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LEIS PENAIS ESPECIAIS LEI DROGAS

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LEIS PENAIS ESPECIAIS
LEI DE DROGAS- LEI 11.434/06
A lei 11.343/06, traz previsão de crime de tráfico de drogas, bem como punem-se os investidores, por financiar e custear o comércio de drogas, os asseclas e colaboradores do crime organizado com penas mais elevadas. 
A lei de Drogas, trouxe despenalização do crime de porte de entorpecentes, que não mais pune com pena privativa de liberdade o usuário ou dependente. Mesmo que, na fase de execução não cumpra a medida educativa imposta.
A lei 11.343/06, trouxe ainda aspectos novos aspectos processuais, em que a defesa preliminar antecede o recebimento ou rejeição total ou parcial da denúncia, para somente então, passar-se à instrução criminal com interrogatório e oitiva de testemunhas. 
	II – DOS CRIMES. 
Normas penais em branco. 
Os tipos penais previstos na Lei Antitóxicos são considerados normas penais em branco heterogêneas, pois recebem complemento de fonte ou órgão diverso do Poder Legislativo. 
O Ministério da Saúde, através de Portarias da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – relaciona quais substâncias são entorpecentes ou causadoras de dependência física ou psíquica. 
O art. 66 da Lei 11.346/06 prevê que a lista das drogas, substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial estão dispostas na Portaria SVS n. 344/98, de 12 de maio de 1.998.
1 – DO CRIME DE PORTE DE ENTORPECENTES (art. 28)
        Descreve o artigo 28 da Lei 11.343/06  
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
          I – advertência sobre os efeitos da droga;
  II – prestação de serviços à comunidade;
          III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
          
§ 1º. Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
          
§ 2º. Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente."
Objeto Jurídico: (bem jurídico tutelado) é a proteção à saúde pública, atingido com o mero porte da droga, independente de sua quantidade. 
Objeto material do crime é a droga, substância entorpecente ou que determina dependência física ou psíquica. Por ser norma penal em branco, a ausência ou não previsão na Portaria da Anvisa torna atípica a conduta.
Sujeito Ativo do crime. Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa, não se exigindo nenhuma condição especial do agente. 
Sujeito passivo do crime: O Estado, a coletividade. Secundariamente, o próprio agente que provoca prejuízo a si próprio.
Tipo Objetivo. Os verbos típicos previstos no artigo 28 são cinco: adquirir, no sentido de obter, conseguir através de compra; guardar significa ter sob vigilância e cuidado, pôr em lugar apropriado, reservar; ter em depósito é o mesmo que conservar ou reter a coisa à sua disposição; transportar é conduzir, levar ou carregar; por fim, trazer consigo se dá quando o agente transporta a substância entorpecente junto ao corpo, ou no próprio corpo. Cada conduta é praticada com o fim exclusivo de consumo pessoal. 
Se houver prática de outra conduta a ser enquadrada no artigo 33 será considerada crime de tráfico. 
Tipo Subjetivo: Trata-se de dolo genérico, consistente na vontade livre e consciente de praticar cada ação com o especial fim de agir de consumo pessoal. 
Consumação: Consuma-se o crime quando o agente pratica qualquer das condutas descritas no tipo fundamental, vez que se trata de crime instantâneo ou de mera conduta que se consuma de pronto. 
Tentativa. Em regra, não se admite a forma tentada. A doutrina admite a tentativa na modalidade adquirir, de vez que a conduta pode ser fracionada e o agente, por exemplo, acaba sendo surpreendido ao adquirir a droga.
Figura equiparada (art. 28,§ 1º) Responde pelas mesmas medidas quem se submete, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
Penas. As penas têm caráter educativo e (res) socializador, não repressivo e de inserção social, tanto que não previsão , neste tipo penal, de imposição de pena privativa de liberdade. 
As medidas educativas consistem em: 
I – advertência; A pena de advertência consiste na admoestação verbal decorrente do uso da droga e suas consequências para o agente e para a sociedade. 
II - prestação de serviços à comunidade; As penas de prestação de serviços e medida educativa têm prazo máximo de 5 meses. Em caso de reincidência, independente do crime antecedente, as penas podem ser dobradas, chegando ao patamar máximo de 10 meses. A prestação de serviços será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
III - comparecimento a programa ou curso educativo. Inserção em programas comunitários e cursos educativos, para conscientização, prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
Para o cálculo desta pena de multa, o juiz leva em conta a reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca inferior a quarenta e nem superior a cem. 
Ação penal: pública incondicionada
TRÁFICO DE ENTORPECENTES (ART. 33)
Art. 33  Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
Objeto Jurídico: O bem jurídico tutelado é a incolumidade pública, mais particularmente a saúde pública.
Sujeito Ativo: Crime comum, que, em regra, pode ser praticado por qualquer pessoa. Na conduta prescrever, o crime é próprio, por exigir uma especial qualidade do agente, médico ou dentista.
