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resumo homicídio

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HOMICÍDIO – art. 121: 6 a 20 anos de reclusão
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2º Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
I-Tipo objetivo 
1) Objetos do delito 
a) Bem jurídico (protegido): Vida (humana) 
- O início da proteção jurídica da vida pelo crime de homicídio se dá com o início do parto (art. 123 – infanticídio é quem dá a dica). Considera-se iniciado o parto com o rompimento do saco amniótico ou a dilatação do colo do útero (na cesariana com o início da incisão/corte) -> é aqui que tem a diferença de um medico ser culpado ou não pela imperícia em um parto e matar o bebe, porque aborto não tem culposo. 
- O término da proteção jurídica da vida pelo crime de homicídio se dá com a morte encefálica (art. 3 da Lei 9434/97) (para a medicina é com a morte de todas as células).
- A vida é um bem jurídico disponível? -> Prevalece que a vida é um bem jurídico indisponível, por isso o consentimento da vítima não afasta nem a ilicitude e nem a tipicidade do crime de homicídio (é um dogma aqui no Brasil).
à A vida acaba se tornando um dever e não mais um direito (direito = pode dispor sob os seus interesses e etc).
à Matar alguém que pede porque esta sofrendo muito, etc, é homicídio privilegiado.
b) Objeto material: Ser humano vivo
- Se a vítima já está morta no momento da pratica da ação criminosa, haverá crime impossível por absoluta impropriedade do objeto material (se você tentar matar alguém que ja esta morto não é punido, pois é crime impossível).
à Crime impossível é atípico.
à OBS: matar o morto não é homicídio nem viripêndio. 
2) Conduta típica 
a) Matar: provocar o resultado morte.
- É preciso que se demonstre a conduta, o resultado e também o nexo de causalidade (ex: mulher atropela motoqueiro que só quebra a perna, mas depois de 2 meses morre de infecção pulmonar)
- Trata-se de crime comissivo, em que a conduta típica consiste em uma ação. Pode, no entanto, excepcionalmente, ser praticado por omissão quando quem se omite tinha o dever de agir para impedir o resultado (garante (pessoa que tem que agir)). Nesse caso, o crime será chamado de omissivo impróprio ou comissivo por omissão. 
b) Alguém: Ser humano vivo
3) Sujeitos
a) Ativo: qualquer pessoa (crime comum)
b) Passivo: qualquer pessoa 
II- Tipo subjetivo
1) Dolo: é a consciência e vontade de realizar os elementos objetivos do tipo. No crime de homicídio, é a consciência e vontade de matar alguém (“animus necandi”)
OBS: “quis matar” ou “assumiu o risco de matar” são DOLO (o 2º é dolo eventual). Matou por inobservância do dever de cuidado, imperícia, imprudência ou negligência é CULPA.
- Se o agente mata alguém sem perceber que se trata de um ser humano, haverá erro de tipo (ex: caçando urso, caçando jacaré). Da mesma forma, se o agente não tem consciência de que a sua conduta é idônea a provocar a morte (ex: médico quer matar paciente e entrega veneno ao invés de soro para a enfermeira, que não sabe de nada. Ex2: não sabia que a arma estava carregada).
O erro de tipo, se inevitável, exclui o dolo e culpa. Se evitável, exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se prevista em lei. 
2) Culpa: é a inobservância de um dever de cuidado objetivo. Só é punida a forma culposa da conduta quando houver expressa previsão legal. No homicídio há previsão expressa de forma culposa (art. 121, &3). 
III- Consumação e Tentativa
1) Consumação: se dácom a morte (sendo por ação ou omissão, homicídio só se consuma com a morte) à por isso é um crime material, porque só se consuma com o resultado.
2) Tentativa: é admitida (está na parte geral que em regra os crimes têm tentativa, a não ser os que expressamente falam que não admitem).
Concurso de agentes (art. 29/30, CP):
- Elementares (fazem parte do tipo) à comunicam-se
- Circunstanciais (afetam a pena) à Objetivos (FATO): comunicam-se
à Pessoais ou Subjetivas (AGENTE): não se comunicam
IV- Homicídio Qualificado (§ 2 à 7 incisos)
I) Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II) Por motivo fútil;
III) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV) Por meio de traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V) Para assegurar a execução, ocultação, a impunidade ou a vantagem e outro crime (motivo de conexão). 
1) Qualificadoras Subjetivas: dizem respeito ao autor e seu motivo.
I) Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II) Por motivo fútil;
V) Para assegurar a execução, ocultação, a impunidade ou a vantagem e outro crime (motivo de conexão). 
I) Paga ou Promessa: é a situação do crime cometido por agente que age a mando de terceiro mediante a entrega ou promessa de entrega de vantagem.
- Promessa não cumprida: não exclui a qualificadora, desde que se comprove a sua existência. 
- Paga X Promessa: a diferença unanimemente admitida é a de que a paga é anterior e a promessa de recompensa consiste no pacto para entrega posterior. 
- Natureza da recompensa – Há 2 posições:
1º) Pode ser de qualquer espécie, uma vez que o legislador não fez qualquer restrição.
