÁLICAS: As lesões craniencefálicas são classificadas de várias maneiras. Para efeitos práticos, a gravidade da lesão e a morfologia serão usadas neste capítulo Gravidade De Lesão O Escore da Escala GCS é usado como medida clínica objetiva da gravidade do trauma craniencefálico. → igual ou inferior a 8 tem se tornado a definição geralmente aceita de coma ou trauma craniencefálico grave. → 9 a 12 são classificados como "moderados", → 13 a 15 são designados como "leves". Importante: Ao avaliar o escore na GCS, quando existe assimetria direita-esquerda ou superior/inferior, é importante que se use a melhor resposta motora no cálculo do escore porque esta é o preditor mais confiável do resultado. → Entretanto devem-se anotar as respostas efetivas em ambos os lados do corpo, face, braços e pernas. MORFOLOGIA O trauma craniencefálico pode incluir fraturas de crânio e lesões intracranianas tais como contusões, hematomas, lesões difusas e inchaço resultante de edema/hiperemia. Fraturas de Crânio: As fraturas de crânio podem ocorrer na calota ou na base do crânio. Elas podem ser lineares ou estreladas e abertas ou fechadas. Para identificação das FRATURAS DA BASE DO CRÂNIO habitualmente é necessário o uso de tomografia computadorizada com "janela" para osso. Os sinais clínicos de fratura de base de crânio incluem a equimose periorbital (olhos de guaxinim), a equimose retroauricular (sinal de Battle), fístula liquórica através do nariz (rinorreia) ou do ouvido (otorreia) e disfunção dos sétimo e oitavo nervos cranianos (paralisia facial e perda de audição) que podem ocorrer imediatamente ou poucos dias após a lesão inicial. A presença desses sinais clínicos deve aumentar o índice de suspeita e ajudar na identificação das fraturas da base do crânio. Fraturas da base do crânio que atravessam os canais carotídeos podem lesar as artérias carótidas (dissecção, pseudo-aneurisma ou trombose) e deve-se considerar a realização de arteriografia cerebral (angio TC [ATC] ou por cateterismo arterial). FRATURAS DE CRÂNIO ABERTAS OU COMPOSTAS podem estabelecer comunicação direta entre a laceração do couro cabeludo e a superfície cerebral, porque a duramáter encontra-se frequentemente rota. A importância da fratura de crânio não deve ser subestimada pois para que ela ocorra é necessária a aplicação de força considerável. Uma FRATURA LINEAR DA CALOTA CRANIANA em doentes conscientes aumenta em cerca de 400 vezes a possibilidade de ocorrência de hematoma in tracraniano. LESÕES LNTRACRANIANAS: podem ser classificadas como focais ou difusas, embora as duas formas de lesão frequentemente coexistam. LESÕES CEREBRAIS DIFUSAS: variam de concussões leves até lesões hipóxicas isquêmicas graves. Com concussões, o doente tem um distúrbio neurológico não focal transitório que frequentemente inclui perda de consciência. (Tc normal) Lesões difusas graves resultam mais frequentemente de agressão hipóxica, isquêmica ao cérebro devido a choque prolongado ou apneia que ocorrem imediatamente após o trauma. → TC pode ser inicialmente normal, mas depois apresenta um edema difuso com perda da distinção habitual de branco e cinzenta. Outro padrão difuso, frequentemente visto em impactos de alta velocidade ou em lesões por desaceleração, pode produzir hemorragias pontilhadas por todosos hemisférios, concentrando-se nos limites entre as substâncias cinzenta e branca. → Essas "lesões por cisalhamento" mencionadas como LAD (lesão axonal difusa) definiram uma síndrome clínica de lesão cerebral grave LESÕES CEREBRAIS FOCAIS: incluem os hematomas epidurais, os hematomas subdurais, contusões e hematomas intracerebrais HEMATOMAS EPIDURAIS: são relativamente raros, ocorrendo em 0,5% de todos os doentes com trauma craniencefálico e em 9% dos doentes com lesão cerebral traumática e que estão em coma. Esses hematomas tipicamente adquirem a forma biconvexa ou lenticular à medida em que empurram a dura aderente em direção oposta à da tabua interna do crânio. Estão mais frequentemente localizados na região temporal ou temporoparietal e habitualmente resultam da ruptura da artéria meníngea média causada por fratura. Esses coágulos em geral têm origem arterial; entretanto, podem também resultar de ruptura de um seio venoso importante ou do sangramento da fratura de crânio. Importante: O intervalo lúcido entre o