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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALÚRGICA ÁGATHA DE FARIA SODRÉ SILVA FUSÃO E VAZAMENTO DAS LIGAS DE ALUMÍNIO-SILÍCIO Volta Redonda 2022 Sumário 1. Introdução ..................................................................................................................... 2 2.Processo de produção .................................................................................................... 3 2.1 Mineração ................................................................................................................... 4 2.2. Refino ........................................................................................................................ 4 2.3. Refino ........................................................................................................................ 7 3. Benefícios do alumínio ................................................................................................. 8 4. Classificação e aplicação .............................................................................................. 9 5. Ligas alumínio silício ................................................................................................. 10 5.1. Efeito do silício nas ligas de alumínio ..................................................................... 11 5.2. Influência das impurezas na estrutura das ligas alumínio-silício ............................ 11 5.3. Influência da adição de Elementos na Estrutura das Ligas Alumínio-Silício ......... 12 6. Processo de fundição .................................................................................................. 13 6.1 Cuidados durante o processo de fundição ................................................................ 13 7. Conclusão ................................................................................................................... 14 1. Introdução O alumínio é um metal leve, mole e duradouro. Tem uma aparência cinza prateado e opaco, por causa da fina camada de óxidos que se cria velozmente no momento em que entra em contato com o ar. Não é tóxico como metal, não magnético, e não produz faíscas no momento em que é submetido ao atrito. Uma brilhante união de características proporciona que o alumínio seja um dos mais variados materiais usados na engenharia e em construções. Tem peso específico baixo, ainda que algumas de suas ligas tenham resistências superiores à resistência do aço estrutural. Possui resistência à corrosão alta ante a maioria das condições de serviço. Tem ótima condutibilidade térmica e elétrica e refletividade alta, tal para o calor, tal como para a luz. Possui ótima trabalhabilidade e permite uma grande diversidade de acabamento. É bastante leve tornando uma das principais qualidades do alumínio. Possui peso específico de 2,7 g/cm3. Sua massa é mais ou menos 35% da do aço e 30% da do cobre. O alumínio comercialmente puro possui sua força à tração de praticamente 90MPa. Seu uso como material estrutural neste estado é um pouco limitado. A partir de deformação/transformação do metal, tendo como exemplo, laminação a frio, sua resistência pode ser aumentada. Com pequenas adições de outros metais, como elementos de liga, tais como: manganês, silício, cobre, magnésio, zinco, etc. é possível aumentar ainda mais a resistência. Através dessas combinações, é permitido atingir qualidades tecnológicas ajustadas de acordo com a aplicação do produto final. As ligas também podem ter sua resistência aumentada pelo trabalho a frio. Algumas ligas, conseguem também apresentar aumento de resistência por intermédio de tratamento térmico, tanto que hoje algumas ligas de alumínio são capazes de ter resistência à tração de mais ou menos 700 Mpa. O alumínio e suas ligas perdem parte de sua resistência a elevadas temperaturas. Ainda que algumas ligas preservem ótima resistência entre 200 a 260ºC. Em baixas temperaturas, entretanto, sua resistência aumenta sem perder a ductilidade, por isso o alumínio é um metal muito usado em aplicações a baixas temperaturas. Em 1827, o alemão Freidrich Wöhler descreveu o processamento de aquisição de alumínio em laboratório, através da reação de potássio com cloreto de alumínio anidro. O alumínio impuro constitui por volta de 