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Apg 20 Glândulas adrenais

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Apg 20 – Glândulas 
adrenais 
Objetivos: 
1-Compreender anatomia e histologia da 
glândula suprarrenal; 
2-Entender a fisiologia do hormônio cortisol. 
ANATOMIA 
As glândulas suprarrenais (adrenais) são 
órgãos pares localizados no espaço 
retroperitoneal da cavidade abdominal. A 
glândula direita é achatada e triangular, 
enquanto a glândula esquerda tem formato 
semilunar. 
Inseridas na gordura perirrenal, nos lobos 
superiores dos rins. As glândulas suprarrenais 
secretam hormônios esteroides e catecolaminas. 
As glândulas suprarrenais são recobertas por 
uma cápsula espessa de tecido conjuntivo, a 
partir da qual trabéculas se estendem até o 
parênquima, transportando vasos sanguíneos e 
nervos. 
 
O tecido parenquimatoso secretor é 
organizado em duas regiões distintas: 
 O córtex é a porção secretora de esteroides. 
Situa-se abaixo da cápsula e constitui quase 
90% da glândula por peso; 
A medula é a porção secretora de 
catecolaminas. Situa-se abaixo do córtex e 
forma o centro da glândula. 
As células corticais originam-se do mesênquima 
mesodérmico, enquanto a medula tem a sua 
origem de células da crista neural que migram 
para a glândula em desenvolvimento. 
Suprimento sanguíneo: 
Cada glândula suprarrenal é suprida com 
sangue pelas artérias suprarrenais superior, 
média e inferior e drenada pelas veias 
suprarrenais. 
No lado esquerdo, a veia suprarrenal drena na 
veia renal esquerda, ao passo que, do lado 
direito, a veia suprarrenal drena diretamente na 
veia cava inferior. Esses vasos ramificamse antes 
de entrar na cápsula, produzindo numerosas 
artérias pequenas que penetram na cápsula. 
Na cápsula, as artérias ramificamse e dão 
origem a três padrões principais de 
distribuição do sangue. Os vasos formam um 
sistema que consiste em: 
Capilares capsulares, que suprem a cápsula 
Capilares sinusoidais corticais fenestrados 
Arteríolas medulares 
Por conseguinte, a medula apresenta um duplo 
suprimento sanguíneo: o sangue arterial 
proveniente das arteríolas medulares e o 
sangue venoso proveniente dos capilares 
sinusoidais corticais que já supriram o córtex. 
HISTOLOGIA 
Células da medula da suprarrenal 
Células cromafins: localizadas na medula da 
suprarrenal são inervadas por neurônios 
simpáticos pré-sinápticos. 
A porção central da glândula suprarrenal, a 
medula, é composta de um parênquima com 
grandes células epitelioides, de coloração 
pálida, denominadas células cromafins (células 
medulares), tecido conjuntivo, numerosos 
capilares sanguíneos sinusoidais e nervos. As 
células cromafins são, de fato, neurônios 
modificados. Numerosas fibras nervosas 
simpáticas pré-sinápticas mielinizadas passam 
diretamente até as células cromafins da 
medula. Quando impulsos nervosos 
transportados pelas fibras simpáticas alcançam 
as células cromafins secretoras de 
catecolaminas, elas liberam seus produtos 
secretores. As células cromafins são 
consideradas o equivalente de neurônios pós-
sinápticos. No entanto, carecem de 
prolongamentos axônicos. 
Por conseguinte, os hormônios do córtex da 
suprarrenal exercem controle sobre a 
morfologia das células cromafins e impedem 
que formem prolongamentos neurais. 
Consequentemente, as células cromafins 
assemelhamse muito mais a células endócrinas 
típicas, uma vez que seus produtos secretores 
entram na corrente sanguínea por meio de 
capilares fenesterados. 
Células ganglionares na medula: Seus axônios 
estendem-se perifericamente até o parênquima 
do córtex da suprarrenal para modular sua 
atividade secretora e inervar os vasos 
sanguíneos, e também se estendem fora da 
glândula até os nervos esplâncnicos que 
inervam os órgãos abdominais. 
As 
células cromafins da medula da suprarrenal 
exercem função secretora. As células cromafins 
estão organizadas em agrupamentos ovoides e 
em cordões interconectantes curtos. Os 
capilares sanguíneos estão dispostos em íntima 
relação com o parênquima. Originam-se dos 
capilares corticais ou, na forma de ramos, das 
arteríolas corticais. 