momento da lesão e a deterioração neurológica é a apresentação clássica do hematoma epidural. HEMATOMAS SUBDURAIS: são mais comuns que os hematomas epidurais ocorrendo em aproximadamente 30% dos traumas craniencefálicos graves. Eles ocorrem mais frequentemente por dilaceração de vasos superficiais pequenos ou vasos ponte do córtex cerebral. Contrastando com a forma lenticular do hematoma epidural à TC, os hematomas subdurais frequentemente parecem assumir a forma do contorno do cérebro. O comprometimento cerebral subjacente ao hematoma subdural costuma ser muito mais grave do que nos hematomas epidurais devido à presença de lesão parenquimatosa concomitante CONTUSÕES E HEMATOMAS INTRACEREBRAIS: são bastante comuns (presentes em cerca de 20% a 30% dos traumas craniencefálicos graves). A maioria das contusões ocorre nos lobos frontal e temporal, embora possam ocorrer em qualquer parte do cérebro. As contusões podem, em um período de horas ou dias, evoluir para formar um hematoma intracerebral ou uma contusão coalescente com efeito de massa suficiente para exigir evacuação cirúrgica imediata. Isso ocorre em aproximadamente 20% dos doentes que apresentam contusão na TC de crânio inicial. Por esta razão, doentes com contusão devem ser submetidos a TC repetidas para avaliar as mudanças nos padrões da contusão nas 24 horas após a TC de crânio inicial. Figura 1 - Contusões bilaterais com hemorragia. Figura 2 - Hemorragia intraparenquimatosa direita, com desvio de linha média da direita para a esquerda. Hemorragias biventriculares associadas. PROTOCOLOS DE TRATAMENTO: AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: Assim, o atendimento de um paciente com traumatismo cranioencefálico deve seguir o “ABCDE”, que corresponde ao protocolo estabelecido pelo ATLS para avaliar qualquer vítima de trauma. A: Vias aéreas: No Trauma, o que mata mais rapidamente é a apneia e é por isso que a primeira coisa que devemos fazer é analisar o padrão respiratório do paciente e checar a permeabilidade das vias aéreas (VA). letra D do ABCDE, que é a fase na qual faremos o exame neurológico do paciente. Escala de Coma de Glasgow (GCS): é uma escala utilizada para avaliar, de forma objetiva, a gravidade do traumatismo cranioencefálico. De acordo com resposta ocular, verbal e motora É importante estar atento a sinais de herniação e/ou Hipertensão Intracraniana: • Dilatação pupilar unilateral • Plegia, descerebração ou decorticação unilateral • Tríade de Cushing • Queda de 3 ou mais pontos na GCS • Parada cardiorrespiratória súbita OBS.: Com a nova atualização de 2018, a resposta pupilar foi acrescentada a Escala de Coma de Glasgow. Caso nenhuma das pupilas reaja ao estímulo luminoso, devemos subtrair 2 pontos. Se apenas uma pupila reagir, subtrairemos 1 ponto. Obs.: ARMADILHA: Exposição Ao final da avaliação primária é importante se atentar à procura de sangramentos, se destacando entre eles as lesões em couro cabeludo. Anestesia, Analgesia e Sedação A adoção de qualquer uma dessas medidas deve ser cuidadosamente pensada quando o paciente estiver com suspeita de TCE, já que, como acabamos de ver, essas drogas podem acabar retardando o reconhecimento de uma lesão cerebral, além de poder causar prejuízos para a respiração do paciente. Diagnóstico A principal forma de estabelecer o diagnóstico de um TCE é através da TC OBS.: Um desvio de linha média maior ou igual a 5mm indica a necessidade de realizar cirurgia MANEJO Manejo de TCE Leve (GCS 13-15) Frequentemente os doentes sofrem concussão leve que está consciente e falando pode referir história de desorientação, amnesia ou perda momentânea de consciência. A história de perda momentânea de consciência frequentemente é de difícil confirmação e muitas vezes o quadro fica confuso pela coexistência de abuso de álcool ou de outros tóxicos. Entretanto, alterações do estado mental nunca devem ser atribuídas a fatores de confusão até que a lesão cerebral tenha sido definitivamente excluída. Por conta da armadilha: Examinar muito bem o paciente Protocolo de Instruções: Basicamente, o que esse protocolo faz é explicar ao paciente que ele não tem indicações para ser internado, mas que as primeiras 24h após o trauma são cruciais e por isso existe uma série de coisas que ele não pode fazer. Manejo de TCE Moderado (GCS 9-12) Aproximadamente 