Sujeito Passivo: é a coletividade, o Estado. Secundariamente, a família e, especialmente, o usuário. A despeito de posições contrárias, admite-se a assistência à acusação (CPP, arts. 268/273), justamente porque os familiares, ao lado do dependente, são vítimas diretas do crime.
Tipo Objetivo. É Tipo misto alternativo ( crime de ação múltipla) , trazendo a descrição de 18 condutas puníveis com crime de tráfico de entorpecentes. Mesmo que cometa mais que um verbo típico será considerado crime único.
Importar e exportar é a introdução ou a saída do território nacional de substância entorpecente. 
Remeter significa enviar, despachar, expedir. Como na venda realizada via correio. Preparar é aparelhar, organizar, dispor a droga para ser servida.
Diferencia-se da modalidade produzir que significa fabricar, criar em certa quantidade substância entorpecente.   
Fabricar distingue-se da preparação e da produção, por abranger a preparação por meio mecânico industrial.  
Adquirir tem o sentido de obter, para fins de compra. Vender é o dispor a droga de forma onerosa.
          Expor à venda é exibir a droga a ser vendida. 
Oferecer é o mesmo que ofertar doando ou emprestando ou, ainda, para provocar interesse no entorpecente. 
 Ter em depósito é o mesmo que ter a droga à sua disposição. 
Transportar é conduzir, levar ou carregar. 
Trazer consigo se dá quando o agente transporta a substância entorpecente junto ao corpo, ou no própriocorpo.
 Guardar significa ter sob vigilância e cuidado, pôr em lugar apropriado, reservar. 
Prescrever é receitar, indicar o uso de substância entorpecente. É crime próprio, somente pode ser praticado por médico ou dentista, ou qualquer outro profissional que tenha autorização para prescrever medicamentos. 
Ministrar é abastecer, inocular droga no organismo de alguém por qualquer meio como ingestão, aspiração, injeção, objetivando a produção do efeito entorpecente. A prescrição culposa é crime autônomo (art. 38).    
Entregar a consumo no sentido de fazer chegar, dar, passar às mãos de alguém a droga.        
Fornecer é dar, prover ainda que gratuitamente o entorpecente. Pune-se a cessão gratuita e eventual, sem diferenciar o fornecedor profissional do eventual. 
Diferencia-se fornecer da oferta eventual sem objetivo de lucro (infração de menor potencial ofensivo). Ex: Dois amigos estão juntos e um deles adquire cocaína para uso de ambos (§ 3º, art. 33).
Tipo Subjetivo. É o dolo genérico.
Consumação. Com a prática de qualquer das condutas descritas no tipo. 
Tentativa Em regra não se admite a forma tentada.
Pena. A pena é de cinco a quinze anos de reclusão. A pena pecuniária, é entre 500 (quinhentos) e 1.500 (mil e quinhentos) dias-multas.
Ação penal: pública incondicionada.
Figuras Equiparadas (art. 33, § 1º)
         	 Nas mesmas penas incorre quem:
          I – importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
          O conceito de "matéria-prima" fornecido pela doutrina é de toda e qualquer substância da qual podem ser preparadas, produzidas ou fabricadas substâncias entorpecentes ou psicotrópicas que causem dependência física ou psíquica. Aquela(s) substância(s) não precisa(m) estar relacionada(s) na Portaria da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Exemplo: o éter e a acetona constituem matéria-prima indispensável à preparação e refino da cocaína.
          O crime se consuma com a realização de qualquer dos verbos típicos. 
II – semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
          Semear significa lançar a semente ao solo caracterizando um crime instantâneo. Cultivar é crime permanente, pois o agente mantém a plantação semeada por ele ou por outrem. Fazer a colheita consiste na retirada da planta do solo, caracterizando outro crime instantâneo.
          III – utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
          Pune-se o agente que se vale de local ou de um bem móvel ou imóvel do qual é proprietário, possuidor, administrador, guardião ou vigilante ou consente que deles se utilize para o exercício do comércio ilícito de entorpecentes. 
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.   
Inserido pela Lei 13.694/19, os verbos típicos são:  vender ou entregar drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, desde que presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.   
Caracteriza o crime quando a conduta é praticada sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar. 
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO USO DE DROGA
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
Induzir significa dar a ideia e convencer alguém a fazer o uso.
Instigar é reforçar a ideia, ou seja, a pessoa já estava pensando em fazer uso da droga, e o agente reforça essa ideia, encorajando-a.
CONSUMO COMPARTILHADO DE DROGA
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
O presente parágrafo é uma conduta intermediária entre a condenação pelo tráfico e pelo uso de entorpecentes, e estabelece alguns requisitos para sua configuração, quais sejam: 
a) Que o agente não tenha objetivo de lucro; b) Que a conduta seja eventual; c) Que haja consumo da droga em conjunto; d) A pessoa com a qual se utiliza entorpecente deve ser do círculo de relacionamento do agente.