8% da superfície do Globo, e se apresenta na forma de criolita (fluoretos de alumínio de sódio), bauxita (hidróxidos de alumínio com argila) ou também, granitos e mais sais silicatados e oxigenados. Aproximadamente todo o alumínio criado provém da própria bauxita, uma vez que os outros minérios tornam o processamento impraticável, seja pela ausência ou pela complicação de quebrar as ligações químicas, exigindo altas temperaturas. Inclusive sendo a bauxita o minério menos difícil para a aquisição desse metal, o processamento de modificação necessita de muita energia, sendo a proporção 1:14 000, isto é, para cada 1 tonelada de alumínio tirado, necessita-se de 14 000 KW/h de energia elétrica. Daí tira-se a necessidade emergente de reciclagem do alumínio já criado, uma vez que a ação energética é 95% inferior, além de que, para se deteriorar na natureza, são necessários em volta de 400 anos. Um dos aspectos que tornam o alumínio tão atrativo é a capacidade de poder se misturar com a maior parte dos metais de engenharia, chamados de elementos de liga, e gerar as ligas de alumínio. No momento em que o alumínio se resfria e se solidifica, poucos dos constituintes da liga são capazes de ser retidos em solução sólida. Isso faz com que a disposição atômica do metal se torne mais rígida. Os átomos são capazes de serem visualizados como sendo arranjados em uma rede cristalina regular formando moléculas de tamanhos distintos daqueles do componente de liga principal. A essencial aplicação das ligas de alumínio é reforçar a resistência mecânica sem atrapalhar as outras características. Dessa maneira, novas ligas têm sido desenvolvidas combinando as características adequadas as aplicações específicas. O uso de cada componente da liga se altera de acordo com o número dos elementos existentes na liga e a sua relação com outros elementos entre: a) Elementos que conferem à liga a sua qualidade essencial (resistência mecânica, resistência à corrosão, escoamento no preenchimento de moldes, etc.); b) Elementos que possui aplicação acessória, tal como o controle de microestrutura, de impurezas e características que prejudicam a produção ou a aplicação do produto, os quais precisam ser controlados no seu teor máximo. 2.Processo de produção O alumínio é extraído através da bauxita que tem, em sua composição, de 35% a 55% de óxido de alumínio, a partir disso se obtêm a alumina que é o processo intermediário da fabricação de alumínio. O Brasil é muito rico em Bauxita, possui a terceira maior reserva no mundo. O processo de produção pode ser dividido em três grandes partes: mineração, refino e redução. 2.1 Mineração O alumínio é obtido a partir da bauxita, um minério encontrado em três principais grupos climáticos: Mediterrâneo, Tropical e Subtropical. A bauxita deve apresentar no mínimo 30% de óxido de alumínio (Al2O3) aproveitável para que a produção seja economicamente viável. As reservas brasileiras, além da ótima qualidade do minério, também estão entre as maiores do mundo. Na etapa primária de beneficiamento da bauxita, o único rejeito proveniente da lavagem do minério é a argila, sem qualquer aditivo químico. Nesses depósitos, o rejeito é adensado (compactado) e parte da água recuperada é reaproveitada no processo, o que reduz o risco de vazamento nas barragens. Com o tempo, essa argila sedimenta e seca no reservatório. A água residual vai sendo eliminada até que haja condições para o replantio de vegetação sobreo antigo depósito, o que possibilita a reintegração da área ao meio ambiente. 2.2. Refino Nessa fase do processo, a alumina, além de ser insumo para a obtenção do alumínio primário, tem diversas aplicações, como por exemplo, para a fabricação de materiais refratários, tratamento de água, uso em produtos abrasivos e para polimento, como retardante de chamas, na fabricação de velas de ignição, entre outros. O processo mais comum para obtenção da alumina é o processo Bayer, esse processo se inicia com a bauxita sendo misturada com uma porção de solução de soda cáustica e moída como uma polpa. Esta pasta base pode ser passada sobre telas ou por meio de ciclones, com as partículas finas seguindo no processo e as grossas que são devolvidos aos moinhos. Digestão: Após a cominação a polpa é aquecida em tanques digestores a 95°C que são adicionados com