Em nível ultraestrutural, as células cromafins 
caracterizamse por numerosas vesículas 
secretoras, com diâmetros de 100 a 300 nm, 
perfis de RER e um complexo de Golgi bem 
desenvolvido. O material secretor das vesículas 
pode ser corado histoquimicamente para 
demonstrar especificamente que as 
catecolaminas, a epinefrina e a norepinefrina 
secretadas pelas células cromafins são 
produzidas por diferentes tipos de células. 
O MET também revela a existência de duas 
populações de células cromafins, que se 
distinguem pela natureza de suas vesículas 
envolvidas por membrana: Uma população de 
células contém apenas grandes vesículas com 
uma região central densa. Essas células 
secretam norepinefrina. A outra população de 
células contém vesículas, que são menores, mais 
homogêneas e menos densas. Essas células 
secretam epinefrina. 
 A exocitose das vesículas secretoras é 
desencadeada pela liberação de acetilcolina 
dos axônios simpáticos pré-sinápticos que 
fazem sinapse com cada célula cromafim. A 
epinefrina e a norepinefrina representam menos 
de 20% do conteúdo das vesículas secretoras 
da medula. As vesículas também contêm 
grandes quantidades de proteínas solúveis de 
48 kDa, denominadas cromograninas, que 
parecem conferir densidade ao conteúdo das 
vesículas. Essas proteínas, juntamente com o 
ATP e o Ca2+ , podem ajudar a ligar as 
catecolaminas de baixo peso molecular e são 
liberadas com os hormônios durante a 
exocitose. As catecolaminas, sintetizadas no 
citosol, são transportadas dentro das vesículas 
por meio da ação de uma ATPase ativada por 
magnésio na membrana da vesícula. 
Os glicocorticoides secretados no córtex 
induzem a conversão de norepinefrina em 
epinefrina nas células cromafins. Os 
glicocorticoides produzidos no córtex da 
suprarrenal alcançam diretamente a medula 
por meio da continuidade dos capilares 
sinusoidais corticais e medulares. Induzem a 
enzima que catalisa a metilação da 
norepinefrina para produzir epinefrina. A 
natureza do fluxo sanguíneo correlacionase 
com diferenças regionais na distribuição das 
células cromafins que contêm norepinefrina e 
epinefrina. 
As catecolaminas, juntamente com os 
glicocorticoides, preparam o corpo para a 
resposta de “luta ou fuga”. A súbita liberação 
de catecolaminas estabelece condições para 
o uso máximo de energia e, portanto, para o 
esforço físico máximo. Tanto a epinefrina 
quanto a norepinefrina estimulam a 
glicogenólise (liberação de glicose na corrente 
sanguínea) e a mobilização dos ácidos graxos 
livres do tecido adiposo. A liberação de 
catecolaminas também provoca elevação da 
pressão arterial, dilatação dos vasos 
sanguíneos coronários, vasodilatação dos 
vasos que suprem o músculo esquelético, 
vasoconstrição dos vasos que transportam o 
sangue para a pele e o intestino, aumento da 
frequência e débito cardíacos e aumento na 
frequência e profundidade da respiração. 
HISTOLOGIA DO CÓRTEX DA SUPRARRENAL 
O córtex da suprarrenal é dividido em três 
zonas, de acordo com o arranjo de suas 
células: 
 A zona glomerulosa, a zona externa mais 
delgada que constitui até 15% do volume 
cortical 
A zona fasciculada, a zona média espessa que 
constitui quase 80% do volume do córtex 
A zona reticulada, a zona interna que 
representa apenas 5 a 7% do volume do 
córtex, mas é mais espessa que a zona 
glomerulosa, em virtude de sua localização 
mais central 
Zona Glomerulosa 
As células da zona glomerulosa estão dispostas 
em agrupamentos ovoides estreitamente 
acondicionados e em colunas encurvadas, que 
se continuam com os cordões celulares da 
zona fasciculada. 
As células da zona glomerulosa são 
relativamente pequenas e colunares ou 
piramidais. 
Seus núcleos esféricos aparecem densamente 
compactados e exibem coloração densa. 
Nos humanos, algumas áreas do córtexpodem 
carecer de uma zona glomerulosa reconhecível. 
 Cada agrupamento de células é circundado 
por uma rede rica de capilares sinusoidais 
fenestrados. 
 As células apresentam quantidade abundante 
de retículo endoplasmático liso (REL), múltiplos 
complexos de Golgi, mitocôndrias grandes com 
cristas organizadas como prateleiras, 
ribossomos livres e algum RER. 