Causas de diminuição de pena nos crimes de tráfico de entorpecente (art. 33, § 4º).
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos , desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.  
Prevê que os crimes previstos no caput e § 1º do artigo 33 terão penas reduzidas de um sexto a dois terços, se o agente for primário, de bons antecedentes e que não se dedique às atividades criminosas e nem integre organização criminosa. 
	MAQUINÁRIO E APARELHOS DESTINADOS AO TRÁFICO (ART. 34).
Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
Objeto Jurídico: O bem jurídico tutelado é a incolumidade pública, mais particularmente a saúde pública.
Sujeito Ativo do Crime: Crime comum, que, em regra, pode ser praticado por qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo do Crime: é a coletividade, o Estado. 
Tipo Objetivo. Pune 11 condutas. São elas: Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer. Mesmo que cometa mais que um verbo típico será considerado crime único. Configura o crime mesmo que a ação seja sem gratuita.
Objeto Material: É o maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Tipo Subjetivo: é o dolo específico.
Consumação: Consuma-se com a prática do verbo descrito no tipo, independente da fabricação, preparação, produção ou transformação da substância em droga. 
Tentativa. É possível a tentativa, embora de difícil configuração.
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
Ação penal: pública incondicionada.
CRIMES DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (ART. 35 E PARÁGRAFO ÚNICO).
 	Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
  Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
 	Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
Objeto jurídico: A saúde pública.
Sujeito Ativo doCrime: Crime comum, de concurso necessário ou plurissubjetivo que pressupõe no mínimo dois integrantes, ainda que um seja um deles seja menor ou foragido.
Sujeito Passivo do Crime: é a coletividade, o Estado
Tipo Objetivo. Configura-se o crime de associação com a existência dos seguintes requisitos: a) que haja concurso necessário de pelo menos duas pessoas; b) finalidade específica dos agentes para o cometimento de delitos de tráfico de entorpecentes; e c) necessária a associação permanente e estável.
Consumação: Consuma-se com a mera atividade do agente, sendo prescindível o cometimento de crime de tráfico. Por isso, se os agentes efetivamente cometerem um dos crimes previstos no art. 33 ou 34, haverá concurso material de crimes.
Tentativa: Não se admite.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Ação penal: pública incondicionada.
ASSOCIAÇÃO PARA FINANCIAMENTO OU CUSTEIO DO TRÁFICO DE ENTORPECENTES.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
 Figura Equiparada: Incidem nas mesmas penas os agentes que se associarem para financiar ou custear qualquer forma de tráfico de entorpecente prevista nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei. Se efetivamente financiarem ou custearem haverá concurso material de crimes.
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA NOS CRIMES DE TRÁFICO E 	EQUIPARADOS (ART. 40)
          As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
          Agrava-se a pena na hipótese de tráfico internacional, que será aferido pela natureza, procedência e circunstâncias do fato pertinente à entrada ou saída do país. A competência é da Justiça Federal.
         II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
          A pena será agravada se o agente praticar o tráfico valendo-se de função pública que deva reprimir a criminalidade. 
Há ainda a agravamento da pena se o agente tiver função de guarda ou vigilância sobre a substância entorpecente.
          III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
          Agrava-se a penal se o crime de tráfico for perpetrado no interior ou nas imediações de qualquer estabelecimento referido no inciso. O rol é taxativo.
         IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
          Haverá agravante se o crime de tráfico de entorpecentes for praticado mediante violência, grave ameaça com ou sem arma de fogo, ou ainda, mediante qualquer outro processo de intimidação. 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
	Há aumento quando se caracterizar o tráfico interestadual, ou com o Distrito Federal. A competência para julgamento é da Justiça Federal
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
          O aumento ocorrerá se o agente visar ou envolver, crianças e adolescentes na prática do tráfico. É comum o emprego de menores na traficância, especialmente por serem inimputáveis.
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
          Como o art. 36 tipifica a mesma conduta, certamente a incidência de ambos caracterizaria bis in idem, o que é vedado.
          O aumento incide quando o financiamento ou custeio for exercido pelo mesmo agente que realiza uma das condutas previstas nos artigos 33 a 37, na hipótese do traficante que, além de investir, por exemplo, em novos pontos de venda, tem em depósito considerável quantidade de drogas para o mesmo fim. 
DELAÇÃO PREMIADA (ART. 41).
  	O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
          Para aplicação da causa de diminuição de pena, a cooperação do indiciado ou réu deverá ser total, plena. A colaboração deve ocorrer durante o inquérito policial ou a ação penal, capaz de possibilitar a identificação dos demais membros da organização criminosa, bem como a recuperar total ou parcialmente o produto do crime. Quanto mais eficaz a cooperação maior será a redução da pena.
Destruição das drogas
Segundo o Art. 50-A da lei 11.343/06 ( Lei de entorpecentes) prevê que , a destruição das drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.  