soda cáustica e cal para solubilizar toda a alumina e retirar as impurezas por precipitação. As reações 1.1 e 1.2 são exemplos de reações que ocorrem durante a digestão da alumina. Al2O3N.3H2O + 2NaOH2 à NaAlO2 + 4H2O (gibsita) (1.1) Al2O3N.H2O + 2NaOH2 à NaAlO2 + 2H2O (boehmita) (1.2) As condições de digestão podem fazer variar amplamente o processo. A primeira consideração é a forma presente da bauxita. A taxa de dissolução das três variações é bastante diferente e as adições de soda são escolhidas a partir do composto menos solúvel. A segunda reação mais importante na digestão é de dessilicamento. Na reação 1.3, a caulinita é utilizada para ilustrar a reação de minerais siliciosos com a solução do processo: Al2O32SiO2 + 2H2O + 6NaOH → 2NaAlO2+ 2Na2SiO3 +5H2O (1.3) Em alguns processos a sílica é removida por decantação em um tanque antes do processo de digestão, em outros a sílica é removida na saída dos digestores, por meio de hidrociclones que aliviam a pressão para a chegada do licor nos tanques flash. Clarificação: O passo seguinte no processo é a separação de resíduos sólidos de bauxita da solução. Uma ampla variedade de equipamentos e procedimentos pode ser usada nesta operação. Os métodos escolhidos dependem da quantidade e propriedades do resíduo. A distribuição do tamanho de partícula do resíduo sólido é habitualmente bimodal. A fração grosseira, com um diâmetro acima de 100μm, é denominada de areia e são geralmente separados por meio de ciclones, enquanto o resto dos sólidos, mais finos do que 10μm são separados através de espaçadores. A solução que transborda do espaçador normalmente contém menos de 0,3g/L de sólidos e é o licor concentrado do produto, ao passo que o underflow varia de 15% a 35% em peso de sólidos e caminha para ser retirado como rejeito. Para a lavagem desse pré-rejeito, outros espessadores em série podem ser conectados ao underflow para aumentar ainda mais o teor de sólidos e retirar a solução clarificada. Filtros prensas também podem ser utilizado nesse momento. Precipitação: Precipitadores são cilindros verticais, com altura que pode ser de até 30m e normalmente 2,5 - 3 vezes o seu próprio diâmetro que recebem o licor concentrado. Nessa etapa, o fluxo é na direção descendente pelo tubo, de modo que os fundos dos tanques são quase planos para reverter o fluxo e provocar o movimento para cima do licor. A solução filtrada tem uma temperatura de 102°C e deve ser resfriada a 65°C antes da precipitação. Esse resfriamento é feito geralmente em tanques chamados de flash que, além de diminuir a temperatura, recuperam o vapor gerado na digestão. A reação que acontece no precipitador é a inversa da reação do digestor citada anteriormente. O resfriamento feito após a digestão e filtração muda a solução para uma área do diagrama de solubilidade conhecida como a região metastável. Os núcleos crescem pelo acúmulo de Al(OH)3 em sua superfície, tornando-se grande o suficiente para se tornarem sementes de hidróxido de alumina. As partículas também aumentam de tamanho por aglomeração, formam núcleos aglomerados nas primeiras horas do ciclo da precipitação. O resfriamento até à temperatura T2 cruza a curva de solubilidade na região metaestável. A adição de Al(OH)3 pode ser realizada como sementes, neste ponto, faz com que catalise a precipitação e a concentração Al2O3 sólido aumente. Então, o hidrato é retirado do processo, este denomina-se o Hidrato Úmido, pois ainda possui uma água superficial presente no material. Esta água pode ser retirada com aquecimento do produto a temperaturas acima de 100°C. A operação final na produção de alumina é a calcinação. A temperatura do Al(OH)3 atingida é acima 1107°C, o que resulta na reação: 2Al(OH)3 → Al2O3 + 3H2O (1.4) Evaporação: A solução de soda possui ciclos e é reciclada continuamente através da planta. Consequentemente, qualquer água de lavagem usada no processo, deve ser evaporada de modo que o volume da solução possa ser controlado a ponto de a solução retornada voltar a ter uma concentração suficiente para retornar ao processo. Em altas temperaturas nos digestores, ocorre uma outra evaporação a qual chama-se de evaporação instantânea. Esta ocorre ainda em volumes maiores do que na reciclagem da água de lavagem. 