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ABORDAGEM-CENTRADA-NA-PESSOA

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1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 
2 DA FENOMENOLOGIA À PSICOLOGIA .................................................... 3 
2.1 DAS FASES PERTENCENTES À PSICOLOGIA POR CARL ROGERS
 6 
3 A PSICOTERAPIA NA ACP ........................................................................ 9 
3.1 MODALIDADE DE RESPOSTA ......................................................... 11 
3.2 DA ATITUDE DO ENTREVISTADOR ................................................ 13 
3.3 TÉCNICA DE BASE – REFORMULAÇÃO ......................................... 14 
3.4 RESPOSTA REFLEXO ...................................................................... 15 
4 GRUPOS NA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA .......................... 18 
5 ASPECTOS FENOMENOLÓGICOS PRESENTES NA ACP .................... 21 
6 IMPORTÂNCIA DOS VALORES NA CLÍNICA DA ABORDAGEM 
CENTRADA NA PESSOA ......................................................................................... 25 
6.1 A VALORAÇÃO NA ACP ................................................................... 26 
6.2 O SELF A PARTIR DO PROCESSO DE VALORAÇÃO .................... 28 
6.3 TÉCNICAS E VALORES .................................................................... 29 
6.4 AUTENTICIDADE .............................................................................. 30 
6.5 CONSIDERAÇÃO POSITIVA INCONDICIONAL ............................... 31 
6.6 EMPATIA ............................................................................................ 31 
6.7 PSICÓLOGO ROGERIANO E SUA ATUAÇÃO NA CLÍNICA ............ 32 
7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 34 
 
 
 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
3 
 
2 DA FENOMENOLOGIA À PSICOLOGIA 
A fenomenologia foi fundada por Edmund Husserl (1859-1938) e trouxe 
contribuições para os estudos na psicologia. Ela surge como uma crítica à legitimidade 
naturalista de “voltar-se para a mesma coisa” para perceber a essência do fenômeno 
por meio da redução do pensamento / transcendental. 
Divergindo em alguns pontos do pensamento, Martin Heidegger, discípulo de 
Edmund traz a proposta da fenomenologia existencial, começando com o pressuposto 
que homem e mundo existem simultaneamente, e a busca pela compreensão do ser 
ocorre por meio de um entendimento ontológico, evidenciando o fluxo por entre a 
angústia e a insegurança do ser, e não pela definição e representação próprias da 
metafísica. 
 
 
Fonte: pensamentoliquido.com.br 
A fenomenologia pode ser entendida não apenas como uma escola filosófica, 
mas também como uma metodologia de conhecimento. Para a fenomenologia, existe 
uma coincidência entre existência (existência contínua) e aparência, ao invés de uma 
coincidência entre existência e ideia, ou seja, a existência buscada está corporificada 
no modo de existência no mundo, ao invés de uma coisa qualquer desvinculada do 
mundo. Sendo esta a diferenciação principal entre a metafísica e fenomenologia. 
 
4 
 
Foi da Filosofia que partiram as fontes primordiais que influenciaram para o 
surgimento da Psicologia. Porém, foi somente no século XIX com a separação da 
filosofia e a introdução dos modelos das ciências naturais que foi possível consolidar 
a psicologia. A história da ciência psicológica continua, composta pelo campo real da 
difusão do conhecimento e por uma variedade de métodos teóricos. 
De acordo com Goto (2008), pela própria história da Psicologia científica, 
vemos que esta possui várias escolas e abordagens, muitas delas com o mesmo 
objeto, mas com resultados e propostas diferentes. Assim, a Psicologia ao mesmo 
tempo em que alcançou o lugar de ciência, tem seu lugar problematizado pelo fato de 
não ter chegado epistemologicamente a uma conclusão metodológica que garantisse 
a sua comprovação científica. 
A psicologia humanista surgiu do movimento humanista nas décadas de 1930 
e 1940 e influenciou alguns psicólogos que estavam insatisfeitos com os métodos 
teóricos da época (psicanálise e behaviorismo). A partir de 1950 a psicologia 
humanista obteve seu destaque, sua aprovação, por seus pioneiros, Gardner Murphy, 
Gordon Williard Allpot, Abraham Maslow, Carl Ranson Rogers. Por razão do 
direcionamento que a psicologia moderna tomava à época, afastando o homem do 
centro de suas discussões, esses estudiosos iniciaram um movimento chamado 
“terceira força”. 
Carl Rogers se destacou em suas pesquisas, trazendo a Abordagem Centrada 
na Pessoa ou centrada no cliente, que teve grande contribuição para a Psicologia 
Humanista. Sua maneira de entender as pessoas atravessa o entendimento de que o 
indivíduo é orientado para seu crescimento tendenciando o desenvolvimento de seus 
potenciais diante de três contextos favoráveis, sendo eles, fidedignidade e 
concordância, aceitação positiva incondicional, empatia. A Abordagem Centrada na 
Pessoa propõe um ser ativo buscando a atualização de suas competências inerentes. 
A ideia central dessa abordagem para Rogers (1942,2005) pode ser 
resumidamente formulada da seguinte maneira: a consulta psicológica eficaz consiste 
numa relação permissiva, estruturada de uma forma definida, que permite ao paciente 
alcançar uma compreensão de si mesmo num grau que o capacita a progredir à luz 
da sua nova orientação. Esta hipótese tem um corolário natural: todas as técnicas 
usadas devem ter como objetivo desenvolver essa relação permissiva e livre, essa 
 
5 
 
compreensão de si na consulta psicológica e nas outras relações, essa tendência para 
uma ação positiva e de livre iniciativa. 
Rogers (1983) os indivíduos possuem dentro de si vastos recursos para a 
autocompreensão e para modificação de seus autoconceitos, de suas atitudes e de 
seu comportamento autônomo. Esses recursos podem ser ativados se houver um 
clima passível de definição, de atitudes facilitadoras [...] A abordagem centrada no 
cliente baseia-se na confiança em todos os seres humanos e em todos os organismos. 
As ideias de Carl Rogers se desenvolveram ao longo de sua carreira, tanto que 
o nome de sua proposta teórica também mudou. Nascendo em 1940 uma nova 
proposta teórica, denominada Psicoterapia Não-Diretiva ou Aconselhamento Não-
Diretivo, que passou por alterações até chegar na Abordagem Centrada na Pessoa. 
 
 
www.psicologiaexplica.com.br 
Rogers, no processo de desenvolvimento de seu pensamento, sempre 
expressou preocupação com os fundamentos filosóficos da psicologia, e a Abordagem 
Centrada na Pessoa é derivada de sua experiência clínica e pesquisa científica. A 
perspectiva filosófica constitui-se em um modo de pensar a realidade, de questioná-
la e de nortear a práxis do ser humano (Holanda, 1998). Rogers com base na 
experiência prática e na vida como ponto de partida para formular suas teorias e 
métodos de psicoterapia, incluindo a subjetividadede terapeutas, cientistas, 
se interessa em compreender o significado dado pela própria pessoa à sua 
http://www.psicologiaexplica.com.br/
 