Destinação dos bens apreendidos
A Lei nº 13.840/2019 realizou grandes alterações nos artigos 61 e 62 da lei de drogas.
Segundo o art. 61 da Lei nº 11.343/2006, poderão ser apreendidos: veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte;  maquinários utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a prática dos crimes
Em caso de apreensão de qualquer desses bens, o Delegado de Polícia deverá, imediatamente, comunicar o fato ao juízo competente. 
O juiz, no prazo de 30 dias contado da comunicação feita pelo Delegado, determinará a alienação dos bens apreendidos.
Obs: as armas que forem apreendidas não serão alienadas, mas sim recolhidas na forma da legislação específica. 
LEI DE CRIMES HEDIONDOS
Previsão constitucional e legal dos crimes hediondos.
 A necessidade de tratamento com maior rigor na punição daqueles que cometeram crimes considerados hediondos, encontra proteção na Constituição Federal, ali fazendo menção expressa, no Título dos “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, especificamente no art. 5º, XLIII, o qual dispõe: 
Art. 5º (…) 
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos,por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (grifei)
Portanto, a Constituição Federal estabeleceu restrições a essas infrações mais graves, vedando benefícios àqueles que estejam sendo processados ou que foram condenados por tais crimes. 
Na mesma época ficou determinada a criação de lei especial para crimes hediondos, qual seja, a lei 8072/90, que dispõe:
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
Crimes hediondos são considerados aqueles que geram maior reprovação por parte da sociedade, assim sendo, merecem uma rigidez maior por parte do estado. 
O termo é utilizado para qualificar um rol de crimes considerados de maior gravidade. Geralmente, são marcados por requintes de crueldade e provocam reação de maior reprovabilidade e grande indignação da sociedade.
A  Lei nº 8.072/90, conhecida como Lei de Crimes Hediondos, estabelece quais são esses crimes, já em seu artigo 1º. 
O dispositivo ainda esclarece que tais crimes, todos tipificados no Código Penal, serão considerados hediondos ainda que tentados.
A lei de crimes hediondos além de definir quais são os crimes considerados mais graves, trouxe várias providências no aspecto penal e processual penal, bem como na execução da pena, dos próprios crimes hediondos e ainda dos considerados equiparados, tais como tráfico de entorpecentes, do terrorismo e da tortura. 
 Do Rol de Crimes Hediondos
O rol dos crimes hediondos está disposto nos onze incisos do art. 1º da Lei nº 8072/90, e os crimes ali descritos estão previstos no Código Penal. 
O parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.072/90, por sua vez, apresenta um rol com cinco incisos que cuida dos crimes hediondos descritos na legislação penal extravagante, quais sejam: o genocídio (Lei 2.889/56), a posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido (art. 16 da Lei 10.826/03), o comércio ilegal de armas de fogo (art. 17 da Lei nº 10.826/03), tráfico internacional de armas de fogo, acessório ou munição (art. 18 da Lei nº 10.826/03), crime de organização criminosa (Lei 12.850/13), para fins de cometimento de crime hediondo ou equiparado. 
Os crimes de  posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido (art. 16 da Lei nº 10.826/03);   o crime de comércio ilegal de armas de fogo, ( art. 17 da Lei nº 10.826/03); o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, (art. 18 da Lei nº 10.826/ 03); o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado (Lei 12.850/03) foram introduzidos pela Lei nº 13.964/19, com vigência desde 23 de janeiro de 2020. 
Quanto a esses, apenas após essa data esses crimes passam a condição de crime hediondo. 
			 ROL TAXATIVO
		Para a concepção de crime hediondo, há três sistemas básicos. São eles:
a) Sistema Legal – Cabe a lei definir quais são os crimes considerados hediondos;
b) Sistema Judicial – Cabe ao juiz, de acordo com o caso concreto, estabelecer os delitos que serão considerados hediondos;
c) Sistema Misto – Como o próprio nome sugere neste sistema, a lei define os crimes hediondos, facultando ao juiz diante do caso em concreto, estabelecer outros delitos.
		O Brasil adota o sistema legal, ou seja, o caráter hediondo de um crime depende de previsão na lei 8072/90. 
Assim, o rol não pode ser ampliado pelo juiz, que não poderá este conferir a hediondez a um crime que não conste no rol descrito na lei de crimes hediondos. 
 Portanto, o rol de crimes hediondos é taxativo.
Assim, como já dito, não é possível dar interpretação extensiva ou analogia para impor hediondez a um crime, mesmo que apresente extrema gravidade. Se não estiver no rol contido na lei, (numerus clausus), o crime não será considerado hediondo para fins penais. 
3.2 . Dos Crimes considerados Hediondos:
Somente os crimes descritos na presente tabela, são considerados hediondos, conforme rol contido nos incisos e no parágrafo único do art. 1º. 
