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4 - Traumatismo Cranioencefálico

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REVISÃO ANATÔMICA: 
Couro Cabeludo: Em razão da sua irrigação abundante, a laceração do couro 
cabeludo pode levar a perdas sanguíneas significativas, choque hemorrágico e 
mesmo morte. Isso é particularmente verdadeiro em doentes com tempo muito 
longo de transporte. 
 
Crânio: A base do crânio é irregular, possibilitando a ocorrência de lesões quando o 
cérebro se desloca e desliza no interior do crânio, em decorrência de movimentos 
de aceleração e desaceleração. 
A fossa anterior aloja os lobos frontais, a fossa média aloja os lobos temporais e a 
fossa posterior aloja a porção inferior do tronco cerebral e o cerebelo. 
 
Meninges: 
As meninges revestem o cérebro e se consistem de três camadas: a dura-máter, a 
aracnóide e a piamáter. 
A dura-máter é uma membrana resistente e fibrosa que adere firmemente à 
superfície interna do crânio. Em locais específicos, a dura-máter divide-se em duas 
superfícies que envolvem grandes seios venosos que permitem a maior parte da 
drenagem venosa cerebral. 
O seio sagital na linha média superior drena para os seios bilaterais transverso e 
sigmóide, que são frequentemente maiores no lado direito. 
A laceração desses seios venosos pode resultar em hemorragia maciça. 
 
As artérias meníngeas correm entre a dura-máter e a superfície interna do crânio 
(espaço epidural). Fraturas cranianas acima dessas artérias podem lacerá-las e 
resultar em HEMATOMA EPIDURAL. 
A artéria meníngea média, que se encontra localizada sobre a fossa temporal, é o 
vaso meníngeo lesado com maior frequência. 
 
Um hematoma em expansão, provocado pela laceração arterial nessa localização 
pode causar deterioração rápida e morte. 
 Os hematomas epidurais também podem resultar de lesões dos seios durais e de 
fraturas do crânio, que tendem a expandir mais lentamente, e provocam menor 
pressão sobre o cérebro subjacente. 
→ Entretanto, a maioria dos hematomas epidurais representam uma 
emergência com risco de morte, devendo ser avaliados por um neurocirurgião 
tão logo quanto possível. 
 
Abaixo da dura-máter situa-se a segunda meninge, a membrana aracnóide, que é 
fina e transparente. Como a dura-máter não está aderida à aracnóide subjacente, 
existe um espaço potencial (o espaço subdural) no qual podem ocorrer 
hemorragias. 
No trauma craniencefálico as veias que vão da superfície do cérebro para os seios 
venosos, no interior da dura (veias em ponte), podem romper-se levando à 
formação de HEMATOMA SUBDURAL. 
A terceira meninge, a pia-máter, está firmemente aderida à superfície do cérebro. O 
líquido cefalorraquidiano (LCR) preenche o espaço entre a aracnóide impermeável e 
a pia-máter (o espaço subaracnóideo), acolchoando o cérebro e a medula espinhal. 
Hemorragia para dentro desse espaço preenchido de líquido (HEMORRAGIA 
SUBARACNÓIDEA) é frequentemente causada por contusão cerebral ou trauma de 
grandes vasos na base do encéfalo. 
 
 
 
 
 
 
ENCÉFALO 
O encéfalo compreende cérebro, cerebelo e tronco cerebral. 
O cérebro é composto pelos hemisférios direito e esquerdo, separados pela foice. O 
hemisfério esquerdo contém os centros da linguagem em virtualmente todos os 
indivíduos destros e em mais de 85% dos indivíduos canhotos. 
→ O lobo frontal controla as funções de execução, as emoções, as funções 
motoras e, no lado dominante, a expressão da fala (área motora da fala). 
→ O lobo parietal dirige a função sensorial e a orientação espacial. 
→ O lobo temporal regula certas funções da memória. 
→ O lobo occipital é responsável pela visão. 
O tronco cerebral é constituído pelo mesencéfalo, ponte e bulbo. 
O mesencéfalo e a parte superior da ponte contêm o sistema ativador da formação 
reticular responsável pelo estado de alerta. 
No bulbo, que continua para formar a medula espinhal, alojam-se centros 
cardiorrespiratórios vitais. 
→ OBS.: Mesmo pequenas lesões no tronco cerebral podem ser acompanhadas 
de défice neurológico grave. 
O cerebelo, responsável principalmente pela coordenação e pelo equilíbrio. 
 