6 
 
experiência e forma de vivência, assumindo uma prática de humanismo e atitude 
fenomenológica em sua forma de trabalhar. 
Os trabalhos de Rogers tiveram como ponto inicial, sua atuação clínica com 
crianças, onde identificou nelas o potencial positivo de desenvolvimento, propiciando 
uma investigação a cerca de uma tendência inerente existente em todas as pessoas 
que busca evoluir numa direção positiva, se tornando a idéia central de seu trabalho. 
Os estudos de Rogers eram amplos, sua inquietação pelos processos sociais e 
questões como a paz mundial, o fez buscar estender sua teoria a esses vários 
campos. Inicialmente sua abordagem tinham como foco a evolução de um sistema de 
alteração na personalidade, voltando-se paa o subjetivo da pessoa, posteriormente 
seus estudos concentraram-se nas interrelações sociais do indivíduo. 
 Uma questão que marcou esse período foi a busca de expressões teóricas que 
ajudassem a organizar e dar sentido explicativo para o conhecimento acumulado até 
agora, sobre a prática e pesquisa de novos métodos de psicoterapia, Nessa 
experiência, Rogers foi além da teoria terapêutica e tentou organizar de forma rigorosa 
proposições e hipóteses. Testável por experiência, suas opiniões sobre a natureza da 
personalidade, o desenvolvimento humano, mudança e relações gerais. E devido ao 
empenho teórico da época, seu resultado mais detalhado e completo de uma Teoria 
de Terapia, Personalidade e Relacionamento Interpessoal. 
2.1 DAS FASES PERTENCENTES À PSICOLOGIA POR CARL ROGERS 
Com a evolução da proposta teórica e metodológica no decorrer de sua 
trajetória, houve algumas divisões de seu pensamento por parte de outros estudiosos, 
a fim de delimitarem as fases do mesmo. Sendo que a divisão mais amplamente 
utilizada é a concebida por Hart & Tomlinson (1970), que descreve três fases 
pertencentes à psicoterapia, sendo, Fase Não-Diretiva; Fase Reflexiva; Fase 
Experiencial; e outra fase, esta, referente à Abordagem Centrada na Pessoa, Fase 
Coletiva ou Inter-Humana. 
Na Fase Não-Diretiva a psicoterapia pressupõe a busca pessoal de 
crescimento e saúde, devendo propiciar um espaço, que favorecesse ao cliente o 
desenvolvimento de seu potencial, assumindo a responsabilidade pelo seu próprio 
processo. Realça os sentimentos do que o intelecto, o “aqui e agora” no lugar do 
 
7 
 
passado, seu objeto de trabalho é o indivíduo, não o problema, e tem o relacionamento 
em si como uma experiência de crescimento. 
Segundo Holanda (1998) nessa fase, as atitudes do terapeuta privilegiam a 
técnica da permissividade, através de uma postura de neutralidade em que o 
profissional deveria intervir o mínimo possível. Wood (1994) acrescenta o 
psicoterapeuta (ou “conselheiro”, termo mais utilizado nessa etapa) renuncia ao papel 
de especialista, tornando mais pessoais as relações com o cliente e conduzindo a 
sessão a partir da orientação ditada por este último (denominado “paciente” em 
Psicoterapia e consulta psicológica, quer dizer, o processo terapêutico é dirigido pelo 
cliente, sendo que o psicoterapeuta tem pouca intervenção. 
A Fase Reflexiva é caracterizada por práticas que refletem emoções e 
correspondem a terapias centradas no cliente, o papel do terapeuta é promover o 
desenvolvimento do cliente, realizado em um ambiente não ameaçador (ou seja, em 
condições ambientalmente facilitadora). Neste momento a ideia de não-diretividade é 
trocada pela ideia centralizada no cliente, propondo uma atividade maior na atuação 
do terapeuta, sendo cliente seu objeto de maior atenção. Com a proposta de 
desenvolvimento de atitudes facilitadoras (sendo estas necessárias para a mudança 
construtiva de personalidade do cliente), o terapeuta dispõe três pontos para a 
obtenção da evolução do cliente. Sendo empatia, aceitação positiva incondicional e 
congruência. A empatia permite ao terapeuta a compreensão do outro em seu mundo 
de acordo com sua ótica, a aceitação positiva incondicional quer dizer do respeito à 
singularidade do cliente de maneira absoluta. A congruência pode ser compreendida 
como o nível de equivalência entre a experiência do terapeuta e as informações que 
ele comunica com o cliente (sendo ele mesmo no relacionamento terapeuta-cliente). 
Rogers (1994) descreve as atitudes facilitadoras: 1) Que duas pessoas estejam 
em contato psicológico; 2) Que a primeira, a quem chamaremos cliente, esteja num 
estado de incongruência, estando vulnerável ou ansiosa; 3) Que a segunda pessoa, 
a quem chamaremos de terapeuta, esteja congruente ou integrada na relação; 4) Que 
o terapeuta experiencie consideração positiva incondicional pelo cliente; 5) Que o 
terapeuta experiencie uma compreensão empática do esquema de referência interno 
do cliente e se esforce por comunicar esta experiência ao cliente; 6) Que a 
comunicação ao cliente da compreensão empática do terapeuta e da consideração 
positiva incondicional seja efetivada, pelo menos num grau mínimo (p.157). 
 
8 
 
A Fase Experiencial é marcada pela mudança do olhar de Rogers que volta-se 
mais à experiência, centralizando sua atenção na experiência vivenciada pelo cliente, 
terapeuta e a relação de ambos. Tendo nesse momento uma relevância, a intervenção 
terapêutica, que ocupa um espaço na relação intersubjetiva terapeuta-cliente. O 
objetivo da psicoterapia aqui é ajudar os clientes a tirar o máximo proveito de sua 
própria experiência, promovendo uma maior consistência no desenvolvimento pessoal 
e de relacionamento. Sendo o terapeuta facilitador do processo. As experiências do 
terapeuta são também parte da relação. Nesse sentido, essa relação não é mais 
entendida como centrada no cliente, mas como bicêntrica,pois inclui o esforço de 
explorar dois mundos fenomenais e fazê-los interagir em prol do cliente, criando nova 
significação após o que é vivenciado por ambos. 
Um dos colaboradores de Rogers, Gendlin, teve contribuição importante para 
a Abordagem Centrada na Pessoa, com orientação terapêutica embasada na teoria 
empírica, focalizava a vivência da relação do terapeuta com o cliente, ao invés do 
conteúdo oral em si. Segundo Moreira (2001, 2007) essa experiência é considerada 
responsável pelo processo de mudança do cliente. Descrito por Rogers (1976) 
descobriu-se que a transformação pessoal era facilitada quando o psicoterapeuta é 
aquilo que é, quando as suas relações com o paciente são autênticas e sem máscara 
nem fachada, exprimindo abertamente os sentimentos e as atitudes que nesse 
momento lhe ocorrem. Escolhemos o termo “congruência” para tentar descrever esta 
condição. Com este termo procura-se significar que os sentimentos experimentados 
pelo terapeuta lhe são disponíveis, disponíveis à sua consciência, e que ele é capaz 
de vivê-los, de ser esses sentimentos e estas atitudes, que é capaz de comunicá-los 
se surgir uma oportunidade disso (p.63). 
 A Fase Coletiva ou Inter-Humana foi proposta por Moreira (2001,2007) 
devido o interesse de Rogers ter se direcionado a questões mais amplas, relacionadas 
à coletividade e atividades de grupo. Holanda (1998) justifica a denominação “inter- -
humana”, argumentando que esta é uma fase de transcendência de valores e de 
ideias, em que Rogers trabalha com conceitos que coexistem em outras áreas da 
ciência, tais como a física, a química ou a biologia, expressando sua preocupação 
com o futuro do homem e do mundo. 
 Mesmo depois de Rogers, a teoria Centrada na Pessoa continua a ser 
desenvolvida em vertentes diversificadas e em vários lugares do mundo. Estas são 
 