São eles:
Previstos no Código Penal, conforme artigo 1º e seus incisos de I a XI da lei 8072/90:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);    
 I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição
II - roubo:      
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V.
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);     
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);    
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º);   
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);        
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);             
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).                   
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B)
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).              
 IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).  
Também são assim considerados hediondos os crimes descritos no parágrafo único do artigo 1º da lei 8072/90, estes previstos em leis especiais. 
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;      
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;        
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;       
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;      
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. 
Como se vê no inciso I do artigo 1º da lei 8072/90, o crime de homicídio qualificado é hediondo. Todavia pode ocorrer ser reconhecido que o homicídio é qualificado e privilegiado ao mesmo tempo. 
Nos termos do §2º do art. 121, CP se ocorrerem qualificadoras com circunstâncias objetivas (meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum, bem como à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido), ou seja, qualificadora reconhecida pelo meio e o modo de execução, mas ao mesmo tempo é reconhecido o privilégio pelas motivações contidas no §1º do art. 121, CP (motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção) não será considerado hediondo. 
É esse o entendimento contido na doutrina do professor Damásio de Jesus:
Se no caso concreto, são mesmo reconhecidas ao mesmo tempo a circunstância do privilégio e outra a forma qualificada do homicídio, de forma objetiva, aquela sobrepõe sobre esta, uma vez que o motivo determinante do crime tem preferência sobre a outra. De qualquer forma que, para efeito de qualificação legal do crime, o reconhecimento do privilégio descaracteriza o homicídio qualificado[footnoteRef:1].[1: Direito Penal – Vol 1. 2018. Ed Saraiva] 
– Dos Crimes Equiparados a Hediondos
Além dos crimes hediondos propriamente ditos há também os crimes equiparados a hediondo , assim descritos no artigo 2º, da mencionada Lei. 
Estes crimes estão elencados no art. 2º da lei 8072/90, quais sejam:
 
Em relação aos crimes equiparados a hediondo há de se atentar para o entendimento jurisprudencial do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o chamado tráfico de drogas privilegiado, em que as penas podem ser reduzidas, conforme o art. 33, §4º, da Lei 11.343/2006, que não deve ser considerado crime hediondo.
Aspectos penais e processuais penais devido a Prática de Crimes Hediondos e Equiparados a Hediondos. Consequências jurídicas.
A lei 8072/1990 prevê consequências penais e processuais penais em relação aos que cometem crimes considerados hediondos ou equiparados a hediondos. 
Vedação de anistia , graça e indulto:
Conforme prevê o artigo 2º da Lei 8072/90, quem pratica crime hediondo não tem direito a Graça, Anistia, Indulto; não tem direito à liberdade provisória mediante fiança.
O art. 2º da lei 8072/90, assim dispõe:
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007
 A inclusão do indulto no artigo 2 º da Lei dos Crimes Hediondos acarretou divergências e discussões acerca da sua constitucionalidade, pois o art. 5º, inc. XLIII, da CF, proíbe, tão somente, a concessão de graça, a anistia e fiança. 
Todavia, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento pela constitucionalidade do art. 2º, I, da Lei nº 8.072/90 - ADI 2795 MC/DF, sanando assim qualquer discussão.
Como já exposto, conforme previsão expressa do artigo 2º, I da lei 8072 /90, os crimes hediondos, bem como os crimes equiparados aos crimes hediondos são insuscetíveis de graça, anistia e indulto.
Tais institutos são causas extintivas de punibilidade previstas no artigo 107, II do Código Penal.
A anistia é um benefício concedido pelo Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República (art. 48, VIII, CF/88), por meio do qual se “perdoa” a prática de um fato criminoso. Normalmente, incide sobre crimes políticos, mas também pode abranger outras espécies de delito. É concedida por meio de uma lei federal ordinária. Pode ser concedida antes do trânsito em julgado ou depois do trânsito em julgado 
A graça é um benefício individual (com destinatário certo). Depende de pedido do sentenciado.
Já o indulto é um benefício coletivo (sem destinatário certo). É concedido de ofício (não depende de provocação).
A graça e o indulto são concedidos por Decreto do Presidente da República. Apagam o efeito executório da condenação.
Para aqueles que cometeram crimes hediondos tais benefícios não poderão ser concedidos. 
 
Da vedação do arbitramento de fiança:
Além da insuscetibilidade de concessão de anistia graça e indulto, em relação aos crimes hediondos e aos equiparados a hediondo, a lei 8072/1990 também impôs consequências processuais penais, no que tange à liberdade provisória
	A liberdade provisória é concedida ao indiciado ou ao réu preso cautelarmente. É uma garantia constitucional prevista no Art. 5º, inciso LXVI da CF, assim redigido: 
“ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”
A Constituição e a lei nº 8.072/90 dizem que os crimes hediondos e equiparados são inafiançáveis, ou seja, que é vedada a concessão de liberdade provisória com arbitramento de fiança para tais delitos. 