SISTEMA VENTRICULAR 
Os ventrículos são um sistema de espaços e aquedutos preenchidos de LCR, 
localizados no interior do encéfalo. 
O LCR é produzido constantemente nos ventrículos e é absorvido sobre a superfície 
do encéfalo. 
Importante: A presença de sangue no LCR pode prejudicar a reabsorção do LCR, 
produzindo aumento da pressão intracraniana. 
TOP: O edema e as lesões de massa (por exemplo, hematomas), podem provocar 
obliteração ou desvio dos ventrículos que usualmente são simétricos. Tais 
alterações podem ser facilmente identificadas na TC de crânio. 
 
COMPARTIM ENTOS INTRACRANIANOS 
O nervo óculo motor (III nervo craniano) passa ao longo da margem da tenda do 
cerebelo, podendo ser comprimido contra ela durante uma herniação do lobo 
temporal. 
Importante: Fibras parassimpáticas, que são constritoras das pupilas, repousam 
sobre a superfície do III nervo craniano. 
OBS.: A compressão dessas fibras durante a herniação causa dilatação pupilar 
devida à atividade simpática sem oposição, frequentemente chamada de pupila 
dilatada 
 
A região do cérebro que habitualmente hernia através da incisura tentorial é a parte 
mediai do lobo temporal, conhecida como uncus. 
IMPORTANTE: Herniação do uncus também causa compressão do trato córtico-
espinhal (piramidal) do mesencéfalo. O trato motor cruza para o lado oposto do 
forame magno, e a sua compressão resulta em défice motor do lado oposto do 
corpo (hemiplegia contralateral). 
A dilatação da pupila ipsilateral associada à hemiplegia contralateral é a síndrome 
clássica de herniação do uncus. 
Raramente, a lesão de massa pode empurrar o lado oposto do mesencéfalo contra a 
margem da tenda do cerebelo, provocando hemiplegia e dilatação da pupila no 
mesmo lado do hematoma. 
 
 
 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
→ O traumatismo cranioencefálico é a principal causa de morte e incapacidade 
por traumatismo 
→ A maioria das lesões cerebrais traumáticas é decorrente de quedas, acidentes 
de veículo a motor e agressões. 
→ A maioria dos pacientes com lesões traumáticas cerebrais e da medula espinal 
é de homens adultos jovens. 
As lesões craniencefálicas encontram-se entre os tipos de trauma mais 
frequentemente vistos nos Serviços de Emergência. 
Muitos doentes com lesões cerebrais graves morrem antes de chegar ao hospital, e 
quase 90% das mortes pré-hospitalares relacionadas ao trauma envolvem lesão 
cerebral. 
Aproximadamente 75% dos doentes com trauma craniencefálico que recebem 
cuidados médicos podem ser classificados como vítimas de trauma leve, 15% como 
vítimas de trauma moderado e 10% como vítimas de trauma grave. 
As vítimas sobreviventes de TCE frequentemente apresentam dano neurofisiológico 
que resulta em invalidez, comprometendo o trabalho e as atividades sociais. 
 
O objetivo principal do tratamento dos doentes com suspeita de trauma 
craniencefálico (TCE) grave é prevenir a lesão cerebral secundária. 
→ Fornecer oxigenação adequada e manutenção de pressão arterial suficiente 
para garantir a perfusão do cérebro são as maneiras mais importantes para 
limitar dano cerebralsecundário e assim melhorar o resultado do doente. 
Após a aplicação dos ABCDE é crucial que se identifiquem lesões de massa que 
necessitam de intervenção cirúrgica 
A triagem do doente portador de trauma craniencefálico depende da gravidade da 
lesão e dos recursos disponíveis na comunidade em questão. 
 