2.3. Refino A obtenção do alumínio ocorre pela redução da alumina calcinada em cubas eletrolíticas, a altas temperaturas, no processo conhecido como Hall-Héroult. São necessárias duas toneladas de alumina para produzir uma tonelada de metal primário pelo processo de Redução. Neste processo, o alumínio é produzido pela redução eletrolítica da alumina (Al2O3 ) dissolvida em um banho de fluoretos fundidos. O processo se desenvolve em fornos especiais revestidos de carbono, também chamados de cubas eletrolíticas, que operam a aproximadamente 960°C. A cuba possui dois componentes principais: os anodos, dispostos na parte superior, e o catodo, ou cuba propriamente dita, onde se processa a eletrólise. O alumínio obtido através desse processo possui 99,9% de pureza O alumínio líquido, produzido pela eletrólise, é retirado periodicamente das cubas e transferido em cadinhos até os chamados fornos de espera. Daí o metal segue para máquinas de lingotamento, onde é conformado e resfriado, para produção dos lingotes. A produção do Alumínio é dividida em duas partes: primária e secundária. O alumínio primário é produzido, basicamente, pelo processo Hall-Héroult, O alumínio secundário é produzido a partir da reciclagem de sucata e constitui uma importante fonte de produção do metal. Esta atividade vem sendo cada vez mais valorizada ultimamente, pois representa uma importante economia de energia elétrica, item especialmente importante na produção do metal. Qualidade O alumínio possui uma boa conformabilidade e pode ser produzido em uma série de formas diferentes. A tabela abaixo mostra a distribuição da produção de alumínio nos EUA, principal consumidor mundial. Produto Participação (%) Chapas, Placas e Folhas 51,3 Lingotes 26,4 Tubos e extrudados 14,9 Outros* 7,4 * Condutores (3,0%), barras, arames e fio-máquinas (2,7%), forjados (1,1%) e pó (0,6%) 3. Benefícios do alumínio Um dos benefícios mais essenciais do alumínio é o fato de poder ser alterado facilmente. Pode ser laminado em qualquer espessura e extrudados numa imensidade de perfis de seção transversal constante e de grande dimensão. O metal pode ser inclusive forjado ou impactado. A facilidade e a rapidez com o qual o alumínio pode ser usinado é outro fundamental aspecto que contribui para alastrar o consumo desse material e que também aceita, praticamente, todas as técnicas de união, tais como rebitagem, soldagem, brasagem e colagem. Além do mais, para a maior parte das aplicações do alumínio, não são necessários revestimentos de proteção. Outro importante emprego do alumínioé sua utilização nas ligas de fundição. Abaixo algumas vantagens: • Leveza; • Elevada condução de energia; • Impermeabilidade e opacidade; • Alta relação resistência/peso; • Beleza; • Durabilidade; • Maleabilidade e soldabilidade; • Resistência à corrosão; • Resistência e dureza; • Possibilidade de muitos acabamentos; • Infinitamente reciclável. 4. Classificação e aplicação O alumínio puro não é comumente utilizado, sendo muito comum o emprego de ligas de alumínio. As ligas de alumínio se dividem em grupos de acordo com os outros elementos em combinação. Nomenclatura Alluminum Association (AA) e ASTM para ligas de fundição XXX.X X1 - elemento majoritário da liga; X2 e X3 - teor mínimo de alumínio; X4 - zero indica composição das peças fundidas 1 e 2 indica composição dos lingotes • LIGAS 1XXX – Ligas com 99% de pureza de alumínio. Muito usadas na indústria química e elétrica. Exemplos: 1050 – 1070 – 1100 – 1200. • LIGAS 2XXX – Ligas base alumínio/cobre. Um dos tipos de alumínios aeronáuticos, muita resistência mecânica e leveza, além de excelente condutividade térmica. Exemplos: 2011 – 2014 – 2024. • LIGAS 3XXX – Ligas base alumínio/manganês. Usadas em aplicações arquitetônicas. Exemplos: 3003 – 3104 – 3105. • LIGAS 4XXX – Ligas base alumínio/silício. Muito usadas em aplicações para varetas de solda, brasagem, etc. Exemplos: 4104 – 4004. • LIGAS 5XXX – Ligas base alumínio/magnésio. Conhecidas amplamente como “alumínio naval”, devido a sua excelente resistência a corrosão em ambientes agressivos. Usada amplamente em moldes de alumínio para injeção e sopro de materiais poliméricos de baixa densidade. Exemplos: 5754 – 5052 – 5083. • LIGAS 6XXX – Ligas base alumínio/magnésio/silício. Liga usada em produtos extrudados, como perfis estruturais e arquitetônicos. Liga que aceita muito bem processos posteriores como anodização, soldagem, texturização, etc. Exemplos: 6061 – 6082 – 6351. • LIGAS 7XXX – Ligas base alumínio/zinco. Também conhecida como alumínio aeronáutico ou “duralumínio”. Ligas excelentes para moldes de injeção de polímeros de alta densidade. Exemplos: 7018 – 7021 – 7075. 