9 
 
influenciadas pelas diferentes fases do pensamento de Rogers. Pode-se destacar a 
versão clássica, a linha experiencial, a linha experiencial processual, a linha 
existencial-fenomenológica, a linha transcendental, a linha expressiva, a linhaanalítica, a linha comportamental-operacional, a linha do curriculum centrado na 
pessoa. A linha existencial-fenomenológica é principalmente desenvolvida por 
brasileiros e se embasa na fenomenologia existencial, e destaca suas características 
fenomenológicas por meio das contribuições da psicopatologia fenomenológica e das 
tradições de análise existencial. 
3 A PSICOTERAPIA NA ACP 
A psicoterapia é uma relação, sua característica básica é ser entendida como 
uma interação, e essa interação tem a particularidade da existência. Esta é uma das 
premissas e herança intelectual de um método de psicoterapia humanista e 
existencial. Rogers ressaltou ao longo de seu trabalho que o objetivo do terapeuta é 
participar da experiência imediata do cliente. Para isso, o terapeuta precisa saber ouvir 
e observar, estar atento às mudanças nas relações e nas interações com o cliente. 
O principal fator que determina quase todos os processos envolvidos tanto na 
clínica, como no dia a dia de seus clientes é o que Rogers chamou de "tendência 
atualizante". Como descrito por Rogers & Kinget, (1977a) todo organismo é movido 
por uma tendência inerente a desenvolver todas as suas potencialidades e a 
desenvolvê-las de maneira a favorecer sua conservação e enriquecimento. 
Observemos que a tendência atualizante não visa somente (...) a manutenção das 
condições elementares de subsistência como as necessidades de ar, de alimentação, 
etc. Ela preside, igualmente, atividades mais complexas e mais evoluídas tais como a 
diferenciação crescente dos órgãos e funções; a revalorização do ser por meio de 
aprendizagens de ordem intelectual, social, prática'. 
É desse conceito que inicia a motivação de Rogers para propor a clínica 
psicoterapêutica, o processo de grupos, a aprendizagem e a educação, bem como 
qualquer possível aplicação de sua teoria, ainda que possa ser criticado e 
controverso. Esse conceito define a profunda confiança das pessoas no potencial 
humano - quase "fé" - para considerar as pessoas como seus próprios artesãos e 
como "seus próprios arquitetos. Uma das consequências do objetivo desse conceito 
 
10 
 
é sua funcionalidade e dinâmica, ou seja, o cliente é visto como o “sujeito” de sua 
própria vida ativa e consciente, presume-se uma mudança no papel do terapeuta no 
processo. Se o alvo da clínica é autônomo, consciente e tem potencial de 
desenvolvimento suficiente, então o papel do terapeuta não será mais o detentor do 
conhecimento desconhecido pelo cliente. O terapeuta é desapropriado de sua 
representação de detentor do saber, passando a responsabilidade do processo ser do 
cliente, o que esclarece o termo utilizado como facilitador no lugar de terapeuta. Pois 
este visa facilitar esse desenvolvimento de potencialidades no cliente. 
 
https://psicologiaacessivel.net/ 
 
A proposta do terapeuta “centrado na pessoa” visa a compreensão do sujeito, 
do que ele traz ao longo do processo e o que ocorre no aqui e agora da relação. 
A resposta reflexo é uma forma de empatia, que se baseia em um princípio 
semelhante, ou seja, somente os sujeitos que vivem nessa situação podem expressar 
a realidade para si e para os outro. 
 
 
11 
 
3.1 MODALIDADE DE RESPOSTA 
Após estudo desenvolvindo por Rogers através de entrevistas gravadas, 
Rogers destacou cinco modelos de respostas do terapeuta e quatro as do cliente para 
o terapeuta ((Rogers & Kinget, 1977a, p.237): 
1. Resposta avaliativa, o que pode expressar desde uma interpretação, até um 
acordo/desacordo, passando pela sugestão ou informação; 
2. Resposta que tende a "estruturar" a relação, que consiste numa explicação 
da situação terapêutica em questão; 
3. Resposta visando obter esclarecimentos, o que indica uma não-apreensão 
exata do que o cliente questiona; 
4. Resposta-reflexo do conteúdo, com referência ao contexto e não à pergunta 
propriamente dita; 
5. Resposta-reflexo do objeto, o que indica que o terapeuta compreende a 
questão ou seu significado. 
As respostas do cliente às perguntas do terapeuta são: 
1. Reiteração: ou repetição da pergunta (ampliando ou não seu conteúdo, ou 
mesmo apresentando uma nova pergunta); 
2. Não-reação: sendo uma “renúncia aparente” ao assunto que pode 
desembocar noutro assunto mais superficial; 
3. Envolvimento: o cliente explora suas atitudes relativas ao objeto da pergunta; 
4. Percepção: uma resposta indicativa de que o cliente compreendeu ou tomou 
consciência de aspectos até então desconhecidos para si. 
Concluindo, Rogers & Kinget, (1977a, p.239) ficou evidenciado pelo estudo de 
Bergman que as atividades de exploração do eu e de tomada de consciência, duas 
dimensões importantes do processo terapêutico, parecem ser favorecidas por 
respostas que “refletem” o pensamento do cliente. Ao contrário, as respostas que 
procuram explicar ou interpretar são de natureza a provocar reações contrárias ao 
progresso terapêutico. 
Conforme o autor Mucchielli, outros tipos de respostas podem ser identificados 
na entrevista clínica, tais como, respostas de avaliação ou de julgamento moral; 
interpretativa; de suporte afetivo; investigadora e resposta solução de problema. 
A resposta da avaliação inclui referências a normas, regras e valores. A 
resposta da avaliação inclui referências a normas, regras e valores. Essa resposta 
 
12 
 
pode abarcar conselho, advertência, aprovação ou desaprovação. Para Mucchielli 
(1978), tal resposta “induz no entrevistado uma sensação de desigualdade moral, na 
qual ele se sente inferiorizado”. 
Nas respostas interpretativas, o foco está especialmente em uma ou outra 
particularidade, de acordo com o entendimento do entrevistador. Pode ser 
compreendida como um resgate parcial, um resgate deformante de sentido ou ainda 
uma exposição do que foi dito. Em todos os casos prevê uma elevação da 
subjetividade do terapeuta, possibilitando uma sensação de incompreensão por parte 
do entrevistado, originando um reparo até mesmo posturas como desinteresse, 
irritação ou bloqueio. 
 
 
ares.unasus.gov.br 
Respostas de suporte envolvem atitudes de conforto ou compensação. Indica 
que a semelhança de experiência entre o entrevistador e o entrevistado pode gerar 
uma sensação de boas-vindas podendo eventualmente levar à dependência, ou 
mesmo à recusa em ser objeto de tal conforto, ou mais em certo sentido, costuma ser 
uma resignação em esperar que tudo comece com a figura do entrevistador 
A resposta investigadora ou de pesquisa compreende consultar o cliente no 
propósito de obter informações complementares apontadas como necessárias pelo 
entrevistador. Não envolve apenas um apontamento do terapeuta, mas também revela 
algumas questões que o cliente precisa analisar. Quando o entrevistado não deseja 
explorar este ou aquele aspecto da proposta, isso pode levar à desistência (defesa). 
 