2º) Por força da necessidade de interpretação restritiva dos tipos incriminadores, a promessa de recompensa deve ter a mesma natureza da paga, ou seja, deve ter expressão econômica. Caso contrario, o motivopoderá se enquadra em outra categoria, tal como torpeza, ou futilidade, ou nada. 
- Comunicabilidade da paga:
PROBLEMA: Qualificadoras e privilegio são elementares ou circunstanciais? – 2 posições muito rachadas:
1º posição) Comunicam-se, pois os elementos qualificadores são na realidade elementares do tipo qualificado e dessa forma, segundo a teoria monista, comunicam-se a todos os concorrentes (ligeiramente majoritária no STF e STJ).
2º posição) Não se comunica, uma vez que as qualificadoras configuram meras circunstancias, e dessa forma, segundo a regra do art. 30, quando forem de caráter pessoal, não se comunica (OAB e professora).
- OBS: Motivo Torpe: é o motivo considerado especialmente imoral, repulsivo, vil, abjeto (nojo).
Ex: herança (ambição), disputa política (ambição), ciúme, vingança.
Vingança e ciúme: não são considerados necessariamente motivos torpes, pode ate ser uma 
minorante à depende do caso concreto. 
II) Motivo fútil: é o motivo banal, mesquinho, desproporcional (OBS: na duvida, os promotores preferem o torpe).
- OBS: Ausência de motivo: prevalece que a ausência de motivo não se equipara a motivo fútil por inexistência de previsão legal.
Mas na real, não há ausência de motivo à ou não se sabe o motivo
à ou é torpe (mata porque gosta, é sádico, etc)
- Analise da futilidade: deve ser realizada objetivamente de acordo com a moralidade média, levando-se em conta o contexto em que a ação ocorreu.
(Moralidade média = de acordo com o que a maioria das pessoas pensam, não de acordo com o que a própria pessoa (autor) pensa)
- Existência de hostilidade anterior: a futilidade deve ser apreciada no contexto geral do relacionamento entre autor e vitima. A existência de hostilidades anteriores pode afastar a futilidade. 
- Embriaguez (voluntária e culposa (acidental exclui a culpabilidade)): prevalece que não exclui a futilidade, que deve ser apreciada objetivamente. 
V) Conexão: trata-se do homicídio praticado para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime.
- Ex: fraudar e matar uma pessoa para ela não contar, estuprar e depois mata-la para ela não reconhecer, matar o marido para estuprar sua mulher, etc.
- Exceção: Latrocínio à não é homicídio qualificado pela conexão (Pena de 12 a 30 anos), mas sim roubo qualificado pela morte (Pena de 20 a 30 anos) – Opção legislativa (valores: um crime de morte por causa de um patrimônio vale mais do que uma morte por motivo torpe – crime das elites à no nosso código a patrimônio vale mais que a vida afinal)
2) Qualificadoras Objetivas: dizem respeito ao fato e sua forma.
III) Qualificadora de meio
IV) Qualificadora de modo
III) Meio: é o instrumento que provoca a morte. Quando houver emprego fogo, explosão, tortura, veneno, asfixia, ou qualquer outro meio insidioso (meio que a vitima não percebe), cruel* ou que cause perigo comum (ex: desabamento)
*Meio cruel: caixinha de surpresas à depende muito do caso concreto.
à Crueldade: meio que cause sofrimento exacerbado. A mera multiplicidade de golpes não caracteriza necessariamente a crueldade (se os golpes são desferidos após a morte ou com a vitima em estado de completa insensibilidade, ano se aplica a qualificadora).
à É para a vitima, não diz respeito à crueldade no coração da pessoa – a questão é se a vitima sofreu ou não sofreu. 
- OBS: Lei de Tortura à Há tortura qualificada pela morte: o que vai diferir do homicídio qualificado pelo meio é a intensão.
No homicídio, pretende-se a morte e para alcança-la se usa a tortura.
Na Lei de Tortura, pretende-se a tortura, entretanto o resultado vai além do pretendido e causa a morte (crime preter-doloso)
IV) Modo: é a forma de abordagem da vítima. Quando houver emprego de traição (usa da confiança da vitima, viola essa relação), emboscada, dissimulação (disfarce) ou qualquer outro modo que impeça ou dificulte a defesa da vitima.
- Ex: pessoa dormindo, em coma, apagada, inconsciente + Caso Pizza Hut (ela estava mastigando, o que dificultou sua defesa. 
V- Feminicídio – inciso VI à crimes praticados a partir de 08 de maio de 2015 (é um assunto muito discutível porque é muito novo).
- 2 requisitos cumulativos:
1º) Contra mulher (elemento objetivo):
à O que é ser mulher? 3 correntes:
1 – Identidade genética: quem tem geneticamente DNA feminino (XX).
2 – Identidade jurídica: quem tem registro civil no sexo feminino (andam se inclinando mais para essa, inclusive a professora).
3 – Identidade social: quem tem a aparência, como a pessoa se apresenta na sociedade.
(obs: Homens, mesmo homossexuais, não estão incluídos)
à OBS: se eu penso que é uma mulher e mato, mas não é, por erro, não dá para imputar o feminicídio, porque não há o objeto material especifico (mas pode ser torpe) à não é erro de pessoa, é erro de característica/ gênero / tipo.