	 A fiança é a garantia prestada pelo indiciado ou réu preso para que responda ao inquérito ou ao processo-crime em liberdade.
Pode-se falar que a fiança tem duas finalidades que são:
1) É a de substituir a prisão, isto é, o preso obtém sua liberdade mediante o recolhimento de determinada garantia, que pode ser em bens ou dinheiro;
 
2) No caso de o acusado ser condenado, a fiança proporcionará a reparação do dano, a satisfação da multa e as custas processuais.
No caso dos crimes hediondos o art. 2º, II, da Lei nº 8.072/90, alterado pela Lei nº 11.464/07, proíbe expressamente a concessão da liberdade provisória com o arbitramento de fiança. Todavia é possível que, em análise ao caso em concreto, excepcionalmente o juiz possa conceder a liberdade provisória ao autor da prática de crime hediondo, mas não será arbitrada fiança. 
			 Prisão Temporária Nos Crimes Hediondos
A prisão temporária é uma espécie de prisão cautelar, provisória, regulada pela Lei 7960/89, imposta somente durante o inquérito policial, quando necessário para as investigações, quando o investigado não possui residência física ou identidade duvidosa.
A prisão temporária possui prazo determinado, mas ocorre que os prazos para crimes hediondos são diferenciados, possuindo um lapso temporal maior. 
Conforme previsão do artigo 2°, § 4º da Lei 8072 , o prazo da prisão temporária nos crimes hediondos será de trinta dias, prorrogável por igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade. 
Para os crimes comuns, o prazo da prisão temporária é de cinco dias, também prorrogável por igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade.
É cabível prisão temporária em todos os crimes hediondos e equiparados, mas nem todos os crimes previstos na Lei da Prisão Temporária são hediondos.
			Possibilidade De Se Recorrer Em Liberdade.
		Em seu artigo 2º, §3ª, a lei dos Crimes Hediondos prevê:
§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
Assim, em caso de sentença condenatória, por prática de crime hediondo ou equiparados a hediondos, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. 
Dessa forma, caso o juiz entenda que não há necessidade imediata de prisão, ainda que o réu seja reincidente, ele poderá apelar e aguardar em liberdade o trânsito em julgado de sentença. 
Assim, é o Juiz criminal competente que decide sempre de forma fundamentada sobre a liberdade ou a mantença do indiciado ou réu  no cárcere, levando em conta circunstâncias de fato e de direito, bem como requisitos e pressupostos legais, como, por exemplo os contidos nos art. 312 e 313 do CPP.
Patamar Mais Rigoroso Para Progressão De Regime
A antiga redação do art. 2º da Lei nº 8.072/90 previa que a pena privativa de liberdade por crime hediondo deveria ser cumprida em regime integralmente fechado.
Em 1997, a Lei de Tortura inovou no ordenamento jurídico dispondo que era possível que o condenado por tal delito pudesse progredir de regime. Assim, muitas vozes sustentaram que tal possibilidade deveria ser dada aos demais crimes hediondos e equiparados. 
Todavia, o Supremo Tribunal Federal, através da Súmula 698 disse que não se estenderia aos demais crimes hediondos e equiparados a admissibilidade de progressão no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura.
Posteriormente, referida súmula perdeu validade, após a declaração de inconstitucionalidade da vedação à progressão de regime prevista na lei dos Crimes Hediondos e a consequente alteração realizada pela lei 11.464 de 2007.
Com o advento da Lei nº 11.464/07, o art. 2º, § 1º, a progressão do regime passou a ser expressamente admitida, ou seja, quando o condenado por crime hediondo fosse primário a progressão ocorreria após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se reincidente após o cumprimento de 3/5 (três quintos). Mas, tal dispositivo foi recentemente revogado pela Lei 13.964/19 e, a partir de 23 de janeiro de 2020, há novos patamares para concessão da progressão de regime aos crimes hediondos. 
Nos crimes hediondos e equiparados (Lei n° 8.072/90), os novos parâmetros para obtenção da progressão de regime, atualmente são os seguintes: 
a) o condenado deverá cumprir 40% da pena, se for primário e 60% da pena para o reincidente em crime hediondo ou equiparado;b) o condenado deverá cumprir 50%, se for primário e 70% para o reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional em ambos os casos.
Quando o condenado for reincidente específico em crime hediondo ou afim, o condenado deverá cumprir 60% da pena. 
Há reincidência específica em crimes hediondos ou equiparados ainda que sejam cometidos delitos distintos (v.g., tráfico de droga e extorsão mediante sequestro).
Se houver reincidência em crime hediondo e não hediondo, deverá ser feita a distinção no caso concreto, de modo a prevalecer o critério mais favorável ao condenado. 