13 
 
A resposta à "solução de problemas" envolve uma “visão instruída" que libertará 
os clientes da situação em que se encontram. Por ser colocado de fora, este método 
indutivo pode trazer grande comodidade aos clientes, eliminando assim a 
responsabilização do seu próprio processo. A prática constante dessa forma de 
procedimento pode esconder uma dúvida no potencial do cliente ou excesso de 
confiança na habilidade do terapeuta. Essas modalidades utilizadas nas entrevistas 
dirigidas, porém não deve ser aplicadas como de forma exclusiva pois deixam o cliente 
na espera pela condução do terapeuta, causando certo prejuízo na proposta de 
desenvolvimento da autonomia deste. 
3.2 DA ATITUDE DO ENTREVISTADOR 
O autor Mucchielli (1978) descreve cinco atribuições do terapeuta na prática da 
abordagem centrada no cliente, sendo elas: 
a) Acolhida e não iniciativa – o terapeuta se conduz de modo cordial, 
proporcionando ao cliente ficar descontraído, ao contrário de uma 
conduta diretiva que faz com que o cliente responda à situação imposta. 
Em todo caso é necessário se atentarpara a cultura em que se está 
inserido, bem como nas expectativas que o cliente apresenta, para não 
se criar um pré-julgamento. É importante ser cauteloso, aguardado o 
momento propício para as intervenções; 
b) Estar centrado no que é vivido pelo sujeito e não nos fatos que ele conta 
– priorizando o que é vivenciado pelo cliente que é singular a este. 
Devendo o terapeuta, ter a habilidade de compreensão do sentido desta 
vivência da forma com ela é para esse sujeito. Isso significa que os fatos 
objetivos são auxiliares, em vez de fatores decisivos. No entanto, deve-
se notar que isso não significa que devemos simplesmente "deixar de 
lado" os fatos ou objetividade. Os fatos são parte integrante da cultura e 
da realidade pessoal e devendo ser entendidos desta maneira. 
c) Interessar-se pela pessoa do sujeito, não pelo problema em si mesmo – 
neste ponto o autor ressalta que não se deve visar o problema em si, 
mas o que este causa ao sujeito, a forma com que ele se manifesta, sem 
descartá-lo, pois, problemas são situações de toda realidade, a maneira 
 
14 
 
como é vivenciado é que se difere. Buscar ver o problema de fato, sob o 
olhar do sujeito que o vivencia, configura a entrevista centrada no cliente. 
d) Respeitar o sujeito e manifestar-lhe uma consideração real, em lugar de 
tentar mostrar-lhe a perspicácia do entrevistador ou sua dominação - 
Significa confiar nos clientes de que é possível livrar-se da própria 
situação e restaurar a vitalidade perdida, ou seja, o "estado de 
equilíbrio". Isso significa respeitar esse potencial e respeitar a própria 
existência do indivíduo, que é única e verdadeira. Esta é a sua 
integridade, respeito pela realidade, emoções e vida. Ocorre a troca e a 
interação, sem a imposição de qualquer coisa. Uma tendência 
atualizante. 
e) Facilitar a comunicação e não fazer revelações – esta é uma forma da 
outra parte esclarecer para si própria a sua própria experiência, o que 
lhe permitirá seguir a solução, de acordo com Mucchielli (1978) trata-se 
de fazer esforços para manter e melhorar sua capacidade de comunicar 
e de formular o seu problema. A diferença é que no modo de 
reformulação de uma interpretação clássica a interpretação ocorre pela 
apreensão do universo particular do sujeito como ponto de partida. 
3.3 TÉCNICA DE BASE – REFORMULAÇÃO 
Começa com uma ideia interveniente, que permite ao cliente expressar as suas 
ideias de forma mais completa, promove a comunicação e gera cada vez mais 
espontaneidade. Segundo Mucchielli (1978), se define ‘reformulação’ uma 
intervenção do entrevistador que consiste em tornar a dizer com outros termos e do 
modo mais conciso, ou explícito o que o cliente acaba de expressar e isto de tal forma 
que obtenha a concordância do sujeito. Não significa fazer interpretações, mas 
favorecer a comunicação, permitindo que o cliente avance na comunicação, vendo 
novas possibilidades, neste sentido há a confirmação do que foi formulado. 
Existem cinco fundamentos essenciais da reformulação: a compreensão da 
significação expressa na formulação, exprimir de maneira aprimorada e evoluída o 
ponto de vista do cliente, acolhimento do material subjetivo trazido pelo cliente, o 
entendimento do ponto de vista do cliente da forma como o cliente o expõe, o “erro” 
 
15 
 
só permite ao cliente refazer sua expressão e encaminhar a situação para uma nova 
tentativa de entendimento, Significa uma "verificação" contínua da comunicação como 
forma de orientar a comunicação. Compreender e permitir a manutenção de canais 
de comunicação abertos. 
 
 
www.vanessasardisco.com.br 
 
O terapeuta como agente facilitador, no comprometimento com o cliente, 
confiando no seu potencial, sugerindo um raciocínio comportamental, pois o conteúdo 
emocional está vinculado ao entendimento do que é vivenciado individualmente. 
Sobre esse entendimento Mucchielli (1978) destaca se organizam em sistema no 
universo privado de cada um de nós. Assim, compreender um comportamento é 
compreender as significações que ele implica no próprio nível da percepção das 
coisas, dos seres, e dos eventos, é reconstituir tais significações no conjunto da 
vivência do sujeito. 
3.4 RESPOSTA REFLEXO 
O objetivo de um terapeuta centrado no ser humano é interagir na experiência 
do cliente em tempo real, quer dizer, não julgar, avaliar, analisar e interrogar, e sim 
perpassar o trajeto natural particular do sujeito, a partir de seu pensamento, 
 
16 
 
procurando abranger seus significados. Rogers (1977b) complementa, “ao ponto de 
retomá-lo e lhe dar uma forma equivalente ou, pelo menos, suscetível de ser 
reconhecida como sua. Por isto a resposta característica da abordagem rogeriana é 
conhecida pelo nome de ‘reflexo’”. Tal conceito tem como proposta criar uma via de 
comunicação entre terapeuta e cliente, de modo a tornar os sentidos normais. 
Também busca fazer com que esses sentidos fiquem claros para o sujeito. 
Rogers (1977b) descreve esse tipo de resposta em três moldes, sendo eles: 
A reiteração o reflexo-simples, busca sintetizar o que é comunicado pelo cliente 
de maneira implícita ou manifesta, refletindo a ideia por ele expressa. Visa elucidar 
pontos relevantes da comunicação, favorecendo a continuação da comunicação, 
promovendo a evolução da narrativa do cliente. Tal modelo de resposta é favorável a 
segurança, reduz as defesas e expande o escopo de conscientização do cliente. 
Para Rogers & Kinget (1977b), o reflexo simples se emprega principalmente 
quando a atividade do cliente é descritiva, isto é, quando carece de substância 
emocional ou quando o sentimento está a tal ponto inerente ao conteúdo material que 
o terapeuta demonstre uma atitude investigadora, analítica, que seja contrária às suas 
intenções, se procurasse deduzir daí alguma significação implícita. 
O reflexo simples, são marcas de pontuação usadas para organizar o conteúdo 
da comunicação com o cliente. Isso lhe dará um melhor entendimento de si mesmo e 
o encorajará a continuar se manifestando. Nesse modelo a afetividade é mais 
evidenciada, não se voltando para o cognitivo do sujeito, em que se buscou 
fundamentação na Gestalt, que traz a ideia que não se modifica o campo de 
percepção do sujeito. Esse modelo não busca modificação excessiva, mas um novo 
entendimento a partir da clarificação do ponto obscuro anteriormente expressado. 
Proporcionando bem-estar por não estar sendo julgado e concomitantemente 
compreender ainda que sutilmente a comunicação. 
Uma forma mais elaborada da apresentação de modelo de reiteração é a 
reformulação-resumo, onde o terapeuta faz novamente a comunicação com o objetivo 
de certificar da compreensão de seu cliente. Visa sintetizar a narrativa para 
identificação do ponto crucial. Para Lerner (1974) o reflexo-simples tem a vantagem 
de que se articula pura e exclusivamente sobre o material provido pelo cliente, que 
desta maneira é acompanhado e não observado; tal experiência o motiva de forma 
natural a penetrar progressivamente e por iniciativa própria, em sua problemática. 
 