2º) Por razões da condição do sexo feminino (elemento subjetivo) - § 2-A: presume-se que haja razão da condição do sexo feminino:
a) Quando o crime é praticado com violência domestica ou familiar à art. 5 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) (não prevê rol de crimes, prevê o tratamento judicial)
à Polêmicas:
1 – Trata-se de presunção absoluta ou relativa?
Se eu interpretar que é uma presunção absoluta, pode haver abuso.
Se eu interpretar que é uma presunção relativa, ou seja, que depende, é porque é a intenção que vale, mas é difícil provar.
2 – Sendo absoluta a presunção, a qualificadora tem natureza objetiva ou subjetiva?
Se for objetiva pode ter motivo torpe.
Se for subjetiva não pode, ou um ou outro.
b) Com menosprezo à condição feminina - amplo
VI- Crime contra policiais em razão do cargo
- Homicídio contra à 142 CF – Forças Armadas
à 144 CF – Policiais
à Sistema penitenciário
à Força de segurança nacional
Vale também para o cônjuge e parentes até terceiro grau deles, em razão do cargo também.
- É um rol taxativo e não pode ser ampliado. Por tanto, o que não esta escrito, ex Guarda Civil, não vale. 
VII- Causa de diminuição de pena
- Art. 121, § 1 à redução da pena de 1/6 a 1/3.
- É o “homicídio privilegiado” à chama-se assim, mas não é de verdade um privilegio.
- É subjetivo à motivo: são só subjetivas as causas de diminuição de pena no homicídio (AGENTE – MOTIVO)
a) Motivo de relevante valor social ou moral:
à Motivo de relevante valor: é o motivo considerado nobre, aprovado pela moral pratica da comunidade.
à Valor moral: é aquele ligado ao individuo.
Ex1: Piedade à Eutanásia (presume piedade)
Ex2: Amor paterno ou materno à O pai que mata o estuprador de sua filha.
à Valor social: é o valor ligado à coletividade.
Ex: Patriotismo à agente que mata o traidor da pátria (no sentido do espião, etc).
b) Domínio de violenta emoção:
à É a situação em que o crime é praticado em estado de intensa perturbação emocional, deflagrado por um comportamento injusto da vítima.
OBS: só dar um pé na bunda não vale.
à É ato continuo, não teve tempo da pessoa pensar à não pode haver decréscimo de emoção! - Ex: Pizza Hut
- É POSSIVEL UMA QUALIFICADORA COEXISTIR COM PRIVILEGIO? – É admitido, mas para isso a qualificadora deve ser objetiva (HOMICIDIO QUALIFICADO – PRIVILEGIADO).
OBS: Se feminicídio for interpretado como objetiva, pode conviver com o privilegio. Se for como subjetiva, aí já não convive.
VIII- Causas de aumento de pena - art. 121, § 4 ao § 7 
- § 4: pena aumentada de 1/3 se o crime é praticado contra menor de 14 ou maior de 60 anos à no momento da conduta (ação e omissão) e não no momento do resultado.
- § 6: pena aumentada de 1/3 até a ½ quando o crime for praticado:
à por milícia privada – presta serviço de segurança, mas na verdade comete crimes
à por grupo de extermínio.
à O homicídio não precisa ser praticado por todos do grupo, pode ter sido feito só por um. 
- § 7: pena do feminicídio é aumentada de 1/3 ate a ½ se (causas de aumento p/ o feminicídio):
1 – crime for praticado contra menor de 14 ou mais de 60 anos, e deficiente. 
2 – praticado na presença de ascendente ou descendente.
Discussões: E se ele está presente e não vê? E se estiver na Webcam?
3 – contra mulher gravida ou ate 3 mesesapós o parto à o agente tem que ter consciência disso. 
- OBS: A pena máxima é infinita. O que só pode 30 anos é o tempo de cumprimento da pena. 
IX- Homicídio culposo
- § 3: Pena de 1 a 3 anos
- DEFINIÇÃO: trata-se da conduta de casar a morte de outrem por negligência, imprudência ou imperícia. 
- FORMAS DE CONDUTA: trata-se de crime comissivo. Só pode ser cometido por omissão quando quem se omite tinha o dever de agir para impedir o resultado (garante).
OBS: omissão de socorro só permite o dolo.
- ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO:
1º) Conduta voluntaria (só não tem o resultado voluntario): quando fez com consciência, não foi reflexo, etc.
2º) Inobservância do dever de cuidado objetivo.
3º) Resultado (não admite tentativa, tem que ter resultado)
4º) Previsibilidade objetiva do resultado (podia ter previsto o resultado)
5º) Nexo causal
6º) Tipicidade (tem que ter previsão legal)
- OBS: Culpa consciente (tenho consciência do risco, ex passar farol vermelho sabendo que esta fechado) ou inconsciente (não tenho consciência, ex está falando no celular e não percebe que o farol está vermelho) não faz diferença na prática. Só se for dolo eventual ou culpa consciente faz diferença. 
- § 5: PERDÃO JUDICIAL: trata-se de causa de extinção da punibilidade, aplicada pelo juiz na sentença, quando houver previsão no próprio tipo. No homicídio culposo, o juiz poderá concede-lo sempre que as consequências do crime atingirem o agente de forma tão grave que a punição seja desnecessária. Ex: pai que esquece filho dentro do carro. 