É o que ocorre, por exemplo, no caso de reincidência em crime de tráfico de droga privilegiado e tráfico de entorpecente simples, pois não há reincidência específica, mas genérica, já que a infração prevista no art. 33, §4°, da Lei 11.343/2006, deixou de figurar no rol dos crimes equiparados a hediondo (art. 112, §5º, da LEP). Neste caso, apenado cumprirá então 16% da pena do tráfico privilegiado, se primário; e 20%, se reincidente. E 40% da pena do crime de tráfico simples (equiparado a hediondo).
Nos crimes hediondos ou equiparados com resultado morte, o apenado terá de cumprir 50% da pena, se primário; e 70%, se reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte. 
Necessário também algumas ponderações, pois no caso de cometimento de dois crimes hediondos, com e sem morte, como não há este tipo de reincidência específica, não se exigirá aquele percentual máximo (70%). Como há reincidência em crime hediondo ou assemelhado, o condenado terá de cumprir 60% da pena.
Ademais, o STF consolidou a Súmula Vinculante 26,  que versa sobre a inconstitucionalidade da previsão legal de individualização da execução penal pelo legislador. 
O entendimento é que cabe ao Juiz competente da Execução Penal determinar, conforme análise dos requisitos objetivos e subjetivos do condeando, como se dará a execução da pena. 
A Súmula Vinculante 26 tem o seguinte entendimento consolidado:
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25-7-1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
 
4.5. Livramento Condicional e o crime hediondo:
Livramento condicional é um benefício que permite a concessão de liberdade antecipada pelo juiz, ao condenado, mediante a existência de determinados requisitos, e observadas algumas condições durante o restante da pena que deveria cumprir preso. 
O art. 83, V do Código Penal tem a seguinte redação:
“V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza"
Além dos requisitos já estabelecidos no CP, o condenado deve então cumprir 2/3 da reprimenda imposta, desde que não seja reincidente específico.
O livramento condicional, previsto no artigo 83 do CP, também sofreu pequenas modificações pelo pacote Anticrime (Lei 13.964/19), no que tange sua concessão quando se tratar de cometimento de crimes hediondos: 
Poderá ser concedido o livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que preencha os requisitos contidos no artigo 83 , III do Código Penal. 
No que tange aos condenados por crimes hediondos, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza, e tiver cumprido mais de dois terços da pena poderá ser concedido o benefício. 
Todavia, a Lei n. 13.964/19 alterou o artigo 112, VI, “a” e o VIII da Lei de Execução Penal (LEP), que tornou vedado o livramento condicional para condenados por crime hediondo ou equiparado, com resultado morte.
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:  
VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL. (grifei)
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.  (grifei)
Desta forma, os condenados por crime hediondo somente poderão obter o livramento condicional, desde que o crime hediondo cometido não tenha resultado morte. 
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
– LEI13.869/19)
 
A lei define que 45 condutas poderão ser punidas com até quatro anos de detenção, multa e indenização à pessoa afetada. Em caso de reincidência, o servidor também pode perder o cargo e ficar inabilitado para retornar ao serviço público por até cinco anos.
A lei ressalta, no entanto, que só ficará caracterizado o abuso quando o ato tiver, comprovadamente, a intenção de beneficiar o autor ou prejudicar outra pessoa. A mera divergência interpretativa de fatos e normas legais (a chamada hermenêutica) não configura, por si só, conduta criminosa.
Para configurar abuso de autoridade é necessário dolo específico, pois o agente age com finalidade especifica de (Art. 1, §º):
Art. 1º  Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.
§ 1º  As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
Sujeito ativo: É próprio. O agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, (Art. 2º)
Ação penal: Os crimes de abuso de autoridade são em regra de ação penal pública incondicionada (Art. 3).
Dos Efeitos da Condenação: No artigo quarto da Lei são apresentados os efeitos secundários da condenação.
a) indenizar o dano causado pelo crime, conforme valor fixado na sentença
b) a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 a 5 anos;*
c) a perda do cargo, do mandato ou da função pública.*
*Os efeitos são condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.
Das Penas Restritivas de Direitos
A Lei de Abuso de Autoridade previu hipóteses de Penas Restritivas de Direitos que substituem as penas privativas de liberdade (Art. 5º), sendo elas:
prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 a 6 meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
Sanções de natureza civil e administrativa
Temos que compreender que as penas serão aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis (Art. 6º).
Assim como as responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, entretanto não se pode questionar a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal (Art. 7º).
Ainda, faz coisa julgada em âmbito cível e administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em (Art. 8º):
estado de necessidade;
legítima defesa;
estrito cumprimento de dever legal; ou
exercício regular de direito
Dolo específico : O agente deve ter o dolo de : 
-prejudicar outrem; ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro; ou
-por mero capricho ou satisfação pessoal
Obs. Na divergência na interpretaçãode lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade (Art. 1, §2º).
DOS SUJEITOS DO CRIME
Art. 2º  É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Parágrafo único.  Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.
DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 9º  Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais:        (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.’
