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Trabalho Solos Ácidos do Cerrado

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Introdução
Originando-se de espessas camadas de sedimentos que datam do Terciário, os solos do Bioma do Cerrado são geralmente profundos, azonados, de cor vermelha ou vermelha amarelada, porosos, permeáveis, bem drenados e, por isto, intensamente lixiviados.
O teor de matéria orgânica destes solos é pequeno, ficando geralmente entre 3 e 5%. Como o clima é sazonal, com um longo período de seca, a decomposição do húmus é lenta. Sua microflora e micro/mesofauna são ainda muito pouco conhecidas. Todavia, acreditamos que elas devam ser bem características ou típicas, o que, talvez, nos permitisse falar em "solo de cerrado" e não apenas em "solo sob cerrado", como preferem alguns. Afinal, a flora e a fauna de um solo são partes integrantes dele e deveriam permitir distingui-lo de outros tantos solos, física ou quimicamente similares.
Os solos do cerrado são caracterizados pelo seu acentuado grau de intemperismo e pela sua acidez. O fato do relevo do cerrado ser antigo, significa que os solos foram bastante trabalhados pelos agentes intempéricos (clima, água, vento). Esse processo de intemperismo ocorreu por meio da lixiviação, o que diminuiu em elevado grau a sua fertilidade ao longo do tempo.
Quanto às suas características químicas, eles são bastante ácidos, com pH que pode variar de menos de 4 a pouco mais de 5. Esta forte acidez é devida em boa parte aos altos níveis de Al3+. Esses solos ácidos apresentam baixa disponibilidade de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), zinco (Zn), boro (B) e cobre (Cu). Possuem ainda alta saturação por alumínio (m%) bem como alta capacidade de fixação de fósforo.
A maioria dos solos da região dos Cerrados são os Latossolos, cobrindo 46% da área. Os Latossolos sob vegetação de cerrado são ácidos e pobres em nutrientes. Essa acidez (relacionada ao alumínio tóxico) e a escassez de nutrientes estão entre as principais causas do aparecimento do cerrado como vegetação natural, em vez de floresta. 
Embora haja baixa fertilidade natural, boa parte dos solos dessas áreas podem ser utilizadas para a agricultura intensiva, desde que se faça a neutralização da acidez, prejudicial às plantas cultivadas, com a aplicação de calcário e a adição de quantidades adequadas de nutrientes, e a aplicação de fertilizantes, especialmente os fosfatados. 
Características do solo ácido
	 