17 
 
Outro tipo de resposta descrito por Rogers é o reflexo dos sentimentos, utilizado 
por ele também o termo “reversão figura-fundo”, onde esclarece (Rogers & Kinget 
1977b), enquanto que a reiteração facilita o processo ao dar ao indivíduo a sensação 
de se sentir perfeitamente compreendido e respeitado, o reflexo propriamente dito tem 
por objetivo descobrir a intenção, a atitude ou sentimento inerentes às suas palavras, 
propondo-os ao cliente, sem os impor. Em termos gestaltistas, consiste em tornar claro 
o “fundo” da comunicação de modo a permitir que o indivíduo perceba se ele encontra 
nela elementos suscetíveis de se integrar à “figura”, de modificá-la ou de revalorizá-
la. Envolve a compreensão por trás do discurso claro do sujeito, tendo um caráter mais 
dinamizado, facilita a evolução dessa figura que no modelo de reiteração tendenciavaa estabilização. 
 
 
http://www.iarabravo.com.br/ 
Tal percepção solicita mais uma vez atenção detalhada do terapeuta, 
especialmente a empatia, de modo que se exclua qual for o sentimento de invasão ou 
de sofrimento, respeitando o momento do cliente, que significa o tempo em que o 
cliente leva para a compreensão do que está sendo trabalhado no processo. 
Importante frisar sobre essa atenção detalhada, pois na falta dela o terapeuta intervém 
de modo vago, podendo o cliente retroceder no processo. Geralmente esta percepção 
se consolida com a experiência, e não se descarta a intuição para identificar o 
momento do cliente, que abarca a atenção detalhada, o empenho e respeito do 
terapeuta para com o processo do cliente. Como cita Lerner (1974), esta liberdade, 
 
18 
 
esta ausência de pressões, que emanam do reflexo do sentimento, permite que o 
cliente progrida até uma crítica cada vez mais objetiva de suas ‘experiências’ e 
valorações conexas. 
Já a elucidação ou reformulação-clarificação, age em outro campo da 
comunicação, ou seja, o campo dos elementos não expressos. Sua finalidade é fazer 
com que as pessoas tenham sentimentos e atitudes evidentes. Esses sentimentos e 
atitudes não são derivados diretamente da fala do sujeito, mas podem ser inferidos da 
comunicação ou de seu contexto. Essa resposta exige cuidado por parte do terapeuta, 
pois embora seja mais atraente tanto para o terapeuta quanto para o cliente, e obtenha 
resultados satisfatórios, quando utilizada de maneira exclusiva ou constante, propicia 
à dependência do cliente. Como ressalta Rogers & Kinget (1977b) esta é uma das 
principais razões pelas quais o terapeuta rogeriano experiente evita responder desta 
maneira. Neste sentido, a clarificação é o aspecto ao mesmo tempo mais difícil e mais 
eficaz da reformulação: consiste em trazer à luz e reenviar ao sujeito o sentido mesmo 
daquilo que ele disse (Mucchielli, 1978). 
No tipo de resposta elucidação, existe uma semelhança grande com a 
interpretação, sendo mais fácil abarcar elementos fora do domínio da percepção do 
cliente, portanto, está mais focada na percepção do terapeuta. Atenção vigilante é 
necessária na compreensão desse significado que o sujeito dá às suas vivências no 
momento vivido. Rogers & Kinget, (1977b) ressalta que pelo fato de que a elucidação 
se afasta sensivelmente do centro da percepção e de que seu conteúdo corre o risco 
de não ser reconhecido pelo indivíduo como pertencente ao campo de sua percepção, 
seria útil formular o conteúdo desta resposta de modo não categórico (...) Já que a 
elucidação se aproxima da interpretação, é raro que apareça no diálogo rogeriano. 
Contudo entende-se que das formas de resposta apresentadas, a elucidação é menos 
efetiva, demonstrando um bloqueio e perda da iniciativa para o auto exame por parte 
do cliente. 
4 GRUPOS NA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA 
Pode-se destacar que as atividades grupais apresentam relevância após a 
primeira e segunda guerra mundial, quando nasce como ferramenta para auxiliar a 
interação dos participantes, que por vezes não a tinham nem mesmo com seus 
 
19 
 
familiares. Para os participantes, as atividades grupais eram vistas como uma válvula 
de escape, diante a tanta desumanização, era um recurso que proporcionava nova 
possibilidade. Nos dias de hoje, de forma contextualizada e ampliada as terapias 
grupais representam uma miniatura do mundo, onde questões de relacionamentos 
bem como as predisposições da sociedade podem ser analisadas, avaliadas e 
entendidas. 
A abordagem centrada na pessoa, descrita por Carl Rogers e colaboradores 
tem uma base filosófica nos pressupostos do humanismo e do existencialismo. Por 
exemplo, é diferente de outras tendências da psicologia moderna, como o 
behaviorismo e a psicanálise, porque se encontra em outro paradigma de 
compreensão do ser humano na relação entre o homem e o mundo: o paradigma 
fenomenológico enfatiza o surgimento da experiência subjetiva e consciente, portanto, 
como forma de lidar com problemas no processo de tratamento. Compreende-se que 
a função do psicoterapeuta centrado na pessoa é promover o crescimento das 
pessoas, ou seja, criar condições necessárias e suficientes para o crescimento das 
pessoas em tratamento. 
Com seus estudos voltados à área educacional, Rogers fez contribuições 
importantes para trabalhar com o grupo. De início, ele pensou que as mesmas práticas 
usadas por terapeutas e professores em clínicas e salas de aula individuais poderiam 
ser adaptadas para trabalhar com grupos. Nessa perspectiva os integrantes eram 
idealizados de modo singular e fragmentado, despido de ponderação pela sua 
participação coletiva bem como pelo grupo em si. De acordo com Fonseca (2005) 
porque a principal preocupação dos facilitadores de grupos, naquele momento, era 
com o estímulo à expressividade dos membros dos grupos. 
Contudo, foram realizadas reestruturações nessa perspectiva, por meio do 
embasamento fenomenológico-existencial, colaborando para os grupos de encontro 
da seguinte forma como cita Rogers (1970/2002): a) confiar no grupo, na capacidade 
deste e de seus membros de desenvolverem suas potencialidades, é um pré-requisito 
à criação do ambiente de confiança; - aceitar a vontade do grupo, mesmo que a 
princípio pareça que a discussão permanecerá apenas num nível superficial cognitivo: 
"descobri que é compensador viver com o grupo exatamente onde ele está" ; b) dar 
espaço para que os indivíduos do grupo se posicionem como sentirem-se mais à 
vontade, ou seja, com maior ou menor comprometimento psicológico com o grupo. 
 
20 
 
Segundo Rogers, poder recusar-se à participação pessoal e não se sentir coagido a 
isso, é uma condição facilitadora para o estabelecimento da confiança (dos membros 
com o grupo e com o facilitador). Os membros percebem seu potencial autônomo a 
partir disso; c) atacar as defesas da pessoa, como uma forma de confrontá-la com 
suas incongruências, não parece a Rogers uma maneira facilitadora, pelo contrário, é 
condenável. Isto pode bloquear a pessoa e criar resistência ao processo; e d) evitar 
comentários interpretativos. Rogers (1970/2002) explica: "Tenho tendência para não 
sondar ou comentar o que pode estar por detrás do comportamento de uma pessoa. 
Interpretar a causa do comportamento individual só pode ser altamente hipotético". 
 
 
https://www.timetoast.com/ 
Na concepção da atuação humanista-fenomenológica, Rogers (1961/2009) 
enfatiza a importância das premissas facilitadoras, aceitação incondicional, 
compreensão empática e autenticidade para a mudança no processo 
psicoterapêutico, porém, Moreira (2009) aponta: “na minha experiência estas 
condições são sempre necessárias. Contudo, nem sempre são sufi- cientes”. 
Para além das questões inerentes ao ser humano e da relevância da relação 
que se desenvolve entre o psicoterapeuta e o cliente, deve-se ponderar também sua 
 