Decretar medida privativa de liberdade em desacordo com as hipóteses autorizadas pela lei (Art. 9)
Trata-se de um crime possível ser cometido (sujeito ativo) pela autoridade judiciária (Magistrado), sendo o sujeito passivo quem teve a liberdade irregularmente privada.
O crime formal, assim não depende da produção de resultado para consumação.
Assim, temos a conduta de quem decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais.
Incorrendo na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de:
I – relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II – substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
III – deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.’
LEVAR COMPULSORIAMENTE PARA PRÁTICA DE ATO PROCESSUAL (ART. 10)
Art. 10.  Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Trata-se de um crime em que a testemunha ou investigado é levado compulsoriamente de forma descabida para realizar alguma prática de ato processual.
Esse tipo de crime pode ser cometido além da autoridade judiciária por autoridade policial, membro do MP ou CPI, por exemplo.
Assim, cometerá o crime quem decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado:
-manifestamente descabida, ou
-sem prévia intimação de comparecimento ao juízo
DEIXAR DE COMUNICAR PRISÃO EM FLAGRANTE (ART. 12).
Art. 12.  Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.
Apesar de algumas hipóteses o crime basicamente é a ausência de comunicação ao realizar algum tipo de prisão.
Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal.
Incorre na mesma pena quem:
I – deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou;
II – deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada;
III – deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
IV – prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.
CONSTRANGER O PRESO MEDIANTE VIOLÊNCIA OU AMEAÇA (ART. 13)
Art. 13.  Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III - (VETADO).  
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:         
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
Veja que se trata de um crime contra a pessoa presa. Para ser tipificado deve ser mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência.
Além disso, atente-se que a possível violência tem pena autônoma.
Temos a conduta de constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:
I – exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II – submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:        
CONSTRANGER A DEPOR PESSOA QUE DEVA GUARDAR SIGILO (ART. 15)
Art. 15.  Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:      
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.
O crime ocorre quando a autoridade (policial ou judiciária) constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo.
Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:    
I – de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
II – de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.
DEIXAR DE SE IDENTIFICAR AO PRESO POR OCASIÃO DE PRISÃO (ART. 16)
Art. 16.  Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:      
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa que efetuar a prisão em flagrante do indivíduo ou os demais agentes de segurança que efetuarem qualquer tipo de prisão. Ainda poderão cometer o crime em análise os agentes públicos responsáveis por interrogatórios em sede de investigações criminais.Sujeito Passivo: o acusado. 
Submissão de preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno Quem pode cometer esse crime? 
Resposta: autoridade policial responsável pelo interrogatório na fase de investigação. 
Observação 1: o tipo penal ora analisado tem correlação com direito fundamental previsto no art. 5º, LXIV da Constituição Federal, segundo o qual o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. 
Observação 2: O tipo penal não abrange os depoimentos prestados em procedimento administrativo ou cível. 
Art. 17.  (VETADO).
Submissão de preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno
Art. 18.  Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Sujeito Ativo: A autoridade policial responsável pelo interrogatório na fase de investigação. 
Sujeito Passivo: o acusado.
Tipo objetivo: o tipo penal ora analisado tem correlação com direito fundamental previsto no art. 5º, LXIV da Constituição Federal, segundo o qual o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. 
O tipo penal não abrange os depoimentos prestados em procedimento administrativo ou cível. 
Há entendimento, colacionado do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal do Ministério Público de São Paulo, que se compreende por repouso noturno o período de 21h00 a 5h00, nos termos do artigo 22, § 1°, III, da mesma Lei. Todavia, tal entendimento não está sedimentado.
RESUMO DAS DEMAIS CONDUTAS TÍPICAS:
O art. 19º ao 38º, a lei estipulou os seguintes tipos penais:
Art. 19.  Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.
Art. 20.  (VETADO).   
Art. 20.  Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado:        (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência.
Art. 21.  Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Art. 22.  Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º  Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências;
II - (VETADO);
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas).
§ 2º  Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.
Art. 23.  Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o curso da investigação, da diligência ou do processo.
Art. 24.  Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Art. 25.  Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.
Art. 26.  (VETADO).
Art. 27.  Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa:        (Vide ADIN 6234)        (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único.  Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada.
Art. 28.  Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 29.  Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse de investigado:         (Vide ADIN 6234)       (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único.  (VETADO).
Art. 30.  Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente:        (Promulgação partes vetadas) 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 31.  Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado:          (Vide ADIN 6234)       (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado.
Art. 32.  Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível:        (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 33.  Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido.
Art. 34.  (VETADO).
Art. 35.(VETADO).
Art. 36.  Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 37.  Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 38.  Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação:     
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. (e-book)
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. v. 1. 25. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. (e-book)
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal - Vol. 4 - Legislação Penal Especial. Saraiva. São Paulo, 2022.
MARÇAL, Vinícius. MASSON, Cleber. Lei de Drogas: aspectos penais e processuais. Rio de Janeiro: Forense; 2019. (e-book)

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