15% dos doentes portadores de trauma craniencefálico São ainda capazes de obedecer ordens simples, mas em geral estão confusos ou sonolentos e podem apresentar déficit neurológico focal, como hemiparesia. OBS.: É recomendado seguimento com TC em 12 a 24 horas se a TC inicial for anormal ou se há piora das condições neurológicas do doente. Manejo de TCE Grave (GCS 3-8) Aproximadamente 10% dos doentes vítimas de lesão cerebral Doentes que sofreram trauma cranioencefálico grave não são capazes de obedecer a ordens simples mesmo após estabilização cardiopulmonar. Não retarde a transferência do doente para realizar uma TC. TERAPIAS: Fluido Intravenoso: A hipovolemia é bastante prejudicial ao funcionamento do cérebro, especialmente se ele estiver lesado. recomenda-se o uso de solução salina isotônica ou de ringer lactato. Correção da Anticoagulação: pacientes que estejam em terapia anticoagulante ou antiplaquetária deve ser cuidadosa Hiperventilação: Se o paciente vítima de TCE apresentar hipercapnia (PaCO2 > 45mmHg), ele começará a sofrer vasodilatação, o que aumenta o fluxo sanguíneo e, consequentemente, a própria pressão intracraniana. Manitol: droga que atua reduzindo a PIC, de modo que ele estáindicado para os pacientes euvolêmicos com deteriorização neurológica aguda - mas presta atenção: isso é válido para pacientes euvolêmicos. O manitol é um diurético, de modo que a sua administração em pacientes hipotensos pode acentuar ainda mais a hipotensão e causar isquemia cerebral. Solução Salina Hipertônica: também são capazes de reduzir a PIC quando sua concentração varia entre 3% a 23,4%. Inclusive, nessa opção não há o efeito diurético, de modo que ela passa a ser a preferida em pacientes hipotensos. Anticonvulsivantes: A epilepsia pós-traumática acontece em cerca de 5% dos pacientes com TCE fechado e até 15% dos pacientes com TCE grave... Obs.: adm antecipada não muda se o paciente terá ou não convulsões; Ou seja, o uso deve ser utilizado em crise e não profilático. b) as drogas anticonvulsivantes atrapalham a recuperação do cérebro e por isso só devem ser utilizadas quando forem realmente necessárias. CIRÚRGICA Lesões de Couro Cabeludo Fraturas com Afundamento de Crânio: precisam ser avaliadas por meio da TC para podermos ter uma noção melhor da profundidade da depressão. Caso o afundamento não seja muito significativo, podemos optar por tratar apenascom o fechamento do couro cabeludo. Por outro lado, em se tratando de uma depressão maior do que a espessura do próprio crânio, aí é imprescindível que seja feita a correção cirúrgica. Lesões Intracranianas de Massa: Esse tipo de lesão só pode ser manejado por neurocirurgiões, uma vez que envolve a realização de uma craniotomia, um procedimento muito complexo e que se não for feito da forma correta, pode deteriorar rapidamente o estado do paciente. Ferimentos Encefálicos Penetrantes: A avaliação desse tipo de ferimento deve ser feito através da TC, no entanto, também são opções o uso da radiografia e da ressonância magnética (a depender do material do corpo estranho envolvido!). Uma outra questão importante é a realização de antibioticoterapia profilática e a não retira- da de corpos que estejam exteriorizados, devido ao risco de sangramento. MORTE ENCEFÁLICA O conceito de morte encefálica está relacionado a impossibilidade do cérebro recuperar suas funções e a gente pode identificar isso por meio de alguns sinais: No entanto, além desses sinais, para se abrir o protocolo de morte encefálica ainda é imprescindível que haja a comprovação por meio de algum exame de imagem, que pode ser um eletroencefalograma, um estudo de fluxo sanguíneo cerebral (como o Doppler, por exemplo) ou uma arteriografia cerebral. Ainda com tudo isso, é importante a gente sempre estar atento aos fatores que podem mimetizar um quadro de morte encefálica como, por exemplo: Uso de barbitúricos: Por isso o protocolo só pode ser aberto depois que já tenha passado o efeito de todos os medicamentos administrados Crianças: Elas conseguem se recuperar de TCEs muito severos Após checado todos esses parâmetros, se a morte encefálica for diagnosticada, é importante contactar as instituições responsáveis por doação de órgãos antes de desligar os equipamentos de suporte avançado de vida.
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