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Síntese 03_Fichamento_Fotografia na Pesquisa Organizacional_Washington_120722 (1)

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Washington Wender de Oliveira 2016.2.24.127
Síntese 03
Resumo Acadêmico - Uso da Fotografia na Pesquisa Organizacional: Legitimidade e Potencialidades 
“Este ensaio tem como objetivo discutir o uso do método fotográfico como meio de produzir evidências na pesquisa organizacional e contribuir com o debate para maior legitimidade de seu uso a partir das nuances que delimitam o campo organizacional. O argumento central é que a fotografia não é usada em sua potencialidade mais em razão de legitimidade do que características do método em si.”
Diz o autor do texto que o propósito do estudo realizado é debater a utilização de fotos na pesquisa organizacional e colaborar no que diz respeito a sua validade; isto, a partir das variantes que demarcam o campo organizacional. O principal argumento é que a imagem não é usada com toda a sua capacidade por não ser reconhecida como tal e não pela técnica empregada.(Pág.02)
“Há uma tradição do uso da fotografia na sociologia e na antropologia como um eficiente meio de produção de evidências complementares aos dados não verbais ou escritos, em que este método tem sido usado para analisar tanto fenômenos específicos como o que é produzido por uma cultura (Harper, 1988).”
Nas Ciências Sociais (Sociologia e Antropologia) o uso da fotografia é uma prática que acrescenta informações importantes aos dados coletados tanto na escrita quanto na expressão corporal, facial, gestos, sinais e códigos. É utilizada para investigar eventos específicos como também pelo que é formado na tradição e valores de um povo.(Pág.02)
“Uma razão indicada por Bell e Davison (2013) para este uso restrito é que os pesquisadores enfrentam desafios para demonstrar o caráter científico de suas pesquisas devido à natureza inerentemente ambígua e polissêmica do visual.”
É uma característica das imagens ter mais de um sentido; por isso, sua utilização por aqueles que fazem pesquisa é reduzida, de acordo com Bell e Davison (2013), torna-se um obstáculo.(Pág.02)
“Este reduzido uso da fotografia em estudos de organizações contrasta com o avanço tecnológico e com a diversidade dos meios de fotografar, o que tem possibilitado maior facilidade de uso e proporcionado elevados níveis de qualidade fotográfica (Soares & Storm, 2022; Steyaert, Marti, & Michels, 2012).” 
A limitada utilização de fotos em pesquisas organizacionais é contrária ao progresso tecnológico e as formas variadas de fotografar(tipos de câmera, técnicas e equipamentos) que facilitam o uso e propriciam imagens de alta resolução/qualidade visual.(Pág.02)
“O incremento do uso do método fotográfico pode trazer ganhos para os pesquisadores em particular e para o campo em geral, haja vista a capacidade de exploração de elementos não textuais ou verbais que podem ser uma rica fonte de evidências dos fenômenos organizacionais, sem prejuízo do rigor analítico.”
O aumento do uso do método fotográfico pode beneficiar particularmente os estudiosos e o campo a investigar dado o potencial de análise das posturas, códigos, gestos faciais, corporais e formas de escrita expressas no ambiente organizacional sem deixar de levar em consideração a rigidez concernente à pesquisa e criticidade necessárias. O aumento do uso do método fotográfico pode beneficiar particularmente os estudiosos e o campo em geral.(Pág.02)
“O método fotográfico pode ser um profícuo meio de suportar pesquisas que apresentem temas atuais e relevantes para a sociedade, no intuito de compreender uma realidade para transformá-la no nível que um vasto escopo da sociedade, e não apenas alguns grupos sociais, entende como mais relevante e positivo para o seu desenvolvimento.”
A utilização da fotografia pode ser exitosa, dar bons resultados e alicerçar estudos relacionados a assuntos dos dias de hoje que sejam importantes à coletividade. que abarque todos os grupos sociais no propósito de conhecer situações reais, significativas a todos e modificá-las. (Pág.02)
Na pesquisa organizacional, ao registrar os espaços e os ambientes, amplia-se o potencial de explicação dos mais variados fenômenos organizacionais (Shortt, 2015).
O registro fotográfico de lugares e áreas de atuação nos estudos organizacionais amplificam a capacidade de esclarecer as formas de relacionamento, a cultura, missão, valores, estrutura e outros fatores imbuídos naquele contexto. (Pág. 03)
“As fotografias têm uma vivacidade rica na qualidade e profundidade das informações sensoriais, ajudando os indivíduos a codificar suas informações mais prontamente e com maior acúmulo de informações (Machin, Moscato, & Dadzie, 2021) e ainda podem revelar aspectos que não são explicitados em entrevistas (Buchanan, 2001).”