OBS: na Lei do Trânsito tem homicídio culposo, mas lá não tem perdão judicial. Porém aí cabe o do CP.
X- Jurisprudência:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO SIMPLES. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. PERICULOSIDADE REVELADA PELO MODUS OPERANDI. GRAVIDADE CONCRETA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. 1. -Admite-se, excepcionalmente, a segregação cautelar do agente, antes da condenação definitiva, nas hipóteses excepcionais previstas no art. 312 do Código de Processo Penal. 2. - A orientação prevalecente neste Superior Tribunal de Justiça é de que apenas a gravidade abstrata do delito, por si só, não enseja a restrição da liberdade, mas a periculosidade do agente, revelada pelo risco concreto de reiteração criminosa, justifica a decretação da prisão para a garantia da ordem pública. 3. - Da leitura do decreto prisional e do acórdão que o confirmou, extrai-se que a prisão foi decretada de maneira fundamentada para a garantia da ordem pública, em vista da gravidade concreta do delito, revelada pelo seu modus operandi, pois o homicídio foi praticado com o uso de faca tipo peixeira, em plena via pública, após discussão banal e durante evento festivo, havendo indícios da participação de outra pessoa ainda não identificada, o que denota a impulsividade e a periculosidade do agente. Essa conjuntura fática justifica a manutenção da medida constritiva para a garantia da ordem pública, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal. 4. - Inviável a discussão, no âmbito do presente recurso ordinário, de questões relacionadas à prova da autoria do delito, que deverão ser descortinadas durante a instrução criminal. 5. - Condições pessoais favoráveis, tais como primariedade, bons antecedentes ou residência fixa, por si sós, quando presentes os pressupostos do art. 312 do CPC, não obstam a decretação da prisão preventiva. 6. - Recurso Ordinário desprovido.
(STJ - RHC: 51513 PB 2014/0230296-5, Relator: Ministro WALTER DE ALMEIDA GUILHERME (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), Data de Julgamento: 16/10/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 29/10/2014)
INFANTICÍDIO – art. 123, CP
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
- Art. 123, CP: “Matar, sob influencia do estado puerperal (elemento objetivo), o próprio filho, durante o parto (não é mais aborto) ou logo após”. Pena: Detenção de 2 a 6 anos.
- Tem pena menor por causa do estado puerperal (queda de discernimento). 
I- Tipo objetivo
1) Objetos do delito
a) Bem jurídico: Vida
- O início da proteção da vido pelo infanticídio se da com o inicio do trabalho de parto.
- O término: enquanto perdurar o período puerpério (período em que a mulher não menstrua). Quando houver o retorno às condições hormonais normais, o que é definido medicamente (condição médica). Quando você volta a menstruar, você sai desse período.
OBS: o estado puerpério é mais um elemento psíquico e físico, mas tem como base um período clinico/ condições medicas. 
b) Objeto material: é o nascente (no parto) ou recém nascido (durante o período do puerpério) com vida. 
- É preciso se demonstrar que o recém nascido estava com vida, se não é crime impossível (no caso do nascente não tem como saber se respirou).
- Se for demonstrado que a vítima estava morta no momento da conduta, haverá crime impossível por absoluta impropriedade do objeto.
OBS: Não tem como ter perdão judicial porque não tem a hipótese.
2) Conduta típica
a) Matar: é um verbo que demonstra que o crime é comissivo, entretanto como a mãe é garante, pode ser praticado por omissão.
b) Próprio filho: é a criança cujo nascimento gerou o estado puerperal.
c) Sob influencia do estado puerperal: estado puerperal é o conjunto de alterações psicofísicas que ocorrem na mulher a partir do parto até o retorno da condição hormonal normal. 
OBS: não “em estado puerperal”, porque ele tem que ser o motivo!
- É preciso que o crime tenha sido praticado em decorrência de perturbação psíquica patológica deflagrada pelo estado puerperal, a ser comprovado pericialmente. 
à Se for demonstrado que a conduta não sofreu influencia do estado puerperal, o crime será de homicídio.
à Se for demonstrado que a perturbação psíquica privava a mulher de qualquer capacidade de discernimento ou autodeterminação, deve ser reconhecida a inimputabilidade.
à Se tiver um discernimento mínimo, aí é infanticídio (semi-inimputabilidade) 
à Se o laudo é inconclusivo, opta-se pelo infanticídio à “in dubio pro réu”
d) Durante o parto ou logo após: a partir do início do parto e enquanto perdurar o estado puerperal. 
3) Sujeitos
a) Ativo: mãe, sob influencia do estado puerperal (crime próprio).
- Se terceiro (coator participe) concorrer/contribuir para o crime, responde também por infanticídio, por causa da regra do art. 29/30, pois ser mãe sob influencia do estado puerperal é elementar do crime, e por isso comunica. 
b) Passiva: próprio filho (crime próprio).
- Se a mãe mata outra criança pensando ser o próprio filho, haverá erro sobre a pessoa (art. 20, § 3, CP) e responderá como se tivesse matado o próprio filho, ou seja, responderá por infanticídio.