FISIOPATO CECIL: 
A lesão traumática do SNC tem duas fases. 
A FASE DA LESÃO PRIMÁRIA: é imediata, e o seu dano, que pode causar a morte 
quase instantaneamente, muitas vezes já está completo no momento em que o 
tratamento médico pode ser instituído. 
Como as estruturas neuronais residem em um compartimento cheio de líquido, 
estas estruturas muitas vezes se atrasam em relação à estrutura óssea quando ela 
se move durante a parada súbita do corpo em movimento. 
→ Assim, as estruturasvão colidir anterior e posteriormente contra a 
tábua óssea interna, resultando em uma lesão de contragolpe. 
→ Se estiver presente um componente rotacional, as estruturas vão se 
torcer e cisalhar, causando lesão axonal difusa. 
→ Acidentes de veículo a motor são particularmente lesivos por causa da 
desaceleração súbita 
Com lesões penetrantes, o projétil em movimento vai lacerar estruturas neurais, 
vasculares e de suporte ao atravessar o encéfalo ou a medula espinal. 
Se o projétil estiver se movendo com alta velocidade, como uma bala, o vácuo criado 
na sua esteira dará origem a cavitação tecidual. 
 
A FASE SECUNDÁRIA: tardia da lesão começa rapidamente depois da fase primária e 
pode continuar por um período prolongado, compromete os neurônios e glia. 
A maior parte da lesão neurológica é considerada relacionada com esta lesão 
secundária, quando a apoptose é causada. 
O cérebro lesionado é mais suscetível a estados hipóxico-isquêmicos. As áreas mais 
comumente afetadas são o hipocampo e as áreas de irrigação sanguínea crítica. 
OBS.: A lesão axonal difusa, que consiste no cisalhamento dos axônios na substância 
branca cerebral, causa déficits neurológicos como encefalopatia não focal. As 
consequências deste tipo de lesão podem ser retardadas em até 12 horas após o 
traumatismo inicial. 
 
 
 
 
FISIOLOGIA: 
Os conceitos fisiológicos relacionados ao trauma craniencefálico incluem a pressão 
intracraniana, a doutrina de Monro-Kellie e o fluxo sanguíneo cerebral. 
 
PRESSÃO INTRACRANIANA 
A pressão intracraniana elevada pode reduzir a perfusão cerebral e causar ou 
exacerbar a isquemia. 
A PIC normal (repouso) é aproximadamente 10 mm Hg. 
 
DOUTRINA DE MONRO-KELLIE 
A doutrina de Monro-Kellie é um conceito simples, mas de vital importância para a 
compreensão da dinâmica da PIC. Ela afirma que o volume total do conteúdo 
intracraniano deve permanecer constante, já que o crânio é uma caixa fechada. 
O sangue venoso e o LCR podem ser comprimidos para fora do recipiente dando 
algum grau de compensação à pressão. 
IMPORTANTE: Assim, na fase inicial após o trauma, uma massa pode aumentar e a 
PIC permanecer normal. Entretanto, uma vez atingido o limite de deslocamento do 
LCR e do sangue intravascular, a PIC aumenta rapidamente. 
 
 
FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL 
A lesão cerebral suficientemente grave para produzir coma pode causar redução 
importante do FSC durante as primeiras horas após o trauma. 
Habitualmente aumenta nos próximos 2 a 3 dias, mas nos doentes que permanecem 
em coma, o FSC permanece abaixo do normal por dias ou semanas após o trauma. 
Há evidências crescentes que tais níveis baixos de FSC são inadequados para 
satisfazer a demanda metabólica do cérebro precocemente após o trauma. 
 