A riqueza de detalhes e a expressividade das fotos transcendem o visual e agregam conteúdos que são identificados de imediato. (Pág. 03)
“Shortt (2012) faz uso da autofotografia e da foto-entrevista para analisar como um grupo de trabalhadores cabeleireiros do Reino Unido usa os espaços, objetos e coisas em seus locais de trabalho para formar uma narrativa visual de quem eles são, ou seja, como eles usam aspectos de sua paisagem material de trabalho como recursos importantes na produção e reprodução de suas identidades de trabalho.”
Shortt num estudo realizado em 2012 demonstra pelo uso da autofotografia e da foto-entrevista que a imagem é importante meio no que diz respeito à identidade profissional visto que os elementos dispostos no ambiente de trabalho possibilitam esse feito. O cenário registrado e os instrumentos de trabalho expostos no ambiente  podem revelar a identidade profissional daqueles que estão a desempenhar uma função; ou seja, conta-se uma história pela mídia visual. (Pág.03) 
“Para além destas classificações, sob uma perspectiva prática, a fotografia pode ser usada em casos em que pessoas envolvidas com o fenômeno em análise não se sintam à vontade em responder a uma entrevista ou em participar de um grupo focal, por exemplo, mas permitem o registro de suas rotinas laborais. A fotografia pode ainda ser usada na pesquisa como um meio de comunicação entre pesquisador e investigados (Wilhoit, 2017).”
Segundo Willhoit (2017), a fotografia pode ser uma ferramenta que facilita o estabelecimento de contato na execução da pesquisa em campo. Os participantes podem sentir-se desconfortáveis ao serem observados e questionados individualmente ou em grupo; no entanto, permitem que se faça registros enquanto desenvolvem suas ocupações profissionais. (Pág.03)
“Os registros fotográficos podem relacionar aspectos físicos a comportamentos, como registro de ornamentos ou de ambientes que revelam elementos da cultura organizacional (Byrne, Cave, & Raymer, 2021), tais como design de interiores, fachadas, móveis, quadros, fotografia do fundador e uso de cores nos ambientes.”
A escolha da decoração, a estrutura do imóvel, arquitetura e engenharia manifestam não somente caracterísitcas do lugar mas também comportamentos, valores presentes na cultura corporativa (2 segundo Byrne, Cave e Raymer(2021). (Pág. 05)
“Eventualmente, o pesquisador pode ter acesso a fotos anteriores pertencentes ao acervo organizacional ou de algum membro da organização que são úteis ao seu objeto de investigação, o que seria designado como um método híbrido (Meyer et al., 2013). Neste caso, o pesquisador deve examinar a pertinência do uso a partir de seus objetivos e garantir todos os cuidados aqui discutidos, deixando claro caso faça uso de tais registros.”
O uso de fotos anteriores à pesquisa, seja da organização ou pertencente a outro membro, podem servir ao objeto de estudo se pertinentes.Este método é chamado híbrido e se utilizado deve constar como informação no trabalho (Pág. 05)
“Posteriormente, os registros devem ser ordenados de acordo com critérios que os pesquisadores entendam que melhor atendem aos seus objetivos, por exemplo, ordem cronológica, eventos ou espaços organizacionais.” 
Uma pesquisa deve ser planejada e estabelecer critérios para ser efetivada. Assim, os registros fotográficos serão organizados de acordo com os objetivosdo pesquisador.Pode-se utilizar registros por ordem de data, por acontecimentos, solenidades, dimensão física conforme Muzzio, 2022. (Pág. 06)
“Neste sentido, a representação da fotografia não deve ser dada como absolutamente realística diante da mediação interpretativa do pesquisador, bem como daqueles que visualizam as imagens, pois as fotos dependem da intenção do pesquisador, de seu objeto de investigação, de como obtém a concordância dos participantes, de questões de estilo, de enquadramento etc. (Buchanan, 2001).”
A interpretação de uma pesquisa que utiliza registro fotográficos porta também a interferência da pessoa que a realiza visto que foram escolhidas de acordo com o seu propósito na investigação.O modo de fotografar, o ângulo e delimitação das imagens, o aceite dos que integram o estudo perpassam por esta questão. (Pág. 07)
Espera-se ainda que o pesquisador busque garantir que as pessoas tenham conhecimento prévio de sua presença no período designado de pesquisa (Ray & Smith, 2012), a partir da informação dos responsáveis pelo contexto organizacional investigado. 