São observadas gotículas lipídicas esparsas. 
A zona glomerulosa secreta aldosterona, que 
atua no controle da pressão arterial. 
O sistema reninaangiotensinaaldosterona 
fornece o controle da zona glomerulosa por 
retroalimentação. 
ZONA FASCICULADA 
As células da zona fasciculada são grandes e 
poliédricas. 
 Estão dispostas em longos cordões retilíneos, 
com espessura de uma ou duas células, 
entremeados por capilares sinusoidais. 
As células da zona fasciculada apresentam um 
núcleo esférico de coloração clara. É comum 
observar células binucleadas nessa zona. 
Estudos realizados com o MET revelam 
características típicas das células secretoras 
de esteroides; isto é, um REL altamente 
desenvolvido (mais que aquele observado nas 
células da zona glomerulosa) e mitocôndrias 
com cristas tubulares. Essas células também 
exibem um complexo de Golgi bem 
desenvolvido e numerosos perfis de RER, que 
podem conferir uma ligeira basofilia a algumas 
partes do citoplasma. Embora, em geral, 
pareça estar vacuolado nos cortes histológicos 
de rotina, devido à extração do lipídio 
durante a desidratação, o citoplasma costuma 
ser acidofílico e contém numerosas gotículas 
lipídicas. Estas contêm gorduras neutras, ácidos 
graxos, colesterol e fosfolipídios que são 
precursores dos hormônios esteroides 
secretados por essas células. 
 A principal secreção da zona fasciculada 
consiste em glicocorticoides, que regulam o 
metabolismo da glicose e dos ácidos graxos. 
As células na zona fasciculada não podem 
produzir aldosterona, pois carecem da enzima 
aldosterona sintase. No entanto, contêm duas 
outras enzimas importantes, a 17αhidrolase e a 
17,20liase, para produzir glicocorticoides e 
pequenas quantidades de gonadocorticoides 
(androgênios suprarrenais). Os glicocorticoides 
são assim denominados em virtude de seu 
papel na regulação da gliconeogênese 
(síntese de glicose) e da glicogênese 
(polimerização do glicogênio). Um dos 
principais glicocorticoides secretados pela 
zona fasciculada, o cortisol, atua sobre muitas 
células e tecidos diferentes para aumentar a 
disponibilidade metabólica da glicose e dos 
ácidos graxos, ambos os quais constituem 
fontes imediatas de energia. O outro 
glicocorticoide, a corticosterona, é secretado e 
circula no sangue em níveis 10 a 20 vezes 
menores que o cortisol. 
ZONA RETICULADA 
As células da zona reticulada são 
notadamente menores que as da zona 
fasciculada, e seus núcleos exibem coloração 
mais intensa. Essas células estão dispostas em 
cordões anastomosados, separados por 
capilares fenestrados. As células apresentam um 
número relativamente pequeno de gotículas 
lipídicas. São observadas células tanto claras 
quanto escuras. As células escuras apresentam 
quantidades abundantes de grandes grânulos 
de pigmento de lipofuscina, e são observados 
núcleos intensamente corados. As células dessa 
zona são pequenas, uma vez que dispõem de 
menos citoplasma que as células da zona 
fasciculada; por conseguinte, os núcleos 
aparecem mais densamente organizados. 
Exibem características de células secretoras de 
esteroides, isto é, um REL bem desenvolvido e 
numerosas mitocôndrias alongadas com cristas 
tubulares; contudo, apresentam pouco RER. 
A principal secreção da zona reticulada 
consiste em gonadocorticoides (androgênios 
suprarrenais). 
SINTESE DOS HORMÔNIOS 
 
A síntese de todos os hormônios esteroides 
inicia com o colesterol, que é modificado por 
diversas enzimas para formar aldosterona, 
glicocorticoides ou hormônios sexuais 
(androgênios ou ainda estrogênios ou 
progesterona, os hormônios sexuais dominantes 
nas mulheres). As vias são as mesmas no córtex 
da glândula suprarrenal, nas gônadas e na 
placenta; o que difere de tecido para tecido é 
a distribuição das enzimas que catalisam as 
diferentes reações. Por exemplo, a enzima que 
sintetiza a aldosterona é encontrada em 
apenas uma das três zonas do córtex da 
glândula suprarrenal. 