Os vasos cerebrais pré-capilares têm normalmente a capacidade de contrair ou 
dilatar reflexamente em resposta a mudanças na PAM. 
Para efeitos clínicos, a pressão de perfusão cerebral (PPC) é definida como pressão 
sanguínea arterial média (PAM) menos a pressão intracraniana (PPC = PAM - PIC). 
A PAM entre 50 e 150 mm Hg é "autoregulada" para manter o FSC constante (auto-
regulação pressórica). 
Assim, se a PAM for muito baixa pode ocorrer isquemia e infarto e se a PAM for 
muito alta pode ocorrer inchaço com aumento da PIC. 
OBS.: O vasos cerebrais também normalmente se contraem ou dilatam em resposta 
a alterações na pressão parcial de oxigênio (Pa02) ou na pressão parcial de dióxido 
de carbono (PaC02) do sangue (auto-regulação química) 
 
Importante: Portanto, deve ser feito todo esforço para aumentar perfusão e fluxo 
sanguíneo cerebrais pela redução da pressão intracraniana elevada, mantendo o 
volume intravascular normal, mantendo a PAM normal e restaurando a oxigenação 
normal e a normocapnia. 
Hematomas e outras lesões que aumentam o volume intracraniano devem ser 
precocemente evacuados 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: variam com a sua gravidade 
→ Branda: experimentam muitas vezes cefaleia, dificuldade de concentração, 
ansiedade e sono perturbado; a avaliação neuropsicológica detalhada pode 
revelar anormalidades cognitivas brandas. 
→ Moderado: os pacientes podem ter comprometimento cognitivo, 
comprometimentos motor e sensitivo, e fala prejudicada; os resultados do 
exame neurológico serão anormais. 
→ Grave, os pacientes estão em coma. 
Lesões focais causam déficits neurológicos relacionados com o local do impacto. Os 
lobos orbitofrontais e temporais anteriores são mais comumente afetados. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES CRANIENCEFÁLICAS: 
As lesões craniencefálicas são classificadas de várias maneiras. Para efeitos práticos, a 
gravidade da lesão e a morfologia serão usadas neste capítulo 
 
Gravidade De Lesão 
O Escore da Escala GCS é usado como medida clínica objetiva da gravidade do 
trauma craniencefálico. 
→ igual ou inferior a 8 tem se tornado a definição geralmente aceita de coma ou 
trauma craniencefálico grave. 
→ 9 a 12 são classificados como "moderados", 
→ 13 a 15 são designados como "leves". 
Importante: Ao avaliar o escore na GCS, quando existe assimetria direita-esquerda 
ou superior/inferior, é importante que se use a melhor resposta motora no cálculo 
do escore porque esta é o preditor mais confiável do resultado. 
→ Entretanto devem-se anotar as respostas efetivas em ambos os lados do corpo, 
face, braços e pernas. 
 
MORFOLOGIA 
O trauma craniencefálico pode incluir fraturas de crânio e lesões intracranianas tais 
como contusões, hematomas, lesões difusas e inchaço resultante de 
edema/hiperemia. 
 
Fraturas de Crânio: 
As fraturas de crânio podem ocorrer na calota ou na base do crânio. Elas podem ser 
lineares ou estreladas e abertas ou fechadas. 
 Para identificação das FRATURAS DA BASE DO CRÂNIO habitualmente é necessário 
o uso de tomografia computadorizada com "janela" para osso. 
Os sinais clínicos de fratura de base de crânio incluem a equimose periorbital (olhos 
de guaxinim), a equimose retroauricular (sinal de Battle), fístula liquórica através do 
nariz (rinorreia) ou do ouvido (otorreia) e disfunção dos sétimo e oitavo nervos 
cranianos (paralisia facial e perda de audição) que podem ocorrer imediatamente ou 
poucos dias após a lesão inicial. 
 
A presença desses sinais clínicos deve aumentar o índice de suspeita e ajudar na 
identificação das fraturas da base do crânio. 
Fraturas da base do crânio que atravessam os canais carotídeos podem lesar as 
artérias carótidas (dissecção, pseudo-aneurisma ou trombose) e deve-se considerar 
a realização de arteriografia cerebral (angio TC [ATC] ou por cateterismo arterial). 
 