Outro ponto importante diz respeito a que seja assegurado pelo investigador que aqueles que integrarão o estudo saibam com antecedência pelos superiores hierárquicos que o pesquisador estará no local. (Pág. 07)
Outro aspecto de preocupação é a necessidade de transparência dos dados, ou seja, sob a ótica da ciência aberta (Vicente-Saez & Martinez-Fuentes, 2018), permitir que os vários atores do campo, desde que com autorização e sem causar problemas éticos, tenham acesso aos registros fotográficos utilizados para apoiar as alegações da pesquisa empírica, o que possibilitaria aos leitores apreciar a riqueza e as nuances do que as fontes evidenciam e avaliar a robustez da pesquisa. 
Se permitido e sem problemas de ordem ética, as informações obtidas pelo pesquisador devem estar disponíveis para acesso daqueles que participaram da construção do trabalho pelas imagens obtidas e que ajudaram a solidificá-lo. Para Saez e Fuentes (2018) trata-se de um assunto que se deve estar atento. (Pág. 08)
No aspecto epistemológico, parece que o debate não deve caminhar para a dicotomia certo ou errado. Faz mais sentido observar a lógica de escolhas ou embates, que são realizados em função de configurações do campo, de poder ou de hegemonias institucionalizadas (Dimaggio & Powell, 1983; Suchman, 1995).
No que se refere ao conhecimento científico, certo ou errado não deveria ser o argumento quanto ao uso de registro fotográfico. Considerar que a escolha desse instrumento deve-se ao contexto investigado e a cultura estabelecida nas relações têm mais fundamento de acordo com Dimaggio e Powell (1983) e também Suchman(1995). (Pág. 08)
É neste contexto que se insere o método fotográfico, o qual está ainda inserido no embate entre as linguagens verbal e escrita, as predominantes no campo organizacional (Meyer et al., 2013, Sølvberg & Jarness, 2019), e a linguagem visual.
Segundo et al (2013), Solvberg & Jamess (2019) o registro fotográfico está inserido na linguagem visual e encontra resistência no campo organizacional por prevalecer nos estudos realizados neste cenário o uso das linguagens verbal e escrita. (Pág. 08)
A legitimidade é um processo de convencimento social de médio-longo prazo (Suchman, 1995).
Conforme Suchman (1995) a aceitação quanto ao uso do registro fotográfico como meio válido em pesquisas organizacionais é um movimento gradativo; leva tempo.(Pág. 08)
Em busca de uma compreensão sobre o porquê deste reduzido uso do método fotográfico dentre os métodos qualitativos, defende-se aqui que a principal razão é o comportamento mimético (Dimaggio & Powell, 1983), e o fato de que acadêmicos reproduzem automaticamente determinados procedimentos dados como certos, sem refletir sobre eles (Bispo, 2017).
Ao buscar respostas para o presente estudo no que diz respeito à utilização limitada de imagens nas pesquisas em Administração tem-se que o principal motivo diz respeito à imitação de um modo de investigar segundo defende Dimaggio & Powell (1983). Conforme Bispo (2017), estudantes repetem modos/métodos de fazer pesquisas que são apresentadas pelos docentes sem questioná-los ou buscar novas formas. (Pág. 08)
O contexto social contemporâneo é marcado por um largo uso de imagens, principalmente pela capacidade da propagação digital (Bell & Davison, 2013; Soares & Storm, 2022). No contexto organizacional, esta valorização do imagético pode ser usada para ampliar o uso do visual em pesquisas (Byrne et al., 2021).
As mídias sociais são exemplos de veículos de comunicação nos quais as trocas de mensagens ocorrem frequentemente pelo uso de imagens compartilhadas. O uso de imagens pode ser também mais explorado no contexto corporativo no que tange à realização de pesquisas de campo de acordo com Byrne et al (2021). (Pág. 09)
Portanto, este artigo defende que pesquisas contemporâneas em administração podem se valer do método fotográfico como um meio robusto de evidenciar o cotidiano organizacional e suas práticas. 
Deste modo, Muzzio (2022) sustenta que estudos atuais em Administração podem fazer uso de registros fotográficos como instrumento consistente para revelar a rotina organizacional. (Pág. 09)

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