Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade de Brasília Instituto de Relações Internacionais – IREL História das Relações Internacionais do Brasil – IRI0154 Prof. Dr. Antonio Carlos Moraes Lessa Discente: Deborah Francis de Medeiros Cruz Matrícula: 180099892 DESAFIO 3 O Brasil e o comércio compensado Com a ameaça da Segunda Grande Guerra e o fortalecimento dos ideais fascistas frente à impopularidade da economia liberal vigente, os vínculos históricos, culturais e comerciais que atavam os Estados Unidos ao Brasil se afrouxaram. No Brasil, o contraste ideológico entre os americanófilos e germanófilos era bem representado, respectivamente, pelo interesse de aproximação dos Estados Unidos por parte de Oswaldo Aranha; e da Alemanha pelas Forças Armadas. A forte polarização no posicionamento político brasileiro não se atinha à filosofia social ou à simpatia pelo regime de um ou outro, mas ao entendimento de que a neutralidade beneficiaria a estratégia comercial adotada por Vargas. Para os Estados Unidos, no entanto, a manifestação de contrariedade ao Eixo deveria ser objetivamente expressa. Mais do que isso, Roosevelt apresentava uma forte resistência a tolerar a aproximação comercial do Brasil ao seu oponente de guerra. No ano de 1935, sob a alçada de Oswaldo Aranha, o Brasil assina um tratado comercial com os Estados Unidos, objetivando, principalmente, a exportação de borracha destinada à indústria bélica (ALMEIDA, p. 380). Ao mesmo tempo da reconciliação com os Estados Unidos, o Brasil declara neutralidade em relação à guerra, estabelecendo assim, uma equidistância pragmática perante os países beligerantes, com o intuito de evitar o enfraquecimento das relações comerciais com ambos (ALMEIDA, p. 396). Através de um acordo assinado em 1936, um novo modelo de trocas comerciais passa a ser contemplado. Como uma espécie de ‘câmbio sofisticado’ (ALMEIDA, p. 395), Brasil e Alemanha estabelecem a criação de um novo sistema de moeda, onde o valor dos produtos era convertido em crédito de mercadoria e a troca de divisas era evitada, criando assim uma caixa de compensação. A prática do intercâmbio de produtos, especialmente do algodão, eleva as exportações brasileiras destinadas à Alemanha a ponto de ultrapassarem as exportações aos Estados Unidos no ano de 1936 (DORATIOTO e VIDIGAL, p. 91). A Alemanha podia oferecer ao Brasil a oportunidade de minimizar a necessidade de troca de moedas ao fornecer bens manufaturados e receber o pagamento em produtos agrícolas, que no caso do café, como Almeida pontua, seria queimado de qualquer maneira (ALMEIDA, p. 395). Como consequência, a estratégia também mobilizaria os Estados Unidos, no sentido de tentar frear a incisiva aproximação alemã, resultando na construção da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, financiada pelo governo americano (DORATIOTO e VIDIGAL, p. 87). Conclui-se, portanto, no que diz respeito ao plano de industrialização engendrado por Vargas, que o Brasil parecia seguir um alinhamento certeiro, que chega ao fim em 1942, com a sua inserção na Segunda Guerra. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DORATIOTO, Francisco & VIDIGAL, Carlos Eduardo. História das Relações Internacionais do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014. ALMEIDA, João Daniel Lima de. História do Brasil (Manual do candidato). Brasília: FUNAG, 2013, p. 390-401. Videoaula. Prof. Aarão Reis. História em Gotas. Vargas, Alemanha e Comércio Compensado. Disponível em Youtube Videoaula. Prof. Aarão Reis. História em Gotas. Vargas, Era Vargas, Política Externa Brasileira, entre os EUA e a Alemanha. Disponível em Youtube
Compartilhar