FRATURAS DE CRÂNIO ABERTAS OU COMPOSTAS podem estabelecer comunicação 
direta entre a laceração do couro cabeludo e a superfície cerebral, porque a 
duramáter encontra-se frequentemente rota. 
A importância da fratura de crânio não deve ser subestimada pois para que ela 
ocorra é necessária a aplicação de força considerável. 
Uma FRATURA LINEAR DA CALOTA CRANIANA em doentes conscientes aumenta em 
cerca de 400 vezes a possibilidade de ocorrência de hematoma in tracraniano. 
 
LESÕES LNTRACRANIANAS: 
podem ser classificadas como focais ou difusas, embora as duas formas de lesão 
frequentemente coexistam. 
LESÕES CEREBRAIS DIFUSAS: variam de concussões leves até lesões hipóxicas 
isquêmicas graves. 
Com concussões, o doente tem um distúrbio neurológico não focal transitório que 
frequentemente inclui perda de consciência. (Tc normal) 
Lesões difusas graves resultam mais frequentemente de agressão hipóxica, 
isquêmica ao cérebro devido a choque prolongado ou apneia que ocorrem 
imediatamente após o trauma. 
→ TC pode ser inicialmente normal, mas depois apresenta um edema difuso com 
perda da distinção habitual de branco e cinzenta. 
Outro padrão difuso, frequentemente visto em impactos de alta velocidade ou em 
lesões por desaceleração, pode produzir hemorragias pontilhadas por todosos 
hemisférios, concentrando-se nos limites entre as substâncias cinzenta e branca. 
→ Essas "lesões por cisalhamento" mencionadas como LAD (lesão axonal difusa) 
definiram uma síndrome clínica de lesão cerebral grave 
 
LESÕES CEREBRAIS FOCAIS: incluem os hematomas epidurais, os hematomas 
subdurais, contusões e hematomas intracerebrais 
HEMATOMAS EPIDURAIS: são relativamente raros, ocorrendo em 0,5% de todos os 
doentes com trauma craniencefálico e em 9% dos doentes com lesão cerebral 
traumática e que estão em coma. 
Esses hematomas tipicamente adquirem a forma biconvexa ou lenticular à medida 
em que empurram a dura aderente em direção oposta à da tabua interna do crânio. 
Estão mais frequentemente localizados na região temporal ou temporoparietal e 
habitualmente resultam da ruptura da artéria meníngea média causada por fratura. 
Esses coágulos em geral têm origem arterial; entretanto, podem também resultar de 
ruptura de um seio venoso importante ou do sangramento da fratura de crânio. 
Importante: O intervalo lúcido entre o momento da lesão e a deterioração 
neurológica é a apresentação clássica do hematoma epidural. 
 
HEMATOMAS SUBDURAIS: são mais comuns que os hematomas epidurais 
ocorrendo em aproximadamente 30% dos traumas craniencefálicos graves. 
 Eles ocorrem mais frequentemente por dilaceração de vasos superficiais pequenos 
ou vasos ponte do córtex cerebral. 
Contrastando com a forma lenticular do hematoma epidural à TC, os hematomas 
subdurais frequentemente parecem assumir a forma do contorno do cérebro. 
O comprometimento cerebral subjacente ao hematoma subdural costuma ser 
muito mais grave do que nos hematomas epidurais devido à presença de lesão 
parenquimatosa concomitante 
 
CONTUSÕES E HEMATOMAS INTRACEREBRAIS: são bastante comuns (presentes em 
cerca de 20% a 30% dos traumas craniencefálicos graves). 
A maioria das contusões ocorre nos lobos frontal e temporal, embora possam 
ocorrer em qualquer parte do cérebro. 
As contusões podem, em um período de horas ou dias, evoluir para formar um 
hematoma intracerebral ou uma contusão coalescente com efeito de massa 
suficiente para exigir evacuação cirúrgica imediata. 
Isso ocorre em aproximadamente 20% dos doentes que apresentam contusão na TC 
de crânio inicial. Por esta razão, doentes com contusão devem ser submetidos a TC 
repetidas para avaliar as mudanças nos padrões da contusão nas 24 horas após a TC 
de crânio inicial. 
 
