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Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes Tutoria 2: Câncer de esôfago ENTENDER o câncer de esôfago No Brasil, o câncer de esôfago é o 6º mais frequente entre os homens e o 15º entre as mulheres, com exceção do câncer de pele não melanoma. Mais comum em pessoas entre 55 e 85 anos (idade média de diagnóstico é 68 anos), incide cerca de duas vezes mais em indivíduos do sexo masculino. O tipo de câncer de esôfago mais frequente é o carcinoma espinocelular, ou carcinoma epidermoide escamoso, responsável por 96% dos casos. Porém, o adenocarcinoma vem aumentando significativamente. → Fatores de risco: • Consumo de bebidas muito quentes (≥65ºC): o mecanismo de carcinogenicidade parece estar relacionado aos danos celulares ocasionados pela injúria térmica, levando ao aumento do risco de carcinoma de células escamosas de esôfago; • Consumo de bebidas alcoólicas: as bebidas alcoólicas estão fortemente associadas ao aumento do risco de desenvolvimento de carcinoma de células escamosas de esôfago. O etanol é convertido em acetoaldeído no corpo e, tanto o etanol quanto o acetoaldeído, são agentes carcinógenos. Além disso, o etanol funciona como solvente, facilitando a entrada de outros carcinógenos nas células; • Excesso de gordura corporal: o aumento da pressão intra- abdominal, decorrente da obesidade, promove a ocorrência de refluxo gastroesofágico. A exposição constante ao conteúdo ácido do estômago pode provocar alterações celulares (substituição de células escamosas por células glandulares) na porção inferior do esôfago, constituindo uma lesão pré-cancerosa que aumenta o risco de desenvolvimento de um adenocarcinoma esofágico; • Exposição a radiações ionizantes; • Tabagismo; • Dieta pobre em frutas e vegetais; • História prévia de câncer de cabeça e pescoço. Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes → Quadro clínico: Na fase inicial, apresenta sintomas inespecíficos, a seguir: • Desconforto ou queimação atrás do esterno; • Dor na região do tórax; • Anemia por perda crônica de sangue. Em casos mais avançados, os sintomas mais comuns são: • Disfagia: é o sintoma mais frequente, sendo referida, geralmente, no mesmo nível da localização do tumor. Decorre habitualmente do caráter obstrutivo da lesão, surgindo, geralmente, quando já há comprometimento de mais de 50% da luz esofágica. Tem por característica ser rapidamente progressiva; • Odinofagia; • Perda de peso; • Tosse com expectoração produtiva (invasão dos brônquios pelo tumor); • Dor torácica e rouquidão (invasão do nervo laríngeo). → Estadiamento e classificação: considera-se tamanho e localização do tumor, se está restrito ao órgão ou se já se espalhou. Os tumores de esôfago podem ser classificados em: • Estádio I: tumor está confinado à camada superficial do órgão; • Estádio II: tumor atingiu camadas mais profundas da parede do esôfago; • Estádio III: a doença já afetou linfonodos regionais; • Estádio IV: comprometimento de partes adjacentes ao esôfago ou disseminação para órgãos mais distantes. Quanto à classificação: • De acordo com a localização: cervicais, torácicos e abdominais. Os tumores torácicos podem ser subdivididos em superiores (acima da bifurcação traqueal), médios (desde a carina até o ponto médio A presença de vários linfonodos próximos ao esôfago facilita que tumores se espalhem por meio da rede linfática. Dessa forma, a cura torna-se difícil. Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes dessa distância ao hiato diafragmático) e inferiores (desse ponto médio até o hiato esofágico). Para os adenocarcinomas do esôfago, os tumores são classificados em esôfago distal, da região da cárdia e subcárdicos; • De acordo com a profundidade da lesão: precoces (limitados à mucosa), superficiais (restritos às camadas mucosa e submucosa) e avançado (invadem camada muscular própria, adventícia e estruturas adjacentes). → Rastreio e diagnóstico: Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes • Estudo radiológico do esôfago, estômago e duodeno: tem como objetivo estabelecer o diagnóstico, a localização e avaliar a extensão do tumor. Permite também observar a morfologia gastroduodenal, importante para o planejamento cirúrgico; • Estudo endoscópico com biópsia: permite a visualização direta da lesão e a aquisição de biópsias para o diagnóstico histológico; • Tomografia computadorizada: principal método de estadiamento do câncer de esôfago, tem o objetivo de avaliar a lesão e suas correlações com estruturas cervicais, torácicas e abdominais; • Ultrassonografia endoscópica: método mais eficaz para definir a profundidade da lesão, sendo especialmente útil para as lesões restritas à parede do órgão. Permite também a avaliação dos linfonodos periesofágicos e a realização de punção biópsia transesofágica; • Tomografia por emissão de pósitrons: permite o estudo funcional de lesões ou imagens suspeitas, visualizadas em métodos convencionais de imagem, bem como a visualização de nódulos ou metástases a distância. Sua associação com a tomografia (PET-CT) pode