A grande semelhança estrutural entre os 
hormônios esteroides faz os sítios de ligação 
nos seus receptores também serem similares, 
levando a efeitos cruzados quando um 
esteroide se liga ao receptor de uma molécula 
similar. Por exemplo, os receptores de 
mineralocorticoides (MRs) para a aldosterona 
são encontrados no néfron distal. Os MRs 
também se ligam e respondem ao cortisol, que 
pode ser cem vezes mais concentrado no 
sangue que a aldosterona. Como evitar que o 
cortisol se ligue ao MR e influencie a excreção 
de Na e de K As células do túbulo renal que 
apresentam MRs possuem uma enzima (11-
hidroxiesteroide desidrogenase) que converte o 
cortisol em uma forma menos ativa com menor 
especificidade ao MR. Pela inativação do 
cortisol, as células renais normalmente previnem 
os efeitos cruzados do cortisol. 
A secreção de cortisol é controlada pelo ACTH 
A via de controle da secreção de cortisol é 
conhecida como eixo hipotálamo-hipófise-
suprarrenal (HPA, do inglês, hypothalamic- -
pituitary-adrenal). O eixo HPA inicia com o 
hormônio liberador de corticotrofinas (CRH, do 
inglês, corticotropin-releasing hormone), que é 
secretado no sistema porta hipotalâmico-
hipofisário e transportado até a adeno-
hipófise. O CRH estimula a secreção do 
hormônio adrenocorticotrófico (ACTH, do inglês, 
adrenocorticotropic hormone) (ou 
corticotrofina) da adeno-hipófise. O ACTH, por 
sua vez, atua no córtex da glândula 
suprarrenal para promover a síntese e a 
liberação de cortisol. O cortisol, então, atua 
como um sinal de retroalimentação negativa, 
inibindo a secreção de ACTH e de CRH. 
 A secreção de cortisol é contínua e possui um 
forte ritmo diurno. O pico da secreção 
geralmente ocorre pela manhã e diminui 
durante a noite. A secreção de cortisol também 
aumenta com o estresse. 
O cortisol é um hormônio esteroide típico e é 
sintetizado conforme a demanda. Uma vez 
sintetizado, ele difunde-se das células 
suprarrenais para o plasma, onde grande parte 
desse hormônio é transportada por uma 
proteína de transporte, a globulina ligadora 
de corticosteroides (CBG). O hormônio não 
ligado está livre para se difundir para dentro 
das células-alvo. 
 Todas as células nucleadas do corpo possuem 
receptores glicocorticoides citoplasmáticos. O 
complexo hormônio-receptor entra no núcleo, 
liga-se ao DNA e altera a expressão gênica, a 
transcrição e a tradução. Em geral, uma 
resposta do tecido aos hormônios 
glicocorticoides não é evidente antes de 60 a 
90 minutos. Contudo, o efeito da 
retroalimentação negativa do cortisol na 
secreção do ACTH ocorre em alguns minutos. 
 
Os glicocorticoides suprarrenais são, às vezes, 
chamados de hormônios do estresse devido ao 
seu papel como mediador do estresse a longo 
prazo. As catecolaminas suprarrenais, 
particularmente a adrenalina, são responsáveis 
por respostas metabólicas rápidas necessárias 
em situações de luta ou fuga. O cortisol é 
essencial à vida. Os animais cujas glândulas 
suprarrenais tenham sido removidas morrem se 
expostos a qualquer estresse ambiental 
significativo. O efeito metabólico mais 
importante do cortisol é seu efeito protetor 
contra a hipoglicemia. Quando os níveis 
sanguíneos de glicose diminuem, a resposta 
normal é a secreção do glucagon pancreático, 
que promove a gliconeogênese e a quebra de 
glicogênio. Na ausência de cortisol, entre- 
tanto, o glucagon é incapaz de responder 
adequadamente a um desafio hipoglicêmico. 
Como o cortisol é necessário para a plena 
atividade do glucagon e das catecolaminas,diz-se que ele tem um efeito permissivo em 
relação a estes hormônios. Os receptores de 
cortisol são encontrados em todos os tecidos 
do corpo, mas para muitos alvos não 
entendemos plenamente a ação fisiológica do 
cortisol. Contudo, podemos especular sobre 
essas ações com base nas respostas dos 
tecidos a níveis altos (doses farmacológicas) 
de cortisol administrado por razões 
terapêuticas ou associado à hipersecreção. 
Todos os efeitos metabólicos do cortisol têm o 
objetivo de prevenir a hipoglicemia. 
Globalmente, o cortisol é catabólico 
 1. O cortisol promove gliconeogênese 
hepática. Uma parte da glicose produzida no 
fígado é liberada para o sangue, e o restante 
é estocado como glicogênio. Como resultado, 
o cortisol aumenta a concentração de glicose 
no sangue. 