21 
 
interconexão com o mundo, bem como todos os aspectos culturais, históricos, 
políticos e biológicos a ele relacionadas, reconhecendo a constituição mútua do 
homem e do mundo. 
Nas palavras de Merleau-Ponty (1945/2006), a vivência no mundo acontece 
como “uma totalidade aberta cuja síntese não pode ser acabada”, uma realidade 
indeterminada que acolherá a experiência única de cada membro, de cada 
psicoterapeuta e de todo o grupo, trazendo um significado único a esta conferência. 
A experiência obtida no mundo, “é justamente não uma soma de coisas que sempre 
se poderia colocar em dúvida, mas um reservatório inesgotável de onde as coisas são 
tiradas”. 
5 ASPECTOS FENOMENOLÓGICOS PRESENTES NA ACP 
A abordagem centrada na pessoa, no Brasil, é o resultado da influência dos 
métodos fenomenológicos pragmáticos e empiristas, existencial da América do Norte 
e da Europa. Essa abordagem foi inicialmente aceita de uma forma não crítica e não 
pessoal e gradualmente desenvolvidacomo método peculiar e concepção única 
desde os anos 1980. A fenomenologia origina das palavras gregas – phainomenon e 
logos – sendo que phainomenon quer dizer sobre aquilo que aparece, se expressa, 
pode ser observado, compreendido pela percepção ou mente, logos se entende por 
uma narrativa esclarecedora. Portanto, na etimologia, a fenomenologia refere-se ao 
discurso esclarecido que se expressa por si mesmo. Normalmente, é entendido como 
o estudo ou ciência do fenômeno. 
Conforme cita Zilles (2002), a fenomenologia husserliana, (de Edmund 
Husserl), "é, em primeiro lugar, uma atitude ou postura filosófica e, em segundo lugar, 
um movimento de ideias com método próprio, visando sempre o rigor radical do 
conhecimento". Entre os principais conceitos apresentados por Husserl, chamam a 
atenção os seguintes pontos: essência, redução e intencionalidade. A essência ou 
eido é entendida como uma estrutura imutável, e sua existência permanente define o 
que é o objeto, ou seja, a essência é a forma característica de surgimento do 
fenômeno. A redução ou epoque teve formas distintas para o estudioso. Inicialmente, 
quando se pensou que a existência e o significado das coisas são separáveis, 
entendeu a redução como colocá-los entre colchetes e colocar a existência real das 
 
22 
 
coisas de lado para revelar a essência. Outra apresentação da redução reflete-se na 
ideia "voltar à mesma coisa", uma vez que aparecem antes de qualquer preocupação, 
trata-se de um retorno aos elementos puros como base do conhecimento. De acordo 
com Martins & Dichtchekenian (1984), com o tempo, esta visão de consciência 
enquanto representação se tornará superada a partir da noção de intencionalidade. 
Zilles (2002) esclarece que a intencionalidade fenomenológica é "visada de 
consciência e produção de um sentido que permite perceber os fenômenos em seu 
teor vivido". 
 
 
https://psicologiaacessivel.net/ 
Heidegger, discípulo de Husserl, propõe que cada ser tem em si a possibilidade 
de questionar, usando o termo alemão “dasein” que quer dizer “ser-aí”. Pelas suas 
características dinâmicas, o Dasein sempre se associa ao ser de diferentes maneiras 
em constante movimento, e está em constante mudança de acordo com a 
possibilidade de existência. Belém (2004) explica que o dasein "se identifica com o 
homem, mas não é o homem. É dizer o mais originário do homem, que, 
ontologicamente é a sua existência" (...) “o dasein se entrega à responsabilidade de 
assumir o seu próprio ser e, sendo se relaciona com ele e se comporta com o seu ser 
como possibilidade mais própria". O ingresso do ser à realidade se baseia no mundo, 
condição essencial exclusiva ao dasein, onde há o acesso dos seres distintos. 
O termo "ser-no-mundo" se relaciona a um acontecimento unificado que 
abrange os seguintes estágios estruturais: a) ser-em, diz sobre um ser meramente 
 
23 
 
aberto, no meio do mundo, mas remete à constituição existencial, a um morar em, 
estar habituado com; b) ser junto ao mundo, no sentido de se comprometer com o 
mundo ao invés de juntar ao que acontece; c) ser-com, a coexistência de outras 
pessoas constitui essencialmente o ser-no-mundo; d) ser-próprio cotidiano e o 
impessoal entende-se que o ser-no-mundo é continuamente a encargo de si próprio, 
porém o particular do cotidiano, sendo que, o que é habitual é impróprio, impessoal 
por não remeter à singularidade. O dasein quando acontece, permite ao ser se abrir 
para si mesmo, para o mundo, e esse abrir-se significa, como descrito por Heidegger 
(2005), a eliminação das obstruções, encobrimentos, obscurecimentos, como um 
romper das deturpações em que a pre-sença se tranca contra si mesma. 
O referido autor apresenta outra questão relevante, ao qual chamou de 
decaída, descrita como decadência, a decaída quer dizer da fuga da própria existência 
que advém da angústia, representa o desvio de si. A angústia para ele não é entendida 
como a dor, uma experiência disfuncional, estado ou tendência, mas como uma 
característica básica da existência, pois é também nela que o dasein acontece. Por 
sua diversidade de se constituir, o dasein alterna entre a abertura e o fechamento para 
si. 
 A angústia com caráter típico, proporcionará a abertura para si, saindo do 
cotidiano, sendo como um elo que pode caracterizar a abertura ou fechamento, 
tendenciando para o “sair do cotidiano”. Como “ser-no-mundo”, há a propensão de se 
voltar para questões do mundo, questões essas que nos escapolem, gerando um 
espaço vazio, este vazio configura na angústia. Heidegger (2005) descreve que a 
angústia não é somente angústia com... mas, enquanto disposição, é também 
angústia por... O por quê a angústia se angustia não é um modo determinado de ser 
e uma possibilidade da pre-sença [...] Na angústia o que se encontra à mão no mundo 
circundante, ou seja, o ente intramundano em geral, se perde [...] na angústia se está 
“estranho” [...] Mas, estranheza significa igualmente “não se sentir em casa”. 
Segundo Heidegger (2005) na angústia perdura a probabilidade de uma 
abertura favorecida à proporção que ela “retira a pre-sença de sua de-cadência e lhe 
revela a propriedade e impropriedade como possibilidades de ser”. Por meio da dor, 
abre-se uma visão de possibilidade, na qual as pessoas podem começar a viver no 
mundo a partir de si mesmas. Heidegger (2005) descreve é no preceder a si mesma, 
enquanto ser para o poder-ser mais próprio, que subsiste a condição ontológico-
 
24 
 
existencial de possibilidades de ser livre para as possibilidades propriamente 
existenciárias. O poder-ser é aquilo em função de que a pre-sença é sempre tal como 
ela é de fato. 
 
 
gazetainformativa.com.br 
A psicologia se apropria de alguns desses conceitos, como citado por Bruns 
(2001) A fenomenologia possibilitou à psicologia uma nova postura para inquirir os 
fenômenos psicológicos: a de não se ater somente ao estudo de comportamentos 
observáveis e controláveis, mas procurar interrogar as experiências vividas e os 
significados que o sujeito lhes atribui, ou seja, o de não priorizar o objeto e/ou sujeito, 
mas centrar-se na relação sujeito objeto-mundo. 
Vale ressaltar que o propósito do uso de técnicas fenomenológicas no ambiente 
da psicologia é alcançar o significado de suas experiências do indivíduo em situações 
demarcadas por meio das experiências das pessoas em situações cotidianas. Então 
o ato de compreender o indivíduo se dá pela interpretação de suas perspectivas de 
ser-no-mundo, para além das palavras, abrangendo sua esfera psicológica, social e 
histórica. Viabilizando uma observação profunda dos fenômenos psicológicos, seja 
das relações interpessoais, como a forma de ser e estar no mundo deste indivíduo. 
Essa compreensão do ser como fenômeno, é apreendida de forma indireta, 
pela sua maneira própria de expressar, a assimilação do fenômeno ocorre por meio 
 