II- Tipo subjetivo 
1) DOLO: é a consciência e vontade de matar o próprio filho.
- Se a mãe mata o próprio filho sem consciência do que esta fazendo haverá erro de tipo, que exclui o dolo. Ex: dá sem querer o remédio errado.
à Ai se tiver previsão culposa responde-se por ela.
2) CULPA: não há previsão.
- Se a mae, sob influencia do estado puerperal, mata o próprio filho, por ação ou omissão, de forma culposa, há duas opções:
1º) Segundo a doutrina majoritária: responde por homicídio culposo, pois estão presentes todos os elementos do tipo geral (1 a 3 anos). 
2º) Segundo a doutrina minoritária (professora – legislador optou por isso): a conduta será atípica, pois o legislador optou por não tipificar o tipo de infanticídio culposo. Além disso, a punição por homicídio culposo violaria o principio da proporcionalidade:
HOMICIDIO – 6 a 20 anos à 1 a 3 anos CULPA
INFNATICIDIO – 2 a 6 anos à 1 a 3 anos CULPA? À não é proporcional!
III- Consumação e tentativa
1) Consumação: morte (crime material).
2) Tentativa: é admitida. 
IV- Jurisprudência: 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ERRO DE TIPO. CRIME IMPOSSÍVEL. CONTROVÉRSIA. HOMICÍDIO AFASTADO. INFANTICÍDIO. COMPROVADA INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL NA CONDUTA DA MÃE. DESCLASSIFICAÇÃONECESSÁRIA. - Existindo fortes indícios de que a acusada agiu com 'animus necandi', não há como acolher, de plano, a tese de erro de tipo, razão pela qual deverá a acusada ser submetida a julgamento pelo Tribunaldo Júri. - Se a prova dos autos, inclusive a de natureza pericial, atesta que a recorrente matou o seu filho, após o parto, sob a influência de estado puerperal, imperiosa a desclassificação da imputação de homicídio qualificado para que a pronunciada seja levada a julgamento pelo cometimento do crime de infanticídio (artigo 123 do Código Penal).
(TJ-MG 107020417025160011 MG 1.0702.04.170251-6/001 (1), Relator: RENATO MARTINS JACOB, Data de Julgamento: 16/04/2009, Data de Publicação: 08/05/2009)
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO – art. 122, CP
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Suicídio ou tentativa de suicídio não é crime, por causa do princípio da ofensividade, que diz que só é crime a conduta que ofende bem alheio. Pode ser ilícito, mas não é crime.
I- Tipo objetivo:
1) Objetos do delito:
a) Bem jurídico: Vida alheia
- Por respeito ao princípio da ofensividade, o suicídio não é penalmente tipificado, no entanto prevalece tratar-se de um ato ilícito, ou seja, não autorizado pela lei à Importância art. 146, § 3, II: como é ilícito, não vai ser crime constranger. 
b) Objeto material: Ser humano vivo
- Para nós a vida é um direito indisponível (o que não faz sentido, pois se a vida é um direito, eu deveria poder dispor dele, ate mesmo para joga-lo no lixo)
OBS: A Alemanha não criminaliza o suicídio nem a participação, porque para eles a vida é um bem disponível. 
2) Conduta típica
a) Induzir, instigar ou auxiliar:
- Induzir = despertar uma ideia antes inexistente
- Instigar = reforçar a vontade já existente
- Auxiliar = proporcionar suporte material (ensinar, emprestar a arma, etc)
- Trata-se de tipo misto alternativo em que a prática de mais de uma conduta contra a mesma vítima configura crime único.
- Trata-se de crime comissivo, mas pode ser praticado por omissão quando quem omite é garante (ex: pai de filho menor de idade, médico psiquiátrica em clinica psiquiátrica, etc).
b) Ao suicídio:
- Suicidar-se é tirar voluntaria e conscientemente a própria vida.
- Se a vitima tira a própria vida com emprego de coação ou fraude, haverá homicídio. 
- Se a vitima for vulnerável (art. 217-A: menor de 14 ou doente mental sem discernimento), o crime será de homicídio.
- Se o agente tira a vida da vitima mesmo que a pedido dela, o crime será de homicídio (privilegiado) – o ato que causa a morte tem que ser da vitima para ser suicídio. 
3) Sujeitos:
a) Ativo: qualquer pessoa.
b) Passivo: qualquer pessoa (determinada à não pode ser genericamente, mas pode ser uma coletividade de pessoas determinadas, por ex a sala).
II- Tipo subjetivo
1) Dolo: é a consciência e vontade de colaborar com o suicídio de outrem.
- se o agente presta auxilio sem saber a sua finalidade, haverá erro de tipo (exclui o dolo).
2) Culpa: não é prevista na lei. 
III- Consumação e tentativa
- Art. 122 – induzir, instruir ou auxiliar alguém ao suicídio, desde que resulte em morte ou grave lesão. 
Pena: 2 a 6 anos à morte ou 1 a 3 anos à grave lesão 
à É um crime que se consuma pelo resultado
1) Consuma: Morte / Grave lesão 
- é a consumação do crime, não do suicídio.
2) Tentativa: não é admitida porque ou tem o resultado ou é conduta atípica.