2. O cortisol causa a degradação de 
proteínas do músculo esquelético para fornecer 
substrato à gliconeogênese. 
3. O cortisol aumenta a lipólise, 
disponibilizando ácidos graxos aos tecidos 
periféricos para a produção de energia. O 
glicerol pode ser usado para a 
gliconeogênese. 
4. O cortisol inibe o sistema imune por meio de 
múltiplas vias. Esse efeito é discutido em mais 
detalhes mais adiante. 
5. O cortisol causa equilíbrio negativo do 
cálcio. O cortisol diminui a absorção intestinal 
de Ca2 e aumenta a excreção renal de Ca2, 
resultando na perda de Ca2 pelo corpo. Além 
disso, o cortisol é catabólico no tecido ósseo, 
causando a degradação da matriz óssea 
calcificada. Como consequência, as pessoas 
que tomam cortisol para tratamento por longos 
períodos têm uma incidência mais alta de 
fratura dos ossos. 
 6. O cortisol influencia a função cerebral. 
Estados de excesso de cortisol ou de 
deficiência causam alterações no humor, assim 
como alterações de memória e de 
aprendizagem. Alguns desses efeitos podem ser 
mediados por hormônios da via de liberação 
do cortisol, como o CRH. Discutiremos esse 
efeito do cortisol em mais detalhes mais 
adiante. 
O cortisol é um fármaco terapêutico útil 
O cortisol suprime o sistema imune, evitando a 
liberação de citocinas e a produção de 
anticorpos pelos leucócitos. Ele também inibe a 
resposta inflamatória pela diminuição da 
mobilidade e migração dos leucócitos. Estes 
efeitos imunossupressores do cortisol fazem dele 
um fármaco útil no tratamento de várias 
condições, inclusive na reação alérgica a 
picadas de abelhas, à hera venenosa e ao 
pólen. O cortisol também ajuda a evitar a 
rejeição de órgãos transplantados. Entretanto, 
os glicocorticoides também têm efeitos 
colaterais potencialmente graves devido às 
suas ações metabólicas. Quando os anti-
inflamatórios não esteroides (AINEs), como o 
ibuprofeno, foram desenvolvidos, a utilização 
de glicocorticoides para tratar problemas 
inflamatórios menos importantes foi 
abandonada. 
 A administração exógena de glicocorticoides 
tem um efeito de retroalimentação negativa na 
adeno-hipófise e pode interromper a produção 
de ACTH.Sem a estimulação do ACTH, as 
células da glândula suprarrenal que produzem 
cortisol atrofiam. Por essa razão, é essencial 
que os pacientes que tomam esteroides 
diminuam as suas doses gradualmente, dando 
à hipófise e à glândula suprarrenal uma 
chance de se recuperarem, em vez de 
interromper o tratamento abruptamente. 
As disfunções mais comuns do eixo HPA resultam 
da deficiência ou do excesso hormonal. A 
responsividade anormal do tecido é uma 
causa incomum de distúrbios esteroides 
suprarrenais. 
Hipercortisolismo - O excesso de cortisol no 
corpo é chamado de hipercortisolismo. Ele 
pode ocorrer devido a hormônios secretados 
por tumores ou pela administração exógena do 
hormônio. O tratamento com altas doses de 
cortisol por mais de uma semana tem o 
potencial de causar hipercortisolismo, também 
conhecido como síndrome de Cushing. Muitos 
sinais de hipercortisolismo podem ser previstos a 
partir das ações normais do hormônio. O 
excesso de gliconeogênese causa 
hiperglicemia, que imita o diabetes. A 
degradação de proteínas musculares e a 
lipólise causam perda de tecido. 
Paradoxalmente, o excesso de cortisol deposita 
gordura extra no tronco e na face, talvez em 
parte devido ao aumento do apetite e da 
ingestão alimentar. A aparência clássica dos 
pacientes com hipercortisolismo é braços e 
pernas finos, obesidade no tronco e uma “face 
de lua cheia” com bochechas rechonchudas. 
Os efeitos no SNC do excesso de cortisol 
incluem euforia inicial, seguida de depressão, 
bem como comprometimento da aprendizagem 
e da memória. 