Figura 1 - Contusões bilaterais com hemorragia. Figura 2 - Hemorragia 
intraparenquimatosa direita, com desvio de linha média da direita para a esquerda. 
Hemorragias biventriculares associadas. 
 
 
PROTOCOLOS DE TRATAMENTO: 
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: 
Assim, o atendimento de um paciente com traumatismo cranioencefálico deve seguir 
o “ABCDE”, que corresponde ao protocolo estabelecido pelo ATLS para avaliar 
qualquer vítima de trauma. 
A: Vias aéreas: No Trauma, o que mata mais rapidamente é a apneia e é por isso que 
a primeira coisa que devemos fazer é analisar o padrão respiratório do paciente e 
checar a permeabilidade das vias aéreas (VA). 
letra D do ABCDE, que é a fase na qual faremos o exame neurológico do paciente. 
Escala de Coma de Glasgow (GCS): é uma escala utilizada para avaliar, de forma 
objetiva, a gravidade do traumatismo cranioencefálico. De acordo com resposta 
ocular, verbal e motora 
É importante estar atento a sinais de herniação e/ou Hipertensão Intracraniana: 
• Dilatação pupilar unilateral • Plegia, descerebração ou decorticação unilateral • 
Tríade de Cushing • Queda de 3 ou mais pontos na GCS • Parada cardiorrespiratória 
súbita 
 
OBS.: Com a nova atualização de 2018, a resposta pupilar foi acrescentada a Escala de 
Coma de Glasgow. Caso nenhuma das pupilas reaja ao estímulo luminoso, devemos 
subtrair 2 pontos. Se apenas uma pupila reagir, subtrairemos 1 ponto. 
 
Obs.: ARMADILHA: 
 
Exposição 
Ao final da avaliação primária é importante se atentar à procura de sangramentos, se 
destacando entre eles as lesões em couro cabeludo. 
 
Anestesia, Analgesia e Sedação 
A adoção de qualquer uma dessas medidas deve ser cuidadosamente pensada 
quando o paciente estiver com suspeita de TCE, já que, como acabamos de ver, essas 
drogas podem acabar retardando o reconhecimento de uma lesão cerebral, além de 
poder causar prejuízos para a respiração do paciente. 
 
Diagnóstico 
A principal forma de estabelecer o diagnóstico de um TCE é através da TC 
OBS.: Um desvio de linha média maior ou igual a 5mm indica a necessidade de 
realizar cirurgia 
 
 
 
MANEJO 
Manejo de TCE Leve (GCS 13-15) 
Frequentemente os doentes sofrem concussão leve que está consciente e falando 
pode referir história de desorientação, amnesia ou perda momentânea de 
consciência. 
A história de perda momentânea de consciência frequentemente é de difícil 
confirmação e muitas vezes o quadro fica confuso pela coexistência de abuso de 
álcool ou de outros tóxicos. 
Entretanto, alterações do estado mental nunca devem ser atribuídas a fatores de 
confusão até que a lesão cerebral tenha sido definitivamente excluída. 
Por conta da armadilha: Examinar muito bem o paciente 
Protocolo de Instruções: Basicamente, o que esse protocolo faz é explicar ao paciente 
que ele não tem indicações para ser internado, mas que as primeiras 24h após o 
trauma são cruciais e por isso existe uma série de coisas que ele não pode fazer. 
 
 
Manejo de TCE Moderado (GCS 9-12) 
Aproximadamente 15% dos doentes portadores de trauma craniencefálico 
São ainda capazes de obedecer ordens simples, mas em geral estão confusos ou 
sonolentos e podem apresentar déficit neurológico focal, como hemiparesia. 
OBS.: É recomendado seguimento com TC em 12 a 24 horas se a TC inicial for 
anormal ou se há piora das condições neurológicas do doente. 
 
 
Manejo de TCE Grave (GCS 3-8) 
 Aproximadamente 10% dos doentes vítimas de lesão cerebral 
Doentes que sofreram trauma cranioencefálico grave não são capazes de obedecer a 
ordens simples mesmo após estabilização cardiopulmonar. 
Não retarde a transferência do doente para realizar uma TC. 
 