- se não houver lesão grave ou morte, o fato é atípico.
IV- Causa de aumento – art. 122, parágrafo único. 
1) Motiva: egoístico 
2) Vítima: àmenor de 18 anos (maior de 14 anos, porque se for menor tem homicídio!)
àreduzida a capacidade de resistência (mas não que esteja privada de discernimento, pois se estiver será homicídio!)
V- Pacto de morte: a situação em que duas ou mais pessoas decidem dar fim às próprias vidas de modo conjunto
PACTO DE MORTE 
João -tiro-> Maria
1º versão) Ele sobrevive e ela morre à Homicídio consumado
2º versão) Ele morre e ela sobrevive à Participação em suicídio consumado
3º versão) Os dois ficam com lesão grave à Ele responde por homicídio tentado
à Ela responde por partic. Em suicídio consumado
4º versão) Os dois ficam com lesão leve à Ele responde por homicídio tentado
à Ela não responde por nada (o fato é atípico)
VI- Jurisprudência: 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIME CONTRA A VIDA. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO. MINISTÉRIO PÚBLICO QUE SE INSURGE CONTRA A DECISÃO NA QUAL O MM JUIZ DESCLASSIFICOU A CONDUTA IMPUTADA NA DENÚNCIA E PRONUNCIOU A ACUSADA NAS PENAS DO DELITO INSERTO NO ARTIGO 122, PARÁGRAFO ÚNICO, I E II, DO CÓDIGO PENAL. IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA, EM QUE SE REQUER A ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. DESPROVIMENTO DE AMBOS OS RECURSOS. 1. Segundo consta da peça inicial acusatória, a acusada, de forma livre, consciente e com animus necandi, escreveu diversas cartas endereçadas ao seu ex-marido, ora vítima, portador de alienação mental, com o fim de estimulá-lo a cometer suicídio, o que veio a ocorrer em 26 de agosto de 2005, cerca de 01 ano e 05 meses depois de o ofendido ter atentado contra a própria vida. Consoante se infere dos fatos narrados pelo Parquet, a causa da morte da vítima teria decorrido de sua tentativa de se autoenforcar, em 31 de março de 2004, quando o seu estado de saúde foi se deteriorando gradativamente, até levá-lo ao óbito em 26 de agosto de 2005. 2. Com o término da primeira fase do procedimento do Júri, o douto Magistrado se convenceu sobre a existência da materialidade do delito e dos indícios de autoria, mas entendeu que os fatos narrados na denúncia não se amoldariam ao tipo penal do artigo 121, § 2º, I, do Código Penal, o que o fez desclassificar a conduta para a que tipifica o crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, duplamente circunstanciado, vindo a pronunciar a acusada. 3. A simples comprovação de que a vítima era portadora de doença mental não se mostra suficiente a considerá-la, ao tempo da ação, inteiramente incapaz de entender as consequências de seus atos e de determinar-se de acordo com esse entendimento, cujo ônus da prova compete ao Ministério Público. Logo, caberia ao Parquet requerer a realização de perícia forense, da qual se pudesse extrair a certeza de que a vítima não tinha as capacidades intelectiva e volitiva no momento em que tentou se enforcar. Ainda que vigore o princípio in dubio pro societatis quando da prolação da pronúncia, não se afigura correto levar ao Conselho de Sentença determinada matéria desprovida de elementos de convicção, a cuja aferição se impõe, imprescindivelmente, o exame pericial, sob pena de induzir a erro os jurados e privá-los dos meios de prova necessários ao julgamento imparcial, de acordo com os ditames da justiça, o que implicaria violação à busca da verdade real, além de flagrante desiquilíbrio processual em prejuízo à defesa. Diante da absoluta impossibilidade de instruir os autos com o exame pericial, do qual defluíssem os elementos imprescindíveis à análise da alegada ausência de capacidade de resistência da vítima, ao tempo da ação, torna-se, pois, impossível a pronúncia da acusada nos termos requeridos pelo Ministério Público. 4. Em que pesem os argumentos expedidos pela defesa, não lhe assiste razão quando pugna pela absolvição sumária, a cuja configuração se impõe a comprovação certa e induvidosa de que os fatos imputados inexistam ou não constituam crime, bem como de que a acusada não seja a autora do delito ou que se encontre agraciada por alguma causa de isenção de pena ou de excludente de ilicitude, o que não restou demonstrado nos autos. Ao invés do afirmado nas razões defensivas, a materialidade e os indícios de autoria do delito previsto no artigo122, parágrafo único, I e II, do Código Penal, foram absolutamente comprovados na hipótese vertente, sobretudo diante dos depoimentos prestados em Juízo, aos quais corroboram as demais provas coligidas nos autos - termos de inquirição, carta enviada pela acusada à vítima, auto de apreensão, termos de declaração, relatório e declaração médicos, termo de curatela provisória, certidão de óbito, apólice de seguro e laudo de exame de sanidade mental, que não deixam a menor dúvida acerca da procedência do decisum impugnado. Os indícios de que as diversas cartas escritas pela acusada e lidas pela vítima a levaram a tentar o suicídio por