refinar o estadiamento dos tumores do aparelho digestivo. Grupos de risco podem ser submetidos a métodos de rastreamento, como: • Citologia esfoliativa por abrasão: realizada pela passagem de balões Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes ou sondas com esponjas, que permitem recolher células descamadas da parede esofágica; • Cromoscopia com biópsia: em grupos especiais de risco - fumantes e etilistas do sexo masculino com mais de 50 anos, pacientes com afecções predisponentes (megaesôfago, estenose cáustica e esôfago de Barrett) e pacientes com antecedente ou presença de tumores de cabeça e pescoço - emprega-se com periodicidade a endoscopia com uso de corantes. CORRELACIONAR estadiamento, tratamento e prognóstico do câncer de esôfago O estadiamento considera aspectos como localização do câncer, se disseminou e se está afetando as funções de outros órgãos. Conhecer o estágio do tumor ajuda a definir o tratamento e a prever o prognóstico do paciente. O sistema de estadiamento utilizado para o câncer de esôfago é o sistema T (tamanho do tumor primário) N (linfonodos regionais) M (metástase). → Estágio patológico/cirúrgico: se a cirurgia for realizada, é determinado a partir da análise da amostra do tecido removido cirurgicamente; → Estágio clínico: se a cirurgia não for possível ou for realizada após a administração de outro tratamento, é determinado com base nos resultados do exame físico, da biópsia e dos exames de imagem. Esse estágio é utilizado no planejamento do tratamento; → Estágio pós-neoadjuvante: se a quimioterapia ou a radioterapia forem administradas antes da cirurgia (terapia neoadjuvante), será determinado após a cirurgia. O grau do tumor, que descreve o quanto as células cancerígenas assemelham-se ao tecido normal, também pode afetar o tratamento e o prognóstico. → GX: o grau não pode ser avaliado; → G1: tumor semelhante ao tecido normal; → G2: ponto intermediário; → G3: células tumorais muito anormais. A seguir, os estágios para o carcinoma de células escamosas: Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes → Estágio 0 (displasia de alto grau): câncer localizado apenas no epitélio; → Estágio IA: o tumor está crescendo na lâmina própria ou na muscularis mucosae e não se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos. O tumor é de grau 1 ou desconhecido; → Estágio IB: o tumor está crescendo na lâmina própria, muscularis mucosae,submucosa ou muscularis propria e não se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos. O tumor pode ser de qualquer grau ou desconhecido; → Estágio IIA: o tumor está crescendo na muscularis propria e não se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos. Pode ser de grau 2, 3 ou desconhecido e está localizado em qualquer parte do esôfago. O tumor também pode estar crescendo na adventícia, não ter se disseminado, ter qualquer grau e estar localizado na parte inferior do esôfago ou ser grau 1 e estar localizado no esôfago superior ou médio; → Estágio IIB: o tumor está crescendo na adventícia e não se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos. O tumor pode ser grau 2 ou 3 e estar localizado na parte superior ou média do esôfago, ter um grau desconhecido e estar localizado em qualquer parte do esôfago ou ter qualquer grau e uma localização desconhecida no esôfago. O tumor também pode estar crescendo na lâmina própria, muscular da mucosa ou submucosa, ter se disseminado para 1 ou 2 linfonodos próximos, ser de qualquer grau e estar localizado em qualquer parte do esôfago; → Estágio IIIA: o tumor está crescendo na lâmina própria, muscularis mucosae, submucosa ou muscularis propria e se disseminou para até 6 linfonodos. Pode ser de qualquer grau e estar localizado em qualquer parte do esôfago; → Estágio IIIB: o tumor pode estar crescendo na muscularis propria ou adventícia e ter se disseminado para até 6 linfonodos ou na pleura ou pericárdio e ter se disseminado para até 2 linfonodos. O tumor não se disseminou para outros órgãos, pode ser de qualquer grau e estar localizado em qualquer parte do esôfago; → Estágio IVA: o tumor pode estar crescendo na pleura, traqueia, aorta, coluna vertebral ou no diafragma e ter se disseminado para até 6 linfonodos ou estar em quaisquer camadas do esôfago e ter se disseminado para 7 ou mais linfonodos. O tumor não se disseminou para outros órgãos, pode ser de qualquer grau e estar localizado em qualquer parte do esôfago; → Estágio IVB: o tumor se disseminou para os linfonodos e/ou outros órgãos, podendo ser de qualquer grau e estar localizado em qualquer parte do esôfago. A seguir, os estágios para o adenocarcinoma: → Estágio 0 (displasia de alto grau): o tumor está localizado no epitélio; Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes → Estágio IA: o tumor está crescendo na lâmina própria ou na muscularis mucosae e não se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos. Pode ser de grau 1 ou desconhecido; → Estágio IB: o tumor está crescendo na lâmina própria, muscularis mucosae ou submucosa e não se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos. Pode