25 
 
das perspectivas, ao passo que se evidencia. Para Feijoo (2000), cabe ao 
psicoterapeuta a tarefa de trazer à tona a expressão inautêntica e autêntica do cliente, 
mobilizando-o de forma a possibilitar o reconhecer-se – bem como, uma vez lançado 
em sua liberdade e sua responsabilidade, escolher suas possibilidades”. De acordo 
com esses princípios, pode-se fazer observações contemporâneas sobre a 
abordagem centrada na pessoa e analisar algumas sugestões para reestruturar 
concepções da matriz epistemológica dessa abordagem. Aqui a “reestruturação” não 
quer dizer que anulação ou exclusão da teoria, mas, o que é mais importante, um 
chamado à reciclagem, renovação, dar um novo formato. 
6 IMPORTÂNCIA DOS VALORES NA CLÍNICA DA ABORDAGEM CENTRADA 
NA PESSOA 
Explicar a abordagem centrada na pessoa, significa embasar e evidenciar no 
campo da teoria, valores por esta demonstrados. E diante da necessidade de que a 
prática clínica se desenvolvesse a partir de fundamentos de valores, Rogers 
(1967/1991) indaga: (...)o cliente apenas adota o sistema de valores do terapeuta? 
será a terapia apenas uma recurso através do qual os valores não reconhecidos e não 
examinados do terapeuta se transmitem, sem que o saiba, a um cliente desprevenido? 
Este deve tornar-se o padre moderno, defendendo e revelando um sistema de valores 
ajustado aos dias atuais? E que sistema de valores seria esse? 
Paulatinamente, Rogers começou a pontuar sobre um processo de valoração, 
com base na experiência natural, em que considera o valor como “a tendência de 
todos em mostrar certa preferência, diante sua conduta, por um objeto ou propósito, 
no lugar de outro, a que ele descreve como valor operativo. 
Para promover o desenvolvimento e integração dos clientes, os psicólogos 
rogerianos devem criar um ambiente de acolhida, compreensão e afetividade. Para 
tanto o psicológo deve usar das atitudes facilitadoras, já descritas anteriormente, a 
autenticidade, a consideração positiva e a empatia. 
 
 
26 
 
6.1 A VALORAÇÃO NA ACP 
Após as observações de Rogers (1967/1991), o processo de avaliação, ou seja, 
a forma como as pessoas avaliam a experiência em detrimento dos outros, está 
intimamente relacionado à função do corpo e ao desenvolvimento da personalidade. 
Pois nosso corpo é um sistema em constante mudança, ele é o centro de cada 
experiência que o indivíduo vivencia. Conforme descreve Rogers (1951/1974b), este 
organismo é locus de simbolizações, pensamentos, emoções, sensações e 
percepções. Sua interação com o mundo ocorre conforme aquilo que é percebido em 
seu campo experiencial conforme sua tendência de base de realizar-se, manter-se e 
aperfeiçoar-se. 
Roger pesquisou o desenvolvimento infantil e tentou delinear formato saudável 
para tal processo de valores, identificou que uma criança tem compreensão clara de 
seus valores e entende que tais valores ocorrem devido o funcionamento do 
organismo e não simbólica. Como descreve Rogers (1967/1991), a criança prefere 
experiências que mantém, aumentam ou efetivam o seu organismo, e rejeita as que 
não servem para essa finalidade. Exemplificando pode-se pontuar que a criança 
valoriza beber água quando tem sede, o acolhimento familiar, uma nova vivência em 
si mesma, como desvaloriza barulho excessivo e súbito, sabores amargos, sentir dor, 
ter fome, entre outros. É um processo que está intimamente relacionado à experiência 
atual, do momento, podendo ser flexível e variável. Rogers ainda acrescenta (...) 
“processo organísmico de valorização, em que cada elemento, a cada momento em 
que a criança sente, é de algum modo pesado, e selecionado ou rejeitado, e isso 
depende do fato de, nesse momento, permitir ou não a realização do organismo. ” 
 
27 
 
 
https://www.institutolemosesilva.com.br/ 
Um movimento similar de mudança e realização dentre demais seres vivos foi 
identificaco pelo estudioso. Ele conceitua a tendência atualizante como movimento 
semelhante à vida, sendo um não pode se frustrar sem haja resultados danosos a 
outro. Diante esta concepção, ressalta-se os valores objetivos, que se relacionam a 
todo organismo vivo, frequentes entre os povos, ocorrendo com ou sem o desejo 
deste. Como cita Rogers (1951/1974b), nos seres humanos o desenvolvimento do 
organismo ocorre na direção de uma maior realização e autonomia, mas também no 
sentido de comportamentos mais socialmente aceitáveis. 
Os valores operativos dizem respeito às necessidades do organismo e sua 
forma de funcionar, faz alusão ao que o indivíduo entende como eficiente para a 
satisfação de suas demandas, ao setnir fome, por exemplo, o alimento poderá ser seu 
valor, que está relacionado com sua sobrevivência. Os valores concebidos estão 
relacionados a pressupostos de uma atividade de simbolização, que se evidencia à 
experiência concreta do indivíduo, no processo de interiorização. Para Castelo Branco 
(2010), nessas interiorizações, a pessoa passa a acreditar que os elementos 
valorativos são seus e não admite certas emoções, sentimentos e sensações da 
consciência. Então, o organismo, pela função da consciência, fica impedido de 
examinar e avaliar as próprias experiências, distorcendo-as e se dissociando delas. 
 
28 
 
6.2 O SELF A PARTIR DO PROCESSO DE VALORAÇÃO 
O self desponta dentro do campo de percepção e se diferencia à medida que 
acontecem as vivências valorativas entre si e o mundo, e seus elementos é o que o 
self controla. Para explicar sua teoria genética da personalidade, Rogers (1951/1974b) 
descreve que a partir da interação com o ambiente e de modo particular como 
resultado da interação valorativa com os outros, forma-se a estrutura do ego – um 
modelo conceptual, organizado, fluido mas consistente de percepções, de 
características e relações do ‘eu’ ou de ‘mim’, juntamente com os valores ligados a 
esse conceito (p.481). 
Para Castela Branco (2010), o eu (self) não é sinônimo de organismo (...), e 
que ele é formado da interação do organismo com o ambiente. Destarte, enquanto o 
organismo é um sistema total que funciona por leis próprias, o eu (self) é um 
autoconceito organizado de si que, (sic) pode restringir ou não o funcionamento 
organísmico. Ao reconhecer que o self é produzido pela diferenciação dos 
organismos, Rogers também reconheceu que existe a mesma tendência de ajuste, 
realização e atualização no autodesenvolvimento. Portanto, quando a experiência de 
si e do organismo são as mesmas, a tendência de realização acontece de forma 
unificada. No entanto, quando ocorre divergência, as tendências biológicas podem ser 
opostas às tendências do self. Tal ocorrência das divergências se apresenta como o 
principal motivo das psicopatologias na perspectiva da abordagem centrada na 
pessoa. Essa desarmonia ocorre devido a autorregulação de uma significação 
deturpada das vivências. Para Castelo Branco (2010) essas simbolizações distorcidas 
negam à consciência certas experiências sentidas diretamente pelo organismo, e 
ensejam desajustes psicológicos, impedindo uma abertura para a experiência em foco 
e inibindo uma abertura para novas experimentações. 
Na maioria dos casos, na possibilidade de comportamento, o indivíduo 
escolherá um comportamento que não exija nenhuma desvirtuação, interceptação ou 
negação no símbolo da experiência organísmica, no entanto, se a demanda do 
organismo passar por situação de ser intensamente negada, tende a favorecer 
comportamentos que excedam tal restrição posta pelo entendimento do eu. 
Consequentemente haverá distorção, interceptação, negação da demanda ou do 
comportamento. Circunstâncias como essas exemplificam quando o indivíduo 
percebe que nada aconteceu como esperava ou que alguma coisa fugiu ao seu 
 