enforcamento decorrem da epístola datada de 25 de março de 2004, na qual a recorrente escreve palavras do tipo ¿você jamais vai conseguir trabalho¿, ¿a sua vida não tem mais solução¿, ¿você tem que tirar a sua vida¿, ¿você pode tirar a sua vida com um lençol amarrado no pescoço¿. Embora a vítima não tenha lido a carta juntada às fls. 76, em cujo teor a acusada lhe sugere o cometimento do suicídio, existem indícios de que as outras cartas enviadas pela ré e efetivamente lidas pelo ofendido o tenham levado a tentar se enforcar, como se depreende dos depoimentos das testemunhas prestados em Juízo, sob o crivo do contraditório. Com isso, percebe-se que os elementos de convicção revelaram-se suficientes a admitir a acusação, tal qual determinada no decisum impugnado, com vistas a submeter a recorrente ao Tribunal Popular, afigurando-se, pois, impossível a impronúncia. 5. A sentença de pronúncia constitui uma decisão interlocutória mista, que julga o mero juízo de admissibilidade, fundado na suspeita, e não na certeza. Com a pronúncia, o magistrado encerra a fase de formação de culpa, inaugurando a fase de preparação do plenário, quando se julgará o mérito. Ao Juiz cabe tão somente verificar a prova da existência do fato descrito como crime e os indícios suficientes de autoria, a teor do artigo 413 do Código de Processo Penal. Precedentes. Logo, diante dos indícios de que a acusada é a autora do delito inserto no artigo 122, parágrafo único, I e II, do Código Penal, não se mostra correto, nesta fase do procedimento, afastar a competência do Plenário do Júri, a quem compete valorar as provas coligidas nos autos, com o fim de dirimir eventuais dúvidas ponderadas pela defesa. DESPROVIMENTO DE AMBOS OS RECURSOS.
(TJ-RJ - RSE: 00081814220068190206 RJ 0008181-42.2006.8.19.0206, Relator: DES. CLAUDIO TAVARES DE OLIVEIRA JUNIOR, Data de Julgamento: 01/07/2015, OITAVA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 03/07/2015 12:55)
ABORTO – art. 124/128, CPC
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
I- Tipo Objetivo
1) Bem Jurídico e Objeto Material
a) Bem Jurídico (protegido): Vida
- Início - 2 posições: 
1ª) Fecundação (minoritária): O início da proteção da vida pelo aborto se dá com a fecundação. 
OBS: pode se dar de 2 a 3hrs depois do sexo ou até 72hrs, pois o espermatozoide só consegue viver até 72hrs dentro da mulher. 
à Pílula do dia seguinte? – Seria proibida, entretanto alguns dizem que não seria porque pode levar 72hrs para fecundar, mas isso não é regra, pode levar até menos. 
à DIU (impede que o ovulo fixe na parede do útero)? – Não poderia, pois já houve fecundação e o DIU mataria esse óvulo. 
à Fertilização in vitro? – Não poderia, pelo menos não com excedentes, pois o congelamento, a doação, o descarte de embriões, etc., seriam considerados aborto. 
2ª) Nidação (majoritária): O início da proteção da vida pelo aborto se dá com a fixação do ovo na parede uterina. 
à Adotamos essa posição implicitamente, pois é o mais compatível com nossa prática. 
à Ocorre por volta de 14 dias depois da fecundação. 
OBS: Na prática, essas posições não são tão importantes para o aborto, porque quando a mulher descobre que está grávida é porque ela já deixou de menstruar (atrasou). Assim, são importantes só filosoficamente. 
- Término: Com o início do parto. 
- Viabilidade: 
à ADPF54: Segundo o STF, o bem jurídico protegido pelo aborto é a vida enquanto potencialidade de existência extrauterina (protege o direito a vir a ter uma vida extrauterina, não o direito de viver no útero), mas se ele não tem como viver fora, não há bem a proteger e por isso interromper gravidez de concepto inviável é fato atípico, pois não há o bem jurídico. É o que ocorre no caso de anencefalia (Tem que ser 100% anencéfalo). 
à OBS: Para a professora deveria ser permitido a intervenção de gravidez de concepto inviável, por causa do conflito de interesses, em que o direito da mulher (de não sofrer, etc.) se sobrepõe. Assim, para ela o feto tem direitos e é bem jurídico, mas não se sobrepõe.
b) Objeto Material: Embrião ou feto viáveis. 
- Se a mulher pratica a conduta abortiva pensando estar grávida, mas na realidade não está, haverá crime impossível por absoluta impropriedade do objeto material.
- Se a mulher pratica conduta abortiva, mas o feto/embrião já estava morto ou era anencéfalo, também haverá crime impossível. 
2) Condutas típicas: Há 3 condutas típicas: 
a) Art. 124: (Para a gestante) Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque – Pena: 1 a 3 anos. 
b) Art. 126: (Para o outrem) Provocar aborto com consentimento da gestante – Pena: 1 a 4 anos.
Parágrafo único: Se o consentimento é obtido mediante fraude/coação/gestante vulnerável (menor de 14 ou doente mental) aplica-se a pena do art. 125.
c) Art. 125: (Para o outrem) Provocar aborto sem o consentimento da gestante – Pena: 3 a 10 anos. 
- Definição: Aborto é a interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção.
à Mesmo se a morte se dar fora do corpo, continua sendo aborto. 