	A acidez do solo caracterizado por pH baixo, é comumente medido pelos teores de Al3+, e hidrogênio trocáveis do solo. O pH influencia a solubilidade, a concentração em solução e a forma iônica dos nutrientes no solo. Solos ácidos, em geral, têm baixa capacidade de troca de cátions, baixa saturação por bases e baixa capacidade de retenção de água, o que provoca a deficiência hídrica das plantas. A acidez ocorre pelo processo de decomposição da matéria orgânica que gera a formação de ácidos orgânicos e inorgânicos, o contato desses ácidos com solução aquosa reage dissociando, HA = H+ (cátion) + A – (ânion) 
Os solos do cerrado apresentam como principais características, baixa fertilidade, com solos deficientes em micronutrientes, pobre em matéria orgânica com baixa capacidade de troca e saturação de bases, sendo também solos ácidos com baixo pH comumente variando entre 4 a 6. e altas concentrações de alumínio, assim como de ferro e manganês e baixos teores de fósforo, cálcio e magnésio.
Consequências do solo ácido
O pH do solo afeta a disponibilidade de todos os nutrientes minerais. As plantas cultivadas absorvem nutrientes do solo, os seres humanos e os animais consomem essas plantas localmente, e os resíduos vegetais e os dejetos humanos e de animais devolvem os nutrientes ao solo. As principais perdas de nutrientes desses sistemas agrícolas resultam da lixiviação, que carrega os nutrientes dissolvidos, principalmente nitrato, na água de drenagem. O solo ácido potencializa a lixiviação e consequentemente a indisponibilidade de nutrientes minerais uma vez que a maioria dos nutrientes minerais está disponível entre níveis de pH de 4,5 e 6,5 e torna-se insolúvel abaixo ou acima dessa faixa.
Antes que as culturas vegetais possam absorver nutrientes, os compostos orgânicos precisam ser decompostos, normalmente pela ação de microrganismos do solo, segundo um processo denominado mineralização. A mineralização depende de muitos fatores, incluindo temperatura, disponibilidade de água e oxigênio, pH, além dos tipos e do número de microrganismos presentes no solo. 
O estresse nutricional ou o estresse por pH quase sempre resulta na supressão do crescimento e da reprodução vegetal. A razão dessa supressão e que os nutrientes minerais são componentes de enzimas essenciais e de constituintes estruturais das células. 
Medidas mitigadoras para solos ácidos do Cerrado
Em solos ácidos, o pH pode ser diminuído pela adição de calcário – uma mistura de CaO, CaCO3 e Ca (OH)2 (calagem) para tornar o solo mais alcalino, uma vez que muitos elementos minerais formam compostos menos solúveis quando o pH e superior a 6 
Para poder realizar um programa de correção no solo é necessário realizar uma amostragem, para que a análise química possa representar adequadamente as características do solo avaliado. Deve ser retirada cerca de 500g de solo para as análises em laboratório, a coleta dessas amostras deve ser realizada 3 ou 4 meses antes do plantio.
A quantidade de corretivo deve ser determinada com base na análise química e física do solo, no poder relativo de neutralização total (PRNT) do corretivo. Recomenda-se muito cuidado no cálculo da calagem, pois calcário em excesso eleva o pH acima de 6,0, situação que favorece o ataque da sarna-comum, uma doença que ataca as lavouras que pode comprometer a produção.
A necessidade de calagem pode ser determinada por dois métodos: o método baseado nos teores de Ca, Mg e Al trocáveis no solo e o método da saturação por bases.
Teores de Ca, Mg e Al trocáveis no solo: Consideram-se a susceptibilidade ou a tolerância da cultura à acidez trocável (considerando a máxima saturação por Al²+ tolerada pela cultura) e a capacidade tampão do solo. Este método também visa elevar a disponibilidade de Ca²+ e Mg²+ de acordo com as necessidades das culturas de cada nutriente. Para elucidar a necessidade da calagem realizado um cálculo no qual irá apresentar a quantidade total de corretivo a ser aplicado.
Método da saturação por bases: a necessidade vai de acordo com a vegetação a ser plantada. Neste caso a calagem é utilizada para elevar a saturação das bases a valores exatos de pH, normalmente entre 6,0 a 6,5.
A reação e o poder de neutralização da acidez do solo do corretivo compõem o índice de PRNT, quanto maior o PRNT, maior a qualidade do corretivo e mais rápido será o efeito de neutralização da acidez do solo.
A escolha do corretivo, deve ser levado em conta a concentração de Mg no solo e a necessidade de cada cultura. Existem calcários agrícolas com diferentes concentrações e proporções de Ca e Mg, sendo classificados em calcíticos, quando o teor de MgO é menor que 5%, magnesianos, quando o teor de MgO é de 5% a 12%, e dolomíticos quando maior de 12%. Assim, dependendo da situação, pode-se optar pelo uso de calcários calcíticos, magnesianos ou dolomíticos. Além dos calcários agrícolas, outros produtos como o calcário calcinado agrícola, cal hidratada agrícola, cal virgem agrícola e escórias (silicatos de Ca e Mg) podem ser utilizados para a correção de acidez do solo. As escórias ou silicatos, além da correção da acidez e fornecimento de Ca e Mg, também fornecem silício (Si).
Referência:
EMBRAPA. Embrapa Hortaliças, Sistemas de Produção: como plantar batatas, v.8, 2ª edição. 
FAGERIA, N.K.; STONE, L. F. Manejo da acidez dos solos de cerrado e de várzeas do Brasil. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999, 42p. 
OLIVEIRA, I.P., COSTA, K. A.P., SANTOS, K.J.G., MOREIRA, S. P. Considerações sobre a acidez dos solos de cerrado. Revista Eletrônica Faculdade Montes Belos, Goiás. V.1, n. 1, p. 01-12, ago de 2005. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/213856/consideracoes-sobre-a-acidez-dos-solos-de-cerradoAcessado em: 15 out 2021.
TAIZ, L.; ZEIGER, E.; MOLLER, I.; MURPHY, A. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. Artmed. 6.ed 888 p. 2017.

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