29 
 
controle. A harmonia sugere ao organismo estado de autorregulação real. Sobre essa 
tópica Castelo Branco (2010) acrescenta, apesar de haver conceitos, valores e 
percepções introjetados cultural e socialmente, o organismo, com base na 
consciência, consegue simbolizar essas experiências conforme efetivamente as 
experimenta em suas emoções, sentimentos, sensações e afetividades. Essa 
simbolização ocorre no organismo de uma forma congruente e coerente no eu (self). 
Ainda nessa perspectiva, Rogers vem dizer que a valoração adquire novo 
direcionamento no momento em que se tem consciência e do que é significado por 
esta. Segundo Rogers (1977/2001) as crenças ou construtos introjetados são rígidos 
e estáticos porque foram absorvidos de fora. Eles não estão sujeitos ao processo 
normal da criança de avaliar sua experiência de maneira fluida, dinâmica. (...) Se as 
condições de valor impostas à criança são numerosas e significativas, então a 
dissociação pode tornar-se muito grande e as consequências psicológicas, como 
vimos, realmente muito sérias. Nesse sentido, a criança desponta como vítima das 
circunstâncias e da educação dos pais. 
6.3 TÉCNICAS E VALORES 
Na abordagem centrada na pessoa não há técnicas,sim atitudes promotoras 
do valor no indivíduo como único, em sua singularidade, uma relação de “pessoa para 
pessoa”. Portanto toda prática do terapeuta necessita relacionar-se com seu sistema 
de valores, para que não se coloque na condição de alcançar respostas parciais. 
Agora, é importante a capacitação de terapeutas (ao menos os que são adeptos da 
teoria rogeriana) não apenas em técnicas ou conceitos, como também no 
desenvolvimento de valores centrados no ser humano, uma vez que nos cursos e 
workshops realizados da abordagem centrada na pessoa, é possível identificar 
dificuldades por parte dos profissionais na utilização dessas atitudes (facilitadoras, 
promotoras do valor). Tal dificuldade se refere à pouca experiência com a linha de 
trabalho escolha por estes. 
 
30 
 
 
https://pisicosophia.webnode.com/ 
Portanto, o trabalho do psicólogo é proporcionar um ambiente favorável para o 
desenvolvimento pessoal dos pacientes em ambientes passíveis de compreender as 
próprias potencialidades e limitações. Os profissionais devem proporcionar um 
relacionamento interpessoal caloroso, para que as duas pessoas possam estar 
completas na terapia, o que é determinado pelas atitudes facilitadoras. Contudo 
precisa ter o cuidado de estar inteiro na relação não somente como profissional da 
psicologia, mas como ser humano, com seus valores, sentimentos, percepções, que 
se relaciona com o outro. 
6.4 AUTENTICIDADE 
Para Gobbi, Missel, Justo & Holanda (2005), a atitude de autenticidade é uma 
disposição que, também, tem como valores a relação e a consideração da 
singularidade dos seres que estão envolvidos nela. Seja do terapeuta ou cliente, tal 
princípio não se refere somente a si, mas ao outro também, a autenticidade como 
resguarda Amatuzzi (2010), está embasada no valor da harmonia das partes no todo 
pessoal. Segundo ele, essa atitude remete à honestidade e, nessa atitude, nenhuma 
informação sobre o relacionamento deve ser ocultada. 
 
31 
 
Vieira & Freire (2006), sobre a autenticidade vem dizer que, no que se refere à 
autenticidade, esta não nos parece uma atitude cognitiva, onde o cliente e o terapeuta 
totalizariam suas respectivas experiências sensíveis. De fato, tratar-se-ia de uma 
vulnerabilidade ao excesso que ultrapassa a palavra pronunciada por qualquer um 
destes, afetação pelo que não pode nem deve ser explicado. A psicoterapia, como 
local de promoção da existência real, também deve ser uma experiência pouco 
familiar, pois este é um momento de reconhecimento, uma vez que a existência está 
em constante mudança. 
6.5 CONSIDERAÇÃO POSITIVA INCONDICIONAL 
Essa prática se embasa na valoração que o indivíduo tem, como ser merecedor 
se respeito e confiança, estando fixada no valor do amor, favorecendo a unidade, na 
busca pela associação ao outro. Vieira & Pinheiro (2006) entendem a consideração 
positiva incondicional como uma responsabilidade para como outro, a quem não 
poderemos nunca determinar, totalizar ou diagnosticar. Portanto, não quer dizer de 
uma circunstância de busca de unidade, e sim de aprovação da diversidade que nos 
constitui e no entanto nos supera. 
6.6 EMPATIA 
Levar em conta a diversidade, é, pois, se permitir a ela. Senti-la com 
profundidade, recebe-la abertamente. A consideração positiva deve levar os 
profissionais a tentarem ouvir o cliente na melhor condição: o valor do cliente exige 
que o psicoterapeuta proporcione uma escuta qualificada, buscando compreender 
suas significações e entendê-lo sem desvios. 
Além de estar relacionada à consideração positiva incondicional, a empatia 
também se une à autenticidade para que o psicólogo busque ouvir e compreender sob 
qual olhar vê o cliente, para que possa colocá-lo de lado, no intuito de entender melhor 
qual percepção o cliente tem de si. Se não o fizer, se sujeita a não ouvir o cliente, mas 
apenas o que se limita a ouvir, por interferência de teorias e conceitos pré-
estabelecidos, ainda que inconscientes. 
 
 
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Rogers (1983) aponta que essa atitude pode ser muito sutil, e é surpreendente 
perceber quanto posso ser habilidoso nisso. Basta que eu torça suas palavras um 
pouquinho, que eu distorça ligeiramente seu significado, e parecerá não somente que 
ele está dizendo o que quero ouvir, mas também que é a pessoa que eu quero que 
ele seja. E Amatuzzi (2010) vem dizer que, tal atitude aponta para o valor da sabedoria 
organísmica, em detrimento da ciência; para ele, a compreensão empática promove 
um conhecimento que está para além da cognição, criando a possibilidade de uma 
relação com o “conhecido” que não seja o da totalização ou do fechamento na 
racionalidade. 
6.7 PSICÓLOGO ROGERIANO E SUA ATUAÇÃO NA CLÍNICA 
A atuação do psicólogo rogeriano é uma prática de valores, que proporciona 
uma aprendizagem de valores, e devido ao fato de serem valores organísmicos, dessa 
maneira experienciais, não podem se relacionar apenas às experiências do psicólogo, 
mas se adequarem e modificarem conforme a experiência vivenciada pelo cliente, seja 
na relação terapêutica ou não. 
Entendemos que a prática rogeriana trata de um exercício de valores e que, 
além disso, propicia uma aprendizagem de valores, mas que por se tratarem de 
valores organísmicos e, portanto, experienciais, não devem se referir somente à 
experiência do profissional rogeriano, mas encaixarem-se e transformarem-se de 
acordo com a experiência também vivida pelo cliente, quer na relação com o psicólogo 
 
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ou não. Então embora exista diversidade entre os valores, em uma relação 
terapêutica, deve-se selecionar valores que proporcione uma relação verdadeira, 
neste caso, tanto o psicoterapeuta quanto o cliente devem ser considerados como a 
relação de pessoa para pessoa. 
Por outro lado, quando se fala do ensino e aprendizagem de valores, não os 
mencionamos como a maioria das escolas concebe, porque nessas escolas os 
professores são detentores de conhecimentos e devem continuar a transmitir 
conhecimentos aos alunos, que demonstram pouco interesse neles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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