à Teoria monista: O aborto constitui exceção à teoria monista. O legislador tipificou no art. 124 a conduta de consentir o aborto e no art. 126 a conduta de provocar o aborto com o consentimento da gestante. Assim, não haverá concurso de pessoas. 
NAMORADO induz auxilia RECEPCIONISTA
Art. 124 Art. 126
(partícipe) 
GESTANTE - MÉDICO + ENFERMEIRA 
Art. 124 Art. 126 Art. 126
AMIGA instiga 
Art. 124
O namorado que induz ao aborto ou a amiga que instiga, com base na teoria monista, são considerados partícipes no crime de aborto, pois contribuíram para o crime, respondendo pelo art. 124. 
O médico é considerado coautor, respondendo pelo art. 126. A enfermeira, que participou da cirurgia, também é coautora, respondendo pelo art. 126. Por fim, a recepcionista, que deu suporte para a conduta do médico e da enfermeira, é considerada partícipe desse crime, respondendo ao art. 126. 
Dessa forma:
GESTANTE: autora
NAMORADO: partícipe
AMIGA: partícipe
MEDICO: coautor
ENFERMEIRA: coautora
RECEPCIONISTA: partícipe 
Obs: Se a amiga só instrui e dá o remédio, é art. 124, mas se ela pega na agulha é art. 126.
3) Sujeitos
a) Sujeito Ativo:
- Art. 124: Gestante. Admite concurso apenas sob a forma de participação (Crimes de mão própria) 
- Art.125 e 126: Qualquer pessoa.
b) Sujeito Passivo: 
- Art. 124 e 126: Embrião/feto.
- Art. 125: Embrião/feto e a gestante (sua integridade física, psicológica, sua autonomia, etc., são violados).
II- Tipo Subjetivo
OBS: “quis matar” ou “assumiu os risco de matar” são DOLO (o 2º é dolo eventual). Matou por inobservância do dever de cuidado, imperícia, imprudência ou negligência é CULPA.
1) Dolo: É a consciência e vontade de interromper a gravidez, provocando a morte do concepto (Dolo eventual também cabe). 
2) Culpa: Não há previsão de forma culposa. 
Ex: atropelou mulher grávida com culpa, não cabe aborto. 
- Pode ser cometido por omissão, se quem se omitiu tinha posição de garante (mas tem que ter dolo). 
Ex: Mulher grávida que quer ter o bebê, mas fez “hafting”, ingere drogas, ou bebe todas, ou vai 
no baile funk, e aborta: conduta atípica, pois não há dolo.
Ex2: Médico que por negligência, sem pergunta à mulher se ela está grávida, dá remédio e provoca aborto: conduta atípica, pois não há dolo. 
Em todos os casos, se abortar tem que provar o nexo de causalidade e o dolo. 
- O Brasil não prevê crime doloso nem culposo de lesão ao feto. Assim, no caso da gestante que fuma, não há nada a se fazer. 
III- Consumação e Tentativa
1) Consumação: Com a morte (crime material (precisa do resultado para estar consumado))
2) Tentativa: É admitida à Quem diz o crime é o dolo/intenção, e não o resultado. Dessa forma, se o bebê nascer deformado ou normal, ainda assim é tentado. 
IV- Causa de aumento
- Os crimes dos arts. 125 e 126 terão a pena aumentada em 1/3 se resultar lesão grave na gestante e em 2x se resultar na morte dela. 
- Só cabe isso se o resultado for culposo (a lesão grave ou a morte, mas o aborto é doloso). Assim, se o cara matar a gestante porque quer e provocar o abroto porque quer, responde por homicídio e aborto.
V- Aborto Legal – art. 128
- Não se pune o aborto feito por médico em 2 situações:
1ª) Para salvar a vida da gestante (saúde não, só vida!)
2ª) Gravidez decorre de estupro
VI- Jurisprudência:
EMENTA. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIME DE ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE EM CONCURSO DE PESSOAS. TESE DE INSUFICIÊNCIA DE PROVAS PARA EMBASAR A PRONÚNCIA. IMPROCEDÊNCIA. INDÍCIOS VEEMENTES DE AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADOS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 1 A decisão de pronúncia encerra simples juízo de admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento jurídico somente o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua autoria, não se demandando aqueles requisitos de certeza necessários à prolação de um édito condenatório, sendo que as dúvidas, nessa fase processual, resolvem-se contra o réu e a favor da sociedade. É o mandamento do art. 408 e atual art. 413 do CP. 2 Demais disso, em face da competência de mérito exclusiva dos jurados e da aplicação do in dúbio pro societate, que predomina nessa fase processual, agiu acertadamente o juízo de primeiro grau ao pronunciar o réu pela prática do crime de homicídio simples, já que presentes na espécie os indícios de autoria e presente a materialidade. 3I Recuso conhecido e improvido à unanimidade, nos termos do voto do Desembargador Relator. Decisão unânime
(TJ-PA - RSE: 201330260865 PA, Relator: JOAO JOSE DA SILVA MAROJA, Data de Julgamento: 21/02/2014, 3ª CÂMARA CRIMINAL ISOLADA, Data de Publicação: 25/02/2014)

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