5. Ligas alumínio silício Por causa das excelentes propriedades de fundição, as ligas Al-Si são bastante usadas como ligas de fundição (série 4XX.X), isto é, para a construção de peças fundidas, tendo como exemplo, pistões para motores de automóveis e aviões, mas em algumas aplicações pode ser encontrado como itens trabalhados, como metais de adição para soldagem (caso da liga 4043), também usados na construção de pistões forjados e aplicações arquitetônicas. As ligas Al-Si podem também receber adições de cobre, magnésio, ferro níquel e cobalto com o intuito de melhorar as propriedades mecânicas. O grande consumo das ligas Al-Si no uso das quais a característica da estrutura decorrente da solidificação é tão relevante (fundição e soldagem) está associado com as qualidades que o seu principal componente de liga, o silício, atribui às ligas de alumínio. Nestas ligas o silício é utilizado em teores com até 12 ou 13% e melhora o escoamento do alumínio líquido possibilitando que o mesmo flua melhor por meio das cavidades do molde de fundição, permitindo a aquisição de itens com formatos mais complexos. Do mesmo modo reduz a contração ao longo do resfriamento, diminui a porosidade nas peças fundidas, diminui o coeficiente de expansão térmica e aumenta a soldabilidade. Em altos teores dificulta a usinagem. 5.1. Efeito do silício nas ligas de alumínio O silício, como principal elemento de liga no grupo da liga Al-Si, aumenta a fluidez do alumínio líquido, propicia a redução da contração de solidificação durante o resfriamento, reduz a porosidade nas peças fundidas e o coeficiente de expansão térmico e melhora a soldabilidade. Abaixo temos algumas ligas Al-Si: Qualidades • Baixo ponto de fusão; • Boa resistência à corrosão; • Leveza; Vantagens de aplicação • Liga de corte livre com altas propriedades mecânicas; • Excelente usinabilidade; • Média resistência à corrosão; 5.2. Influência das impurezas na estrutura das ligas alumínio-silício As ligas Al-Si eutéticas de alta pureza tem estrutura lamelar. O silício eutético ocorre na forma de lamelas finas e bem distribuídas na matriz do alumínio. O refinamento da fase β é função da velocidade de solidificação. Quando a liga tiver quantidades reduzidas de fósforo a estrutura se modifica sensivelmente. O fósforo forma o fosfeto de alumínio, o qual atua como núcleo de cristalização do silício. Portanto, o fósforo tem o efeito de favorecer a formação de cristais primários de silício em ligas de composição eutética e mesmo ligeiramente hipereutéticas. A fase β passa a ocorrer na forma de plaquetas espessas, distribuídas ao acaso na matriz. Geralmente denominada de acicular ou granular. Naturalmente, essa morfologia da fase β é prejuducial para a ductilidade. O ferro, se tiver aplicado em altos teores (acima de 1,5%), pode provocar à produção de partículas grosseiras de fase AlFeSi, afetando as características mecânicas desses materiais. Com o acréscimo de um baixo teor de sódio às ligas Al-Si denominada de “modificação” conseguisse aparência de cristais arredondados e dispersos na liga de alumínio, modificando a microestrutura da liga favoravelmente conforme o ponto de vista das características mecânicas, visto que a microestrutura de placas angulares de silício causaria acumulo de tensões, prejudicando as características mecânicas da mesma. No entanto, em teores menores o ferro reduz a propensão da liga Al-Si soldar-se ao molde metálico na fundição em molde permanente (coquilhas e outros tipos). 