Hipocortisolismo As disfunções por 
hipossecreção são menos comuns que a 
síndrome de Cushing. A insuficiência suprarrenal, 
conhecida como doença de Addison, é a 
hipossecreção de todos os hormônios 
esteroides suprarrenais, geralmente resultante 
da secreção autoimune do córtex da glândula 
suprarrenal. As deficiências hereditárias das 
enzimas necessárias para a síntese de 
esteroides suprarrenais levam a síndromes 
relacionadas coletivamente conhecidas como 
hiperplasia suprarrenal congênita. Em algumas 
destas doenças hereditárias, os androgênios 
em excesso são secretados pelo fato de que o 
substrato que não é convertido em cortisol e 
aldosterona acaba sendo convertido em 
androgênios. Em meninas recém-nascidas, os 
androgênios em excesso causam a 
masculinização da genitália externa, levando a 
uma condição chamada de síndrome 
adrenogenital. 
O CRH e o ACTH possuem outras funções 
fisiológicas 
Atualmente, o interesse da pesquisa tem 
mudado dos glicocorticoides para o CRH e o 
ACTH, os hormônios tróficos do eixo HPA. Ambos 
os peptídeos são agora conhecidos por 
pertencer a uma família maior de moléculas 
relacionadas, com múltiplos tipos de receptores 
encontrados em inúmeros tecidos. Experimentos 
com camundongos nocaute deficientes em um 
receptor em particular têm revelado algumas 
das funções fisiológicas de peptídeos 
relacionados ao CRH e o ACTH. Dois achados 
interessantes dessas pesquisas são que as 
citocinas secretadas pelo sistema imune podem 
estimular o eixo HPA e que as células imunes 
possuem receptores para ACTH e CRH. A 
associação entre estresse e função imune 
parece ser mediada por CRH e ACTH, e essa 
associação dá uma explicação para as 
interações mente-corpo, nas quais o estado 
mental influencia funções fisiológicas. Família 
CRH - A família CRH inclui o CRH e um 
neuropeptídeo relacionado, chamado de 
urocortina. Em adição à sua participação na 
inflamação e na resposta imune, o CRH é 
conhecido por diminuir a ingestão alimentar e 
tem sido associado a sinais que marcam o 
início do trabalho de parto em gestantes. 
Evidências adicionais associam o CRH à 
ansiedade, à depressão e a outros transtornos 
do humor. 
POMC e melanocortinas A atuação do CRH 
sob a adeno-hipófise estimula a secreção de 
ACTH. O ACTH é sintetizado a partir de uma 
grande glicoproteína, chamada de pró-
opiomelanocortina (POMC). A POMC sofre 
processamento pós-transcricional para produzir 
uma variedade de peptídeos biologicamente 
ativos em adição ao ACTH. Na hipófise, os 
produtos da POMC incluem a beta-endorfina, 
um opioide endógeno que se liga a receptores 
que bloqueiam a percepção da dor. O 
processamento da POMC em tecidos não 
hipofisários cria peptídeos adicionais, como o 
hormônio estimulador de melanócitos (MSH, do 
inglês, melanocyte-stimulating hormone). 
O alfa-MSH é produzido no encéfalo, onde 
inibe a ingestão alimentar, e na pele, onde 
atua sobre os melanócitos. Os hormônios MSH e 
ACTH recebem o nome de melanocortinas. 
Cinco receptores de melanocrotinas (MCRs, do 
inglês, melanocortin receptors) foram 
identificados. O MCR2 responde apenas ao 
ACTH e é o receptor do córtex da glândula 
suprarrenal. O MCR1 é encontrado nos 
melanócitos da pele e responde igualmente ao 
alfa-MSH e ao ACTH. Quando o ACTH está 
elevado na doença de Addison,a ação do 
ACTH sobre o MCR1 leva ao aumento da 
produção de melanina e ao aparente 
“bronzeado”, ou escurecimento da pele, 
característico dessa doença. Parte da POMC 
é sintetizada em tecidos externos à adeno- -
hipófise. Os neurônios que produzem POMC no 
hipotálamo têm sido estudados quanto a seu 
papel na ingestão alimentar, no equilíbrio 
energético e na termorregulação. Os neurônios 
hipotalâmicos cossecretram POMC com outros 
peptídeos para diminuir a ingestão alimentar. 
Pesquisas recentes sugerem que a ação da 
nicotina nesses neurônios produtores de POMC 
possa explicar como o fumo diminui a ingestão 
alimentar. Outras pesquisas sugerem que esses 
neurônios produtores de POMC podem 
responder a mudanças na glicemia e 
possivelmente participar no mecanismo de 
controle glicostático, influenciando a ingestão 
alimentar.

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