ser de grau 1, 2 ou desconhecido; → Estágio IC: o tumor está crescendo na lâmina própria, muscularis mucosae, submucosa ou na camada espessa de músculo e não se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos. Pode ser grau 1, 2 ou 3; → Estágio IIA: o tumor está crescendo na muscularis propria, não se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos e pode ser grau 3 ou desconhecido; → Estágio IIB: o tumor está crescendo na lâmina própria, muscularis mucosae ou submucosa, não se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos e pode ser de qualquer grau. Também é possível que o tumor esteja crescendo na adventícia, não tenha se disseminado para os linfonodos e seja de qualquer grau; → Estágio IIIA: o tumor está crescendo na lâmina própria, muscularis mucosae, submucosa ou na camada espessa de músculo, se disseminou para até 6 linfonodos e pode ser de qualquer grau; → Estágio IIIB: o tumor pode estar crescendo na muscularis propria ou adventícia e ter se disseminado para até 6 linfonodos ou na pleura, pericárdio ou diafragma e ter se disseminado para até 2 linfonodos. O tumor não se disseminou para outros órgãos e pode ser de qualquer grau; → Estágio IVA: o tumor pode estar crescendo na pleura, traqueia, aorta, coluna vertebral, no diafragma ou pericárdio e ter se disseminado para até 6 linfonodos ou estar em quaisquer camadas do esôfago e ter se disseminado para 7 ou mais linfonodos. O tumor não se disseminou para outros órgãos e pode ser de qualquer grau; → Estágio IVB: o tumor se disseminou para os linfonodos e/ou outros órgãos, podendo ser de qualquer grau. O tratamento inicial do câncer de esôfago baseia-se em seu estadiamento, mas o estado de saúde geral do paciente também influencia na escolha do tratamento. → Estágio 0: tratamentos endoscópicos, como terapia fotodinâmica, ablação por radiofrequência ou ressecção endoscópica da mucosa. O acompanhamento a longo prazo com endoscopia digestiva alta é fundamental após o tratamento endoscópico. Outra opção é a remoção da lesão por esofagectomia; → Estágio I: • Tumores T1: podem ser tratados com ressecção endoscópica da Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes mucosa, geralmente seguido por algum tipo de procedimento endoscópico para destruir qualquer área anormal remanescente no revestimento do esôfago. Mas, a maioria dos pacientes estão saudáveis o suficiente para a cirurgia de remoção da parte do esôfago que contém a doença. Se existirem sinais de que a doença não foi removida cirurgicamente, a quimioirradiação pode ser indicada; • Tumores T2: o tratamento com quimioirradiação muitas vezes é administrado antes da cirurgia. A cirurgia pode ser uma opção para tumores menores que 2cm. → Estágios II e III: para pacientes saudáveis, o tratamento nesses estágios é a quimioirradiação seguida por cirurgia. A cirurgia isolada pode ser uma opção para alguns tumores pequenos. Em alguns casos, a quimioirradiação pode ser recomendada como tratamento principal, em vez da cirurgia. Pacientes que não fizerem cirurgia precisam ter acompanhamento endoscópico; → Estágio IV: a cirurgia curativa não é uma opção de tratamento. O tratamento é realizado para tentar manter a doença sob controle e aliviar os sintomas. A quimioterapia pode ser administrada junto com a terapia-alvo para ajudar os pacientes a sentirem-se melhor e aumentar a sobrevida; → Recidiva: o tratamento depende da localização e dos tratamentos realizados anteriormente. Quando a recidiva é no esôfago, recomenda-se a remoção do órgão. Se o paciente não tem condições clínicas para a cirurgia, a doença pode ser tratada com quimioterapia, radioterapia ou ambos. Se a recidiva for nos linfonodos, após a remoção do esôfago, pode ser administrada radioterapia e/ou quimioterapia. CONHECER os exames de prevenção ao câncer em homens Em 2011, o Instituto Lado a Lado pela Vida iniciou a campanha “Novembro Azul”, com o objetivo de alertar para a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata. O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (INCA), então, começaram a divulgar ações importantes e a data transformou-se no maior movimento em prol da saúde masculina. De acordo com dados do INCA, foram diagnosticados 68.220 novos casos de câncer de próstata e cerca de 15 mil mortes/ano em decorrência da doença no Brasil, para cada ano do biênio 2018/2019, ou seja, 42 homens morrendo por dia e, aproximadamente, 3 milhões convivendo com a doença. Entre os cuidados básicos recomendados, há testes e exames que devem ser realizados com frequência: Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes → Verificação da pressão arterial; → Hemograma; → Dosagem da glicemia; → Dosagem do colesterol; → Testes de urina; → Atualização da carteira vacinal; → Verificação do perímetro abdominal e do Índice de Massa Corpórea; → Exame da próstata; → Fazer check-up regular; → Cuidar da saúde mental. Em homens acima de 50 anos, pode-se realizaro exame de toque retal e a dosagem de PSA (Antígeno Prostático Específico).
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