5.3. Influência da adição de Elementos na Estrutura das Ligas Alumínio-Silício O principal efeito na adição de cobre é reforçar a resistência mecânica da liga, tanto antes como depois do tratamento térmico. Posto isto, o cobre torna as ligas AlSi-Cu tratáveis termicamente, isto é, passíveis de endurecimento através de tratamento térmico de envelhecimento (endurecimento por precipitação). O cobre é inserido em teores entre 3 e 11 %, que permitem que esse componente permaneça completo ou parcialmente solúvel no alumínio em temperaturas logo abaixo do ponto de fusão. Da ótica do processamento de fusão, favorece a redução da retração interna ao longo do resfriamento e a melhora da usinabilidade das peças fundidas. No entanto, ao contrário do silício, provoca fraqueza a quente e menor escoamento, além de diminuir a resistência à corrosão. A fragilidade a quente é superior no limite de solubilidade sólida, no momento em que a quantidade de eutético na liga é mínima. No conjunto Al-Si-Cu não se formam fases ternárias, as fases em equilíbrio são Al2Cu e silício. O magnésio, ao ser inserido às ligas Al-Si, torna as mesmas termicamente tratáveis, por causa da produção da fase Mg2Si, que é encarregado pelo endurecimento das ligas Al- Mg-Si (série 6XXX). No entanto, nas ligas Al-Si a taxa de magnésio não pode ser grande a fim de atrapalhar a fundição, por causa da produção da borra (oxidação excessiva do banho). Por outro aspecto, o magnésio aumenta a resistência à corrosão e a usinabilidade. Mais elementos podem ser incluídos de forma complementar a aquisição de resultados específicos. É a situação do ferro, manganês, cromo, níquel e zinco. O ferro, a título de exemplo, é inserido para diminuir a retração, mas também auxilia a melhorar o grão e contribui para extração das peças fundidas ao molde, diminuindo o agarramento. No entanto, seu teor precisa ser controlado, usualmente entre 0,15 a 1,2%, uma vez que além desta faixa causa sérios prejuízos às características mecânicas. Algumas aplicações: • Haste de enchimento • Indústria para usinagem de alumínio • Soldagem • Pistão de motor • Tubo de metal para radiador • Consumo em arquiteturae painéis decorativos na construção civil • Fios, arames e pós para brasagem. 6. Processo de fundição Os processos variam de acordo com a liga a ser fabricada, mas de modo geral é seguido alguns passos: • Carrega-se o material de maior ponto de fusão, já protegido com o fluxo; • Adiciona-se pedaços de liga Al-Si; • Adiciona-se Al puro; • Injeta-se gás inerte (argônio) e procede com o vazamento do forno à 650ºC • A panela já aquecida e protegida com o fluxo, recebe o metal fundido; • É feito o tratamento com gás inerte, acerta-se a temperatura (650 a 700ºC) • Faz-se o vazamento do molde. 6.1 Cuidados durante o processo de fundição • Usar matéria prima limpa, isenta de umidade e menos oxidada possível; • Pré-aquecer os fluxos usados; • Pré-aquecer o refratário do forno; • Evitar umidade excessiva no molde; • Facilitar a saída de gases do molde; • Sobreaquecimento moderado e fusão rápida; • Jato metálico curto; • Evitar turbulência nos canais. 7. Conclusão O alumínio puro não possui muitas aplicações, por conta de sua obtenção ser um processo caso, e suas ligas apresentarem ótimas características. Sendo assim, as ligas são mais utilizadas do que o alumínio puro, elas podem variar com diferentes composições e alterando assim as propriedades da liga, para que se adeque ao projeto na qual ela será utilizada, fazendo com que essa seja mais uma vantagem da ampla utilização de ligas de alumínio. 8. Referências bibliográficas ● SOARES, Gloria De Almeida. Fundição: Mercado, Processos e Metalurgia. [s. l.], p. 116, 2000. Disponível em: http://www.metalmat.ufrj.br/wp- content/uploads/2012/05/Fundição-mercado-processos-e-metalurgia.pdf. ● TÂMEGA, Fábio. Fundição de processos siderúrgicos. [S. l.: s. n.], 2017. ● PRODWEB. Resumo: Alumínio e suas ligas | Informações Técnicas | Alumínio | Metais & Ligas. Disponível em: https://www.infomet.com.br/site/metais-e-ligas- conteudo-ler.php?codAssunto=108 ● LIGAS DE ALUMÍNIO MATERIAIS PARA ENGENHARIA UFPR/2010 PROF. SCHEID. [s.l: s.n.]. Disponível em: http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM052/Prof.Sheid/Aula_Aluminio.pdf ● ALUMÍNIO E SUAS LIGAS ALUMÍNIO E SUAS LIGAS -PROPRIEDADES FÍSICAS E PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS MECÂNICAS. [s.l: s.n.]. Disponível em: http://www.spectru.com.br/Metalurgia/diversos/aluminio%5B1%5D.pdf ● How is aluminium made? Disponível em: https://www.hydro.com/pt- BR/aluminium/sobre-aluminio/how-aluminium-is-made ● Conheça todas as Ligas de Alumínio da Metalthaga. Disponível em: https://metalthaga.com.br/artigos/conheca-as-ligas-de-aluminio-da-metalthaga/
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