TERAPIAS: 
Fluido Intravenoso: A hipovolemia é bastante prejudicial ao funcionamento do 
cérebro, especialmente se ele estiver lesado. recomenda-se o uso de solução salina 
isotônica ou de ringer lactato. 
Correção da Anticoagulação: pacientes que estejam em terapia anticoagulante ou 
antiplaquetária deve ser cuidadosa 
Hiperventilação: Se o paciente vítima de TCE apresentar hipercapnia (PaCO2 > 
45mmHg), ele começará a sofrer vasodilatação, o que aumenta o fluxo sanguíneo e, 
consequentemente, a própria pressão intracraniana. 
Manitol: droga que atua reduzindo a PIC, de modo que ele estáindicado para os 
pacientes euvolêmicos com deteriorização neurológica aguda - mas presta atenção: 
isso é válido para pacientes euvolêmicos. 
O manitol é um diurético, de modo que a sua administração em pacientes hipotensos 
pode acentuar ainda mais a hipotensão e causar isquemia cerebral. 
Solução Salina Hipertônica: também são capazes de reduzir a PIC quando sua 
concentração varia entre 3% a 23,4%. Inclusive, nessa opção não há o efeito 
diurético, de modo que ela passa a ser a preferida em pacientes hipotensos. 
Anticonvulsivantes: A epilepsia pós-traumática acontece em cerca de 5% dos 
pacientes com TCE fechado e até 15% dos pacientes com TCE grave... 
Obs.: adm antecipada não muda se o paciente terá ou não convulsões; Ou seja, o uso 
deve ser utilizado em crise e não profilático. 
b) as drogas anticonvulsivantes atrapalham a recuperação do cérebro e por isso só 
devem ser utilizadas quando forem realmente necessárias. 
 
CIRÚRGICA 
Lesões de Couro Cabeludo 
Fraturas com Afundamento de Crânio: precisam ser avaliadas por meio da TC para 
podermos ter uma noção melhor da profundidade da depressão. 
Caso o afundamento não seja muito significativo, podemos optar por tratar apenascom o fechamento do couro cabeludo. Por outro lado, em se tratando de uma 
depressão maior do que a espessura do próprio crânio, aí é imprescindível que seja 
feita a correção cirúrgica. 
Lesões Intracranianas de Massa: Esse tipo de lesão só pode ser manejado por 
neurocirurgiões, uma vez que envolve a realização de uma craniotomia, um 
procedimento muito complexo e que se não for feito da forma correta, pode 
deteriorar rapidamente o estado do paciente. 
Ferimentos Encefálicos Penetrantes: 
A avaliação desse tipo de ferimento deve ser feito através da TC, no entanto, 
também são opções o uso da radiografia e da ressonância magnética (a depender do 
material do corpo estranho envolvido!). 
Uma outra questão importante é a realização de antibioticoterapia profilática e a não 
retira- da de corpos que estejam exteriorizados, devido ao risco de sangramento. 
 
 
 
MORTE ENCEFÁLICA 
O conceito de morte encefálica está relacionado a impossibilidade do cérebro 
recuperar suas funções e a gente pode identificar isso por meio de alguns sinais: 
 
No entanto, além desses sinais, para se abrir o protocolo de morte encefálica ainda é 
imprescindível que haja a comprovação por meio de algum exame de imagem, que 
pode ser um eletroencefalograma, um estudo de fluxo sanguíneo cerebral (como o 
Doppler, por exemplo) ou uma arteriografia cerebral. 
Ainda com tudo isso, é importante a gente sempre estar atento aos fatores que 
podem mimetizar um quadro de morte encefálica como, por exemplo: 
Uso de barbitúricos: Por isso o protocolo só pode ser aberto depois que já tenha 
passado o efeito de todos os medicamentos administrados 
Crianças: Elas conseguem se recuperar de TCEs muito severos 
Após checado todos esses parâmetros, se a morte encefálica for diagnosticada, é 
importante contactar as instituições responsáveis por doação de órgãos antes de 
desligar os equipamentos de suporte avançado de vida.

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